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FEVEREIRO 2023 | Nº 14

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ÍNDICE

07 16
Consumidor final pode ser
DPS é obrigatório no padrão de
responsabilizado por acidentes em
entrada com sistema fotovoltaico?
obras de instalação fotovoltaica?

24 Payback energético dos módulos


fotovoltaicos
32 Eletrificação de veículos no Brasil:
oportunidade bate à porta

37 50
Resolução 1.055 da ANEEL cria
Medição da bifacialidade dos
zonas de exclusão para centrais
módulos fotovoltaicos
geradoras

53 Eficiências EURO e CEC dos


inversores solares
60
Governo alemão fomenta energia
solar com programa de incentivos

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Conhecimento é a nossa

Energia!
EDITOR DE CONTEÚDO BANCO DE IMAGENS
Ericka Araújo - MTb 88122/SP Freepik e Envato

DIAGRAMAÇÃO E ARTE REVISTA CANAL SOLAR 2022 - Nº 14


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do portal de notícias Canal Solar, voltada para
o mercado fotovoltaico. Os artigos assinados
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CARTA
AO LEITOR
BRUNO KIKUMOTO
Diretor do Canal Solar

D e quem é a responsabilidade por acidentes nas instalações


fotovoltaicas? O consumidor que comprou um sistema de energia
solar pode ser responsabilizado por acidentes no seu telhado?

O Canal Solar conversou com advogados e apresenta nesta edição uma


reportagem do jornalista Henrique Hein com algumas respostas para essas
importantes questões.

Daniele Haller, nossa correspondente na Alemanha, aborda a questão dos


incentivos dados à energia solar no país, com o intuito de cumprir metas
ambientais, um exemplo que poderia ser seguido no Brasil, mostrando
que o poder público pode estimular o uso de energias limpas em todas as
camadas da sociedade.

A mobilidade elétrica já está batendo à porta e esse é um mercado cheio


de oportunidades. Esse é o assunto abordado na reportagem especial
produzida pelo jornalista Rubens Morelli, do CanalVE, que também
apresentamos nesta edição.

Esta edição da Revista Canal Solar também está recheada de artigos. A


advogada Luiza Melcop, especializada em assuntos regulatórios do setor
elétrico, aborda a obrigação de observação da área de desenvolvimento de
subestação nos projetos de centrais elétricas.

O engenheiro Geraldo Silveira, do Canal Solar, fala sobre a obrigatoriedade


do uso de DPS nos padrões de entrada de energia dos consumidores. E ainda
apresentamos para você artigos sobre a bifacialidade, o payback energético
dos módulos fotovoltaicos e os ensaios de eficiência dos inversores.

Boa leitura e até a próxima edição!


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Consumidor final pode ser
responsabilizado por acidentes em obras
de instalação fotovoltaica?

Henrique Hein presa de instalação sofra um acidente


Jornalista do Canal Solar (fatal ou não), de quem acaba sendo a
responsabilidade? O consumidor final
pode sofrer com sanções?
Para responder a essa questão, o

A cada ano que passa, o mercado


de energia solar cresce ainda
mais no Brasil, com a chegada de no-
Canal Solar conversou com os advo-
gados trabalhistas Márcio Montibeller
e Lilian Novakoski, ambos especializa-
vos investimentos e a criação de no- dos em acidentes com instalações elé-
vas empresas, das quais muitas se pro- tricas.
põem a realizar o serviço de instalação De acordo com eles, a culpabilidade
de painéis fotovoltaicos em telhados em casos como esses é sempre das
residenciais e comer- Em acidentes de empresas que realizam
ciais. trabalhadores em o serviço de instalação,
Apesar do mercado instalações, empresas com o consumidor final
atrativo, todo cuidado envolvidas responderão e o respondendo de forma
é pouco, já que tais em- consumidor poderá assumir subsidiária – ou seja, po-
presas são obrigadas a a responsabilidade se não dendo ser penalizado
implementar práticas de houver idoneidade delas caso as prestadoras do
trabalho seguro e estarem de acordo serviço não assumam a responsabilida-
com os requisitos de segurança. de pelo acidente, alegando problemas
Contudo, a grande pergunta que financeiros e que as impossibilitem de
fica é: caso um trabalhador (CLT efe- pagar um eventual processo judicial.
tivo, terceirizado ou MEI) de uma em- Os advogados explicam que o consu-
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midor em regra não será responsabili- pelo ocorrido. Ou seja, quando não
zado e nem ocorre de forma automá- tem patrimônio ou não cumpre com
tica a responsabilização por débitos as suas obrigações diárias, como o pa-
trabalhistas, porém, alguns cuidados gamento de salário de seus funcioná-
podem evitar problemas futuros. rios, respondendo de forma subsidiá-
Segundo Lilian, deve-se ter aten- ria”, afirma Lilian.
ção ao que os tribunais julgam ser de Por esse motivo, a advogada explica
responsabilidade do dono da obra e que é importantíssimo que os brasi-
quando este consumidor pode ser leiros que quiserem instalar sistemas
equiparado a tal. fotovoltaicos em suas propriedades
“A responsabilidade trabalhista, de pesquisem informações sobre as em-
forma subsidiária, conforme enten- presas que atuam no mercado antes
dimento do TST (Tribunal Superior de fechar qualquer contrato, além de
do Trabalho), alcança o dono da obra exigir em contrato o tempo de obra,
(aquele que manda executar obra ou valores e responsabilidades de cada
têm interesse econômico na realiza- parte, a fim de se resguardar.
ção de obra e contrata empresas, tra- “Como a idoneidade de uma em-
balhadores para execução) se ocorrer presa é uma questão muito subjeti-
inadimplemento das obrigações tra- va, ela pode trazer dores de cabeça
balhistas por aquele que é contratado, para o consumidor dono de obra. Por
sem idoneidade econômico-financei- isso, recomenda-se a ele que busque
ro”, comentou. informações importantes, como qual
Como exemplo, a advogada cita o é a solidez da empresa e a forma que
caso de uma construtora que, ao re- ela trabalha e contrata seus profissio-
alizar obra de um edifício residencial, nais”, explicou.
contrata empresa para instalação de Lilian explica ainda que o consumi-
painéis fotovoltaicos: caso a empresa dor também deve exigir um contrato
contratada não honre com suas obri- que contenha cláusulas que limitem
gações trabalhistas, poderá esta cons- as responsabilidades trabalhistas à
trutora responder pelos débitos de empresa contratada.
forma subsidiária. “Com o contrato, guardando recibos
Desde o ano de 2017, o consumidor ou comprovantes de pagamento, o
pode ser responsabilizado subsidiaria- consumidor vai comprovar a nature-
mente caso a empresa contratada não za da relação entre aquele que instala
tenha idoneidade econômica-financei- painéis e quais as obrigações da cada
ra em decorrência de culpa in elegen- parte, sendo possível também, estipu-
do (termo que remete a uma escolha lar retenção de parte do valor do con-
ruim por quem contratou) nos termos trato para ser pago ao final da obra,
da OJ-191 da SBDI-1 TST e IRR 190- após adimplemento das obrigações
53.2015.5.03.0090. contratuais”, destacou.
“O dono da obra pode responder O consumidor deve ainda, garan-
nesse caso quando a empresa contra- tir que os trabalhadores da empresa
tada por ele não consegue responder contratada tenham todos os registros
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que comprovem o vínculo emprega- cídio em uma de suas três modalida-
tício com estes trabalhadores, sejam des: negligência, imperícia ou impru-
eles CLT ou terceiros. dência", afirmou.
“O consumidor tem bastante prote- Os advogados ouvidos pelo Canal
ção junto ao Código de Defesa do Con- Solar ressaltaram ainda que caso o
sumidor perante os fornecedores que acidente envolva uma terceirizada
acabam causando danos a eles, mas contratada pela empresa que vendeu
ele precisa muitas vezes comprovar o sistema para o consumidor final, a
essa relação e saber se essa empresa responsabilidade civil será de ambas
vai conseguir dar suporte caso algo dê as empresas, como se fossem "cúmpli-
errado no momento da instalação", ces" uma da outra.
afirmou. A única exceção à regra ocorre quan-
Segundo a advogada, caso a Justiça do se comprova que todo o suporte
entenda que o consumidor e empresa necessário (EPIs e treinamentos de
que realiza prestação de serviços po- segurança) tenha sido oferecido junto
dem ser responsabilizados, e as penas ao instalador acidentado.
envolvem punições financeiras, como Nesse caso, se o técnico responsável
pagamento de indenização ao técni- pela instalação se envolver em um aci-
co acidentado ou, até mesmo, pensão dente por negligência própria e não
vitalícia à família ou vítima, em caso por falta de aviso de seus empregado-
de morte se houver culpa no aciden- res, as companhias são inocentadas de
te e no grau de culpabilidade de cada qualquer responsabilidade.
agente. Como exemplo, Márcio cita um caso
atendido por ele de uma empresa que
E se a culpa for da empresa? estava responsável por construir uma
Márcio destaca, por sua vez, que das linhas do metrô em São Paulo.
caso o processo siga o seu caminho “Essa empresa contratou uma tercei-
“natural” e as empresas instaladoras rizada para fazer as instalações elétri-
sejam responsabilizadas pelo acidente cas dos maquinários. Um dos profissio-
ou pela morte do trabalhador, a pena nais usou a furadeira no local errado,
aplicada pode ser ainda maior, com os colocou a mão num fio com 3.000 V
diretores das empresas respondendo e morreu eletrocutado na hora”, co-
na esfera criminal por homicídio dolo- mentou.
so, quando se tem ou assume o risco O advogado relembra que, na épo-
de matar. ca, o delegado responsável pela inves-
“Haverá uma investigação para veri- tigação dizia a ele que iria incriminar
ficar se o trabalhador possuía qualifi- todos os diretores da empresa por
cação pelas NRs vigentes e se recebeu homicídio doloso. No entanto, os pró-
os EPIs (Equipamentos de Proteção prios trabalhadores da obra tinham fo-
Individual) da empresa. Se não tinha tografado o operário usando todos os
treinamento e proteção adequada, os equipamentos de segurança no dia do
diretores podem responder por homi- acidente.

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“Junto a essa foto, entregamos toda plo, ser obrigada a ressarcir a União
a documentação que comprova que a com relação aos custos que tenha de
culpa foi exclusivamente do profissio- pagamento de benefícios do INSS”.
nal e que, na verdade, ele quis ganhar
tempo na obra puxando um fio que Quais são os acidentes mais co-
não era para ser manuseado do jeito muns em uma instalação fotovol-
que ele estava fazendo”, concluiu Már- taica?
cio. De acordo com Carlos Alberto Fer-
nandes, engenheiro eletricista com
Como uma empresa pode se res- mais de 30 anos de experiência no se-
guardar? tor de segurança do trabalho, e Vitor
Segundo Lilian, há formas de uma Barraviera, engenheiro eletricista e de
empresa evitar que acidentes aconte- segurança do trabalho do Canal Solar,
çam e que seus profissionais causem três tipos de acidentes são os que mais
problemas jurídicos e financeiros. A acontecem e os que mais precisam de
principal delas é não mandar para cam- um cuidado redobrado por parte dos
po os profissionais que não tenham instaladores.
qualificação pelas NRs vigentes. Segundo eles, todas as causas abaixo
O correto é contratar profissionais poderiam ser facilmente solucionadas
que tenham as certificações ou ofe- se houvesse – por parte das empresas
recer a especialização por meio de – um treinamento adequado para os
treinamento. “Eles precisam ter rece- instaladores de duas normas básicas
bido treinamento adequado para po- de segurança.
der trabalhar e as empresas também A primeira delas é a NR 10 , que es-
precisam oferecer os EPIs a eles. Além tabelece os requisitos e condições mí-
disso, é preciso obrigar o funcionário a nimas para garantir a segurança e a
usar os EPIs”, disse a advogada. saúde dos trabalhadores que, direta
Para isso, os funcionários devem as- ou indiretamente, interajam em insta-
sinar um documento que atesta que lações elétricas.
receberam todos os equipamentos da A outra norma é a NR 35, que esta-
empresa sempre que forem trabalhar belece os requisitos mínimos e as me-
em alguma instalação. didas de proteção para o trabalho em
Advertências e suspensões do tra- altura, envolvendo o planejamento, a
balhador que se mostrar resistente organização e a execução, de forma a
ao uso correto dos equipamentos de garantir a segurança dos trabalhado-
segurança também são medidas que res envolvidos nesta atividade.
devem ser tomadas pelas empresas. Confira abaixo quais são os tipos de
“As empresas devem ficar muito acidentes fatais que mais acontecem
atentas ao uso de EPIs, porque se for em instalações de sistemas fotovol-
constatado que houve negligência, taicos em telhados, sejam elas de resi-
além de responder por eventuais inde- dências, estabelecimentos comerciais
nizações, a empresa pode, por exem- e afins.

