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Apostila de Química Experimental - Engenharias Civil 23.1
Apostila de Química Experimental - Engenharias Civil 23.1
PROFESSOR
ISRAEL CRESCENCIO DA COSTA
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE QUÍMICA GERAL
Introdução
Qualquer ciência tem os seus aspectos empíricos. Todo cientista precisa obter
números que concordem com as observações. É natural, portanto, que a educação de um
aluno inclua alguns trabalhos experimentais. Na Química a realização de experiências é
fundamental. A química apresenta técnicas específicas a aprender, princípios gerais a
serem demonstrados na prática, reagentes com os quais deve familiarizar-se, e assim por
diante. Qualquer que seja a especialização na engenharia que você venha a seguir, você
terá que aprender um certo número de técnicas básicas e sendo assim esse curso
experimental tem o objetivo de introduzi-lo nestas práticas. Você terá a oportunidade de
aplicar conceitos teóricos previamente estudados e discutir resultados experimentais.
Como esta é a primeira disciplina experimental do Departamento de Engenharia
do IFAL-Palmeira comentaremos a seguir alguns itens relevantes com respeito ao
laboratório e ao curso propriamente dito.
1. Segurança
Um laboratório de Química é um lugar perigoso, e todo o cuidado é pouco na
prevenção de acidentes. Adotaremos por isso algumas normas gerais, que deverão ser
rigorosamente observadas, não só para evitar ocorrências infelizes, mas também para que
o trabalho transcorra de forma segura e organizada. Os seguintes itens devem ser
rigorosamente observados:
B. O uso da bata é aconselhável, já que seu corpo e roupas ficam mais protegidos.
C. Qualquer substância derramada deve ser imediatamente enxugada. Os ácidos
devem ser neutralizados com bicarbonato de sódio, enquanto que bases com ácido acético
diluído.
2. Limpeza
O aluno só deverá se ausentar do laboratório após o professor ter se certificado de
que a sua bancada esteja em ordem, inclusive áreas comuns como balança, capela, etc. Se
necessário reserve 15 minutos finais para este fim.
3. Estrutura do curso
A carga horária semanal do curso é de 02 horas, estando a disciplina baseada em
atividades essencialmente práticas. Organiza-se da seguinte maneira:
a. Pré-relatórios
Uma apostila contendo todas as práticas a serem realizadas no semestre deverá ser
adquirida. Leia-a cuidadosamente, quantas vezes forem necessárias, antes de vir ao
laboratório, certificando-se de que esteja entendendo perfeitamente o que será realizado.
Feito isso, você estará apto a preparar o pré-relatório, o qual consiste basicamente de:
I. Fluxograma ou resumo das principais etapas do experimento;
II. Cálculos e/ou tabelas que porventura constem na experiência;
III. Respostas às perguntas (se existirem) inclusas no roteiro experimental.
O pré-relatório deve ser entregue antes do início da aula ao professor, do contrário
não será permitida a participação do aluno na prática do dia. Você só deve começar a
trabalhar quando tiver a noção exata do que fazer em todas as etapas da experiência.
b. Caderno de laboratório
Como seria de se esperar, todas as observações realizadas em um laboratório
devem ser feitas de modo organizado e controlado. Além de se fazer medidas e
observações, é necessário que as mesmas sejam anotadas de modo claro, completo e no
instante que acontecem. Desse modo, seus resultados estarão disponíveis no futuro e o
tempo passado no laboratório será aproveitado ao máximo.
Você deve adquirir um caderno, que deverá ser trazido em todas as aulas práticas e
de uso exclusivo para a disciplina experimental. Nele deverão constar suas observações,
valores medidos, pesos de amostras, etc. As notas deverão ser feitas a tinta, e caso ocorra
algum erro, nunca risque, rasgue ou danifique o mesmo. A medida correta é passar um
traço sobre o erro (de modo que ainda fique legível), colocando acima a versão corrigida.
Um dos objetivos desse curso é ajudá-lo a desenvolver sua habilidade em descrever
adequadamente experiências analíticas.
Deixe algumas folhas no início do caderno, de modo que você possa construir um
sumário das experiências realizadas. Cada experiência nova deve começar em uma página
limpa, contendo data e título da mesma.
Inclua todos os dados observados e essenciais, tendo em mente que qualquer
pessoa seja capaz de repetir o procedimento. Aconselhamos que seja usada apenas as
páginas da direita, de modo que as da esquerda possam ser utilizadas no caso de serem
necessárias observações adicionais. Procure sempre deixar um bom espaçamento entre
anotações.
