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BENZENO

Benzeno: novas regras para os postos

25/01/2017 | 0 comentários | Segurança do Trabalho

As novas regras para postos de combustíveis estabelecidas pela Portaria 1.109, do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), publicada em 22 de setembro no Diário Oficial da União,
atualizam a NR-9 e estabelecem novos procedimentos para prevenção à saúde dos
trabalhadores com possibilidade de exposição ao benzeno em postos de combustíveis.

O tema é polêmico entre os empresários da revenda, e demandou cinco anos de discussões


na Subcomissão de Postos Revendedores de Combustíveis com as três categorias
envolvidas: governo, empresários e trabalhadores. O benzeno, presente na composição da
gasolina, é considerado nocivo à saúde e cancerígeno. A principal motivação das discussões
são os vapores contendo benzeno que são expelidos no ar. Tais vapores estão presentes nos
tanques de gasolina dos postos e dos veículos, e podem ser inalados pelos frentistas.

A indicação é que as novas bombas, que serão obrigatórias pelo Inmetro, venham
com o sistema de recuperação de vapores instalado. Criada em 2011, a Subcomissão
de Postos Revendedores foi instituída pela Portaria 252 da Secretaria de Inspeção do
Trabalho, e atuou como um grupo de trabalho segmentado dentro da Comissão
Nacional Permanente do Benzeno para estabelecer medidas de prevenção à saúde do
trabalhador.

Klaiston D’ Miranda, consultor jurídico da área trabalhista da Fecombustíveis,


acompanhou as discussões na Subcomissão ao longo desses anos, e esclarece que a
maioria das exigências da nova portaria já estava presente nas diversas NRs do MTE.
A Portaria 1.109 apenas compilou as diversas normas em um único documento.
Inclusive, a lavagem do uniforme, que passa a ser de responsabilidade do empresário,
um dos assuntos polêmicos entre os revendedores, já era uma obrigação do
empregador. Para Ferreira, a Portaria compila as normas de forma mais clara para a
revenda, uma vez que os revendedores de vários estados estavam sofrendo ações de
fiscalização pelo Ministério do Trabalho, que exigia obrigações que ainda não tinham
sido delineadas, antes da publicação do documento. “0 MTE organizou uma Portaria
para facilitar a aplicação e o acompanhamento das normas, fazendo com que os
auditores fiscais do trabalho, e outros que exercem função semelhante, não pudessem
mais extrapolar as suas atribuições, fazendo exigências que não sejam aplicáveis”.
REGRAS QUE ESTÃO EM VIGOR

 Os trabalhadores que exerçam suas atividades com risco de exposição


ocupacional ao benzeno devem realizar – com frequência mínima semestral –
hemograma completo com contagem de plaquetas e reticulócitos. Os
resultados dos hemogramas devem ser organizados sob a forma de séries
históricas, de fácil compreensão, com vistas a facilitar a detecção precoce de
alterações hematológicas. Ao final do contrato de trabalho, a série histórica dos
hemogramas deve ser entregue ao trabalhador;

 Os postos devem exigir das empresas contratadas para prestação de serviços


de manutenção técnica a apresentação dos procedimentos operacionais, que
informem os riscos da exposição ao benzeno e as medidas de prevenção
necessárias;

 Nas situações em que a medição de tanques tiver que ser realizada com régua,
é obrigatória a utilização dos EPIs;

 É proibido utilizar flanela, estopa e tecidos similares para a contenção de


respingos e extravasamentos;

 Para a limpeza de superfícies contaminadas com combustíveis líquidos


contendo benzeno, será admitido apenas o uso de tolhas de papel absorvente,
desde que o trabalhador esteja utilizando luvas impermeáveis apropriadas;

 Os testes de combustíveis líquidos contendo benzeno devem ser realizados em


local ventilado e afastado das outras áreas de trabalho, do local de tomada de
refeições e de vestiários;

 As análises em ambientes fechados devem ser realizadas sob sistema de


exaustão localizada ou em capela com exaustão;

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 Os postos devem dispor de área exclusiva para armazenamento de amostras
coletadas de combustíveis líquidos contendo benzeno, dotada de ventilação e
temperatura adequadas, e afastada de outras áreas de trabalho, dos locais de
tomada de refeições e de vestiários;

 Os postos devem manter sinalização, em local visível, na altura das bombas de


abastecimento de combustíveis líquidos contendo benzeno, indicando os riscos
dessa substância, nas dimensões de 20 x 14 cm com a informação: “A
GASOLINA CONTÉM BENZENO, SUBSTÂNCIA CANCERÍGENA. RISCO A SAÚDE”.

