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Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 5011054-71.2020.8.13.0313


em 19/04/2021 17:42:46 por PAULO ROBERTO VIGNA
Documento assinado por:

- PAULO ROBERTO VIGNA

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ID do documento: 3181091436
Paulo Roberto Vigna Jorge Luiz Reis Fernandes
Ana Gabriela Malheiros De Oliveira Maria Antonia De Almeida Binato Baade
Tamara Henriqueta Da Silva Fernanda Brito Dos Santos
Mayara Barbieri de Lima Raissa Luiza Antunes Montoro
Flavia de Almeida Bezzi Edilaine Cristina Munhoz
Marco Antonio Coutinho de Moura Junior Vitor Camargo Oliveira Santos
Nina Moreno Oliveira De Carvalho Gustavo Aureliano Firmo
Jessica da Silva Fernandes Camila Andrade de Menezes
Thais de Araujo Silva Beatriz Waldmann dos Reis
Karen Jady Monteiro Pombal Romano Fulvia Regina Sarro Pizone
Wiliane Taise Oliveira F. Mendes de Souza Agatha Jessica de Oliveira Chaves
Marcos Vinicius Goncalves Estanislau Aislan de Faria Thieri
Vinicius Fernandes Santos Ana Carolina Matheus Marinho
Gicelia Correa Martins Andressa Akemi Tominaga
Jaqueline Moreira da Silva Beatriz Cota Vieira
Giovanna de Maio Spina Bianca Leticia Kawakami
Arthur Dornfeld Alves Cassia Lemos Pinheiro
Rafael Cintra Brandão Cinthia de Oliveira Ferreira
Lethicia Lombardi Azevedo Daniele Abella Medina
Aline Ribeiro Batista Damasceno Dayanna Roberta Cortez Lopes
Matheus Servini Pinto Santiago Diane Garcia da Silva
Dayana Faria Nogueira Eduardo Batista Alves Filho
Tamara Henriqueta da Silva Gustavo Seidji Matsuchita
Jhully Anne de Andrade Ramos dos Anjos Ivam de Moraes Santos
Mayara Leite de Barros Stahlberg Izabella Yeda Cristina Mendonça Moreira
Amir Antunes Prates Kamila Nhaiara Pereira Maia
Ricardo Santos de Souza Luiz Fernando Gomes Junior
Maria Allexia Freire de Lima Costa Marcela Neves de Castro
Vinicius Rodrigues Fonseca Paula Carolina de Oliveira Cabral
Ana Jaqueline Ferreira Paula Guimarães Claudino
Kelly Oliveira Christo Rodrigo de Moura Moreira
Eduardo Batista Antunes Sarita Medeiros Calvo
Gustavo Aureliano Firmo Membro Da OAB - São Paulo Tamires Alves Costa
Leticia Matias Araujo Membro Da OAB - Rio De Janeiro Thaynah de Melo Martão
Aline Souza Novais Membro Da OAB – Pernambuco Vanessa Andrade Amorim Borges
Jessica Ayumi Campana Narumya Membro Da OAB – Rio Grande Do Sul Vanessa Cristina Cazula Bueno
Danielly Maire Oliveira da Costa Membro Da OAB – Goiás Monique França Bueno
Matheus Sousa Rocha Membro Da OAB – Minas Gerais Kauana Severino Rodrigues
Isabela Francisco de Sousa Membro Da OAB – Distrito Federal Lara Maria Narcizo Campos
Barbara Desiderá Membro Da OAB – Mato Grosso Do Sul Gabriela Mesquita da Silva
Vitor Fillipini Sá Reis Membro Da OAB - Pará Pedro Henrique Belini dos Reis
Bruna Sues Marques Neves Mariana Stolfo de Souza
Michele de Andrade Silva Talita Albina da Silva Costa
David Lacerda Costa Stephanie Assumpcao Citrangulo
Alessandra Mariano Cherutti de Castro Bruno Navarro Silva
Tatiane Kellen Machado Verissimo Vitor Lourenceti
Priscila Yumi Wakavaiachi Ellen Aparecida Monge Silva
Bruna Martinha Ladeira Pereira Marcela Miranda Valerio
Isabella Coelho de Souza Gatti Jefferson Sant'Anna de Mota
Joao Paulo do Couto Raphael Bueno Silva
Tiago Donizeti do Nascimento Luciana Pucci Silva
Ariane Freires da Silva Natasha Cristina Minhano Leonel
Nathalia Gomes Miranda Rodrigo de Oliveira
Marcos Vinicius Goncalves Estanislau

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA UNIDADE JURISDICIONAL


CÍVEL - 2º JD DA COMARCA DE IPATINGA – MG

5011054-71.2020.8.13.0313
LC - 008099/2020 (controle interno do escritório)

BANCO ORIGINAL S/A, já qualificado, por seus advogados ao


final assinados, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos do processo
em epígrafe, que lhe move TIAGO DIAS DE SOUSA, no prazo legal, interpor o presente
RECURSO INOMINADO com fundamento nos artigos 41 e seguintes da Lei nº 9.099/95, eis que
não conformado, permissa venia, com a r. sentença proferida nos autos, pelas razões de fato e
de direito a seguir aduzidas, requerendo seu encaminhamento à Egrégia Turma Recursal,
cumpridas as formalidades legais.