Procure manter seu caderno sempre atualizado e organizado. A avaliação do
mesmo será feita sem prévio aviso e baseada na riqueza de detalhes que você inclui no
mesmo.
c. Relatórios
O desenvolvimento correto da prática, a precisão dos dados empíricos e o domínio
teórico do assunto relacionado com a prática são alguns fatores essenciais para um bom
desenvolvimento das disciplinas experimentais. No entanto é necessário apresentá-los em
forma de texto organizado e lógico. Esse é o papel do relatório. Após realizada cada
prática você terá que prepará-lo digitado, e entregá-lo ao instrutor através da sala de aula
virtual no prazo definido. O relatório deve ser dividido em 04 seções básicas como
mostramos abaixo.
Título da prática
Introdução
Deve situar o leitor no assunto a ser abordado. Faça uma breve descrição dos
aspectos teóricos ou princípios envolvidos, preocupando-se em inserir nessa seção os
seguintes aspectos:
✔ Princípios teóricos em que se baseia a prática;
✔ Relevância da prática;
✔ Objetivos da prática.
Experimental
Descreva como o experimento foi feito, incluindo, se for o caso, qualquer
modificação no procedimento apresentado no roteiro. Escreva nessa seção apenas o que
você executou “usando as mãos”. No relatório você deve apresentar o procedimento
realizado de modo bem mais sucinto e objetivo do que o apresentado no roteiro, mas sem
suprimir fatos ou atividades importantes.
Resultados e discussões
Trata-se da parte essencial do relatório. Descreva todas as observações feitas, os
dados coletados e os cálculos, se necessário. Deve-se também discuti-los, baseando-se nos
princípios teóricos envolvidos. Sempre que possível apresente as equações químicas
relacionadas, explicando-as a partir de suas observações.
Na medida do possível, tente agrupar seus dados em tabelas, facilitando dessa
maneira a compreensão e organização dos resultados. Nos cálculos devem ser mostradas
todas as equações envolvidas e aproximações se forem feitas.
Os gráficos devem seguir algumas normas:
✔ Coloque o título no gráfico, p. ex., Temperatura x Pressão;
✔ Explicite as unidades de medidas nos eixos cartesianos;
✔ Use escala apropriada de modo que os dados fiquem adequadamente espaçados.
Conclusões
Aqui você deve, como o próprio nome sugere, concluir o relatório. Relacione suas
conclusões com o objetivo apresentado na introdução. Comente sobre os pontos positivos
e a eficiência da prática. Tente levantar possíveis erros e sugestões para otimização do
experimento.
No final do relatório devem ser respondidas as perguntas existentes no final do
roteiro experimental.
As seções devem ser construídas de modo que exista uma sequência lógica
unindo- as. Não existe uma lógica padrão, você deve criar sua própria lógica para cada
relatório, não fugindo no entanto do modelo proposto. O relatório de método científico
deve ser entregue por todos os alunos e enviado no formato pdf no ambiente virtual, os
relatórios das demais práticas devem ser entregues pelo monitor da prática a ser definido,
por sorteio, em cada prática. O relatório enviado pelo monitor representa o grupo que
executou a prática.
d. Prova Prática
Ao final dos cinco experimentos relacionados nesta apostila, todos os alunos da
turma e de acordo com a ordem criada pelo instrutor, em número máximo de 08 alunos
por dia, serão submetidos a uma avalição prática, que consiste em realizar em dupla, uma
das práticas já realizadas anteriormente (excluído método científico). Na ocasião será
sorteada entre as quatro duplas participantes qual a prática a dupla vai executar. Nesta
ocasião serão avaliados os procedimentos práticos e por fim o aluno responderá um teste
que tratará especificamente da prática.
INTRODUÇÃO
O que é o método científico? Não estranhe se cada cientista lhe der uma resposta diferente.
Muitos até dirão que é simplesmente o que eles aplicam para realizar as pesquisas deles, não
importa o que façam. Perguntar a um filósofo também não resolverá a questão. É verdade desde o
século XVII, pelo menos, diversos filósofos se ocuparam em construir teorias para descrever e
regulamentar a atividade científica (que naquela época se chamava filosofia natural). Porém, como
essas teorias em geral conflitam umas com as outras, o debate prossegue até hoje, muitas vezes de
forma acalorada. Afinal, são assim as questões filosóficas.
