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Tired Tired Sea

(por mediawhore)
Sumário
Sendo proprietário de uma pequena hospedagem na mais
remota de todas as ilhas britânicas, Louis Tomlinson está
acostumado a passar a metade mais fria do ano em
completo isolamento, com seu cachorro e o mar como seus
únicos companheiros. Até que, um dia, um estranho
misterioso em uma missão para se reconstruir aluga um
quarto para o inverno

Capítulo 1
‘’E eu gostaria de poder deixar meus ossos e minha pele
e flutuar sobre o mar cansado
para que eu pudesse te ver de novo’’ – Words // Gregory
Alan Isakov

O vento uiva de manhã cedo, uma canção de ninar


reconfortante para um homem que vive em Fair Isle há
quase uma década. Onde alguns seriam acordados pelo
som do canto dos pássaros, as pálpebras de Louis Tomlinson
se abrem com a harmonia do vento e do mar.
Não é bem uma tempestade, ainda não, mas o final de
outubro sempre traz um clima mais temperamental, como
se a natureza estivesse se preparando lentamente para os
difíceis meses de inverno que estavam por vir. Louis
estremece ao subir seu cobertor para mais perto de seu
ombro, escondendo o pescoço sob as cobertas. A maioria
das janelas da pousada estão fechadas, incluindo a de seu
quarto, mas o soar do vento ainda pode ser ouvido
claramente, como um companheiro impaciente e exigente,
que nunca pode ser totalmente ignorado. Louis suspira,
buscando cegamente embaixo do travesseiro com uma das
mãos até sentir o formato de seu celular. Ele liga, piscando
rapidamente enquanto seus olhos se ajustam ao brilho
repentino. Não é como se ele realmente precisasse ligar o
celular para saber que eram cinco e meia. Não há relógios
em seu quarto, mas seu corpo está tão acostumado à rotina
que cultivou por anos, então isso se tornou um hábito. Louis
sorri quando o celular confirma sua suspeita, mas seu
sorriso se desfaz quando percebe que está com apenas 40%
de bateria. É um inferno ter que esperar até às sete horas
para carregá-lo, já que é quando a energia volta na ilha
todas as manhãs.
Louis inspira lentamente, em seguida, suspirando
profundamente antes de deixar o telefone de lado. Ele
sempre dá preferência a uma porcentagem maior quando se
levanta. Na maioria dos dias, a música em seus ouvidos é a
única coisa que faz com que sua corrida matinal seja
suportável e a ideia de morrer bem no meio é… menos do
que ideal. Entretanto, não há nada que ele possa fazer a
não ser rezar para que seu velho iPhone não seja um idiota
hoje, mas tendo consciência de que qualquer coisa irá
drenar sua bateria, parece improvável. Falando de seu ritual
matinal, Louis dá um singelo sorriso quando ouve um
pequeno barulho do lado de fora de seu quarto, seguido por
um gemido alto. Clifford certamente conhece essa rotina tão
bem quanto o dono, e já está farejando a porta em
antecipação, arranhando-a com suas unhas. Louis
raramente dorme com a porta fechada porque, Cliff não
gosta de ficar sozinho à noite - assim como seu mestre -,
então ele suspeita que uma forte rajada de vento vindo de
alguma janela aberta esquecida tenha trancado seu
cachorro do lado de fora. Louis, ainda processando as coisas
em seu cérebro, é cortado pelas lamentações do cachorro,
que estão ainda mais altas.
‘’Ok,’’ Louis murmura para si mesmo com a voz rouca.
‘’Hora de levantar’’.
É uma questão de urgência agora, considerando que ele
precisa passear com Cliff - e correr no processo, mesmo que
seu corpo deteste a ideia de se manter em forma -, então
resolve tomar um banho antes que seus clientes comecem
a acordar exigindo café da manhã. Felizmente, há apenas
um quarto ocupado na pousada South Lighthouse, um casal
de sessenta e poucos anos que, mais corajosos que a
maioria, reservou um tempo livre na Fair Isle no final do
outono. O estabelecimento de Louis costuma ser
assustadoramente vazio neste final de temporada, os
turistas não estão empolgados para passar o inverno em
uma ilha fria e praticamente deserta que fica mais ao norte
do que necessário e está sujeita a fortes tempestades. Louis
já testemunhou muitos visitantes ‘’presos’’ por dias após a
data planejada de partida por conta das violentas
tempestades, então não pode culpá-los. O dinheiro é
sempre mais apertado no inverno, então ele não pode negar
que está realmente grato pelo feriado tardio do Sr. e Sra.
Jackson. Não seria como o fim do mundo se ele servisse o
café da manhã um pouco mais tarde, eles são
compreensivos e a balsa de volta para o continente sairá
apenas à tarde, para que eles não se importassem em fazer
o check-out tardiamente. Porém Louis tem orgulho da
qualidade de serviço em seu estabelecimento, o que
significa que ele serve café da manhã todos os dias depois
das oito e dez horas. Sem atrasos. Sem exceções.
Ele empurra o edredom de seu corpo, lutando contra seu
forte instinto de ficar enrolado e aquecido, e estremece ao
descer a escada de sua cama de solteiro. Ele já foi muito
provocado sem piedade por seu exército de irmãos por ser
um adulto com uma cama de beliche, mas o antigo farol
sempre foi a escolha mais lógica para sua residência
permanente. É o menor quarto do local, apertado e quase
sempre desconfortável, com nada além da cama, uma
cômoda e uma pequena janela para preenchê-lo. Foi
construído para ser funcional, não confortável.
Louis supõe que ele poderia cobrar pela experiência, pelo
fato de que o quarto é quase idêntico ao que parecia
quando o último faroleiro morava aqui.
Antigamente, antes da torre ser desativada, o homem
encarregado de guiar os navios, vivia em sua casa de agora
- que mais se assemelha a uma cabine de navio do que um
quarto -, enquanto sua família morava numa casa
confortável ao lado. Agora, há uma passagem unindo os
dois edifícios para os convidados, o que significa que eles
podem caminhar do edifício principal da pousada até a torre
para se aconchegar no recanto de leitura que fica na sala da
lanterna no topo do farol, sem ter que enfrentar a ventania
de Fair Isle. O corredor que une as duas construções tem
correntes de ar, o que torna o quarto de Louis frio e
desconfortável mesmo nos dias mais quentes de verão. Ele
nunca poderia, em hipótese alguma, cobrar dinheiro para
que as pessoas ficassem lá. Sempre seria seu, por mais
deprimente que pudesse ser, e Louis rapidamente começou
a referir isso mentalmente como uma espécie de loft, com
sua cama sendo a única coisa no segundo andar, só para
que isso suavize um pouco sua situação. Apesar de tudo, ele
prefere estar perto da torre, mesmo que suas
responsabilidades não sejam as mesmas de deus
predecessores. É muito bom estar fora do caminho quando
sua casa está cheia de estranhos durante metade no ano,
ele supõe. E quando a pousada estiver vazia, Louis
rapidamente pode ir direto de sua cama para o topo do farol
para apreciar a vista. É realmente incrível. Louis não passa
muito tempo no recanto de leitura lá em cima quando a
pousada está cheia de turistas, mas durante o inverno a ilha
fica tranquila e silenciosa, as população de apenas sessenta
pessoas que a habita são as únicas almas a bordo. Louis
raramente passa a noite em outro lugar.
 
Assim que desce a escada, Louis vai até a janela e abre as
cortinas, mesmo sabendo que o Sol ainda não nasceu. Ele
franze a testa para o céu ainda escuro, pode concluir que o
mar está gelado mesmo distante, ainda que possa ouvir sua
presença tempestuosa - e pensar que o inverno ainda nem
chegou. Ele suspira, tirando seu capuz antes de jogá-lo em
sua cama, balançando a cabeça com auto-satisfação,
quando acerta-o perfeitamente. Ele lamenta a ação
imediatamente quando o ar atinge sua pele nua.
Rapidamente caminha para a cômoda de madeira sob sua
cama pressionada contra a parede de tijolo vermelho, e
pega a lanterna, ligando-a antes de abrir a gaveta. Ele xinga
baixinho enquanto olha para suas roupas, mas acaba se
contentando com uma camiseta preta de manga comprida,
e larga a lanterna para se vestir o mais rápido possível. Em
seguida, tira a calça de moletom que costuma usar para
dormir, a fim de trocá-la por outro par quase idêntico que foi
lavado recentemente. Louis é muito preguiçoso para mudar
as meias de lã cinza que usou para dormir, então ele só as
levanta sobre a barra da calça antes de calçar os tênis e vai
para seu minúsculo banheiro anexo ao quarto. Vaso, pia e o
menor box conhecido pelo homem - que não era ótimo, mas
dava conta do recado, pensa, enquanto escova os dentes
rapidamente. Equilibra sua lanterna desajeitadamente em
cima do vaso sanitário, deixando apenas parte de seu rosto
iluminado, deixando a impressão de mais exausto do que
realmente está. Ele se pega fazendo careta para si mesmo
no espelho, depois de escovar os dentes, franzindo o nariz
para seu reflexo enquanto esfrega a palma da mão na barba
um pouco maior do que de costume. Lottie definitivamente
diria que ele está precisando de um corte, até o perseguiria
com uma tesoura se o visse assim. Ela provavelmente teria
algo a dizer sobre hidratação também, mas Louis até gosta
de sua aparência desgrenhada.
Louis sai do banheiro, desligando a lanterna e a colocando
de volta em seu lugar, antes de subir em sua cama para
pegar o celular. Finalmente, depois do que Clifford
provavelmente sentiu ser uma eternidade - que demorou
apenas de cinco a sete minutos -, Louis sai de seu quarto e
seu cachorro gigante tenta escalá-lo com suas patas no
minuto em que a porta se abre.
‘’Bom dia, Cliff,’’ Louis diz sorrindo, tropeçando um pouco
pelo peso do cachorro. Ele enterra suas mãos nos pelos do
pescoço de Clifford, dando-lhe um grande beijo antes de
empurrá-lo cuidadosamente. ‘’Vamos, saia de cima de mim
seu grande bruto!’’, ele provoca com o que ele nunca
admitiria ser uma voz de bebê. ‘’Sim, você sabe que vamos
dar um passeio, não precisa ser tão dramático garoto’’,
acrescenta quando o cão tenta pular nele novamente.
Ele empurra o cachorro, impedindo-o de pular novamente, e
depois vira à direita, indo até a escada em espiral que leva
ao topo da torre adaptada até chegar ao que costumava ser
a porta da frente no século XIX. Agora, essa porta só leva
para passagem que liga as duas construções, ajudando
Louis e os clientes a evitar o pior do clima escocês. Ele
estremece assim que a porta se abre e ele entra no
corredor, o espaço é tal mal isolado que daria na mesma
andar pelo lado de fora. Clifford passa por ele com
facilidade, sabendo exatamente o caminho e claramente
indiferente sobre a mudança repentina de temperatura.
Com todo frescor, Louis ainda meio adormecido e com os
olhos semicerrados, segue seu cachorro até o chalé. Ele
sempre foi mais sensível ao frio do que a maioria, algo que
quase todos os membros de sua família - especialmente sua
mãe - adoraria provocá-lo sem piedade a qualquer
momento que ele ousasse reclamar do frio que fazia no
Norte.
Foi uma escolha um tanto estranha ele querer se
estabelecer aqui, Louis teria que admitir.
Mas quando ele entra na sala de estar compartilhada para
pegar sua jaqueta jeans e a coleira de Clifford no cabideiro
de madeira situado no canto da sala, e avista o mar atrás
dos penhascos através da janela do que ele tem sorte em
chamar de lar, Louis não consegue deixar de pensar que ele
prefere morrer do que estar em outro lugar. E que se dane
sua sensibilidade ao frio!
Clifford balança o rabo ao ver sua coleira, embora Louis
nunca realmente a coloque nele - é mais por precaução do
que qualquer outra coisa -, e os dois saem da sala. Louis
coloca sua jaqueta um pouco antes de chegarem à porta da
frente e verifica seu bolso com sacolas plásticas e fones de
ouvido. Assim que checa tudo, coloca os fones de ouvido e
clica no play de sua playlist matinal, abrindo a porta e
deixando Cliff ter uma vantagem antes de começar a correr
atrás dele, seguindo a curva dos penhascos.
Vinte minutos depois, Louis para de correr enquanto ele e
seu cachorro caminham cuidadosamente pelo estreito
desnível no caminho que leva à praia. Clifford começa a
correr animado assim que suas patas tocam a areia, e Louis
não consegue conter a risada. Toda manhã é a mesma
coisa. Ele não volta a correr, apenas anda devagar
apreciando a vista. Ainda está escuro, mas há indício de luz
no horizonte, o início do dia diante de seus olhos. Os
penhascos parecem impressionantes, ainda mais no escuro,
e Louis pensa vagamente enquanto olha para trás. Eles
parecem ameaçadores, como gigantes adormecidos
protetores da costa; dormentes, tranquilos, mas ainda
mortais, se for necessário. Louis os ama mais ainda quando
estão envoltos em sombras como estas, a um sopro do
amanhecer ou quando o sol está prestes a ser por. Clifford
bufa entusiasmado, forçando o dono a olhar para frente
novamente, que sorri ao ver o galho que está carregando.
Louis pega esse galho, jogando-o facilmente antes de
continuar sua caminhada. A música que provavelmente foi
recomendada por uma de suas irmãs muda para um tom
melancólico, com uma voz profundamente triste e saudosa.
É uma música feita para a escuridão, para momentos antes
do mundo despertar totalmente, para a confortável solidão
associada a eles. Louis exala, colocando as duas mãos nos
bolsos da jaqueta e aproveita a praia vazia.

