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IACOCCA
(O verso abaixo vem escrito num grande cartaz. O narrador atravessa a cena
mostrando o cartaz e declama o verso).
Narradora – Nossa história aqui começa com Manoela apaixonada. A patrona Joana
ruim, doida e malcriada. A disputa por Manoel e um casamento marcado.
(Entra Manoela varrendo o chão , ela está trabalhando na loja de dona Joana
enquanto canta uma canção).
Manoela- Como é bom deixar tudo brilhando. Dona Joana embora seja a patroa, tem
que concordar eu fiz agora tudo brilhar!
Dona Joana– Manoela, sua desastrada, você não é boa varredora. É assim que varre o
chão da sua patroa? Ô servicinho sem-vergonha, coisa ruim de dar dor. Eu não quero
explicação. Vai varrer tudo de novo senão quer minha punição.
Manoela– Eita mulher mal criada. Só porque é minha patroa. Não precisava por isso
falar desse jeito, parece mais uma leoa! Vou limpar tudo de novo mas não acho certo
não. (voltando a trabalhar). Mas agora, eu só consigo pensar no meu Manoel, minha
grande paixão.
Manoela- A gente não pode ficar muito tempo, a patroa pode aparecer, mas,
pensando em quê?
Dona Joana – Eu fico danado vendo esses dois se namorar. E eu vou fazer de tudo pro
namoro não vingar. Se eu não casar com ele, ninguém mais vai casar. Há...há...há...
Manoela – Caso!
Manoel e Manoela (juntos)- Vamos já nos preparando e o casamento marcar.
Manoel – Vou falar com o padre Bento. Vou marcar o dia e a hora. De pensar eu já não
aguento e queria que fosse agora.
Dona Joana – Eu não vou permitir isso. Te esconjuro maldição! Te dou tudo o que
quiseres pra impedir essa união. Que Manoel seja meu quer queira quer não. Te dou
terra e plantação e se não for o bastante dou também meu coração.
Narradora- Nossa história continua, com os noivos, padre Bento, muita gente
convidada pra assistir o sacramento e uma figura estranha que estraga o casamento.
Padre – Pois não, claro, desculpe. Só que antes de eu vos juntar meu ofício me obriga
aos presentes perguntar: Tem alguém neste momento que tem algo pra falar?
(A morte levanta-se).
Morte – Eu seu padre miserável vou impedir esse casamento. Vou levar comigo o
noivo e sumir em meio ao vento, para nunca mais ser visto por aqui em nenhum
momento. E vocês vão levar muita pancada porque eu gosto de bater. (põe a máscara
de caveira) Sou a morte, eu sou malvada, sou feia de doer.
(Todos saem correndo assustados de cena enquanto a morte agarra Manoel pelo
braço e saí pelo outro lado. Depois entra a narradora com um novo cartaz).
(Entra Ofélia uma anciã muito sábia e para de costas para o público. Logo em seguida
entra Manoela muito triste).
Manoela – Manoel, Manoel! O que foi que aconteceu? Por que a morte sem vergonha
te levou e não devolveu? Eras tudo o que eu tinha meu amor e sonho meu.
Ofélia – Calma menina. Eu sei o que aconteceu. Foi a dona Joana tua patroa que com a
morte se meteu. Fez aliança com ela e a confusão se deu.
Manoela- Então foi a dona Joana, que criou essa confusão? Ela que chamou a morte
pra roubar minha paixão? Se passar na minha frente vou arrancar-lhe o coração!
Manoela – Mas me fala, seu eu mereço! Diz qual é a solução, a senhora parece tão
sábia.
Ofélia – Então ouça bem ouvido o que vou te pedir. Se você é bicho inteligente já vai
tudo descobrir e salvar teu Manoel . Aqui está a primeira coisa que você tem que
arranjar: É a parte de uma ave que não pode mais voar, porque anda com o índio que a
leva para dançar.