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Queda de telhados
O primeiro perigo que pode ocasionar acidentes com mortes em instalações
de energia solar é a queda de profissionais de um telhado, segundo os engenhei-
ros entrevistados.
Barraviera destaca que a primeira medida a ser tomada é o uso de equipamen-
tos de segurança para subir no telhado. “O acesso ao telhado pode ser feito
pela escada-marinheiro e sempre fazendo uso dos equipamentos de segurança,
como o capacete e as luvas de proteção”, comentou.
Além disso, a utilização do cinturão de segurança com talabarte e trava-quedas
para acessar e trabalhar em cima do telhado também é obrigatória. “A utilização
desse equipamento, inclusive, consta na NR 35 para trabalhos em altura”, co-
mentou.

Profissional utiliza a linha de vida enquanto caminha por cima de uma passarela em telhado. Foto: MIL
Soluções/Reprodução

Já Fernandes destaca que, após o profissional conseguir acessar o telhado em


segurança, é preciso ter não só todos os equipamentos de proteção como tam-
bém uma linha de vida e se conectar a ela. A instalação de uma área de circulação
(passarela) para andar por toda a extensão do telhado também é importante.
“Essa medida de segurança é fundamental, pois caso o profissional esteja an-
dando pelo telhado e escorregar ou uma telha quebrar, ele vai ficar preso nessa
linha por meio de um cinto de segurança, evitando assim o impacto de seu corpo
com o solo”, afirmou.
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Choque elétrico e arco-elétrico
Além dos demais EPIs já listados nesta reportagem, o uso de bota de seguran-
ça NR-10, roupas anti-chamas, luvas de proteção e óculos de segurança é funda-
mental para evitar que um trabalhador sofra uma descarga elétrica enquanto
realiza o serviço de instalação dos painéis fotovoltaicos.
“Quando um profissional não é bem orientado e não tem conhecimento téc-
nico, a chance de um acidente grave ocorrer é altíssima, porque se ele estiver
instalando e conectar um painel solar um no outro já poderá estar sujeito a uma
grande tensão elétrica. E, se ele não tomar cuidado nas conexões e desconectar
uma única linha de módulos (que são conectados em série) existe o risco de to-
mar um choque elétrico de corrente contínua”, comentou Fernandez.
Barraviera vai ainda mais além e afirma que existe não somente o risco do cho-
que elétrico durante a instalação ou durante a manutenção do sistema fotovol-
taico, mas existe ainda o risco de exposição do trabalhador ao arco elétrico.
Isso pode ocorrer se o trabalhador tentar inadvertidamente desfazer uma co-
nexão elétrica de corrente contínua enquanto o sistema fotovoltaico estiver em
funcionamento.

Para evitar a ocorrência de arcos elétricos, deve-se verificar a ausência total de corrente elétrica nos
circuitos que serão seccionados. Foto: Canal Solar
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Por esse motivo, ele afirma que, antes de fazer uma instalação, o ideal é que o
profissional contratado tenha ao menos um curso de formação em eletrotécnica
em seu currículo, além das certificações da NR 10.
“O grande perigo da energia elétrica é o fato de não conseguirmos enxergá-la.
A mínima falha em um disjuntor já é o suficiente para causar um acidente, imagi-
na então instalar um sistema complexo como o fotovoltaico. Imagina o estrago
que pode acontecer. Por esse motivo, o uso de óculos, calçados, roupa anti-cha-
mas, capacete e demais EPIs é inegóciavel”, ponderou.

Ações de imperícia, imprudência e negligência


Trata-se de acidentes eventuais e que podem acontecer no dia a dia de qual-
quer instalação, como a queda de uma ferramenta do telhado que venha a atin-
gir um profissional que esteja segurando uma escada no solo, por exemplo. “São
acidentes que só acontecem por descuido ou até mesmo por falta de treinamen-
to”, afirma Fernandez.
Barraviera cita, por exemplo, que uma das ações mais comuns em pequenas
instalações é o içamento inadequado de equipamentos do solo para o telhado.
“É comum ver profissionais utilizando cordas vencidas ou inapropriadas para
levar os módulos para cima do telhado, no lugar da corda de alpinista, que é
apropriada para amarração e elevação de cargas”, revelou.
O engenheiro do Canal Solar também disse ser comum observar trabalhadores
realizando o serviço de instalação sem o uso de EPIs, principalmente o capacete.
“Eu mesmo já presenciei acidentes, onde houve a queda de objetos, como ferra-
mentas, em cima da cabeça dos auxiliares de obra”, destacou.

Capacitação de profissionais é a melhor forma de prevenir acidentes. Foto: Geraldo Camargo/Unicamp


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DPS é obrigatório no padrão de entrada
com sistema fotovoltaico?

Geraldo Silveira UCs (Unidades Consumidoras) que


Professor e engenheiro possuem usina fotovoltaica instalada,
eletricista do Canal Solar o DPS é exigido no padrão de entrada,
ou seja, se há a necessidade de serem
instalados no interior da caixa de me-

O s dispositivos de proteção con-


tra surto, conhecidos por sua si-
gla DPS, são utilizados para proteger
dição e/ou proteção do padrão.
Para respondermos a essa pergunta
vamos recorrer às normativas vigen-
os equipamentos e as instalações de tes no país e as normas técnicas das
surtos de tensão transitórios prove- distribuidoras de energia elétrica.
nientes, principalmente, de descargas Primeiramente, consultando o mó-
atmosféricas e manobras na rede elé- dulo 3 do Prodist, que trata da conexão
trica. ao sistema de distribuição de energia
Estes equipamentos são utilizados elétrica, verificamos que a utilização
com frequência nos quadros de dis- da proteção de sobretensão é um re-
tribuição de circuitos de quisito mínimo previsto
instalações residenciais, Há muitas dúvidas se o no ponto de conexão da
comerciais e industriais. DPS é exigido no padrão usina, porém não deta-
Também são utiliza- de entrada lha se esse equipamen-
dos nas instalações de to deve ser instalado no
usinas fotovoltaicas, tanto no lado de padrão de entrada.
corrente contínua (CC) quanto no lado Portanto, não há uma obrigação de
de corrente alternada (CA). instalação desses dispositivos no inte-
Porém, há muitas dúvidas se, em rior de padrões com sistemas fotovol-
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taicos conectados.
Uma pergunta que fica é: em padrões de entrada no geral, mesmo os que não
possuem sistemas fotovoltaicos conectados, é obrigatória a instalação desse
dispositivo?
E a pergunta mais importante: a concessionária pode exigir a instalação do DPS
no padrão de entrada para aprovar a conexão do gerador fotovoltaico?
Para responder a essa pergunta, partimos para a análise da norma ABNT NBR
5410 e podemos ver como ela aborda a questão da localização do DPS.
Mas antes é primordial que tenhamos dois conceitos bem definidos, que serão
essenciais no entendimento deste texto. Devemos saber a diferença entre pon-
to de entrada e ponto de entrega.
A NBR 5410 define o ponto de entrada como “o ponto em que a linha externa
penetra a edificação”, conforme apresenta a definição da 5410 na Figura 1, ou
seja, podemos considerar esse ponto como o local onde a rede adentra o edifí-
cio, logo após passar pelo padrão de entrada.
Já o ponto de entrega é o ponto onde a rede da concessionária se conecta ao
ramal de entrada do cliente, normalmente localizado nas fronteiras do padrão
de entrada, conforme este trecho da NBR 5410.

Figura 1 – Definição de ponto de entrega e ponto de entrada. Fonte: NBR 5410

Para esclarecer as diferenças entre esses dois termos, a Figura 2 apresenta


uma ilustração onde a região circulada em vermelho define o ponto de entrega,
onde o ramal da concessionária se conecta ao ramal de entrada do cliente, e a
área circulada em azul apresenta o ponto de entrada na edificação do cliente,
que é o ponto onde a rede adentra a edificação.

Figura 2 - Definição de ponto de entrega e ponto de entrada. Imagem adaptada ND 5.1 Cemig
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Com os conceitos definidos, analisamos agora o que orienta a ABNT NBR 5410
a respeito da localização do DPS.
Em seu item 6.3.5.2.1 a), conforme apresenta a Figura 3, a instalação do DPS
deve ser junto ao ponto de entrada ou no quadro de distribuição principal quan-
do o objetivo for proteger contra sobretensões de descargas atmosféricas trans-
mitidas pela linha externa de alimentação e também sobretensões de manobra.

Figura 3 - Trecho da norma 5410 que fala sobre a localização do DPS. Fonte: ABNT NBR 5410

A ilustração da Figura 4 explicita o que foi dito no parágrafo anterior. Nela


podemos observar que a parede pela qual a rede entra na edificação pode ser
considerada o ponto de entrada. É ali ou em suas proximidades que deve ser
instalado o DPS.
Há ainda a alternativa de se instalar o DPS no quadro principal localizado o mais
próximo possível desse ponto de entrada, conforme orienta o item 6.3.5.2.1 a)
da 5410. Geralmente, chamamos esse quadro principal de QGBT (Quadro Geral
de Baixa Tensão).

Figura 4 – Local da instalação do DPS conforme NBR 5410 6.3.5.2.1 a)

Para os casos em que se deseja proteger o sistema contra descargas atmosfé-


ricas diretas, o DPS deve ser instalado no ponto de entrada, conforme indica o
item 6.3.5.2.1 b), da Figura 3.
A Figura 5 ilustra essa segunda situação e mostra que nestes casos de descarga
direta o dispositivo deve ser instalado obrigatoriamente no ponto de entrada da
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rede na edificação.
Caso deseja-se colocar esse DPS dentro do QGBT, este deve estar localizado no
ponto onde a rede adentra a edificação.

Figura 5 – Local da instalação do DPS conforme NBR 5410 6.3.5.2.1 b)

Já a norma ABNT NBR 5419, que trata sobre a proteção contra descargas at-
mosféricas, orienta que seja feita a análise de risco para saber se há a necessidade
da utilização de um SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas).
Caso haja essa necessidade, a norma indica o uso do DPS na entrada da linha
da estrutura, na fronteira que divide a parte externa com a interna da edificação,
conforme apresenta a Figura 6.
Se o QGBT estiver nessa fronteira, o DPS pode ser alocado dentro dele, caso
contrário, assim como apresentado na Figura 5, o DPS deve ser alocado em uma
caixa apropriada nessa fronteira.

Figura 6 - Trecho da norma 5419-4 que fala sobre a localização do DPS. Fonte: NBR 5419-4
Caso não haja a necessidade da utilização de SPDA, a utilização do DPS seguirá
os critérios estabelecidos na 5410, que já foram citados em parágrafos anterio-
res.
A utilização ou não do SPDA será definida após seguir os passos indicados na
ABNT NBR 5419-2, quando se faz a análise de risco da edificação. A Figura 7
apresenta o trecho retirado da NBR 5410-3, que confirma o que foi relatado
neste parágrafo.
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Figura 7 – Trecho da norma ABNT 5419-3. Fonte: NBR 5419-3

Até então, não foi esclarecida a necessidade da utilização do DPS no padrão de


entrada e a nossa pergunta segue sem resposta.
Então, partirmos para a análise das normas das distribuidoras, pois como os
padrões de entradas são vistoriados e conectados ao sistema de distribuição por
essas empresas, a análise da necessidade ou não dessa utilização vai ser nortea-
da por suas normas.

É obrigatório essa utilização ou não?


A resposta final depende da distribuidora. Algumas distribuidoras atualizaram
suas normas de distribuição e passaram a exigir o uso do DPS em todos os pa-
drões novos que forem construídos e conectados em sua rede.
Já a maioria delas não possui em suas normativas a obrigatoriedade de instala-
ção deste dispositivo e é o que observamos quando analisamos a grande maioria
dos padrões de entrada.
Para exemplificar estas situações vamos começar analisando uma distribuido-
ra que não obriga a utilização do DPS no padrão de entrada e, portanto, não é
comum a sua utilização.
A Cemig, principal distribuidora do estado de Minas Gerais, deixa a cargo do
consumidor a utilização do DPS e ainda deixa claro que, caso o consumidor opte
por sua instalação, o DPS deverá ser colocado em suas instalações elétricas inter-
nas, necessariamente fora da caixa de medição e proteção do padrão.
Portanto, não se pode instalar o DPS dentro do padrão de entrada. A Figura 8
abaixo, retirada da ND 5.1 da Cemig, que trata do fornecimento de energia elé-
trica em tensão secundária em redes aéreas, define o que foi relatado.

Figura 8 – Norma de utilização de DPS na Cemig. Fonte: ND 5.1 da Cemig


Por outro lado, a CPFL, em norma equivalente para a rede de distribuição se-
cundária (GED 13), diferentemente da Cemig, obriga a instalação de DPS no
padrão de entrada em novas instalações, como apresenta o trecho da norma
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destacado na Figura 9.
É comum ainda ver vários padrões já instalados do seu sistema sem a presença
de DPS, porém todos os pedidos de novas ligações de unidades consumidoras
devem instalar o dispositivo. É comum ocorrer essas mudanças quando as distri-
buidoras atualizam as suas normativas.

