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O Príncipe da Dinamarca

(Angelo Brandini)
Adaptação Cia Vagalum Tum Tum

Personagens:
Ser: Mariana Lopes
Não Ser: Carolina
Hamlet: Mariana Pires
Cláudio : Miriam
Fantasma: Luana
Laertes: Mara
Ofélia: Amália
3 atores – Carolina, Mónica,Mariana

Cena 1

Cenário – Fundo preto, à frente um pano branco pintado com ramos de arvores
despidos, algumas lápides espalhadas pelo chão, no meio uma na horizontal. Folhas de
outono pelo chão.
No inicio há toda uma coreografia das duas personagens procurando as suas pás que
estão escondidas atrás da lápide do meio.
Ser- Desculpem, nós somos personagens de uma história de Shakespeare, muito prazer,
eu sou o ser(pose)
Não Ser – E eu sou o não ser (pose), é verdade, somos os únicos que restaram de uma
história chamada…
Os dois – Hamlet (Pose, risos, procuram caveira)
Ser- Ah! Ah! Esta caveirinha engraçada, é Yorick! O Yorick era o bobo lá no castelo.
Não ser – Mas… agora ele está morto!
Ser –Ei! A sério? Claro que está morto! Se é uma caveira é porque está morto, não é?
Aliás todos os personagens desta história dramática estão mortos.
Não Ser- (matutando) Hum! Espera … é o personagem ou a personagem?
Ser – (pensa, andando de um lado para o outro) Bom, eu acho que se for mulher é a
personagem. Agora, quando for homem é o personagem.
Bastidores – Será? (as duas personagens assustam-se e desconfiam)
Não ser – Ah, pois, não importa! O que importa é o facto que somos os únicos que
restaram desta história e que ficámos esquecidos aqui neste cemitério.
Ser – Bom, já deu para perceber que somos coveiros e que trabalhamos aqui neste
CIMITÉRIO (dizendo de forma assustadora).
Não ser- O pior é que desde que este drama acabou nós nunca mais enterramos mais
ninguém.
Ser – Sim, tudo o que restou foram caveirinhas (olha para a caveira e joga a caveira
para não ser).
Não ser – Esqueletos! (olha para a caveira e joga a caveira para ser).
Ser – Na na ni na não Caveiras! (olha para a caveira e joga a caveira para não ser).
Não ser – Esqueletos! (olha para a caveira e joga a caveira para ser).
Ser – Na na ni na não Caveiras! (olha para a caveira e joga a caveira para não ser).
Não ser – Esqueletos (corre em direção a Ser e cai).
Ser – (ri) Caveirinhas ou esqueletos é a mesma coisa são ambos magros. (deslocam-se
para junto da lápide central, param e olham para caveira numa espécie de veneração
ajoelham-se)
Não ser – Tenho saudades de quando ele era vivo.
Ser – Ele era muito engraçado e divertido (fala mexendo na caveira de maneira a que
esta morda Não ser).
Não ser (grita fugindo pra direita alta) Um pouco divertido demais para o meu gosto.
Ser – Ah! Mas eu gostava dele assim mesmo, quando o velho Yorick estava vivo tudo
era diferente por aqui. Este país era muito mais alegre (não ser vai concordando, ser
chama não ser para o pé da lápide central) Eu acho até que os outros do castelo
começaram a ficar tristes depois de que o Yorick morreu. Coitado do Yorick( chora).

