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 ersão religiosa: Segundo o relato bíblico


do Êxodo, quando o faraó Ramsés II se
recusa a libertar o povo hebreu, a primeira
medida divina é transformar a água do Nilo
– rio que simboliza o Estado egípcio e sua
fertilidade – em sangue. Sem água, era
impossível cozinhar, beber, comer ou tomar
banho.

Explicação científica: Uma das explicações


científicas afirma que a elevação das
temperaturas no final do reinado de Ramsés
II (que reinou entre 1270 a.C. e 1213 a.C.)
provocou uma grande seca e tornou
vermelha as águas do Nilo. O calor levou à
proliferação de algas pirrófitas, encontradas
no rio, que são vermelhas e liberam
substâncias tóxicas. Elas são responsáveis
pelo fenômeno conhecido atualmente como
maré vermelha". "Com os conhecimentos
de hoje e análises em laboratório, sabemos
que esses micro-organismos podem
produzir diversas toxinas, que tornam a
água imprópria para o consumo", explica
biólogo Stephan Pflugmacher, professor da
Universidade Técnica de Berlim, na
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Alemanha.

Outra hipótese, levantada pelos cientistas e


retratada no documentário Êxodo
Decodificado (The Exodus Decoded, em
inglês), produzido pro James Cameron em
2010, indica que terremotos que
aconteceram há 3 500 anos, em decorrência
da erupção do vulcão Thera, na ilha de
Santorini, região grega localizada a 700
quilômetros do Egito, foram os
responsáveis pela transformação da água.
O líquido do fundo do rio possui grande
concentração de ferro dissolvido. Quando
ele se mistura com o gás liberado pelos
tremores, o contato com o oxigênio forma o
hidróxido ferroso, mais conhecido como
ferrugem – que possui tonalidade
avermelhada.
 2. Rãs

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: De acordo com a Bíblia,


depois da primeira praga, Ramsés não
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muda de postura e outro castigo vem dos


céus: rãs começam a sair aos milhares do
Nilo.

Explicação científica: segundo o físico


britânico Colin Humphreys, da Universidade
de Cambridge, na Inglaterra, e autor do livro
Os Milagres do Êxodo, de 2003, esta
maldição é consequência direta da primeira,
pois, com a falta de oxigênio na água os
sapos fugiram do rio e migraram para a
terra. Outros animais, como os peixes – que
não conseguem pular – não tiveram o
mesmo fim e morreram no Nilo.

Segundo a perspectiva da erupção


vulcânica, o gás liberado pelas fendas da
terra deixa a água sem oxigênio, obrigando
as rãs a fugirem para a terra.
  3. Piolhos

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Enquanto os egípcios


apelam para os deuses com cultos e
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oferendas para que interrompam as pragas,


Moisés aciona Deus para que envie mais
castigos. Assim, surge uma infestação de
piolhos, que atormentam homens e animais.

Explicação científica: De acordo com o livro


Os Milagres do Êxodo, a seca é o clima ideal
para a multiplicação de ovos de piolhos. O
parasita era muito comum no Egito da
Antiguidade e várias pessoas raspavam a
cabeça para evitá-lo. Além disso, devido à
falta de água limpa, já que a do Nilo estava
imprópria para o consumo, a higiene foi
prejudicada – cenário propício para a
reprodução dos bichos.
 4. Enxame de moscas

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Assim como os piolhos, o


enxame de moscas – a quarta praga –
também causou muita irritação e incômodo
entre os egípcios. Mas os israelitas não
foram atingidos por esse mal.
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Explicação científica: O físico Colin


Humphreys afirma que a multiplicação
desses insetos ocorreu devido à morte dos
sapos, predadores naturais das moscas.
Outra tese, defendida por cientistas no
documentário Êxodo Decodificado, indica
que a falta dágua limpa atraiu esses insetos
por dois motivos: falta de higiene e morte
dos animais do ecossistema do Nilo.
  5. Peste nos animais

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Ramsés II vê as pragas


como um mal que é capaz de vencer e
chega a mentir para Moisés, ao dizer que vai
libertar os hebreus. No entanto, o faraó
quebra a sua palavra e, segundo os textos
bíblicos, Deus envia mais uma praga: a
morte dos animais.