Figura 9 – Norma de utilização de DPS na CPFL. Fonte: GED 13 CPFL

Ainda no mesmo item destacado na Figura 9, a GED 13 relata que é obrigatória


sua instalação no padrão de entrada de acordo com a norma NBR 5410. Nesse
ponto, entende-se isso como uma divergência de interpretação que a concessio-
nária faz da 5410 e a que fazemos neste artigo.
Essa divergência pode ser explicada por meio dos conceitos apresentados nos
primeiros parágrafos deste texto. Porém, a própria NBR 5410, no item 1.7, já
prevê que as normas das distribuidoras devem ser consideradas, conforme
aponta a Figura 10 abaixo.

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Figura 10 – Trecho da 5410 que menciona as normas das distribuidoras. Fonte: NBR 5410

Portanto, finalmente, deve-se seguir às normativas que as distribuidoras for-


necem, até porque elas vão vistoriar o padrão de entrada e irão autorizar a sua
conexão na rede de distribuição de baixa tensão.
Além disso, podemos dizer que nos casos em que a distribuidora obriga a insta-
lação do DPS nos padrões novos (pegando o exemplo da CPFL), ela não vai exigir
a instalação do DPS quando a conexão do sistema fotovoltaico for solicitada em
um padrão já existente.
Em complemento, a CPFL disponibiliza como deve ser o esquema de ligação do
DPS dentro dos padrões de entrada de suas unidades consumidoras monofási-
cas, bifásicas e trifásicas, como pode ser visto na Figura 11.
Para encerrar nosso artigo, fizemos uma breve consulta às normas de outras
distribuidoras e encontramos apenas a Celesc exigindo a instalação de DPS em
seus padrões de entrada.
Outras distribuidoras consultadas não possuem essa exigência, como: Copel,
EDP São Paulo, Energisa, Neoenergia (Coelba), Equatorial (Alagoas, Amapá, Ma-
ranhão, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul), Enel (Ceará e Rio de Janeiro).
Nos sites da Enel Goiás e São Paulo não foram encontradas as normas de for-
necimento de tensão secundária na data de elaboração deste artigo, 5/1/2023.
Algumas dessas distribuidoras citadas apenas recomendam a instalação do
DPS na parte interna das edificações, conforme já visto anteriormente nos itens
da NBR 5410.

Figura 11 – Esquema de ligação de DPS. Fonte: GED 13 CPFL


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Payback energético dos módulos
fotovoltaicos
Vanderleia Ferraz
Gerente de Produto
América Latina na Risen energia consumida na sua fabricação,
Energy incluindo todas as etapas da cadeia de
produção.
A produção de um módulo fotovol-

N ão é de hoje que ouvimos a ex-


pressão payback quando fala-
mos de energia solar. Essa grandeza,
taico passa por várias etapas, desde
a transformação do quartzo de silício
em poli-silício, até a formação de lin-
em geral, é usada para estimar o tem- gotes, wafers, células e finalmente a
po de retorno financeiro do investi- montagem do módulo.
mento realizado em uma planta solar. Esses processos pelos quais passam
Esse payback é, em essência, uma os materiais até a montagem do mó-
forma de estimar a atratividade fi- dulo são altamente consumidores de
nanceira do projeto. Quanto menor o energia, principalmente porque mui-
payback, melhor é o retorno. tos envolvem o processamento em
Entretanto, um conceito pouco dis- altas temperaturas. Porém, não é só
cutido, mas de extrema relevância, a produção do módulo que implica no
principalmente quando se fala em sus- consumo de energia.
tentabilidade, é o payback energético A etapa de extração do quartzo de
ou payback de energia. silício, o transporte dos materiais até a
Quando se fala em payback de ener- fábrica, o transporte dos módulos des-
gia refere-se a quanto tempo de ge- de a fábrica até os locais de montagem
ração do módulo fotovoltaico é ne- das usinas, a operação e manutenção
cessário para gerar a quantidade de da usina e, por fim, a reciclagem e des-
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 24
tino final dos equipamentos, são todos processos que causam consumo de ener-
gia e, por sua vez, possuem uma pegada de emissão de carbono.

Fonte: IEA (International Energy Agency). Special Report on Solar PV Global Supply Chain, 2022

A produção do polisilício, base para a fabricação de lingotes, seja poli ou mo-


nocristalino, representa 40% do consumo de energia para produção do módulo
devido às altas temperaturas do processamento e derretimento do quartzo de
silício, de acordo com a IEA (International Energy Agency).

Fonte: Risen Energy

Da mesma forma, a produção da célula tradicional cristalina também requer


alta temperatura, o que causa um consumo intenso de energia.
Entretanto, nas últimas duas décadas a evolução da tecnologia dos materiais
trouxe uma significativa redução no consumo de energia para produção dos mó-
dulos e emissão de carbono e, como consequência, o tempo de payback de ener-
gia caiu de 10 anos para alguns meses.
Segundo o instituto Fraunhofer (2022), houve redução em mais de 6 vezes o
uso de poli silício na fabricação das células cristalinas entre 2004 e 2020, como
consequência do aumento da eficiência, aumento no tamanho dos wafers e me-
lhoramento no processo de corte com fio diamantado fino.
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R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 2 6
Fonte: Risen Energy

O surgimento das células PERC (Passivated Emitter and Rear Cell) e monocris-
talinas que vêm substituindo a tecnologia BSF (Back Surface Field) no mercado
desde os anos de 2015, a medida que aumentou a eficiência das células e o apro-
veitamento da área de módulo para potências maiores, bem como a redução
na espessura e aumento do tamanho das células, oportunizou menor tempo de
payback de energia pois os módulos geram mais por kW instalado.

Fonte: Risen Energy


R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 2 7
Felizmente, nos anos recentes o mercado deu um salto ainda maior em termos
de tecnologia e eficiência de células com as tecnologias do tipo-N TOPCon e HJT,
esta que chega a alcançar mais de 26% de eficiência na célula e valores acima de
22% de eficiência de módulo.
A partir do consumo de energia para produção do módulo e toda cadeia du-
rante sua vida útil, podemos encontrar o payback de energia sabendo a geração
média que o módulo vai apresentar, o que varia de acordo com a localização ge-
ográfica e a irradiância deste local, orientação, inclinação e temperatura média.
O gráfico abaixo apresenta o comportamento do tempo de payback de ener-
gia em alguns países em relação à emissão de carbono para produção do módulo
cristalino e toda a cadeia.
A emissão de carbono está diretamente ligada ao consumo de energia, uma
vez que se calcula a quantidade de carbono emitida para produzir o módulo a
partir da energia primária e da eletricidade consumidas durante todas as etapas,
considerando que uma usina emite carbono para gerar a energia em kg/kWh,
seja ela termelétrica a carvão, gás ou óleo e até mesmo as hidroelétricas.

Fonte: IEA (2022)

Percebe-se que para uma mesma quantidade de carbono emitida, ou energia


consumida na cadeia de produção, temos vários tempos de payback, que variam
de 2 a 11 meses. Isso acontece devido à capacidade de gerar energia por cada
kW de potência instalado, consequência da eficiência do módulo, temperatura,
irradiância e outros fatores locais.
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 2 8
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Dessa forma, percebemos que algumas características da célula influenciam
diretamente no tempo de payback de energia, como o tamanho e a espessura,
pois otimizam o uso de materiais de silício e metais.
Infere-se também que a relação entre eficiência e tempo de payback é inver-
samente proporcional, ou seja, quanto maior a eficiência do módulo, o que lhe
permite gerar mais energia, menor será o tempo de payback.
Da mesma forma, outros fatores que melhorem a capacidade do módulo de
gerar mais energia por potência instalada contribuem para um menor tempo de
payback, como um melhor coeficiente de temperatura de Pmax, menor degra-
dação linear anual e maior coeficiente de bifacialidade.
Para entendermos na prática a relação do tempo de payback de energia com
a melhora da eficiência e de outras características do módulo, comparamos um
módulo de tecnologia tipo-P monocristalino PERC com um módulo da tecnolo-
gia de heterojunção, a mais recente tecnologia lançada no Brasil, que traz célu-
las maiores de 210 mm, ultra finas com apenas 100um, alta eficiência de 22,5% e
o menor coeficiente de temperatura de Pmax dentre as tecnologias disponíveis.
O módulo ainda conta com uma estrutura de liga de aço de alta resistência,
que consome menos energia e causa menor emissão de carbono em compara-
ção ao tradicional frame de alumínio.
Devido às melhores características da tecnologia HJT, aliado com algumas
tecnologias patenteadas da fabricante que reduzem o consumo de energia e a
emissão de carbono, durante todo ciclo de vida do módulo são emitidos 400g
CO²e/W, certificado pela Certisolis, uma instituição francesa responsável por
certificar a pegada de carbono de cada equipamento, para a cadeia de produção
de um módulo de 700W são emitidos 280 kg de CO²e.
As tecnologias PERC e TOPCon apresentam uma CFP (Carbon Foot Print, Pega-
da de Carbono, protuguês)) de 550g/W e 480g/W, o que representa um consu-
mo de energia e emissão de carbono 37% e 12% maior que HJT por watt.

Fonte: Risen Energy


R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 3 0
Desta forma, para um módulo de CO²e para kWh produzido, segundo a
550W da tecnologia PERC são emiti- IEMA (2022).
dos 302,5kg de CO²e, enquanto que Desta forma, chegamos a um con-
para um módulo de sumo de 261 kWh
580W da tecnologia para produção de 1
TOPCon são libe- módulo de 700 W da
rados 278,4 kg de tecnologia HJT, 259
CO²e. kWh para produção
Sabe-se que o de um módulo de
maior volume de 580 W da tecnolo-
produção global de gia TOPCon e 281,4
células e módulos kWh para produção
estão instalados na de um módulo de
China, onde a matriz 550 W da tecnologia
elétrica é principal- PERC.
mente termoelétrica Considerando uma
a carvão e cada plan- produção anual de
ta termelétrica tem média de energia de
sua taxa de emissão 876 kWh, 694 kWh e
de carbono por kWh 645 kWh para HJT,
gerado variável de TOPCon e PERC res-
acordo com o tipo pectivamente, para
de ciclo e tecnologia Fonte: IEA (2022) produzir a energia
utilizada. consumida em seu ciclo de vida,
Para nossos cálculos, tomaremos isto é, o tempo de payback de energia
como exemplo a taxa de emissão de para o módulo de 700 W HJT é de 3,6
carbono das usinas termelétricas a meses, frente a 4,5 meses para o 580
carvão do Brasil, especificamente a W TOPCon e 5,2 meses para o 550 W
Usina Jorge Lacerda III, que emite PERC.
1075 tCO²e/GWh, isto é, 1,075kg de

TECNOLOGIA HJT TOPCON PERC

Potência 700 W 580 W 550 W

Eficiência 22,50% 21,50% 21,30%

Emissão de carbono 400 g/W 480 g/W 550 g/W

Energia Demandada Ciclo de Vida 260,5 kWh 259 kWh 281 kWh

Tempo de Payback de Energia - EPBT 3,6 meses 4,5 meses 5,2 meses

Referências
https://energiaeambiente.org.br/emissoes-de-gases-de-efeito-estufa-de-usinas-termeletricas-cresceram-75-20221215
https://iea.blob.core.windows.net/assets/d2ee601d-6b1a-4cd2-a0e8-db02dc64332c/SpecialReportonSolarPVGlobalSupplyChains.pdf

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 31


Eletrificação de veículos no Brasil:
oportunidade bate à porta
131.007 unidades, sendo 128 mode-
Rubens Morelli
Jornalista do Canal VE
los diferentes disponíveis aos consu-
midores.
Entretanto, a falta de projetos con-
cretos para a infraestrutura de recarga
e incentivos fiscais para o crescimento

