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Dos Computadores aos M&M’s: como a Segunda Guerra Mundial influenciou e influencia o

desenvolvimento tecnológico até hoje.

Imagine que você seja um simples soldado estadunidense chegando na guerra de


navio, junto com seus companheiros de esquadrão. O seu general acorda a todos dizendo que
vocês estão próximos a praia de Normandia. É hora de sair do navio e entrar no Higgins
LCVP, o navio de transporte pessoal, veículos e arsenal desenvolvido pelas Indústrias
Higgins. Você sente um breve momento de coragem causado pelo discurso de seu capitão,
que após o término da fala é arremessado para as turbulentas águas depois de uma bomba de
um morteiro alemão ter atingido as proximidades. Cada vez mais perto da praia de Omaha,
cada vez menos tropas a bordo no barco, a pressão fica mais constante a cada segundo de
proximidade. Uma que escolheste estar ali, não haverá volta.

Essa foi a realidade de vários jovens americanos no famigerado Dia D, a grande


reviravolta da 2º Guerra Mundial e a maior invasão anfíbia realizada na história. Mas nada
disso seria possível sem a quebra dos códigos secretos alemães, realizados pelo computador
Colossus, projetado por Tommy Flowers, baseados em algoritmos criados por Alan Turing.
Depois do conflito, o uso dessas máquinas foi evoluindo até se tornar o que usamos hoje no
dia-a-dia. Essa invenção e várias outras surgiram deste combate, por isso, sem a Segunda
Guerra Mundial, o mundo tardaria para criar vários inventos que usufruímos no cotidiano
atualmente.

Logo então, após a segunda guerra mundial, os estadunidenses ficaram encantados


com a tecnologia criada por Turing e companhia e decidiram fazer um “upgrade” no
Colossus, assim, sendo revelado para o público em 1946 mas apenas ligado pela primeira vez
em 47, ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer) fazia seus primeiros
cálculos. Pesando por volta de 30 toneladas e ocupando uma área de 180m², custará
aproximadamente US$6 milhões de dólares para construí-lo (US$500 mil na época). Após
sua construção, os norte-americanos não pararam criando dispositivos para diminuir os
tamanhos e aumentar a velocidade de processamento das máquinas, como os transitores e os
microprocessadores. Em 1976 e em 77 surgem os computadores da Apple, batizados de
Apple 1 e 2 respectivamente, basicamente eram as famosas e datadas máquinas de escrever,
mas com a tecnologia de sua época. Na segunda versão do Apple (posteriormente conhecido
como Mac), começaram a usar monitores acoplados aos teclados, que usamos até hoje, mas
são conhecidos como Notebooks. À medida que passavam-se os anos os computadores
ficavam menores e de cada vez mais uso pessoal, os monitores não são mais aquelas telas de
tubo gigantescas, são visores de tecnologia LED; teclados e mouses não ficam juntos ao PC,
o Bluetooth está aí para provar.

Certamente, os computadores não foram os únicos a passar por uma evolução desde
sua criação na Segunda Guerra, o WiFi, criado originalmente para despistar sinais nazistas se
tornou um dos maiores meios de comunicação atualmente. Em 1940 a atriz austríaca radicada
nos Estados Unidos, Hedy Lamarr, criou um dispositivo junto com George Antheil, o
aparelho tinha a função de causar interferência em rádios para dispersar-se dos radares
nazistas. Com um mecanismo de trocar frequentemente de frequência, o emissor e o receptor
poderiam se comunicar sem ter medo de serem interceptados. Em 1998 a Ottawa Wireless
Technology criou, com base na invenção de Lamarr, a base do WiFi que conhecemos hoje
em dia. O invento não só ajudou na criação do WiFi, mas como no Bluetooth, telefone-
celulares e GPS.

Um dos pontos mais marcantes da Segunda Guerra foi a bomba atômica, a destruidora
de mundos, que caiu nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. As cidades foram
devastadas e até hoje, mas hoje em dia, elas são habitáveis, sendo uns dos pontos turísticos
mais famosos do Japão. Mas em toda história há um lado ruim. Em 1803 surge a teoria dos
átomos e de que a matéria é composta dos mesmos, essa pesquisa despertou a curiosidade de
vários químicos com o passar dos anos. Um dos princípios da teoria de John Dalton era que
os átomos eram esferas maciças e indivisíveis, os pesquisadores da época tinham muitas
dúvidas em relação à essa partícula, e de como ela se comportava. Em 1896, o francês Henri
Becquerel, descobriu, de certa forma, a radioatividade do urânio, e posteriormente o casal
Curie descobriu outros elementos que emitem os mesmos raios, como o Rádio, o Polônio e o
Tório. Em 1897 Joseph Thomson descobriu que os átomos podiam sim ser divididos, mas que
não conseguiria colocar a teoria em prática. Mas Ernest Rutherford e seu assistente
Frederick Soddy conseguiram descobrir que o átomo era divisível ao longo da década de
1910 além da contribuição do Experimento de Rutherford, na qual bombardeou uma fina
lâmina de ouro.

