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Aula 05 – Criminologia – 21/09/2020

CRIMINOLOGIA FEMINISTA/QUEER

QUEER – perverso, anormal, diferente – mas chama atenção para algo que precisa de
mais proteção, tratando-se de uma minoria do meio social, quem foge do padrão
dominante heterossexista, que resulta na discriminação àquele que pensa na forma
desviante do comum, fora do padrão, que não aceita dogma imposto pela maioria.

A realidade coloca uma necessidade de entender o atual estágio da criminologia


queer, que por meio dessa ideia queer, pretende abrir a cabeça das pessoas para que
enxerguem as coisas de forma diferente, desconstruindo dogmas.
Esse movimento quer chamar atenção da sociedade e dos operadores da lei (poder
judiciário e legislativo) para mostrar que existem pessoas que pensam diferente e que
precisam também de proteção, já que todos vivem na mesma sociedade.

Ao falar em queer, refere-se na ideia de que pessoas diferentes (a partir do


pensamento dominante) precisam de proteção, voz, leis que respeitem a forma como
optaram viver.

O ser queer é se colocar em uma posição em que comece a pensar nas diferenças
das pessoas, na fluidez das questões sociais, independe da religião. É preciso
estimular novas formas de cultura.

*Lombroso – “Criminoso nato”


Nas características físicas que ele descrevia como criminoso nato, ele incluía
perversão sexual, que eram entendidas como as praticas homossexuais como
comportamentos desviantes.
Os adeptos da escola positivista atribuíam à uma forma de degeneração sexual o
homossexualismo, pessoas doentes que precisavam de tratamento.

A criminologia queer quer construir uma nova forma de pensar a partir do diferente,
porque precisam ser transformadas em ações concretas (seja por meio de legislação,
seja criando um sistema penal mais eficiente, justo, equilibrado, igual).

CRIMINOLOGIA FEMINISTA – tem como base a proteção da mulher, sob diversas


formas de violência criminal. Fala-se em criminologia feminista porque o homem
heterosexual não vai sofrer tais tipos de preconceito e violência.
Ao aprofundar os estudos no movimento feminista, percebe-se o foco da investigação
na diferenciação de gênero passa a ser muito importante, porque não pode ser tratado
de forma igual. A mulher não pode ser vista como mero objeto de uso, já que é um ser
humano.
Nesse contexto, surge o empoderamento feminista, que as mulheres passaram a
trabalhar, lutando para que não exista a diferença de tratamento. Mas, até chegar
nesse pensamento houve uma longa jornada de descriminalização e fragilização.
Quando a mulher é vítima de um crime, o sistema penal não tem a mesma eficácia
quanto à proteção da mulher, ao contrário, os controles sociais formais empregam
uma vitimização secundária (ex: crime de estupro contra mulheres que foram vítimas e
sofrem a vitimização secundária porque a sociedade afirma que ela não soube se
vestir ou se comportar). O sistema criminal faz uma investigação pior, muitas vezes, a
autoridade policial nem instaura a investigação, porque está atribuindo a mulher à uma
forma de comportamento que deu causa aquele tipo de crime.
Por outro lado, quando a mulher é o sujeito ativo do crime, ex. aborto, ela passar ser
mal tratada.

No tipo penal de feminicídio, o Direito Penal Brasileiro buscou tratar de forma mais
grave a figura de um autor de crime contra a mulher, especialmente aquele que matou
pela condição de ser uma mulher, desprezo ao sexo feminino. Mesma coisa com
relação à violência doméstica e familiar. Mesma coisa foi quando surgiu a
criminalização do assédio sexual.

Se mudarmos o raciocínio para descriminalização de determinadas condutas,


percebe-se que isso também se fez presente. Existiam tipo penais, crimes, que não
existem mais hoje graças a essa abordagem. Ex: crime de adultério; crime de sedução

Leis que buscam a proteção da mulher implementadas recentemente:


– Lei 13641/2018: convocou mais um tipo penal na Lei Maria da Penha e tornou crime
a conduta de quem descumprisse a medida protetiva (que já teria sido imposta pelo
Poder Judiciário para proteger a mulher vítima de violência doméstica;
Incide no injusto penal quem descumpre a ordem judicial, por exemplo, de não ter
mais contato com vítimas e seus familiares (art. 24, A, Lei Maria da Penha);
O delegado não pode conceder fiança em determinados tipos penais quando a vítima
é a mulher; – cria-se uma rede de proteção mais eficaz contra abusos contra a mulher,
o que demonstra a função e as conquistas da criminologia feminista.

-- Lei 13642/2018: nessa legislação, há a previsão expressa da expressão “conteúdo


misógino”, que ressalta uma outra conquista da criminologia feminista, que concretizou
a necessidade do respeito, dentro da concepção de dignidade da pessoa humana da
mulher. Essa lei cabe à polícia federal a atribuição de investigar crimes que são
praticados por meio da internet, difundindo conteúdo preconceituoso contra a mulher
ou que gere ódio.

Percebe-se, portanto, a interdisciplinalidade da criminologia, do Direito Penal, da


Política Criminal, gerando cada vez mais discussões, propostas e necessidades para
sociedade contemporânea.

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