Manoela – Ave que não pode voar? Índio que a leva para dançar? O que será que ela
quer? (Tendo uma ideia) É uma pena! É uma pena que tenho que encontrar! Então já
sei onde procurar. (saí)
(Música para a festa dos caboclinhos, eles entram dançando, Manoela observa a festa
no canto. Quando a música para todos os índios notam a presença de Manoela e
ameaçam ela com suas lanças gritando sons de guerra).
India 1- Impostora! O que está fazendo por essas bandas? Não sabe que aqui não é
lugar para você?
India 2 – O que veio fazer aqui? Não queremos conversa com você! E se insistir há de
morrer!
India 3- Parece que ela está com medo! Vamos deixa-la falar. Não parece que ela
quer briga.
India 4 – Não! Ela entrou sem pedir licença, tem que ter uma boa explicação se quiser
a salvação.
India 5 – Isso menina, vá se explicando, não se entra em terras alheias para ficar
bisbilhotando. O que está pensando?
India 6 – Vou contar até três senão quiser morrer vá embora de uma vez! Um, dois...
Manoela – Tudo bem, tudo bem. Nesse caso, me deixem ir embora, por favor! Eu só
queria salvar o meu amor.
Índia 1 - Olha, na minha vida inteira nunca ouvi uma história tão cabeluda dessas!
India 2 – Nesse caso, tome uma pena minha. Boa sorte e tenha cuidado.
India 4 – Se precisar chame nossa tribo, venha a nós correndo, vamos estar aqui por
você torcendo. Mas cuidado no caminho.
India 6 – E desculpe a recepção, nós índios geralmente somos pacíficos e amigos dos
visitantes, é que você nos assustou...
(As índias começam a cantar e a dançar e assim saem de cena. Entra Ofélia e em
seguida Manoela).
Manoela (mostrando a pena)- Minha velha. Eu consegui! Aqui está o teu pedido.
Manoela – Então o que eu faço com isso pra ter tudo resolvido?
Ofélia – Na hora certa você saberá. Mas tem uma segunda coisa que tem que arranjar.
Ofélia – Esta aqui não é difícil. Vem do boi, mas não é chifre, não é rabo, não é pé.
Vem de dentro, mas não é tripa. Só se ouve e não se vê. (Sai)
Manoela – É uma coisa que não dá para olhar e só se consegue escutar. O que será
que o boi tem que só se ouve e não se vê? (tendo a ideia) Ahhhhh já sei! É o mugido!
Então vou procurar esse boi.
Boi – Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu....
(Manoela abre a caixinha, põe na frente do boi e fecha. Fica experimentando várias
vezes, abre e fecha enquanto o boi muge. O boi e o cortejo saem de cena dançando. A
velha Ofélia aparece).
Ofélia (abrindo e fechando a caixinha)- Isso mesmo menina, está tudo conferido.
Manoela – Então o que eu faço com isso pra ter tudo resolvido?
Ofélia – Na hora certa menina, saberá! Mas uma última coisa você tem que arranjar.
Ofélia – Vem das ondas, vem do mar o meu último recado. Pede para um marinheiro
que explique bem explicado como é que ele faz para atar o desatado. (Sai)
Manoela – Onde será que está esse marinheiro que ata o desatado? No meio do mar?
Namorando o luar? O que ele tem que me ensinar? Ahhh, dá até nó na cabeça de
tanto pensar! (PAUSA) É isso! É um nó que ele tem que me ensinar a fazer. (sai de
cena).
(Entra em cena cantando e dançando um grupo de marujos com espadas na mão, logo
em seguida, Manoela se junta a eles com uma corda na mão).
Manoela – É eu preciso.
Marinheiro 2- Nós temos muito trabalho, menina! Não podemos perder tempo, temos
que sair para o mar e chegar antes do anoitecer.
Marinheiro 4 – E a gente pode saber o porquê você quer aprender a fazer um nó?
Marinheiro 5 – Espero que seja uma boa história para que nosso tempo não seja
totalmente perdido.
Marinheiro 3 – Se for para falar que marinheiro não sabe dar nó depois, eu não
ensino.