O ano de 2022 ficou marcado na


história do Brasil pela alta de-
manda de veículos eletrificados, com-
do setor no país ainda preocupa espe-
cialistas.
A mesma ABVE estima que o Bra-
postos por carros totalmente elétri- sil entrou em 2023 com apenas 3 mil
cos ou híbridos. pontos de recarga públicos e semipú-
Foram 49.245 unidades emplacadas blicos distribuídos pelo país. Mesmo
de janeiro a dezembro, uma alta de que as notícias do mercado mostrem
41% em relação ao mesmo período do inaugurações de eletropostos a cada
ano anterior, de acordo com a ABVE semana, o número ainda é considera-
(Associação Brasileira do pequeno.
do Veículo Elétrico). Falta de projetos concretos Para o presidente da
O desempenho recor- para a infraestrutura de ABVE, Adalberto Maluf,
de das vendas do seg- recarga ainda preocupa os resultados do ano
mento no ano passado especialistas passado mostram o po-
mostra que esse merca- tencial do mercado de
do começa a se consolidar. Segundo veículos de baixa emissão no Brasil.
os dados da ABVE, a frota brasileira de “Vemos um crescimento constante
veículos eletrificados, já com os dados e robusto das vendas de veículos elé-
computados de janeiro de 2023, tem tricos e híbridos pelo quinto ano se-
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guido, apesar de o Brasil ainda não “O investimento na infraestrutura
ter um plano nacional de estímulos ao de recarga e os incentivos fiscais são
setor. O consumidor já percebe o elé- fundamentais para o crescimento do
trico como uma opção viável aos veí- mercado de eletrificados no Brasil.
culos convencionais”, afirma Maluf. Sem uma estrutura de recarga sólida,
“Agora, é preciso dar os incentivos fica difícil para os motoristas optarem
adequados e acelerar rumo às tecno- pelos veículos elétricos, pois eles pre-
logias de baixa emissão, em sin- cisam se preocupar em encon-
tonia com as metas de des- trar pontos de recarga duran-
carbonização e avanço da te suas viagens”, afirma.
industrialização anuncia- De acordo com os dados
das pelo novo governo”, da ABVE, os veículos híbri-
acrescentou. dos leves continuam sen-
Na opinião do executivo, do os mais vendidos, com
o país passa hoje por um in- 30.439 emplacamentos em
teresse mútuo entre a indús- 2022, o que representa 63%
tria, que tem o desejo de inves- do total de eletrificados comer-
tir no transporte sustentável, e cializados no período.
Ricardo David
os consumidores, mais recepti- Diretor da Elev “Essa é uma exemplificação de
vos aos veículos eletrificados. como a população ainda aguar-
Para Maluf, isso significa uma janela da por uma maior estruturação, prin-
de oportunidades que não pode ser cipalmente quando falamos de ele-
desperdiçada. “Temos a grande opor- tropostos”, diz David. “Investimentos
tunidade de construir Política pública mais nessa área e incenti-
um novo parque indus- vos fiscais são medidas
clara, com incentivos
trial para veículos elétri- fundamentais para de-
fiscais, poderia fortalecer
cos e híbridos no Brasil, senvolver esse setor. A
incorporando as tecno- a criação de novos postos população aguarda por
logias mais modernas de trabalho uma estrutura mais ro-
do mundo à tradicional competência busta, especialmente no que diz res-
brasileira em etanol e combustíveis de peito ao número de eletropostos dis-
baixa emissão”, avalia. poníveis”, afirma.
O diretor da Elev aponta ainda que
Apoio à infraestrutura de uma política pública mais clara pode-
recarga ria fortalecer a criação de novos pos-
Uma das barreiras para o avanço do tos de trabalho. “Os incentivos fiscais
mercado de veículos eletrificados no são importantes para atrair as monta-
Brasil é a infraestrutura de recarga. doras para produzir veículos elétricos
Para Ricardo David, diretor da Elev, no país, o que pode gerar empregos e
empresa especializada em soluções impulsionar a economia”, afirma.
para o ecossistema dos carros elétri- Até o ano passado, por exemplo,
cos, o Brasil precisa de estruturação e apenas uma grande montadora pro-
incentivo. duzia veículos eletrificados no Brasil: a
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Toyota, em Indaiatuba (SP) e Sorocaba As chamadas práticas ESG (Environ-
(SP). Para este ano, Great Wall Motors mental, Social and Governance, em in-
e Caoa Chery já anunciaram que de- glês, ou simplesmente Meio Ambien-
vem iniciar a fabricação de eletrifica- te, Social e Governança, na tradução
dos no país. livre) praticamente substituíram o ter-
A BYD é outra empresa que já de- mo sustentabilidade dos dicionários
monstrou interesse em produzir ve- corporativos.
ículos eletrificados no Brasil, O conceito, basicamente,
mas ainda busca locais para mede o impacto que essas
a instalar uma nova fábrica. ações sustentáveis geram
De acordo com a ABVE, de retorno financeiro para
o cenário para 2024 tam- as empresas. Assim, ao
bém é animador, com ou- adotar essas ações, elas se
tras montadoras finalizan- posicionam perante seus
do estudos para implantar consumidores com a res-
linhas de produção de eletri- ponsabilidade de transfor-
ficados no país. Para Adalberto mação que o mundo pede nos
Maluf, o Brasil deve ver um cres- Ana Luci Grizzi dias atuais.
cimento das indústrias do setor Especialista em Assim, na opinião de Ana Luci
automotivo nos próximos anos. sustentabilidade Grizzi, especialista em susten-
“Essa nova indústria gerará empre- tabilidade, a transição energética da
gos de qualidade para os brasileiros e mobilidade para uma fonte energéti-
investirá em pesquisa e inovação. E a ca limpa pode ser liderada pelas em-
ABVE está pronta para colaborar com presas, e não pelos governos.
esse desafio estratégico”, afirmou o “As empresas estão sofrendo pres-
presidente da Associação. são de investidores, principalmen-
te, e de reguladores. Então mesmo
Práticas ESG à frente da que aqui no Brasil a gente não tenha
transição uma política pública, uma normativa
Se ainda falta um direcionamento que imponha essa mudança de ma-
concreto por parte dos Transição energética triz energética para ve-
órgãos públicos em re- da mobilidade pode ser ículos, para os elétricos,
lação à eletrificação, o por exemplo, a gente
liderada pelas empresas, e
caminho parece mais vai ter uma demanda de
não pelos governos
claro por parte das em- investidores em relação
presas. à matriz atual dos veículos por causa
Afinal, as multinacionais, em dife- de gases de efeito estufa. E esse ga-
rentes níveis, firmaram compromissos tilho, na minha opinião, é muito mais
de descarbonização para os próximos forte do que se eu tivesse uma norma,
anos, num sinal de que essas empre- uma lei que impusesse essa mudança
sas buscam um futuro estável dentro de verdade. Na prática, o investidor é
de uma economia sustentável. mais forte que uma lei”, avalia.

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A especialista diz que o Brasil tem Então o que falta ao Brasil? A espe-
uma condição até mais favorável que cialista é taxativa. “Sinceramente, é
a Europa, por exemplo, para promover um olhar mais de política pública inte-
essa transição, uma vez que as princi- grada. A gente não tem um histórico
pais fontes energéticas (hidrelétrica, bom de trazer essas questões de sus-
solar e eólica) do país já são limpas, tentabilidade como diretrizes para a
enquanto o Velho Continente ainda economia brasileira", acrescenta.
depende do carvão e do petróleo. "Na hora em que a gente entender
“Aqui seria mais viável, porque nossa que a gente tem uma vantagem eco-
fonte está pronta. Só que na Europa, nômica se a gente fizer isso, vai ser
por causa da crise geopolítica, como a muito mais fácil de articular as políti-
que acontece agora na guerra Rússia e cas públicas, entender onde precisa
Ucrânia, eles precisaram disponibilizar de regulação, se vai ter troca de veícu-
capital. E o capital apareceu para fazer los efetivamente, quais outras ações a
essa transição para renováveis. Então gente precisa, e aí conseguir materiali-
eles vão trabalhar ao mesmo tempo o zar isso. Se eu continuar olhando para
aumento da matriz de renováveis, por- a economia de uma forma dissociada
que já estão disponibilizando capital, das questões de sustentabilidade, eu
e vão trabalhar com a troca da frota, perco a vantagem comparativa e não
que já é mandatória por lá e tem prazo materializo em competitiva”, finaliza.
para acontecer”, diz Ana Luci Grizzi.

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Medição da bifacialidade dos
módulos fotovoltaicos
dos termos que são utilizados quando
Mendelsson Neves
Pesquisador do LESF da
estamos tratando de módulos bifa-
Unicamp e bolsista de P&D ciais, principalmente quando estamos
da BYD Energy Brasil trabalhando com a IEC 60904-1-2.
Pode parecer trivial, mas é importan-
te conhecer as definições de disposi-

A norma IEC 60904-1:2020 (Pho-


tovoltaic devices - Part 1: Me-
asurement of photovoltaic current-
tivo bifacial, bifacialidade e ganho de
potência devido à irradiância traseira
(conhecido como BiFi) apresentados
-voltage characteristics) descreve os na norma.
procedimentos gerais para a determi- Um dispositivo bifacial é um dispo-
nação da curva I-V e das características sitivo fotovoltaico (célula ou módulo)
elétricas (tensão, corrente e potência) em que ambos os lados são usados
dos módulos fotovoltaicos. para coletar a luz solar.
Em complemento a esse primeiro A bifacialidade é uma propriedade
documento, a publicação IEC 60904- que expressa a relação entre as prin-
1-2:2019 (Photovoltaic cipais características da
devices – Part 1-2: Me- As condições de medição parte traseira e da parte
asurement of current- dos dispositivos bifaciais frontal de um dispositi-
-voltage characteristics devem ser proporcionais vo fotovoltaico bifacial
of bifacial photovoltaic à sua bifacialidade quantificada por coefi-
devices”) trata dos pro- cientes de bifacialidade
cedimentos específicos para lidar com específicos, referenciados em condi-
módulos bifaciais. ções padrão de teste (STC – 1000 W/
Precisamos conhecer as definições m², 25 °C, AM1,5).
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As principais definições de bifacia- adequadas ou em um simulador solar
lidade são: bifacialidade de corrente que pode ter seus níveis de irradiância
de curto-circuito (PIsc); bifacialidade ajustados.
de tensão de circuito aberto (PVoc); Ainda que todos os requisitos sejam
e bifacialidade de máxima potência cumpridos, as condições de medição
(Ppmax) [1]. nunca serão perfeitas, havendo um
O ganho de potência devido à irradi- desvio nas medições – por essa razão
ância traseira (BiFi) indica o acréscimo a IEC 60904-1-2 estabelece desvios
de potência, além daquela obtida em permitidos para obter medições váli-
condições de STC, por unidade de ir- das.
radiância traseira, sendo expresso em Neste artigo, são descritos os pro-
W/Wm2 [1]. cedimentos para a medição das carac-
De forma geral o desempenho de terísticas de corrente e tensão de dis-
dispositivos fotovoltaicos bifaciais em positivos fotovoltaicos. Neste caso, o
uma usina solar depende não apenas experimento aqui realizado foi feito
da irradiância que incide sobre a su- em um módulo bifacial comercial sob
perfície frontal, mas também daque- luz simulada, para a comparação en-
la que incide na superfície traseira do tre os dados obtidos em laboratório e
dispositivo, que é afetada por condi- os mostrados pela fabricante na folha
ções específicas de cada local, como o de dados.
albedo, tamanho da superfície refle-
tiva, estruturas de montagem, eleva- Célula bifacial
ção dos dispositivos e seu ângulo de As células solares bifaciais possuem
inclinação. a propriedade de coletar simultane-
Devido aos fatores citados anterior- amente a radiação incidente na sua
mente, e a fim de obter resultados de parte frontal e na parte traseira. As
medição que possam ser comparáveis, células padrão (monofaciais) coletam
a medição da curva I-V é realizada de a luz apenas em sua parte frontal [2].
modo que seja possível quantificar a Na Figura 1, temos a ilustração da
bifacialidade do dispositivo e o ganho estrutura simplificada de duas célu-
de potência devido à irradiação trasei- las fotovoltaicas do tipo PERC, sendo
ra que ele pode coletar. uma monofacial e a outra bifacial. A
Assim, a bifacialidade torna-se uma principal diferença entre elas é que a
propriedade intrínseca do dispositivo, célula bifacial não recebe a metaliza-
diferentemente das condições especí- ção traseira em toda a sua área, como
ficas do local, como o albedo (medida é feito na célula padrão.
de refletividade de uma superfície).
De acordo com a norma IEC 60904-
1-2, as condições de medição dos dis-
positivos bifaciais devem ser propor-
cionais à sua bifacialidade. Isso pode
ser garantido com o espectro da luz
solar natural desde que em condições Figura 1 - Ilustração simplificada da estrutura de uma
célula padrão e de uma célula bifacial. Fonte: [4]

