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ESCOLA PROFISSIONAL DO SINDICATO DE ESCRITÓRIO E COMÉRCIO DA

REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES


Ano letivo: 2021 / 2022

Curso: Técnico (a) Auxiliar de Saúde

“Os Posicionamentos no leito e a prevenção


de complicações: o contributo do Técnico
Auxiliar de Saúde.”

Autor: Inês Matos

Ponta Delgada, junho de 2022.


Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S
ESCOLA PROFISSIONAL DO SINDICATO DE ESCRITÓRIO E COMÉRCIO DA
REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES
Ano letivo: 2021 / 2022

Curso: Técnico (a) Auxiliar de Saúde, 3.º S

“Os Posicionamentos no leito e a prevenção


de complicações: o contributo do Técnico
Auxiliar de Saúde.”

Autor: Inês Matos


Orientador: Marco Soares

Ponta Delgada, junho de 2022.


III
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

“Trabalhar na área da saúde é um princípio: permite ser útil à sociedade com toda a
força e conhecimento que se tem. Este serviço à sociedade deve ser consequência da
vocação e do compromisso ao graduar-se."

Jacinto Convit

IV
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

AGRADECIMENTOS
Durante a realização da prova de aptidão profissional (PAP), contei com o apoio
direto e indireto de várias pessoas e instituições, às quais quero deixar o meu
agradecimento e gratidão. Desta forma expressa os meus agradecimentos: à Escola
Profissional do Sindicato Escritório e Comércio da Região Autónoma dos Açores, na
pessoa da sua diretora técnico-pedagógica Dra. Cristina Lopes e Dr. João Ricardo Tadeu,
pela oportunidade de ingressar no Curso Técnico Auxiliar de Saúde (TAS) e por toda a
orientação durante os três anos. Este projeto não teria sido possível sem o apoio
incansável de todos os professores que me acompanharam neste projeto e em especial
ao meu orientador da (PAP) enfermeiro Marco Soares, que desde logo mostrou
disponibilidade e companheirismo bem como sabedoria e organização. Agradeço aos
diretores de curso, professora Fátima Gomes e professor Luís Pousa, pela
disponibilidade, paciência e preocupação com o nosso bem-estar e futuro. Agradeço
profundamente aos restantes formadores pelo incentivo constante, bem como à
instituição que me acolheu aquando do meu período de formação em contexto de
trabalho, o Hospital Internacional dos Açores e de um modo especial à equipa do
serviço de Imagiologia, André Marques, Francisca Coelho, Solange Pimentel e Dr.
David Silva, pela compreensão, ensinamento, disponibilidade e amizade. E por fim
agradeço a todos os meus amigos e familiares por toda a tranquilidade e apoio que me
transmitiram ao longo deste projeto. Numa retrospetiva muito positiva e a todos aqueles
que foram mencionados, a minha eterna gratidão por estarem sempre disponíveis para
qualquer prestação de auxílio, o que se revelou uma mais valia para o meu projeto.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

RESUMO

Durante a presente Prova de Aptidão Profissional (PAP), pretende-se realçar a


profissão do Técnico Auxiliar de Saúde (TAS), os seus direitos e deveres enquanto
profissional de saúde, nomeadamente a sua importância na realização dos diferentes
decúbitos de posicionamentos em utentes em situação de imobilidade. Identificar os
conceitos associados aos diferentes tipos de posicionamentos, as ajudas técnicas
existentes e os benefícios associados; compreender as técnicas de posicionamentos e
mobilização, tendo em conta as orientações de um profissional superior, a capacidade
do indivíduo e os princípios de ergonomia e riscos associados. Realização de pesquisas
e consequente análise de informação, tendo como principal base livros e artigos
científicos. O TAS tem um papel muito importante naquilo que concerne às posturas
e/ou posições em que se coloca o utente quando este não tem capacidade de mudar de
decúbito sozinho e/ou a sua situação clínica não o permite. Os diferentes tipos de
posicionamentos são cruciais na prevenção de complicações motoras, circulatórias,
músculo-esqueléticas, e de alterações na pele (zonas de pressão). Os vários decúbitos
providenciam conforto e bem-estar ao utente, e permitem manter a amplitude e
movimentos articulares. Desta forma, e sendo esta parte das principais funções do TAS,
devem ser encarados com muita responsabilidade, tendo em conta que se está a
contribuir para uma situação favorável para o doente. O TAS acaba por ser uma das
pessoas que passa mais tempo com o doente, tendo o dever de lhe transmitir respeito,
conforto, atenção, confiança e segurança. No decorrer dos decúbitos o TAS deve ter em
atenção qual o tipo de mobilidade do doente, respeitando as suas possibilidades,
vontades e prevalecendo sempre a integridade da sua privacidade. Ser TAS é uma
escolha que exige muito mais do que disponibilidade e vocação, requer também muita
dedicação e gosto pela profissão. Além das tarefas inerentes aos cuidados diários a ter
com os utentes, o TAS é o profissional que passa mais tempo com os doentes, fazendo
parte da sua rotina diária. Alguns doentes demonstram mais as suas fragilidades e vêm
um apoio no TAS, requerendo muito da sua atenção e empatia. Por outro lado, existem
utentes mais agressivos e/ou menos simpáticos, o que exige mais paciência e tolerância
por parte do TAS. Todas as pessoas são diferentes, e consequentemente agem de forma
distinta, daí ser tão importante o TAS aprender a lidar com cada uma delas, com amor
respeito e dedicação.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

ÍNDICE

Introdução ....................................................................................................................... 11
1) Conceito dos posicionamentos ................................................................................ 13
2) Princípios Básicos dos Posicionamentos ................................................................. 14
3) Materiais e Recursos necessários ............................................................................ 16
4) Técnicas associadas a cada tipo de posicionamento ...................................................18
5) Tipos de Posicionamentos .......................................................................................... 20
5.1) Decúbito dorsal .................................................................................................... 20
5.2) Decúbito Semi-Dorsal ..........................................................................................22
5.3) Decúbito Lateral ...................................................................................................24
5.4) Decúbito Ventral .................................................................................................. 26
5.5) Decúbito Semi-Ventral ........................................................................................ 28
5.6) Posição em Fowler ............................................................................................... 30
6) Contributo do T.A.S na realização dos posicionamentos no leito ..............................32
7) A importância dos posicionamentos na prevenção das úlceras de pressão ................ 34
7.1) Classificação das UP: ...........................................................................................36
7.2) A atuação do TAS para cada fase da UP: ............................................................ 39
7.3) A escala de Braden: ............................................................................................. 41
8) A ergonomia e a sua aplicação na área dos posicionamentos .................................... 44
8.1) Prevenção de riscos para os profissionais ............................................................ 45
8.2) Prevenção de riscos para os utentes ..................................................................... 47
9) A consequência da imobilidade nos sistemas orgânicos ............................................ 48
10) Técnicas de Mobilização .......................................................................................... 49
10.1) Aspetos gerais a ter em conta na mobilização ................................................... 49
Conclusão ............................................................................... Erro! Marcador não definido.
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 53
Fontes Multimédia .......................................................................................................... 53
Anexos
Anexo I
Anexo II

VII
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Materiais/Equipamentos ............................................................................... 16
Quadro 2 - Posicionamento em Decúbito Dorsal ........................................................... 21
Quadro 3 - Posicionamento em Decúbito Semi-dorsal ...................................................23
Quadro 4 - Posicionamento em Decúbito Lateral ...........................................................25
Quadro 5 - Decúbito Ventral ...........................................................................................27
Quadro 6 - Decúbito Semi-Ventral ................................................................................. 29
Quadro 7 - Posicionamento em Fowler .......................................................................... 31
Quadro 8 - Escala de Braden .......................................................................................... 43

VIII
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

ÍNDICE DE IMAGENS
Figura 1: Posicionamento em decúbito dorsal ................................................................ 20

Figura 2: Posicionamento em decúbito Semi-Dorsal ......................................................22

Figura 3: Posicionamento em decúbito lateral ................................................................24

Figura 4: Posicionamento em decúbito Ventral ..............................................................26

Figura 5: Posicionamento em decúbito Semi-Ventral .................................................... 28

Figura 6: Posição em Fowler .......................................................................................... 30

Figura 7: Áreas de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão ........................ 36

Figura 8: UP em categoria I ............................................................................................ 37

Figura 9: Úlcera por pressão em categoria II ..................................................................37

Figura 10: UP em categoria III ....................................................................................... 38

Figura 11: UP em categoria IV ....................................................................................... 39

Figura 12: Postura, Alinhamento e Equilíbrio ................................................................ 47

IX
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS


APTF – Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas;
LME – Lesões músculo esqueléticas;
LMERT – Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho;
PAP – Prova de Aptidão Profissional;
TAS – Técnico Auxiliar de Saúde.
HIA- Hospital Internacional dos Açores.
UP- Úlcera por pressão;

X
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

INTRODUÇÃO

“Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do


Técnico Auxiliar de Saúde” é o título da presente PAP, integrada como requisito para a
conclusão do Curso TAS. Ressalva-se a importância dos posicionamentos no leito
realizados pelo TAS a pessoas com grau de dependência física elevado.
Os posicionamentos podem ser definidos como as posturas em que se coloca o
utente, quando este não tem a capacidade para mudar de decúbito e/ou quando a sua
situação clínica não o permite (Paulino, 1998). A postura correta em repouso vai
permitir um adequado alinhamento dos diferentes segmentos do corpo, de modo a
garantir a integridade e o equilíbrio do sistema músculo-esquelético com o mínimo
dispendio de energia, bem como a manutenção da integridade da pele, evitando-se o
aparecimento de feridas.
Deste modo, é fundamental os profissionais de saúde dominarem muito bem a
realização das técnicas de posicionamentos, uma vez que estas são de utilização
quotidiana no desempenho da sua atividade profissional, fazendo parte das
competências do TAS na prestação de cuidados a pessoas dependentes, sob supervisão
de um profissional de saúde.
Um dos motivos da escolha da presente temática para o desenvolvimento da PAP
relacionou-se com o facto de ter vivenciado uma situação de dependência de um
familiar próximo e onde constatou-se a importância da realização adequada dos
posicionamentos, enquanto cuidados fundamentais para promoção do bem-estar e de
qualidade de vida das pessoas, evitando, assim, que possam surgir, nomeadamente
úlceras por pressão.