Com ou sem filosofia, o fato é que a atividade científica, pelos menos aquela cujos
resultados são publicados e discutidos pela chamada comunidade científica, enquadra-se em certas
normas implicitamente aceitas por todos. Por exemplo, nenhum cientista menosprezará a
necessidade de realizar observações de forma precisa e controlada, ou negará a importância de
denunciar claramente as hipóteses em jogo numa determinada experiência.
Nesta primeira aula de laboratório, como uma introdução a (algum) método científico,
você terá a oportunidade de realizar observações (e deduções) a respeito de um sistema simples e
curioso: um frasco contendo um líquido incolor que, quando agitado, torna-se azul. Deixado em
repouso, o líquido volta a ficar incolor. Por que isso acontece? Que líquido é esse?
Uma maneira de tentar responder a essas perguntas é imaginar possíveis explicações para o
estranho fenômeno e submeter essas hipóteses a testes experimentais. Quando bem feitos, os
testes poderão demonstrar a inviabilidade de uma ou mais hipóteses e assim reduzir o número de
explicações possíveis. Desta forma, eliminando as suposições erradas, estaremos nos aproximando
cada vez mais da verdade.
O procedimento que acabamos de descrever - hipóteses e testes - é normalmente associado
ao nome de Karl R. Popper, o famoso filósofo contemporâneo, um dos muitos que teorizaram
sobre metodologia científica. Se você tem inclinações filosóficas, talvez queira consultar a obra de
Sir Karl, que já existe quase toda em português (Editora Itatiaia e Editora da UnB), e é fácil de ler.
Um dos livros chama-se "Conjecturas e Refutações". Dá um ótimo título para esta experiência.
CONJECTURAS E REFUTAÇÕES
O misterioso líquido será fornecido num erlenmeyer arrolhado. Até segunda ordem, não
tire a rolha. E lembre-se de anotar cuidadosamente suas observações no caderno de laboratório.
Comece examinando o sistema, sem agitá-lo. Levando em conta a cor, a viscosidade e a
densidade aparentes, faça suposições a respeito da natureza do líquido. Que líquido poderia ser?
Quais não poderiam ser?
Agite vigorosamente o conteúdo do frasco e em seguida deixe-o repousar sobre a bancada
por alguns minutos. Registre no caderno suas observações.
Nosso problema agora é formular hipóteses para explicar o ocorrido. Depois essas
hipóteses serão testadas para ver quais ainda permanecem de pé. Aqui vão quatro possibilidades:
H1: O líquido fica colorido ao entrar em contato com a rolha, que parece impregnada de
uma substância azul.
H2: Quando o líquido é agitado, aumenta muito o seu contato com as paredes do frasco.
Isto torna o líquido azul.
H3: A agitação aumenta a energia térmica das moléculas, e isto produz a cor azul.
H4: Existe um gás acima do líquido que, ao misturar-se com ele durante a agitação, torna o
líquido azul.
É natural - e desejável - que você pense em outras possibilidades. Se esse for o caso,
discuta com o instrutor uma maneira de testar suas hipóteses.
Vejamos agora como podemos testar separadamente cada uma das hipóteses acima.
T1: Faça o líquido entrar em contato com a rolha, mas sem agitá-lo. Deixe-o repousar um
pouco e depois agite-o sem deixá-lo tocar na rolha. Observe o que acontece em cada caso, e tire
sua conclusão a respeito de H1.
T2: Gire o líquido, cuidadosamente e sem agitação, de modo que a superfície de contato
com o recipiente aumente. Como fica a hipótese H2?
T3: Esfregue um pouco a parede do erlenmeyer com sua mão para aquecê-la um pouco,
mas sem agitar o líquido. Observe o que acontece sobre a viabilidade de H3.
T4: Na superfície o líquido está permanentemente em contato com o gás possivelmente
existente no frasco. Observe atentamente a superfície do líquido e veja se descobre algum indício
de cor azul.
Se tudo ocorreu bem, só H4 deve ter sobrevivido aos testes. Acontece que há uma
alternativa: H4': Pode ser que o frasco contenha dois líquidos imiscíveis. Um incolor, presente em
maior quantidade, e o outro azul, menos denso, que forma a camada azulada da superfície. Com a
agitação, os dois se misturam e a cor se dispersa por todo o volume, assim permanecendo
enquanto durar a mistura. Se esta hipótese é válida, então o descoramento deve produzir-se de
baixo para cima, à
medida que o suposto líquido azul voltar a superfície. Agite o frasco e veja o que acontece.
