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MEP – Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Ponta

Delgada

Ano Letivo 2017-2018

Prova de Aptidão Profissional

«OS POSICIONAMENTOS NO LEITO E A PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES:


O CONTRIBUTO DO TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE»

Curso Técnico Auxiliar de Saúde

Formando: Vanessa Costa Melo Pereira, nº25

Orientador: Mestre Fábio Sousa

Ponta Delgada, 4 maio de 2018

Campo de São Francisco 9500-153 Telf: 296 306 420 Fax: 296 306 428
Email: geral@mep-escolaprofissional.com
“A qualidade dos cuidados está diretamente relacionada com
a situação vivida por pessoas que se encontram e que
caminham juntas, umas recebendo cuidados e outras,
prestando-os. São múltiplos os fatores determinantes, uns
controláveis outros não, que vão interagir e influenciar o
resultado obtido (…)”

BOLANDER, 1998
Campo de São Francisco 9500-153 Telf: 296 306 420 Fax: 296 306 428
Email: geral@mep-escolaprofissional.com
Campo de São Francisco 9500-153 Telf: 296 306 420 Fax: 296 306 428
Email: geral@mep-escolaprofissional.com
Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer à Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia

de Ponta Delgada, na pessoa da sua Diretora Técnico – Pedagógica, Drª. Catarina

Medeiros, pela oportunidade de realizar este projeto.

Este projeto não teria sido possível sem o apoio incondicional de todas as pessoas que

me têm acompanhado ao longo deste percurso. Começo por agradecer ao Orientador da

minha Prova de Aptidão Profissional, Enfermeiro Fábio Sousa. Desde o momento de

aprovação do meu anteprojeto, demonstrou disponibilidade e companheirismo, bem

como amizade, sabedoria e organização. Agradeço mesmo imenso a sua ajuda pois sem

a sua orientação não tinha capacidade de realizar este projeto nem de concluí-lo.

Agradeço ao diretor de curso pelo seu apoio, pelo seu empenho ao longo dos anos do

curso, pelos concelhos que irei lembrar com e carinho no futuro, pela paciência, e

preocupação com o nosso bem-estar.

Agradeço de forma sincera aos meus restantes formadores pelo incentivo constante,

bem como a todas as instituições que me acolheram aquando do desenvolvimento dos

meus períodos de formação em contexto de trabalho, o Centro de Cuidados Continuados

da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, o Lar da Levada de Ponta Delgada e o

Hospital Divino Espírito Santo, EPER, e de um modo especial aos tutores e colegas de

estágio pela compreensão, ensinamento, disponibilidade e amizade.

E por fim, não por ser menos importante, agradeço à minha família pelo apoio e

incentivo. Em especial agradeço a minha mãe por, até hoje, ter acreditado em mim e que

chegaria até aqui, pela educação, pelo carinho, pelo seu amor e por nunca ter desistido

de me incentivar com as suas palavras de conforto e amizade. Agradeço ao meu

namorado por nunca desistir de mim, pela paciência e por ter estado ao meu lado nos

bons e maus momentos ao longo do Curso.


Lista de Siglas e abreviaturas

APTF – Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas

AVC – Acidente Vascular Cerebral;

LME – Lesões músculo esqueléticas;

LMERT – Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho;

PAP – Prova de Aptidão Profissional;

TAS – Técnico Auxiliar de Saúde;

UFCD – Unidade de Formação de Curta Duração.


Índice

1- Introdução....................................................................................................................7

2. Importância dos posicionamentos na prevenção de complicações de saúde..........9

3. Contributo do TAS na realização dos posicionamentos no leito...........................13

3.1. Técnicas de realização dos posicionamentos........................................................14

3.2. Materiais e equipamentos utilizados nos posicionamentos..................................25

4. A prevenção de riscos na realização de posicionamentos......................................28

5. Conclusão...................................................................................................................34

6. Referências bibliográficas.........................................................................................35

7.Anexos………………………………………………………………………………..37

8-Requiriemento………………………………………………………………………39

9.Pedido Colaboração…………………………………………………………………40
Índice de Figuras

Figura 1 - Áreas de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão…..Pág.13

Figura2 - Posicionamento em Decúbito Dorsal ……………………….….. Pág.16

Figura 3 - Posicionamento em Decúbito Lateral……..…………………… Pág.18

Figura 4 - Posicionamento em Decúbito Semi-Dorsal/Lateral………...….. Pág.20

Figura 5 - Posicionamento em Decúbito Ventral………..…………………Pág.21

Figura 6 - Posicionamento em Decúbito Semi-ventral..…………………...Pág.23

Figura 7- Posição de Fowler………………………………………….…….Pág.24

Figura 8 - Postura, alinhamento e equilíbrio………………………………..Pág.33

Índice de Quadros

Quadro 1- Posicionamento em Decúbito Dorsal …………………....….......Pág.16

Quadro 2 - Posicionamento Decúbito Lateral.….…………………………...Pág.18

Quadro 3 - Posicionamento Decúbito Semi-Dorsal ……...………….……..Pág.20

Quadro 4 - Posicionamento Decúbito Ventral………………………….…..Pág.21

Quadro 5 - Posicionamento Decúbito Semi-Ventral……………………….Pág.23

Quadro 6 – Posicionamento em Fowler……………………………………..Pág.24

Quadro 7 - Materiais/equipamentos…………………………………………Pág.27
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

1- Introdução

“Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do Técnico

Auxiliar de Saúde” é o título da Prova de Aptidão Profissional (PAP), integrada como

requisito para a conclusão do Curso Técnico Auxiliar de Saúde, onde se pretende

abordar a importância dos posicionamentos no leito realizados em pessoas com grau de

dependência elevado.