Foram delineados os seguintes objetivos: definir o conceito e os princípios


básicos dos posicionamentos; descrever os tipos de posicionamentos existentes;
descrever os diferentes procedimentos de realização dos posicionamentos, bem como os
materiais e recursos necessários à sua implementação; refletir sobre o contributo do
TAS na execução das técnicas de posicionamento dos utentes; considerar a aplicação da
ergonomia na área dos posicionamentos, a prevenção de riscos para os profissionais
bem como para os utentes; classificar a consequência da imobilidade nos sistemas
orgânicos; e definir técnicas de mobilização e os aspetos gerais a ter em conta no
processo de mobilização.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Serão abordados os seguintes tipos de posicionamentos: Decúbito dorsal;


Decúbito Semi-Dorsal; Decúbito lateral (direito/ esquerdo); Decúbito Ventral, Decúbito
Semi-Ventral e a Posição de Fowler.
A presente PAP está estruturada por duas partes: a primeira parte que será o
enquadramento teórico do tema escolhido, e uma segunda parte de componente prática
que será desenvolvida a partir de vídeos, que vão ser realizados no Hospital
Internacional dos Açores, recorrendo à prática simulada.
A metodologia utilizada na elaboração da presente PAP teve como base a
revisão bibliográfica sobre o tema; a pesquisa em manuais técnicos de saúde; a consulta
de artigos publicados online bem como de apontamentos cedidos pelos formadores.
Relativamente à componente prática, foram desenvolvidos esforços de cooperação com
o Hospital Internacional dos Açores (HIA) , para cedência do espaço e de alguns
equipamentos para a prática simulada.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

1) CONCEITO DOS POSICIONAMENTOS

De acordo com o autor Hoeman, 2011 (citado por Ordem dos Enfermeiros,
2013), quando não existe estímulo da mobilidade na pessoa que se encontra acamada,
surgem vários efeitos adversos no seu corpo e consequentemente na sua saúde. O
repouso de forma contínua vai levar à redução da atividade muscular, que, por sua vez,
irá originar alterações no funcionamento de todos os órgãos do corpo humano. Dessa
forma, surgiu o conceito “posicionamentos”, termo que se refere a um conjunto de
técnicas utilizadas pelos profissionais de saúde para a alternação do decúbito nos utentes,
e visam, principalmente, o seu conforto e bem-estar, respeitando os princípios
anatómicos, peso corporal, e ainda protegendo as zonas de proeminências ósseas. As
frequentes mudanças de posição no leito são de enorme importância para que, como
consequência da imobilidade, não surjam, por exemplo, lesões por pressão. Sorensen e
Luckmann 1998 referem que o movimento pode ser definido como a capacidade que a
pessoa tem de interagir com o meio de uma maneira flexível e adaptável.
Segundo o autor Hoeman 2011 Cfr Ordem dos Enfermeiros, 2013, para além dos
profissionais de saúde, surgiu recentemente o título de cuidador informal, ou seja, a
pessoa que acompanha de forma regular, mas não permanente, a pessoa acamada,
podendo ou não receber remuneração de trabalho, ou receber pelos cuidados que presta
à pessoa cuidada. O cuidador informal tal como os profissionais de saúde qualificados,
deve estar apto para realizar adequadamente os posicionamentos da pessoa cuidada,
uma vez que estas técnicas podem prevenir várias complicações proveniente da
permanência no leito. Hoeman 2011 Cfr Ordem dos Enfermeiros, 2013.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

2) PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS POSICIONAMENTOS

Os vários tipos de posicionamentos têm como principais objetivos a melhoria da


qualidade das intervenções ao doente acamado, e consequentemente a melhoria da sua
qualidade de vida na condição em que se encontra. Deste modo, os posicionamentos,
devem seguir vários princípios básicos, tais como: planear a atividade em concordância
com o nível de dependência e situação clínica do doente; esclarecer a família sobre o
procedimento que se irá realizar; solicitar sempre que possível a colaboração da pessoa
acamada consoante as suas capacidades motoras; ter atenção à forma como a pessoa se
posiciona; e ainda ter em consideração a condição do doente e as superfícies usadas no
decorrer das alterações de decúbito. De acordo com a Ordem dos Enfermeiros, 2013
(Manual transferências, mobilidade e posicionamentos).

A pessoa que se encontra em situação de imobilidade deve ser imobilizada de


duas em duas horas. De acordo com o autor Timmerman 2007 - Cfr Ordem dos
Enfermeiros, 2013 (Manual transferências mobilidade e posicionamentos).

Por outro lado, essa designação temporal pode ser determinada conforme o grau
de mobilidade da pessoa, bem como pelo seu estado clínico no geral, nomeadamente as
condições da pele (que neste caso poderá ser afetada com a redução da imobilidade e
apresentar, por exemplo, úlceras de pressão); outra situação a ter em conta na distância
de tempo em que cada posicionamento deve ser feito, é o objetivo do tratamento da
pessoa imobilizada, tendo como exemplo doentes com várias fraturas. O profissional de
saúde tem de ter atenção a várias situações, como evitar posicionar a pessoa em
contacto com aparelhos médicos, como tubos e sistemas de drenagem; fazer uma
avaliação cuidada e regular do estado da pele; sempre que necessário solicitar ajuda no
posicionamento do doente de forma a evitar fricção e torção (por exemplo, no caso de
um doente com fratura pélvica, o profissional deverá ter o maior cuidado para que ao
posicioná-la não aconteça fricção ou torção na zona afetada e por consequência piora no
estado da fratura, e dor no doente); e por último deverá ser feita uma avaliação sobre os
resultados conforme se vão consumando os reposicionamentos. Enquanto TAS é
necessário ter em conta que os posicionamentos devem ser realizados sempre de acordo
com a indicação da equipa de enfermagem, dado que se deve ter em conta o estado
clínico do utente, nomeadamente em relação a possíveis problemas respiratórios;
aumento da pressão intracraniana; o esforço cardiorrespiratório; entre outros. É de

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

grande importância atender a preferência do utente sempre que seja possível, bem como
perceber a sua tolerância à dor, tendo em conta se o mesmo é capaz de colaborar no
posicionamento. De acordo com o autor Timmerman 2007 - Cfr Ordem dos
Enfermeiros,2013 (Manual transferências, mobilidade e posicionamentos).

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

3) MATERIAIS E RECURSOS NECESSÁRIOS

Os avanços tecnológicos tiveram grande impacto para o desenvolvimento dos


recursos materiais e do conjunto de práticas que visam assegurar a qualidade e o modo
como os profissionais de saúde desenvolvem o seu trabalho, de forma a não correrem
riscos que possam comprometer o bem-estar e conforto dos utentes.

Existem diferentes materiais e recursos necessários para a correta realização dos


posicionamentos no leito, tendo sempre em conta o conforto, o nível de mobilidade da
pessoa; o contexto em onde são prestados os cuidados; bem como a funcionalidade e
compatibilidade do local onde se prestam os cuidados.

De seguida serão apresentados os diferentes materiais existentes utilizados para


a realização dos posicionamentos no leito.Citado por Castilho; Gonçalves 2014 p.38.

Quadro 1 - Materiais/Equipamentos
Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

Colchão de pressão alternada: O colchão de pressão alternada é um dos


equipamentos mais utilizados para a prevenção das lesões por pressão. É um colchão
pneumático com pressão alternada e é uma das melhores opções para que se evitem o
aparecimento de feridas nos utentes em situação de imobilidade. É evidente que este

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

material detém um papel muito importante no que concerne à prevenção e cura das
lesões por pressão em utentes acamados, isto acontece uma vez que o colchão de
pressão alternada faz com que uma mesma zona do corpo fique em contacto com
diferentes graus de pressão simultaneamente, o que ajudará a minimizar os picos de
pressão e consequentemente protegendo as zonas de risco.

Colchão de água: O colchão de água é um equipamento de grande importância


na saúde e no conforto do utente, uma vez que este material faz com que se distribua de
forma uniforme o peso corporal e como resultado se evita a compressão nas saliências
do paciente sobre o mesmo, bem como das saliências ósseas, e deste modo
proporcionando um bom fluxo sanguíneo.