Demais disso, requer que o recurso seja recebido em ambos


os efeitos, devolutivo e suspensivo, uma vez que, conforme dispõe o art. 43 da Lei 9.099/95 (Lei
dos Juizados Especiais), o Recurso Inominado terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz
dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

Avenida Pacaembu, 1637/ 1641 – Pacaembu - São Paulo – SP


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A probabilidade do direito está devidamente delineada no mérito


das razões recursais que acompanham esta peça de interposição, com a devida fundamentação.

O perigo de dano irreparável está consubstanciado na


possibilidade de a parte adversa dar início ao Cumprimento de Sentença, executando os valores
fixados na sentença a título de indenização por danos morais.

Por se tratar de elevada monta, caso a sentença seja reformada,


será bastante dificultoso para a parte adversa devolver o valor ao Banco.

Assim, requer que o recurso seja recebido em ambos os efeitos,


em que pese à concessão de tutela antecipada, em prestígio ao contraditório e ampla defesa.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

São Paulo, 19 de abril de 2021.

PAULO ROBERTO VIGNA TAMARA H. DA SILVA MATHEUS SERVINI P SANTIAGO


OAB/SP 173.477 OAB/SP 356.557 OAB/SP 429.437

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RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS


Recorrente: BANCO ORIGINAL S/A
Recorrido: TIAGO DIAS DE SOUSA
Processo: 5011054-71.2020.8.13.0313

COLENDA TURMA,
EMÉRITOS JULGADORES,

Não se conformando com a r. sentença proferida nos autos,


vem, tempestivamente, apresentar as suas razões de RECURSO INOMINADO, a fim de que
essa Colenda Turma reforme a r. decisão que ora se recorre, proferida pelo douto juízo a quo,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO

TEMPESTIVIDADE

No caso em tela, este recorrente foi intimado da sentença em


05/04/2021 (segunda-feira).

Considerando os artigos 12-A e 42 da Lei 9.099/95, tem-se que


o prazo final para interposição do presente recurso se dará em 19/04/2021 (segunda-feira).

Assim, inconteste a tempestividade do presente recurso.

PREPARO

Requer o recorrente a juntada da guia de preparo recursal e do


comprovante de pagamento, de modo que satisfaz totalmente os pressupostos de
admissibilidade do presente recurso.

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II - DOS FATOS

Em breve síntese, o Autor, ora Recorrido, alega que o Banco Original


S/A, ora Recorrente, encerrou sua conta bancária sem prévia comunicação.

Em virtude da suposta ilegalidade cometida pelo Banco, pleiteou o


recebimento de indenização no valor de R$ 20.000,00.

Citado, o Banco Original apresentou contestação demonstrando que o


Recorrido foi sim comunicado a respeito do encerramento e, como a conta se encontrava
“zerada” e não havia qualquer pendência entre os contratante, o Banco encerrou a conta
definitivamente.

O Banco não deixou de observar a Resolução nº 4.753, de 26 de


setembro de 2019 do Banco Central do Brasil, pois não havia qualquer pendência a ser
regularizada.

O prazo limitado a 30 (trinta) dias estabelecido na norma do BACEN se


presta à regularização de eventuais pendências existentes entre os contratantes, como retirada
de valores existentes em conta e providências em relação a eventuais débitos em aberto.

Ainda assim, o juiz de piso julgou procedente a demanda, nos


seguintes termos:

A inicial relata que o autor a conta corrente foi aberta em 29/04/2019 e


encerrada em 19/06/2020, sem que houvesse notificação prévia. A
parte ré, por sua vez, afirmou que comunicou ao requerente que sua
conta havia sido colocada em regime de encerramento, contudo, não
juntou aos autos qualquer documento a fim de comprovar suas
alegações, ônus que lhe cabia e do qual não se desincumbiu. Extrai-se
dos autos que a notificação efetuada pelo banco ocorreu no próprio dia
do encerramento da conta, consoante documento de ID – 859364818.
A Resolução nº 4.753, de 26 de setembro de 2019 do Banco Central
do Brasil, que dispõe sobre a abertura, a manutenção e o
encerramento de conta de depósitos, determina que: [...]Desse modo,
é necessária a comunicação da intenção de proceder com o
encerramento da conta, com a informação do prazo para adoção das
providências relativa à rescisão, além da comunicação da data do

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encerramento da conta. No caso dos autos, a ré procedeu apenas com


a notificação prevista pelo inciso V do art. citado, uma vez que
comunicou o encerramento apenas na data em que a conta foi
devidamente encerrada, inexistindo prova da notificação prévia.
[...]Ante o exposto, julgo parcialmente procedente o pedido inicial para
condenar a ré ao pagamento da importância de R$ 2.000,00 (dois mil
reais) a título de compensação por danos morais, corrigida
monetariamente pela tabela da Corregedoria-Geral de Justiça a partir
da data da publicação desta sentença, nos termos da Súmula 362 do
Superior Tribunal de Justiça e acrescida de juros de mora de 1% ao
mês, contados da citação.

Como dito alhures, no caso do Recorrido, a conta do mesmo não


possuía qualquer pendência, encontrando-se com saldo “zerado” e sem registro de qualquer
débito em aberto.

