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O DIÁRIO DE CAMPO

COMO FERRAMENTA E DISPOSITIVO


PARA O ENSINO, A GESTÃO E A PESQUISA

B RUNO M ARIANI DE S OUZA A ZEVEDO


S ÉRGIO R ESENDE C ARVALHO

N o que se segue buscaremos explorar aspectos teóricos do diário de


campo na pesquisa qualitativa. Tematizaremos, em especial, as
contribuições de autores vinculados ao movimento institucionalista fran-
cês1 e de pensadores da diferença para a prática diarística. Dialogando
com essas concepções descreve-se e reflete-se sobre o uso do diário no
campo da Saúde remetendo-nos, para tanto, a relato de experiências de
uso do diário em distintas frentes de pesquisa e intervenção.
A menção ao diário de campo nos remete, obrigatoriamente, às
estratégias de observação participante na investigação qualitativa defi-
nida por Malinowski

como [sendo] um processo pelo qual mantém-se a presença do


observador numa situação social, com a finalidade de realizar uma
investigação científica. O observador está em relação face a face
com os observados e, ao participar da vida deles, no seu cenário
cultural, colhe dados, sendo portanto, parte do contexto sob ob-
servação, ao mesmo tempo (que modifica ou é modificado) por
este contexto (Malinowski, 1984. Apud: Minayo, 1993).

1
Fazemos referência aqui ao movimento que toma força na década de 60 e chega
ao Brasil por volta da década de 70. Além de R. Lourau e R. Hess, encontra expressão em
outros nomes como A. Savoye, R. Barbier, G. Lapassade, etc., atuando no campo da
disciplina Análise Institucional e da intervenção socioanalítica; algo sobre a autodefini-
ção desse movimento e desses conceitos pode ser encontrado em Hess et al. (1993a,
1993b).
203

em Minayo, salvo engano, esta citação não é de Malinowski, mas de Schwartz & Schwartz, além de não
corresponder ao que se cita à página 135, de O Desafio do Conhecimento; favor esclarecer.
204 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

Para Minayo (1993),

a natureza mais aberta e interativa de um trabalho qualitativo que


envolve observação participante permite que o investigador combi-
ne o afazer de confirmar ou infirmar hipóteses com as vantagens de
uma abordagem não estruturada. Colocando interrogações que vão
sendo discutidas durante o processo de trabalho de campo, ele eli-
mina questões irrelevantes, dá ênfase a determinados aspectos que
surgem empiricamente e reformula hipóteses iniciais e provisórias.

A observação da realidade permite, conforme Malinowski, supe-


rar as limitações advindas do fato de que existe “[. . .] uma série de
fenômenos de grande importância que não podem ser registrados atra-
vés de perguntas, ou em documentos quantitativos”.
Estudos qualitativos têm se beneficiado dessa estratégia de inves-
tigação para fazer avançar o conhecimento. Nos dias de hoje a observa-
ção participante e o diário de campo são amplamente utilizados em
distintos campos da vida social.
Roese et al. (2006), por exemplo, apontam para o uso comple-
mentar do diário de campo na pesquisa qualitativa. Esses autores, como
muitos outros, julgam que a impossibilidade de livrar-se da opinião do
pesquisador na constituição do diário constitui uma limitação importante
do método sugerindo que o pesquisador deva realizar esforços objeti-
vando isentar o material coletado das suas opiniões. A validade da ob-
servação é posta, nesta compreensão do método, no exercício da inter-
pretação e não na observação em si. Caberia ao observador conferir a
validade das informações colhidas em etapas posteriores da pesquisa.
Sem negar as contribuições de distintos enfoques sobre o diário de
campo, um conjunto de estudiosos irá, a partir dos anos 70, aprofundar
a crítica a proposições que preconizam o distanciamento e a neutralida-
de do investigador em relação ao objeto de estudo. Dessa crítica cons-
truir-se-ia diversas alternativas metodológicas que, em essência, afir-
mavam a inseparabilidade entre sujeitos e objetos da pesquisa. É o que
faz Schutz (apud: Minayo, 1993) quando sugere ao observador

colocar-se no mundo de seus entrevistados, buscando entender os


princípios gerais que os homens seguem na sua vida cotidiana
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 205

para organizar sua experiência, particularmente as de seu mundo


social; [. . .] [deve] manter uma perspectiva dinâmica que ao mes-
mo tempo leve em conta as relevâncias dos atores sociais, e tenha
em mente o conjunto de relevâncias de sua abordagem teórica, o
que lhe permite interagir ativamente com o campo; [. . .] [deve]
abandonar, na convivência, uma postura externa “de cientista”, en-
trando na cena social dos entrevistados como uma pessoa comum
que partilha do cotidiano [. . .] (e) aplicar um certo número de
métodos particulares para selecionar, coletar, manipular e estabe-
lecer os dados [entre os quais o diário de campo].