Sua conclusão deve ter sido que H4' não se sustenta, e que H4 ainda é a melhor explicação:
a cor azul deve ser causada por algum gás existente no frasco. Que gás será esse? Se abrirmos o
frasco para tentar descobrir, o gás pode ir embora, e jamais saberemos o resultado. No entanto,
como a ciência também é uma aventura, vamos correr esse risco.
Tire a rolha, transfira o líquido para um erlenmeyer vazio, e tampe este novo frasco. Ora, o
erlenmeyer vazio estava, como diz a canção, cheio de ar. Isto significa que o espaço acima do
líquido está agora ocupado pelo ar. Agite o conteúdo e anote o ocorrido.
Agora você está sabendo que o ar produz o aparecimento (e subseqüente desaparecimento)
da cor azul. Isto aumenta nossa confiança em H4, e sugere que o gás no frasco original era o
próprio ar, ou um de seus componentes. Agora, será a cor azul devida a simples mistura do gás
com o líquido, ou será causada por uma reação química entre eles?
Se é uma simples mistura, junto com o descoramento devemos poder observar o
aparecimento de bolhas formadas pelo gás que retorna à superfície. Agite mais uma vez e
verifique se isso acontece.
Por outro lado, se acontece uma reação, a pressão no interior do erlenmeyer tampado deve
ir caindo, à medida que o gás for sendo consumido. Para testar esta hipótese, destampe o frasco,
umedeça a rolha e tampe-o de novo. Realize umas três vezes a operação
aparecimento/desaparecimento da cor, e no final retire vagarosamente a rolha. A queda de pressão
no interior deverá fazer com que a entrada de ar arraste para dentro do frasco a camada de água
nas paredes da rolha.
O ar é composto essencialmente de nitrogênio (78% em volume) e o oxigênio (20% em
volume). Qual deles será o responsável pelo novo fenômeno? Serão os dois? Para descobrir basta
borbulhar cada um deles separadamente no interior do líquido.
Borbulhe primeiramente o nitrogênio, observe e anote. Em seguida borbulhe o oxigênio e
veja o que acontece. Anote. Tire suas conclusões.
QUESTÕES
2. Um sujeito chato teima com você que inicialmente não havia ar no frasco e sim um
misterioso gás X, que produz o mesmo efeito. Como essa questão poderia ser resolvida?
Tente imaginar uma maneira de decidir experimentalmente entre estes dois mecanismos.
TITULAÇÃO ÁCIDO-BASE
INTRODUÇÃO
No exercício de sua profissão, um químico analítico enfrenta sempre o mesmo
problema: 1) determinar o que há em uma amostra; 2) em seguida, determinar quanto há
de cada componente na amostra. Na química analítica clássica, busca-se responder a estas
duas questões - a qualitativa e a quantitativa - utilizando-se de reações químicas. Assim,
para saber o que há na amostra é preciso usar reações características, isto é, reações que
só ocorrem com determinado(s) componentes(s).
Tendo-se identificado os componentes, pode-se usar a estequiometria de uma
reação característica para determinar quanto está presente de cada componente. Se, por
exemplo, sabemos de antemão que x moles do componente A, presente na mistura,
reagem estequiometricamente com y moles do reagente B e se, adicionando aos poucos o
reagente B, verificamos que exatamente y - e apenas y - moles de B reagiram com a
amostra, somos levados a concluir que havia x - e apenas x - moles do componente A
presentes na amostra. Nesta experiência, o componente A será um ácido e o reagente B
será uma base.
Usaremos a neutralização de A por B para determinar a acidez de uma amostra de
vinagre. Já sabemos o que há na amostra: o vinagre comercial é essencialmente uma
solução aquosa de ácido acético, obtida a partir da fermentação de carboidratos. Sua
composição é regulamentada pelo governo federal, devendo haver pelo menos 4 gramas
de ácido acético por 100 mL de vinagre. Para saber se a nossa amostra está de acordo com
a lei - isto é, para saber quanto ácido ela contém - vamos fazê-la reagir com hidróxido de
sódio, até neutralizar todo o ácido. Na verdade, pequenas quantidades de outros ácidos
também estão presentes e serão neutralizadas, de modo que estaremos de fato
determinando a acidez total. Vamos no entanto expressá-la em termos de ácido acético, o
que corresponde a supor que a única neutralização é
Vemos que cada mol de ácido acético reage com exatamente um mol de hidróxido
de sódio. Quando a neutralização chegar ao fim, portanto, o número de moles de NaOH
amostra. Dividindo esse número pelo volume inicial da amostra obteremos a sua
concentração, e teremos realizado a titulação da acidez do vinagre.