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Pelo ganho na geração proporcio- fator de forma (FF) e assim por dian-
nado pela bifacialidade, as células te. O sistema usa lâmpada de xenônio
solares bifaciais podem aumentar a como gerador de luz para simular a
densidade de potência dos módulos luz natural do sol para efetuar os tes-
fotovoltaicos em comparação com tes. A classe do simulador solar deve
as células monofaciais, reduzindo os atender a norma IEC 60904-9.
custos relacionados à área das usinas Para o simulador com níveis de irra-
fotovoltaicas. diância ajustáveis com iluminação em
Uma vantagem apresentada pe- um único lado do dispositivo bifacial,
las células bifaciais é a diminuição da deve ser capaz de fornecer níveis de
temperatura de trabalho da célula de- irradiância acima de 1000 W/m².
vido à absorção reduzida de infraver- Os simuladores solares com níveis
melho na ausência da metalização tra- de irradiância ajustáveis com ilumina-
seira de alumínio, além do isolamento ção em ambos os lados, diferente do
térmico proporcionado pela adição anterior, possuem a capacidade adi-
do vidro traseiro do módulo bifacial cional para iluminar simultaneamente
[2]. Por operar em temperaturas mais as faces frontal e traseira do dispositi-
baixas sua potência de saída é aumen- vo bifacial.
tada. No caso de medições de desem-
Para uma maior compreensão dos penho fotovoltaico, quando usados
efeitos combinados da irradiação na simuladores solares independente-
parte traseira dos módulos são ne- mente de sua classe, deve ser quan-
cessários estudos levando em consi- tificada a influência do simulador na
deração todas as variáveis envolvidas medição, conforme definido pela IEC
no processo. Além disso, é importan- 60904-9.
te sabermos caracterizar as células e A não uniformidade da irradiância,
módulos bifaciais com base em um a distribuição espectral e as instabi-
procedimento padrão adotado pelas lidades temporais da irradiância de-
normas para garantir a aceitação mais vem ser medidas para a avaliação da
ampla no mercado dessa tecnologia. incerteza dos simuladores. Esses três
fatores de medição são baseados na
Caracterização dos dispositivos classificação do simulador.
fotovoltaicos Ao ser utilizada a luz natural para tra-
Em laboratório é comum testarmos çar a curva I-V, além dos requisitos ge-
os dispositivos fotovoltaicos em si- rais de medição a serem seguidos na
muladores solares para obter os parâ- norma IEC 60904-1, são necessários
metros elétricos de saída de células e pelo menos dois dispositivos de refe-
módulos fotovoltaicos, como tensão rência fotovoltaicos, para medição do
de circuito aberto (Voc), corrente de nível de irradiância na parte traseira e
curto-circuito (Isc), potência máxima a não uniformidade de irradiância na
(Pmax), tensão máxima (Vm), corrente parte traseira.
máxima (Im), resistência série (Rs), re- Como será utilizada a luz natural e
sistência shunt (Rsh), eficiência (Eff), um traçador de curva em ambiente
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 0
livre, faz-se necessário monitorar a ção de dispositivos fotovoltaicos bifa-
temperatura do módulo, bem como ciais, exceto quando forem tratadas
cuidados devem ser tomados para características próprias relacionadas à
evitar o sombreamento. bifacialidade dos dispositivos.
Ao serem colocados sensores para As condições de medição dos parâ-
medir a temperatura de dispositivos metros da curva I-V para dispositivos
bifaciais tanto na luz natural como em bifaciais são mais complexas, já que
simuladores com iluminação nas duas seus resultados de medição são mais
faces do módulo, deve ser considera- propensos a efeitos devido a condi-
da a análise da incerteza na medição. ções de medição divergentes das con-
Uma alternativa é o uso de um sensor dições de referência.
de temperatura da célula sem conta- Um exemplo em que isso pode ocor-
to. rer é com relação às reflexões parasi-
Para medir as características da cur- tas da parte traseira do dispositivo em
va I-V das superfícies frontal e traseira teste, que aumentam as incertezas.
de dispositivos bifaciais, a contribui-
ção do lado oposto do dispositivo em Determinação da bifacialidade
teste deve ser eliminada completa- Para determinar a bifacialidade do
mente durante a medição, fazendo corpo de prova, os parâmetros elé-
com que o fundo não irradie, confor- tricos da curva I-V dos lados frontal e
me ilustrado na Figura 2. traseiro devem ser medidos em STC,
conforme mostrado na Figura 3. De-
vemos ter um anteparo com um fun-
do não irradiado, que é utilizado para
evitar a iluminação do lado não expos-
to.

Figura 3 - Caracterização da bifacialidade entre


lado frontal e traseiro do módulo. Fonte: [1]
Figura 2 - Esquema de um módulo bifacial e um
anteparo com fundo não irradiante. Fonte: [1]
Um detalhe importante no momen-
Assim, como para os dispositivos fo- to da medição da parte traseira dos
tovoltaicos padrão (monofaciais), os módulos fotovoltaicos é que os cabos
procedimentos de medição descritos podem causar um sombreamento no
na IEC 60904-1 servem para a medi- momento do flash.
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Assim, devem ser seguidas reco- Para uma melhor precisão da medi-
mendações dos fabricantes quanto ção da bifacialidade é recomendável
ao manuseio dos cabos. Caso nenhu- que os testes sejam realizados em di-
ma recomendação específica seja fei- versas amostras para fornecer sua dis-
ta, cada cabo deve seguir um caminho persão.
que minimize o sombreamento das O ganho na geração de energia pro-
células. porcionado pela irradiância traseira,
O parâmetro de bifacialidade da BiFi, do dispositivo bifacial em teste
corrente de curto-circuito (pIsc), é a deve ser determinado em função do
razão entre a corrente de curto-circui- nível de irradiância da parte traseira.
to gerada exclusivamente pela parte Os testes devem ser realizados em
traseira (pISCr) do dispositivo bifacial e STC.
aquela gerada pela parte frontal (ISCf). Para a medição da potência máxima
Ambas as correntes são medidas em (Pmax) do dispositivo fotovoltaico, a
STC. depender do tipo de simulador:
ISCr • Se for um simulador solar com
pISC =
(1) iluminação nos dois lados simul-
ISCf tânea, a irradiância deve ser no
lado frontal igual a Gf=1000 W/
A bifacialidade de tensão de circuito m² e pelo menos dois níveis de ir-
aberto (pvOC), é a razão entre a tensão radiância diferentes na parte tra-
de circuito aberto gerada exclusiva- seira Gr
mente pela parte traseira (vOCr) do dis- • Se for um simulador solar com
positivo bifacial e aquela gerada pela iluminação em apenas um lado,
parte frontal (vOCf ). Ambas as tensões deve ter pelo menos duas irra-
são medidas em STC. diâncias equivalentes no lado
frontal que podemos determinar
vOCr através das seguintes fórmulas:
pvOC = (2)
vOCf Gf = 1000 + p Gr (4)
P =min (p isc p pmax (5)
A bifacialidade da potência máxima
(pPmax), é a razão entre a potência má- Escolhemos o valor mínimo entre
xima gerada exclusivamente pela par- os valores de coeficiente de bifaciali-
te traseira (Pmaxr) do dispositivo bifa- dade de corrente de curto-circuito e
cial e aquela gerada pela parte frontal potência máxima.
(Pmaxf). Ambas as potências são medi- O rendimento de ganho de potência
das em STC. acionada por irradiância traseira, BiFi,
é a inclinação derivada do ajuste line-
Pmaxr ar da série de dados entre a Pmax x Gr
pPmax = (3) Além de BiFi, dois valores especí-
Pmaxf ficos de Pmax devem ser encontrados
PmaxBiFi100 e
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 3
PmaxBiFi100, onde Gr100= 100W/m² e Seguindo o que está descrito na
Gr200=200W/m². norma 60904-1-2, em um primeiro
momento devemos encontrar a bifa-
cialidade do módulo, para depois de-
PmaxBiFi100 = PmaxSTC + BiFi100 (6)
terminarmos o rendimento de ganho
de potência devido à irradiância tra-
PmaxBiFi200 = PmaxSTC + BiFi200 (7)
seira, que abreviamos como BiFi.
A montagem do setup para o teste
Esses dois valores são obtidos atra-
envolve obstruir com um anteparo
vés de uma interpolação linear entre
totalmente escuro o lado oposto em
os valores de Pmax e Gr.
que será testado no flash para que
não possa influenciar no momento do
Experimento e Resultados
teste. Por exemplo, ao testarmos o
Um módulo bifacial comercial foi
lado frontal cobrimos o lado traseiro
utilizado como amostra para atestar
com anteparo, e vice-versa. A Figura 5
a sua bifacialidade e o rendimento
mostra como deve ser feito.
de energia gerado pela bifacialidade
para posterior comparação com os
dados apresentados na folha de da-
dos do fabricante.
A caracterização do módulo foi re-
alizada utilizando um simulador solar
com irradiância variável com ilumina-
ção com somente um lado. O simula-
Figura 5 - Realização do teste de flash em módulos
dor solar da série Gsolar XJCM-11A+ bifaciais
de classe A+A+A+ foi ajustado para
fornecer as irradiâncias de acordo Devemos determinar a bifacialida-
com a norma. de do módulo bifacial através da me-
dição do teste de flash da sua parte
frontal e da sua parte traseira em STC.
Na Figura 6, temos o traçado da cur-
va I-V de ambos os lados do módulo.
E as características elétricas estão na
Tabela 1.

Figura 4 - Simulador Gsolar XJCM-11A, classe Figura 6 - Curvas I-V e P-V da amostra
A+A+A+. Fonte: LESF/UNICAMP

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 4


R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 5
Tabela 1 - Características elétricas do lado frontal e traseiro da amostra
LADO FRON-
LADO TAL DO MÓ-
FRONTAL DO MÓDULO
DULO

Voc(V) Vmpp(V) Isc(A) Impp(A) Pmax(W) n(%)

49,96 41,49 11,21 10,68 443,48 20,25

LADO FRON-
TAL DO MÓ-
LADO TRASEIRO DO MÓDULO
DULO

Voc(V) Vmpp(V) Isc(A) Impp(A) Pmax(W) n(%)

49,53 43,21 7,96 7,09 306,72 14,00

Podemos comparar os dados obtidos após o teste de flash com o da folha de


dados do módulo da Figura 7. Ao compararmos os dados, vemos que os dados
elétricos são bem próximos com uma baixa diferença aceitável.

Figura 7 - Características elétricas do módulo testado em STC destacado referente a parte frontal

Com os valores de corrente, tensão e potência podemos calcular os fatores de


bifacialidade dessas características elétricas do módulo aplicando nas Equações
1, 2 e 3.
Tabela 2 - Bifacialidade da amostra
pISC 71%
pVOC 99,13%
pPMAX 69,16%

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 6


Dos dados de bifacialidade encon- teste apresenta iluminação em ape-
trados podemos ver que a tensão de nas um lado do módulo, podemos uti-
circuito aberto permanece quase que lizar as Equações 4 e 5, para determi-
a mesma para ambos os lados do mó- narmos a irradiação equivalente que
dulo. Visto que a tensão depende da deve ser aplicada ao lado frontal para
temperatura, essa acaba permane- simular o ganho de potência do lado
cendo a mesma. traseiro.
As maiores mudanças são na corren- Para isso calculamos os valores e in-
te e potência, que variam pela carac- serimos na Tabela 3, com os valores
terística de produção da célula, além de potência máxima sendo medidos
dos demais materiais, como o encap- de acordo com a irradiância frontal
sulante e o vidro traseiro, que pos- ajustada. Com os dados obtidos da Ta-
suem características diferentes do bela 3, podemos determinar por inter-
frontal. polação linear os valores de BiFi100 e
Como o simulador utilizado para o BiFi200 através das Equações 6 e 7.

Tabela 3 - Potência máxima medida em diferentes irradiâncias


traseiras e frontais baseadas no ganho do lado traseiro do módulo

Para uma melhor visualização dos dados podemos plotar o gráfico mostrado
na Figura 8, levando em consideração as potências máximas obtidas no teste e
as irradiâncias equivalentes, podendo ser realizada a interpolação linear é obtida
a reta do BiFi.
O módulo de amostra apresenta a
potência na etiqueta de 440 Wp, e na
folha de dados do fabricante somente
em um módulo da família tem seu ga-
nho de bifacialidade indicado, sendo o
módulo de potência de 435 Wp, como
destacado na Figura 9. Podemos ver
que a bifacialidade descrita na folha
Figura 8 - Gráfico da potência máxima como uma
função do nível de irradiância traseira ou da irradiância de dados do módulo condiz com a do
frontal sendo considerada a bifacialidade de 0,7 teste realizado em laboratório.
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 47
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 4 8
Figura 9 - Características elétricas com diferentes ganhos de potência do lado traseiro (módulo de referência
435 Wp lado frontal)

Montando a tabela com os dados obtidos dos testes de flash do módulo de


amostra temos a seguinte Tabela 4.