Postura crítica igualmente relevante em relação a este debate é a


que vem sendo produzida no interior do movimento institucionalista a
partir, entre outros, da tematização da “implicação”2 — conceito deriva-
do de uma leitura crítica e criativa dos conceitos de transferência e con-
tratransferência psicanalítica — na pesquisa e, em especial, na prática
diarística.
Julgamos, como Passos & Eirado (2009), que a ideia de implica-
ção contribui para questionar os pressupostos objetivistas e cientificistas
que buscam afirmar-se como o ideal de inteligibilidade nas ciências
humanas. Reconhece-se aqui que todos, de uma ou outra maneira, esta-
mos implicados em qualquer atividade que exerçamos e que, neste con-
texto, é fundamental que façamos uma análise de nossas implicações em
atividades como pesquisas e intervenções buscando refletir e assinalar o
lugar que se ocupa, que se busca ocupar e que somos designados a ocu-
par (Barros et al., 2000, p. 73). Partindo desse referencial é interessante
destacar que as análises de implicação não são fáceis de serem prati-
cadas e são muitas vezes dolorosas. Ocupar ou desvelar esse lugar pode
ser desestabilizador e alterar os rumos do trabalho em desenvolvimento
(Garcia, 2009).
A partir destas, e outras, concepções estudiosos como René Lourau
e Remi Hess procuram, a partir dos anos 70, compreender, sistematizar

2
A implicação pode ser sumariamente definida como uma forma de engajamento
do pesquisador em uma prática clínico-política, em função de sua historia familiar,
política, econômica e libidinal, de sua inserção nas relações de produção, de seu engaja-
mento em projetos sociopolíticos, de tal modo que o resultado desse investimento seja a
expressão da dinâmica de toda uma atividade de conhecimento.
206 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

e (re)conceituar o diário de campo como um método de investigação.


Sintetizamos a seguir algumas das ideias desses autores sobre o diário
que julgamos de especial relevância.
Lourau (2004a) identifica, a partir seus estudos, dois modos de se
realizar um diário. O primeiro aponta para a necessidade de se fazer a
análise das implicações do autor/pesquisador na observação participan-
te. Ele afirma que, enquanto observa, o pesquisador constrói certa distân-
cia do objeto, mas ao mesmo tempo “deve obter o máximo de familiari-
dade com o campo de estudo” (p. 264), ou seja, tanto receber passivamente
o que este ambiente de pesquisa tem a lhe passar, quanto construir ativa-
mente uma rede de relações contíguas com as coisas e as pessoas. Trata-
-se de o pesquisador estar presente no campo, sentir como é o lugar,
deixar-se envolver com as coisas e as pessoas, participando do cotidiano
e, na medida do possível, se envolvendo pessoalmente com o próprio
trabalho das pessoas no local do estudo (Brandão, 2007).
O diário de campo poderá servir como ferramenta para traduzir e
dar visibilidade, a esses movimentos de aproximação e de distanciamento,
podendo revelar as implicações do investigador neste processo de traba-
lho/pesquisa, seja no momento em que ele retoma suas anotações e faz o
ordenamento daquilo que escreveu, seja no momento em que torna pú-
blico seu escrito (Lourau, 2004a; Brandão, 2007). Por esses movimen-
tos de aproximação e de distanciamento o autor do diário exercita uma
atenção concentrada no presente, na experiência que vivencia naquele
momento de escrita, pois apenas com essa vigilância poderá fazer a du-
pla função de construir certa distância ao mesmo tempo que obtém certa
familiaridade. Esse exercício pode permitir-lhe abster-se, dissolver seu
próprio ponto de vista, atendo-se somente ao vivido. Essa dissolução
reduz a pessoalidade do texto e permite que “um aquém e um além do
sujeito do enunciado possam compor o sentido” (Passos & Eirado, 2009).
O segundo modo de uso do diário que Lourau identifica é o que
ele chama de método funcionalista, no qual identifica, no interior de um
mesmo diário, três diários, indivisíveis e profundamente relacionados.
Primeiro, percebe-se uma extrapolação instrumental, ou seja, um puro
levantamento e agrupamento de dados observados ou a observar, o diá-
rio de campo.
Mas quando observador e objeto começam a confundir-se e “as
relações entre as palavras, as frases, os vazios gráficos etc, tornam-se
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 207