Almofadas de gel: As almofadas de gel são utilizadas, sobretudo, quando o


utente se encontra sentado numa cadeira. Embora mais dispendiosas que uma almofada
convencional, é um material económico e de fácil acesso. O principal objetivo das
almofadas de gel é a redução da pressão sobre as preeminências ósseas e proporcionar
mais conforto ao doente. As almofadas de gel contribuem para a prevenção de lesões
por pressão, distribuindo essa mesma pressão através do peso corporal.

Protetores de calcâneos: A função dos protetores de calcâneos reside, como o


próprio nome indica, em proteger os calcâneos da pessoa acamada, com o intuito de
promover conforto e reduzir a área de pressão do corpo e as superfícies.
Elevadores de roupa: Os elevadores de roupa têm como função evitar a pressão
exercida pela roupa de cama nos membros inferiores. O seu objetivo é elevar a roupa de
cama (lençóis e colcha). Colocam-se debaixo do colchão e por baixo da roupa de cama,
facilitando assim o movimento dos membros e a própria circulação sanguínea.Citado no
Manual de Normas de Enfermagem- Procedimentos Técnicos,2011 pág. 87-88.

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

4) TÉCNICAS ASSOCIADAS A CADA TIPO DE


POSICIONAMENTO

Neste capítulo serão descritas as técnicas de execução dos diferentes


posicionamentos que podem ser realizados no leito, segundo as orientações descritas.
De acordo com o Guia Orientador de Boas Práticas – Cuidados à pessoa com alterações
da mobilidade - posicionamentos, transferências e treino de deambulação (Ordem dos
Enfermeiros, 2013).

 Na realização dos posicionamentos devem ser respeitados os seguintes princípios


gerais:
 Planear a atividade de acordo com o nível de dependência e a situação clínica;
 Ensinar a pessoa a família sobre o procedimento;
 Solicitar a colaboração do utente de acordo com as suas capacidades;
 Assistir a pessoa a posicionar-se;
 As alternâncias de decúbito devem ter em consideração a condição do utente e as
superfícies de apoio usadas;
 Considera-se que a pessoa em situação de imobilidade deve ser posicionada de duas
em duas horas. No entanto, a frequência dos posicionamentos é determinada pela
mobilidade da pessoa e pelas condições globais da pele (APTF, 2009, De acordo
com a Ordem dos Enfermeiros, 2013);
 Em qualquer posicionamento, a pessoa deve ficar confortável, o peso corporal
distribuído equitativamente, respeitando o alinhamento corporal e reduzindo as
tensões articulares e musculares;

 Na alternância de decúbito, reposicionar a pessoa usando movimentos suaves e


firmes de modo que a pressão seja aliviada ou redistribuída, as diferentes
articulações assumam diferentes posições e as zonas de pressão também sejam
diferentes.

 Evitar posicionar o utente em contacto direto com dipositivos médicos, tais como
tubos e sistemas de drenagem;

 Avaliar regularmente a pele. Se o utente não responde favoravelmente conforme o


esperado, devem ser considerados a frequência e o método de posicionamento;

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

 Utilizar ajudas nas transferências para evitar fricção e a torção. No caso da


utilização do resguardo, este deve ser colocado desde a região escapulo-umeral até
a região poplítea.

A realização dos posicionamentos no leito permite evitar contraturas;


encurtamentos; perca de amplitude articular; complicações respiratórias e/ou
circulatórias, bem como zonas de pressão.

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

5) TIPOS DE POSICIONAMENTOS

A realização dos posicionamentos no leito permite evitar contraturas;


encurtamentos; perca de amplitude articular; complicações respiratórias e/ou
circulatórias, bem como zonas de pressão.
De seguida, serão apresentados de modo pormenorizado os diferentes
posicionamentos existentes para os utentes no leito, bem como as respetivas
justificações para os diferentes passos.

Procedimento- Posicionamento na cama

5.1) Decúbito dorsal

Figura 1: Posicionamento em decúbito dorsal

Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013).

Ação dos profissionais Vantagens

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gestão de tempo;


utente;
2-Prevenir a contaminação;
2- Lavar as mãos;
3-Encorajar o utente a ser independente
3- Instruir o utente sobre o procedimento; promover o auto cuidado;
4- Posicionar o utente em decúbito dorsal, 4-Providenciar conforto prevenir
no centro da cama, com a coluna vertebral deformações músculo-esqueléticas;
alinhada;
5-Prevenir alterações da integridade
5- Proteger proeminências ósseas com cutânea;
material de prevenção de úlceras de
pressão, se necessário;
6- Posicionar a cabeça e cintura escapular 6-Promover o conforto;
numa almofada baixa, se não houver
contra indicações.
7-Prevenir a rigidez articular. Facilitar
7- Posicionar os membros superiores em posição de relaxamento.
ligeira abdução do ombro e flexão do
cotovelo.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

8-Posicionar o antebraço e mão em


pronação e ligeira dorsiflexão, com uma
almofada baixa e em cunha.
9-Aplicar pequenas almofadas nas regiões 9-Prevenir atrofias musculares e manter a
popliteias, deixando libertas as massas curvatura fisiológica do joelho.
musculares.
10-Aplicar pequenas almofadas sob as 10-Evitar a pressão nos calcanhares.
regiões aquilianas, deixando livres os
calcanhares.
11-Aliviar a roupa junto aos pés. 11-Prevenir alterações cutâneas e pé
equino.
12-Aplicar pequenas almofadas, em
cunha, ao nível da articulação 12-Prevenir a rotação externa do membro
coxofemoral, em ambos os membros. inferior.

13-Verificar o alinhamento corporal, 13-Valida o alinhamento da coluna


segundo o eixo sagital, observando-o dos vertebral.
pés da cama.
14-Apreciar o bem-estar do utente.
15-Assegurar a recolha e lavagem do
material.
16-Prevenir a transmissão cruzada de
16-Lavar as mãos. microrganismos.

Quadro 2 - Posicionamento em Decúbito Dorsal


Fonte: Manual de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Procedimento - Posicionamento na cama

5.2) Decúbito Semi-Dorsal

Figura 2: Posicionamento em decúbito Semi-Dorsal

Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ação dos profissionais Vantagens

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo;


utente;
2-Prevenir a contaminação;
2-Lavar as mãos;
3-Instruir o utente sobre o procedimento; 3-Encorajar o utente a ser independente e
promover o auto cuidado;
4-Posicionar o utente em decúbito dorsal
ou assisti-lo a posicionar-se no local
oposto ao do decúbito a executar;
5-Facilitar a execução do procedimento;
5-Virar o utente lateralmente na cama ou
assisti-lo a rodar-se;
6-Manter a estabilidade e alinhamento da
6-Aplicar um almofada em cunha ao longo
coluna vertebral;
do tronco libertando a região sagrada;
7-Posicionar o membro inferior do lado
oposto ao decúbito em ligeira flexão sobre
almofadas;
8-Posicionar o membro inferior do lado do
decúbito apoiado na cama em ligeira
flexão do joelho e ligeira rotação externa
de articulação coxofemoral;
9-Posicionar o membro superior do lado

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

oposto ao decúbito sobre a almofada, com


o braço em ligeira abdução, antebraço em
ligeira flexão, mão em extensão e dedos
em abdução;
10-Posicionar o membro superior do lado
do decúbito com o ombro em ligeira
flexão e o braço em rotação externa, o
antebraço em ligeira flexão supinação,
mão em extensão e dedos em abdução;
11-Verificar o alinhamento segundo o eixo
sagital, observando-o dos pés da cama; 11-Assegurar o alinhamento da coluna
12-Apreciar o bem-estar do utente; vertebral;

13-Assegurar a recolha e lavagem do


material;
14-Lavar as mãos.
14-Prevenir a transmissão cruzada de
microrganismos.
Quadro 3 - Posicionamento em Decúbito Semi-dorsal
Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Procedimento - Posicionamento na cama


5.3) Decúbito Lateral

Figura 3: Posicionamento em decúbito lateral

Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013).

Ação dos profissionais Vantagens


1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo;
utente;
2-Lavar as mãos;
2-Prevenir a contaminação;
3-Instruir o utente sobre o procedimento;
3-Encorajar o utente a ser independente e
4-Posicionar ou assistir o utente a promover o auto cuidado;
posicionar-se em decúbito dorsal, no lado
oposto ao do decúbito a executar;
5-Aplicar uma almofada (com dimensão
aproximada ao volume da coxa e
comprimento superior á dimensão desta)
junto ao membro inferior do lado para o
qual se vai virar o cliente;
6-Executar flexão dos membros superior e
inferior do lado oposto ao decúbito e rodar
o utente com movimento firme e suave;
7-Posicionar o membro inferior, do lado
do decúbito em ligeira flexão das 7-Manter a estabilidade e o conforto;
articulações;
8-Idem.

8-Posicionar o membro inferior, do lado


oposto ao do decúbito, sobre a almofada
fazendo um ângulo de aproximadamente
90 graus a nível das articulações do joelho
9-Manter o alinhamento da coluna

24
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

e coxofemoral; cervical. Providenciar conforto.


9-Posicionar a cabeça sobre uma almofada
com volume ajustado à altura do ombro;
10-Posicionar o membro superior, do lado
11-Evitar a posição pendente do membro
do decúbito com o ombro em ligeira
superior. Providenciar conforto. Facilitar
flexão e o cotovelo em flexão;
os movimentos respiratórios.
11-Posicionar o membro superior, do lado
oposto ao decúbito, com o ombro e o
cotovelo em flexão, sobre uma almofada
(com dimensão aproximada ao volume do
tórax e afastada do tronco) que acompanha 12-Validar o alinhamento da coluna
todo o membro; vertebral.