Tempo depois, Louis e Clifford precisam retornar à pousada.
Eles caminharam muito mais longe na praia do que o de
costume, e uma rápida olhada em seu celular informa que
são quase seis e meia. Ele precisa voltar rapidamente se
quiser ter tempo para tomar banho antes que o Sr. e a Sra.
Jackson acordem. É sempre uma consideração difícil uma
vez que não há água quente antes das sete e Louis não
gosta de duchas frias - na verdade ele não gosta de nada
frio -, não importa o quão rápido elas sejam.
Quando está de volta ao farol, são apenas sete e quinze.
Clifford continua energético como sempre, pulando em volta
do corpo de Louis, tentando escalá-lo assim como quando
ainda era um filhotinho enquanto Louis tenta abrir a porta
da frente.
’’Sim, sim, vou pegar comida para você daqui a pouco, seu
grande drama queen ’’, Louis sussurra afetuosamente para
ele quando finalmente empurra a porta e eles passam pela
pequena área de recepção.
É um pouco pretensioso referir-se a área como tal quando
não é nada mais do que um balcão com um velho
computador com um telefone retrô amarelo brilhante em
um canto e um espaço minúsculo atrás dele para Louis se
sentar, embora ele tenha um banquinho. A parede atrás da
recepção tem uma fotografia emoldurada do farol
pendurado, um dos poucos itens decorativos que Louis
guardou do proprietário anterior. Isso faz Louis rir, porque
apenas viu a foto e resolveu pendurá-la, e então nunca mais
a tirou. Já o telefone e o computador são uma história
diferente e falam mais sobre a preguiça de Louis de trocar o
equipamento do que qualquer outra coisa, mas ele supõe
que contribui para o charme vintage de seu
estabelecimento.
Louis começa a tirar o casaco enquanto caminha em direção
à sala de estar, com Clifford ainda o seguindo.
"Dia!" Sra. Jackson diz feliz, sentada em um dos sofás de
couro marrom, fazendo Louis pular assim que ele entra.
"Sra. Jackson!" ele grita, virando-se com uma mão agarrada
ao peito, a outra presa em
a jaqueta jeans pendurada em seu braço. "Jesus, você me
deu um susto", acrescenta ele, pegando a jaqueta e
totalmente desligado, com o mínimo de falta de jeito,
puxando imediatamente os fones de ouvido.
Apesar de parecer ser severa, a Sra. Jackson não parece
ofendida pelos palavrões de Louis. Ela sorri para ele
gentilmente, fechando o livro que estava lendo e
empurrando os óculos para o topo de sua cabeça. Há uma
lanterna apoiada em seus joelhos, o que sugere que ela está
lendo lá embaixo nesse tempo, embora a tenha
abandonado agora que o sol nasceu, iluminando a sala com
um brilho suave.
"Sinto muito meu querido, não era minha intenção assustar
você", ela responde, estendendo a mão para acariciar
Clifford quando ele se aproxima dela para dizer olá.
"O Sr. Jackson ainda está dormindo?" Louis pergunta,
colocando sua jaqueta e a guia de Clifford de volta no
cabideiro.
Sra. Jackson revira os olhos. "Honestamente, aquele homem
poderia dormir num terremoto." Ela soa mais afetuosa do
que qualquer outra coisa.
"Oh, espero que Clifford e eu não tenhamos acordado você
esta manhã", Louis diz, já se preparando mentalmente para
oferecer-lhes um desconto pelo inconveniente, quando a
Sra. Jackson dá uma alta gargalhada.
"A menos que fossem vocês que roncavam em nosso
quarto...? Você pode pensar que eu estaria acostumada com
isso depois de trinta anos de casamento, mas ele ainda me
mantém acordada. ” Ela revira os olhos antes de continuar.
“Mas eu tinha este livro para
terminar antes de sairmos de qualquer maneira, então está
tudo bem."
Louis observa o romance de mistério que ela ainda está
segurando. É um dos favoritos dos convidados, pois é na
verdade situado na ilha e dá-lhes um sentimento assustador
durante a visita. Louis sempre tenta deixar um algumas
cópias espalhadas pelo prédio.
"Você pode levá-lo com você", Louis oferece, apontando
para o livro. Da última vez que ele contou, tinha pelo menos
cinco cópias espalhadas. Definitivamente, há dois no
recanto de leitura no topo do da torre e as outras estão nas
estantes que circundam as quatro paredes da sala, exceto
onde a grande janela está deixando o primeiro raio de sol
entrar. A sala é mais como uma biblioteca do que qualquer
outra coisa na verdade, mas Louis se sente pretensioso
referindo-se a isso quando há convidados. E uma sala
comum faz com que pareça um albergue, não que Louis não
goste de tais estabelecimentos, mas ele está almejando
uma sensação mais sofisticada. Então Louis chama sua
biblioteca de sala de estar e meio que odeia a si mesmo por
ser tão obcecado sobre tudo isso.
‘’Roubar seu livro?’’ Sra. Jackson finge estar surpresa. ‘’Eu
não poderia fazer isso, querido.’’
Louis sorri para a entrega impassível dela. "Você conhece
nossa política", diz ele. "Pegue um livro, deixe um livro. E se
você não pode deixar um livro, tudo bem, não sou muito
exigente. Eu não tenho olhos atrás da minha cabeça, certo?
Estaria tudo bem se você acidentalmente saísse com ele. "
Louis encolhe os ombros. “Eu provavelmente nem perceba
", acrescenta ele em um sussurro exagerado.
"Você é muito gentil, Louis", diz a Sra. Jackson, e não é a
primeira vez que Louis recebe esse tipo de elogio, mas é a
primeira vez que alguém faz isso soar como uma ameaça.
"As pessoas podem levar vantagem ”, acrescenta ela em
advertência.
Louis sorri, tentando não parecer muito condescendente.
Ela já viu mais do mundo que ele,
então teve muito mais tempo para saber como os homens
tratam uns aos outros, mas ela é uma estranha na ilha. Ela
não sabe que não há nada a temer aqui. "Acho que vou ficar
bem", ele responde educadamente, "Mas posso atrasar o
café da manhã se você quiser dar ao Sr. Jackson mais tempo
para dormir, e ter mais tempo para ler." Louis diz dando
uma pequena piscadela.
"Se você precisa de mais tempo para lavar esse fedor de
corrida, Louis, você só precisa dizer isso. Não precisa tentar
fingir que está me fazendo uma gentileza ", ela brinca sem
perder o ritmo, colocando os óculos de volta no nariz e
abrindo o livro novamente.
Ela é muito teatral. Louis percebeu nas últimas duas
semanas que o casal estava hospedado na pousada. Ele se
pega pensando estranhamente que vai sentir falta dela
depois que eles forem embora. Ele sabe que não é tão
simples assim e parte disso é alimentado pelo
conhecimento de que o rigoroso inverno se aproxima e ele
sempre teve sentimentos confusos sobre a forma como o
mundo fica mais lento e a solidão amplifica quando tudo
congela durante a entressafra. Ainda assim, ela é engraçada
e inteligente; Louis aprecia a companhia de alguém assim.
Clifford é o melhor amigo que um homem poderia pedir,
mas ele não tem muito a oferecer.
De repente, o brilho em seus olhos desaparece quando ela
lhe lança um olhar sério. "Nós sabemos que você faz tudo
sozinho aqui, sabe. É um monte de trabalho. Um café da
manhã tardio não irá afetar sua classificação no TripAdvisor.
"
Louis ri. "Eu agradeço. Só levarei quinze minutos e então
poderei começar. Presumo que você irá querer o de
sempre?’’
A Sra. Jackson sorri. "Por favor. Agora vá, alimente aquele
cachorro antes que ele morra de fome."
Clifford salta, pedindo atenção quando ela aponta para ele,
levantando-se do tapete branco fofo no meio da sala.
"Certo, não quero que meu filho fique com fome!" Louis
concorda brincando antes de chamar Clifford e sair da sala.

Como previsto, Louis sente uma pontada de solidão com a
partida do Sr. e Sra. Jackson. Ele os observa sair de mãos
dadas, arrastando sua bagagem e tendo quinze minutos de
caminhada até a cidade. A partir daí, eles provavelmente
cometerão o erro de pegar um lanche no Dunn's Merceeiros,
pensando que vão precisar para a viagem de duas horas e
meia no Good Shepherd IV de volta para Shetland. E mesmo
que eles tenham feito a viagem para Fair Isle antes, mesmo
que eles tenham experimentado a inquietação do mar e a
jornada rochosa do pequeno barco, eles vão presumir que
podem chegar com fome. É o erro de todo turista, mesmo
aqueles com estômagos firmes que nunca ficam enjoados.
Na próxima viagem - principalmente com suprimentos e
sem passageiros agora que outubro está chegando ao fim -
Roger, o Capitão da pequena balsa, vai tirar sarro deles por
seus rostos verdes de desconforto. Acontece sempre, mas
contanto que gastem mais dinheiro na ilha e apoiem sua
comunidade, ele não vai alertá-los sobre isso. Em breve, o
Sr. e a Sra. Jackson estarão de volta em Lancashire,
valorizando as memórias da aventura que eles tiveram nas
fronteiras escocesas.
Louis suspira na porta, rindo um pouco quando Clifford dá
uma cabeçada na parte de trás de sua coxa como se talvez
ele estivesse pensando que merece mais atenção agora que
serão apenas os dois. Ele se vira e volta para dentro da
cabana, tamborilando com os dedos no balcão da recepção
por um segundo antes de se erguer até a ponta dos pés,
para olhar para a prateleira alta. É uma bagunça, com
vários recibos e post-its espalhados entre as canetas, dois
romances e embalagens de waffle de caramelo Tunnock ao
lado de um prego enferrujado e uma lata de chá Lipton
amarela, onde Louis esconde seus petiscos favoritos. Ele
cantarola para si mesmo antes de pegar uma caneta preta,
empurrando as embalagens até que finalmente encontra
um bloco de notas.
"Vamos, Cliff, pare com isso", Louis murmura quando o
cachorro tenta subir no balcão,com as unhas de suas patas
dianteiras batendo na madeira. Ele late em resposta, mas
mal tem tempo para reagir antes que Louis gentilmente o
empurre para baixo. “Nada disso, você sabe”, diz ele
severamente, colocando a caneta atrás da orelha direita,
colocando o bloco de notas no bolso de trás da calça jeans.
Ele poderia ter esperado mais de um segundo depois que
seus últimos convidados partiram antes de começar uma
inspeção anual de reparos e melhorias necessárias em todo
o edifício, mas Louis nem ousa pensar assim.
Ele tem talvez de quatro a cinco meses para se certificar de
que a casa e a torre estão em boas condições para a
próxima temporada. Em seu primeiro inverno em Fair Isle,
Louis cometeu confiantemente o erro de supor que seriam
necessárias apenas algumas semanas para colocar tudo em
ordem para o próximo fluxo de turistas. Ele tinha
descansado - mais do que qualquer trabalhador
independente deveria - e passou alguns meses em
Yorkshire com sua família e acabara deixando tudo para o
mês de março. E março foi uma loucura - Louis ainda pensa
nisso com uma vergonha ardente. Se não fosse pela
gentileza de seus vizinhos, ele nunca teria conseguido. Hoje
sabe melhor. Ele fica na ilha, e antes de mais nada, fica de
olho nas locações do National Trust. Nunca recua nenhuma
tarefa. Não há nada pior que ele pudesse imaginar do que
incomodar os inquilinos de Fair Isle novamente para obter
mais ajuda. Mesmo que ele os rotule como amigos em vez
de vizinhos agora, seria muito mais embaraçoso precisar
deles. Ainda mais agora que ele tem alguns anos de gestão
da pousada em seu currículo.
Então Louis volta para a porta da frente, olhando para o
suéter vermelho e branco que ele está usando, franzindo o
nariz enquanto ele debate mentalmente se ele deve pegar
uma de suas jaquetas, mas acaba decidindo que não estava
tão frio lá fora e que sua caminhada não deveria demorar
tanto. Ele abre a porta da cabana, dando um passo à frente
para sair enquanto lambe o lábio inferior quando uma forte
rajada de vento o faz cambalear para trás. Ele ri um pouco,
tentando novamente com Clifford atrás depois dele. Uma
vez que ele está fora do prédio, ele começa a circundar a
propriedade, alcançando seu bolso e pegando o bloco de
notas para escrever TINTA BRANCA em letras maiúsculas
antes de sublinhar. O exterior da casa realmente precisa de
uma pintura nova. Felizmente, o farol em si foi tratado com
alguns anos antes, uma reforma cara que havia sido
financiada pelo National Trust of Scotland, então Louis não
precisa se preocupar com a torre. Ele estremece um pouco,
lamentando suas escolhas de vida, mas teimosamente
continua a inspeção enquanto pragueja baixinho toda vez
que o vento assobia, com o ar frio provocando sua nuca. Ele
passa muito tempo inspecionando cada janela do piso
térreo, certificando-se de que não há correntes de ar. Ele
suspeita que pode ter que consertar a biblioteca e adiciona
isto à lista com um pequeno ponto de interrogação, antes
de voltar para dentro e verificar cuidadosamente cada
quarto. Primeiro as áreas comuns no andar de baixo, depois
a cozinha, e por fim, os quartos no primeiro andar e cada
uma de suas suítes. Logo, a tarde se transforma em noite, e
com isso, a lista cresce e cresce.