Com este trabalho pretende-se refletir sobre a seguinte questão-problema: “Qual o

contributo do Técnico Auxiliar de Saúde na prevenção de complicações decorrentes da

imobilidade, com a implementação das técnicas de posicionamento no leito?”.

Os posicionamentos podem ser definidos como as posturas em que se coloca o utente,

quando este não tem a capacidade para mudar de decúbito e/ou quando a sua situação

clínica não o permite (Paulino, 1998). A postura correta em repouso vai permitir um

adequado alinhamento dos diferentes segmentos do corpo, de modo a garantir a

integridade e o equilíbrio do sistema músculo-esquelético com o mínimo dispêndio de

energia, bem como a manutenção da integridade da pele, evitando-se o aparecimento de

feridas.

Deste modo, é fundamental os profissionais de saúde dominarem muito bem a

realização das técnicas de posicionamentos, uma vez que estas são de utilização

quotidiana no desempenho da sua atividade profissional, fazendo parte das

competências do TAS na prestação de cuidados a pessoas dependentes, sob supervisão.

Um dos motivos da escolha da presente temática para o desenvolvimento da PAP

relacionou-se com o faco de termos vivenciado uma situação de dependência de um

familiar próximo e onde constatamos a importância da realização adequada dos

8
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

posicionamentos, enquanto cuidados fundamentais para promover o bem-estar e a

qualidade de vida das pessoas, evitando, assim, que possam surgir úlceras por pressão.

Com objetivos do trabalho foram definidos os seguintes:

 Definir o conceito e os tipos de posicionamentos existentes;

 Compreender a importância das técnicas de posicionamento para o conforto do

utente e para a prevenção de complicações de saúde;

 Descrever os diferentes procedimentos de realização dos posicionamentos, bem

como os materiais e recursos necessários à sua implementação;

 Referir os princípios gerais a ter em consideração na execução dos

posicionamentos;

 Refletir sobre o contributo do TAS na execução das técnicas de posicionamento

dos utentes.

Serão abordados os seguintes tipos de posicionamentos: Decúbito dorsal; Decúbito

semi-dorsal/lateral (direito, esquerdo); Decúbito lateral (direito/ esquerdo); Decúbito

ventral, Decúbito semi-ventral e a Posição de Fowler.

Relativamente aos aspetos metodológicos e organizativos da PAP esta encontra-se

estruturada em duas partes principais: a primeira onde será efetuada um enquadramento

teórico do tema selecionado e a segunda onde se descreverá a componente prática do

mesmo. A componente prática será desenvolvida a partir de vídeos, que vão ser

realizados no Centro de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Ponta

Delgada.

9
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

2. Importância dos posicionamentos na prevenção de complicações de


saúde

Os posicionamentos referem-se às técnicas utilizadas para alternação do decúbito nos

utentes e visam, principalmente, o seu conforto e bem-estar, respeitando os princípios

anatómicos e protegendo as zonas de proeminências ósseas (Ordem dos Enfermeiros,

2013).

Estas técnicas, embora sejam de uso recorrente pelos profissionais de saúde, não são da

sua exclusiva responsabilidade, uma vez que, devem ser igualmente ensinadas e

utilizadas pelos cuidadores, em contexto domiciliário, permitindo que os doentes

assumam diferentes posições no leito e se possam evitar diferentes complicações de

saúde.

Os posicionamentos são efetuados de acordo com o estado clínico em que o utente se

encontra, podendo ser realizados com apenas um cuidador, como também, com a ajuda

e toda a colaboração possível do próprio utente1.

Consoante a posição que se pretende que o utente assuma no leito podem ser adotados

diferentes tipos de posicionamento, a saber: o Decúbito dorsal; o Decúbito semi-dorsal

(direito, esquerdo); o Decúbito lateral (direito/esquerdo); o Decúbito ventral e semi-

ventral, e o posicionamento em Fowler.

Deste modo, a realização dos posicionamentos tem como objetivos:

 Estimular o padrão respiratório, de mobilidade e de eliminação;

 Prevenir complicações circulatórias e músculo esqueléticas;

 Mobilizar secreções brônquicas;

 Manter a amplitude e movimento articular;

 Manter a integridade da pele;

1
https://pt.slideshare.net/eccifafe/posicionamentos-e-transferncias-13380956
10
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Prevenir atrofias musculares;

 Promover o conforto e bem-estar do utente.

Os posicionamentos têm como intuito prevenir o processo degenerativo da pele,

músculos, ossos, articulações e promover o conforto e sobretudo a segurança ao doente

acamado.

Como já referido, as frequentes mudanças de posição no leito são de enorme

importância para que, como consequência da imobilidade, não surjam lesões por

pressão (Sorensen & Luckmann, 1998).

O movimento pode ser definido como a capacidade que a pessoa tem de interagir com o

meio de uma maneira flexível e adaptável (Hoeman, 2011, citado por Ordem dos

Enfermeiros, 2013). Numa abordagem holística, o movimento tem parâmetros físicos,

cognitivos, psicológicos, sociais, políticos temporais e ambientais.

A alternância permanente entre a atividade e o repouso é uma condição fundamental da

vida humana e a atividade fisiológica normal do organismo é assegurada através da

mobilidade, sendo esta dependente do bom funcionamento dos diversos sistemas.