12-Verificar o alinhamento corporal,


segundo o eixo sagital, observando-o dos
pés da cama;
13-Apreciar o bem-estar do utente;
15-Prevenir a transmissão cruzada de
14-Assegurar a recolha e lavagem do microrganismos.
material;
15-Lavar as mãos.

Quadro 4 - Posicionamento em Decúbito Lateral


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011

NOTA: O decúbito lateral é efetuado do lado direito e do lado esquerdo, sendo os


procedimentos iguais, diferenciando-se só o lado do cuidador e a posição das almofadas.

25
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Procedimento - Posicionamento na cama


5.4) Decúbito Ventral

Figura 4: Posicionamento em decúbito Ventral


Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ação dos profissionais Vantagens

1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo;


utente;
2-Prevenir a contaminação;
2-Lavar as mãos;
3-Encorajar o utente a ser independente;
3-Instruir o cliente sobre o procedimento;

4-Posicionar o cliente em decúbito dorsal, 4-Facilitar a execução do procedimento;


no lado da cama mais próximo do
enfermeiro;
5-Aplicar almofadas sobre a base da cama 5-Prevenir a pressão na região mamária e
genital;
ao nível do abdómen e membros inferiores
(deixando libertas as críticas ilíacas e
pélvis);

6-Manter os membros superiores ao longo


do corpo, rodar o utente sobre si próprio
deixando-o deitado sobre o abdómen, com
a cabeça na lateral e os membros inferiores
em ligeira abdução;

7-Posicionar o membro superior do lado


para o qual a cabeça está voltada, com o
braço em abdução, antebraço em flexão de

26
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

aproximadamente 90º e mão em extensão


com os dedos em abdução;

8-Posicionar o membro superior do lado


oposto, com braço em ligeira abdução,
rotação interna, antebraço e mão em
extensão;

9-Verificar o alinhamento segundo o eixo


sagital, observando-o dos pés da cama; 9- Assegurar o alinhamento da coluna
vertebral;
10-Apreciar o bem-estar do utente; 10-Facilitar a atualização do diagnóstico
de enfermagem;
11-Assegurar a recolha e lavagem do
material;
12-Prevenir a transmissão cruzada de
12-Lavar as mãos. microrganismo.

Quadro 5 - Decúbito Ventral


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

27
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Procedimento- Posicionamento na cama


5.5) Decúbito Semi-Ventral

Figura 5: Posicionamento em decúbito Semi-Ventral

Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ação dos profissionais Vantagens


1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo;
utente;
2-Prevenir a contaminação;
2-Lavar as mãos;
3-Encorajar o utente a ser independente.
3-Instruir o utente sobre o procedimento.
Promover o auto cuidado;
4-Posicionar o utente em decúbito lateral
ou assisti-lo a posicionar-se;
4-Facilitar a execução do procedimento;
5-Aplicar uma almofada de dimensão
5-Providenciar conforto;
reduzida sob a cabeça, se necessário;

6-Aplicar uma almofada em cunha de 6-Idem;


dimensão proporcional ao tronco para
suporte do hemitórax até à crista ilíaca;

7-Posicinar o membro inferior que fica 7-Idem.


apoiado na base da cama, em ligeira flexão
e o outro membro semi-flectido sobre uma
almofada proporcional ao membro

28
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

inferior;

8-Posicionar o membro superior que fica


8-Idem;
apoiado na base da cama, em hiper
extensão do braço e flexão do antebraço e
o outro em abdução do ombro e flexão do
braço; 9-Assegurar o alinhamento da coluna
9-Verificar o alinhamento segundo o eixo vertebral.
sagital, observando-o dos pés da cama;
10-Apreciar o bem-estar do utente;
11-Assegurar a recolha e lavagem do 12-Prevenir a transmissão cruzada de
material; microrganismos.
12-Lavar as mãos.

Quadro 6 - Decúbito Semi-Ventral


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

29
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Procedimento- Posicionamento na cama


5.6) Posição em Fowler

Figura 6: Posição em Fowler

Fonte: (Ordem dos Enfermeiros, 2013)

Ações dos profissionais Vantagens


1-Providenciar os recursos para junto do 1-Gerir o tempo.;
utente;

2-Lavar as mãos; 2-Prevenir a contaminação.


3-Encorajar o utente a ser independente e
3-Instruir o utente sobre o procedimento; promover o autocuidado;
4-Partindo de o decúbito dorsal elevar a 4-Facilitar a execução do procedimento;
cabeceira do leito entre 30 e 60 º . Este
posicionamento pode ser adaptado a cada
pessoa de acordo com a sua condição
física (sensibilidade, força e equilíbrio);

5-Ligeira flexão da escapulo-umeral,


5-Maior conforto para o utente e previne
flexão do cotovelo, pronação e extensão futuras complicações, como edemas;
do punho (a colocação de almofada nos
membros superiores é facultativa);

6-Coxofemoral em flexão e ligeira


abdução, joelhos em flexão (a colocação
da almofada nos joelhos e tibiotársica é

30
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

facultativa);

7-Observar o alinhamento de todos os 7-Asseguar o alinhamento da coluna


vertebral;
segmentos do corpo e verificar se todas as
articulações estão em posição neutra e/ou
funcional;

8-Apreciar o bem-estar do utente;

9-Assegurar a recolha e lavagem do


material;
10-Prevenir a transmissão cruzada de
10-Lavar as mãos. microrganismos.

Quadro 7 - Posicionamento em Fowler


Fonte: Manual de Normas de Enfermagem-Procedimentos Técnicos, 2011.

31
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

6) CONTRIBUTO DO T.A.S NA REALIZAÇÃO DOS


POSICIONAMENTOS NO LEITO
Os posicionamentos referem-se às técnicas utilizadas para alternação do
decúbito nos utentes e visam, principalmente, o seu conforto e bem-estar, respeitando os
princípios anatómicos e protegendo as zonas de proeminências ósseas. Cfr Ordem dos
Enfermeiros, 2013.
Para Fan,Zanni, Dennison,Lepre e Needham o compromisso da mobilidade
física, relacionada com a doença/ traumatismo ou como consequência do processo de
envelhecimento, tem consequência na fisiologia humana ao nível dos diferentes
sistemas. Mesmo em adultos saudáveis, os efeitos da imobilização prolongada e atrofia
por desuso são, por si só, muitas vezes persistentes e precisam de recondicionamento
física intensivo para permitir o regresso ao seu nível basal de funcionamento.Cfr Ordem
dos Enfermeiros, 2013.

O TAS é um profissional qualificado e apto para prestar cuidados, sob


supervisão de um enfermeiro, aos utentes, tendo em conta a sua situação de saúde e o
seu nível de dependência. Quando o TAS presta cuidados de saúde a utentes com níveis
elevados de dependência, e por consequência, em situações de imobilidade, torna-se
fundamental o recurso à execução de variadas técnicas, com o intuito de prevenir
complicações associadas a essa situação. Timmerman 2007, Cfr Ordem dos
Enfermeiros,2013.

De acordo com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino


Profissional o TAS possui, entre outras competências a seguinte:
 Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do enfer
meiro. Dentro deste domínio estão descritas, ainda, as seguintes funções do TAS, as
quais se transcrevem:

“1.1. Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de higiene e


conforto de acordo com orientações do enfermeiro;

1.2. Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos cuidados


de higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a feridas e úlceras;

1.6. Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que necessita de


ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do profissional de saúde.”

32
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Deste modo, ao realizar os posicionamentos estamos a cumprir com o que está


preconizado no âmbito de competências definido para a atuação do TAS no domínio do
auxílio na prestação de cuidados aos utentes, sendo que estes cuidados fazem parte do
dia-a-dia deste profissional e têm, também, como intuito a promoção do bem-estar, do
conforto e a prevenção de complicações.

A realização adequada das técnicas dos posicionamentos são uma das mais
importantes medidas para prevenir o aparecimento de algumas das complicações da
imobilidade atrás referidas. São, também, noutras situações um dos primeiros passos na
recuperação de um utente. Assim sendo, é essencial que um técnico auxiliar de saúde
consiga implementar estas técnicas de um modo adequado, encarando-as como parte
integrante das suas funções/rotinas diárias.

Estas técnicas, embora sejam de uso recorrente pelos profissionais de saúde, não
são da sua exclusiva responsabilidade, uma vez que, devem ser igualmente ensinadas e
utilizadas pelos cuidadores, em contexto domiciliário, permitindo que os doentes
assumam diferentes posições no leito e se possam evitar diferentes complicações de
saúde. Cfr Ordem dos Enfermeiros,2013.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

7) A IMPORTÂNCIA DOS POSICIONAMENTOS NA PREVENÇÃO

DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, 2008, as úlceras de pressão são lesões


que se localizam na pele ou nos tecidos subjacentes e podem ocorrer quando ocorre a
diminuição da circulação sanguínea provocada pela pressão que é aplicada numa
determinada área do corpo, ou seja, é uma ferida que pode surgir quando uma pessoa se
encontra imobilizada devido a doença, durante um longo período de tempo, o que
origina a acumulação de pressão em várias zonas do corpo. Cfr Ordem dos
Enfermeiros.