Poucos dias depois, Louis está voltando da cidade com uma
braçada de suprimentos - principalmente tinta para o lado
de fora da cabana - com Clifford caminhando alguns passos
à frente dele no caminho. Não é uma estrada, não
realmente, seria mais como uma pequena trilha lamacenta
grande o suficiente para dois onde a grama havia sido
aparada, tanto que não sobrou nada e essa trilha conecta o
Farol à estrada principal que atravessa a cidade e sobe o
lado norte da ilha. Não é muito glamouroso, mas os campos
verdes vibrantes, as falésias e o mar à frente compensam a
falta de acesso a pousada de carro. Apenas os hóspedes
mais mesquinhos costumam reclamar disso. E quando eles
saem, normalmente ficam tão encantados com a vila
pitoresca e o litoral de tirar o fôlego, que se esquecem da
falta de amenidades.
Louis está a apenas alguns minutos de distância quando
percebe uma figura desconhecida um pouco mais a frente,
pairando perto da entrada do chalé. Louis pára em seu
caminho, reajustando a grande sacola cheia com latas de
tinta que estão cavando dolorosamente em seu ombro com
uma mão, e a outra ocupada carregando um vaso de planta
que ele comprou por capricho, pensando que iluminaria seu
quarto. Louis aperta os olhos antes de estalar o dedo para
impedir Clifford de correr, chamando-o de volta para que
eles pudessem observar o estranho despercebido. Alto, com
uma jaqueta verde oliva grande envolvendo seu
corpo esguio, o homem está andando em frente à porta,
com apenas uma alça de sua grande mochila em seu
ombro. Ele está nervoso. Mesmo de longe, Louis pode ver
como ele continua mexendo. Com as alças de sua bolsa, e
com a jaqueta que voava com cada rajada de vento.
Ele não fecha o zíper, apenas começa a brincar com seu
lenço preto enquanto continua caminhando por aquele
pedaço do chalé antes de se virar e fazer isso novamente.
Então, ele começa a brincar com as alças da mochila.
Novamente. Se Louis fosse uma pessoa desconfiada, ele o
acharia suspeito. Mas como não é, ele só está intrigado.
"Não se parece com nossos mochileiros regulares, uh?"
Louis sussurra para Cliff antes de começar a caminhar
novamente.
Ele não pode deixar de ficar um pouco confuso. Se suas
mãos não estivessem ocupadas, ele pegaria seu telefone
para ter certeza de que ele não perdeu uma mensagem de
Roger sobre deixar novos visitantes na ilha com sua balsa.
Ou mesmo de alguém da família Dunn. Como proprietários
da mercearia / armazém geral, eles são normalmente os
primeiros a saber sobre qualquer visitante. Notícias viajam
rápido na ilha e fofoca geralmente passa pelas sessenta
pessoas que vivem permanentemente na Fair Isle em
menos de trinta minutos
- dez, se a notícia for particularmente interessante. Entre
sussurros, telefonemas e mensagens de texto, ninguém fica
de fora. A terra deles não é um mistério, não importa
quantos turistas viagem com a noção romântica falha de
isolamento associado ao estilo de vida da ilha. Oh, eles são
isolados com certeza, isolados do resto do mundo, mas
certamente não uns dos outros. E Louis estava na cidade há
20 minutos! Só pode haver uma razão pela qual ele não foi
avisado: este homem escapou pelas fendas e conseguiu
chegar a Fair Isle despercebido. Seria o primeiro. Recém-
chegados, visitantes, turistas, amigos e familiares dos
locais; ninguém pôs os pés Fair Isle sem que todos
soubessem.
Se ele está procurando abrigo - como Louis fortemente
suspeita que esteja - existem apenas três opções em toda a
ilha. A pousada South Lighthouse que Louis orgulhosamente
chama de sua, uma pequena hospedagem na vila com
preços mais acessíveis, e um Hotel no extremo norte da
ilha. Toda a população da vila fica no sul e a maioria dos
turistas fica na área, exceto pelos caminhantes, fotógrafos e
outros entusiastas do ar livre que não se importam em
abandonar o que quer que seja durante sua estadia. Porém,
realisticamente, já que a maioria dos turistas não se
aventura no norte para dormir, existem apenas duas opções
viáveis para quem precisa de um quarto. E se alguém está
procurando por um, Louis geralmente é alertado -
especialmente durante a seca e o inverno, meses em que o
turismo morre e cada novo visitante é uma fonte potencial
de renda inestimável. Se o estranho tivesse sido visto, Louis
saberia.
Então o homem conseguiu chegar a Fair Isle - e ao Farol fora
da vila -
completamente invisível. Isso é... isso é diferente.
"Ei", Louis grita o mais casualmente possível, uma vez que
ele está a cerca de apenas a dez passos de distância da
porta.
O estranho se assusta, dando um passo para longe da
janela da sala que ele estava tentando espreitar antes de se
virar para encarar Louis. Clifford late e, por um segundo,
Louis pensa que ele pode ter repreendido-o, com a forma
como os olhos do homem se arregalam e ele dá um
pequeno passo para trás como se talvez estivesse com
medo. Seu rosto suaviza rapidamente em uma expressão
neutra e estende a mão em direção ao cachorro de Louis,
silenciosamente dizendo olá. Clifford certamente não
precisa ser convidado duas vezes e de repente ele está se
aglomerando no espaço como o pagão mal comportado que
Louis orgulhosamente criou. Felizmente, Cliff não possui
mais qualquer um de seus hábitos terríveis - como pensar
que ainda é um cachorrinho e pular sobre as pessoas,
quase matando-os no processo. Ele apenas dá uma
cabeçada no recém-chegado na perna, dizendo olá da
melhor maneira que ele sabe. Ele é tão forte que o homem
tropeça um pouco para trás.
"Ei" o homem sussurra, a voz surpreendentemente
profunda, enquanto Clifford focaliza suas mãos, começando
a lamber seus longos dedos após alguns segundos.
Louis está tão ocupado olhando para a forma como o
homem parece profundamente perturbado, mas sob a
atenção de Clifford, ele não percebeu que está sendo
examinado e
quando ele levanta a cabeça novamente, fica surpreso ao
encontrar profundos olhos verdes focados em seu rosto.
"Desculpe?" Louis diz, assumindo automaticamente que ele
perdeu algo que o estranho disse. Ele é atraente, Louis nota
à distância, observando os lábios carnudos rosados e a
estrutura alta e esguia.
O homem sorri, seus olhos parecem vazios, mas educados.
Ele parece triste. "Eu acabei de dizer olá."
"Oh sim. Ei. Eu disse isso antes, certo?" Louis brinca. Há
algo sobre os olhos fixos nele que o deixam perplexo. "Posso
ajudar?" ele ainda pergunta, sorrindo calorosamente para
tentar deixar o homem à vontade. Ele aponta para a
mochila preta em seu ombro. "Você está procurando um
quarto?"
O homem balança a cabeça lentamente, os olhos indo para
a placa acima da porta do chalé apresentando a pousada.
“Hum, sim. Você trabalha aqui?" ele pergunta, apontando
para a placa.
Louis sorri com orgulho. “Sim, eu sou o dono. Eu posso te
hospedar” Ele responde, se aproximando da porta. Clifford,
é claro, vê o movimento e fica no caminho, animado para
voltar para casa.
"Vamos, Cliff", Louis ri, tentando empurrá-lo com a perna
enquanto enfia a mão dentro da
jaqueta para pegar suas chaves. Ele sente uma pequena
pressão em seu braço e quando olha para a direita, a mão
de seu novo cliente está descansando em seu bíceps. "Eu
posso segurar isso para você, se isso ajudar", ele oferece,
apontando para o vaso..
"Oh, sim, isso seria brilhante", Louis responde, deixando cair
a planta nos braços do homem sem hesitação. "Desculpe
por fazer você trabalhar no seu primeiro dia", ele brinca
enquanto finalmente consegue encontrar suas chaves. “Eu
prometo que normalmente não coloco os convidados para
fazer todo o trabalho”, acrescenta ele, girando a chave e
empurrando a porta do chalé.
O homem permanece estranhamente quieto.
"Entre, entre", diz Louis, tentando empurrar Clifford para a
sala de estar com
promessas de um deleite. "Pode ir, seu bebezão, deixe-me
lidar com isso."
"Qual o nome dele?"
Louis fecha a porta da sala atrás de Clifford antes de
contornar o balcão da recepção,
espremendo-se no pequeno espaço e deixando cair sua
bolsa de volta no chão com um barulho alto.
"Clifford", ele responde com o que ele sabe que
provavelmente é um sorriso muito meloso. Não pode evitar,
ele ama seu cachorro grande e bobo. "E eu sou Louis", diz
ele enquanto tira a jaqueta jeans, nervoso, alisando a parte
inferior do suéter com padrão norueguês branco e azul que
ele está usando. É um hábito do qual ele não consegue se
livrar completamente, embora não tenha certeza de por que
se sente ansioso de repente.
“Você não é escocês”, observa o homem, em vez de dizer
seu nome, colocando a planta à direita no canto do balcão,
oposto à confusão embaraçosa de Louis.
"Bem observado", Louis brinca, pegando o telefone amarelo
de cima do balcão e colocando-o
na prateleira escondida ao seu lado para criar algum
espaço. Ele move o mouse do computador que ele não ousa
chamar de dinossauro em voz alta "Oh, por favor fique à
vontade para tirar o casaco. E deixe sua bolsa aí, deve ser
pesada.”
O homem concorda, tirando a mochila preta e colocando-a
cuidadosamente contra o balcão.
"Desculpe, não quis parecer rude, só fiquei surpreso. Este
lugar é... bem, eu apenas pensei que fosse ser uma
pequena comunidade escocesa.”
Louis concorda. É um erro comum. “Você não foi rude. A
maioria das pessoas reage da mesma forma, na verdade
nós estamos em uma comunidade extremamente
diversificada”, diz ele sarcasticamente.
O homem bufa. "Certo."
“Ei! É verdade, temos até gays”, diz Louis, brincando,
apontando para si mesmo. Ele não costuma se expor aos
convidados, mas ele não pode perder a oportunidade de
tirar sarro dessa comunidade ridiculamente isolada,
ridiculamente branca e ridiculamente britânica.
Surpreendentemente, é isso que faz um sorriso verdadeiro
aparecer no rosto do estranho. É apenas uma elevação do
canto da boca, mas...
"Erro meu, então posso ver que tinha algumas... noções
erradamente preconcebidas."
Eles se encaram em silêncio por um momento. Depois dois.
“Então...” Louis diz, tamborilando os dedos contra o balcão.
Quando se torna bastante aparente que ele vai ter que
assumir o comando, ele fala novamente. "Você está
procurando um quarto...?" ele diz como uma pergunta,
embora eles já tenham estabelecido esse fato.
"Sim. Por favor."
"Ok", Louis concorda, um pouco espantado com a relutância
do homem em elaborar, então ele abre a janela do sistema
de reservas com dois cliques. "Bem, o outono é sempre
tranquilo na ilha, então você definitivamente tem algumas
opções em termos de preços e tamanhos de quartos. Por
quanto tempo pensa em ficar? Está tudo bem se você não
sabe, eu sei que a maioria dos mochileiros tem uma
abordagem do dia a dia para viajar e, como eu disse,
normalmente fica vazio de outubro ao final de março, então
se você quiser reservar apenas
algumas noites e reavaliar, está tudo bem. ”
“Fica vazio até o final de março?”
“Hum... Sim. Geralmente."
O estranho acena com a cabeça, aparentemente para si
mesmo. "Sim, isso funcionará", ele sussurra antes de
redirecionar seus olhos em Louis. “Posso alugar um quarto
até meados de março?”
No início, Louis acha que é uma piada. "Meados de março?!"
ele exclama.
"Por favor", diz o homem, sem um traço de travessura em
seu rosto.
"O que você vai fazer aqui em Fair Isle até meados de
março, companheiro?" Louis pergunta com uma pequena
risada incrédula. “Não que eu esteja julgando”, acrescenta
rapidamente quando vê como o estranho aperta a
mandíbula, claramente desconfortável.
“Eu só preciso… de uma pausa. Férias", ele responde e há
desespero honesto em seus olhos verdes que pega Louis de
surpresa. Tipo, talvez ele pense que será rejeitado agora e é
um
pensamento insuportável.
Louis concorda, com muito entusiasmo, antes de falar
novamente. "Sim claro. É que a maioria das pessoas escolhe
lugares mais ensolarados, sabe? Praias lotadas e outras
coisas.”
"Já estou farto de lugares ensolarados lotados, obrigado",
murmura o homem, com a cabeça baixa para o chão. Com o
rosto quase todo escondido, Louis ainda pode ver a forma
como suas sobrancelhas definidas se erguem
sarcasticamente no ‘’obrigado’’. "Tudo bem", ele finalmente
diz, olhando de volta nos olhos de Louis. “Aqui está perfeito.
Se eu puder...?"
Isso deveria levantar muitas bandeiras vermelhas, mas
Louis não consegue ser cauteloso ou desconfiado. Há tantas
coisas que ele deveria perguntar, tanto que ele quer
perguntar, mas ele tem ciência das coisas. Ele não pode.
Ainda não. Então ele sorri gentilmente.
"Claro. Como já disse, há muitas vagas por onde escolher.
Todos os quartos têm banheiros, nós temos alguns com
camas de casal, uma queen e uma king nos quartos
principais. Os preços variam principalmente com o tamanho
da cama. E a vista, é claro! Os quartos sem vista para as
falésias são mais baratos, mas já que você vai ficar tanto
tempo, podemos resolver algo. Podemos fazer um acordo ou
algo assim. As tarifas normais incluem café da manhã. Duh,
”Louis adiciona, arregalando os olhos comicamente. “Cama
e
Café da manhã, sabe? Mas há taxas extras se você quiser
todas as três refeições incluídas. É uma opção. E se não,
acho que podemos pensar em algo para você usar a
cozinha? Há praticamente apenas uma padaria na cidade,
se você preferir que -" Louis para, quando o homem levanta
uma mão para silenciá-lo.
“Apenas me dê o quarto mais caro, por favor. E o preço total
em todas as refeições e outras coisas. Pelo menos o que
posso fazer é pagar a taxa adequada se vou ficar aqui por
quatro meses. ”
Louis está prestes a abrir a boca para protestar quando o
estranho balança a cabeça e desaparece de vista. Louis se
inclina sobre o balcão a tempo de vê-lo fechar o bolso da
mochila novamente antes de se endireitar e deixar cair um
envelope aberto cheio de dinheiro no balcão.
“Eu sei que é uma prática comum pagar um depósito e o
restante na partida, mas está tudo bem se eu pagar tudo
adiantado?”
Louis engole em seco. Isto é muito dinheiro. "Sim", ele
responde, dando uma ênfase maior no 'm' e olhando para
baixo para a tela do computador, a reservar o quarto
principal. “Até 15 de março funciona para você?” ele
pergunta, digitando algumas coisas no formulário do cliente
quando ele recebe um aceno de volta. “E... que nome devo
colocar?"
"Harry... Meu nome é Harry."
Louis digita o primeiro nome, tentando não se sentir
desconfortável com o fato de que é tudo que Harry parece
querer dizer. "Algum sobrenome?"
"Algum sobrenome?" Harry responde e talvez seja uma
questão de confiança, Louis especula,
observando a maneira como ele ainda está inquieto. Ele
parece infantil de alguma forma, na luz fria do outono
chegando
pela janela ao lado da porta da frente.
“Tomlinson,” Louis oferece, esperando que isso deixe Harry
à vontade.
Harry bufa e quase soa como uma risada. “Clifford
Tomlinson”, diz ele. "É um belo nome."
"Obrigado, eu pensei nisso sozinho."
"É... Twist", disse Harry, mas a palavra parecia desconhecida
em sua boca. "Harry Twist."
"Ótimo," Louis diz, digitando, ignorando a vozinha na parte
de trás de sua cabeça dizendo que é provavelmente um
nome falso, que talvez ele devesse se preocupar. “Vamos
organizar este pagamento e então lhe apresentar o lugar.”