portadores de significação” (Lourau, 2004a, p. 268), aquela inevitável


implicação toma expressão em outro diário, o íntimo. É neste, que o
extratexto3 salta aos olhos, este que é censurado, seja pelo próprio autor,
seja pelos editores, uma censura do “demasiado”, ou uma censura para
resguardar as pessoas, para adequar-se a limites éticos, ou para encai-
xar-se em códigos morais vigentes (Lourau, 2004a; Hess, 1988). Cen-
sura essa que, é importante observar, é coerente com paradigmas de
investigação dominantes que afirmam que a “temporalidade existencial
do pesquisador” não deve estar presente no labor científico. Para Lourau
ao contrário, é justamente no extratexto que se encontra o contato do
texto institucional com a realidade (Lourau, 2004b).
Observação, coleta de dados e análise de implicação são movi-
mentos simultâneos que se entrelaçam, aqui, com especulações, proje-
ções e construções teóricas para conformar a existência de um terceiro
diário, o diário da pesquisa. Este diário é, nas palavras de Lourau (2004a,
p. 276) uma “narrativa [. . .] ao mesmo tempo anterior, presente e futu-
ro”, é a produção de um texto “erudito” com a projeção e os esboços do
que está para ser descoberto.
Remi Hess (2006), por sua vez, propõe que a realização do diário
de campo se realize a partir de uma análise dos seus componentes. Des-
sa forma, poderiam produzir-se múltiplos diários de acordo com a ênfa-
se dada pelo pesquisador — por exemplo, um diário íntimo, filosófico,
um diário de pesquisa, institucional entre tantas outras possibilidades.
No interior dos distintos textos identifica-se uma escrita fragmen-
tada que se realiza no dia a dia. Diante das dimensões do vivido escolhi-
das para serem relatadas, reconstitui-se a lembrança a cada novo momento
de registro e posteriormente esse conjunto de experiências atualiza-se
no presente. A duração e a intensidade destes registros é que darão os
parâmetros para a forma de se realizar os registros evidenciando o cará-
ter de acumulação de informação da prática diarística (Hess, 2006).
A possibilidade de releitura das notas do diário traz acréscimos à
autorreflexão e à autoavaliação a partir dessa (re)construção à distância
em relação ao vivido ou ao objeto de pesquisa. Ao realizá-la é que se pode

3
Essa é a tradução do original “hors-text” empregada no livro, utilizado como
referência, René Lourau: Analista Institucional em Tempo Integral. Outra tradução, empre-
gada em outras referências, seria “fora do texto”, talvez mais clara por si só do que o termo
significa.
208 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