A mobilidade é crucial para o desempenho das atividades de vida diária e para garantir

não somente as necessidades da pessoa, mas também para obter o preenchimento das

necessidades psicossociais mais elevadas que envolvem a qualidade de vida (Fricke,

2010, citado por Ordem dos Enfermeiros, 2013).

O compromisso da mobilidade física, relacionada coma doença/ traumatismo ou como

consequência do processo de envelhecimento, tem consequências na fisiologia humana

ao nível dos diferentes sistemas. Mesmo em adultos saudáveis, os efeitos da

imobilização prolongada e atrofia por desuso são, por si só, muitas vezes persistentes e

precisam de recondicionamento físico intensivo para permitir o regresso ao seu nível

11
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

basal de funcionamento (Fan, Zanni, Dennison, Lepre, & Needham, 2009, citados por

Ordem dos Enfermeiros, 2013).

Assim, a mobilidade pode trazer várias complicações em vários sistemas corporais,

como: alterações respiratórias, alterações cardiovasculares, alterações gastrointestinais,

alterações urinárias, alterações metabólicas, alterações no sistema nervoso, alterações na

pele e tegumentos e alterações músculo-esqueléticas.

A utilização/implementação das técnicas de posicionamento são uma forma de evitar

algumas destas complicações, entre as quais se encontram as úlceras por pressão.

As úlceras por pressão, também chamadas de escaras, chagas ou úlceras de decúbito,

são feridas que surgem devido à pressão constante do corpo sobre uma superfície. Esta

pressão impede a circulação do sangue no local, levando à morte dos tecidos e ao

aparecimento de uma ferida. É por isso que é importante observar diariamente a pele,

durante as alterações de posição, durante as transferências dos utentes, ou sempre que se

prestam cuidados de higiene, tendo atenção especial às zonas corporais de risco para o

desenvolvimento deste tipo de lesões.

É fundamental prevenir as lesões por pressão porque estas provocam dor, contribuem

para o agravamento de outras doenças, são causas frequentes de internamento e de

diminuição da qualidade de vida dos utentes, para além de assumirem uma ação

negativa na dimensão emocional e na dinâmica dos familiares/cuidadores, não

esquecendo o tremendo impacto financeiro que este tipo de feridas acarreta, pela

exigência do consumo de recursos financeiros e humanos necessários ao seu tratamento,

muitas vezes prolongado.

Assim sendo, a implementação das técnicas dos posicionamentos, nos utentes com

limitação de mobilidade, são um aspeto fundamental na prevenção do aparecimento

12
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

destas lesões, sendo essenciais pela ação benéfica que propiciam ao reduzir/aliviar a

pressão nas zonas onde o corpo de encontra em contacto com a superfície.

As zonas de risco são as zonas onde existem proeminências ósseas isto é, zonas do

esqueleto humano onde existe pouco tecido por baixo da pele, encontrando-se os ossos

mais salientes.

É necessária maior vigilância destas zonas de risco, onde a pressão pode provocar mais

danos. As proeminências ósseas devem ser vigiadas tendo em conta a posição em que a

pessoa se encontra, não esquecendo realizar a mudança de decúbito a cada 2 horas,

dependente da situação clínica do utente.

A localização das úlceras está associada às proeminências ósseas do esqueleto humano e

à atitude postural do doente (Fig. 1).

Figura 1: Áreas de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão.

As áreas de risco mais para o desenvolvimento de úlceras por pressão são:

 Região sacro-coccígea;

 Região trocanteriana/crista ilíaca;

 Região isquiática;

 Região escapular;

 Região occipital;

13
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Cotovelos;

 Calcâneos;

 Região maleolar.

Quando uma pessoa se encontra acamada e com mobilidade reduzida ou inexistente

desenvolve uma maior probabilidade de apresentar complicações que poderão ter sérias

repercussões nos vários sistemas orgânicos. Entre estas, incluem-se as atrofias

musculares, as contraturas articulares e musculares, as lesões por pressão, coágulos

sanguíneos, a pneumonia, a obstipação, a estase urinária e a confusão mental (Potter &

Perry, 2005).

A realização adequada das técnicas dos posicionamentos são uma das mais importantes

medidas para prevenir o aparecimento de algumas das complicações da imobilidade

atrás referidas. São, também, noutras situações um dos primeiros passos na recuperação

de um utente. Assim sendo, é essencial que um técnico auxiliar de saúde consiga

implementar estas técnicas de um modo adequado, encarando-as como parte integrante

das suas funções/rotinas diárias.

3 – Contributo do TAS na realização dos posicionamentos no leito.

O Técnico Auxiliar de Saúde é um profissional qualificado e apto para prestar

cuidados, sob supervisão de um enfermeiro, aos utentes, tendo em conta a sua situação

de saúde e o seu nível de dependência. Quando o TAS presta cuidados de saúde a

utentes com níveis elevados de dependência, e por consequência, em situações de

imobilidade, torna-se fundamental o recurso à execução de variadas técnicas, com o

intuito de prevenir complicações associadas a essa situação.

De acordo com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional o TAS

possui, entre outras competências2 a seguinte:

2
http://www.catalogo.anqep.gov.pt/PDF/QualificacaoPerfilPDF/1804/729281_Perfil.

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Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do enfer

meiro. Dentro deste domínio estão descritas, ainda, as seguintes funções do TAS,

as quais se transcrevem:

“1.1. Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de higiene e 

conforto de acordo com orientações do enfermeiro;

1.2. Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos cuidados

de higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a feridas e úlceras;

1.6. Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que necessita de 

ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do profissional de saúde.” 