Eles levam cerca de dez minutos para resolver tudo, mas
logo, Harry está em posse da
chave do quarto dele. Ele está se abaixando para pegar sua
bolsa - provavelmente planejando ir direto para seu quarto -
quando Louis o para, colocando a mão em seu ombro.
“Você pode deixar isso aqui um pouco”, diz ele, tentando
não soar como uma ordem. “É só… eu posso mostrar a casa
e a torre primeiro? Assim você saberá onde está tudo e
outras coisas?"
"Oh," Harry disse baixinho, parando no meio do caminho.
Ele se endireita, colocando as mãos no bolso de sua jaqueta
grande um pouco desajeitada, deixando Louis dar uma
espiada furtiva em um pulso tatuado que ele de alguma
forma não tinha notado antes. "Claro", Harry deu de
ombros. "Isso faz sentido."
Ele parece querer ficar sozinho, parece cansado, apesar da
falta de olheiras. Está em sua postura e o jeito como ele
sorri com a boca, mas não com os olhos. Não pela primeira
vez,
Louis se pergunta o que diabos aconteceu com este homem
- este menino na verdade - para ele decidir se levar à costa
distante de seu pequeno canto do mundo com os bolsos
cheios de dinheiro e o que parece claramente como um
coração pesado.
“Não vai demorar muito, eu prometo,” Louis deixa escapar,
quase um pedido de desculpas. “Então eu darei você a
senha do wi-fi e deixarei você com ela. ”
Harry não sorri, mas sua postura parece relaxar um pouco.
"Está tudo bem", diz ele, pegando uma das mãos longe do
bolso para começar a tirar o cachecol. “Eu gostaria de um
passeio, na verdade.” Ele coloca o lenço no topo de sua
mochila antes de dar um passo para longe dela, seu Vans
deslizando molhado contra o chão, alguns pedaços de
grama grudados na sola. “E eu não preciso da senha. Eu
não tenho um laptop comigo."
“Oh, bem, se você precisar de um computador em algum
momento, pode pegar o meu emprestado sem problemas.
Sinta-se livre para pedir.”
Os olhos de Harry voltam lentamente para o monstro
sentado orgulhosamente no balcão, o resto de seu corpo
inteiramente imóvel. Então, ele estremece.
"Não aquele!" Louis ri, esfregando os dois dedos na barba.
“Ele mal consegue executar o
sistema de reservas em um dia bom, quanto mais páginas
da web. Eu quis dizer meu laptop.”
"Não vou precisar, mas obrigado."
Louis o olha por um segundo antes de encolher os ombros.
“Sempre há o computador da padaria se você ficar mais
confortável ”, diz ele, finalmente dando a volta no balcão
com o paletó nas mãos. "É meio que uma padaria, meio um
cibercafé, na verdade. A Sra. Clark permite que qualquer
pessoa use o computador, desde que você compre algo. Ela
é realmente adorável e seus doces são incríveis. " Louis olha
a planta no balcão por um segundo. “Você acha que isso
parece bom aí? Não está muito lotado, certo? "
Ele torce a expressão um pouquinho, mordendo o lábio
inferior enquanto pondera sobre isso.
"Perdão?" Harry pergunta.
“Aquela planta. Eu ia colocá-la no meu quarto, mas parece
bom aqui, certo?"
Harry olha para a planta por um momento, arregalando os
olhos com incredulidade. Louis não consegue deixar de
sentir uma pontada de satisfação por ter sucesso em fazê-lo
reagir com mais do que uma microexpressão.
"Hmmm", Harry hesitou antes de encolher os ombros.
"Parece bonita...?"
"Tudo bem, vou deixar aqui, por agora, suponho. Sempre
posso movê-lo mais tarde”, diz Louis, principalmente para
ele mesmo, enquanto lidera o caminho em direção à sala de
estar. "Cliff provavelmente vai pular em você", ele avisa por
cima do ombro antes de abrir a porta. "Me desculpe por
isso."
"Está tudo bem", responde Harry, seguindo Louis dentro da
sala.
Clifford nem mesmo estremece, confortável em seu lugar no
tapete, onde dorme profundamente.
“Ou não,” Louis diz, observando a mancha preta e
encaracolada. "De qualquer forma, esta é a da sala de estar
barra biblioteca,”ele explica, gesticulando vagamente em
direção às resistentes estantes de madeira pressionadas
contra cada parede. Tirando o topo da torre, este é
provavelmente o quarto mais aconchegante da propriedade.
Harry cantarola, caminhando sobre o piso de madeira
rangente para chegar até a lareira. Ele deixa seus dígitos
rastrearem contra o topo, virando a cabeça de lado para ler
os títulos dos livros empilhados desajeitadamente nas
prateleiras sobre ele. Além do tapete branco e os três sofás
de couro marrom, há apenas um grande baú antigo
decorando o quarto. A estrela do show são os livros e a
lareira, além da vista. Há uma almofada vermelha no
parapeito da janela, estrategicamente colocada lá por Louis
para encorajar que as pessoas se sentem para ler durante o
verão, quando o recanto de leitura fica muito cheio.
“Isso... Isso é adorável,” Harry disse, virando-se para
encarar Louis. Ele parece sincero e quase impressionado.
Não pela primeira vez, Louis se pergunta o que diabos
trouxe este homem aqui. "Você tem uma grande seleção de
livros, e aquela lareira é ótima.” Seus olhos se arregalam
intensamente enquanto ele entra na sala. “Estou um pouco
surpreso”, ele admite.
“E você ainda nem viu as melhores partes”, Louis brinca
enquanto começa a se mover em direção à saída, levando
um segundo para pendurar sua jaqueta jeans ao lado da
guia de Clifford no cabideiro.
"Você trouxe todos aqueles livros com você quando se
mudou para cá?" Harry pergunta, indiferente, apenas
curioso enquanto ele pega um deles da prateleira e começa
a folheá-lo. "São seus?"
Louis ri, encostado em uma das estantes ao lado da porta.
Ele cruza a perna esquerda sobre a
direita, cruzando os braços sobre o peito. “Nah. Quer dizer,
não me entenda mal, eu sempre gostei de ler, mas eu não
comecei a amar até que me mudei para cá. Você pode se
surpreender ao saber que não há muito o que fazer aqui
para se divertir... A maior parte veio de convidados.”
"Achados e perdidos?" Harry adivinha sem tirar os olhos do
que Louis pensa ser uma biografia de algum criminoso
americano. Um mochileiro de 20 anos deixou toda sua
coleção de artigos relacionados à máfia e não ficção no farol
há alguns verões em troca de três thrillers britânicos que
Louis comprou por 90 centavos em uma loja de caridade em
Inverness.
“Não exatamente... Bem... suponho que tenha começado
assim”, Louis admite. “Havia apenas uma estante de livros
nesta sala no início e não estava nem cheia. Tinha apenas
alguns dos meus próprios livros e de proprietários anteriores
que haviam deixado para trás quando se mudaram. Não era
muito, mas gostei da ideia de deixá-los em um dos espaços
compartilhados para que as pessoas possam pegar um
emprestado durante as férias, você
conhece? Suponho que os convidados gostaram da ideia
porque alguns deles começaram a deixar seus próprios
livros para adicionar a coleção se eles terminaram de lê-los
aqui. Alguns deles foram simplesmente esquecidos nos
quartos ou no recanto de leitura... eu vou mostrar a você
em breve", Louis adiciona misteriosamente quando a
cabeça de Harry estala
nas palavras ‘recanto de leitura’, claramente curioso.
“Outros foram trocados -”
“Trocados?” Harry pergunta, dando um passo à frente. "O
que isso significa?"
“Pegue um livro, deixe um livro? Se as pessoas querem sair
com um livro que não terminaram, basta trocá-lo por um
deles. Eu não me importo. Enquanto eu tiver opções para
todos, não me preocupo com quais livros eu realmente
possuo. Além disso, estou sempre verificando de segunda
mão as livrarias sempre que estou no continente. E a
maioria dos outros residentes também.”
Harry olha para o livro ainda em sua mão, então morde o
lábio inferior. “Os locais compram livros para você?" ele
pergunta antes de passar a mão pelo cabelo curto,
bagunçando ainda mais. Algumas mechas estão enrolando
em sua têmpora de uma forma que faz Louis pensar que
deve ficar lindo quando está mais longo.
Louis encolhe os ombros. "Bem, sim. Quer dizer, é para eles
também. Não há biblioteca oficial em Fair Isle, você sabe,
então todo mundo meio que compartilha comigo.”
"Isso é... Isso é realmente adorável."
Louis acena com a cabeça, depois sorri, os olhos enrugando.
"Não é?" Ele se afasta da estante,estendendo a mão para
que Harry lhe desse o livro. Em seguida, ele o coloca de
volta na prateleira mais próxima. “Não há absolutamente
nenhuma regra aqui, então não se preocupe em colocar as
coisas de volta no lugar certo. Nós prosperamos no caos
aqui. Ainda mais o Cliff ”, brinca Louis, apontando para seu
cão adormecido e pacífico. “Oh! Antes que eu esqueça”,
acrescenta, apontando para o baú ao lado de Clifford, “esta
antiguidade está cheia de suéteres de lã disponíveis para
uso dos hóspedes, por favor, fique à vontade para pedir o
que for. Fica muito frio à noite com a energia desligada. Há
aquecedores a bateria em todos os quartos, então você
deve estar bem, mas ainda assim. Não seja tímido. Eles
estão todos limpos, eu juro."
Os olhos de Harry se arregalam com a palavra "desligada" e
permanecem assim até Louis terminar seu discurso, seu
corpo enraizou no lugar perto da saída. “Com a energia
desligada?” ele repete, como o que Louis disse não fazia
sentido.
Os olhos de Louis se arregalam ao ouvir o leve tremor na
voz de Harry. Oh céus. "Você sabe que não há eletricidade
em Fair Isle entre onze e meia da noite e sete da manhã,
certo?" Louis pergunta, repentinamente agressivo e um
pouco nervoso.
Este homem é estranho, claro, e Louis não tem certeza se
pode confiar totalmente nele ainda, mas com a promessa
de quatro meses de seu quarto mais caro sendo alugado -
durante o inverno!!!!!! - a última coisa que ele quer é que
essa informação faça Harry fugir.
A boca de Harry se abre, depois se fecha e ele engole
visivelmente. "Certo", diz ele, mandando sua confusão para
longe. "Certo. Claro. Eu... acho que devo ter esquecido.”
"Esquecido?"
"Está tudo bem", diz Harry, parecendo mais certo agora que
está se acostumando com a ideia. “Simplesmente fugiu da
minha mente”, ele insiste. “Obrigado por me contar sobre
os jumpers. É uma ideia muito boa. Você é claramente
preparado para qualquer eventualidade.”
Louis o encara por um momento antes de responder. "Eu
tento", ele finalmente se conforma, apontando para a porta.
"Vamos?"
Harry acena com a cabeça, seguindo-o de volta para o
corredor, então para a próxima sala que Louis rapidamente
apresenta como a sala de jantar.
“Não há muita coisa interessante aqui, para ser honesto,”
Louis explica enquanto deixa Harry dar uma olhada por aí.
Duas grandes janelas de frente para as falésias com cerca
de uma dúzia de mesas e cadeiras quadradas
incompatíveis, o espaço é uma mistura entre um
restaurante e uma sala de jantar familiar. O móvel mais
interessante na sala é o piano vertical que Louis quase
nunca toca, mas não conseguia se livrar uma vez que os
proprietários anteriores não se preocuparam em sair com
ele. Cada mesa é adornada com um manuscrito de carta de
vinhos/bebidas e ao lado da porta há uma placa de giz onde
Louis costuma escrever o menu semanal. Ele explica
rapidamente para seu convidado, apontando para o sinal
em branco enquanto Harry se aproxima de uma das mesas
e começa a mexer na lista.
"Normalmente tenho menus fixos planejados e se as
pessoas estão interessadas em comer, eu adicionaria na
conta do quarto, mas como você vai ficar tanto tempo e já
pagou pela comida, não precisa ser tão estritamente
planejado. Sempre podemos discutir os menus e tudo mais.
Escolher as coisas juntos..."
Há um longo momento de silêncio onde Louis apenas olha
para Harry que está aparentemente perdido em
pensamentos, seu polegar esfregando contra o pedaço de
papel alinhado entre os saleiros e pimenteiros.
"Harry?" Louis finalmente pergunta, incerto. “Tudo bem se
tocarmos de ouvido para os menus semanais?”
"Uh?" Harry diz, retirando a carta de vinhos. Ele pega seu
próprio pulso, esfregando-o com o polegar por alguns
segundos, antes de quebrar um elástico,que Louis nem
tinha percebido que estava usando contra sua pele. “Sim,
sim”, ele responde, claramente sem saber o que Louis disse.
"Está bem."
“Ok,” Louis concorda, escolhendo não forçar. Se Harry não
está com vontade de falar ou prestar atenção, está tudo
bem. Louis pode resolver isso sozinho. Ele geralmente faz
isso e nenhum convidado jamais reclamou sobre sua
comida, embora não seja de classe mundial. "Vamos pular a
cozinha", declara Louis, sentindo como se talvez Harry
estivesse se cansando disso, dele, e quisesse que o tour
acabasse o mais rápido possível. “Tudo o que você precisa
saber é que isso pode fazer com que a maioria dos
apartamentos perca seu dinheiro em termos de minúsculo e
apertado” Louis explica enquanto conduz Harry para fora da
sala de jantar. Eles andam ao longo do corredor em silêncio
até passarem pela porta que esconde as escadas que levam
ao porão. “Lá embaixo é a dispensa. Como comida enlatada
e coisas assim. Álcool e qualquer coisa que não precise ser
resfriada, basicamente. É aí que a máquina de lavar
também está para sempre que você precisar. Sabão e tudo
está lá embaixo também, então fique à vontade para usar o
que você tem necessidade."
Harry cantarola enquanto eles finalmente alcançam a porta
que leva ao corredor anexo ao farol.
“Então, isso na verdade costumava ser dois edifícios”,
explica Louis, empurrando a porta e caminhando para o
corredor. “A casa e, em seguida, o edifício do farol onde o
zelador costumava ficar ... Eles só construíram o anexo
ligando os dois quando os edifícios foram convertidos em
uma pousada nos anos 80, para que os hóspedes não
precisassem enfrentar o tempo para chegar ao clímax,
sabe?" Louis olha por cima do ombro a tempo de pegar
Harry franzindo as sobrancelhas “O topo da torre”, ele
explica com um pouco mais de talento e drama do que o
necessário, empurrando a porta do próximo prédio com o
quadril. Ele deixa Harry entrar primeiro. “É o local com a
melhor vista, afinal! Esta porta bloqueia um pouco às vezes,
então não tenha medo de dar um empurrão, certo? " ele
acrescenta, acompanhando. “O corredor é velho, com
correntes de ar e horrível, e provavelmente precisaria de
algumas reformas...” Ele aponta para a porta atrás com o
polegar sobre
seu ombro. "Mas ei, pelo menos se chover você não vai ficar
preso lá fora, sabe? Eu durmo aqui0", diz ele quando
passam pela porta de seu quarto para chegar ao fundo da
escadaria espiral de metal. “Você terá a casa de campo
toda para você à noite, a menos que outros clientes
apareçam, mas sim, se houver uma emergência ou algo
assim ... é aqui que você pode me encontrar.”
"Tudo bem", Harry concorda, dócil. "Vamos lá em cima?" ele
pergunta, apontando para o topo da torre.
“'Claro que vamos lá em cima.” Louis sorri amplamente.
“Depois de você,” ele diz, um pouco maliciosamente.
É sempre a melhor parte, ele imagina. A maneira como o
rosto das pessoas se ilumina de alegria quando elas
finalmente chegam ao topo. Hoje é um dia tão bom
também, nenhuma nuvem à vista ou qualquer vestígio de
névoa. Somente o céu azul claro e o que Louis conhece por
uma vista incrível dos penhascos e da água além.
Harry não precisa ouvir duas vezes. Ele começa a subir as
escadas de dois em dois imediatamente, claramente
incomodados pelo fato de que os degraus são velhos, e eles
estão rangendo, e estão em espiral. Louis, quem tem teve
que convencer mais de um convidado de que eles estão de
fato perfeitamente seguros, não pode deixar de se sentir
surpreso com a ansiedade de Harry, sua falta de medo. Ele
nem hesitou por um segundo e Louis acha que é
provavelmente por isso que ele está aqui. Por aquela visão
incomparável lá em cima que, mesmo depois anos morando
em Fair Isle, Louis simplesmente não se cansa.
No topo, as escadas emergem na lateral da sala das
lanternas, bem em frente à porta que leva
do lado de fora para o deck da galeria e Louis sorri para si
mesmo quando Harry para quando chega lá, um pequeno
suspiro escapando de seus lábios enquanto ele solta a
grade de cobre. Louis o deixa ter um momento, olhando
através dos painéis de vidro para a vista deslumbrante das
falésias antes de pressionar cuidadosamente os seus dedos
nas costas de Harry para encorajá-lo a entrar na sala.
Harry não diz nada, apenas dá um passo à frente, olhando
para o banco de madeira curvo que cerca-os, longo o
suficiente para seguir quase toda a circunferência da torre.
O topo do banco é feito de assentos almofadados brancos,
garantindo que seja realmente um lugar aconchegante e
confortável para se aconchegar com um livro, ou uma
câmera, ou um amante. O chão é obviamente feito de
concreto, que Louis sempre odiou, mas quando ele olha
para o tapete branco fofo no meio da sala que corresponde
ao da biblioteca, ele não consegue deixar de sentir que fez
um bom trabalho escondendo a realidade e os desconfortos
da sala da lanterna. Sobre ele está orgulhosamente um baú
de madeira escura que serve principalmente como uma
mesa de centro, com alguns poucos livros e revistas
descartados permanentemente e sem esforço jogados nele.
Louis estremece com constrangimento ao notar a caneca de
chá de esmalte branco que esqueceu na mesa alguns dias
atrás.
“Fofo,” Harry comenta, apontando para o arco-íris nele.
Louis enrubesce, pegando a caneca. “Geralmente é muito
mais organizado”, declara ele. "Eu realmente não estava
esperando..." ele para de falar, seus olhos se encontrando
silenciosamente, Harry está nublado com algo que pode ser
desconfiança ou ansiedade. "Bem, qualquer um, na
verdade," Louis admite e a boca de Harry se aperta no que
não
alguém chamaria de sorriso, mas a sombra em seus olhos
desaparece.
“Este lugar é incrível”, ele sussurra.
“O clímax” Louis concorda com um sorriso presunçoso.
"Sim" Harry concorda. Ele dá um passo à frente antes de se
ajoelhar no banco, pressionando o nariz contra a janela e
observando as falésias e o mar, o horizonte vazio à frente.
Ele parece quase hipnotizado - Louis pensaria que ele
estava dormindo se seus olhos não estivessem bem abertos
- incapaz de olhar longe.
O vento assobia, melhor amigo de Louis, e ele sorri
enquanto Harry inspira e expira profundamente.
“Isso vai ser perfeito”, ele sussurra para si mesmo contra o
vidro, quase como uma oração.
Perfeito para quê, Louis não consegue deixar de se
perguntar, mas se força a ficar em silêncio. Haverá tempo
para isso mais tarde se Harry desejar compartilhar, mas por
agora, Louis sabe que não há motivo para perseguir ele
para respostas.
Finalmente, depois de alguns minutos de contemplação,
Harry se levantou do banco e começou a brincar com o
elástico em seu pulso. Ele mal parece notar que está
fazendo isso, o movimento ausente-preocupado e distraído
enquanto olha em volta da sala da lanterna
silenciosamente. Seus olhos verdes caem sobre a lâmpada
alta enfiada no final do banco e seus lábios se erguem no
canto com a visão.
“Qual é o ponto disso se não há energia à noite?” ele
pergunta, um pouco atrevido.
Louis levanta uma sobrancelha para ele. "Oh, acredite em
mim, você vai precisar em meados de janeiro, quando você
quiser subir aqui para ler e o sol se pôr às três horas. Ou
não subir até depois das nove. E se você realmente quiser
se destacar durante esse tempo fora da rede, há muitas
lanternas lá ”, Louis diz, dando um pequeno chute no peito
com sua bota marrom. "E na sala de estar. Bem, a
biblioteca, quero dizer. E nos quartos. E... praticamente em
todos os lugares da pousada. ” ele termina com uma
pequena risada.
As lanternas são uma parte essencial da vida em Fair Isle.
Não há como negar. Louis tem certeza que a maioria de
suas jaquetas e casacos têm pelo menos uma em seus
bolsos, por precaução. Ele as deixa por aí em cada sala
comum. Inferno, Louis acabou escondendo algumas extras
debaixo da pia de cada banheiro alguns anos atrás, apenas
por precaução. Algumas pousadas ou hotéis têm uma cópia
da Bíblia nas mesinhas de cabeceira, Louis tem baterias
extras.
Harry concorda. "Isso é... uh. É bom saber. ” Ele faz uma
pausa antes de apontar para o peito. "Tem jumpers
também?" ele pergunta e Louis não consegue descobrir se é
para provocar ou não.
“Alguns”, Louis decide responder sério. “Mas principalmente
cobertores. Faz muito frio aqui.
Especialmente se você quiser sair para o convés da
galeria.” Louis sorri. “Eu não sei se você pode ouvir, mas
fica ventando muito aqui.”
Harry encolhe os ombros. “Eu não tinha percebido”, ele fala,
fazendo Louis bufar.
"Você quer ver lá fora?" ele oferece, apontando para a porta
que leva ao que muitos turistas brincando, referem-se como
varanda de Louis.
Harry balança a cabeça. "Talvez mais tarde?" ele oferece.
“Estou um pouco exausto. E ainda meio jetlagged.”
"Jetlagged?" Louis não consegue deixar de perguntar
enquanto desce as escadas, sua caneca suja apertada
firmemente entre seus dedos.
Harry permanece em silêncio atrás dele, uma presença
tensa assomando contra as costas de Louis enquanto eles
espiralam para trás do piso térreo.
"Desculpe," Louis finalmente murmura quando o silêncio se
torna insuportável, o que parece ser sobre cinco segundos
depois de fazer a pergunta completamente inadequada.
“Não é da minha conta. Eu não deveria ter perguntado. "
"Não... eu... desculpe", disse Harry antes de limpar a
garganta. "Eu só... eu não gosto de falar sobre mim
mesmo." Ele faz uma pausa, antes de acrescentar: “esses
dias” em um sussurro. “Parece que já fiz o suficiente por
toda a vida.”
“Oh” Louis responde, sem entender realmente. Ele não
persiste, porém, realmente não vê o ponto quando Harry
está estabelecendo limites tão claros.
"Até alguns dias atrás, eu estava em LA por..." Harry hesita.
"Para trabalho. E agora estou aqui. Então ainda estou me
ajustando. ”
E isso pega Louis de surpresa. Embora Harry não se pareça
com os mochileiros clássicos, que ele geralmente hospeda e
que ele claramente não está sem dinheiro, ele certamente
não se parece com o tipo de homem que voa para os EUA
para trabalhar. Louis tenta imaginá-lo em um terno
enfadonho tomando vinho no trabalho, mas quer franzir a
testa para a imagem. Não, não parece certo.
Eles já chegaram ao fim da escada e quando Louis se vira
para encarar Harry, não pôde deixar de sentir uma pontada
repentina de tristeza pela maneira como ele está enrolado
em si mesmo, tentando esconder seu rosto de uma forma
indiferente. Harry parece pequeno, embora seja um pouco
mais alto que Louis, mais alto até pelo fato de ainda estar
no último degrau enquanto Louis está de volta ao chão. E
ainda assim, ele é afogado por seu casaco grande demais,
eclipsado por um excesso de tecido verde oliva. Ele está
vestindo roupas lavadas, jeans e um suéter creme simples
por baixo, tudo sobre ele gritando que ele não
quer ser notado, não quer ser olhado.
"Você não precisa me dizer", Louis declara sinceramente,
surpreendendo-se ao descobrir o que realmente significa
isso. "Você não tem que se explicar."
Ele pode ter entrado parecendo um pouco desgastado, pode
ter parecido um pouco sombrio, mas Louis não pôde deixar
de sentir que o cara precisa de uma pausa. Além disso,
Louis está acostumado a viver com o desconhecido, a
incerteza. É disso que o inverno em Fair Isle é feito, nada
pode ser previsto. E não assustar Louis.
Eles voltam para a recepção em silêncio, não muito pesado,
mas também não é confortável. Harry segue-o com as mãos
enterradas no fundo dos bolsos, a cabeça baixa, e toda vez
que Louis se vira para verificar se ainda está lá, ele tem a
sensação de que talvez Harry se arrependa de falar, talvez o
que ele disse a Louis fosse um segredo que ele não
pretendia compartilhar. Louis não tem certeza de onde esse
sentimento está vindo. Talvez seja a maneira como Harry
não disse uma palavra desde então, ou a maneira como ele
não olhou para Louis mais. De qualquer forma, ele faz o
possível para ignorá-lo e assim que chegarem à área de
recepção, ele agarra a bolsa de Harry antes que ele possa
protestar.
“Por favor, siga-me”, declara Louis, apontando para a
escada que range à direita da entrada.
O edifício claramente não foi projetado como uma pousada
em mente e há apenas uma pequena quantidade de espaço
entre a recepção e a parede para chegar à escada. É
sempre um problema, mas apesar de muitas sessões de
brainstorming, realmente não há espaço melhor do que a
entrada para o recepção. Do jeito que está, Louis com muito
cuidado passa pela mesa, tendo em mente o fato de que
acabou de adicionar uma planta em sua decoração
enquanto carrega a bolsa de Harry.
De repente, ao subir as escadas, Louis começa a achar o
silêncio insuportável e ele começa
balbuciando dicas sobre a ilha, dando a Harry algumas
informações aleatórias sobre a vida em um lugar tão
remoto. Ele está no meio de um discurso apaixonado sobre
o processo de inscrição para passar para a propriedade
quando eles chegam ao quarto de Harry.
"Aqui estamos", diz Louis, deixando de lado o assunto
enquanto coloca a bolsa de Harry no chão ao lado do porta.
"Ainda tem suas chaves?" ele brinca e seu sorriso cai um
pouco quando ele percebe que os olhos de Harry estão
confusos enquanto ele olha para a porta fechada.
“O National Trust of Scotland possui a ilha?” ele pergunta,
uma linha de expressão afiada cavando-se sua testa, como
se talvez o que Louis estava dizendo seja um quebra-cabeça
que ele precisa resolver.
Louis sorri. "Sim? Você não sabia disso? ” Ele faz uma
pausa, olhando Harry de cima a baixo lentamente. "Você
não pesquisou o lugar antes de nos escolher para o seu...
”Louis hesita, palavras como feriado estão ponta da língua.
É o que Harry usou antes, mas não parecia muito certo.
"Seu... retiro?" ele finalmente se conforma. A forma como o
corpo de Harry enrijece ligeiramente confirma isso.
Ele encolhe os ombros, olhando para baixo. “Na verdade,
não”, ele admite. “Pesquisei no Google‘ lugar mais remoto
do Reino Unido ’para ser honesto. E esse foi o resultado. ”
Louis sorri, um pouco triste, ao ver este homem alto e a
sombra claramente pairando sobre sua cabeça. "Sim", ele
concorda, a voz mais rouca do que o normal. Ele limpa a
garganta. "Somos nós."
Harry sorri educadamente enquanto brinca com a chave do
quarto.
“Você realmente queria estar longe, uh” Louis comenta
gentilmente.
Harry para de se mover, para de brincar com as teclas e
olha para cima, direto nos olhos de Louis. "É isso que você
queria?" Ele pergunta, e nos lábios de outra pessoa, soaria
acusatório. Louis tem muitos parentes distantes que
pensam da mesma forma e o repreendem por isso, então
ele está intimamente familiarizado com a forma como seu
exílio auto-imposto pode ser percebido. “É por isso que você
saiu da Inglaterra e mudou-se para cá? Porque você queria
estar longe?"
Quase parece que ele está pedindo permissão para se sentir
assim, como se precisasse de alguém para entender e se
relacionar, como se ele fosse a pessoa mais solitária do
mundo que veio para o lugar mais solitário do mundo para
fixar isso. É quase o suficiente para fazer Louis mentir, fazê-
lo concordar com Harry apenas para fazê-lo se sentir
melhor.
“Não,” ele diz suavemente. “Eu não estava fugindo de casa.
Eu estava correndo em direção a ela.”
As pálpebras de Harry tremem enquanto ele olha para baixo
por um segundo. "Compreendo." Ele se vira ligeiramente
para encarar a porta de seu quarto, empurrando a chave na
fechadura e girando-a. Uma vez que a porta está aberta, ele
alcança para pegar sua bolsa, colocando uma alça no ombro
e dando uma olhada de lado para Louis. “Eu não quero estar
muito longe”, ele admite baixinho,“eu precisava disso”.
Então, ele desaparece em seu quarto.