Cena 2
Não ser – Xiii, Emocionou-se de novo! (neste momento os dois estão junto da lápide
quando surge, por trás deles e sobre eles, as mãos de um esqueleto. Quando descobrem
o que é fogem e atiram a caveira para o esqueleto que a agarra. Aparecem mais três
esqueletos, ser e não ser ficam de joelhos escondendo –se ao pé da lápide de rabo
virado para público)
Hamlet- Nós somos caveiras (em cima da lápide em posição dramática com a caveira).
Ofélia – Ou esqueletos!
Laerte- Somos o que sobrou das personagens.
Hamlet – (sai da lápide e ajoelha-se em frente trocando com outro esqueleto) de
Hamlet, uma história, louca, sombria e estonteante.
Ofélia e Laerte- Dramática.
Cláudio–Tão dramática que morremos todos. Mas para além de caveiras também nos
podemos transformar em fantasmas (imitando fantasmas).
Hamlet – Os únicos vivos por aqui são estes dois com cara de tontos (Hamlet e Cláudio
pega nas pás e dão uma pancada no rabo de ser e não ser).
Ser – (levantam-se e ficam costas com costas a rodar) Ai! Mas o que está a acontecer
aqui? Desde quando é que as caveiras saem por aí a falar e andar?
Hamlet- (para público) Não disse que eram tontos. Esta é uma história de ficção. E
numa história de ficção tudo pode acontecer. (ele e Cláudio vão para cima da lápide
central)
Ser- Caramba, esta história é mesmo louca.
Não ser- Louca é pouco, esta história é muito louca. E eu vou contá-la para vocês.
Ofélia- (saindo de cima da lápide central) Não, eu é que vou contar!
Ser – Na na ni na não, eu é que vou contar, porque afinal sou o único vivo por aqui!
Não ser – como assim? Eu também estou vivo.
Ser- Está bem, então contamos os dois. Vocês, (para esqueletos todos juntos atrás) para
não ficarem com essa cara de fome vão representar. Este será o grande papel das vossas
vidas.
Todos- Ahn?
Ser- desculpem, este será o grande papel das vossas mortes. Eu sou o encenador.
Não ser – eu também estou vivo…
Ser – Está bem então serás meu assistente.
Não ser – Não isso é chato, eu quero ser ator.
Ser- Na na ni na não, O elenco é só de caveiras.
Caveiras – Sim, pois é!
Não ser – Ai é? Então eu tenho uma revelação a fazer!
Ser – Revelação? Qual?
Não Ser- Eu também sou esqueleto (aqui despe macacão e fica esqueleto).
Ser – Caramba, como me enganaste este tempo todo? (amua)
Ofélia – A mim ele não enganou… (dá hi5 no não ser) eu sempre desconfiei.
Não ser- (tenta animar ser) Não vais ficar amuado agora e deixares de ser meu amigo só
por causa disto? Ou vais?
Ser- Vou pensar (continua amuado).
Não ser – Isso é descriminação, sabias?
Ser – pronto, está bem, continuamos amigos, mas antes vais ser meu assistente. Vamos
distribuir os papeis. Ah, o Yorick (que estava no chão), ele vai ficar por aqui uma vez
que ele já estava morto antes da história, e não tem braços nem pernas.
Hamlet – Eu sou Hamlet! (sai)
Ser – ah, muito bom.
Ofélia – Eu sou a ofélia a namorada de Hamlet. (sai)
Cláudio- Eus sou Cláudio, o tutor malvado de Hamlet. (sai)
Laerte- E eu sou Laerte, irmão de ofélia. (sai)
Ser – Pronto, muito bem! Oh olha, (pega num fato) caramba acabou o elenco ainda
sobra guarda roupa para mais uma personagem.
Não ser – Olha lá (tira-lhe o fato), eu posso fazer de Polónio, o pai de Ofélia, deixas?
Ser- Tudo bem (tira-lhe o fato) mas antes vais ser meu assistente. Vamos começar.
Não ser – Que chato (pega numa lanterna e dá luz à cena)
Cena 3
Ser- (num tom coloquial) era uma vez um príncipe de um país muito distante chamado
Dinamarca, o seu nome era Hamlet (Hamlet aparece apontando para si). O rei, seu pai,
havia morrido misteriosamente e Hamlet estava muito triste (Hamlet coloca-se em
posição dramática ajoelhado e triste) Ah, mas nem todos estavam tristes no castelo. O
novo rei, Cláudio, estava a ser coroado (aparece a auto coroar-se em cima da lápide) e a
festa era bastante (todos entram em festa até cláudio falar)
Cláudio – (discursando)embora a morte do nosso querido rei ainda esteja fresca em
nossos sentimentos, a razão deve opor-se à natureza e devemos pensar agora em nós
mesmos. Por isso, eu, como tutor do jovem príncipe Hamlet, aceito esta coroa e serei rei
até que o jovem príncipe tenha idade para governar, isso se ele viver até lá (ri
maquiavelicamente).
Todos – Viva o rei (pegam nele em ombros e saem menos Hamlet, Ofélia olha para
Hamlet e sai).
Cena 4
Hamlet – Perdi toda a alegria de viver desde que o meu pai morreu, tudo ficou tão
triste. Aminha tristeza fica maior ainda quando eu vejo todos a festejar. Até a minha
doce Ofélia… esquecendo-se que não pode … afina l o meu pai morreu há dias. Há
algo de podre no reino da Dinamarca. Eu não tenho vontade de fazer mais nada, (senta
na lápide) não quero mais comer, não quero conversar com os meus amigos. Não vou
mais pentear os meus cabelos, lavar os meus dentes nem tomar banho (som de trovão,
surge fantasma em cima da lápide).
Fantasma – O quê? Sem pentear os cabelos? Sem escovar os dentes? Sem tomar
banho? Mas que rapaz mais fedorento me vais ficar.
Hamlet – (sacando da espada) quem és tu?
Fantasma – Ó seu abestalhado, sua cara de pastel, não me reconheces?
Hamlet – esta voz não me é estranha, mas com esse lençol na cabeça não.
Fantasma – eu sou um fantasma, e todo o bom fantasma tem que usar um lençol na
cabeça!
Hamlet – Fantasma … Socorro! (corre de um lado para o outro, dramatizando muito a
cena)
Fantasma – Seu medroso, para de gritar, eu não te vou fazer mal nenhum.
Hamlet – Socorro (continua)
Fantasma – Olha lá eu não gosto de confusão vou-me … (cai e fica escondido atrás da
lápide)
Hamlet – (espreitando) foi-se, este fantasma tem uma voz bastante familiar. Vou
chamá-lo de volta (vai mas amedronta-se) aiii….que medo. Fantasma! (esconde-se atrás
da espada) Fantasma! Podes aparecer não vou gritar mais.
Fantasma - pois não!
Hamlet – Socorro. Socorro (mesmo dramalhão).
Fantasma – Chega se não vou desaparecer outra vez.
Hamlet – Não, podes ficar, eu juro que não vou gritar mais.
Fantasma – pois então abre bem os olhos! E escuta o que eu tenho para te dizer!
Hamlet- Dá para ouvir só os ouvidos?
Fantasma – está bem mas presta atenção (quase desesperado)
Hamlet – Esta voz parece a do meu pai.
Fantasma – Sim eu sou o fantasma do teu pai (Hamlet ajoelha-se perante ele) e preciso
te contar como foi a minha morte.
Hamlet – está a falar da picada da serpente?
Fantasma – eu não fui picado por nenhuma serpente(birra)! Cláudio colocou veneno de
cobra no meu ouvido enquanto eu dormia no jardim, só para roubar o meu trono (em
tom dramático).
Hamlet – eu sabia eu nunca fui com a cara daquele rei Cláudio (levantando – se).
Fantasma-(gritando) vingue o meu pérfido assassínio!
Hamlet – (ajoelhando-se) eu prometo, não descansarei enquanto me vingar, eu prometo.
(ouve-se som de galo a cantar)
Fantasma- (aflito) Ó Deus… Adeus meu querido Hamlet. Meu filho … Adeus (cai da
lápide e sai par trás). (Hamlet também sai).