fazer uma reflexão sobre a prática e servir de fonte para trabalhar a con-
gruência entre teoria e prática. É no momento em que se constrói essa
distância que o diário pode ser considerado um instrumento para a pes-
quisa científica, tanto quanto serve para a coleta de dados (Hess, 2006).
Ao considerar que a produção de um diário permite analisar a arti-
culação de aspectos de natureza individuais, intersubjetivas, grupais, orga-
nizacionais e institucionais da vida em sociedade, Hess propõe a elabo-
ração de um diário institucional. Considera que este diário, ao se centrar
na descrição cotidiana de fatos marcantes que se organizam em torno da
vivência de uma instituição, pode desvelar as implicações que se fazem
presentes no trabalho e no estabelecimento e “assinalar as contradições
entre os projetos anunciados e as práticas institucionais” (Hess, 2006).
Sem negar a utilidade que o diário pode, em qualquer situação, ter
para seu autor, Hess afirma que a sua utilização pode servir a outros
sujeitos e esferas da vida social. É o que ocorre quando este é disponibili-
zado para a leitura e análise por outros atores da (ou fora da) instituição.
Diferentemente do que se poderia pensar em um primeiro momento —
ao encará-lo como uma escrita pessoal — o diário pode tornar-se uma
ferramenta coletiva de análise de uma determinada situação ou problema.
Para isso é importante que o esforço de sua leitura seja empreendido por
um grupo que busque, nas suas reflexões, vivenciar e entender conflitos
e contradições em oposição a uma postura de recusa delas (Hess, 1988).
E é assim que o diário tem o potencial de se caracterizar como disposi-
tivo que explicite as linhas de força e de tensão, o texto, o contexto e o
extratexto de uma dada situação social que, ao serem expostas, afetam e
deixam afetar-se, produzem e transformam a realidade (Kastrup, 2008).
A passagem do diário íntimo para um material publicável, que
possa ser utilizado como ferramenta coletiva não é simples. É necessá-
rio realizar uma re-escrita do diário, ora resumindo-o e ora censuran-
do-o para adequar-se ao entrelaçamento das forças presentes na dimen-
são onde tal escrito será publicado (sejam códigos éticos ou morais,
políticos, institucionais ou conjunturais). Será uma análise do espaço
em que será publicado ou veiculado que conduzirá o trabalho de re-
escrita do autor (Hess, 1988).
Temos, assim, dois momentos de escrita desse diário. O primeiro
momento podemos dizer que seja o do presente. É aquele em que o
diarista está em campo, registrando o que passa por sua pele, o que toca
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 209

sua sensibilidade. É o momento do registro do acontecimento, é um


constante exercício de estar fixado ao presente sem perder-se em diva-
gações ou tentativas de interpretações e análises, pois sempre se corre o
risco de se perder alguma fala, gesto, sensação ou reação que seja es-
sencial para aquela cena que se descortina aos olhos de quem diariza.
Escrever é, então, a composição de paisagens e enunciados que se atua-
lizam ao passarem pela mão do autor. É a tradução de histórias, da
descoberta, do novo, revelado em ato (Mairesse, 2003).
O segundo momento é o da reescrita, ou seja, a tentativa de tornar
compreensível para outros leitores todas as anotações feitas no calor do
vivenciado. Trata-se, então, do resgate de memórias, da constituição de
uma narrativa. E a produção dessa narrativa se dará no tempo das inten-
sidades, não cronológica, pois a primeira escrita do diário obedece ao
tempo do acontecimento, do sentido, do momento, não o minuto a mi-
nuto. E a cada trecho reescrito, a memória rompe com o instaurado e se
remete a outras coisas, outros momentos que não aquele que está sendo
transcrito. Assim, só é possível escrever uma narrativa do presente, atua-
lizando o passado, “um passado sempre a se refazer no presente”. O
processo de criação que se dá ao se contar aqueles momentos não é
isento de “interpretações”, ao se escrever é inevitável a busca por expli-
cações, tentativas de compreensões, trazendo para fora puro devir (Mai-
resse, 2003). Escrever, ou refazer o passado no presente, é uma ação de
trazer à superfície certa vontade ou ato de vir a ser, de transformação, é
produção de subjetividade.
Junto e após as escritas do diário estão as (re)leituras. Primeiro as
feitas pelo próprio autor no ato da confecção e transcrição do diário.
Leituras essas, como já comentado, carregadas das implicações e das
interpretações do autor. Hess (2006) vê neste momento de releitura passo
estratégico do uso diário. É na releitura, na tomada de distância, que se
compõem novas abordagens reflexivas e que se alia à prática e à teoria.
Por sua vez é na (re)leitura, feita por aqueles que não são autores
do material, que se dá o processo de intervenção, de análise, de clarea-
mento das relações instituídas. É também na releitura que o método
pode tornar-se coletivo, caso haja, neste processo, um esforço conjunto
para fazer saltar concepções coletivas sobre a instituição, um processo
ativo de compreensão, e não de recusa, das contradições postas às vistas
(Hess, 1988).
210 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

Torna-se claro o potencial intervencionista que o diário de campo


tem, podendo tornar-se importante ferramenta na pesquisa e na inter-
venção (ou na pesquisa/intervenção).