Deste modo, ao realizar os posicionamentos estamos a cumprir com o que está

preconizado no domínio de competências definido para a atuação do TAS no domínio

do auxílio na prestação de cuidados aos utentes, sendo que estes cuidados fazem parte

do dia-a-dia deste profissional e têm, também, como intuito a promoção do bem-estar,

do conforto e a prevenção de complicações.

3.1. Técnicas de realização dos posicionamentos

Neste subcapítulo descreveremos as técnicas de execução dos diferentes

posicionamentos que podem ser realizados no leito, segundo as orientações descritas no

Guia Orientador de Boas Práticas – Cuidados à pessoa com alterações da mobilidade -

posicionamentos, transferências e treino de deambulação (Ordem dos Enfermeiros,

2013).

Na realização dos posicionamentos devem ser respeitados os seguintes princípios gerais:

 Planear a atividade de acordo com o nível de dependência e a situação clinica;

 Ensinar a pessoa a família sobre o procedimento;

 Solicitar a colaboração do utente de acordo com as suas capacidades;

15
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Assistir a pessoa a posicionar-se;

 As alternâncias de decúbito devem ter em consideração a condição do utente e

as superfícies de apoio usadas;

 Considera-se que a pessoa em situação de imobilidade deve ser posicionada de

duas em duas horas. No entanto, a frequência dos posicionamentos é

determinada pela mobilidade da pessoa e pelas condições globais da pele

(APTF, 2009, citada por Ordem dos Enfermeiros, 2013);

 Em qualquer posicionamento, a pessoa deve ficar confortável, o peso corporal

distribuído equitativamente, respeitando o alinhamento corporal e reduzindo as

tensões articulares e musculares;

 Na alternância de decúbito, reposicionar a pessoa usando movimentos suaves e

firmes de modo que a pressão seja aliviada ou redistribuída, as diferentes

articulações assumam diferentes posições e as zonas de pressão também sejam

diferentes.

 Evitar posicionar o utente em contacto direto com dipositivos médicos, tais

como tubos e sistemas de drenagem;

 Avaliar regularmente a pele. Se o utente não responde favoravelmente conforme

o esperado, devem ser considerados a frequência e o método de posicionamento;

 Utilizar ajudas nas transferências para evitar fricção e a torção. No caso da

utilização do resguardo, este deve ser colocado desde a região escapulo-umeral

até a região poplítea.

A realização dos posicionamentos no leito permitem evitar contraturas; encurtamentos;

perca de amplitude articular; complicações respiratórias e/ou circulatórias, bem como

zonas de pressão.

16
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

De seguida, serão apresentados de modo pormenorizado os diferentes posicionamentos

existentes para os utentes no leito, bem como as respetivas justificações para os

diferentes passos.

Procedimento - Posicionamento na cama


3.1.1-Decúbito Dorsal

Figura 2: Posicionamento em decúbito dorsal.


Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013).

Ações dos profissionais Justificação

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente.
2-Prevenir a contaminação.
2- Lavar as mãos.
3-Encorajar o cliente a ser independente
3- Instruir o utente sobre o procedimento. promover o autocuidado.
4- Posicionar o utente em decúbito dorsal, 4-Providenciar conforto Prevenir
no centro da cama, com a coluna vertebral deformações músculo-esqueléticas.
alinhada.
5-Prevenir alterações da integridade
5- Proteger proeminências ósseas com cutânea.
material de prevenção de úlceras de
pressão, se necessário. 6-Promover o conforto.

6- Posicionar a cabeça e cintura escapular. 7-Prevenir a rigidez articular. Facilitar


Numa almofada baixa, se não houver contra posição de relaxamento.
indicações.
7- Posicionar os membros superiores em
ligeira abdução do ombro e flexão do
cotovelo.
8-Posicionar o antebraço e mão em

17
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

pronação e ligeira dorsiflexão, com uma 9-Prevenir atrofias musculares Manter a


almofada baixa e em cunha. curvatura fisiológico do joelho.
9-Aplicar pequenas almofadas nas regiões
popliteias, deixando libertas as massas
musculares.
10-Aplicar pequenas almofadas sob as 10-Evitar a pressão nos calcanhares.
regiões aquilianas, deixando livres os
calcanhares.
11-Prevenir alterações cutâneas e pé
11-Aliviar a roupa junto aos pés.
equino.
12-Aplicar pequenas almofadas, em cunha,
12-Prevenir a rotação externa do membro
ao nível da articulação coxofemoral, em
inferior.
ambos os membros.
13-Valida o alinhamento da coluna
13-Verificar o alinhamento corporal,
vertebral.
segundo o eixo sagital, observando-o dos
pés da cama.
14-Apreciar o bem-estar do utente.
15-Assegurar a recolha e lavagem do
material.
16-Prevenir a transmissão cruzada de
16-Lavar as mãos. microrganismos.

Quadro 1 - Posicionamento em Decúbito Dorsal.

Fonte: Manual de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

18
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Procedimento - Posicionamento na cama


3.1.2. Decúbito Lateral

Figura 3:
Posicionamento em decúbito lateral.
Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013).

Ações dos profissionais Justificação

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente.

2-Lavar as mãos.
2-Prevenir a contaminação.
3-Instruir o utente sobre o procedimento.

4-Posicionar ou assistir o utente a posicionar-


se em decúbito dorsal, no lado oposto ao do 3-Encorajar o utente a ser
decúbito a executar. independente Promover o autocuidado.