Cena 5
(entram ser e não ser e colocam-se atrás da lápide central)
Não ser – Há mistérios no céu e na terra que nunca poderemos explicar
Ser – e foi assim que Hamlet ficou a saber sobre a morte do seu pai.
Não ser – mas ele ainda tinha muitas dúvidas e esta muito ideciso.
Ser – Como assim dúvidas? O fantasma não contou tudo?
Não Ser- Sim mas tu achas que dá para acreditar em fantasmas (dramatiza)?
Ser – (muito admirado) o quê? Está a duvidar do fantasma do rei? (aponta o dedo para
não ser)
Não ser –(finge que o dedo é a sua espada e esgrime com ser) não sou eu que duvida
foi o próprio Hamlet que duvidou.
Ser- Vejam só, a duvidar do próprio pai, ai,ai,ai!
Não ser- Sua besta (bate na cabeça de ser)
Ser -ÓOO! (ameaçador)
Não ser – do fantasma… Hamlet precisava de ter mesmo a certeza que foi Cláudio que
…BRRRRR…. Matou o pai dele.
(entra Hamlet e pose de muita dúvida)
Ser – Ó dúvida cruel
(Hamlet deita-se sobre uma lápide)
Não ser – Então, Hamlet teve uma ideia maravilhosa!
Ser – a sério então conta lá qual foi essa ideia (saem como ser estivesse pronto a contar)
(Hamlet levanta-se)
Hamlet – Preciso de ter a certeza que foi Cláudio que matou o meu pai(pensa) e se o
fantasma for uma mentira? E se ele só disse aquilo para me enganar? Será? Ai que
dúvida?
Voz OFF – Atenção, atenção. Nobres príncipes e bajuladores esta noite no castelo, a
maior companhia de teatro de todos os tempos, os reis da tragédia, da comédia e do
drama eles os the chamberlain man.
Hamlet – Já sei estes atores poderão me ajudar. Pedirei para eles representarem a cena
que o fantasma me contou. O rei Cláudio adora teatro e de certeza estará presente na
representação desta noite. É isso. (vai a sair quando surge Cláudio)
Cena 6