Práticas diarísticas
Relatamos agora uma série de experiências com os diários. Os
relatos inscrevem-se nas esferas do ensino, da gestão e da pesquisa, qua-
se sempre com altos graus de intervenção no campo de trabalho. Todas
as experiências que aqui se descreve, exceto a última, foram vivenciadas
por um dos autores deste texto durante o programa de Residência Mé-
dica em Medicina Preventiva e Social (RMPS) da Universidade Esta-
dual de Campinas (Unicamp) nos anos de 2007 e 2008.
Esta pós-graduação lato sensu tem desenvolvido suas atividades de
ensino em parceria com a rede de saúde do município de Campinas há
vários anos. Por seu caráter prático e interventor o início de novos alu-
nos é sempre esperado com ansiedade, pois costuma mobilizar as equi-
pes de alguma forma. Uma das principais cargas horárias do programa
é na área de Políticas Públicas, Gestão e Planejamento. Durante o pro-
grama são desenvolvidas atividades na rede de serviços da Secretaria
Municipal de Saúde de Campinas tendo como referência, no primeiro
ano, um Centro de Saúde e, no segundo ano, a instância de direção
de um Distrito de Saúde. Uma das principais funções do estágio é o de
apoiar a gestão das ações desenvolvidas em consonância com diretri-
zes municipais que preconizam, desde 2001, que o “apoiador” deveria
procurar

construir de maneira compartilhada com os outros interlocutores,


projetos de intervenção, valendo-se tanto de ofertas originárias de
seu núcleo de conhecimento, de sua experiência e visão do mundo,
quanto incorporando demandas trazidas pelo outro também em
função de seu conhecimento, desejo, interesses e visão de mundo
(Campos, et al., 2007).

No último semestre o programa abre a possibilidade de o aluno


eleger áreas de concentração de estudos e que as atividades a serem
realizadas sejam efetivadas fora do âmbito de ação do DMPS/FCM/
Unicamp.
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 211

No primeiro ano do programa foi solicitado aos residentes que


escrevessem um diário das atividades desenvolvidas nos serviços em que
estavam se inserindo. Ao longo de todo o ano tais anotações eram pe-
riodicamente levadas para as discussões de supervisão de estágio —
realizada por uma professora e analista institucional do DMPS/FCM/
Unicamp — embasando-as e auxiliando as reflexões dos residentes so-
bre sua atuação no trabalho.
A análise das implicações realizada através do diário dava dizibi-
lidade a pressupostos, a preconceitos e a relações de transferência e con-
tratransferência que surgiam da/na relação entre residentes, instituições
e pessoas que se faziam presentes no campo de estudo. Este processo
ajudou-os a refletir sobre os conflitos surgidos na relação e contribuí-
ram ao exercício mais produtivo e crítico das atividades do estágio. Os
diários também auxiliaram no processo de produção dos relatórios de
final de estágio, auxiliando-os a passar do nível íntimo da prática diarís-
tica para um nível mais público dos escritos. Tornou-se, assim, interes-
sante ferramenta para o ensino.
O uso do diário na gestão em saúde pode, igualmente, seguir a
linha do diário institucional proposto por Hess (1988), ou seja, realizar
anotações de momentos do cotidiano institucional e, posteriormente,
colocá-las em análise. Serviu, também, para colher e agrupar dados
referentes às diversas ações desenvolvidas para posterior consulta, com-
paração, avaliação de seguimento e de processualidade. Julgamos que
essa prática é potencialmente útil, e viável, para o gestor dos serviços
assim como para o trabalhador e usuários que se interessem e preten-
dam analisar, influenciar e modificar a gestão dos serviços de saúde.
É o que ocorreu, por exemplo, na vivência do segundo ano do
programa de residência médica ao se realizarem os estágios em distintos
Distritos de Saúde do município de Campinas. Ao longo da perma-
nência nesses territórios administrativos, os alunos compuseram os
diários de campo revisando-os, ao final do estágio, reescrevendo-o e
aprofundando as reflexões sobre os aspectos mais comuns (“satura-
ção”) e, ou, mais marcantes da vivência. Os eventos mais marcantes
foram escolhidos pela intensidade de afetos que mobilizaram e os te-
mas de “saturação” o foram pela quantidade de vezes que se repetiram
ao longo daquele período de tempo, sendo considerados interessantes
para reflexão.
212 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

