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Colégio Metropolitano

Indaial, 23 de abril de 2023


Academia de Oratória Getúlio de Pin
Coordenador: Prof Dener Kopsch Alves
Orientador: Guenter Reblin Jr.
Orador(a): Augusto Lingner

Dos Computadores aos M&M’s: como a Segunda Guerra Mundial influenciou e influencia o
desenvolvimento tecnológico até hoje.

Imagine que você seja um simples soldado estadunidense chegando na guerra de navio, junto com
seus companheiros de esquadrão. O seu general acorda a todos dizendo que vocês estão próximos a
praia de Normandia. É hora de sair do navio e entrar no Higgins LCVP, o navio de transporte
pessoal, veículos e arsenal desenvolvido pelas Indústrias Higgins. Você sente um breve momento de
coragem causado pelo discurso de seu capitão, que após o término da fala é arremessado para as
turbulentas águas depois de uma bomba de um morteiro alemão ter atingido as proximidades. Cada
vez mais perto da praia de Omaha, cada vez menos tropas a bordo no barco, a pressão fica mais
constante a cada segundo de proximidade. Uma que escolheste estar ali, não haverá volta.

Essa foi a realidade de vários jovens americanos no famigerado Dia D, a grande reviravolta da 2º
Guerra Mundial e a maior invasão anfíbia realizada na história. Mas nada disso seria possível sem a
quebra dos códigos secretos alemães, realizados pelo computador Colossus, projetado por Tommy
Flowers, baseados em algoritmos criados por Alan Turing. Depois do conflito, o uso dessas máquinas
foi evoluindo até se tornar o que usamos hoje no dia-a-dia. Essa invenção e várias outras surgiram
deste combate, por isso, sem a Segunda Guerra Mundial, o mundo tardaria para criar vários inventos
que usufruímos no cotidiano atualmente.

Logo então, após a segunda guerra mundial, os estadunidenses ficaram encantados com a tecnologia
criada por Turing e companhia e decidiram fazer um “upgrade” no Colossus, assim, sendo revelado
para o público em 1946 mas apenas ligado pela primeira vez em 47, ENIAC (Electronic Numerical
Integrator And Computer) fazia seus primeiros cálculos. Pesando por volta de 30 toneladas e
ocupando uma área de 180m², custará aproximadamente US$6 milhões de dólares para construí-lo
(US$500 mil na época). Após sua construção, os norte-americanos não pararam criando dispositivos
para diminuir os tamanhos e aumentar a velocidade de processamento das máquinas, como os
transitores e os microprocessadores. Em 1976 e em 77 surgem os computadores da Apple, batizados
de Apple 1 e 2 respectivamente, basicamente eram as famosas e datadas máquinas de escrever, mas
com a tecnologia de sua época. Na segunda versão do Apple (posteriormente conhecido como Mac),
começaram a usar monitores acoplados aos teclados, que usamos até hoje, mas são conhecidos como
Notebooks. À medida que passavam-se os anos os computadores ficavam menores e de cada vez mais
uso pessoal, os monitores não são mais aquelas telas de tubo gigantescas, são visores de tecnologia
LED; teclados e mouses não ficam juntos ao PC, o Bluetooth está aí para provar.

Certamente, os computadores não foram os únicos a passar por uma evolução desde sua criação na
Segunda Guerra, o WiFi, criado originalmente para despistar sinais nazistas se tornou um dos maiores
meios de comunicação atualmente. Em 1940 a atriz austríaca radicada nos Estados Unidos, Hedy
Lamarr, criou um dispositivo junto com George Antheil, o aparelho tinha a função de causar
interferência em rádios para dispersar-se dos radares nazistas. Com um mecanismo de trocar
frequentemente de frequência, o emissor e o receptor poderiam se comunicar sem ter medo de serem
interceptados. Em 1998 a Ottawa Wireless Technology criou, com base na invenção de Lamarr, a
base do WiFi que conhecemos hoje em dia. O invento não só ajudou na criação do WiFi, mas como
no Bluetooth, telefone-celulares e GPS.