Cláudio – Hamlet? Meu querido porquê tantas dúvidas?


Hamlet – Por nada, é que eu estava a pensar para os meus botões… (chegando-se a ele)
que há muito tempo que não temos teatro aqui no castelo.
Cláudio- (entusiasmado) Adoro Teatro. Que peça vai ser?
Hamlet – Bem (pensa) é uma peça nova (chega junto dele) Chama-se “A ratoeira.”
Cláudio (desconfiado, mas cede) nesse caso vou tomar um banho, para ficar cheiroso, e
mandar engraxar as minhas botas novas para assistir a essa nova peça (sai ansioso, vai
atrás Hamlet verificando se sai mesmo voltando).
Hamlet- Vou ficar de olho nele durante a apresentação, se ele não tiver nenhuma reação
na cena do veneno no ouvido é por ele não é o assassino. Mas se ele ficar nervoso …
saberei que o fantasma dizia a verdade. Vou buscar os atores. (sai)

Cena 7
Entra ofélia à procura de Hamlet
Ofélia – Hamlet? Hamlet? Hamlet? Qual é a graça de ter um namorado que desaparece
deste jeito? Ó Hamlet? (aparece Laerte) ó Laerte, o que é que está a fazer aqui no
castelo?
Laerte- Não sabes? Pensas que eu não sei que tu andas a fazer-te ao Hamlet?
Ofélia – e dai?
Laerte – e dai que eu quero que fiques bem longe dele, Ofélia! Ele não é para você. Ele
é o príncipe! E tudo o que ele quer é se divertir. Então faz-me o favor de ficares bem
longe dele, entendes-te? Bem longe!
Ofélia- Olha aqui, tu não sabes de nada…(sai rindo)
Laerte –Ofélia? Anda cá … Ofélia?
(sai)
Cena 8
(entra Hamlet)
Hamlet – Senhores
(entram dois atores e ajoelham-se deixando ficar no meio Hamlet)
Hamlet – muito bem senhores, como já disse vocês devem representar uma cena de
assassinato da forma como indiquei, é uma cena muito séria e eu não quero saber de
palhaçadas. Façam de convicção! De pé! Tu (entrega uma máscara) serás o rei que
dorme no jardim. E tu (entrega outra máscara) será aquele que quer roubar a coroa do
rei. Dúvidas (eles acenam que não) Não? Então vamos começar.
(aqui é montado todo o cenário para a peça, os atores trocam de roupas. A lápide
central é transformada em banco de jardim. Outra em banco normal).
Cena 9
Entra Ser
Ser- Senhoras e senhores o rei Cláudio. (sai)
(entra cláudio e Ofélia sentam-se na cadeira. ele. ela ao lado)
(entra Hamlet repara nos dois e vão para outro canto)
(A cena começa pelos atores. Sem palavras eles representam o que foi pedido. O rei a
dormir sobre a lápide e o usurpador, que será representado como corvo, a deitar
veneno no ouvido, a tirar a coroa ao rei, este diz você antes de morrer, o corvo coloca
triunfante a coroa na cabeça)
Cláudio - (nervoso, interrompendo a cena) luz… acendam as luzes. Ai, ai, eu preciso
de ar, de ar … (sai e Ofélia acompanha-o).
(Hamlet levanta-se e observa tudo. Os atores agradecem e saem arrumando o cenário.
Hamlet fica a matutar)
Cena 10
Entra ser com foco na mão para iluminar a cena, atrás vem não ser…Hamlet ajoelha-se
no lado oposto a pensar.
Ser- e foi assim que Hamlet ficou a saber que o fantasma estava a contar a verdade.
(Hamlet levanta-se)
Não ser – ah, mas ele ainda tinha uma dúvida que o deixava ainda mais indeciso
(Hamlet levanta-se em pose de dúvida)
Ser – Oh não duvidas … outra vez não (Hamlet em pose de dúvida ainda mais
exagerada).
Não ser – Sim a dúvida era se Hamlet se deveria vingar de Cláudio como tinha
prometido ao fantasma (Hamlet pega na espada).
Ser – mas com tantas dúvidas ele vai acabar por ficar é louco. (Pose desesperada de
Hamlet)
Não ser - e foi exatamente o que ele fez, Hamlet decidiu passar-se como louco, vestiu
umas roupas estranhas, lambeu o cabelo, ficou com uma cara maluca e não dizia coisa
com coisa (enquanto isso Hamlet vai-se vestido e seguindo as orientações)
Ser – que coisa (espantado. saem os dois)