O diário reescrito, com as análises realizadas pelos autores, foi


disponibilizado ao grupo de apoiadores do distrito em que o estágio
fora realizado. Após leitura prévia foi realizada uma discussão dos pon-
tos que saltaram aos olhos daqueles gestores, pontos problemáticos, abor-
dagens das questões cotidianas, questões que falavam diretamente da
função de gestão daquele grupo e da forma como percebiam sua institui-
ção. A divulgação da transcrição do diário interveio, contribuiu para
desestabilizar preconceitos e entendimentos sobre o trabalho da gestão.
Ao final do curso realizou-se estágio eletivo de dois meses para
vivenciar o sistema de saúde venezuelano cuja metodologia de investi-
gação foi o diário de campo. Devido ao tempo reduzido e à intenção de
provocar intervenções mais imediatas, buscou-se acelerar o processo de
leitura do diário pelos atores envolvidos e de outros interessados no
processo através da digitalização e disponibilização do diário na rede
mundial de computadores em um blog.4 Assim, as anotações diárias
poderiam ser discutidas virtualmente pelos interessados, tanto venezue-
lanos quanto brasileiros.
Essa forma de fazer apresentou alguns desafios, o primeiro era
manter o blog, um espaço virtual compartilhado, constantemente atuali-
zado, para isso era necessária a disponibilidade de um computador para
reescrever o diário e de acesso à internet para colocá-lo on-line. A outra
dificuldade já era advertida por Remi Hess (1988): trata-se da atenção a
ser prestada ao reescrever o diário tendo em vista o público a que se
escreve. Eram necessárias constantes releituras do autor para que não
fosse publicado nada eticamente questionável, que pudesse expor dire-
tamente as pessoas de alguma forma envolvidas no estágio. Limites de
conteúdo também eram impostos devido ao contexto sociopolítico do
4
Blog é uma página na web que permite rápida atualização por meio de textos (ou
artigos) organizados em ordem cronológica inversa (Wikipédia, a Enciclopédia Livre,
2008). Seu uso tem se difundido enormemente nos últimos anos. O termo blog na base de
dados Bireme oferece 58 resultados. Os usos relatados são diversos, como ferramenta
complementar no ensino médio, universitário ou de pós-graduação, para educação à
distância em programas de educação permanente, para discussão de caso clínico interins-
titucional, para melhora da comunicação intrainstitucional. Urra González (2007) suge-
re o blog como um lugar para facilitar a comunicação com públicos amplos, como um
serviço de uma pessoa a muitas, sendo pouco propício para debates (Urra González,
2007). Já o coletivo do blog da Rede Humaniza SUS (<http://www.redehumanizasus.
net/>) utiliza a ferramenta para propiciar debates nacionais on-line tendo em vista a
humanização da gestão e da atenção no SUS, todas as pessoas devidamente cadastradas
podem participar com textos e comentários.
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 213

país e o risco de que o material ali produzido pudesse ser utilizado


como argumento para o desmonte do que estava sendo construído.
Como ferramenta para a produção de dados o blog mostrou-se
extremamente potente. O largo conteúdo transcrito serviu de base para
um relatório detalhado que foi enviado aos gestores do sistema de saúde
venezuelano. Já a intervenção provocada pelo diário mostrava-se dia a
dia, quando os sujeitos envolvidos no trabalho começaram a preocupar-
se em disponibilizar mais material para compor o blog, ou quando no
dia seguinte à publicação de algum texto ele era comentado em rodas de
conversa e explicações das reflexões nele contidas eram solicitadas.
As preocupações que apareciam no momento da transcrição do
diário para a internet já revelavam muito de por onde passavam as pro-
duções subjetivas implicadas do autor em relação ao seu campo de tra-
balho e às instituições que estava vivenciando. Assim, as várias fases de
trabalho sobre esse diário, leituras e escritas, foram importantes para o
desvelamento das implicações do autor. Trabalhando sobre esse extra-
texto, depurando o texto e pesquisando o contexto (por entrevistas, in-
ternet, jornais, etc.) obteve-se uma boa descrição do processo de trans-
formação da saúde pública venezuelana. Acessando em 29 de julho de
2009, o diário ainda está disponível (<http://venezueladiario.blogspot.
com>). No excerto abaixo, extraído do diário, pode-se notar como o
autor descreve o trabalho do serviço de saúde visitado, mas ao mesmo
tempo transparece suas opiniões pessoais e julgamentos:

O trabalho é extremamente organizado e sistematizado!