Os posicionamentos têm como intuito prevenir o processo degenerativo da pele,


músculos, ossos, articulações e promover o conforto e sobretudo a segurança ao doente
acamado, sendo assim, as frequentes mudanças de posição no leito são de enorme
importância para que, como consequência da imobilidade, não surjam lesões por
pressão De acordo com os autores Sorensen & Luckmann,199” Cfr Ordem dos
Enfermeiros, 2013.
As úlceras por pressão, também chamadas de escaras, chagas ou úlceras de
decúbito, são feridas que surgem devido à pressão constante do corpo sobre uma
superfície. Esta pressão impede a circulação do sangue no local, levando à morte dos
tecidos e ao aparecimento de uma ferida. É por isso que é importante observar
diariamente a pele, durante as alterações de posição, durante as transferências dos
utentes, ou sempre que se prestam cuidados de higiene, tendo atenção especial às zonas
corporais de risco para o desenvolvimento deste tipo de lesões.
É fundamental prevenir as lesões por pressão porque estas provocam dor,
contribuem para o agravamento de outras doenças, são causas frequentes de
internamento e de diminuição da qualidade de vida dos utentes, para além de assumirem
uma ação negativa na dimensão emocional e na dinâmica dos familiares/cuidadores, não
esquecendo o tremendo impacto financeiro que este tipo de feridas acarreta, pela
exigência do consumo de recursos financeiros e humanos necessários ao seu tratamento,
muitas vezes prolongado.
Assim sendo, a implementação das técnicas dos posicionamentos, nos utentes com
limitação de mobilidade, são um aspeto fundamental na prevenção do aparecimento

34
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

destas lesões, sendo essenciais pela ação benéfica que propiciam ao reduzir/aliviar a
pressão nas zonas onde o corpo de encontra em contacto com a superfície.
As zonas de risco são as zonas onde existem proeminências ósseas, isto é, zonas
do esqueleto humano onde existe pouco tecido por baixo da pele, encontrando-se os
ossos mais salientes. É necessária maior vigilância destas zonas de risco, onde a pressão
pode provocar mais danos. As proeminências ósseas devem ser vigiadas tendo em conta
a posição em que a pessoa se encontra.
A localização das úlceras está associada às proeminências ósseas do esqueleto
humano e à atitude postural do doente, sendo que as áreas de maior risco para o
desenvolvimento de úlceras por pressão são as seguintes: região sacrococcígea; região
trocanteriana/crista ilíaca; região isquiática; região escapular; região occipital; cotovelos;
calcâneos; região maleolar.
Os principais fatores que originam as úlceras de pressão, são: compressão dos
tecidos; força de dilaceração; calor; humidade; fricção; higiene pobre da pele; fraca
nutrição; falta de oxigenação; falta de movimentos espontâneos do corpo; idade
avançada; nível de consciência alterado; redução da perceção sensorial e da
sensibilidade; tipos de medicação; desidratação; imobilidade; doenças crónicas e
incontinência.

A prevenção das úlceras de pressão está vinculada à qualidade dos cuidados


prestados pelos profissionais de saúde ao utente, de forma a prevenir todos os riscos que
contribuem para afetar a saúde do mesmo. É necessário avaliar os principais riscos e
programar as condutas preventivas, aliviando a pressão das áreas de proeminências
ósseas com o uso dos vários equipamentos (página 18 deste documento) e com a
realização das alternâncias dos decúbitos (Quadros 2 a 7 da presente PAP); conferir
frequentemente o estado da pele de forma a identificar precocemente o aparecimento de
alguma área de eritema; manter a superfície seca e lisa (com os lençóis esticados);
hidratar a pele; evitar a exposição da pele a excesso de humidade; promover quando
possível o reforço hídrico e proteico; evitar substâncias irritantes para a pele; limpar a
pele com água e sabão neutro, sem fazer força ou fricção; usar colchão para alívio de
pressão. Sorensen & Luckmann,1998 Cfr Ordem dos Enfermeiros, 2013.

35
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Figura 7: Áreas de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão

7.1) CLASSIFICAÇÃO DAS UP:

De acordo com a European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), UP “é uma


lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência
óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de
cisalhamento.”

As UP são lesões cutâneas que se produzem em consequência de uma falta de


irrigação sanguínea e de uma irritação da pele que reveste uma saliência óssea, nas
zonas em que esta foi pressionada contra uma superfície rígida durante um período
prolongado. Assim, no ano de 2009, foi criado um novo sistema de classificação das UP,
publicado no Pressure Ulcer Prevention- Quick Reference Guide, desenvolvido em
conjunto pela EPUAP e National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP). A
classificação que se segue é a mais atual e usada, e classifica as UP em categorias que
serão agora descritas e demonstradas através de figuras:

 Categoria I- Eritema não branqueável em pele intacta;

 A pele encontra-se intacta com rubor não branqueável numa determinada área,
normalmente sobre uma proeminência óssea;

 Na pele com pigmentação escura pode não ser visível o branqueamento, bem como
se torna mais difícil detetar o início de uma possível UP;

36
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

 A área pode estar dolorosa, dura ou mole, mais quente ou mais fria
comparativamente ao tecido adjacente;

 Pode ser indicativo de pessoas em “risco”.

Figura 8: UP em categoria I

 Categoria II- Perda parcial da espessura da pele ou flitena;

 Ocorre a perda parcial da espessura da derme, que apresenta uma ferida superficial
com leito vermelho-rosa sem esfacelo;

 Pode apresentar-se como flitena fechada ou aberta, preenchida por líquido seroso
ou sero-hemático;

 Apresenta-se como uma úlcera brilhante ou seca, sem crosta equimose;

 Equimose (indicador de lesão profunda).

Figura 9: Úlcera por pressão em categoria II

 Categoria III- Perda total da espessura da pele;

37
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

 Ocorre a perda total da espessura tecidular;

 Pode ser visível o tecido adiposo subcutâneo, mas não estão expostos os ossos,
tendões ou músculos;

 Pode estar presente algum tecido desvitalizado (fibrina húmida), mas não oculta a
profundidade dos tecidos lesados;

 Pode incluir lesão cavitária e encapsulamento;

 A profundidade de uma úlcera de categoria III varia com a localização anatómica,


ou seja, a asa do nariz, orelhas, região occipital e maléolos não têm tecido
subcutâneo (adiposo) e uma úlcera de categoria III pode ser superficial;

 Em contrapartida, em zonas com tecido adiposo abundante podem desenvolver-se


úlceras por pressão de categoria III extremamente profundas. O osso/tendão não são
visíveis ou diretamente palpáveis.

Figura 10: UP em categoria III

 Categoria IV- Perda total da espessura dos tecidos;

 Perda total da espessura dos tecidos com exposição óssea, dos tendões ou músculos;

 Pode estar presente tecido desvitalizado (fibrina húmida) e ou tecido necrótico;

 Frequentemente são cavitadas e fistulizadas;

 A profundidade de uma úlcera por pressão de categoria IV varia com a localização


anatómica;

38
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

 Na asa do nariz, orelhas, região occipital e maléolos estas úlceras podem ser
superficiais vi. Uma úlcera de categoria IV pode atingir músculo e/ou estruturas de
suporte ( tendão ou cápsula articular) tornando a osteomielite e a osteíte prováveis
de acontecer. Existe osso/músculo exposto visível ou diretamente palpável.

Figura 11: UP em categoria IV

 Não graduáveis/Inclassificável: Profundidade indeterminada;

 Suspeita de lesão nos tecidos profundos: Profundidade indeterminada.

7.2) A ATUAÇÃO DO TAS PARA CADA FASE DA UP:

A Direção Geral da Saúde na orientação nº 017/2011 de 9/5/11, refere que “as


úlceras de pressão, são um problema de saúde pública e um indicador da qualidade dos
cuidados prestados … estima-se que cerca de 95% das úlceras de pressão são evitáveis
através da identificação precoce do grau de risco”. Ainda no mesmo documento é
referido que “o registo e a caracterização das úlceras de pressão são fundamentais para a
monitorização adequada dos cuidados prestados aos doentes, uma vez que permitem
estabelecer corretamente medidas de tratamento e melhorias nos cuidados aos doentes.”

O TAS representa uma figura de importância no desenvolver de cada estágio das


UP, como referido ao longo do presente trabalho, os posicionamentos são imperativos
para a prevenção do aparecimento das lesões. No caso destas surgirem mesmo com as
várias mudanças de decúbito é possível fazer com que a UP não evolua para a categoria
seguinte. O TAS juntamente com os profissionais de saúde têm como principal objetivo
identificar o doente em risco de desenvolver UP, e, portanto, adotar medidas
preventivas. O alívio da pressão é a medida preventiva mais importante, deste modo

39
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

deve-se estabelecer um esquema de mudanças frequentes de posição da pessoa em


situação de imobilidade, tal como a vigilância frequente da pele de modo a despistar
sinais precoces de isquemia. Durante a realização das técnicas de posicionamento do
utente, deve-se ter em especial atenção aos seguintes aspetos:

 Evitar arrastar o doente; – levantar;

 Distribuir o peso do doente no colchão, evitando zonas de pressão;

 Colocar o doente em posições “naturais”. (respeitando o alinhamento corporal);

 Não elevar a parte superior da cama mais que 30-35º quando o doente estiver em
posição lateral, de modo a evitar pressão de deslizamento;

 O tempo que um doente pode permanecer em qualquer posição, depende dos


meios e materiais usados, posição e estado geral.