Cena 11
Hamlet fica em cena
Hamlet – é isso mesmo vou-me fingir de maluco para que ninguém suspeite do meu
plano de vingança. Tudo que eu fizer será considerado coisa de louco e ninguém me
culpará. Mas ninguém pode suspeitar que estou a fingir, eu tenho que fazer maneira de
todos acreditarem que eu estou mesmo louco. É isso mesmo. (tenta sair, mas aparece
Ofélia)
Ofélia – Hamlet, eu estava mesmo à tua procura. Porque é que estás a usar essas roupas
estranhas? E esse cabelo todo lambido? (ri)
Hamlet – (Fala uma língua esquisita)
Ofélia – Hamlet? Que língua é essa? Então, não me está a reconhecer? Sou eu Ofélia. A
tua namorada.
Hamlet – (Faz de corvo).
Ofélia – Aí, o que é isso?
Hamlet – (Faz de corvo novamente).
Ofélia – Aí, o que é isso? Para, estás a parecer um louco. Ai para socorro, socorro.(sai)
Hamlet- Ai minha pobre Ofélia… Corta-me o coração ter que lhe mentir assim, mas eu
devo primeiro me preocupar com o dever e depois a felicidade. Agora, vou descobrir
um jeito de cumprir a minha vingança. Cláudio não me escapará. (sai)
Cena 12
Entra Cláudio
Cláudio – Hamlet sabe de tudo, Como será que ele descobriu? Eu tenho certeza que
ninguém me viu matar o rei. Tenho que resolver isto, tenho que arranjar um jeito. Tenho
que acabar com Hamlet antes que ele acabe comigo. (chora raivoso tirando a coroa e
voltando a por). Dói-me a cabeça de tanto pensar. Será que devo colocar veneno de
cobra no ouvido dele, tal como fiz ao pai? Não ele é muito esperto e deve estar a usar
protector de ouvidos. Mas o quem é que eu vou fazer? Já sei, eu vou ficar atento aos
seus movimentos e à primeira oportunidade zás… (vai a sair quando ouve Ofélia,
resolve esconder-se, em cima de lápide centrar a fingir de cortina)
Ofélia – Pai? Paizinho?
Polónio – Mas que gritaria é esta minha filha? O que é que aconteceu?
Ofélia- É o Hamlet meu pai, ele está com cara de louco e não diz coisa com coisa.
Polónio – Aconteceu alguma coisa? Chatearam-se? O que foi?
Ofélia- Não meu querido pai, mas ele ficou bastante estranho depois de que o rei
Cláudio deu no castelo a peça de teatro.
Cláudio – (por trás da cortina) eu sabia, aquela peça foi um truque para que eu me
denunciasse.
Ofélia – Foi isso paizinho! Foi isso!
Polónio – Ai minha filha isso não deve ser nada de mais.
Ofélia – Mas paizinho tens que tentar me ajudar. Faz qualquer coisa.
Polónio – Está bem, deixa-me pensar… deixa-me pensar… aha, manda chamar Hamlet
para uma conversa, enquanto eu me escondo atrás desta cortina, assim eu poderei saber
se ele está mesmo louco ou não. Agora vá!
Ofélia – Está bem paizinho, óptima ideia. Vou chamá-lo. (sai)
Polónio – Preciso avisar o rei. (para o lado contrário sem sair)
Cláudio – (atrás da cortina) Tive um ideia genial, para acabar uma vez por todas com
Hamlet. (sai detrás das cortinas. Cortina fica no chão) Polónio?
Polónio – Pois não senhor? Eu não o vi entrar! Vossa senhoria estava aqui o tempo
todo?
Cláudio – (distraído). Estava. Quer dizer .. não estava. È que eu estou a usar estas botas
superpoderosas que me deixam andar sem um barulho que seja. Ora veja!
Polónio- realmente, impressionante!
Cláudio – agora diz-me o que traz por aqui?
Polónio – Hamlet meu senhor, ele não está nada bem! Significa…
Cláudio – Polónio vai direto ao assunto
Polónio – Parece que ele está muito estranho.
Cláudio –(impaciente) eu já ouvi tudo idiota…
Polónio – Como senhor?
Cláudio – eu disse eu já… já limpei tudo da minha bota! (limpando a bota)
Polónio – ah!? Ofélia vai trazê-lo para uma conversa. Enquanto eu me vou esconder
atrás desta cortina (vira-se e constata que a cortina está no chão) olha caiu! (Cláudio
atrapalhado) continuando, assim poderei saber se ele está mesmo louco ou não.
Cláudio – (aplaudindo) que ideia genial meu amigo, nesse caso eu vou te emprestar as
minhas botas, superpoderosas, para que ele não ouça os seus passos. (dá-lhe as botas)
Polónio – Mas não precisa meu senhor, eu não me vou mexer!(devolve-lhe as botas)
Cláudio – Para o caso de quereres ir à casinha! (dá-lhe as botas)
Polónio – acabei de fazer senhor! (devolve-lhe as botas)
Cláudio – Está a recusar-te a usares as minhas superpoderosas botas? (furioso)
Polónio – Não senhor elas são lindas (tira-lhe as botas das mãos) vou aceitar. (calça as
botas)
Cláudio- (aparte) está a dar tudo certo, eu vou acabar com Hamlet sem precisar de tocar
num só cabelo dele.(ri)
Polónio fica encantado com as botas e Cláudio ajuda-o a esconder quando se baixam
para pegar nas cortinas Cláudio solta um pum. Ambos olham, encavacados, um para o
outro.
Polónio – (disfarçando) fui eu senhor!
Sobe a lápide e segura a cortina.
Cláudio – Para cima polónio, mais para cima (polónio segura na cortina de maneira a
ver-se as botas. Cláudio sai com risada dramática)
Cena 13
Entra Ofélia
Ofélia – Paizinho!
Polónio – (deixa cair a cortina e grita) achou!
Ofélia – Ai pai, que susto. Porque é que está a usar essas botas?(desconfiada)
Polónio- Explico depois, agora filha vê se és dura com Hamlet. Diz-lhe que as suas
estravagâncias tornaram-se exageradas e vamos ver como ele reage. (ouve-se um grito
de Hamlet)
Ofélia – é ele paizinho, esconde-te.(fica a olhar para o lado contrário à entrada de
Hamlet, pegando lembrança que Hamlet lhe deu)
Hamlet – ali está a minha doce Ofélia, mas devo continuar com a minha loucura (pose
de louco)
Ofélia – Meu bom príncipe (fazendo-se de cara) Como tem passado sua alteza nestes
últimos dias?
Hamlet – Humildemente agradece (cantando em pose de louco)
Ofélia – Oh, pelo menos agora entendi o que disseste. Ultimamente tens-te mostrado
muito extravagante. Por isso quero que recebas, de volta, esta lembrança que me deste.
Hamlet – (agora sério) Mas eu nunca lhe dei coisa alguma.
Ofélia – Não, como assim? Sabes perfeitamente o que me deste, repara bem! (Hamlet
aproxima-se e segura deixando logo cair) OHHHHHH! Ofendeste-me profundamente!
(pegando na lembrança)
Hamlet – E tu ofendeste profundamente a memória do meu pai, Ofélia.
Ofélia – Como Assim?
Hamlet – Quando aceitaste e comemoraste a coroação do rei Cláudio. Ele é um
assassino, Ofélia.
Ofélia – Ainda que ele fosse, eu sou inocente.
Hamlet- (gozando) oh tu és inocente… então vai para um convento!
Ofélia – Não!
Hamlet - então vai para um convento! Convento! (isto é dito como se estivesse a soprar
e a Ofélia vai saindo gritando socorro)
Enquanto isso atrás das cortinas Polónio também grita por socorro pela sua filha
Hamlet – Oh, o que é isto está alguém atrás das cortinas. Aha e eu conheço aquelas
botas são do rei Cláudio. Ah é esta a hora da vingança…(espeta a espada na cortina)
Pulónio (deixando cair a cortina, tira do bolso um lenço vermelho e diz num
dramalhão cómico) Ai! Ai! Ai! Que me mataram (toda uma coreografia a tirar roupa,
que fica no chão, ficando esqueleto e sai agradecendo primeiro ao público)
Hamlet – meu Deus o que foi que fiz. O que estavas a fazer aqui atrás velho maluco
(fala para as roupas no chão)