O ponto em que a base adicionada é suficiente para neutralizar completamente o
ácido é chamado de ponto de equivalência. Uma gota a mais de hidróxido de sódio
tornará a solução consideravelmente básica, e isso nos permitirá saber quando parar a
titulação. Acrescentaremos à amostra, antes de titulá-la, um indicador chamado
fenolftaleína, que é uma substância incolor em meio ácido, porém vermelha em meio
básico. Enquanto ainda houver ácido não neutralizado, a solução permanecerá incolor.
Uma gota de base em excesso, no entanto, aparecerá a cor característica da fenolftaleína
em meio básico. Essa mudança de cor chama-se viragem e indica que é hora de parar de
adicionar base: chegamos ao ponto final da titulação. Você encontrará mais informações
sobre indicadores, e sobre o próprio processo de titulação, nos livros de química geral do
Pimentel, do Spratley e do Mahan.
O primeiro requisito para a titulação é conhecer exatamente a concentração da
solução que será adicionada à amostra. A maneira óbvia de proceder é pesar
cuidadosamente uma certa massa do soluto (NaOH, nesta titulação) e dissolvê-la até um
volume exatamente determinado. Infelizmente no nosso caso isto é difícil, porque o
hidróxido de sódio tende a absorver água da atmosfera, tornando inexata qualquer
pesagem, por mais cuidadosa que seja. Temos então um outro problema: precisaremos
primeiro determinar a concentração da solução de hidróxido de sódio, para depois poder
titular o vinagre. O que fazer?
Uma titulação, é claro! Existem substâncias bem comportadas, chamadas de
padrões primários, com as quais é possível preparar uma solução confiável pelo método
direto de pesagem e dissolução. Um exemplo é o biftalato de potássio, KHP, que
-
usaremos nesta experiência. Em solução aquosa o KHP libera o íon biftalato, HP , que,
sendo um ácido monoprótico, pode ser utilizado para titular o hidróxido de sódio, através
da neutralização
- - 2-
OH + HP → H2O + P
-1
Calcule a massa de KHP (peso molecular: 204,22 g.mol ) necessária para reagir
titulação. As concentrações de NaOH determinadas nas três titulações não devem diferir
por mais de 0,005 M. Se esse não for o caso, consulte seu instrutor e, se ele autorizar,
tome a média dos dois valores mais próximos, como a concentração da sua solução de
hidróxido de sódio.
B - Titulação do Vinagre
Coloque cerca de 30ml de vinagre em um béquer limpo e seco. Lave uma pipeta
volumétrica de 5 mL com um pouco de vinagre, desprezando-o em seguida.
Meça 5 mL de vinagre com a pipeta volumétrica e transfira-a para um erlenmeyer
de 250 mL, acrescentando aproximadamente 50 mL de água destilada, medidos em uma
proveta ou em um béquer. Adicione duas gotas de fenolftaleína e titule com a solução de
NaOH, procedendo da mesma forma que na seção anterior. A diferença é que agora a
concentração desconhecida é a do vinagre, e não mais a do hidróxido de sódio. Como a
mais duas titulações e tome como resultado final a média das duas concentrações de ácido
mais próximas. Passe para o instrutor os resultados das titulações que você realizou.
QUESTÕES
2) O NaOH não pode ser usado como padrão primário porque absorve água da
atmosfera. Esse fenômeno tende a resultar em soluções mais diluídas ou mais
concentradas do que o esperado? Por quê?
3) No ponto de equivalência da titulação do vinagre, o que há no erlenmeyer é
simplesmente uma solução de acetato de sódio. Faça uma estimativa da concentração de
NaOAc nesse ponto e calcule o pH da solução.
INTRODUÇÃO
Todas as reações químicas ocorrem a velocidades que dependem principalmente
da natureza dos reagentes, de sua concentração, temperatura, e da presença ou não de
catalisadores. Muitas reações, tais como, explosões de misturas de hidrogênio e oxigênio
ocorrem tão rapidamente que a determinação acurada de suas velocidades se torna difícil.
Já outras reações, tal como o enferrujamento de algumas ligas, ocorrem tão lentamente
que, novamente, é muito difícil de se medir a velocidade de reação. Por outro lado,
existem muitas reações que ocorrem a velocidades intermediárias, fáceis de se medir. Um
desses casos será investigado nessa prática.
