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Introdução...............................................................................................................................................3
O TRÁFICO DE, ÓRGÃOS E PARTES DO CORPO HUMANO EM MOÇAMBIQUE.........................................4
Tráfico de órgãos e partes do corpo humano em Moçambique..............................................................5
Extracção de Partes do corpo e órgãos humanos....................................................................................9
Tabela de casos de extracção de partes e de órgãos.............................................................................11
Transplante............................................................................................................................................12
Fins culturais..........................................................................................................................................12
Conclusão..............................................................................................................................................13
Bibliografia.............................................................................................................................................14
Introdução
O presente trabalho do modulo interpretar e produzir enunciados escritos e participar num debate
como orador e como interveniente que fala sobre o trafico de órgãos humanos em Moçambique.
Cabelo é dinheiro, unha é dinheiro, ossos é dinheiro, sangue é dinheiro”, expunha o pai de uma
criança com albinismo, mencionando que o seu filho tem por hábito recolher o seu cabelo do
chão do barbeiro depois do corte. Uma mãe de uma criança com albinismo contou um episódio
em que o seu filho voltou para casa a chorar porque um senhor na rua lhe disse que o iria vender.
São narrativas que ilustram a exclusão social que as pessoas com albinismo enfrentam todos os
dias, sendo que os abusos e maus-tratos nem sempre são físicos. Em contextos de pobreza,
a precariedade da situação dos direitos humanos das pessoas com albinismo está igualmente
relacionada com o envolvimento dos próprios familiares das vítimas nos crimes.
Enfim, além da finalidade lucrativa, que caracteriza o Tráfico Humano em nível internacional, o
Tráfico de órgãos e partes do corpo de seres humanos em Moçambique é motivado também por
crenças populares23, o que torna ainda mais difícil o enfrentamento. De acordo com um estudo
da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH, 2016), a região Centro de Moçambique é a
que mais regista casos de tráfico no país, sendo que quase 70% dos casos de extracção de órgãos
ocorrem na região de Tete, Zambézia, Manica e Sofala.
Conforme o relatório LDH, “como parte deste projecto de pesquisa, foi perguntado a metade dos
participantes no workshop, se eles próprios acreditavam que as partes do corpo podem tornar a
medicina tradicional mais eficaz. Em Moçambique só 6% disseram acreditar enquanto que na
África do Sul esta percentagem foi de 24%. À outra metade do grupo perguntou-se se as pessoas
em geral acreditavam que as partes do corpo tornavam o muti mais eficaz. Mais de 70% dos
participantes respondeu que as pessoas acreditam que as partes do corpo melhoram a medicina
tradicional. Embora esta seja uma questão muito generalizada, indica que a crença continua forte
na população em geral o tráfico de pessoas, órgãos e partes do corpo humano em Moçambique.
A constituição da República de Moçambique reconhece que “todo o cidadão tem direito à vida e
à integridade física e moral, e não pode ser sujeito à tortura ou tratamentos cruéis ou
desumanos”. Merece um destaque a questão migratória. Moçambique tem sido um ponto de
trânsito de migrantes que se dirigem para a África do Sul. É, ao mesmo tempo, o destino de
pessoas atraídas pelo crescimento económico do país. Na maioria dos casos as pessoas migrantes
são oriundas do continente africano, especialmente etíopes e somalis, mas, nos últimos anos, tem
aumentado também o número de asiáticos, sobretudo paquistaneses e bengalis. Os
deslocamentos são, geralmente, irregulares e, portanto, sujeitos a todo tipo de violência (mortes,
desaparecimentos, violência sexual). É evidente como esse contexto acaba favorecendo as
práticas dos grupos criminosos envolvidos em Tráfico de pessoas, de órgãos e partes do corpo
humano.
No que diz respeito ao acesso e à disponibilidade dos serviços, embora o país já possua uma
legislação abrangente sobre o Tráfico de pessoas e partes do corpo humano, o número de
condenações é ainda muito reduzido, por vários motivos, incluindo a dificuldade na recolha de
evidências ou provas. Os mandantes nunca são revelados e a impunidade incentiva a prática do
tráfico.