No resto do dia, Louis mal percebe que tem um convidado.
Harry permanece firmemente preso em seu quarto - uma
presença silenciosa, mas ainda assim impossível de ignorar
- não fazendo um pio desde que a tarde se transformou em
noite. Mais de uma vez, Louis interrompe o que está
fazendo para esticar o ouvido ao lado de Harry do prédio,
tentando pegar qualquer sinal de vida no quarto agora
alugado. Ainda, não há nada. É como se Harry não estivesse
lá, como se Louis o tivesse inventado em um momento de
fraqueza, quando ele estava orçando e se preocupando com
a baixa temporada. Mas a pilha de notas não mentem, nem
a assinatura em bloco de Harry no final do contrato de
aluguel do quarto. Apesar da discrição de Harry, Louis não
consegue parar seu cérebro de circular de volta para o
estranho alto e apagado em necessidade de uma pausa que
inesperadamente entrou na vida dele e de Clifford.
Ele está em algum lugar entre um mistério e um quebra-
cabeça; alguém que Louis tem dificuldade para entender,
para conhecer.
Por volta das seis horas, apesar de não haver sinais de que
Harry está ficando inquieto, Louis abandona sua lista de
tarefas e entra na cozinha para preparar o chá. Ele coloca
uma playlist do Spotify com curadoria de sua irmã mais
velha, uma mistura de músicas antigas e recentes, muitas
das quais de artistas que ele não sabia nomear, mesmo que
fosse pago generosamente para, antes de começar a
preparar o jantar para dois. Rapidamente, enquanto
cantarolava baixinho para si mesmo, ele prepara uma
receita fácil de caçarola de frango que quase não exige
esforço, mas geralmente colhe toneladas de elogios de seus
convidados.
Assim que a refeição está pronta, Louis passa alguns
minutos debatendo se deve incomodar Harry com isso ou
não, antes de decidir sentar-se na mesa do canto da
cozinha, grande o suficiente apenas para dois e a empurra
contra a janela, onde ele costuma comer quando a pousada
está cheia ou seus convidados querem privacidade. Ele
come a metade da refeição primeiro, sem culpa, dizendo a
si mesmo que Harry nunca disse que estava com fome ou
perguntado sobre os horários normais das refeições de
qualquer maneira. Em seguida, ele cuida da louça,
conferindo o tempo em seu telefone de vez em quando,
perguntando-se se ele deve bater na porta de seu
convidado ou não.
Por um lado, Harry provavelmente iria até ele se estivesse
com fome. Louis disse que ele era
disponível e ele pagou antecipadamente por suas refeições,
afinal. Ele é um homem adulto. Louis não precisa segurar
sua mão ou alimentá-lo forçadamente. Por outro lado, Louis
se sente responsável por alimentá-lo. Mas o relógio bate e
Louis limpa a cozinha e, de repente, passa das nove horas e
ainda não há sinal de Harry.
Finalmente, às nove e meia, Louis pega um post-it amarelo
atrás da mesa da recepção antes de subir as escadas,
rabiscando uma mensagem bagunçada e colando na porta
do quarto de Harry.
Tem sobras de frango para você na geladeira em uma tigela
azul. Mas o micro-ondas não funcionará depois das 11:30.
Boa no ite.
Então, Louis pega um livro da biblioteca e o enfia no bolso
de trás da calça jeans antes de ir
caminhando até a torre com uma xícara fumegante, Clifford
em seus calcanhares, felizmente esperando um afago
noturno.