Tabela 4 - Características elétricas do módulo quando considerado o


ganho do lado traseiro

Potência máxima - Pmax(W) 454,3 469,2 482,64 495,29 510,06

Tensão de potência máxima - Vmpp(V) 42,49 42,50 42,68 42,79 42,76

Corrente de potência máxima - Impp(A) 10,69 11,04 11,31 11,57 11,93

Tensão de circuito solar - Voc(V) 50,14 50,23 50,29 50,34 50,42

Corrente de curto-circuito - Isc(A) 11,42 11,80 12,16 12,50 12,87

Ganho de potência 2% 6% 9% 12% 15%

Neste teste, podemos atestar os do. Além disso, não há como saber em
critérios de bifacialidade em módulo quais irradiâncias traseiras a fabrican-
comercial de amostra, podemos ver te realizou o teste.
como é realizado o processo de ob-
tenção dos coeficientes de bifaciali- Referências Bibliográficas
dade através da norma IEC 60904-1-2 [1] IEC TS, “Photovoltaic Devices - Part 1-2:
Measurement of Current-Voltage Characteris-
em condições de laboratório, sendo tics of Bifacial Photovoltaic (PV) Devices”. IEC,
essas as medidas elétricas que são co- 2019.
locadas nas folhas de dados dos fabri- [2] R. Guerrero-Lemus, R. Vega, T. Kim, A.
cantes de módulos. Kimm, e L. E. Shephard, “Bifacial solar photo-
voltaics – A technology review”, Renewable and
O módulo de teste apresentou a Sustainable Energy Reviews, vol. 60, p. 1533–
mesma bifacialidade atestada em sua 1549, jul. 2016, doi: 10.1016/j.rser.2016.03.041.
folha de dados. Entretanto, como o [3] “GSOLAER POWER CO.,LTD|Products”.
módulo de teste é de potência dife- http://www.gsolar.cn/page_en/p_XJCMS.html
(acessado 9 de novembro de 2022).
rente do detalhado na folha de da- [4] Calculating the additional energy yield of
dos, o ganho não pode ser compara- bifacial solar modules, SolarWorld
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 49
Resolução 1.055 da ANEEL cria zonas de
exclusão para centrais geradoras

Luiza Melcop
Sócia advogada do
linhas de conexão. Tal motivo foi ex-
escritório Cortez Pimentel
Advogados posto no voto de aprovação do texto
da resolução.
Para atingir esse objetivo, a ANEEL

N o dia 3 de janeiro deste ano, foi


publicada no DOU (Diário Oficial
da União) a Resolução Normativa nº
criou a figura da ADS (Área de Desen-
volvimento de Subestação), conceitu-
ada como “uma área circular, com 2
1.055/2022 da ANEEL (Agência Nacio- km de raio medido a partir do centro
nal de Energia Elétrica. geométrico ao redor de uma subesta-
As alterações promovidas nas Regras ção de transmissão integrante da rede
de Transmissão conferem tratamento básica ou demais instalações de trans-
regulatório relacionado ao ilhamento missão – DIT, na qual não poderão ser
de subestações da Rede Básica e das construídas centrais geradoras”.
DITs (Demais Instalações De acordo com a Agên-
de Transmissão). A regulamentação cia, os limites do raio po-
Segundo a Agência, o afetará tanto as centrais dem ser alterados, para
objetivo da regulação é geradoras da geração mais ou para menos, a
evitar a dinâmica de ex- centralizada quanto da depender de decisão de
pansão das centrais de geração distribuída planejamento aprovada
geração que cercam as pela ANEEL.
subestações, impedindo a realização Tendo em vista que a ADS está rela-
de novos acessos por outros usuários cionada à rede de transmissão, a regu-
ou criando conflitos entre traçados de lamentação afetará tanto as centrais
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 50
geradoras da geração centralizada ções entram em vigor.
quanto da geração distribuída. A partir desse marco, as transmisso-
Nesse último caso, basta considerar ras têm a obrigação de disponibilizar
a hipótese de o parecer de acesso da aos acessantes as coordenadas geo-
minigeração emitido pela distribuido- gráficas das ADS no processo de assi-
ra indicar como alternativa de menor natura do CCT (Contrato de Conexão
custo global a conexão da central nos às Instalações de Transmissão) [1].
ativos de fronteira com a rede básica Para as outorgas de geração solici-
ou em DIT, devendo ser, com isso, ob- tadas à agência reguladora até 1º de
servada a obrigação de não interferên- abril de 2023, os geradores passam a
cia da central de minigeração na ADS. ter a obrigação de declarar que a im-
Assim, para os projetistas das cen- plantação das centrais de geração não
trais geradoras é importante estar afeta a ADS [2].
atento à possibilidade de mudança no Por outro lado, para as outorgas de
traçado da linha de conexão às subes- geração já emitidas com obras não ini-
tações da Rede Básica para evitar in- ciadas ou ainda em fase de constru-
terferências com o raio da ADS. ção, e cujas soluções de conexão in-
A Resolução 1.055/2022 prevê que a terfiram no raio da ADS, o traçado do
fixação da ADS para subestações no- acesso poderá ser mantido somente
vas, ou existentes, ocorrerá a partir de se houver CUST (Contrato de Uso do
1º de abril de 2023. Ou seja, somente Sistema de Transmissão) assinado até
a partir desta data que as determina- 1º de abril de 2023.

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R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 51


Nessa hipótese, haverá somente a plexo uso fundiário no entorno das
obrigação de comunicação da interfe- subestações.
rência nas zonas de ADS no prazo de Esse equilíbrio regulatório faz lem-
60 dias [3]. Além disso, o ONS (Opera- brar de um caso julgado monocrati-
dor Nacional do Sistema Elétrico) se camente pela Diretoria da ANEEL em
torna responsável pela resolução de março de 2022 [4] em que duas cen-
conflitos em relação à aprovação de trais geradoras levaram controvérsia à
traçados de linhas de transmissão no Agência sobre o conflito entre traça-
âmbito da ADS. dos de linhas de transmissão de inte-
Por exemplo, no caso dos projetos resse restrito de dois projetos de ge-
que não tenham CUST assinado até ração no estado de Roraima.
1º de abril de 2023, mas haja projeto Por mais que o problema tenha se
básico do traçado de conexão da cen- resolvido de forma amigável entre
tral geradora envolvendo a passagem as centrais geradoras, o caso expôs a
no interior do raio da ADS, deverá ser necessidade de revisão das margens
avaliada a conveniência da aprovação de ocupação dos projetos em um am-
da solução de conexão ou a exigência biente de implantação de centrais de
do atendimento à obrigação regulató- geração, que se torna cada vez mais
ria. competitivo.
Da forma como foi elaborada a Re-
Referências
solução Normativa nº 1.055/2022, ob- [1] Itens 2.3.3 e 2.3.4 da Seção 3.1 das Regras
serva-se que o foco da regulação será de Transmissão – Módulo 3
evitar o fenômeno do ilhamento de [2] Alínea “x” do item 2.9 da Seção 5.1 das Re-
subestações, no entanto, respeitan- gras de Transmissão – Módulo 5
[3] Item 2.7.1 da Seção 5.1 das Regras de
do-se certa margem de flexibilidade Transmissão – Módulo 5 e art. 7º da Resolução
nesse regramento, justamente em ra- Normativa nº 1.055/2022
zão da ciência do regulador do com- [4] Doc.SIC.ANEEL nº 48575.001328/2022-00

Fonte: Canal Solar


R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 52
Eficiências EURO e CEC dos
inversores solares
EURO ter sido desenvolvida em 1990,
Geyciane Pinheiro
Pesquisadora do LESF da
a primeira norma de eficiência para
Unicamp e pesquisadora de inversores fotovoltaicos foi publica-
P&D da BYD Energy Brasil da apenas em 1999, chamada de IEC
61683:1999 e com o título: Photovol-
taic systems - Power conditioners -

Q uando falamos em eficiência de


inversores fotovoltaicos, exis-
tem três normas principais que tratam
Procedure for measuring efficiency e
apresenta apenas a metodologia para
o desenvolvimento de eficiência para
desse assunto: IEC 61683:1999, CEC inversores conectados à rede – na
(California Energy Comission) e EN qual, basicamente é necessária uma
50530:2010. base de dados de irradiância do local
No decorrer deste texto vamos ex- estudado para que a equação seja de-
plicar como foram desenvolvidas as senvolvida.
eficiências EURO, CEC e outras efici- Como dito, apesar de ter sido desen-
ências. volvida em 1990, a nor-
EURO e CEC são as mais
eficiência EURO foi de- ma IEC 61683:1999 não
conhecidas, mas existem
senvolvida a partir de um mais de 15 eficiências
publicou a equação da
artigo publicado em 1990 desenvolvidas no mundo eficiência EURO, apenas
para a cidade de Trier, na acadêmico a metodologia para de-
Alemanha. Por esse moti- senvolver qualquer efici-
vo, é chamada de eficiência europeia, ência.
visto que foi elaborada para uma cida- Em 2005, a Comissão de Energia da
de da Europa. Califórnia (CEC) publicou o procedi-
Apesar da equação da eficiência mento de ensaio para inversores foto-
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 53
voltaicos para a Califórnia. Nela, consta a equação da eficiência EURO que foi
desenvolvida em 1990, porque já estava sendo popularizada por meio de artigos
e sendo utilizada comercialmente. Porém, a CEC analisou que a eficiência EURO
não representava o perfil de irradiância da Califórnia. Para verificar como os ela-
boradores da CEC chegaram a esse raciocínio, os próximos parágrafos explicarão
a equação da eficiência EURO.
Como dito, através do perfil de irradiância de uma cidade na Alemanha, a efici-
ência EURO foi desenvolvida, a equação é apresentada:
NEURO =0,03Nconv 5%+ 0,06Nconv 10%+ 0,13N conv 20%+ 0,10N conv 30%+ 0,48N conv 50%+ 0,20N conv 100% (1)

A equação é explicada através de:


NEURO =peso *Nconv (carregamento do inversor, ex,: 5%)+ peso *Nconv (carregamento do inversor, ex,: 10%)+ ...+...

• O peso é desenvolvido através da quantidade de tempo que o inversor ope-


ra em um nível específico da base de dados de irradiância de cada local;
• A eficiência de conversão é a potência de saída dividida pela potência de
entrada;
• O carregamento representa a potência do inversor.
Para facilitar o entendimento da Equação (1) podemos observar a Tabela 1:

TABELA 1 - PESOS E CARREGAMENTOS DA EFICIÊNCIA EURO

Peso EURO 0,03 0,06 0,13 0,10 0,48 0,20

Carregamento 5 10 20 30 50 100

EURO (%)

É possível verificar que a eficiência EURO considera os carregamentos de 5%,


10%, 20%, 30%, 50% e 100% (os carregamentos são percentuais da potência
nominal do inversor).
Neste contexto, a CEC observou na base de dados de irradiância da cidade de
Sacramento, na Califórnia, que o carregamento de 5% era irrelevante para essa
região. Também verificou-se que o carregamento de 75% não era considerado
na eficiência EURO.
Dentro dessas considerações mencionadas, a CEC desenvolveu sua própria efi-
ciência através da mesma metodologia da eficiência EURO que foi apresentada
na IEC 61683:1999.
A fórmula do cálculo da eficiência CEC é apresentada na Equação 2 e explicada
na Tabela 2.
NCEC =0,04Nconv 10%+ 0,05Nconv 20%+ 0,12N conv 30%+ 0,21N conv 50%+ 0,53N conv 75%+ 0,05N conv 100% (2)

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 54


R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 55
TABELA 2 - PESOS E CARREGAMENTOS DA EFICIÊNCIA EURO.

Peso CEC 0,04 0,05 0,12 0,21 0,53 0,05

Carregamento CEC (%) 10 20 30 50 75 100

Dessa forma, percebe-se que a EURO t


foi desenvolvida para lugares de baixa Pca(t) dt
irradiância e a eficiência CEC para lu- Nconv = 0
t
gares que possuem maiores irradiân-
cias, visto que a eficiência CEC consi- Pca(t) dt
dera que 53% do tempo da irradiância 0
permanece em 75% de potência do
inversor fotovoltaico, 21% do tempo
da irradiância em 50% da potência do
inversor fotovoltaico e desconsidera o
carregamento de 5% que a eficiência
EURO utiliza. Figura 1 - Eficiência de conversão
Voltando para as normas, foram men- Eficiência do SPMP (ou MPPT): a ra-
cionadas a primeira IEC 61683:1999, a zão entre a energia de entrada CC e o
segunda CEC:2005 e, por fim, a norma valor teórico do ponto de máxima po-
EN 50530:2010, que é considerada a tência:
t
maior referência quando o assunto é
eficiência de inversores fotovoltaicos, Pcc(t) dt
visto que a norma engloba todas as 0
Nspmp= t
outras que foram mencionadas e adi-
ciona informações. Pmp(t) dt
0
A EN 50530:2010 acrescenta o con-
ceito de eficiência total, que é o pro-
duto da eficiência de conversão e a
eficiência do seguimento do ponto de
máxima potência (SPMP).
Para não haver dúvidas, apresenta-
-se abaixo um resumo das diversas de- Figura 2 - Eficiência do SPMP
finições de eficiências para inversores
existentes: Eficiência total: produto da eficiên-
Eficiência de conversão: a razão en- cia de conversão e eficiência do SPMP.
tre a energia de saída em corrente al- Ou ainda, a razão entre a energia de
ternada (CA) e a energia de entrada saída CA e o valor teórico do ponto de
em corrente contínua (CC): máxima potência:

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 56


Portanto, a diferença entre as equa-
ções que a EN 50530:2010 apresenta
para IEC 61683:1999 e CEC é apenas a
eficiência total. As equações são apre-
sentadas não mais como eficiência de
conversão, mas sim como eficiência
total.
Figura 3 - Eficiência total
t
Pca(t) dt
0
Ntotal = Ntspmp . Nconv = t
Pmp(t) dt
0
NEURO =0,03Ntotal 5%+ 0,06Ntotal 10%+ 0,13N total 20%+ 0,10N total 30%+ 0,48N total 50%+ 0,20N total 100% (1)
Ncec =0,04Ntotal 10%+ 0,05Ntotal 20%+ 0,12N total 30%+ 0,21N total 30%+ 0,53N total 75%+ 0,05N total 100% (2)

Teste de eficiência com simulador solar


O simulador solar é uma fonte eletrônica programável, capaz de reproduzir o
comportamento da curva I-V de uma string ou um arranjo fotovoltaico.
A norma EN 50530:2010 é a mais utilizada e também é a maior referência para
ensaios de eficiência de inversores fotovoltaicos conectados à rede, portanto, as
fontes fotovoltaicas possuem um módulo interno com as regras da norma. A Fi-
gura 4 mostra um exemplo de tela de configuração do simulador solar TerraSas.