Levando em consideração a estrutura submicroscópica da matéria, uma reação
química pode ocorrer somente quando os átomos, íons, ou moléculas dos reagentes estão
em contato. Assim, a velocidade de uma dada reação depende da freqüência com que as
partículas reagentes colidem. Nem todas as colisões levam a uma reação química, pois
muitas vezes elas não satisfazem os requisitos energéticos para que a reação ocorra. Em
alguns casos, as moléculas colidem com energia suficiente, mas em orientações
inapropriadas para que a reação se complete. Os principais fatores que afetam a
velocidade de uma reação, são aqueles que afetam as colisões entre as partículas. Assim,
um aumento na concentração de reagentes, aumenta a velocidade da reação porque as
colisões se tornam mais freqüentes. Um aumento de temperatura, aumenta a energia
cinética das partículas e conseqüentemente a energia das colisões também será maior. O
aumento da superfície exposta também aumenta a velocidade da reação pois um maior
número de partículas poderá sofrer colisões. Nesta prática estudaremos a reação da
acetona com iodo a fim de determinar seus parâmetros cinéticos. A reação a ser estudada
é:
(aq)
a= ln(V2/V1)/ln2 eq.3
TUBO A TUBO B
Ensaio Sol. Acetona Sol. Água dest. Sol. de Iodo Temperatura Tempo
(mL) HCl (mL) (mL)
(mL)
1 2,00 2,00 4,00 2,00 ambiente
2 4,00 2,00 2,00 2,00 ambiente
3 6,00 2,00 -x- 2,00 ambiente
4 2,00 4.00 2,00 2,00 ambiente
5 2,00 6,00 -x- 2,00 ambiente
6 2,00 2,00 2,00 4,00 ambiente
7 2,00 2.00 -x- 6,00 ambiente
8 2,00 2,00 4,00 2,00 10oC abaixo
da ambiente
9 2,00 2,00 4,00 2,00 10oC acima
da ambiente
10 2.00 2,00 4,00 2,00 20oC acima
da ambiente
Separe dois tubos de ensaios e marque-os com as letras A e B. Seguindo os
volumes para cada ensaio especificados na tabela, adicione ao tubo A, as soluções
aquosas de acetona 4,0 M, ácido clorídrico 1,0 M e, se for o caso, água destilada. Ao tubo
B, adicione a solução aquosa de iodo 0,005 M. Deixe os tubos de ensaio imersos em um
béquer com água à temperatura ambiente a fim de evitar variação na temperatura. Pegue
um terceiro tubo, encha-o com água destilada e use-o como referência para detectar o
momento que a cor amarela do iodo desaparece. Adicione o conteúdo de um dos tubos no
outro acionando simultaneamente o cronômetro. Homogenize a solução usando um bastão
de vidro. Observe o tubo por cima e meça o tempo necessário para que desapareça a cor
amarela do iodo. Repita este mesmo procedimento para os dez ensaios indicados na
tabela.
Anote a temperatura em que os ensaios foram realizados. O ensaio a ser feito com
temperatura abaixo da ambiente deve ser usado um banho de gelo e o conteúdo dos tubos
A e B só devem ser misturados quando o equilíbrio térmico estiver estabelecido. Os
ensaios com temperatura maior que a ambiente serão realizados em banho-maria sendo
fundamental também o estabelecimento do equilíbrio térmico.
TRATAMENTO DE DADOS
Inicialmente calcule a concentração de acetona, ácido clorídrico e iodo presentes
nos diversos ensaios no momento em que as soluções dos tubos A e B são misturadas
(note que neste momento ocorre uma diluição onde o volume final em todos ensaios é 10
mL). Usando a eq.2 determine as velocidades de reação nos diversos ensaios.
Empregando a eq. 3 calcule as ordens de reação a (a partir dos ensaios 1,2,3), b (a partir
dos ensaios 1,4,5) e c (a partir dos ensaios 1,6,7). Observe que quando a concentração de
um componente em um dos ensaios é três vezes a do outro o denominador da eq. 4 passa a
ser ln3.
Uma vez que se conhece [acetona], [H+], [iodo], a, b, c, e as velocidades de cada
ensaio, podemos, a partir da eq.1, determinar o valor da constante k à temperatura
ambiente. Faça este cálculo escolhendo arbitrariamente três dos sete ensaios feitos à
temperatura ambiente e assuma a média como o valor mais provável para a constante k.
Calcule o valor de k nas outras temperaturas, trace um gráfico lnk x 1/T(Kelvin) e
determine (veja eq. 5) a energia de ativação para esta reação.
QUESTÕES
1) O que é velocidade de reação?