Muito bonito de se ver! As fichas familiares (tô levando um exem-
plar, para inspirar outros materiais no Brasil, são muito interes-
santes) são organizadas por ruas, as individuais transitam entre
divisões de condições de saúde (idade, gravidez, hipertensão, dia-
betes, asma, etc.), a médica sabe de memória quantas pessoas têm
sob cada condição! Tudo para para que a residente de Medicina
Geral e Comunitária faça uma discussão com as pessoas que estão
na sala de espera. Hoje a discussão foi sobre câncer de mama.

Sobre as interações virtuais influenciando o diário podemos ex-


trair o seguinte trecho:
214 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

Paula disse. . .
Oi Bruno!!!
Sobre a saúde do trabalhador na Venezuela. Pelo q entendi
do seu portuñol cada vez melhor (parabéns!). As atividades do
INPSASEL estão mais relacionados ao ministério do trabalho, a
minha curiosidade está em saber como são realizadas as ações de
saúde que perpassam o campo do trabalho. Especificamente me
interesso em saber como é feito a readaptação de cargo ou função
dos trabalhadores acometidos de doenças ocupacionais e se esse
trabalho tem a parceria dos SRI’s?

O autor responde:

O INPSASEL faz parte do Ministério do Trabalho, mas


tem suas atividades muito voltadas para a Vigilância em Saúde do
Trabalhador. Antes do Barrio Adentro, a reabilitação era feita so-
mente em centros privados. Agora pode ser feita no SRI, para o
qual o paciente é encaminhado. Nos SRIs existe terapia ocupa-
cional, reabilitação física, motora, neurológica e respiratória. Du-
rante o tratamento é trabalhado com o paciente novas possibilida-
des de sua reinserção laboral. De forma que não existe um serviço
específico visando readaptação de cargo ou função.
Espero ter respondido.
Beijos

As conversas presenciais sobre o blog também repercutiam nele,


como pode ser claramente constatado no excerto abaixo:

Algunos compañeros pediránme que escribise en español


también. Ahora empiezo a ganar un poco más de confianza para
intentarlo. Lo problema és que mi tiempo en un computador és
pequeño e tardo más para escribir en castellano.5

5
“Alguns companheiros me pediram que escrevesse também em espanhol. Agora
começo a ter um pouco mais de confiança para tentar fazê-lo. O problema é que meu
tempo em um computador é pequeno e demoro mais para escrever em castelhano”.
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 215

A pesquisa intitulada “Pesquisa Avaliativa Sobre a Gestão do Tra-


balho e a Formação de Graduandos e Trabalhadores de Saúde: explo-
rando fronteiras”, financiada pela Fapespe desenvolvida no grupo de
pesquisa “Conexões: Políticas da Subjetividade e Saúde Coletiva” traz-
-nos, igualmente, alguns aportes para a reflexão.
Analisando as relações formadoras no contato entre professores da
universidade, alunos do quinto ano de Medicina, trabalhadores e gesto-
res de rede de saúde de Campinas os pesquisadores optaram pela obser-
vação participante e o diário de campo como um dos métodos de produ-
ção de dados (Carvalho et al., 2007). Em uma das formas de execução
disso os que eram professores e participantes da pesquisa constituíram
diários relatando suas experiências no ensino e na articulação com os
serviços de saúde para a efetivação do estágio pelos alunos. Além disso,
criou-se a figura do observador externo, que teria a missão de diarizar
os estágios dos grupos de alunos que participariam da pesquisa, captan-
do os momentos intensivos de formação dos atores envolvidos na disci-
plina e os extratextos que permeavam as relações. Esses observadores
externos acompanharam quatro grupos de alunos em dois centros de
saúde diferentes (Carvalho et al., 2008).
Apenas a presença dos diaristas, mesmo quando unicamente como
observadores, sem muitas participações no que estava ocorrendo, já pro-
vocou muita discussão e interveio diretamente no campo da pesquisa.
Dentre os alunos houve incômodos e persecutoriedades iniciais, ressal-
tando as linhas de força presentes na relação destes com os professores,
pois aí os papéis se misturavam e as sobreimplicações saltavam: o coor-
denador da pesquisa também era professor e coordenador da disciplina
que servia como veículo para a investigação.
Entre os docentes não participantes da pesquisa também houve
desconforto, o ato de diarizar realizado por uma pessoa “externa” ao
processo de ensino-aprendizagem serviu como dispositivo para que o
grupo de professores envolvido se colocasse em posição de análise das
suas relações de trabalho, de ensino e de pesquisa e das metodologias
pedagógicas utilizadas por cada um para cada grupo de alunos em estágio.
As tensões foram muitas, pondo em questão o paradigma científi-
co adotado. Ocorreram profícuos debates sobre o tema tanto entre do-
centes, gestores e trabalhadores, mas também com os alunos, que che-
gam ao estágio influenciados por anos de ensino de um entendimento de
216 ♦ A ZEVEDO & C ARVALHO