A Resolução nº 4.753, de 26 de setembro de 2019 do Banco Central


do Brasil estabelece um prazo, limitado a 30 (trinta) dias, para que o titular da conta indique
conta diversa para a destinação de eventual valores disponíveis na conta que será encerrada;
devolva folhas de cheque que eventualmente estejam em sua posse e tome providências para
pagamentos de eventuais compromissos assumidos com a instituição ou decorrentes de
disposições legais.

Ocorre que, no caso do Recorrente, não havia dinheiro em conta e


nenhuma pendência financeira a ser regularizada, razão pela qual o Banco promoveu o
encerramento definitivo da conta.

Ademais, o Recorrido não comprovou que tenha sofrido qualquer


violação de sua honra e bom nome, ou vivenciado qualquer espécie de situação extremada que
justificasse a procedência do pedido de compensação por danos morais.

Desta forma, não resta outra alternativa senão interpor o presente


Recurso Inominado.

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PRELIMINARMENTE
DO EFEITO SUSPENSIVO

Excelências, como já indicado na peça de interposição,


conforme dispõe o art. 43 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), o Recurso Inominado
terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano
irreparável para a parte.

A probabilidade do direito que ampara a necessidade de reforma


da sentença será verificada por esta Colenda Turma no mérito destas razões de recurso, uma
vez que exaustivamente explanada, com a devida fundamentação.

O perigo de dano irreparável está consubstanciado na


possibilidade de a parte adversa dar início ao Cumprimento de Sentença, executando os valores
fixados na sentença a título de indenização por danos morais.

Por se tratar de elevada monta, caso a sentença seja reformada,


será bastante dificultoso para a parte adversa devolver o valor ao Banco.

Assim, requer que seja dado efeito suspensivo ao presente


Recurso Inominado.

DA INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE POR PARTE DO BANCO ORIGINAL S/A

Excelências, a decisão proferida pelo Douto Juízo a quo é


baseada na Resolução nº 4.753, de 26 de setembro de 2019 do Banco Central do Brasil, que
dispõe o seguinte:

Art. 5º Para o encerramento de conta devem ser adotadas, no


mínimo, as seguintes providências:
I - comunicação entre as partes da intenção de rescindir o
contrato, informando os motivos da rescisão, caso se refiram à
hipótese prevista no art. 6º ou a outra prevista na legislação ou
na regulamentação vigente;
II - indicação pelo cliente da destinação do eventual saldo credor
na conta, que deve abranger a transferência dos recursos para

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conta diversa na própria ou em outra instituição ou a colocação


dos recursos a sua disposição para posterior retirada em
espécie;
III - devolução pelo cliente das folhas de cheque não utilizadas
ou a realização do seu cancelamento pela instituição;
IV - prestação de informações pela instituição ao titular da
conta sobre:
a) o prazo para adoção das providências relativas à
rescisão do contrato, limitado a trinta dias corridos,
contado do cumprimento da exigência de trata o inciso I;
b) os procedimentos para pagamento de compromissos
assumidos com a instituição ou decorrentes de disposições
legais; e
c) os produtos e serviços eventualmente contratados pelo titular
na instituição que permanecem ativos ou que se encerram
juntamente com a conta de depósitos; e
V - comunicação ao titular sobre a data de encerramento da
conta ou sobre os motivos que impossibilitam o encerramento,
após o decurso do prazo de que trata a alínea "a" do inciso IV.
§ 1º O encerramento de conta de depósitos pode ser
providenciado mesmo na hipótese de existência de cheques
sustados, revogados ou cancelados por qualquer causa.
§ 2º Deve ser assegurada ao titular da conta de depósitos a
possibilidade de solicitar o seu encerramento pelo mesmo canal
utilizado quando da solicitação de sua abertura, se ainda
disponível.

O juiz de piso afirma que o Banco não teria informado prazo


para a adoção de providências relativas à rescisão.

Ocorre que, conforme se verifica na própria Resolução nº 4.753 do


BACEN, o Banco deve estabelecer um prazo, limitado a 30 (trinta) dias, para que o titular da
conta indique conta diversa para a destinação de eventual valores disponíveis na conta
que será encerrada; devolva folhas de cheque que eventualmente estejam em sua posse e
tome providências para pagamentos de eventuais compromissos assumidos com a
instituição ou decorrentes de disposições legais.

No caso do Recorrido, não subsistem os motivos ensejadores


da concessão do prazo descrito na alínea a, do inciso IV, do art. 5°, da Resolução nº 4.753, de
26 de setembro de 2019 do Banco Central do Brasil.

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O Recorrido, 2 (dois) dias antes do encerramento, retirou de sua


conta todos os valores existentes na mesma, conforme se verifica através do extrato da conta,
vide:

No mais, o Recorrido não possuía folhas de cheque emitidas


pelo Banco Recorrente e não possuía pagamentos pendentes, oriundos de compromissos
assumidos com o Banco ou decorrentes de disposições legais.

Assim, não se verificando qualquer das hipóteses elencadas na


Resolução nº 4.753, de 26 de setembro de 2019 do Banco Central do Brasil, a única providência
que restava era comunicar o Recorrido a respeito do encerramento, o que foi devidamente
providenciado pelo Banco no dia 19/06/2020.