Explicação científica: A proliferação de


moscas e piolhos, que se iniciou com a falta
de água limpa e pela morte das rãs –
predadores naturais desses insetos – foi a
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responsável por essa peste. Esses insetos


podem carregar vírus e, ao picar os animais,
provocam doenças que podem terminar em
morte. Para Humphreys, um dos principais
insetos que causou a morte dos bichos foi a
mosca-de-estábulo, que transmite vírus
fatais para cavalos e vacas.
6.peste animais
 Versão religiosa: Na sexta praga, não só
os animais vão adoecer, mas também os
homens, que sofrem com grandes feridas
na pele.

Explicação científica: De acordo com o


biólogo Werner Kloas, do Instituto Leibniz,
na Alemanha, essas chagas surgiram por
causa da multiplicação de insetos que,
depois de incomodar os animais, picaram
os egípcios. A teoria vulcânica, apresentada
no documentário Êxodo Decodificado,
discorda dessa hipótese e propõe outra: a
erupção do vulcão de Santorini liberou
muito dióxido de carbono e, por causa
desse gás, os habitantes do Egito ganharam
bolhas, que resultaram em feridas.
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 7. Chuvas de pedras

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Conhecida como saraiva, a


chuva de pedras – que possui cinzas e fogo
– vai afetar a agricultura e, em
consequência, homens e animais.

Explicação científica: Para a ciência, essas


chuvas são grandes tempestades de
granizo em que ocorrem muitos
relâmpagos. Apesar de ser raro, o granizo
pode cair em regiões desérticas. Outra tese,
defendida pela física Nadine von Blohm, do
Instituto de Física Atmosférica da
Alemanha, aponta para uma chuva de
pedras vulcânicas após a erupção do vulcão
de Santorini. Em entrevista ao jornal
britânico The Telegraph, em 2010, ela
afirmou que quando uma nuvem de cinzas
percorre grandes distâncias, surge umidade
na atmosfera. Além disso, também há
bastante vapor de água na nuvem em si.
Neste caso, os pequenos fragmentos de
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cinzas e cristais teriam formado um núcleo,


similar ao granizo, causando a impressão
de uma chuva que mistura água, pedras e
fogo.
 8. Gafanhotos

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Deus enviou uma nuvem


desses insetos para o Egito, que comeram
todas as plantações da região. Assim,
somente os judeus tinham alimentos.

Explicação científica: De acordo com o livro


Os Milagres do Êxodo, gafanhotos só
invadiram o Egito porque ficaram
perturbados com as alterações climáticas –
chuva de granizo ou a erupção do vulcão
provocou alterações no comportamento dos
insetos que se agruparam em grandes
nuvens. Outra explicação é o tempo frio e o
solo úmido da sétima praga, cenários
propícios para o depósito dos ovos dos
gafanhotos. Quando eles eclodiram, veio a
oitava praga.
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 9. Trevas

(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: Nesta praga, a luz se


apaga. A religião acredita que, nesse
momento, Deus derrubou Rá, o deus do Sol.
Assim, durante três dias, o Egito ficou na
"escuridão palpável", enquanto os israelitas
tinham luz.

Explicação científica: Uma densa


tempestade de areia chamada khamsin,
comum até hoje no deserto, pode ter sido a
responsável pelo evento. A hipótese
vulcânica, apresentada no documentário
Êxodo Decodificado, afirma que as cinzas
da erupção do vulcão de quase 40
quilômetros de altura e 200 quilômetros de
largura tampou o sol e, assim, fez com que
o Egito ficasse na escuridão. Esse pó
vulcânico também deu a impressão de que
"o escuro era palpável".
 10. Morte dos primogênitos
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(iStockphoto/Getty Images/Getty Images)

Versão religiosa: a última praga é o golpe


final contra o faraó Ramsés II. Segundo a
Bíblia, escaparam de encarar a morte as
famílias que passaram o sangue de um
cordeiro ou cabrito nos batentes das portas,
aviso dado antemão por Deus.

Explicação científica: Uma das razões para


a última praga é cultural – por ter o
privilégio de se alimentarem primeiro e
quando não há alimento para todos, os
filhos mais velhos ingeriram a comida que
estava contaminada pelas fezes dos
gafanhotos, depositadas nas lavouras.
Intoxicados, foram dormir e não acordaram
mais. Segundo a hipótese vulcânica, os
primogênitos morreram devido ao
vazamento de dióxido de carbono,
altamente tóxico para os humanos, liberado
com a erupção. Dormir em camas era mais
uma das regalias dos primogênitos
egípcios. Enquanto isso, os mais novos
dormiam em carroças e telhados. Por
estarem mais próximos do chão, os
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herdeiros mais velhos inalaram durante o


sono o gás que se desloca junto ao solo e
morreram intoxicados.

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