Os exemplos de Vilanculos e outros reportados pela comunicação social um pouco por todo o
país, confirmam que a extracção de partes e de órgãos humanos é uma realidade em
Moçambique.
Neste contexto, os dados das entrevistas revelaram que a sociedade está em “estado de alerta” em
relação ao problema de extracção de (partes) de órgãos humanos. Esta realidade é de tal forma
significativa ao ponto de surgirem vários rumores e especulações de extracção de órgãos
humanos, mesmo em casos aparentemente distantes como o que aconteceu, por exemplo, em
escolas e em acidentes de viação na Maxixe.
Ao nível do Distrito de Milange, Província da Zambézia, foram instaurados 4 processos no ano
passado. A Procuradora do Distrito reconheceu que os casos que mais aparecem localmente estão
ligados à extracção de órgãos humanos, porque envolvem mortes e os de TP vivas escapam às
autoridades.
Houve um outro caso de morte, em que um jovem foi surpreendido com um corpo de uma
criança antes de extrair os respectivos órgãos, com a ajuda de mais 2 cúmplices. Depois de preso,
veio a morrer nas celas do comando, dificultando o processo. O terceiro caso foi de um agricultor
do Malawi, que ia atravessar a fronteira de Milangecom 12 crianças, segundo ele para as
plantações de tabaco. Foram recuperadas na fronteira porque alguns dos pais sabiam do assunto.
As crianças tinham entre 9 e 16 anos. E o último caso foi um jovem que negociou a venda do seu
amigo por 75,000.00 MT. A polícia conseguiu evitar a venda que era para extracção de órgãos.
Os processos são todos enviados para Quelimane porque o tribunal local não tem competência
para julgar estes crimes64.
Por seu turno, a maioria dos entrevistados acreditam que a superstição constitui a principal
finalidade da extracção de partes e de órgãos. Entretanto, a explicação sobre a utilização dos
órgãos indica que o fim é obtenção de dividendos económicos. Dentre os beneficiários constam,
primeiro, os curandeiros/feiticeiros/médicos tradicionais. Segundo, as pessoas que são enganadas
com promessas de sucessos na vida financeira bastando, para o efeito, levarem algumas partes do
corpo humano para os curandeiros. Neste contexto, acredita-se que os órgãos humanos são
usados para a prática de feitiçaria e curandeirismo, associada à obtenção de sorte na vida. Na
opinião de alguns entrevistados, o crime é praticado moçambicanos, por incitamento de falsos
curandeiros estrangeiros que enganam as pessoas com promessas de enriquecimento, usando
órgãos humanos.
Transplante
O transplante pode, eventualmente, ser uma finalidade da extracção de órgãos humanos. Esta
finalidade não é explorada na realidade moçambicana, pois ainda não é uma prática na medicina
de Moçambique. No entanto, o transplante é praticado na África do Sul e, por conseguinte, o TP
pode, igualmente, fazer uso de outros órgãos como, por exemplo, os rins que são mundialmente
procurados.
Fins culturais
Segundo os entrevistados, não há, em Moçambique, uma prática cultural cuja manifestação, quer
pública, quer privada, exige a apresentação de órgãos humanos, principalmente retirados sem o
consentimento das vítimas. Estes casos tratam-se, segundo os entrevistados, de pessoas
gananciosas e de má-fé que enganam outras pessoas inocentes e/ ou vulneráveis sob promessa de
enriquecimento fácil e rápido
Conclusão
Chegando ao fim da pesquisa sobre o trafico de órgãos humanos constatamos que o trafico de
órgãos humanos no contexto Moçambicano o tráfico de pessoas, órgãos e partes do corpo
humano ainda é uma cruel realidade, sendo um país vulnerável à mercantilização de pessoas, seja
como fonte, trânsito ou país de destino.