5-Aplicar uma almofada (com dimensão


aproximada ao volume da coxa e
comprimento superior á dimensão desta)
junto ao membro inferior do lado para o qual
se vai virar o cliente.

6-Executar flexão dos membros superior e


inferior do lado oposto ao decúbito e rodar o
utente com movimento firme e suave.

7-Posicionar o membro inferior, do lado do 7-Manter a estabilidade e o conforto.


decúbito em ligeira flexão das articulações.

8-Posicionar o membro inferior, do lado

19
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

oposto ao do decúbito, sobre a almofada 8-Idem.


fazendo um ângulo de aproximadamente 90º
a nível das articulações do joelho e
coxofemoral.
9-Manter o alinhamento da coluna
9-Posicionar a cabeça sobre uma almofada cervical. Providenciar conforto.
com volume ajustado à altura do ombro.

10-Posicionar o membro superior, do lado do


decúbito com o ombro em ligeira flexão e o 11-Evitar a posição pendente do
cotovelo em flexão. membro superior. Providenciar
conforto. Facilitar os movimentos
11-Posicionar o membro superior, do lado respiratórios.
oposto ao decúbito, com o ombro e o
cotovelo em flexão, sobre uma almofada
(com dimensão aproximada ao volume do
tórax e afastada do tronco) que acompanha 12-Validar o alinhamento da coluna
todo o membro. vertebral.

12-Verificar o alinhamento corporal, segundo


o eixo sagital, observando-o dos pés da cama.

13-Apreciar o bem-estar do utente.

14-Assegurar a recolha e lavagem do 15-Prevenir a transmissão cruzada de


material. microrganismos.
15-Lavar as mãos.

20
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Procedimento - Posicionamento na cama


3.1.3. Decúbito Semi-Dorsal

Figura 4: Posicionamento em
decúbito Semi-Dorsal.
Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ações dos profissionais Justificação

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente. 2-Prevenir a contaminação.
2-Lavar as mãos. 3-Encorajar o utente a ser independente
3-instruir o utente sobre o procedimento Promover o auto cuidado.
4-Posicionar o utente em decúbito dorsal ou
assisti-lo a posicionar-se no local oposto ao
do decúbito a executar. 5-Facilitar a execução do procedimento.
5-Virar o utente lateralmente na cama ou
assisti-lo rodar-se. 6-Manter a estabilidade e alinhamento da
6-Aplicar um almofada em cunha ao longo coluna vertebral.
do tronco libertando a região sagrada.
7-Posicionar o membro inferior do lado
oposto ao decúbito em ligeira flexão sobre
almofadas.
8-Posicionar o membro inferior do lado do
decúbito apoiado na cama em ligeira flexão
do joelho e ligeira rotação externa de
articulação coxofemoral.
9-Posicionar o membro superior do lado
oposto ao decúbito sobre a almofada, com o
braço em ligeira abdução, antebraço em
ligeira flexão, mão em extensão e dedos em

21
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

abdução.
10-Posicionar o membro superior do lado
do decúbito com o ombro em ligeira flexão
e o braço em rotação externa, o antebraço
em ligeira flexão supinação, mão em
extensão e dedos em abdução.
11-Verificar o alinhamento segundo o eixo
sagital, observando-o dos pés da cama. 11-Assegurar o alinhamento da coluna
12-Apreciar o bem-estar do utente. vertebral.
13-Assegurar a recolha e lavagem do
material.
14-Lavar as mãos 14-Prevenir a transmissão cruzada de
microrganismos.

Procedimento - Posicionamento na cama


3.1.4. Decúbito Ventral

Quadro 3 – Posicionamento em Decúbito Semi-Dorsal


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011

Figura 5: Posicionamento em decúbito Ventral


Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ações dos profissionais Justificação

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Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente.
2-Prevenir a contaminação.
2-Lavar as mãos.
3-Encorajar o utente a ser independente
3-Instruir o cliente sobre o procedimento.
4-Posicionar o cliente em decúbito dorsal,
no lado da cama mais próximo do 4-Facilitar a execução do procedimento.
enfermeiro.

5-Aplicar almofadas sobre a base da cama


ao nível do abdómen e membros inferiores
(deixando libertas as criticas ilíacas e 5-Prevenir a pressão na região mamária e
pélvis). genital.

6-Manter os membros superiores ao longo


do corpo, rodar o utente sobre si próprio
deixando-o deitado sobre o abdómen, com
a cabeça lateralizada e os membros
inferiores em ligeira abdução.

7-Posicionar o membro superior do lado


para o qual a cabeça está voltada, com o
braço em abdução, antebraço em flexão de
aproximadamente 90º e mão em extensão
com os dedos em abdução.

8-Posicionar o membro superior do lado


oposto, com braço em ligeira abdução,
rotação interna, antebraço e mão em
extensão.

9-Verificar o alinhamento segundo o eixo


sagital, observando-o dos pés da cama. 9- Assegurar o alinhamento da coluna
vertebral.
10-Apreciar o bem-estar do utente.
10-Facilitar a atualização do diagnóstico de
11-Assegurar a recolha e lavagem do enfermagem.
material.

12-Lavar as mãos.
12-Prevenir a transmissão cruzada de
microrganismo.

23
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Procedimento- Posicionamento na cama


3.1.5. Decúbito Semi-Ventral

Figura 6:
Posicionamento em decúbito Semi-Ventral.
Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ações dos profissionais Justificação

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente.

2-Lavar as mãos. 2-Prevenir a contaminação.