As seguintes configurações são feitas


no simulador solar:

1. Parâmetro do módulo fotovol-


taico de acordo com a norma EN
50530:2010;
2. Tecnologia do módulo: cSi (silício
cristalino) ou filme fino;
3. A potência do módulo fotovoltai-
co de acordo com a potência no-
minal do inversor fotovoltaico;
4. Os carregamentos normativos de
Figura 4 - Configuração do software TerraSas para
o ensaio de eficiência de inversores fotovoltaicos 5%, 10%, 20%, 25%, 30%, 50%,
conectados à rede de acordo com a norma EN 75% e 100%;
50530:2010. Fonte: LESF/UNICAMP
5. As tensões nominais, mínimas e
máximas.
R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 57
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O teste é executado por 10 minutos local onde o inversor é utilizado.
de coleta de dados em cada carrega- Como exemplo, é possível analisar
mento normativo exigido e também que a eficiência CEC representa me-
realizado nas tensões mínima, nomi- lhor regiões de maiores irradiâncias
nal e máxima. Após a coleta de dados visto os carregamentos e os pesos
é possível aplicar os valores nos equa- considerados. Para lugares com irra-
cionamentos das eficiências EURO e diâncias menores, a eficiência EURO
CEC. pode ser mais representativa.
Dessa forma, é possível explicar que Como é a mais antiga e mais conhe-
o ensaio do teste de eficiência é o cida, as folhas de dados apresentam
mesmo para qualquer eficiência já de- apenas a eficiência EURO, enquanto a
senvolvida ou alguma nova eficiência eficiência CEC é usada apenas no mer-
que venha a ser proposta. A diferença cado norte-americano.
dos valores da eficiência acontece na No Brasil, não existe uma definição
aplicação da equação de cada uma. A de eficiência aceita oficialmente. Con-
diferença será no peso utilizado para siderando que a eficiência CEC é mais
cada carregamento e quais carrega- adequada para locais com elevados ní-
mentos serão utilizados. veis de irradiância, esta seria mais ade-
Vale comentar que as eficiências quada do que a eficiência EURO para
EURO e CEC são as mais conhecidas classificar os inversores comercializa-
comercialmente, porém, existem mais dos no mercado brasileiro.
de quinze eficiências desenvolvidas no Em breve será apresentada uma
mundo acadêmico com o objetivo de dissertação de mestrado que valida e
que cada eficiência possa representar propõe um método de cálculo para a
melhor a eficiência de acordo com o eficiência brasileira de inversores.

R EV ISTA CAN AL SOLAR 2 0 2 2 - Nº 1 4 | 59


Governo alemão fomenta energia solar
com programa de incentivos
Outro ponto esperado é que o país
Daniele Haller
Jornalista correspondente
cumpra sua promessa com o Acordo
na Alemanha Climático de Paris, que inclui objetivos
como o limite de aquecimento global
a 1,5ºC e diminuir a dependência dos
combustíveis fósseis.

O governo da Alemanha iniciou o


ano de 2023 com medidas im-
portantes para fomentar o mercado
As ações do governo alemão des-
tacam a importância que o país dá
para o fomento das renováveis, prio-
de energias renováveis. Desde 1º de rizando leis para energias renováveis,
janeiro deste ano estão valendo as expandindo a energia eólica e solar e
novas regras de isenção de impostos isentando de impostos os sistemas fo-
definidas pela EEG (Erneuerbare Ener- tovoltaicos.
gien Gesetz - Lei de Energias Renová- A Alemanha toma estas medidas
veis, em português). porque, segundo o Ministério Federal
Com a medida, a Alemanha acelera dos Assuntos Econômicos e da Pro-
o passo para alcançar o teção Climática, as ener-
objetivo de 80% de con- Lei das Fontes de gias renováveis são um
sumo de eletricidade re- Energias Renováveis de pilar central da transição
novável até 2030. 2023 acelera a expansão energética no país.
A expectativa é que a da energia solar na Fatos como o conflito
iniciativa contribua para Alemanha entre Rússia e Ucrânia
o aumento significativo da expansão mostram a importância da indepen-
de sistemas fotovoltaicos e projetos dência do país com relação à importa-
eólicos. ção de energias fósseis e, na avaliação
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do governo alemão, isso só será pos- Com as novas regras, desde janeiro
sível por meio de uma transição ener- de 2023 a compra de sistemas foto-
gética baseada em fontes renováveis. voltaicos até 30 kW e de sistemas de
armazenamento fotovoltaico está su-
Alemanha: foco em renováveis jeita a 0%, ou seja, isenção total de im-
Em setembro de 2022, o chanceler posto sobre o IVA e Imposto de Renda,
alemão Olaf Scholz afirmou durante o na entrega, compra e instalação. Até o
debate orçamental no Parlamento do fim do ano passado, essa alíquota era
país que o futuro do abastecimento de 19%.
energético pertence à energia eólica, A mesma regra também será válida
à solar e ao hidrogênio verde. para os sistemas de armazenamento
Em 2022, foram instalados 7 GW de de eletricidade, assim como todos os
sistemas fotovoltaicos, e, para este outros componentes relacionados ao
ano, o objetivo do governo alemão é funcionamento do sistema fotovoltai-
que esse número alcance a marca de co.
9 GW de potência instalada. Importante ressaltar que, dentre as
Ainda segundo projeções da Alema- mudanças, também foi definida uma
nha, o país deve instalar nos próximos potência máxima de 30 kW por siste-
anos 22 GW anualmente, atingindo ma em instalações residenciais e, em
215 GW em potência solar em 2030. caso de edifícios de apartamentos ou
E, em uma visão mais ampla de am- propriedades utilizadas para fins co-
pliação da matriz com foco em reno- merciais mistos, o limite foi estabele-
váveis, o governo alemão espera que, cido em até 100 kW.
até 2030, cerca de 600 TWh devam Segundo o Ministério Federal das
ser gerados anualmente, em compa- Finanças, a isenção fiscal também se
ração com os 240 TWh atuais. aplica na reparação de peças defeitu-
osas no sistema fotovoltaico, assim
Como são as novas regras para como a adição de novos módulos a
sistemas fotovoltaicos em 2023? uma instalação já existente.
Na Alemanha, existem três princi- No entanto, a reparação de instala-
pais impostos sobre as instalações fo- ções sem a necessidade de reposição
tovoltaicas: de peças está sujeita à cobrança de
• Imposto sobre o volume de negó- 19% de imposto sobre o serviço.
cios (equivalente ao imposto so- Para quem deseja instalar uma cen-
bre o valor acrescentado - IVA); tral fotovoltaica apropriada para va-
• Imposto sobre o rendimento / im- randas ou jardins, também poderá se
posto de renda; e, beneficiar das novas regras de isen-
• Imposto sobre a comercialização. ção.
As novas mudanças devem benefi-
A lei que passou a vigorar neste ano ciar não apenas o consumidor final,
no país influencia diretamente o im- mas também as empresas responsá-
posto sobre o valor acrescentado e o veis pelas instalações de sistemas fo-
imposto de renda. tovoltaicos.
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A Saar Solar Kontor GmbH, localiza- alta, atualmente. Hoje, o prazo de
da no Sudoesta da Alemanha, no esta- instalação já é de pelo menos 6 me-
do do Sarre, é uma empresa instalado- ses após o recebimento do pedido.
ra com cerca de 15 funcionários que O uso local da energia solar gerada
projeta e instala pequenos, médios e é de longe a melhor e mais amigável
grandes sistemas de telhados fotovol- ao meio ambiente para a geração de
taicos. eletricidade. Quase não há perdas de
A empresa instala por ano cerca de conversão, não há impacto na rede e
4000 kWp em sistemas fotovoltaicos, não há emissões de qualquer tipo”,
além de unidades de armazenamento completa.
de eletricidade, wallbox, assim como Segundo Heiner Frauer, a Alemanha
bombas para o aquecimento de água está indo na direção ideal para al-
e centrais para calefação. cançar seus objetivos na geração de
Heiner Frauer, gerente de Produtos energia limpa. "A simplificação das
da Saar Solar Kontor, acredita que as regulamentações de distribuição e
novas regras devem trazer um bom isenções fiscais aproximará muito
retorno para o setor solar. mais a Alemanha do objetivo de uma
“A nova regulamentação é mui- transição 100% limpa. Além disso,
to positiva. A geração de 15 estamos trabalhando em prol
GWh a 20 GWh por ano foi de uma grande autonomia
estabelecida como meta energética diante da ter-
para os próximos anos. rível guerra que a Rússia
Além disso, estão sendo provocou no meio da
aprovadas regulamenta- Europa. Não ter que
ções que há muito tem- depender de carvão,
po se faziam necessárias petróleo e gás natural
no direito tributário, o importados, no futuro,
que no passado resultou em será uma vantagem decisiva
uma burocracia absurda e Heiner Frauer
na competição internacional
completamente excessiva”, Gerente de Produtos da entre países”, acrescenta.
comenta Frauer. Saar Solar Kontor “Nós da Saar Solar Kontor
Sobre de que forma a nova GmbH estamos trabalhando
EEG 2023 pode afetar positivamente quase 24 horas por dia para atingir
as empresas do setor fotovoltaico, estes objetivos. As novas normas le-
Heiner Frauer afirmou que o país está gais são absolutamente úteis e bem-
no caminho certo. “A instalação de -vindas aqui! As atuais decisões políti-
sistemas distribuídos de energia solar cas em Berlim e no Ministério Federal
de pequeno e médio porte (até 30 de Economia, em particular, são
kWp) será significativamente simplifi- medidas para um futuro de paz inter-
cada na Alemanha”, disse. nacional, pois se cada país produzir
“Como resultado, a demanda está sua própria energia, pelo menos, não
aumentando de forma exponencial, haverá mais guerras por conta das
mesmo que já seja extremamente fontes de produção de eletricidade",
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conclui o gerente da Saar Solar Kon- nam-se a reforçar os incentivos para a
tor GmbH. expansão da energia solar.
Em julho de 2022, Robert Habeck,
Distribuição de energia Ministro Federal de Assuntos Econô-
Ainda de acordo com as novas re- micos e Proteção Climática, citou em
gras, a geração distribuída de energia comunicado publicado pelo governo:
em residências, ou de uso comercial, "Em vista do agravamento da crise
será isenta de impostos, com limite de climática e da guerra de agressão rus-
potência máxima de até 30 kW. sa contra a Ucrânia, as energias reno-
Já em caso de residências comparti- váveis se tornaram uma questão de
lhadas, multi-propriedade, ou de uso segurança nacional e europeia. É por
misto, a potência não deve exceder isso que fizemos todos os esforços
15 kW por cada unidade residencial ou para melhorar significativamente as
comercial da propriedade. condições estruturais para as energias
Ainda de acordo com o Ministério Fe- renováveis.(...) E a partir de sábado, as
deral das Finanças, a isenção também taxas de compensação mais altas para
se aplica às instalações existentes. sistemas fotovoltaicos em telhados
Porém, os proprietários de instala- entrarão em vigor. Isto envia um sinal
ções que injetam eletricidade na rede claro ao mercado e dá à energia solar
pública devem, obrigatoriamente, re- um impulso decisivo. Todos nós pre-
alizar seu registro na repartição fiscal cisamos avançar com a expansão das
competente para serem beneficiados energias renováveis de uma maneira
com a Lei de Imposto sobre o Valor espirituosa e consistente".
Acrescentado. Até julho de 2022, a tarifa feed-in
para sistemas fotovoltaicos com uma
Taxas de remuneração mais ele- potência de 1 kW a 10 kW era exata-
vadas para feed-in mente de 0,0623 centa-
A tarifa feed-in é um pa- Uma das determinações vos de euro por kWh, o
gamento subsidiado fixo Do governo alemão é o que inclui a maioria dos
ao proprietário do siste- aumento da remuneração sistemas fotovoltaicos
ma de geração, garanti- para proprietários de instalados em casas.
do pelo Estado que tem sistemas fotovoltaicos que Para sistemas fotovol-
como objetivo principal injetam energia na rede taicos com uma capacida-
reforçar os incentivos à pública de de 10 kW a 40 kW, o
expansão do setor fotovoltaico. valor aplicado era de 0,0606 centavos
Uma das determinações impostas de euro, e para sistemas com potên-
pelo governo alemão para este ano cia de 40 kW a 100 kW, a taxa era de
é a determinação do aumento da re- 0,0474 centavos por kWh de energia
muneração para proprietários de sis- solar distribuída na rede pública.
temas fotovoltaicos que injetam ener- Como parte das modificações da
gia na rede pública. nova lei, os proprietários poderão es-
Segundo o Governo Federal, as ta- colher entre dois novos modelos de
xas de remuneração mais altas desti- tarifa de remuneração feed-in: mode-
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lo de autoconsumo ou de injeção to- pensadas pelo EKFG, fundo especial
tal. do governo federal “Fundo de Ener-
No autoconsumo, o proprietário ali- gia e Clima”, com base legal na Lei do
menta a rede de eletricidade apenas Imposto sobre o Volume de Negócios
com o excedente de energia solar que UStG 2 (novo parágrafo 3 no §12 d).
o seu sistema fotovoltaico produziu, Criado em 1 de janeiro de 2011, o
podendo receber até 8,2 centavos de EKFG foi desenvolvido com a finalida-
euro por kWh, 25% a mais do que a de de investir em programas direcio-
tarifa anterior, segundo dados da "Fi- nados ao investimento no setor de cli-
nanztest", revista especializada em te- ma e energias renováveis.
mas como fundos de investimento e “(..)O fundo especial deve permitir
direito na Alemanha. despesas adicionais do programa para
No modelo de injeção total, o pro- promover um fornecimento de ener-
prietário da instalação solar pode op- gia e proteção climática ecológicos,
tar por alimentar a rede pública com fiáveis e acessíveis. Além disso, todas
toda energia gerada pelo seu sistema, as despesas do programa para o de-
por uma tarifa de até 13 centavos de senvolvimento da eletro mobilidade
euro por kWh. devem ser combinadas no fundo es-
pecial. O fundo especial pode ser uti-
Viabilização da redução de im- lizado para financiar medidas nas se-
postos guintes áreas:
A nova isenção fiscal foi criada pelo Eficiência energética, energias reno-
governo alemão e é possível graças ao váveis, tecnologias de armazenamen-
regulamento recentemente criado na to de energia e de rede, remodelação
Diretiva Europeia do IVA, o qual a Ale- de edifícios energeticamente eficien-
manha é o primeiro país a implantar o tes, proteção do clima a nível nacional,
modelo. proteção internacional do clima e do
As necessidades de financiamento ambiente e desenvolvimento da ele-
das energias renováveis serão com- tromobilidade" (Fonte: LDFA).