Para além dos cuidados referidos, existem outras intervenções a ter em conta por parte
do TAS para a prevenção das UP:

 Avaliação da Integridade Cutânea: através da inspeção diária da pele;

 Higiene da Pele: deve fazer parte do plano de cuidados e deve incluir:

 Aplicação de hidratantes;

 Cremes barreira;

 Produtos de limpeza suaves.

 Manter a temperatura estável, através de:

 Uso de roupas de fibras naturais (da cama e de vestir);

 Manter a roupa limpa e seca;

 Evitar o contacto com superfícies plastificadas.

 Reduzir pressão, eliminar fricção e deslizamento, através de:

 Reposicionamento frequentemente;

 Elaboração de um plano escrito com frequência e tipo de posicionamento;

 Meios de apoio para diminuir a pressão nas proeminências ósseas.

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Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

 Não elevar a cabeceira da cama mais de 30º, de forma a evitar a pressão na região
sagrada;

 Utilização de almofadas de ar, água ou gel (principalmente nas pessoas em


cadeiras), colchões de alívio de pressão;

 Escolha superfícies de apoio apropriadas, em função do grau de risco, conforto,


necessidades críticas, avaliação da pele, disponibilidade da instituição/localização.

 Otimizar o estado Nutricional, assegurando a ingestão de líquidos, mantendo uma


dieta equilibrada.

 Gestão da incontinência:

 Identificar a causa e procurar controlá-la;

 Evitar contacto prolongado com fluidos orgânicos.

No meu ponto de vista é importante formar os profissionais de saúde sobre como


realizar uma avaliação completa da pele, que inclua as técnicas de identificação de
respostas ao branqueamento, calor local, edema e induração (rigidez).

7.3) A ESCALA DE BRADEN:

Desenvolvida pela enfermeira norte-americana ”Barbara Braden”, a escala de


Braden tem como objetivo medir e avaliar o risco de aparecimento de UP em pacientes
em situação de imobilidade. De acordo com “Cho et.al (2009)” a Escala de Braden é
composta por seis subescalas, que traduzem os seguintes pontos:

1. Perceção sensorial: relacionada ao desconforto, habilidade de responder à


pressão;
2. Humidade: o nível ao qual a pele é exposta à humidade;
3. Atividade: grau de atividade física;
4. Mobilidade: capacidade de alterar a posição do corpo;
5. Nutrição: padrão de alimentação;
6. Fricção e deslizamento: Fricção é quando a pele se move contra a superfície de
suporte; deslizamento a pele, tecidos profundos e a proeminência óssea deslizam
uma sobre a outra.

41
Prova de Aptidão Profissional
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A pontuação final pode variar entre 6 (valor de mais alto risco) a 23 (valor de mais
baixo risco). Quanto maior é a pontuação, menor é o risco. Ou seja, um paciente cuja
soma da avaliação totalizar 23, não apresenta risco de desenvolver UP. Já quem
apresentar a pontuação mínima, 6, é classificado como paciente com risco severo de
lesão por pressão.

ESCALA DE BRADEN PARA AVALIAÇÃO DO RISCO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO


Nome do doente: _______________________________________________________

Nome do avaliador: _____________________ Serviço: ________________________


Cama: ___________ Idade: _________ Data da avaliação: ______________________

1. Completamente 2. Muito limitada: 3. Ligeiramente 4. Nenhuma limitação:


limitada: Não Reage unicamente a limitada: Obedece Obedece a instruções
reage a estímulos estímulos dolorosos. Não a instruções verbais, verbais. Não apresenta
dolorosos (não consegue comunicar o mas nem sempre défice sensorial que possa
geme, não se retrai desconforto, exceto consegue comunicar limitar a capacidade de
Perceção
nem se agarra a através de gemidos ou o desconforto ou a sentir ou exprimir dor ou
sensorial
nada) devido a um inquietação, OU tem uma necessidade de ser desconforto.
Capacidade de
nível reduzido de limitação sensorial que mudado de posição,
reação
consciência ou à lhe reduz a capacidade de OU tem alguma
significativa ao
sedação, OU sentir dor ou desconforto limitação sensorial
desconforto
capacidade em mais de metade do que lhe reduz a
limitada de sentir a corpo. capacidade de sentir
dor na maior parte dor ou desconforto
do seu corpo. em 1 ou 2
extremidades.

1. Pele 2. Pele muito húmida: A 3. Pele 4. Pele raramente


constantemente pele está frequentemente, ocasionalmente húmida: A pele está
húmida: A pele mas nem sempre, húmida: A pele geralmente seca; os lençóis
Humidade mantém-se sempre húmida. Os lençóis têm está por vezes só têm de ser mudados nos
Nível de húmida devido a de ser mudados pelo húmida, exigindo intervalos habituais.
exposição da sudorese, urina, menos uma vez por uma muda adicional
pele à etc. É detetada turno. de lençóis
humidade humidade sempre aproximadamente
que o doente é uma vez por dia.
deslocado ou
virado.

1. Acamado: O 2. Sentado: Capacidade 3. Anda 4. Anda frequentemente:


doente está de marcha gravemente ocasionalmente: Anda fora do quarto pelo
confinado à cama. limitada ou inexistente. Por vezes caminha menos duas vezes por dia, e
Atividade Não pode fazer carga durante o dia, mas dentro do quarto pelo
e/ou tem de ser ajudado a apenas curtas menos de duas em duas
Nível de sentar-se na cadeira distâncias, com ou horas durante o período em
atividade física normal ou de rodas. sem ajuda. Passa a que está acordado.
maior parte dos
turnos deitado ou
sentado.

Mobilidade 1. Completamente 2. Muito limitada: 3. Ligeiramente 4. Nenhuma limitação:


Capacidade de imobilizado: Não Ocasionalmente muda limitado: Faz Faz grandes ou frequentes
alterar e faz qualquer ligeiramente a posição do pequenas e alterações de posição do

42
Prova de Aptidão Profissional
Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S
controlar a movimento com o corpo ou das frequentes corpo sem ajuda.
posição do corpo ou extremidades, mas não é alterações de
corpo extremidades sem capaz de fazer mudanças posição do corpo e
ajuda. frequentes ou das extremidades
significativas sozinho. sem ajuda.

1. Muito pobre: 2. Provavelmente 3. Adequada: 4. Excelente: Come a


Nunca come uma inadequada: Raramente Come mais de maior parte das refeições
refeição completa. come uma refeição metade da maior na íntegra. Nunca recusa
Raramente come completa e geralmente parte das refeições. uma refeição. Faz
mais de 1/3 da come apenas cerca de 1/2 Faz quatro refeições geralmente um total de
comida que lhe é da comida que lhe é diárias de proteínas quatro ou mais refeições
oferecida. Come oferecida. A ingestão de (carne, peixe, (carne, peixe, lacticínios).
diariamente duas proteínas consiste lacticínios). Por Come ocasionalmente entre
refeições, ou unicamente em três vezes recusa uma as refeições. Não requer
menos, de refeições diárias de carne refeição, mas toma suplementos.
Nutrição
proteínas (carne ou ou lacticínios. geralmente um
Alimentação
lacticínios). Ingere Ocasionalmente toma um suplemento caso lhe
habitual
poucos líquidos. suplemento dietético OU seja oferecido, OU é
Não toma um recebe menos do que a alimentado por
suplemento quantidade ideal de sonda ou num
dietético líquido líquidos ou alimentos por regime de nutrição
OU está em jejum sonda parentérica total
e/ou a dieta líquida satisfazendo
ou a soros durante provavelmente a
mais de cinco dias. maior parte das
necessidades
nutricionais.

1. Problema: 2. Problema potencial: 3. Nenhum


Requer uma ajuda Movimenta-se com problema: Move-se
moderada a alguma dificuldade ou na cama e na
máxima para se requer uma ajuda cadeira sem ajuda e
movimentar. É mínima. É provável que, tem força muscular
impossível levantar durante uma suficiente para se
o doente movimentação, a pele levantar
completamente deslize de alguma forma completamente
sem deslizar contra contra os lençóis, cadeira, durante uma
Fricção e os lençóis. Descai apoios ou outros mudança de
forças de frequentemente na dispositivos. A maior posição. Mantém
deslizamento cama ou cadeira, parte do tempo, mantém uma correta posição
exigindo um uma posição na cama ou cadeira.
reposicionamento relativamente boa na
constante com cama ou na cadeira, mas
ajuda máxima. ocasionalmente descai.
Espasticidade,
contraturas ou
agitação leva a
fricção quase Pontuação total:______
constante.

Quadro 8 - Escala de Braden


Fonte: Sítio do GAIF Pontuação total © Copyright Barbara Braden and Nancy
Bergstrom, 1989 Validada para Portugal por Margato, Carlos; Miguéns, Cristina;
Ferreira, Pedro; Gouveia, João; Furtado, Katia.(2001).