ciência positivista, tradicional, além de certo código moral centrado na


categoria médica.
Os diários foram transcritos e neste momento os pesquisadores
concentram-se em uma terceira escrita desses diários, nos quais os eixos
problemáticos estão sendo levantados para serem levados às discussões
com os atores da pesquisa. E então se dará o aspecto participativo do
uso do diário, a produção do dado é conjunta, ainda que anotada apenas
pelo diarista, mas, principalmente, a análise do material produzido, na
releitura, é coletiva (Hess, 1988, 2006).
A leitura destas transcrições estão trazendo à tona uma série de
extratextos importantes, detalhando a forma como se modulam as rela-
ções entre os sujeitos das diversas categorias participantes. Evidenciam-se
insatisfações, desagrados, contrariedades, admirações, ânimos, alegrias e
tristezas, tensionamentos das mais diversas espécies e em todas as direções.
Fica claro o forte impacto pedagógico de algumas ações, como por exem-
plo, ao perceber-se a diferença do discurso dos alunos antes e depois de se
realizar uma visita domiciliar ou após perceberem-se debatendo temas
polêmicos como a redução de danos com a equipe de trabalhadores (com
opiniões críticas claras das mais distintas, da gerência ao agente de saúde).

Considerações finais
O diário pode, então, ser usado em diversas áreas, de diversas for-
mas e com diversos propósitos, em ensino, gestão e pesquisa. O caráter
que terá, como qualquer outra ferramenta, dependerá do uso que se faz
dele: pode ser uma coleta ou produção de dados pessoalista, mas tam-
bém pode ser de análise coletiva, pode intervir, ser participativo, ser
includente de pessoas e opiniões diferentes e até contrárias.
A aposta é ter no diário mais um instrumento de uma caixa de fer-
ramentas, para qualquer uso que dela se faça. Além disso, a aposta é ter na
escrita uma forma de dar visibilidade, de fazer falar, de fazer contar, de
trazer algo que é pessoal, mas que pode extrapolar-se e trazer outras coisas
à cena, incluindo e sendo participativo. Muito bem expresso por Deleuze:

Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em


via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida.
É um processo, ou seja, uma passagem de Vida que atravessa o vi-
vível e o vivido. A escrita é inseparável do devir. . .” (Deleuze, 1997).
O diário de campo, o ensino, a gestão e a pesquisa ♦ 217

Entendemos, portanto, que o diário pode ser uma ferramenta im-


portante para poder auxiliar nas diversas características que constituem
a prática cartográfica. A investigação qualitativa, que aqui denomina-
mos de cartografia, terá como objetivo neste referencial teórico-meto-
dológico fazer um acompanhamento de processos na/da vida real enfa-
tizando as linhas de forças (relações de poder e vetores de produção de
subjetividade) que neles se fazem presente. E pode ser praticada através
de uma série de pistas apontas por Kastrup (2008), nas quais o diário
pode ser valioso. Seja ajudando a ter atenção focada no presente, a habi-
tar certo território, a dissolver o ponto de vista do observador ou, seja
funcionando como dispositivo, intervindo na realidade para conhecê-la.

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