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JULIANA – Vou pra casa dos meus pais. Mesma situação que você.
Depois procuro um lugar pra mim.
ANDRÉ – Legal...
JULIANA – Seu irmão é gente boa. E ainda bem que o kitnet dele não está
alugado, né? Aliás, foi por causa do seu irmão que nos conhecemos,
lembra?
ANDRÉ – Sim, no lual que ele organizou quando ele estava na faculdade...
(flashback)
ANDRÉ (cantando e tocando) – Quem um dia irá dizer que existe razão
pras coisas feitas pelo coração...
ANDRÉ – Eduardo...
JULIANA– Prazer, Mônica!
ANDRÉ– Sério?
ANDRÉ – Principalmente.
ANDRÉ – Como?
ANDRÉ – É maconha?
ANDRÉ (cantando) – Vou apertar, mas não vou acender agora!! (gargalha)
Prepara mais um aí Juliana que esse é bom!! (gargalha de novo)
ANDRÉ – E ao Forró...
(flashback)
ANDRÉ – Ahhh... agora que eu não vou acertar mais passo nenhum...
JULIANA – Bobo!
JULIANA – Ah é? E aonde?
ANDRÉ – Um lugar que você pode dançar só pra mim, bem à vontade...
ANDRÉ – hungum...
(fim do flashback)
ANDRÉ – Bem, eu vou pegar algumas coisas aqui da sala que quero, você
se importa?
ANDRÉ (gargalhando) – Que vexame? Só porque ele bebeu tudo que tinha
pela frente, cantou a tia Mariquinha de 102 anos e virgem e quando foi
discursar vomitou?
(André levanta e vai pra sala. Juliana olha o álbum um tempo, fecha e
limpa lágrimas quando seu celular toca e ela atende)
ANDRÉ (de costas pra ela limpando as lágrimas) – Sim..Olhe o que achei?
JULIANA – O cd que eu fiz pra você no primeiro dia dos namorados que
passamos casados.
JULIANA – Não, o amor nos faz egoístas, a ponto de acharmos que tudo o
que a outra pessoa precisa é aquilo que nós pensamos que ela quer, não o
que ela precisa de verdade.
ANDRÉ – Juliana? Cadê você? Temos jantar marcado, dois anos lembra?
(André desamarra e tira o sobretudo de Juliana que está com uma camisa
do Corinthians)
ANDRÉ – É?
ANDRÉ – Obrigado.
VOZ (cantando) - Mas devo dizer que não vou lhe dar. O enorme prazer de
me ver chorar. Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago. Meu peito tão
dilacerado.
(os dois voltam para frente do palco para novo flashback. Sentam-se de
frente como se estivessem em uma mesa, mas com clima mais pesado que
da outra vez. Ficam um tempo em silêncio comendo)
ANDRÉ – Vai jogar de novo na minha cara que ganha mais do que eu.
JULIANA – Eu não jogo nada na sua cara, seu espelho que joga todas as
manhãs. Está ficando velho, com cabelos brancos e sua vida não anda.
ANDRÉ – Vai ver porque sou casado com alguém que me puxa pra traz.
ANDRÉ – É uma ótima idéia, mas por enquanto vou pedindo outra cerveja
mesmo (gritando) Como é garçom!!
(ele desliga e eles voltam a frente em novo flashback. André anda com
Juliana atrás)
JULIANA – André!!
ANDRÉ – Você também não é culpada de nada, só dos meus sorrisos mais
felizes nesses últimos anos.
(eles se abraçam)
JULIANA – Não quero te perder, quero parar com essas brigas, não
agüento mais brigar com você, eu te amo.
VOZ (cantando) – Aliás. Aceite uma ajuda do seu futuro amor pro aluguel.
Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu.
(Juliana vai para a sala com um violão, André segura uma mala)
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(Juliana se levanta)
(Juliana vai ao quarto, pega uma mala que está sobre o colchão e volta)
JULIANA – É isso.
ANDRÉ – Faz um favor pra mim. Entrega a minha chave pro seu Nicanor e
diz pra ele entregar pra transportadora amanhã.
ANDRÉ – Obrigado por tudo viu Ju? Fui muito feliz com você.