Cena 14
Entra Ofélia
Ofélia – Hamlet o que é que aconteceu? O meu pai?
Hamlet- Ofélia, minha querida, eu não tinha intensão… pensei que fosse outra
pessoa…
Ofélia – não, sai, sai (fugindo dele)
Hamlet – não … eu vou fugir (indeciso nos lado)… mas para onde… ai que dúvida
(ajoelha-se) oh… será? Será que eu estou a ficar mesmo maluco? (sai, Ofélia junto às
roupas do pai)
Cena 15
Entra Cláudio a correr
Cláudio- (fazendo de surpreendido) Quem fez isto?
Ofélia – Hamlet.
Claudio – Como pôde fazer uma coisa destas? Ah pobre Polónio (junto das roupas,
pegando nelas). Eu gostava tanto do seu pai Ofélia (repara nas botas e joga com as
roupas para as pegar e calçar sentando-se na lápide central). Que até lhe dei as
minhas botas prediletas.
Ofélia – O que vai ser de mim agora?
Cláudio – Pobre Ofélia o que vai ser de ti agora? (dramatizando) Hamlet dizia que te
amava, mas era tudo falsidade. Agora vais ficar por aí solteirona (meio a gozar) e
ainda sem pai, (gritando) morto pelo próprio namorado. Que vida horrorosa vais ter.
Ofélia –(dramalhão) Ai de mim! (chora muito)
Cláudio – ai não, sai para lá ou enguiço … (e saem os dois para lados opostos)