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A mensagem acima foi enviada para o e-mail indicado pelo


Recorrido na PAC (Proposta de Abertura de Conta Corrente).

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Excelências, o Banco não violou a Resolução nº 4.753, de 26


de setembro de 2019 do Banco Central do Brasil.

No mais, a notificação da parte adversa foi feita em atenção à


norma disposta no art. 473 do Código Civil, que exige que a resilição unilateral se opere
mediante denúncia notificada à outra parte.

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Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa


ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada
à outra parte.

Quanto às alegações do Recorrido, no sentido de que o Banco


encerrou a conta sem motivo, a mesma não subsiste. O Banco encerrou a conta em virtude da
ausência de interesse na manutenção da relação comercial, o que não configura qualquer
abusividade, pois as partes têm autonomia e liberdade para decidir com quem contratar.

A possibilidade de encerramento unilateral da conta corrente é


corolário da autonomia privada, que orienta as relações contratuais.

Neste sentido:

Os contratos bancários envolvem análise de riscos, entre


outras peculiaridades, de modo que não há como se impor
aos bancos a obrigação de contratar prevista no inciso IX
do art. 39 do CDC. Conforme a Resolução BACEN/CMN nº
2.025/1993, com a redação dada pela Resolução
BACEN/CMN nº 2.747/2000, podem as partes contratantes
rescindir unilateralmente os contratos de conta-corrente e
de outros serviços bancários. STJ. 4ª Turma. REsp
1538831/DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 04/08/2015.

Ação de obrigação de fazer cumulada com danos morais.


Improcedência. Prestígio. Conta-corrente. Resilição unilateral.
Possibilidade. Autonomia da vontade – princípio processual
que rege as relações contratuais– artigo 421 do CPC.
Inexiste preceito normativo que obrigue alguém a contratar
ou a manter a contratação. Livre iniciativa. Liberdade
contratual. Outrossim, há fortes indícios de que movimentações
irregulares eram realizadas na conta-corrente em questão, tanto
que a instituição financeira informou o COAF (Conselho de

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Controle de Atividades Financeiras). Abono do non liquet.


Hipótese do artigo 252 do RITJSP. Sentença mantida. Recurso
improvido. (TJSP; Apelação 1013073-57.2016.8.26.0100;
Relator (a): Sérgio Rui; Órgão Julgador: 36ª Câmara
Extraordinária de Direito Privado; Foro Central Cível - 44ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 16/11/2017; Data de Registro:
16/11/2017).

Vale ressaltar que o livre exercício de qualquer atividade


econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos é assegurado pela
Constituição Federal.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de
capital nacional de pequeno porte.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei.

Considerar que o encerramento unilateral da conta é abusivo é


completamente contrário à lei e à jurisprudência consolidada e respeito da matéria.

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“Banco que, após notificar a corretora de Bitcoin, decide


encerrar contrato de conta-corrente com a empresa não
pratica ato que configure abuso de direito O encerramento
de conta-corrente usada na comercialização de
criptomoedas, observada a prévia e regular notificação, não
configura prática comercial abusiva ou exercício abusivo do
direito” (STJ. 3ª Turma. REsp 1696214-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 09/10/2018 (Info 636).

OBRIGAÇÃO DE FAZER - Contrato bancário - Encerramento de


conta corrente - Resilição unilateral por parte do banco
Possibilidade - Arts. 473 do Código Civil e 12 da Resolução
2.025/1993 do Conselho Monetário Nacional - Comunicação
prévia Regularidade - Precedente do STJ Cerceamento de
defesa não caracterizado - Hipótese em que não eram
necessárias outras provas Indicação do motivo do cancelamento
da conta que não é exigida nos termos da resolução retro
mencionada Serviço não exclusivo Existência de outras
instituições financeiras para abertura de conta Prejuízo não
verificado – Sentença mantida - Honorários recursais - Recurso
não provido (TJSP; Apelação Cível 1098396-59.2018.8.26.0100;
Relator (a): Achile Alesina; Órgão Julgador: 15ª Câmara de
Direito Privado; Foro Central Cível - 37ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 07/02/2020; Data de Registro: 07/02/2020).

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.


AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL.
ENCERRAMENTO UNILATERAL DE CONTA CORRENTE
PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DIREITO
INTERTEMPORAL. Sentença e recurso alinhados às
disposições do CPC/1973. Julgamento realizado conforme
aquele Diploma Legal. Incidência do art. 14 do CPC/15.