Capítulo 2
Na manhã seguinte, Louis volta de sua corrida com Clifford
e encontra Harry logo de cara. Eles se esbarram
desajeitadamente na entrada, Louis deixando Clifford entrar
primeiro e surpreendendo Harry enquanto ele descia as
escadas. Ele se assusta um pouco, arregalando os olhos ao
ver a presença de Louis e Clifford. Está enrolado no mesmo
longo casaco verde da noite anterior, seu grande lenço
preto escondendo metade de seu rosto. Mesmo de longe,
Louis pode ver as sombras sob seus olhos, expondo a
exaustão que está saindo dele. Ele abre a boca para
perguntar se ele dormiu bem, embora a resposta pareça
óbvia, quando Harry olha para seu tênis, claramente
evitando contato visual. Louis engole em seco, esfregando
desconfortavelmente a nuca antes de entrar totalmente no
prédio, deixando espaço para Harry sair.
"Espere!" diz assim que Harry dá um passo para fora. Ele
enrijece, claramente não querendo ter uma conversa
matinal, mas ainda se vira para encarar Louis, franzindo um
pouco a testa quando o vê levantar o dedo por um segundo
antes de correr para trás da mesa da recepção. Louis
começa a vasculhar a bagunça atrás do balcão, estalando a
língua impacientemente quando não encontra o que está
procurando. Finalmente, depois de alguns segundos
movendo o lixo ao redor, Louis lembra que ele o colocou em
uma das gavetas e recuperou com sucesso a chave da
pousada. "Aqui", diz ele, entregando a Harry assim que sai
de trás do balcão. “É uma chave para a porta da frente,
apenas no caso de eu não estar em algum momento. Assim
você pode entrar e sair quando quiser, não que haja muito o
que fazer aqui”, brinca Louis. O rosto de Harry permanece
pétreo, não uma contração muscular e diversão traidora.
“Eu uh...” Louis pigarreou. "Eu esqueci de dar a você ontem,
sinto muito por isso."
"Oh" Harry diz, sem emoção, mas não hostil, com seus
dedos cuidadosos contra a mão de Louis enquanto ele pega
a chave. Ele ainda não está realmente olhando para o rosto
de Louis, seus olhos estão fixos no pequeno objeto.
“Obrigado” ele murmura, finalmente olhando para cima.
“A eletricidade deve voltar a qualquer minuto, se você
quiser um banho depois da caminhada. E também há
algumas opções de café da manhã”, acrescenta ele, ‘’se
você estiver com fome”.
Harry sorri educadamente, claramente ansioso para sair,
mas não querendo ser indelicado. "Obrigado", diz ele com
um aceno de cabeça. "Eu como frutas principalmente no
café da manhã, então não se preocupe em ter o trabalho de
fazer algo para mim, por favor."
Louis sorri enquanto começa a tirar a jaqueta, revelando um
macacão cinza por baixo. "Não seria nenhum problema, mas
eu sou um homem de cereais pela manhã, então eu
entendo."
Harry acenou com a cabeça, ficando sem jeito na porta por
alguns segundos em silêncio antes de colocar a chave no
bolso. Ele está vestindo a mesma calça jeans do dia
anterior, uma pista do fato de que ele provavelmente não
vai correr esta manhã como Louis fez, e uma vez que a
chave está em segurança no seu bolso de trás, Harry acena
com a cabeça novamente, vagamente em direção a Louis.
Então ele se vira, gesticulando em direção à recepção.
“Tudo bem” ele diz sem entusiasmo, se despedindo de
Louis. "Obrigado."
"Te vejo mais tarde!" Louis responde, mas Harry já fechou a
porta atrás dele. Ele cantarola pensativo assim que Harry
sai, olhando para Clifford. "Cara estranho, hein?" ele
pergunta ao cachorro.
Previsivelmente, Clifford não late em resposta, apenas
encara Louis com grandes olhos escuros.
"Sim, você está certo", Louis concorda, "muito cedo para
dizer." Em seguida, ele volta para o quarto para tomar um
banho.