 A higienização dos uniformes será feita pelo empregador com frequência


mínima semanal. Neste caso, o empregador pode contratar os serviços de
lavanderia ou comprar uma máquina de lavar e instalar no posto para lavagem
dos uniformes dos funcionários.

PRAZO DE 6 MESES - Os novos postos que entrarem em operação a partir de março


de 2017 já devem ter sistema de medição de vapores.

PRAZO DE 1 ANO – Os postos de combustíveis devem adequar os contratos de


prestação de serviços vigentes às disposições da norma.

 Os postos devem possuir procedimentos operacionais, com o objetivo de


informar sobre os riscos da exposição ao benzeno e as medidas de prevenção
necessárias.

 Todas as bombas de abastecimento de gasolina (comum, premium e aditivada)


contendo benzeno devem estar equipadas com bicos automáticos.

PRAZO DE 1 ANO E 6 MESES – Os postos devem adotar medidas para garantir a


qualidade do ar, como sistemas de climatização, em seus ambientes internos anexos
às áreas de abastecimentos, de descarregamento e de respiros de tanques de
combustíveis líquidos contendo benzeno, como escritórios, lojas de conveniência e
outros.

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PRAZO DE 2 ANOS - Os trabalhadores que exerçam suas atividades com risco de
exposição ocupacional ao benzeno devem receber capacitação com carga horária
mínima de 4 horas. Todos os empregados devem ter conhecimento do risco a que
estão expostos e devem participar de um curso de capacitação. As empresas ou
consultores que fazem treinamento da NR-20 vão criar mais um módulo para atender
à exigência.

PRAZO DE 3 ANOS – Os postos novos, aprovados e construídos após três anos da


Portaria devem adquirir bombas de gasolina com sistema de recuperação de valores.

PRAZO DE 7 ANOS – Os postos em operação e que já possuem tanques de


armazenamento com viabilidade técnica para instalação de sistemas de medição
eletrônica devem instalar o sistema eletrônico de medição de estoque.

PRAZOS DE 6 A 15 ANOS – Recuperação de vapores – Entre as principais medidas


de prevenção, a nova legislação prevê que as bombas de gasolina tenham um novo
equipamento, o sistema de recuperação de vapores, que extrai os vapores de gasolina
presentes no tanque do veículo e veículo. Sem este equipamento, os vapores são
expelidos para o meio ambiente. O prazo para fazer a adaptação varia de 6 a 15 anos,
começando pelas bombas fabricadas antes de 2004. Ocorre que o Inmetro também
foi envolvido nas discussões da Subcomissão, porque está prestes a divulgar o novo
regulamento técnico metrológico (RTM), que tem por objetivo inserir novos modelos
de bombas, com tecnologias mais seguras contra as fraudes volumétricas, chamadas
de “bombas baixas”. Por solicitação da Sub-comissão e para evitar duas ações (novas
bombas e instalação de sistemas de recuperação de vapores) para atender ao Inmetro
e ao MTE, ficou alinhado que as novas bombas de gasolina já virão com os sistemas
de recuperação de vapores e os prazos serão os mesmos do RTM. Em resumo, todo o
parque de bombas do país será substituído gradativamente. “As discussões para
definição dos prazos para troca do parque de bombas medidoras demoraram quatro
meses e levaram em consideração as propostas do setor”, disse Marcelo Castilho
Freitas, chefe da Diretoria de Metrologia Legal do Inmetro (Dimel).

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VEJA QUANDO É PRECISO USAR O EPI – Os trabalhadores que fazem conferência
de gasolina no caminhão-tanque; coletam amostra-testemunha com amostrador
específico; fazem medição volumétrica de tanque subterrâneo com régua;
descarregamento de combustíveis para tanques subterrâneos; desconexão dos
mangotes e retirada do conteúdo residual; análises físico-químicas para o controle de
qualidade dos produtos comercializados; limpeza de válvulas, bombas e seus
compartimentos de contenção de vazamentos; esgotamento e limpeza de caixas
separadoras; limpeza de caixas de passagem e canaletas; aferição de bombas de
abastecimento; manutenção operacional de bombas; manutenção e reforma do
sistema de abastecimento subterrâneo de combustível.

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