Sabe-se que quando dobra a concentração dos reagentes a velocidade aumenta oito vezes
e quando dobra a concentração apenas de B a velocidade duplica. Qual é ordem com
relação a cada reagente e total?
Referências Bibliográficas
1- B. M. Mahan e R. J. Myers - Química - Um Curso
Universitário 2- J. B. Russel - Química Geral
ELETROQUÍMICA
INTRODUÇÃO
A eletroquímica trata essencialmente da conversão de energia elétrica em energia
química, nas celas eletrolíticas, e da conversão de energia química em energia elétrica nas
celas galvânicas ou eletroquímicas. Ela pode ser dividida de várias maneiras dependendo
dos aspectos que se deseja enfatizar. Numa dessas divisões se separa a eletroquímica em
termodinâmica e cinética. No primeiro caso, a eletroquímica trata de sistemas em
equilíbrio e muitos parâmetros termodinâmicos, tais como energia livre e entropia, podem
ser obtidos por seus métodos. A eletroquímica cinética preocupa-se com sistemas onde
uma ou mais reações estão ocorrendo fora do equilíbrio, como é o caso em baterias e celas
eletrolíticas. Os processos eletroquímicos desempenham papel importante na química
industrial,
na química analítica e no desenvolvimento de pesquisa em diversas áreas do
conhecimento. A produção industrial de sódio metálico e cloro, por exemplo, é feita por
eletrólise do cloreto de sódio fundido. O alumínio é obtido eletroliticamente pelo processo
Hall. Na química analítica um dos métodos para análise de íons de metais, consiste na sua
redução e deposição numa cela eletrolítica; e o método mais usado para determinação de
pH utiliza um sensor, o eletrodo combinado de vidro, que nada mais é do que uma cela
eletroquímica onde um dos eletrodos é sensível a concentração de íons hidrogênio
presentes no meio. Pesquisas de ponta em ciências biomédicas, como por exemplo o
estudo de reações químicas no interior de células vivas são feitas com o auxílio de
pequenas sondas eletroquímicas. E na área de polímeros condutores a síntese
eletroquímica tem tido papel fundamental.
Celas galvânicas de vários tipos são utilizadas como fonte de energia em diversas
aplicações. As pilhas secas por exemplo fazem funcionar as nossas lanternas, rádios,
relógio e marca passos cardíacos; as baterias ou acumuladores de chumbo encontram
grande aplicação na indústria automobilística; pilhas e combustível, que permitem que a
energia elétrica liberada pela transformação dos combustíveis seja diretamente convertida
em energia elétrica, têm encontrado muitas aplicações, particularmente em naves
espaciais.
O termo galvanização é uma homenagem ao cientista italiano Luigi Galvani. A
galvanização ou eletrodeposição metálica é uma técnica eletroquímica que consiste em
dar revestimento metálico uma determinada peça, colocando-a como cátodo (pólo
negativo) em um circuito de eletrólise. O ânodo (pólo positivo) será então feito
(preferencialmente) do metal que irá revestir a peça e a solução aquosa (banho
eletrolítico) deve conter um sal desse metal. É necessário, portanto, que a peça seja feita
de um material condutor ou tenha sido tratada convenientemente por um processo que a
tome condutora. Um outro requisito também fundamental é que a peça esteja bem limpa.
Para isso faz-se necessário lixar e lavar a peça com o objetivo de remover óxidos,
gorduras ou quaisquer outras substâncias. Vários fatores determinam tanto a qualidade do
revestimento como a sua espessura, entre os quais podemos destacar; a temperatura, a
voltagem aplicada, concentração e tipo de tons presentes em solução, tempo de duração
do processo, compatibilidade entre o metal que irá revestir a peça e o metal do qual a peça
é constituída.
Como sabemos muitos materiais, especialmente os metais, sofrem forte ação
corrosiva devido às condições ambientes. Por exemplo o ferro se oxida facilmente,
formando ferrugem, o que o toma inútil. Assim pode-se fazer uma eletrodeposição de um
outro metal que seja mais inerte às condições ambientes, protegendo o ferro da corrosão.
A galvanização é também bastante empregada para fazer revestimento de peças metálicas
com metais nobres o que toma a peça mais bem acabada.
Um dos banhos mais importantes é o banho de níquel. Um número enorme de
peças de automóveis, bicicletas, máquinas de costura, utensílios domésticos e muitos
outros, recebem seu acabamento em banho de níquel.
Ou seja, o Cu(s) se dissolve para fornecer Cu+2 + 2e- e o Ag(s) precipita da solução.