Louis está na recepção distraído em algum programa no
computador quando Harry volta duas horas depois. Não dá
qualquer indicação de onde esteve, se desceu a encosta e
caminhou ao longo da praia, se demorou algum tempo a
visitar a cidade, ou mesmo se foi caminhar mais para o
norte em direção ao extremo oposto da ilha. Em vez disso,
ele caminha silenciosamente como se preferisse não ser
visto, como se ter um corpo físico que pode ser olhado lhe
cause dor, a cabeça inclinada desajeitadamente para baixo
e permanecendo perto das paredes. Ele mal responde à
saudação educada de Louis, oferecendo-lhe um pequeno
aceno de cabeça enquanto ele vai direto para as escadas e
desaparece de vista.
Severamente, Louis lembra a si mesmo que não adianta
especular. Ele não pode evitar a forma como sua
curiosidade foi totalmente despertada, porém, não pode
deixar de se perguntar o que diabos aconteceu para um
jovem como Harry precisar escapar tanto que fugiu para o
fim de sua ilha e além de se esconder lá. Não é da conta de
Louis, claro, mas ele não deixa de se perguntar.
Vinte minutos depois, quando Harry volta para baixo com o
cabelo molhado, Louis ainda está se perguntando. Ele está
vestindo uma calça de moletom preta e um suéter preto
com planetas coloridos descendo de seu ombro esquerdo
até o quadril direito em uma linha em seu peito. Ele
também carrega um caderno grosso de couro marrom,
amarrado com um pedaço fino de corda e com o que parece
ser uma caneta extravagante pendurada nele. Parece haver
rabiscos no caderno, desenhos e tudo mais, mas Louis não
consegue dar uma boa olhada antes que Harry mude a mão
que está segurando, escondendo-o totalmente da visão de
Louis.
Quando ele passa na frente da recepção, ele dá a Louis um
olhar apropriado, seus olhos se encontram enquanto ele
apenas sorri educadamente. Harry aponta para o corredor
que leva à torre. “Eu vou...” ele diz, pairando na frente da
mesa por um segundo, aparentemente esperando a
permissão de Louis.
“Legal” Louis diz, o mais amigável possível, antes de olhar
para sua papelada. Não há razão para deixar Harry mais
desconfortável do que já está.
Se é solidão que ele veio procurar em Fair Isle, Louis
definitivamente vai deixá-lo tranquilo quanto a isso.
Em vez de se preocupar com a situação do hóspede na sala
das lanternas, Louis se perde no trabalho por algumas
horas, arrumando a papelada e o seu espaço de trabalho,
tentando deixar a recepção um pouco mais apresentável. É
uma rotina que ele segue a cada duas semanas, cada vez
prometendo a si mesmo que é a última vez que ele deixa a
mesa ficar tão suja e cheia de lixo, apenas para começar
tudo de novo quando inevitavelmente fica bagunçado
depois de um curto período. Não que ele seja uma pessoa
desleixada, é só que ele tenta tanto manter todos os
espaços compartilhados da pousada organizados, que acaba
esquecendo de suas próprias áreas, como atrás da recepção
e seu quarto, que tendem a ficar para trás durante o
processo de limpeza. Ele para quando a recepção está
impecável e rega a planta, só então percebe o ronco em seu
estômago.
Uma rápida olhada em seu telefone diz a ele que já passa
do meio-dia e Louis vai direto para a cozinha, pronto para se
alimentar depois de terminar todo aquele trabalho. Ele faz
dois sanduíches de presunto e queijo rapidamente,
comendo em três pedaços fáceis enquanto espera a água
ferver. Quando a água está pronta, ele pega uma velha
caneca de turista decorada com um desenho de Nessie e
Escócia escrito em letras amarelas retrô embaixo. Ele joga
um saquinho de chá na caneca e despeja água sobre ele,
então hesita por um segundo enquanto olha para a
geladeira. Finalmente, encolhe os ombros e abre, tirando o
leite para derramar algumas gotas no chá de Harry.
Considerando que é um chá que ele não precisa fazer para
si mesmo, Louis presume que Harry não vai reclamar.
Então, ele pega o prato de sanduíche e a caneca, fazendo
seu caminho para a torre. Uma vez que ele está na parte
inferior da escada, Louis começa a subir cuidadosamente,
devagar para se certificar de que não vai deixar nenhum
dos itens cair em suas mãos, lamentando suas escolhas de
vida na metade do caminho quando ele tropeça um pouco e
não tem mão livre para segurar o corrimão. Felizmente, ele
consegue recuperar o equilíbrio e não derramar nada,
dando os últimos passos ainda mais lentos agora.
Quando finalmente chega à sala da lanterna, Louis fica
surpreso ao encontrá-la vazia. Ele para no topo da escada e
franze a testa, seus olhos indo direto para o baú, onde o
diário de Harry está aberto, esquecido, com a caneta
extravagante aninhada entre as páginas. Um segundo
depois, Louis olha para cima e se assusta quando percebe
uma figura alta do lado de fora da galeria. Ele suspira de
alívio, balançando um pouco a cabeça com sua própria
tolice por presumir que Harry havia desaparecido
magicamente. Ele se permite um segundo para observá-lo
em silêncio, para observar a maneira como ele está
encostado no corrimão, sua postura mais relaxada do que
Louis tinha visto até agora.
As costas de Harry não estão totalmente voltadas para
Louis, seu corpo ligeiramente inclinado dá a Louis uma boa
visão de como ele puxou as mangas de seu suéter para
cima em seus antebraços, sua pele nua diretamente contra
a grade enquanto ele nervosamente brincava com seus
próprios dedos. Ele belisca a pele por alguns segundos
antes de começar a massagear um pouco as mãos. De vez
em quando, para completamente para pegar o elástico em
seu pulso, torcendo-o entre os dedos quase distraidamente.
Louis tem certeza de que o viu batendo com força contra a
pele delicada de seu pulso, mas logo ele voltou a
massagear as mãos. Harry parece imerso em pensamentos,
não se incomodando como o vento está bagunçando seus
cachos, os olhos fixos no horizonte aparentemente sem fim,
o mar que se movimenta e movimenta.
Louis desvia o olhar, sentindo como se estivesse se
intrometendo em um momento privado e em um esforço
para parar de rastejar, ele entra totalmente na sala para
colocar o almoço de Harry de lado. Quando ele se inclina
para colocar o prato e a caneca no baú, os olhos de Louis se
desviam do fruto de seu trabalho e pousam nas páginas do
diário de seu convidado, captando palavras como ‘’tenho
que melhorar’’ e ‘’quartos lotados de almas vazias’’, e então
ele percebe o que está fazendo e seus olhos se arregalam
automaticamente de vergonha.
A curiosidade de continuar lendo é mais forte do que Louis
teria pensado, considerando a importância que sempre deu
à privacidade como o mais velho de sete irmãos, então ele
se força a se afastar fisicamente do diário para se impedir
de bisbilhotar.
Ele balança a cabeça em descrença.
"O que você está fazendo?" Murmura para si mesmo,
castigando, antes de caminhar em direção à porta que leva
à galeria.
Mesmo assim, ele ainda hesita em frente à porta, não
querendo se intrometer mais do que já fez. Não é como se o
sanduíche que Louis fez pudesse esfriar. Se ele o deixasse lá
e voltasse ao trabalho em silêncio, Harry ainda poderia
aproveitar quando estivesse pronto para comer. E o chá
realmente não importa no grande esquema das coisas,
Louis poderia simplesmente bebê-lo e fazer uma nova
xícara de chá para Harry mais tarde. Ou Harry pode fazer
uma xícara de chá para si quando quiser, porque sabe onde
fica a cozinha e não é nenhuma criança.
Isso é ridículo, Louis pensa, balançando a cabeça antes de
bater no vidro, esperando que ele seja menos intrusivo se
avisar Harry de sua presença dessa forma.
O tiro saiu pela culatra imediatamente, Harry se assustou e
se virou com uma expressão de pânico no rosto.
Louis faz uma careta, levantando as duas mãos no que
espera ser um gesto pacífico e sorri um pouco ao ver Harry
suspirar de alívio, uma mão subindo até o cabelo, tentando
consertar a bagunça no topo de sua cabeça com as
bochechas coradas. Ele abre a porta, entrando na sala da
lanterna com um olhar hesitante no rosto enquanto Louis dá
dois passos para trás, deixando-o entrar.
"Posso ajudar?" Harry pergunta educadamente, com olhos
curiosos quando encontram os de Louis, e ele não pôde
deixar de sorrir em resposta.
“Eu acho que sou eu quem pode te ajudar, mate” Louis
responde. Ele aponta com o polegar sobre o ombro sem
olhar para trás. "Achei que você pudesse estar com fome,
então fiz algo para você."
"Oh" Harry exala, os olhos indo além do ombro de Louis
para onde ele está apontando e há uma pitada de
preocupação em seu rosto, com seu olhar focado em um
ponto específico à frente.
Quando Louis olha para trás sem se virar totalmente, a
primeira coisa que vê com o canto dos olhos é o diário
aberto. Ele engole em seco, tentando acabar com o
desconforto, para se impedir de fazer algo extremamente
estúpido. Ele abre a boca, prestes a confessar tudo, para
admitir que leu algumas linhas acidentalmente. Então,
pensando melhor, ele diz: “Fiz uma xícara de chá também
para você”.
Afinal, qual é o objetivo? Não é como se Louis realmente
tivesse lido algo importante. Não é como se ele soubesse o
que isso significa. Ele mal teve um vislumbre entre
desenhos, linhas meio rabiscadas e frases redigidas. Ele
nunca leria o diário de alguém. Especialmente não depois
do incidente infame em que ele zombou de sua irmã Lottie
por algo que ela havia escrito no diário rosa da Barbie que
sua melhor amiga lhe dera em seu nono aniversário. O
diário vinha com um cadeado de ouro minúsculo que ela se
esquecera de trancar uma noite e deixara esquecido na
mesa da cozinha em meio aos deveres de casa de todos,
tentador demais para a natureza inquisitiva de Louis resistir.
A punição de sua mãe foi dolorosa, mas foi o rosto traído de
Lottie e as semanas que ela passou sem confiar mais em
seu irmão mais velho, que deixaram o maior impacto sobre
ele.
Os olhos curiosos de hoje foram um erro, um acidente de
meio segundo, tão pequeno e sem importância que não vale
nem a pena mencionar.
“Eu não sabia como você ia gostar, então coloquei um
pouco de leite” Louis continua quando Harry não responde.
"Espero que esteja tudo bem."
Finalmente, os olhos de Harry suavizam. Ele dá a Louis um
pequeno aceno de cabeça, os lábios mal se levantando em
uma sugestão de sorriso. "Parece perfeito, na verdade."
“Você provavelmente vai precisar depois de passar um
tempo sem casaco”, Louis brinca. “O vento fica muito frio,
mesmo nos dias mais agradáveis.”
Harry encolhe os ombros. “Estou bem”, ele responde,
envolvendo os braços em volta de si mesmo, um em cima
do outro, e começa a acariciar o suéter com o polegar logo
acima do cotovelo. ‘’Chá soa bem. Comida também." Ele faz
uma pausa, os dois parados sem jeito um na frente do
outro. "Obrigado, eu agradeço."
Louis encolhe os ombros. “Parte do pacote com tudo
incluído,” ele brinca, esperando um segundo para Harry
reagir. Quando fica óbvio que ele não vai, Louis balança a
cabeça para si mesmo, tamborilando os dedos nas coxas.
"Tudo bem, bem, vou deixar você com isso então."
"Tudo bem", responde Harry.
Eles ficam em silêncio por um momento.
“Ok, tchau” Louis diz, virando-se e correndo escada abaixo.
Ele está no meio do caminho quando percebe que esqueceu
de perguntar algo a Harry, logo está de volta à sala da
lanterna bem a tempo de vê-lo fechar seu diário firmemente
com um olhar determinado em seu rosto.
"Eu de novo!" ele chama sem jeito da escada. “Esqueci de
perguntar, seis e meia está bom para o jantar? Posso deixar
pronto para você na sala de jantar, se quiser?"
Harry concorda. "Parece bom."
“Algum pedido específico?” Louis pergunta. “Eu posso trazer
um menu, se você quiser? Ou apenas dizer as opções, eu
acho?”
Harry balança a cabeça. Ele se senta, pegando seu prato e
equilibrando-o delicadamente nas coxas. “Não sou um
comedor exigente e não sou alérgico a nada, então...” Ele
dá de ombros. "Surpreenda-me?"