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ENCERRAMENTO DA CONTA CORRENTE PELA


INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CABIMENTO. ABUSO DE
DIREITO NÃO CONFIGURADO. DANO MORAL DESCABIDO.
Princípio da autonomia da vontade. O cancelamento unilateral
do contrato é admitido expressamente no art. 473 do CC.
Impossibilidade de vedar à instituição bancária o rompimento
unilateral do contrato, ainda que sem aquiescência do
correntista, desafiando, no entanto, a prévia notificação, nos
termos do artigo mencionado e artigo 12, I, da Resolução 2.025
do BACEN, com a redação dada pela Resolução 2.747/200 do
mesmo órgão, regras ao encontro do dialógo das fontes previsto
no art. 7º do CDC. Observância das normas legais, afastando a
caracterização de ato ilícito, pressuposto necessário para a
imposição do dever de indenizar. Sentença mantida. APELO
DESPROVIDO.(Apelação Cível, Nº 70071343875, Vigésima
Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge
Alberto Vescia Corssac, Julgado em: 26-10-2016)

APELAÇÃO. Ação de obrigação de não fazer. Insurgência do


demandante contra o encerramento unilateral da sua conta
corrente junto ao banco demandado. Sentença de
improcedência. Apelo da parte autora pleiteando a reforma. Sem
razão. Relação de consumo. Súmula nº 297 do STJ. Incidência
do referido diploma que, por si só, não garante a procedência
dos pedidos pelo consumidor, mesmo que se trate de contrato
de adesão. Contrato bancário. Conta corrente. Encerramento
unilateral da conta do autor pela instituição financeira.
Possibilidade. Notificação prévia do correntista enviada pela
apelada, concedendo-lhe prazo para encerramento da referida
conta bancária. Possibilidade de rescisão mediante prévio aviso
por escrito. Precedente do STJ e deste Tribunal. Regularidade
no procedimento da instituição financeira. Observação do art. 12
da Resolução CMN nº 2.025/93. Honorários recursais

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arbitrados. Recurso desprovido (TJSP; Apelação Cível 1009840-


47.2019.8.26.0003; Relator (a): Roberto Maia; Órgão Julgador:
20ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara -
3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 17/02/2020; Data de
Registro: 19/02/2020)

Ante a ausência de abusividade cometida pelo Banco, que


observou as disposições do Banco Central do Brasil, não há que se falar em dano moral
indenizável, pois o Banco agiu no exercício regular de um direito seu.

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

Excelências, o art. 186 do Código Civil dispõe que aquele que


violar o direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, ao
passo que o art. 927 do mesmo diploma legal dispõe que aquele que causar dano a outrem em
virtude de ato ilícito ficará obrigado a repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Contudo, conforme exaustivamente demonstrado no tópico


anterior, o Banco Original S/A agiu no exercício regular de um direito seu ao encerrar a conta
bancária da parte adversa, observando as normas do Banco Central do Brasil.

Nesse diapasão, vide o que prevê o art. 188, I, do Código Civil:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido;

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Assim, não há que se falar em dano moral indenizável no


caso em apreço.

No mais, vale ressaltar ainda que o que se verifica no caso em


apreço, é o inconformismo do Recorrido com o encerramento da conta, cuja possibilidade estava
expressamente prevista no contrato celebrado entre as partes.

Desta forma, evidente que a circunstância vivenciada pela parte


adversa não ultrapassa as barreiras do mero dissabor.

A possibilidade de resilição unilateral é admitida em direito, e o


Banco observou o dever de notificar a parte. Logo, o que se tem é um inconformismo da parte
adversa com uma situação perfeitamente normal.

Contudo, chateações cotidianas não ensejam danos morais,


Excelências.

É pacífico o entendimento de que meros aborrecimento


cotidianos não ensejam dano moral, conforme precedentes do Superior Tribunal de Justiça.

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO. ENVIO DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM
SOLICITAÇÃO DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE
NEGATIVAÇÃO OU COBRANÇA INDEVIDA. DANOS
MORAIS NÃO CONFIGURADOS. MERO ABORRECIMENTO.
AGRAVO DESPROVIDO. 1. É pacífica a jurisprudência
desta Corte no sentido de que os aborrecimentos comuns
do dia a dia, os meros dissabores normais e próprios do
convívio social não são suficientes para originar danos
morais indenizáveis. Incidência da Súmula 83/STJ. 2. No

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caso, a revisão do concluído pelo Tribunal a quo, no sentido de


que não houve ofensa à honra, em decorrência do envio,
não solicitado, de cartão de crédito, demandaria o
revolvimento do acervo fático-probatório dos autos, situação
que encontra óbice na Súmula 7/STJ.
3. Agravo interno não provido. (STJ – AgInt no REsp: 1655212
SP 2017/0035891-1, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de
Julgamento: 19/02/2019, T4 – QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 01/03/2019)

O entendimento da Corte Superior de Justiça orienta as


decisões dos tribunais estaduais, conforme precedentes adiante expostos:

RESPONSABILIDADE CIVIL. Ação de indenização por danos


morais. Hipótese em que ocorreu indevida cobrança de parcela
de contrato de consórcio não celebrado pelo autor.
Consideração de que, uma vez comunicada pelo autor de que
não havia celebrado tal ajuste, a instituição financeira cancelou
o contrato e restituiu ao autor o valor indevidamente lançado em
sua conta corrente. Caracterização de mero aborrecimento
inerente ao cotidiano da vida em sociedade. Ilícito que
pudesse ter importado em ofensa à esfera íntima do autor
não materializado. Contratempo rotineiro da convivência
social que não configura danos morais. Pedido inicial julgado
improcedente. Sentença mantida. Recurso improvido.
Dispositivo: negaram provimento ao recurso. (TJ – SP
10050756720178260564, Relator: João Camillo de Almeida
Prado Costa, Data de Julgamento: 16/05/2018, 19ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 16/05/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL.