Os elétrons perdidos na semi-reação de oxidação devem ser ganhos na semi-reação de
redução. Por outro lado, se uma solução de Cu+2(aq) entra em contato com Ag(s), nenhuma
reação se observa. Isto significa que nesta situação, as seguintes semi-reações não
ocorrem:
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
potencial padrão (Δε°) esperado para esta pilha e compare com o que você mediu.
Explique os seus resultados quando foram adicionadas as soluções de NaOH e Na2S. Use
a Eq. de Nernst nos seus argumentos. É possível determinar a massa de Cu(OH)2
precipitada?
QUESTÕES
1) Consulte uma tabela de potenciais e calcule o (Δε°) para cada equação química da parte
I. Baseado nos valores destes potenciais qual é o metal com maior caráter redutor?
Bibliografia
- Química geral aplicada a engenharia; Brown, Lawrence S and Thomas A.
Holme; São Paulo; Cengage Learning, 2016 pp 445-471
- Noções Fundamentais de Galvanotécnica; João Engelberg; ed. Orientador
Ltda.;(1967); pp 264-298.
LEI DE BEER-LAMBERT
1. INTRODUÇÃO
Quando um feixe de radiação atinge um corpo, ela pode ser refletida, espalhada,
absorvida ou atravessa o meio sem sofrer alteração. A absorção depende da natureza do
meio, do comprimento de onda dos fótons e da concentração dos compostos absorventes.
Quando uma solução absorve radiação de um certo comprimento de onda, ela deverá
apresentar uma coloração dada pela cor complementar àquela absorvida.
A relação entre a intensidade de radiação incidente, I0, a intensidade transmitida, I, a
concentração do composto absorvente, C, a espessura do meio, b, é dada pela lei de Beer-
Lambert:
I0
log =εbC
I0
A = log
é denominado absorbância. A relação entre
transmitância, enquanto o fator I
A = ε bC.
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
O material necessário consiste num espectrofotômetro (ou instrumento equivalente), 12
balões volumétricos de 25 mL, 1 bureta de 50 mL, 1 pipeta volumétrica de 5 mL, 100 mL
de NH4OH 4,0 M e 50 mL de CuSO4 0,0125 M.
Prepare uma bureta com NH4OH 4,0M e com o CuSO4 0,0125M. Numere os doze
balões volumétricos de 1 a 12. Coloque 5,0 mL de NH4OH 4,0 M nos doze balões
volumétricos. Adicione com a outra bureta aos doze balões volumétricos as seguintes
quantidades de CuSO4:
Agite para homogeneizar a mistura. Em seguida complete o volume dos balões com
água destilada, obtendo-se assim as doze soluções padrão.
2.1- Escolha do comprimento de onda
Coloque numa cubeta do fotocolorímetro uma fração da solução de NH4OH, que será
utilizada como referência (“branco”). A calibração deve ser feita em cada comprimento de
onda característico do fotocolorímetro, da seguinte maneira: Sem cubeta no orifício do
fotocolorímetro, use o botão 0%Transmitância para ajustar a leitura para 0%. Coloque a
cubeta contendo o branco no fotocolorímetro e com o botão 100%Transmitância, ajuste a
leitura para 100%.
- Numa outra cubeta coloque a amostra no 5. Determine a transmitância desta
amostra nos comprimentos de onda definidos ou característicos do fotocolorímetro.
Realize no mínimo três leituras para cada medida (retirando-se sempre a amostra do
aparelho e recolocando-a novamente).
Escolha o comprimento de onda onde a transmitância é mínima. Anote este valor. No
comprimento de onda escolhido, faça a leitura com o branco e ajuste para 100% de
transmitância. Em seguida, determine sucessivamente a transmitância das outras amostras
(também fazendo três leituras para cada). Meça a largura da cubeta com uma régua
(parâmetro "b").
2.2- Análise da solução problema
Escolha duas soluções padrão (de preferência em posições opostas no conjunto como 2
e 11 ou 4 e 9) e então prepare uma nova solução (solução problema) tomando 2,5 mL de
cada e completando o volume de 25mL em um balão volumétrico. A seguir, faça a
medida da transmitância desta solução.
3. QUESTÕES
1. O que é curva de calibração?
2. O que significa região ou intervalo de linearidade?
3. O que é cor complementar e quais são?
4. Qual é o significado físico da absortividade molar?
Referências Bibliográficas
1 - Vogel, A.J. – Análise Química Quantitativa, 5a ed., LTC, 1992.
2 - Livros texto de Química Geral