3-Instruir o utente sobre o procedimento.


3-Encorajar o utente a ser independente
4-Posicionar o utente em decúbito lateral ou
Promover o auto cuidado.
assisti-lo a posicionar-se.

5-Aplicar um almofada de dimensão 4-Facilitar a execução do procedimento.


reduzida sob a cabeça, se necessário.

6-Aplicar um almofada em cunha de 5-Providenciar conforto.


dimensão proporcional ao tronco para
suporte do hemitórax até à crista ilíaca.
6-Idem.
7-Posicinar o membro inferior que fica
apoiado na base da cama, em ligeira flexão e 7-Idem.
o outro membro semi-flectido sobre uma
almofada proporcional ao membro inferior.
8-Idem.
8-Posicionar o membro superior que fica
apoiado na base da cama, em híper extensão
do braço e flexão do antebraço e o outro em
abdução do ombro e flexão do braço.
9-Assegurar o alinhamento da coluna

24
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

9-Verificar o alinhamento segundo o eixo vertebral.


sagital, observando-o dos pés da cama.

10-Apreciar o bem-estar do utente.

11-Assegurar a recolha e lavagem do


material.

12-Lavar as mãos. 12-Prevenir a transmissão cruzada de


microrganismos.

Procedimento- Posicionamento na cama


3.1.6. Posição em Fowler

Quadro 5 – Posicionamento em Decúbito Semi-Ventral


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011

Figura 7: Posição em
Fowler.
Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ações dos profissionais Justificação

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.


utente.
2-Prevenir a contaminação.
2-Lavar as mãos.
3-Encorajar o utente a ser independente e
3-Instruir o utente sobre o procedimento. promover o autocuidado.

4-Partindo do decúbito dorsal elevar a


cabeceira do leito entre 30 e 60º. Este
posicionamento pode ser adaptado a cada 4-Facilitar a execução do procedimento.
pessoa de acordo com a sua condição física

25
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

(sensibilidade, força, e equilíbrio).

5-Ligeira flexão da escapulo-umeral, flexão


do cotovelo, pronação e extensão do punho
(a colocação de almofada nos membros
superiores é facultativa). 5-Maior conforto para o utente e previne
6-Coxofemoral em flexão e ligeira futuras complicações, como edemas.
abdução, joelhos em flexão (a colocação da
almofada nos joelhos e tibiotársica é
facultativa).

7-Observar o alinhamento de todos os


segmentos do corpo e verificar se todas as
7-Asseguar o alinhamento da coluna vertebral.
articulações estão em posição neutra e/ou
funcional.

8-Apreciar o bem-estar do utente.

9-Assegurar a recolha e lavagem do


material.
10-Prevenir a transmissão cruzada de
10-Lavar as mãos. microrganismos.

3.2. Materiais e equipamentos utilizados nos posicionamentos


26

Quadro 6 – Posicionamento em Fowler


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Neste subcapítulo serão apresentados os diferentes materiais existentes utilizados para

a realização dos posicionamentos no leito.

Materiais/Equipamentos

Colchão de pressão alternada

Colchão de água

Almofadas de gel/Almofadas

Protetores de calcâneos

Elevadores de Roupa

Quadro 7 - Materiais/Equipamentos

Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011

 Colchão de pressão alternada

27
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

É o equipamento mais utilizado na prevenção das lesões por pressão. O colchão

pneumático com pressão alternada é a solução ideal para evitar o aparecimento de

feridas em utentes acamados. O colchão com pressão alternada possui um papel positivo

na prevenção e cura de lesões por pressão causadas em utentes acamados. O colchão faz

com que uma mesma zona do corpo esteja em contacto com diferentes graus de pressão

simultaneamente, ajudando a minimizar os picos de pressão e protegendo as zonas de

risco.

 Colchão de água

O colchão de água distribui uniformemente o peso corporal e evita compressão nas

saliências do paciente sobre o mesmo, evitando compressão das saliências ósseas,

proporcionando bom afluxo sanguíneo aos tecidos.

 Almofadas de gel/Almofadas

Têm a função de reduzir a pressão sobre as proeminências ósseas e proporcionar ao

utente mais conforto. É um material económico e de fácil aquisição. As almofadas de

gel ajudam na prevenção de lesões por pressão, distribuindo a pressão através do peso

corporal. São utilizadas, essencialmente, quando o utente está sentado numa cadeira. É

um material muito mais dispendioso que as almofadas ditas normais, mas é eficaz e

eficiente.

 Calcâneos

A função dos protetores de calcâneos reside, como o próprio nome indica, em proteger

os calcâneos da pessoa acamada, com o intuito de promover conforto e reduzir a área de

pressão do corpo e as superfícies.

 Elevadores de roupa

28
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Os elevadores de roupa têm como função evitar a pressão exercida pela roupa de cama

nos membros inferiores. O seu objetivo é elevar a roupa de cama (lençóis e colcha).

Coloca-se debaixo do colchão e por baixo da roupa de cama, facilitando assim o

movimento dos membros e a própria circulação sanguínea.

Na minha componente prática irei realizar um vídeo no Centro de Cuidados

Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, onde vou demonstrar

dois posicionamentos Decúbito Dorsal e Decúbito Lateral (direito/ esquerdo), a minha

figurante será a minha colega de turma Telma Aguiar. Os matérias que vou utilizar nos

dois posicionamentos são almofadas.