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA AFASTADA.
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS NÃO COMPROVADOS.
SENTENÇA MANTIDA. 1. Na presente hipótese o autor
pretende obter indenização por danos morais e materiais
supostamente sofridos em virtude da transferência não
autorizada de valores que estaiam depositados em sua conta
corrente. 2. A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, inc.
VIII, do Código de Defesa do Consumidor não é automática,
devendo ser admitida somente nas situações em que estiver
presente a verossimilhança das alegações articuladas pelo
consumidor, ou mesmo no caso de sua hipossuficiência. 3. A
responsabilidade do fornecedor é objetiva e decorre da Teoria
do Risco da Atividade, nos termos do art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor. Por essa razão, a demanda
condenatória respectiva requer somente a comprovação do
dano e o nexo de causalidade entre a conduta do prestador do

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serviço e o resultado danoso respectivo. 3.1. Além disso, é


importante destacar o entendimento firmado no enunciado nº
476 da Súmula do Colendo Superior Tribunal de Justiça no
sentido de que as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias. 4. Diante da não constatação de danos
materiais imputáveis à ré, no entanto, não há como justificar-se
a petendida obrigação de indenizar o consumidor. 5. A despeito
da garantia prevista no art. 6º, inc. VI, do CDC, ausente a
constatação de efetiva vulneração da esfera jurídica
extrapatrimonial do consumidor não pode haver também
condenação ao pagamento de indenização por danos
morais. 6. Apelação conhecida e desprovida. (TJ – DF
07006822420198070018, Relator: ALVARO CIARLINI, Data de
Julgamento: 12/02/2020, 3ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 02/03/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Importante salientar também que o Recorrido não demonstra


que o encerramento da conta tenha causado consequências danosas em sua vida privada, como
abalo à sua honra e bom nome.

O Recorrido não demonstra que tenha vivenciado qualquer


situação extremada que justifique a compensação por dano morais.

Por exemplo, o Recorrido não se viu impossibilitado de cumprir


seus compromissos financeiros em virtude do encerramento da conta, tendo seus dados
negativados e passando constrangimentos perante terceiros.

Sobre isto, vide precedentes dos tribunais pátrios:

INDENIZATÓRIA. ENVIO DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM


SOLICITAÇÃO DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE
NEGATIVAÇÃO OU COBRANÇA INDEVIDA. DANOS MORAIS
NÃO CONFIGURADOS. MERO ABORRECIMENTO. I- Embora
reprovável a conduta da empresa apelada, no caso em tela não
restaram demonstrados os danos morais alegados pelo
apelante. Verifica-se que o nome do autor não foi
encaminhado para os órgãos de serviço de proteção ao
crédito, bem como não restou demonstrado que houve
cobrança indevida por parte da ré. Somente o envio do cartão
não é capaz de gerar sofrimento psicológico a ponto de
configurar os danos morais. Necessidade de se ter a presença

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de um dano, o que não ocorreu no caso posto a debate. II- Em


que pese a Súmula 532 do STJ enunciar que "constitui prática
comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e
expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito
indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa",
verifica-se que os próprios precedentes que deram origem à
Súmula indicam que, para a configuração do dano moral, deve
estar presente alguma outra situação decorrente do envio do
cartão de crédito sem a prévia solicitação. III- Sentença de
improcedência que se mantém. IV- Recurso conhecido e
desprovido. (TJ – RJ – APL: 02244416820148190001, Relator:
Des(a) RICARDO COUTO DE CASTRO, Data de Julgamento:
31/10/2019, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL)

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO INDENIZATÓRIA – ENVIO DE


CARTÃO DE CRÉDITO SEM SOLICITAÇÃO DO
CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO OU
COBRANÇA INDEVIDA. DANOS MORAIS NÃO
CONFIGURADOS. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO
IMPROVIDO. Enviado o cartão de crédito sem prévia solicitação
do consumidor, aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo
39 do CDC, ou seja, o consumidor recebe o fornecimento como
mera amostra grátis, não cabendo qualquer pagamento ou
ressarcimento ao fornecedor, nem mesmo os decorrentes de
transporte. É ato cujo risco corre inteiramente por conta do
fornecedor. Os aborrecimentos comuns do dia a dia, os meros
dissabores normais e próprios do convívio social não são
suficientes para originar danos morais indenizáveis, de tal forma
que o envio desautorizado do cartão de crédito, por sí só, não é
ato passível de indenização por danos morais, mesmo porque o
consumidor tem à sua disposição a opção de inutilizar de
imediato o cartão, o qual vem sempre bloqueado para uso,
necessitando de ação do consumidor para desbloqueio, se dele
quiser fazer uso. O dano moral destarte, não nasce pelo fato do
envio desautorizado do cartão de crédito ao consumidor, envio
esse que, embora seja prática abusiva prevista no inciso III do
art. 39 do CDC, traz como consequência o disposto no
parágrafo único do referido dispositivo. Essa espécie de dano
advirá, em caso assim, quando o banco promover cobrança
indevida em decorrência do envio do produto ou se
negativar o nome do consumidor ante o não pagamento do
valor cobrado ou encargo lançado à conta do consumidor.
(TJ – MS – AC: 08024925620188120012, Relator: Des. Dorival
Renato Pavan, Data de Julgamento: 31/03/2020, 3ª Câmara
Cível, Data de Publicação: 06/04/2020)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR.


TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA REALIZADA SEM
AUTORIZAÇÃO. RESTITUIÇÃO ADMINISTRATIVA.
INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS. RECURSO PROVIDO. 1.

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A presente demanda não versa sobre danos materiais, uma vez


que, como disse o próprio demandante, o valor indevidamente
transferido foi restituído pelo banco, após procedimento
administrativo interno. Destarte, extrapolou os limites da lide o
togado de origem ao determinar a restituição do valor
descontado, merecendo, desde já, essa reforma (art. 460, CPC).
2. No tocante aos danos morais, sabe-se que esses se
traduzem na dor psicológica, profunda e, de tal forma,
irremediável, apta a infligir à vítima efeitos graves, que
chegam a alterar a sua vida e o seu bem-estar de forma
definitiva. 3. No caso concreto, é evidente que existiu uma falha
na prestação do serviço, mas essa foi reconhecida e sanada a
tempo pelo ente financeiro Apelante, não se configurando os
danos morais. A despeito da contrariedade naturalmente
decorrente do evento, não se comprovou a ocorrência de
maiores repercussões na vida do Apelado com a falta do
valor do transferido. 4. Recurso provido. (TJ - PE - APL:
4188914 PE, Relator: José Viana Ulisses Filho, Data de
Julgamento: 23/03/2016, 1ª Câmara Regional de Caruaru - 1ª
Turma, Data de Publicação: 19/04/2016)

RECURSO INOMINADO. COBRANÇA IRREGULAR APÓS


CANCELAMENTO DOS SERVIÇOS. DANO MORAL.
AUSÊNCIA DE PROVA DA NEGATIVAÇÃO DO NOME DO
AUTOR. AUSÊNCIA DE PROVA DE LIGAÇÕES
EXCESSIVAS. ENVIO DE CARTA OU E-MAILS QUE NÃO
CARACTERIZA SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. MERO
DISSABOR. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO. "O
simples envio de correspondência, sem a cobrança pública e/ou
vexatória e sem a inscrição em cadastros de proteção ao
crédito, não enseja abalo moral indenizável, notadamente
quando o Autor não logrou comprovar, como lhe competia (CPC,
art. 333, I), que o fato ultrapassou o mero aborrecimento."
(TJSC, AC n. 2013.056698-6, Des. Júlio César M. Ferreira de
Melo, j. em 08.06.2015). SENTENÇA CONFIRMADA POR
SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO
E DESPROVIDO. (TJ – SC – RI: 03065225920188240045
Palhoça, Relator: Marco Aurélio Ghisi Machado, Data de
Julgamento: 25/08/2020, Segunda Turma Recursal)

Apelação. Ação declaratória de inexistência de dívida c/c


indenizatória por danos materiais e morais. Compras indevidas
em cartão de crédito. Transações não reconhecidas pela
consumidora. Banco que administrativamente deu, em tempo
razoável, solução ao problema procedendo ao estorno dos
valores, a afastar a incidência da penalidade do parágrafo único
do art.42 do CDC haja vista a ausência de má-fé. Dano moral
inexistente. Ausência de inscrição indevida nos cadastros
restritivos de crédito. RECURSO PROVIDO (TJ – RJ – APL:
00193547520158190003, Relatora: MARIA LUIZA DE FREITAS

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CARVALHO, Data de julgamento: 04/10/2017, VIGÉSIMA


SÉTIMA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR, Data de Publicação:
09/10/2017)

Concluindo, Excelências, o encerramento da conta mediante


denuncia notificada à parte não configura qualquer abusividade do Banco e não causou qualquer
prejuízo à honra do Recorrido, ou sofrimento e angústia que superem o mero dissabor.

O que se verifica no caso em apreço é o inconformismo da parte


adversa com uma situação comum, uma vez que a resilição unilateral, desde que notificada a
outra parte e sem prejuízos a um dos contratantes ou a terceiros, é admitida em direito.

No caso em apreço, foi comprovado pelo Banco que o Recorrido


não sofreu qualquer espécie de prejuízo em virtude do encerramento, seja de ordem material ou
moral.

Por todo o exposto, o Banco Original S/A requer que seja dado
provimento ao Recurso Inominado para que sejam julgados TOTALMENTE IMPROCEDENTES
os pedidos colacionados na exordial.

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Excelências, na remota hipótese de ser mantida a sentença no


que tange ao dano moral, em homenagem ao princípio da eventualidade da defesa e por amor
ao debate, cumpre a esta instituição financeira atacar o valor fixado a título de danos morais,
visto que perfaz monta completamente arbitrária.

O D. Julgador fixou a quantia dos danos morais em R$ 2.000,00


(dois mil reais), tratando-se de valor completamente desproporcional e desarrazoado diante das
circunstâncias do caso em apreço.

O valor arbitrado é extremamente elevado, violando inteiramente


o entendimento consolidado no ordenamento jurídico pátrio de que a verba indenizatória será

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fixada em atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, levando em


consideração as circunstâncias do caso concreto, através de juízo volitivo do magistrado.