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

8)A ERGONOMIAE A SUA APLICAÇÃO NA ÁREA DOS


POSICIONAMENTOS
De acordo com Potter & Perry, 2006 a ergonomia trata-se de um conjunto de
regras e procedimentos que visam os cuidados e precauções com a saúde do profissional.
Neste caso, abordar-se-á a ergonomia no contexto dos posicionamentos pelo
profissional de saúde. Cuidar de doentes é uma tarefa que requer muito esforço, muita
compreensão e envolve muito desgaste físico. As lesões músculo-esqueléticas
relacionadas com o trabalho (LMERT) constituem um grave problema entre os
profissionais de saúde. As lesões dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as
principais preocupações, podendo ser ambas extremamente debilitantes.

De acordo com Potter & Perry 2006, p. 58, a mecânica corporal caracteriza-se
pelos esforços coordenados dos sistemas músculo-esquelético e nervoso para manter
equilíbrio, a postura e o alinhamento do corpo nas diversas atividades, promovendo a
utilização mais eficaz da energia muscular.
Segundo Potter & Perry 2006,p.60, usar corretamente as estruturas corporais,
aumentar a eficácia e poupar energia, é fundamental para uma prática segura. Todavia,
este aspeto é muitas vezes descurado ou subvalorizado pelos profissionais de saúde, o
que contribui para a ocorrência de lesões músculo-esqueléticas. Estas são muito comuns
em todos os profissionais de saúde e particularmente, nos enfermeiros e técnicos
auxiliares.
Estas lesões podem incidir sobre zonas do corpo distintas, sendo as mais
frequentes o pescoço, ombro, cotovelo, punho, mão, coluna vertebral e joelho. Podem
incluir sintomas como a dor, parestesia, sensação do peso, fadiga e falta de força. De
acordo com a Direção-Geral da Saúde, 2008 designam-se LMERT ou) LMELT (Lesões
músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho) as lesões que resultam da ação de fatores de
risco profissionais como a repetição, a sobrecarga e/ou a postura adaptada durante o
trabalho. Cfr Ordem dos Enfermeiros.
Existem vários fatores que tornam as atividades de mobilização de doentes
perigosas e aumentam o risco de lesão. Esses fatores de risco estão relacionados com
diversos aspetos relativos à mobilização dos utentes, podendo ser divididos em dois
grupos: os riscos associados à tarefa e os riscos associados ao ambiente.
De entre os riscos associados à tarefa, destacam-se o(os): força: todo o esforço
físico que é exigido para o desempenho da tarefa, como levantar corpos pesados, puxar

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e empurrar, e ainda ter a capacidade de assegurar todos os equipamentos e ferramentas


inerentes à função; repetição: que se baseia na execução de um movimento monótono
continuamente ao longo do dia de trabalho; posições incorretas: ao desenvolver os
posicionamentos é possível que se assumem posições que exercem tensão sobre o corpo,
como a inclinação do corpo sobre a cama, ajoelhar-se ou rotação do corpo ao mesmo
tempo que se efetuam movimentos de elevação.

Existem ainda, riscos a quais o doente é quem está disposto, daí devem seguidas
várias regras, tais como: os doentes não devem ser encarados como carga, e desta forma,
devem ser ponderadas e respeitadas as regras de elevação; os doentes não podem ser
segurados junto ao corpo do profissional; não é possível antecipar o que acontecerá ao
mobilizar o doente; os doentes são volumosos. Por outro lado, existem também riscos
que estão associados ao ambiente onde o doente se encontro, bem como: riscos de
escorregar, tropeçar ou cair; superfícies de trabalho desniveladas; e limitações de espaço,
ou seja, salas pequenas e/ou com a presença de muitos equipamentos. Outros riscos que
podem estar associados às técnicas de posicionamentos, são: o auxiliar sem ajuda para
fazer os posicionamentos; equipamento inadequado; calçado e/ou vestuário inadequado;
e ainda falta de conhecimentos e formação.

8.1) PREVENÇÃO DE RISCOS PARA OS PROFISSIONAIS


Para a prevenção de LMRT é fundamental usar corretamente as estruturas
corporais, donde se destacam: a Postura, o Alinhamento, o Equilíbrio e a Base de
sustentação.
As aplicações dos princípios subjacentes a estes conceitos aumentam a eficácia
das ações e permitem poupar energia, sendo indispensáveis para uma prática
profissional segura.
Deste modo, importa analisar estes e outros conceitos que estão associados à
manutenção de uma boa mecânica corporal, quando se desempenha a atividade
profissional de TAS: postura: posição do corpo no espaço, que envolve o mínimo de
sobrecarga das estruturas com o menor gasto de energia para o máximo de eficácia na
utilização do corpo; alinhamento: posição do corpo em que os segmentos corporais
estão colocados respeitando a sua anatomia e fisiologia. Diminui também a força sobre
as articulações, tendões, ligamentos e músculos, mantém a tonicidade muscular e
contribui para a estabilidade. A coluna vertebral é o «eixo» de um bom alinhamento;

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equilíbrio: posição do corpo em que o peso se encontra dividido equitativamente pela


superfície de apoio e que permite manter a postura correta. Implica alinhamento. O
equilíbrio tem três componentes em articulação que importa detalhar: base de
sustentação, centro de gravidade e linha de gravidade Cfr Potter & Perry, 2006, p.87;
para Lemos, Teixeira, & Mota, 2009; a base de sustentação: é a área onde a pessoa
está apoiada. Quanto maior for a base de sustentação, maior será a estabilidade
alcançada. Na adoção de uma correta base de sustentação deve ter-se, também, em conta
a posição e a orientação dos pés, que devem estar virados no sentido do movimento;
equilíbrio-Centro de gravidade: é o centro de massa ou a zona mais pesada de um
objeto. Consiste no ponto exato em que o peso da parte superior do corpo é igual ao da
parte inferior. Na pessoa, localiza-se ao nível da segunda vertebrada sagrada. Varia com
a estrutura corporal e com a idade (nas crianças e nos idosos é mais alto). A
proximidade à base de sustentação determinada a estabilidade do equilíbrio; a linha de
gravidade: é uma linha imaginária traçada perpendicularmente ao centro de gravidade
do objetivo. Quando a linha de gravidade cai dentro da base de sustentação, obtém-se
maior estabilidade. Cfr Ordem dos Enfermeiros.

 A boa articulação de todos os estes princípios permite a obtenção de uma


postura correta com alinhamento e equilíbrio perfeito:
 Cabeça - ereta, alinhada com a coluna vertebral;
 Coluna - alinhada;
 Membros superiores - ao longo do corpo (ligeira flexão dos cotovelos);
 Membros inferiores - alinhados com a anca e maléolo (joelho ligeiramente
fletidos);
 Pés - paralelos, virados para a frente;
 Músculos - abdominais e nadegueiros contraídos.

É, igualmente, importante usarmos a nossa farda confortável e suficientemente


larga para permitir toda a amplitude de movimentos e calçado fechado para diminuir o
risco de lesões na mudança de direção.

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Figura 12: Postura, Alinhamento e Equilíbrio

8.2) PREVENÇÃO PARA OS UTENTES


Para prevenir riscos relativos à implementação dos posicionamentos para os
utentes devem ser seguidas determinadas orientações: não arrastar o corpo do utente na
cama; os lençóis da cama devem sempre ser mantidos bem esticados e livres de
migalhas ou outros vestígios de comida, porque os lençóis enrugados são
desconfortáveis, e podem restringir a circulação e contribuir para a formação de feridas;
manter as articulações bem posicionadas e protegidas durante as mudanças de posição;
tentar motivar o utente para colaborar connosco, para ajudar a se movimentar; ter
sempre atenção de não esquecer de levantar a grade da cama do utente, para não haver
riscos de queda; colocar todos os materiais necessários junto aos utentes antes de iniciar
a movimentação deste; higienizar as mãos antes do contacto com os utentes, para evitar
a disseminação de microrganismos; é importante explicar ao utente os procedimentos a
realizar, bem como pedir sempre que possível a sua colaboração. Assim, contribuímos
para que o mesmo se sinta respeitado, seguro e confortável. De acordo com a
Administração Central do Sistema de Saúde – ACSS (2011). Manual de normas de
enfermagem: Procedimentos técnicos.

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9)A CONSEQUÊNCIA DA IMOBILIDADE NOS SISTEMAS


ORGÂNICOS
Segundo Antunes 1991, a mobilidade caracteriza-se por um impulso básico e na
aquisição de capacidades motoras desde o nascimento até á morte do ser humano. A
mesma, é responsável no desempenho das nossas atividades diárias, sejam elas físicas
ou psicológicas. Hoeman, 2011 afirmou que a mobilidade é uma função capaz de juntar
os movimentos num grupo músculo-esquelético, cinética-estática, sob o controle de
mecanismos de integração sensório-motor, com a finalidade da execução de uma
determinada atividade crucial para o desenvolvimento humano. Quando uma pessoa se
encontra acamada e com mobilidade reduzida ou inexistente) desenvolve uma maior
probabilidade de apresentar complicações que poderão ter sérias repercussões nos vários
sistemas orgânicos. Entre estas, incluem-se as atrofias musculares, as contraturas
articulares e musculares, as lesões por pressão, coágulos sanguíneos, a pneumonia, a
obstipação, a estase urinária e a confusão mental.
No sistema músculo-esquelético a imobilidade pode causar: atrofia, fraqueza
muscular, contraturas e osteoporose; perda de massa muscular; atrofia nas fibras,
originando a diminuição do seu comprimento e diâmetro; contraturas; e ainda a perca de
massa óssea.
No sistema cardiovascular, as principais alterações são: aumento da frequência
cardíaca; ocorrência de fenómenos trombo embólicos (coágulo); e hipotensão postural.
Em relação ao sistema respiratório, existe a diminuição dos movimentos
torácicos e alterações da perfusão sanguínea nas diferentes regiões pulmonares, devido á
gravidade; secreções da mucosa; e ainda a ocorrência de broncopneumonia.
A realização adequada das técnicas dos posicionamentos assume-se como uma
das mais importantes medidas para prevenir o aparecimento de algumas das
complicações da imobilidade atrás referidas. São, também, noutras situações um dos
primeiros passos na recuperação de um utente. Assim sendo, é essencial que um TAS
consiga implementar estas técnicas de um modo adequado, encarando-as como parte
integrante das suas funções/rotinas diárias. Cfr Ordem dos Enfermeiros.