Cena 16
Entra ser carregando um grande lençol branco com não ser, de um lado ao outro do
palco.
Ser – Enquanto Hamlet estava em dúvida se a loucura tinha tomado conta ou não da
sua cabeça … ofélia não precisava de se fingir de louca, a decepção com Hamlet e a
morte do seu pai, realmente a perturbaram.(estendem o lençol fazendo de rio)
Entra Ofélia, completamente louca, a colher flores, e repara no rio, atira uma flor para
o rio e faz toda uma coreografia a tirar roupa, que coloca por cima do rio, ficando
esqueleto e sai agradecendo primeiro ao público)
Entra Hamlet e repara em tudo isto, ajoelha-se junto do rio.
Hamlet – Ofélia, minha pura Ofélia, eu amava Ofélia. Porque me deixas agora minha
doce cotovia?
Ser – E assim ofélia deixou o mundo dos vivos e veio morar aqui connosco (recolhe
com não ser lentamente o rio deixando só Hamlet que acaba por sair também)
Cena 17
Entra Cláudio sorrateiramente
Cláudio – O meu plano está a dar certo. O fim de Hamlet está próximo. Laertes é que
não vai gostar nada disto. Saber da morte do seu pai e da sua irmãzinha querida.
(chama por Laertes) LAER, não assim é muito exagerado, Laertes? Laertes? (chama de
um lado e ele aparece pelo outro)
Laertes – Pois não, senhor?
Cláudio – (drama) Oh Laertes, oh… eu… eu sinto muito Laertes…
Laertes – Onde está o meu pai? E a Minha irmã?
Cláudio – (chora) Mortos (fúria dissimulada)
Laertes- (ajoelha-se) Não! Mortos … e como foi que morreram
Cláudio – Assassinados, mas … (fúria dissimulada)
Laertes- Não me esconda nada, aconteça o que acontecer eu vingarei a morte do meu
pai e da minha irmã!
Cláudio – quem te impedirá?
Laertes – Nem o mundo inteiro me impedirá!
Cláudio – Hamlet (fúria dissimulada)
Laertes – Infeliz… eu quero vingança e…
Cláudio – e eu posso ajudá-lo, (chegando-se a Laertes) mas tudo tem que parecer um
acidente.
Laertes – Um acidente?
Cláudio – Sim, Hamlet é muito querido aqui pelo castelo e… pelo povo também. Não te
vais safar se o matares e descobrirem, com certeza serás preso num ápice, e viverás
para sempre nas masmorras do castelo.
Laertes – O que devo fazer então?
Cláudio- Deves desafia-lo … para um duelo … sem mortes … de brincadeira… como
nos velhos tempos. Finge que o perdoaste e deixa o resto comigo.
Laertes – E Vossa senhoria o que vai fazer?
Cláudio – Eu vou passar (tira do bolso um frasco) este veneno poderoso na lâmina da
tua espada. Basta encostar a tua espada nele e … Bye Bye Hamlet.
Laertes - Basta um toque?(vai para tocar na espada)
Cláudio – Não … não encostes!
Laertes – Está bem … vamos atrás de Hamlet. (sai)
Cláudio – Está pronto! É tudo! (sai rindo maquiavelicamente)