Ao decorrer dos anos se descobriu uma partícula sem carga no núcleo do átomo que
foi batizada de nêutron, só foi confirmada sua existência em 1931 por James Chadwick. A
existência dessa partícula foi fundamental para a criação das bombas atômicas e da energia
nuclear criada nos reatores, chamada de fissão nuclear, foi descoberta por Otto Hahn, Lise
Meitner e Fritz Strassman em 1938/39. Com a Segunda Guerra Mundial fervendo em todo o
planeta, os Estados Unidos focaram todo o desenvolvimento de energia nuclear para uma
arma que poderia fazer uma cidade acabar em frações de segundos. Esse projeto, denominado
Projeto Manhattan, contou com vários nomes conhecidos da física do século XX. Com os
principais sendo Julius Robert Oppenheimer, o líder do projeto, Enrico Fermi, criador do
primeiro reator nuclear, e James Chadwick, descobridor do nêutron, além de outros físicos de
renome. O primeiro teste com êxito foi em uma área isolada do deserto do Novo México,
com o sucesso desse teste, a América estaria pronta para liberar o que seria a primeira e
última vez que uma nação usaria uma bomba nuclear em território habitável. Duas bombas
foram liberadas no Japão, a primeira em Hiroshima e a outra em Nagasaki, o Japão não iria se
render, mas os norte-americanos ameaçaram uma terceira bomba, mas agora na capital,
Tokyo. Atualmente, existe um tratado ( TPAN) que proíbe o uso de armas nucleares, mesmo
que o uso fosse permitido, as bombas de fissão nuclear não seriam mais utilizadas, e sim as
de hidrogênio/fusão nuclear, estima se que elas sejam 700 vezes mais potente que a lançada
em Hiroshima.

Apesar de a ideia de energia nuclear ser uma das melhores formas de energia, pois
libera muita energia na sua produção, ela é muito cara para construir, produz muito lixo
radioativo e utiliza recursos não renováveis. Hoje, ela faz parte de 14% na produção de
energia no mundo e tende a crescer em países em desenvolvimento. No Brasil existem duas
fontes de energia nuclear, o Angra I e o Angra II que representam 40% do consumo de
energia no Rio de Janeiro, onde se localizam.

Ainda que todos os itens já citados tenham longa história, o M&M, as bolinhas de
chocolate, tem um conceito bem simples, ele foi criado para algo e é a mesma coisa desde
então. Ele surgiu como uma parte da ração dos soldados americanos para território mais
quentes, como o Pacifico, como os M&M’s tinham uma camada que protege o chocolate de
sair fora da bolinha, eles não eram incômodos para o exército. Hoje é uma das marcas de
chocolate mais famosas do mundo.

Não somente existem esses que vieram do conflito, há vários outros, como a Fanta,
criada para substituir a Coca-Cola da Alemanha, pois a mesma tinha fechado os portos para
comércio dos Estados Unidos, então sem a fórmula original, eles tiveram que se reinventar.
Ou os antibióticos, criados por Alexander Fleming, que já existiam na época, mas não tinha
tanta utilização, mas com a chegada da guerra, os cientistas tiveram que se aprofundar nesse
conhecimento, se não, muitos seriam os soldados a morrer de infecção. Até os Slinkys, ou
Mola Maluca como é conhecido aqui no Brasil, ela surgiu após Richard James, um
engenheiro da marinha dos Estados Unidos, criar uma mola para estabilizar objetos pequenos
e sensíveis dentro de um navio. E muitos outros também tem sua origem em meio a guerra.

Finalizando a ideia, a Segunda Guerra Mundial, teve sua grande parte, sendo ruim
para a humanidade, mas, mesmo com tanta contrapontos, a guerra sim foi muito importante
para a evolução das nossas vidas, os imigrantes da Europa que vieram à América do Sul
buscar refúgio, e com isso criaram várias cidades. Então, mesmo que haja tempos difíceis, há
tempos modernos por vir.

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