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10)TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO

A mobilidade refere-se à capacidade que uma pessoa detêm para se movimentar


de forma livre e autónoma. No entanto, por vários motivos, essa mobilidade poderá ser
afetada, e o utente permanece em repouso no leito por tempo indeterminado, ou até
definitivo. De acordo com Potter & Perry, 2005. Desta forma, existem várias técnicas e
aspetos a ter em conta no processo de mobilização: o levante: que consiste no modo
como se transfere pela primeira vez, um indivíduo acamado para a posição de pé ou
sentado; a movimentação: que concerne a todos os movimentos praticados durante o
processo pelo próprio utente ou pelos profissionais de saúde; e a transferência: que
corresponde na movimentação de um utente de um local para o outro, por exemplo,
quando este é transferido da cama para uma cadeira.

O TAS, deve estar apto para seguir corretamente todas as técnicas, uma vez que
as mesmas são essenciais no que representa maior comodidade como a prevenção do
desenvolvimento de complicações consequentes da imobilidade prolongada. Cfr Ordem
dos Enfermeiros.

10.1) ASPETOS GERAIS A TER EM CONTA NA


MOBILIZAÇÃO
Devem ser tidos em conta os seguintes aspetos no processo de mobilização, de
modo a proceder corretamente no levante, movimentação e transferência do utente, tais
como:

 Verificar o local/espaço físico para evitar restrição de movimentos: examinar o


espaço e remover possíveis obstáculos; observar a a disposição do mobiliário,
nomeadamente os tapetes; observar se existem condições seguras em relação ao
pavimento, se este se apresenta seco e antiderrapante; colocar o suporte de soro
junto da cama, quando necessário; elevar ou baixar a cama e quando possível
adaptar ao profissional de saúde e ao tipo de procedimento a realizar; e ainda o
uso de todos os equipamentos de proteção coletiva existentes no serviço (tábuas
de transferência, resguardos, guindastes).

 Verificar a capacidade física e de colaboração do doente, desde que não existam


contradições;

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 Observar dispositivos médicos (soros, cateteres), bem como equipamentos


médicos (bombas, infusoras);

 Planear e explicar ao doente o que se vai executar e avaliar a forma como este
poderá cooperar no processo.

Devem ser seguidos vários princípios básicos de mecânica corporal, ou seja,


postura correta, pelos profissionais de saúde durante a realização dos movimentos e
transferência de doentes:

 Trabalhar com segurança e com calma;

 Manter costas, pescoço, pélvis e os pés alinhados;

 Usar o peso corporal como contrapeso ao doente;

 Fletir joelhos em vez de curvar a coluna;

 Manter os pés alinhados;

 Baixar a cabeceira da cama ao mover um doente para cima;

 Utilizar movimentos sincronizados;

 Trabalhar o mais próximo possível do corpo do doente que deverá ser movido;

 Usar farda que permita liberdade de movimentos e calçado antiderrapante;

 Efetuar o levante, movimentação e transferência do doente com a ajuda de


colegas em função do peso do doente.

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

CONCLUSÃO
Ao terminar a Prova de Aptidão Profissional, trabalho final do Curso Técnico
Auxiliar de Saúde, concluo que o TAS desempenha um papel importante na vida diária
das pessoas que se encontram, por alguma razão, limitadas no seu grau de mobilidade, e
assim sujeitas à permanência numa cama por longos períodos de tempo.
Além das várias tarefas que os auxiliares de saúde executam, os
posicionamentos e não desvalorizando todos os demais cuidados, são sem dúvida, um
dos aspetos fundamentais no processo do cuidar utentes dependentes/acamados, uma
vez que, este procedimento ajuda na prevenção de muitas complicações de saúde,
capazes de influenciar negativamente e agravar o estado/condição clínica dos utentes.
Ao desempenhar adequadamente as suas tarefas, no que respeita, à colaboração
na realização destes procedimentos, o TAS está a contribuir para a prevenção de várias
complicações e está a prestar cuidados de qualidade, verdadeiramente, promotores de
bem-estar e de conforto dos utentes que estão sob o seu cuidado. Nomeadamente, o
estímulo do padrão respiratório, de mobilidade e de eliminação; a prevenção de
complicações circulatórias e/ou musculosqueléticas; a mobilização de secreções
brônquicas; manter a amplitude e movimentos articulares; prevenção da integridade da
pele bem como de possíveis atrofias musculares; e ainda promover o autocuidado e
colaboração ao utente sempre que isso seja exequível.
Os cuidados no âmbito da prevenção de complicações associados à imobilidade,
são de grande importância em várias áreas, nomeadamente: a prevenção de
complicações circulatórias, alívio dos pontos de pressão para prevenção de úlceras de
decúbito; alívio de dores; prevenção de complicações respiratórias; posicionamento no
leito; movimentação global e as mudanças de decúbito.

A realização das técnicas associadas aos posicionamentos por parte do TAS ou


dos cuidadores informais, ou seja, no domicílio, revelam um grande impacto para a
saúde do doente como referido anteriormente, mas também para a família, que acaba
por ficar mais tranquila com o estado de saúde da pessoa cuidada. Na minha opinião,
sugeria a formação nesta área específica a todos os prestadores de cuidados de saúde a
utentes dependentes, já que revelam um conjunto de mais-valias tanto para o doente
como para o cuidador.

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

Ser-se um auxiliar de saúde não é de todo uma profissão fácil, uma vez que,
somos nós que estamos presentes na maioria das vezes e damos muito de nós a quem
necessita, e é por isso que é muito importante sabermos colocar-nos no lugar do doente,
tentar perceber as suas vontades e/ou fragilidades para que possamos fazer da forma
mais correta e exemplar o nosso trabalho. Um dia poderemos ser nós na perspetiva
contrária, e isto leva-me a querer realizar com todo o cuidado e respeito as minhas
futuras funções como futura Auxiliar de Saúde. Cuidar de doentes requer muito esforço
da parte dos profissionais, requer atenção, compaixão e profissionalismo.

Ao longo deste projeto deparei-me com algumas dificuldades, particularmente


na recolha e tratamento de algumas informações sobre o tema da presente PAP, no
entanto com a ajuda do meu orientador e professor Marco Soares, fui capaz de ir
ultrapassando todas estas dificuldades sentidas e concluir, este último desafio do curso
Técnico Auxiliar de Saúde.

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Os Posicionamentos no leito e a prevenção de complicações: o contributo do T.A.S

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ORDEM DOS ENFERMEIROS. (2013). Guia Orientador de Boas Práticas –


Cuidados à pessoa com alterações da mobilidade - posicionamentos,
transferências e treino de deambulação.

 ZANON, E.; MARZIALE, M. H. (2000). Avaliação da postura corporal dos


trabalhadores de enfermagem na movimentação de pacientes acamados. Rev.
Esc. Enf. USP, (34)1, p. 26-36.
 POTTER P. A., & PERRY, A. G. (2005). Fundamentos de Enfermagem-
Conceitos, Processo e Prática - Quarta Edição - Volume 2.

 LUCKMANN & SORENSEN. (1998). Enfermagem Fundamental - Abordagem


psicofisiológica. Loures: Lusodidacta.

 ORDEM DOS ENFERMEIROS, (2013) - (Manual transferências, mobilidade e


posicionamentos).

 POTTER & PERRY, (2005) - (Fundamentos de Enfermagem-


Conceitos,processo e prática).

FONTES MULTIMÉDIA

 https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/publicacoes/Documents/GOBP_Mobilid
ade_VF_site.pdf ; (2013) Data da consulta: 14 de janeiro.

 http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v34n1/v34n1a04 ; Data da consulta: 27 de janeiro.

 http://educacare.web.ua.pt/wp-content/uploads/2017/07/Apresentacao-Transferenc
ias-Mobilidade-e-Posicionamentos.pdf ; Data da consulta: 3 de fevereiro.

 http://educacare.web.ua.pt/wp-content/uploads/2017/07/Apresentacao-Transferenc
ias-Mobilidade-e-Posicionamentos.pdf;Data da consulta: 3 de fevereiro.

 http://nocs.pt/wp-content/uploads/2018/01/Manual-de-Normas-de-Enfermagem-Pr
ocedimentos-T%C3%A9cnicos.pdf);(2011) Data da consulta: 17 de fevereiro.

 http://forumenfermagem.org/dossier-tecnico/documentos/orientacoes-tecnicas/man
ual-de-procedimentos-tecnicos-de-enfermagem-acss; Data da consulta: 17 de
fevereiro.

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Anexos

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Anexo II

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