Optei por escolher o posicionamento Decúbito Dorsal e Decúbito Lateral (direito/

esquerdo) por ser uns dos posicionamentos mais utilizados na prática e vistos realizados

ao longo do meu estágio.

4. A prevenção de riscos na realização de posicionamentos

Cuidar de doentes é uma tarefa que requer muito esforço, muita compreensão e envolve

muito desgaste físico. As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho

(LMERT) constituem um grave problema entre os profissionais de saúde. As lesões

dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as principais preocupações, podendo

ser ambas extremamente debilitantes.

A mecânica corporal caracteriza-se pelos esforços coordenados dos sistemas músculo-

esquelético e nervoso para manter equilíbrio, a postura e o alinhamento do corpo nas

diversas atividades, promovendo a utilização mais eficaz da energia muscular (Potter &

Perry, 2006).

29
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Usar corretamente as estruturas corporais, aumentar a eficácia e poupar energia, é

fundamental para uma prática segura. Todavia, este aspeto é muitas vezes descurado ou

subvalorizado pelos profissionais de saúde, o que contribui para a ocorrência de lesões

músculo-esqueléticas. Estas são muito comuns em todos os profissionais de saúde e

particularmente, nos enfermeiros e técnicos auxiliares (Alexandre & Rogante, 2000,

citados por ordem dos Enfermeiros, 2013).

Estas lesões podem incidir sobre zonas do corpo distintas, sendo as mais frequentes o

pescoço, ombro, cotovelo, punho, mão, coluna vertebral e joelho. Podem incluir

sintomas como a dor, parestesia, sensação do peso, fadiga e falta de força.

Segundo a Direcção-Geral da Saúde, 2008 (citada por Ordem dos Enfermeiros, 2013)

designam-se LMERT ou LMELT (Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho) as

lesões que resultam da ação de fatores de risco profissionais como a repetitividade, a

sobrecarga e/ou a postura adaptada durante o trabalho.

Existem vários fatores que tornam as atividades de mobilização de doentes perigosas e

aumentam o risco de lesão. Esses fatores de risco estão relacionados com diversos

aspetos relativos à mobilização dos utentes, podendo ser divididos em dois grupos: os

riscos associados à tarefa e os riscos associados ao ambiente.

De entre os riscos associados à tarefa, destacam-se a(as):

 Força - o esforço físico necessário para executar a tarefar (como levantar corpos

pesados, puxar e empurrar) ou para assegurar o controlo de equipamentos e

ferramentas;

 Repetição - executar o mesmo movimento ou série de movimentos de forma

contínua ou frequente ao longo do dia do trabalho;

30
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Posições incorretas - assumir posições que exercem tensão sobre o corpo, tais

como inclinar-se sobre uma cama, ajoelhar ou rodar o tronco ao mesmo tempo

que se efetuam movimentos de elevação.

Relativamente aos riscos associados ao ambiente, destacam-se:

 Nenhuma ajuda disponível;

 Equipamentos inadequados;

 Calçado e vestuário inadequados;

 Falta de conhecimentos ou formação.

Tendo em conta os riscos inerentes ao exercício profissional do TAS, a adoção de uma

atitude proativa e de prevenção é fundamental sempre que se desempenha funções.

Prevenção de riscos – para os profissionais

Para a prevenção de LMRT é fundamental usar corretamente as estruturas corporais,

donde se destacam: a Postura, o Alinhamento, o Equilíbrio e a Base de sustentação.

A aplicação dos princípios subjacentes a estes conceitos aumentam a eficácia das ações

e permitem poupar energia, sendo indispensáveis para uma prática profissional segura.

Deste modo, importa analisar estes e outros conceitos que estão associados à

manutenção de uma boa mecânica corporal, quando se desempenha a atividade

profissional de TAS:

 Postura: posição do corpo no espaço, que envolve o mínimo de

sobrecarga das estruturas com o menor gasto de energia para o máximo

de eficácia na utilização do corpo;

 Alinhamento: posição do corpo em que os segmentos corporais estão

colocados respeitando a sua anatomia e fisiologia. Diminui também a

força sobre as articulações, tendões, ligamentos e músculos, mantém a

31
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

tonicidade muscular e contribui para a estabilidade. A coluna vertebral é

o «eixo» de um bom alinhamento.

 Equilíbrio: posição do corpo em que o peso se encontra dividido

equitativamente pela superfície de apoio e que permite manter a postura

correta. Implica alinhamento. O equilíbrio tem três componentes em

articulação que importa detalhar: base de sustação, centro de gravidade e

linha de gravidade (Potter & Perry, 2006; Lemos, Texeira, & Mota,

2009, citados por Ordem dos Enfermeiros, 2013):

 A Base de sustentação: é a área onde a pessoa está apoiada. Quanto

maior for a base de sustentação, maior será a estabilidade alcançada. Na

adoção de uma correta base de sustentação deve ter-se, também, em

conta a posição e a orientação dos pés, que devem estar virados no

sentido do movimento.

 Equilíbrio-Centro de gravidade: é o centro de massa ou a zona mais pesada de

um objeto. Consiste no ponto exato em que o peso da parte superior do corpo é igual ao

da parte inferior. Na pessoa, localiza-se ao nível da segunda vertebrada sagrada. Varia

com a estrutura corporal e com a idade (nas crianças e nos idosos é mais alto). A

proximidade à base de sustentação determinada a estabilidade do equilíbrio.

 A linha de gravidade: é uma linha imaginária traçada perpendicularmente ao

centro de gravidade do objetivo. Quando a linha de gravidade cai dentro da base de

sustentação, obtém-se maior estabilidade.