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Traçando um
paralelo entre a
Alemanha e o Brasil
Para entender sobre a atual situação
do mercado fotovoltaico brasileiro
com relação aos incentivos, o Canal
Solar entrevistou Rodrigo Sauaia,
Presidente Executivo da ABSOLAR
(Associação Brasileira de Energia
Solar Fotovoltaica).
O executivo fez um paralelo sobre
a viabilização do modelo alemão de
incentivos à instalação de sistemas Rodrigo Lopes Sauaia
solares no Brasil. Presidente Executivo ABSOLAR (Arquivo ABSOLAR)

Canal Solar: Com relação aos impostos, qual o atual cenário


para quem deseja instalar sistemas fotovoltaicos no Brasil?
Rodrigo Sauaia: O sistema tributário brasileiro é considerado um dos
mais complexos do mundo, o que representa um desafio para empre-
endedores e consumidores, mas também abre espaço para possíveis
incentivos e desonerações em favor da energia solar fotovoltaica.
Um sistema fotovoltaico comercializado no Brasil passa por diversas
etapas de tributação até chegar ao consumidor final. Temos impostos
com diferentes origens e destinações.
Os impostos federais são arrecadados pelo Governo Federal e pela
Receita Federal do Brasil e incluem o imposto de Importação, o IPI (Im-
posto sobre Produtos Industrializados), o Cofins (Contribuição para Fi-
nanciamento da Seguridade Social) e o PIS/Pasep (Programas de Inte-
gração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público).
Os impostos estaduais, por sua vez, são arrecadados diretamente por
cada uma das 27 unidades da federação (estados e distrito federal),
podendo ter alíquotas diferentes entre os estados.
No comércio de bens — componentes, partes, peças, equipamentos
e sistemas — e serviços, destaca-se o ICMS (Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação).

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Por fim, também há impostos muni- limitações por ser baseado em regu-
cipais cobrados sobre os serviços pres- lamentação defasada, que limita seus
tados por empresas, de acordo com o benefícios a sistemas com potência
município de origem da empresa pres- instalada de até 1 MW e não abrange
tadora de serviço, em especial o cha- adequadamente a geração comparti-
mado ISSQN (Imposto Sobre Serviços lhada no SCEE (Sistema de Compensa-
de Qualquer Natureza), cuja alíquota ção de Energia Elétrica).
mais usual é de 5%, mas que varia de Estes pontos precisam ser aprimo-
acordo com o município em questão. rados para que os benefícios tributá-
Diante de tamanha complexidade, rios estejam alinhados à nova Lei nº
a ABSOLAR atua ajudando seus asso- 14.300/2022 e sua regulamentação,
ciados a navegar pelo emaranhado tri- ainda em curso.
butário brasileiro, bem como trabalha O Brasil precisa construir sua traje-
para proporcionar à fonte solar me- tória de transição ecológica com base
lhores condições tributárias e acesso a no conhecimento tradicional e cientí-
desonerações e benefícios fiscais que fico. A emergência climática se impõe,
contribuem para acelerar a democra- e a ciência não deixa margem para dú-
tização e o amplo acesso à energia so- vidas: o aquecimento global é inequí-
lar no Brasil. voco, promovido pelo atual padrão de
produção e consumo, com resultados
O modelo de isenção de cada vez mais catastróficos.
impostos seria uma possibilidade Os custos de não enfrentar o pro-
para avançar o setor solar no blema climático são inaceitáveis, com
Brasil e, consequentemente, o projeções de forte redução do PIB,
crescimento dentro das energias perdas expressivas na produção nacio-
renováveis em geral? nal no médio prazo e, principalmente,
O Convênio ICMS nº 101/1997 con- a perda de vidas e o sofrimento huma-
cede isenções do tributo estadual. no, somado às constantes tragédias
Contudo, ele não abrange todos os ambientais.
equipamentos utilizados em um sis- Nosso compromisso será cumprir,
tema fotovoltaico. O inversor é um de fato, as metas de redução de emis-
exemplo de equipamento essencial são de gás carbono que o país assumiu
que ainda não é contemplado direta- na Conferência de 2015 em Paris e ir
mente por este convênio. além, garantindo a transição energé-
Neste caso, a ABSOLAR atua junto tica.
às Secretarias de Fazenda Estaduais
e ao CONFAZ, defendendo que todos Essa iniciativa seria viável para o
os equipamentos fotovoltaicos sejam Brasil?
incluídos neste convênio, desoneran- O atual Ministro da Fazenda, Fernan-
do o setor. do Haddad, ao participar do Fórum
O Convênio ICMS nº 16/2015 é de Econômico Mundial, destacou que a
grande importância para o estímulo reforma tributária é peça essencial
da geração distribuída. Porém, possui para a retomada do crescimento bra-
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sileiro: “A reforma das reformas é a tributária”. Também destacou a importância
da reforma do crédito e da construção de um novo arcabouço fiscal no Brasil.
Neste cenário, considerar os compromissos de transição energética, susten-
tabilidade e enfrentamento da crise climática nos eixos da retomada do cresci-
mento (reforma tributária, construção de um novo arcabouço fiscal e reforma
do crédito) é fundamental.
As políticas públicas, investimentos e a concessão de incentivos devem estar
alinhadas a estes compromissos, catalisando positivamente o desenvolvimento
social, econômico e ambiental do Brasil.

Atualmente, este tipo de alinhamento não é observado no país,


o que, no caso da geração de energia, acaba por favorecer
as fontes fósseis em detrimento das fontes renováveis. Essa
lógica precisa ser invertida, priorizando as fontes renováveis e
eliminando incentivos às fontes fósseis, mais caras e poluentes.
Neste sentido, o desafio central não está na falta de recursos,
mas em sua alocação ineficiente, em dissonância com
os compromissos assumidos de transição energética,
sustentabilidade e enfrentamento do problema climático.

Diante deste cenário, a fonte solar fotovoltaica pode agir como uma imensa
alavanca de desenvolvimento social, econômico e ambiental do País.
A tecnologia traz imensos benefícios sociais, econômicos, ambientais, ener-
géticos e estratégicos, conta com amplo apoio da população brasileira e atrai
empreendedores e investimentos de forma espalhada e distribuída em todas as
regiões do Brasil. Com uma estratégia consistente para o setor solar, o país e o
planeta têm muito a ganhar.
A ABSOLAR projeta que, com o uso de políticas públicas adequadas para acele-
rar o uso de energia solar no Brasil, será possível atrair R$ 124 bilhões em novos
investimentos ao país, gerando 750 mil novos empregos qualificados e aumen-
tando a arrecadação de impostos em R$ 37 bilhões aos cofres públicos.
Reduzir a burocracia, racionalizar procedimentos de conexão à rede e imple-
mentar legislação e regulamentação adequadas ao setor são alguns dos desa-
fios para acelerar as energias renováveis no Brasil.
De que forma o governo poderia viabilizar uma isenção de imposto sobre a
compra e construção de sistemas fotovoltaicos?
Com o apoio de nossos associados e equipe profissional, a ABSOLAR desen-
volveu e apresentou recomendações estratégicas aos planos de governo dos
candidatos à Presidência da República, em linha com as melhores práticas inter-
nacionais.
Os incentivos para o setor fotovoltaico podem se dar não apenas via isenções
fiscais aos componentes e equipamentos, mas também na eletricidade produzi-
da pela fonte solar.
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A ABSOLAR construiu diversas pro- componentes de armazenamen-
postas para incentivar sistemas sola- to de energia elétrica), de forma
res fotovoltaicos, o armazenamento isonômica ao que já existe para a
de energia elétrica (baterias) e a nova fonte eólica;
fronteira do hidrogênio verde (H2V). • Estruturar um novo Convênio
Na esfera do governo federal, as ICMS, que permita estender os
principais medidas recomendadas benefícios já aplicados aos esta-
pela ABSOLAR incluem: dos da região sudeste para todos
• Implantar regras claras de isen- os estados do País;
ção de impostos sobre os compo- • Conceder incentivos fiscais para
nentes e equipamentos fotovol- energia renovável, em especial, a
taicos, bem como sobre sistemas solar FV;
de armazenamento de energia • Fomentar pesquisa e desenvolvi-
elétrica (baterias) e componentes mento tecnológico de fontes re-
da cadeia de valor do H2V; nováveis;
• Incluir no Regime Especial de In- • Fomentar a formação e capacita-
centivos para o Desenvolvimento ção de recursos humanos;
da Infraestrutura – REIDI (Lei nº • Criar linhas de financiamento
11.488/2007) os empreendimen- competitivas para fontes renová-
tos de geração distribuída, siste- veis;
mas de armazenamento e H2V, • Incorporação da tecnologia solar
para aumentar a competitividade FV nos edifícios públicos e nas po-
destas tecnologias; e líticas de universalização da ener-
• Aprimorar o Programa de Apoio gia elétrica (casas populares e sis-
ao Desenvolvimento Tecnológico temas isolados); e
da Indústria de Semicondutores – • Desburocratizar os processos de
PADIS (Lei nº 11.484/2007), para conexão de novos sistemas sola-
ampliar a oferta de componentes res FV às redes de distribuição e
e equipamentos FV fabricados no transmissão.
Brasil, além de atrair investimen-
tos em novas fábricas localizadas Na esfera municipal, as principais
em território nacional. medidas recomendadas pela ABSO-
LAR incluem:
Na esfera dos governos estaduais, • Reduzir o IPTU, ITBI e Outorga
as principais medidas recomendadas Onerosa para edifícios com siste-
pela ABSOLAR incluem: ma solar FV;
• No âmbito do ICMS, estender o • Redução de ISSQN para empresas
benefício do Convênio ICMS nº ou profissionais que atuam com
101/1997 e Convênio ICMS nº projetos, obras e instalações de
114/2017 para todos os com- energia solar FV;
ponentes de um sistema FV (in- • Incentivar o uso de energia solar
versor, rastreador solar, equipa- FV em coberturas de estaciona-
mentos de estrutura, sistemas e mentos; e
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• Instalar sistemas solares fotovol- do as emissões de gases estufa e po-
taicos em edifícios públicos muni- luentes atmosféricos, nocivos à saúde
cipais. e ao meio ambiente.
Para atingir estes objetivos, é ne-
Quais são os desafios do cessário que os próximos governos
novo governo com relação ao definam políticas públicas, programas
desenvolvimento do setor solar e e incentivos que estimulem o desen-
energias renováveis no Brasil? volvimento da cadeia de valor de fon-
O governo federal e os governos es- tes renováveis, com linhas de crédito
taduais que assumiram seus mandatos competitivas e desonerações (fiscais e
em janeiro de 2023 têm a oportunida- financeiras), aliadas ao apoio a novos
de de contribuir para a diversificação negócios emergentes e incentivos à
da matriz elétrica nacional, diminuin- pesquisa, desenvolvimento e inova-
do a pressão sobre os recursos hídri- ção.
cos de usos múltiplos, cada vez mais São ações fundamentais para atrair
escassos e preciosos, bem como para novos investimentos, com menos
a redução do uso de fontes fósseis, burocracia e mais agilidade no aten-
mais caras e poluentes. dimento às demandas da sociedade
Ao mesmo tempo, o crescimento brasileira. Tais medidas também con-
das renováveis poderá reduzir os cus- tribuirão para a geração de mais em-
tos e preços da energia elétrica aos pregos e renda, novas oportunidades
consumidores finais, aliviando o orça- de negócios e a ampliação ao acesso
mento da população, aumentando a à energia elétrica por consumidores
competitividade dos pequenos negó- menos favorecidos e em situação de
cios da economia nacional e diminuin- vulnerabilidade socioeconômica.

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