Logo, na hipótese de ser mantida a decisão que condenou este


recorrente, de forma solidária, a pagar indenização por danos morais, não obstante a ausência
de ato ilícito praticado por esta instituição financeira, em atendimento ao princípios supracitados
e com o intuito de não se caracterizar enriquecimento ilícito na presente, é de rigor a redução
do quantum fixado a título de danos morais, sob pena de se violar o disposto no art. 884 do
Código Civil.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de


outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita
a atualização dos valores monetários.

Excelências, em uma análise detida do caso concreto, não é


razoável ou proporcional fixar uma monta tão elevada a título de danos morais.

Ora, uma indenização de R$ 2.000,00 (dois mil reais) em


circunstâncias como esta foge completamente às orientações do Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, caracterizando flagrante enriquecimento ilícito da parte adversa.

A orientação do STJ quanto à proporcionalidade e razoabilidade


serve justamente para dar segurança jurídica às decisões, ainda que se trate de uma
condenação que dependa de apreciação circunstancial por parte do magistrado.

Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade servem para


afastar pretensões completamente infundadas de indenizações elevadas sob o ponto de vista
subjetivo que avalia as circunstâncias do caso, como a combatida no caso em apreço por este
Recorrente.

Permitir a manutenção de decisão desproporcional e


desarrozoada quando se trata de danos morais gera insegurança jurídica, por acarretar um
entendimento de que qualquer infortúnio havido no dia-a-dia é motivo bastante para se alcançar

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fortunas através dos pronunciamento do Judiciário, o que poderia causar um aumento


exorbitante de demandas no Poder que já se encontra extremamente sobrecarregado,
coadunando com a chamada indústria do dano moral.

Vale salientar, inclusive, que a Augusta Corte Superior de


Justiça admite excepcionar mitigação da Súmula 7 do STJ, que obsta o revolvimento do conjunto
fático e probatório dos autos em sede de Recurso Especial, quando o valor do dano moral seja
fixado em valor exorbitante, deixando de observar os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. INSCRIÇÃO INDEVIDA NO CADASTRO DE
INADIMPLENTES. INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS
DANOS MORAIS. VALOR EXORBITANTE CARACTERIZADO.
OFENSA AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. POSSIBILIDADE DE EXCEPCIONAR
A SÚMULA 7/STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Agravo interno
contra decisão singular que deu provimento ao apelo nobre
da parte ora agravada para reduzir o valor da indenização
a título de danos morais decorrentes de inscrição indevida
em cadastro de proteção ao crédito. 2. O entendimento desta
Corte Superior é de que a revisão do valor da indenização a
título de danos morais em sede de recurso especial, via de
regra, atrai a Súmula 7/STJ, a qual somente é relativizada
quando fixada em valores exorbitantes ou irrisórios. 3. No caso,
o valor fixado no eg. Tribunal a quo mostrava-se exorbitante,
o que motivou a mitigação da referida súmula e o provimento
do recurso especial da parte ora agravada, para reduzir o
quantum indenizatório, adequando-o aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. 4. Agravo interno desprovido.
(STJ – AgInt no AREsp: 1376143 SP 2018/0259588-5, Relator:
Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 20/02/2019, T4 –
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/03/2019)

Sendo assim, subsidiariamente, caso não seja o entendimento


deste Colenda Turma o total provimento do presente recurso, afastando-se as condenações
aplicadas em face desta instituição financeira, é de rigor a redução do quantum indenizatório,
adequando-se este aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, visto que o valor fixado
equivale a mais de 10 (dez) salários mínimos.

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III - DOS PEDIDOS


Diante de todo o exposto, requer:

a) Seja o presente recurso conhecido e processado, com a


intimação do Recorrido para, se desejar, apresentar suas
contrarrazões, no prazo legal;
b) Seja dado TOTAL PROVIMENTO, com a reforma da
sentença de primeiro grau, declarando a IMPROCEDÊNCIA
dos pedidos autorais;
c) Subsidiariamente, caso não o entendimento desta Colenda
Turma Recursal a reforma da sentença para julgar
totalmente improcedentes os pedidos autorais, que seja
dado provimento ao presente recurso para minorar o
valor fixado a título de danos morais, adequando a
quantia aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, bem como evitando o
enriquecimento ilícito da parte adversa, ou seja,
fixando-o em PATAMAR MÍNIMO.

Por fim, requer sejam todas as intimações e/ou


notificações endereçadas a PAULO ROBERTO VIGNA, inscrito regularmente na OAB/SP
173.477, e com inscrição suplementar nas OAB/RS 76950-A, OAB/RJ sob nº. 155.658,
OAB/GO sob nº. 29.174, OAB/PE sob nº. 819-A, com endereço na Avenida Pacaembu,
1641, Pacaembu – CEP 01234-001 São Paulo/SP bem como que seu nome conste na
contracapa dos autos sob pena de nulidade.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

São Paulo, 19 de abril de 2021.

PAULO ROBERTO VIGNA TAMARA H. DA SILVA MATHEUS SERVINI P SANTIAGO


OAB/SP 173.477 OAB/SP 356.557 OAB/SP 429.437

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