A boa articulação de todos os estes princípios permite a obtenção de uma postura

correta com alinhamento e equilíbrio perfeito:

 Cabeça - ereta, alinhada com a coluna vertebral;

 Coluna - alinhada;

32
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

 Membros superiores - ao longo do corpo (ligeira flexão dos cotovelos);

 Membros inferiores - alinhados com a anca e maléolo (joelho

ligeiramente fletidos);

 Pés - paralelos, virados para a frente;

 Músculos - abdominais e nadegueiros contraídos.

É, igualmente, importante usarmos a nossa farda confortável e suficientemente larga

para permitir toda a amplitude de movimentos e calçado fechado para diminuir o risco

de lesões na mudança de direção.

Estas são algumas orientações para a utilização de uma correta mecânica corporal (Fig.

8) na prevenção de lesões músculo-esqueléticas durante a prestação de cuidados ao

utente, onde se inclui a realização de posicionamentos.

Figura 8: Postura, Alinhamento e Equilíbrio.

Prevenção de riscos - para os utentes

Para prevenir riscos relativos à implementação dos posicionamentos para os utentes

devem ser seguidas determinadas orientações.

 Não arrastar o corpo do utente na cama;

 Os lençóis da cama devem sempre ser mantidos bem esticados e livres de

migalhas ou outros vestígios de comida, porque os lençóis enrugados são

33
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

desconfortáveis, e podem restringir a circulação e contribuir para a formação de

feridas;

 Manter as articulações bem posicionadas e protegidas durante as mudanças de

posição;

 Tentar motivar o utente para colaborar connosco, para ajudar a se movimentar;

 Ter sempre atenção de não esquecer de levantar a grade da cama do utente, para

não haver riscos de queda;

 Colocar todos os materiais necessários junto aos utentes antes de iniciar a

movimentação deste;

 Higienizar as mãos antes do contacto com os utentes, para evitar a disseminação

de microrganismos;

 É importante explicar ao utente os procedimentos a realizar, bem como pedir

sempre que possível a sua colaboração. Assim, contribuímos para que o mesmo

se sinta respeitado, seguro e confortável.

34
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

5. Conclusão

Ao terminar a PAP, bem como o Curso Técnico Auxiliar de Saúde, concluo que o TAS

desempenha um papel importante na vida diária das pessoas que se encontram, por

alguma razão, limitadas no seu grau de mobilidade.

Além das várias tarefas que os auxiliares de saúde executam, os posicionamentos e não

desvalorizando todos os demais cuidados, são sem dúvida, um dos aspetos fundamentais

no processo do cuidar utentes dependentes/acamados, uma vez que, este procedimento

ajuda na prevenção de muitas complicações de saúde, capazes de influenciar

negativamente e agravar o estado/condição clínica dos utentes.

Ao desempenhar adequadamente as suas tarefas, no que respeita, à colaboração na

realização destes procedimentos, o TAS está a contribuir para a prevenção de

complicações várias e está a prestar cuidados de qualidade, verdadeiramente,

promotores de bem-estar e de conforto dos utentes que estão sob o seu cuidado.

Ser-se um auxiliar de saúde não é de todo uma profissão fácil, uma vez que, somos nós

que estamos presentes na maioria das vezes e damos muito de nós a quem necessita.

Cuidar de doentes requer muito esforço da parte dos profissionais, requer atenção,

compaixão e profissionalismo.

Ao longo deste projeto deparei-me com algumas dificuldades, mas com o passar do

tempo e com a ajuda do meu orientador e professor Fábio Sousa, fui capaz de ir

ultrapassando todas estas dificuldades sentidas e concluir, com sucesso, mais este

desafio. Assim, considero que foram alcançados os objetivos a que me propus com a

realização desta PAP.

35
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

6 - Referências bibliográficas

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de enfermagem: Procedimentos técnicos. Consultado a: 02 de jan. 2018

Disponível em:

http://forumenfermagem.org/dossier-tecnico/documentos/orientacoes-tecnicas/

manual-de-procedimentos-tecnicos-de-enfermagem-acss ;

 Instituto Nacional de Câncer. (2010). Guia do cuidador de pacientes acamados.

Orientações aos pacientes. Consultado em: 02 de Jan. de 2018. Disponível em:

http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Orientacoespacientes/orientacoes_aos_c

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 Luckmann & Sorensen. (1998). Enfermagem Fundamental - Abordagem

psicofisiológica. Loures: Lusodidacta.

 Ordem dos Enfermeiros. (2013). Guia Orientador de Boas Práticas – Cuidados à

pessoa com alterações da mobilidade - posicionamentos, transferências e treino

de deambulação. Consultado a: 07 de jan. 2018. Disponível em:

https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/publicacoes/Documents/GOBP_Mobi

lidade_VF_site.pdf

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Lusociência.

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Disponível em: http://www.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/0E9B9DA2-2C7D-

4754-95B4-057B3DD1DD3A/932095/M4_Ulceras_SITE.pdf

36
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 Zanon, E.; Marziale, M. H. (2000). Avaliação da postura corporal dos

trabalhadores de enfermagem na movimentação de pacientes acamados. Rev.

Esc. Enf. USP, (34)1, p. 26-36. Consultado em: 3 de mar. de 2018. Disponível

em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v34n1/v34n1a04 ;

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Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

7.Anexos

38
Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

Componente Prática

Figura 2

Figura 2

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Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

8.Requerimento

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Os posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do TAS

9.Pedido Colaboração

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