Um dos pontos mais marcantes da Segunda Guerra foi a bomba atômica, a destruidora de mundos,
que caiu nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. As cidades foram devastadas e até hoje, mas
hoje em dia, elas são habitáveis, sendo uns dos pontos turísticos mais famosos do Japão. Mas em toda
história há um lado ruim. Em 1803 surge a teoria dos átomos e de que a matéria é composta dos
mesmos, essa pesquisa despertou a curiosidade de vários químicos com o passar dos anos. Um dos
princípios da teoria de John Dalton era que os átomos eram esferas maciças e indivisíveis, os
pesquisadores da época tinham muitas dúvidas em relação à essa partícula, e de como ela se
comportava. Em 1896, o francês Henri Becquerel, descobriu, de certa forma, a radioatividade do
urânio, e posteriormente o casal Curie descobriu outros elementos que emitem os mesmos raios, como
o Rádio, o Polônio e o Tório. Em 1897 Joseph Thomson descobriu que os átomos podiam sim ser
divididos, mas que não conseguiria colocar a teoria em prática. Mas Ernest Rutherford e seu assistente
Frederick Soddy conseguiram descobrir que o átomo era divisível ao longo da década de 1910 além
da contribuição do Experimento de Rutherford, na qual bombardeou uma fina lâmina de ouro.

Ao decorrer dos anos se descobriu uma partícula sem carga no núcleo do átomo que foi batizada de
nêutron, só foi confirmada sua existência em 1931 por James Chadwick. A existência dessa partícula
foi fundamental para a criação das bombas atômicas e da energia nuclear criada nos reatores, chamada
de fissão nuclear, foi descoberta por Otto Hahn, Lise Meitner e Fritz Strassman em 1938/39. Com a
Segunda Guerra Mundial fervendo em todo o planeta, os Estados Unidos focaram todo o
desenvolvimento de energia nuclear para uma arma que poderia fazer uma cidade acabar em frações
de segundos. Esse projeto, denominado Projeto Manhattan, contou com vários nomes conhecidos da
física do século XX. Com os principais sendo Julius Robert Oppenheimer, o líder do projeto, Enrico
Fermi, criador do primeiro reator nuclear, e James Chadwick, descobridor do nêutron, além de outros
físicos de renome. O primeiro teste com êxito foi em uma área isolada do deserto do Novo México,
com o sucesso desse teste, a América estaria pronta para liberar o que seria a primeira e última vez
que uma nação usaria uma bomba nuclear em território habitável. Duas bombas foram liberadas no
Japão, a primeira em Hiroshima e a outra em Nagasaki, o Japão não iria se render, mas os norte-
americanos ameaçaram uma terceira bomba, mas agora na capital, Tokyo. Atualmente, existe um
tratado ( TPAN) que proíbe o uso de armas nucleares, mesmo que o uso fosse permitido, as bombas
de fissão nuclear não seriam mais utilizadas, e sim as de hidrogênio/fusão nuclear, estima se que elas
sejam 700 vezes mais potente que a lançada em Hiroshima.

Apesar de a ideia de energia nuclear ser uma das melhores formas de energia, pois libera muita
energia na sua produção, ela é muito cara para construir, produz muito lixo radioativo e utiliza
recursos não renováveis. Hoje, ela faz parte de 14% na produção de energia no mundo e tende a
crescer em países em desenvolvimento. No Brasil existem duas fontes de energia nuclear, o Angra I e
o Angra II que representam 40% do consumo de energia no Rio de Janeiro, onde se localizam.

Ainda que todos os itens já citados tenham longa história, o M&M, as bolinhas de chocolate, tem um
conceito bem simples, ele foi criado para algo e é a mesma coisa desde então. Ele surgiu como uma
parte da ração dos soldados americanos para território mais quentes, como o Pacifico, como os
M&M’s tinham uma camada que protege o chocolate de sair fora da bolinha, eles não eram
incômodos para o exército. Hoje é uma das marcas de chocolate mais famosas do mundo.
Não somente existem esses que vieram do conflito, há vários outros, como a Fanta, criada para
substituir a Coca-Cola da Alemanha, pois a mesma tinha fechado os portos para comércio dos Estados
Unidos, então sem a fórmula original, eles tiveram que se reinventar. Ou os antibióticos, criados por
Alexander Fleming, que já existiam na época, mas não tinha tanta utilização, mas com a chegada da
guerra, os cientistas tiveram que se aprofundar nesse conhecimento, se não, muitos seriam os soldados
a morrer de infecção. Até os Slinkys, ou Mola Maluca como é conhecido aqui no Brasil, ela surgiu
após Richard James, um engenheiro da marinha dos Estados Unidos, criar uma mola para estabilizar
objetos pequenos e sensíveis dentro de um navio. E muitos outros também tem sua origem em meio a
guerra.

Finalizando a ideia, a Segunda Guerra Mundial, teve sua grande parte, sendo ruim para a humanidade,
mas, mesmo com tanta contrapontos, a guerra sim foi muito importante para a evolução das nossas
vidas, os imigrantes da Europa que vieram à América do Sul buscar refúgio, e com isso criaram várias
cidades. Então, mesmo que haja tempos difíceis, há tempos modernos por vir.

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