Cena 18

Entra Hamlet com malabar em equilíbrio com pontos de interrogação pintados


Hamlet – Ser (entra o ser de um lado) ou não ser (Entra o não ser do outro) eis a
questão? Depois de tudo o que aconteceu eu poderia abandonar a vida. E ser como não
ser (aponta para ele e senta-se na lápide central). Mas eu tenho muito medo. Será que é
como dormir e sonhar? Não! Eu prefiro continuar como o ser (aponta para ele, não ser
sai) apesar de muitas tristezas a vida também tem muitas alegrias. Só por isso já vale a
pena viver. (Manda malabar para ser, este agarra e sai)
Cena 19
Entram Cláudio e Laertes, Cláudio sempre atrás de Laertes e este com a espada em
riste.
Cláudio – Hamlet
Hamlet- (aflito) Laertes tu vens-te vingar, mas quero que saibas que nunca foi minha
intensão fazer mal ao teu pai e muito menos ao doce da tua irmã que eu amava
sinceramente.
Cláudio – Fica tranquilo Hamlet, eu já falei com Laertes e ele já te perdoou.
Hamlet – a sério?
(Cláudio pega sua cabeça e diz que sim)
Hamlet- Obrigado Laertes, eu sempre o considerei um bom amigo (faz Vénia a Laertes,
este tenta tocar-lhe com a espada, mas Cláudio interrompe)
Cláudio – e para comemorarmos este final feliz, que tal um duelo? De brincadeira,
como nos velhos tempos? Eu aposto em Hamlet!
Hamlet – e eu aceito o desafio e fico feliz que possamos voltar a brincar com
antigamente. (coreografia de luta, até que quase a espada de Laertes toca em Cláudio
que está na lápide central)
Cláudio – (aflito) Tempo! (ambos os lutadores param, Hamlet limpa espada e Cláudio
chama Laertes para este tocar com a espada no seu rival, hamlet saca de um lenço
vermelho do ombro. Continuam a lutar, Laertes deixa cair a espada “ use a minha” diz
hamlet, que logo de seguida fere Laertes. Ambos caiem de joelhos)
Hamlet – Envenenaste a espada Laertes?
Laertes – Não, foi Cláudio, ele também o queria ver morto.
Hamlet – Assassino! (tenta, mas falha matar Cláudio e este retira-lhe a espada
agarrando a lamina com as suas mãos. Os dois fazem a coreografia de tirar a roupa
para ficarem esqueletos. Agradecem ao público saem).
Cláudio – (Ri muito, mas depois repara como está a agarrar a espada, grita muito
despindo-se e descalçando-se como se isso fosse resolver o problema. Depois repara
que já está esqueleto. Agradece e sai)

Cena 20
Entra ser e não ser arrumam as roupas
Ser – e assim todos se tornaram caveiras
Não ser- esta história é uma verdadeira tragédia e já acabou então adeus …
Ser- calma que eu ainda tenho uma supressa para todos, (despe a roupa) eu também
sou caveirinha!
Não ser – Esqueletos!
Ser – Na na ni na não Caveiras!
Não ser – Esqueletos!
Ser – Na na ni na não Caveiras!
Não ser – Esqueletos (Blackout)

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