Marinheiro 4- Marujos! Deixe a menina falar. Ela não tem cara que quer aprender a
dar um nó para maltratar alguém, deixe ela se explicar.
Manoela – A morte roubou o meu amado no dia do meu casamento. Foi uma situação
de dar dó. Ela apareceu para gente com aquela cara feia e azeda e só sei que para eu
tê-lo de volta preciso aprender a dar um nó. Agora se não podem me ajudar eu vou
embora, tenho muito que caminhar...
Marinheiros (todos) – Se é para seu amor voltar, você vai aprender um nó difícil de
soltar!
(Enquanto uma música toca Manoela dá a corda para um dos marinheiros que com
gestos mostra como é feito o nó, depois os marinheiros saem de cena. Entra a Velha
Ofélia).
Ofélia – Na hora certa com certeza saberás! Agora segue teu caminho sem medo de
errar. (Sai)
(Entra a narradora)
Narradora – A Manoela aqui continua a seguir sua jornada para ver se ela encontra
Manoel o seu amado, mas o encontro será outro em uma festa animada.
(Música, todos os atores com exceção de Manoel e dona Joana entram em cena
dançando. Manoela com a pena, a caixinha de fósforos no bolso e a corda pendurada
no ombro chega ao baile e fica observando a dança. O volume da música diminui).
Manoela – Não é isso não seu moço, mas desculpe, eu vou andando.
Moço – Não vai não! A festa está só agora começando. Eu já te vi em algum lugar.
Manoela – Por que será que ele gostou da pena? O que será que ela está querendo de
mim? (para o moço) Se gostou dessa pena, deves ter uma razão.
(O moço bonito pega a pena passa suavemente no próprio rosto, no pescoço e faz
expressões misteriosas).
Manoela – Um moço tão bonito...é verdade? Quem diria. (para o público) Aqui tem
coisa! Será que é a morte que levou meu Manoel?
Manoela – Então tenho outra coisa que acredito que vais gostar.
Moço (Animado) – É verdade? Então me mostra, que estou louco para provar.
Manoela (tira a caixinha de fósforo do bolso) – Está nessa caixinha, mas é coisa para
escutar.
Morte – Ah, sua peste, como ousas me desafiar? Podes entregar tua alma, que já vou
te matar.
Manoela – Então, ouve e vamos ver se este som vais aguentar.
(Manoela abre toda a caixa e a morte fica paralisada, enquanto isso ela aproveita e
amarra a morte com o nó de marinheiro que tinha aprendido).
Manoela – Onde Manoel está? Fala senão abro esta caixa pra sempre...
Morte – Não! Chegaaaaaaaaaaaaa! Eu entrego Manoel. Mas não diga uma coisa
dessas! Me solta depois eu conto.
Manoela – Eu vou soltar o nó, desatar o que está atado. E o Manoel quero ver
inteirinho do meu lado e depois, cada um por si e assunto encerrado.
(Enquanto ela desamarra a morte, Manoel, com o corpo todo coberto por um pano
branco transparente entra em cena e lentamente se aproxima de Manoela. Logo em
seguida chega dona Joana, transtornada de raiva).
Dona Joana – Sua morte mentirosa! Cara dura de marfim. Entregastes Manoel que tu
prometestes a mim. Não se faz isso comigo. Está querendo o meu fim?
Morte – Nada disso, dona Joana, não precisa me xingar, pois agora dou certeza, sem
amor não vai ficar. Se perdeste Manoel, tens a mim para amar.
Manoel – Oh, Manoela minha rainha! Que saudade dentro do meu peito eu sentia.
Não via a hora de te ver. Quero que você me conte tudo o que passou porque estou
sem entender.
Manoela – Por enquanto eu só quero é contigo me casar, para ter a vida inteira nossa
história para contar. Pois o amor sempre consegue sobre a morte triunfar.
Narradora – Teve um final feliz essa história tão sofrida, com os noivos festejando pois
a morte foi vencida! Tanto amor, tanta poesia, vai durar por toda a vida!