Algumas horas depois, um Louis frenético está andando de


um lado para o outro em sua cozinha, o coração batendo
dramaticamente em seu peito enquanto ele pondera o
significado de “surpreenda-me”.
Harry está esperando algo incrível? Inovador?
Revolucionário? Inesperado? Esquisito? O que ele quis dizer
com a frase?
Louis está longe de ser um mau cozinheiro, ele sabe disso,
mas também não é um chef, preferindo concentrar sua
energia em receitas caseiras e reconfortantes para aquecer
o coração de seus convidados e dar-lhes um ambiente
familiar de seu lugar, mesmo embora ele o administre
sozinho. Ele é um homem de família, não importa o quão
longe deles more, e Louis acha que sua pousada deveria
refletir isso. Mais precisamente, ele não cozinha para
impressionar, ele cozinha para nutrir. Ambos estômagos e
almas. Se há uma coisa de que ele tem certeza é que a
alma de Harry parece precisar de muita nutrição. E ele
ainda quer ser surpreendido acima de tudo?
É uma pressão terrível para uma refeição.
Louis olha mais uma vez para a geladeira, mordendo o lábio
inferior enquanto folheia mentalmente suas receitas
favoritas, combinando-as com o que está em sua cozinha.
Certamente não faltam opções ou ingredientes. Mesmo
assim, ele ainda não consegue se decidir.
É um absurdo, mas é o que é. Harry Twist vai ficar na
pousada South Lighthouse por quase quatro meses. Ele
provavelmente vai tentar todas as receitas do repertório de
Louis três vezes durante esse tempo, a menos que alguém
comece a diversificar o menu bem rápido. Não deve ser um
problema. Mesmo que Louis consiga impressioná-lo - ou,
mais especificamente, surpreendê-lo - esta noite, em breve
ele verá além da miragem e poderá experimentar a
culinária verdadeira e autêntica de Louis, também
conhecida como as receitas entediantes, mas adoradas, nas
quais ele sempre confia.
Assim que o pensamento entra em sua mente, Louis
suspira, e deixa seus ombros caírem. Parece bobagem se
importar tanto.
"Quem se importa?" Ele diz para a geladeira aberta,
fechando a porta com floreio antes de pegar uma panela,
girando a caminho da pia. Ele a enche de água antes de
colocá-la no fogão para ferver.
Às seis e meia em ponto, Louis entra na sala de jantar com
um prato fumegante de sua variação chique de um clássico
mac & cheese. Embora chique seja provavelmente uma
palavra um pouco forte, considerando que só tem um pouco
de bacon e couve-flor para distingui-la, mas ainda assim,
Louis nunca se queixou de tomar liberdades com a palavra.
Ele sorri ao ver que Harry já está sentado, feliz em achá-lo
tão pontual. Ele está em uma mesa perto de uma das
grandes janelas, o nariz enterrado em um romance aberto
sobre a toalha de mesa branca, a coluna já tão quebrada
que Harry mal consegue segurá-la. Louis cantarola para si
mesmo, não conseguiu compreender qual o ponto de
escolher aquele local específico, considerando que o pôr do
sol aconteceu há algumas horas antes, os efeitos do ajuste
do relógio já estavam sendo sentidos, embora tenham se
passado apenas alguns dias. Claro, as coisas só vão piorar à
medida que o outono se transforma em inverno e, em
breve, eles mal terão algumas horas de tarde brilhante
antes que o sol desapareça novamente no que sempre
parece uma noite sem fim. Louis lembra amargamente de
seu primeiro ano na ilha, lembra do choque em seu sistema
quando eles começaram a perder a luz do dia às três horas
da tarde, lembra de como foi difícil para ele se ajustar no
início. Ele se pergunta como Harry vai encontrar o lugar
quando perceber que dezembro e janeiro são ruins. Ele se
pergunta se talvez se arrependerá de ter escolhido Fair Isle
para seu... descanso, quando poderia ter escolhido um
destino de férias tropical em qualquer outro lugar em vez de
sua ilha fria e desolada. Ele se pergunta se será uma
surpresa desagradável para ele do mesmo jeito que foi para
Louis quando ele se mudou. Ou se talvez ele tenha vindo
preparado para a tristeza do inverno, armado com o
conhecimento do que está prestes a suportar. Considerando
o olhar confuso - e um pouco alarmado - em seu rosto
quando Louis mencionou a falta de eletricidade na ilha à
noite, ele suspeita que Harry não fez a pesquisa necessária.
Certamente não será ele quem o alertará. O dinheiro é bom
demais para ser verdade para Louis começar a perseguir
seu único cliente.
E não importa o quão silencioso e evasivo Harry tenha sido,
sua companhia é legal também.
"Bom livro?" Louis pergunta quando ele chega à mesa,
reprimindo um sorriso quando Harry pula um pouco,
assustado com a interrupção. “Desculpe”, ele se desculpa
educadamente porque é a coisa certa a fazer no
atendimento ao cliente. "Mmm, vejo que você fez um
amigo", acrescenta ele quando percebe Clifford dormindo
sob a mesa aos pés de Harry.
Ele se perguntou para onde esse safado insolente tinha
fugido.
Harry olhou para Louis por um segundo, ainda parecendo
assustado, antes de olhar para seu livro e então para
Clifford.
"Seu cachorro realmente não me parece o tipo de pessoa
que luta para fazer amigos", Harry optou por dizer,
levantando uma sobrancelha delicada para enfatizar seu
ponto. “Não sei o quanto devo me sentir lisonjeado com sua
demonstração de afeto.”
Na verdade, leva um segundo para Louis perceber que
Harry está brincando.
“Ei!” ele avisa, colocando a mão que não está segurando o
prato de Harry em seu quadril na tentativa de parecer
ofendido. "Você está dizendo que meu cachorro não tem
padrões?"
Harry encolhe os ombros inocentemente. “Só estou dizendo,
não sei se deveria me sentir especial. Nós mal nos
conhecemos e ele tem estado em cima de mim desde que
deixei a torre. Parece que não é preciso muito para ganhar
seu favor. ”
Louis arregala os olhos. “Eu quero que você saiba...” ele
começa com ênfase, “Que você está absolutamente correto.
Aquele garoto adora abraços mais do que eu e eu sou um
grande bicho de abraços. Eu gostaria de poder dizer a você
que ganhar a afeição de Cliff revela algo realmente
profundo sobre seu personagem porque ele só escolhe a
elite para fazer amizade, mas isso seria uma grande
mentira.”
Para a surpresa de Louis, Harry realmente ri. “Eu suspeitei”
ele brinca de volta.
“Não significa que você não deve se sentir lisonjeado ou
com sorte, porque ele é uma estrela. Verdadeiramente o
melhor garoto do mundo. Independentemente de quão
baixos sejam seus padrões.”
Harry concorda, parecendo sério de repente. “Vou manter
isso em mente”, ele diz a Louis, um pouco
conspiratoriamente. “E sim”, ele concorda, embora Louis
não saiba o quê.
Ele franze a testa, abrindo a boca para perguntar do que
Harry está falando quando acrescenta: “é um bom livro”.
“Oh” Louis diz, balançando a cabeça. Foi ele quem
perguntou, deveria ser óbvio. Sutilmente, ele tenta esticar o
pescoço para ter um vislumbre da capa, mas Harry ainda
está com o livro aberto, completamente encostado na
mesa. Até mesmo um vislumbre do texto para ajudá-lo a
adivinhar é difícil de conseguir. Depois de alguns segundos
estranhos de contorção, Harry parece ter pena dele e move
o livro na direção de Louis, permitindo-lhe dar uma olhada
adequada.
Louis sorri, agradecendo silenciosamente a Harry enquanto
ele lê o título familiar.
“Achei na sala das lanternas” Harry explica, sem nem
mesmo um traço de constrangimento em seu rosto por ser
pego lendo uma das coleções bastante grandes de
romances obscenos que Louis gosta de manter para os
convidados. Afinal, é um dos - senão o - melhor gênero para
leituras de férias.
Louis gosta desse tipo de confiança em um homem.
Ele cantarola, interessado. "Não é uma escolha ruim", diz
ele com confiança, finalmente colocando a tigela sobre a
mesa, não exatamente entre os utensílios de Harry, já que o
livro ainda está no caminho. “Não sou do tipo que fica
excitado com sexo hétero, mas tenho que admitir que essas
cenas quentes são bem escritas.”
Harry deu de ombros, com um pequeno sorriso malicioso no
rosto. “Não cheguei tão longe, na verdade. O duque está
quase desmaiado, mas ela ainda não sucumbiu aos avanços
dele. Vou ter que terminar e assim posso dizer para você, no
entanto."
“Espero um relatório completo do livro na próxima semana”,
brinca Louis, apoiando o quadril na mesa e cruzando os
braços sobre o peito. “Com as normas da ABNT, é claro.”
"Não espere muito, eu mal terminei o ensino médio" Harry
murmura, humorado, antes de arregalar os olhos
dramaticamente, olhando diretamente para Louis com puro
pânico passando por seu rosto. Como se ele já tivesse
falado muito, revelou algo profundamente secreto que não
deveria compartilhar. Como se Louis pudesse tirar sarro dele
por algo assim. "Não, quero dizer. Eu... é- ”Harry se
atrapalha, claramente tentando salvar algo.
“Por favor” Louis interrompe, descruzando os braços e
colocando o que ele espera ser uma mão reconfortante no
ombro de Harry. "Não se preocupe. E... eu mesmo tive
dificuldades com a escola. Eu não julgaria...” Louis para sem
jeito. O silêncio se estende de forma desconfortável entre
eles e depois de um tempo muito longo, Louis tira a mão do
corpo de Harry e se afasta da mesa. “Apenas as dez linhas
já é o suficiente” ele adiciona brincando, tentando aliviar a
tensão.
Parece funcionar, pelo menos um pouco. Os ombros de
Harry caem no que Louis espera ser alívio. Ele ainda está
tenso, mas não é como se Louis já tivesse visto-o
totalmente relaxado desde que chegou a pousada no dia
anterior, o corpo enrolado de tantas maneiras diferentes
que Louis não sabe o que pensar disso. Mas ele não está tão
tenso agora, o que ele terá que tomar como uma vitória,
não importa o quão pequena seja.
"Certo", disse Harry, olhando para sua refeição. “Isso
funciona” ele concorda, colocando seu livro completamente
de lado e dando uma boa cheirada no prato de massa. "O
que é isso então?"
“Meu famoso macarrão com queijo.”
"Famoso?" Harry pergunta, pegando seu garfo para cavar.
"Ah sim. Realmente muito conhecido na ilha. O pessoal da
cidade vem jantar aqui quando está no menu. Para ser
justo, provavelmente é porque eles ficam com preguiça e
não querem cozinhar e tecnicamente não há um
restaurante adequado em Fair Isle. A menos que você conte
a padaria/cafeteria... Caso contrário, temos que admitir que
não há restaurante na ilha e isso... é deprimente como o
inferno. Mas não tanto. Gosto de pensar que é pelas
complexidades da refeição que eles vêm correndo até mim.
E não apenas a deprimente falta de opções.”
Harry franze a testa. "Bem... O que você faz se gosta de
delivery?" Ele pergunta, largando o garfo e parecendo
realmente preocupado. “Tipo... digamos que você tenha um
desejo? Você quer um curry às 2 da manhã?"
“Espero até o dia seguinte”, admite Louis. “Então eu
cozinho para mim. Ou eu finjo que não existe, então o efeito
psicológico é o mesmo.”
"Sério?"
“Absolutamente não”, Louis ri.
"Então... aqui não tem nenhum restaurante de fish and
chips?"
Louis balança a cabeça lentamente, o sorriso se transforma
em uma carranca involuntária. Ele sente falta de fish and
chips.
"Isso é difícil" Harry reconhece.
“Sim, você deveria me ver quando eu vou para o
continente. Eu só... me empanturro imediatamente. É
realmente indigno. A última vez que visitei minha família em
Donny, levei minha irmã em um tour de junk food. Um
restaurante diferente a cada refeição. Toda família esperava
há semanas que eu preparasse algumas coisas para eles e
tudo o que eu queria era Nandos e KFC.”
Louis ri ao se lembrar do horror no rosto de Lottie quando
ela percebeu o que ele estava planejando. Em sua defesa,
estava sendo o período mais longo que ele já passou em
Fair Isle sem uma pausa, ocupado demais com a pousada
para tirar férias, preferindo convidar toda a família para
visitas curtas sempre que tinha um quarto do que fazer a
viagem sozinho.
"Eu entendo", Harry concorda. “Eu fico super guloso quando
estou no exterior”, ele revela, sugerindo novamente que é
muito viajado. “É só pensar em todos os lanches britânicos.
Pelo menos quando estou em Los Angeles, tenho uma
lanchonete britânica favorita, mas nem todo país tem isso. ”
Pelo menos cinco perguntas vêm à mente imediatamente,
seguidas por mais uma dúzia, mas Louis as engole de volta,
não querendo parecer invasivo.
“Bem, eu não sei como você faz isso” Louis responde ao
invés de perguntar por que e como Harry viajou tanto.
Talvez ele seja um daqueles herdeiros ricos que teve tudo
pago por seus pais CEOs, viajando por todo o mundo desde
que usava fraldas e agora atingindo uma crise de meia-
idade porque nunca teve que trabalhar para nada em
nenhum dia de sua vida e agora ele se sente inútil…
Louis balança a cabeça mentalmente para si mesmo. A
última coisa que ele deveria fazer é especular
descontroladamente - e muito provavelmente de forma
imprecisa - sobre seu convidado.
“Agradeço à Deus pela mercearia do Sr. Dunn e pelos
salgadinhos que ele vende, porque eu não poderia ficar sem
todos os meus salgadinhos. Quer dizer, eu basicamente vivo
de bolachas de caramelo neste momento.” Louis inclina a
cabeça. “Não é algo que eu pensei que admitiria para um
estranho”, acrescenta ele, em parte para si mesmo, “Mas
aqui estamos.”
"Sim, eu vi as embalagens atrás da recepção", disse Harry,
o que é um pouco embaraçoso. Então, ele dá uma grande
mordida em seu prato. Ele cantarola feliz, elogiando Louis
com a boca meio cheia. "É bom."
“Que bom que gostou” Louis diz, pegando a carta de vinhos
da mesa de Harry. "Escute, vou deixá-lo em paz, não
gostaria de incomodá-lo enquanto você come, mas você
quer beber alguma coisa antes de eu desaparecer?" Ele
oferece, gesticulando com a carta. “Para ser honesto, estou
sem algumas coisas, mas ainda tenho uma boa seleção de
vinhos e cervejas, então se quiser pedir algo, fique à
vontade. Obviamente, sem cobrança extra”, acrescenta
Louis, colocando ao lado do prato de Harry.
Louis não tem certeza de como, mas de repente é como se
a temperatura caísse, um calafrio envolveu a sala enquanto
Harry ficava tenso, nada do calor de suas brincadeiras
anteriores permanece. Em um flash, ele está
completamente fechado, rosto inexpressivo, olhos
cautelosos e Louis pensa que Harry provavelmente está
acostumado a se proteger dessa forma quando as coisas
azedam. Embora não tenha certeza do que fez para ativá-lo.
A ponta de seu dedo roça na carta de vinhos, hesitante,
desconfortável, antes que ele a empurre com firmeza para
longe dele.
"Isso não será necessário."
Tudo, desde o tom de sua voz até sua postura decisiva, até
o olhar vazio em seu rosto, diz a Louis que ele não deve
forçar. Que ele não deveria perguntar.
"Você tem certeza?" Saiu de sua boca antes que Louis
pudesse perceber completamente o que ele disse, o desejo
de saber algo era muito forte, o que não ajudava. E ele
tinha sido tão bom até agora, conversando à toa sobre uma
variedade de tópicos inconsequentes para deixar Harry à
vontade e fazê-lo se sentir bem-vindo. "Não seria incômodo
pegar algo para você" Louis insiste, descobrindo que é
melhor ir até o fim agora que começou.
"Sim" Harry diz tenso. "Tenho certeza." Ele inala
profundamente. Em seguida, expira. “Tenho certeza
absoluta”, ele insiste, de alguma forma ainda mais firme
dessa vez. “Desculpe, eu... uh. Na verdade, eu não bebo ”,
ele admite. ‘’Yeh, eu não bebo" Ele faz uma longa pausa.
"Não mais."
Oh , Louis pensa, sabendo que não deve insistir mais. Ele
enrubesce um pouco de vergonha com sua grosseria
anterior, pegando a carta de vinhos tão rapidamente que a
envia voando pela sala, fazendo-o fechar os olhos e franzir
os lábios enquanto tenta se livrar da sensação de total
mortificação.
“Claro” ele diz, os olhos ainda fechados. “Sem problemas”,
acrescenta ele gentilmente, abrindo os olhos novamente e
sorrindo sem jeito. "Posso pegar um suco para você...?"
oferece desajeitadamente. "Um falso... coquetel?" Ele
acrescenta, firmemente ciente de que realmente não tem
ingredientes, ou receitas para isso, já que costuma ser bem
básico quanto ao consumo de álcool e não-alcoólicos.
“Água seria ótimo, na verdade.” Harry, Deus o abençoe, o
tira de sua miséria com o rosto fechado, sua linguagem
corporal grita o quanto ele preferia estar em qualquer outro
lugar do que ter essa conversa com Louis.
Ele pega o garfo novamente, cavando em seu prato sem
olhar para Louis, que está apenas pairando perto de sua
mesa como um idiota.
"Sim. Sim. Claro. Já está chegando” Louis balbucia enquanto
se afasta, se abaixando para pegar a carta de vinhos
descartada antes de sair da sala.
Algumas horas mais tarde, depois de lavar a louça e pensar
nas refeições para os próximos dias, e quando ele está cem
por cento certo de que Harry foi para a cama, Louis
silenciosamente volta para a sala de jantar, pegando
cuidadosamente cada carta de vinho de cada mesa,
guardando-as para mais tarde. Ele sabe que cometeu um
erro ao forçar os limites de Harry e que isso não poderia
apagar o que ele fez, mas de agora em diante, seu
convidado ficará totalmente confortável. O mais confortável
possível.
Enquanto fecha a porta atrás de si e começa a caminhar de
volta para seu quarto, Louis não consegue deixar de pensar
que há claramente uma história lá, não tão bem escondida
na forma como Harry se fechou, na frieza de sua linguagem
corporal, no como ele parecia envergonhado com sua
revelação...

Outubro se transforma em novembro, os dias se misturando
enquanto Louis e seu novo convidado seguem uma rotina
tranquila. Todas as manhãs, Louis sai para correr com
Clifford, voltando para o farol bem a tempo de ver Harry
desaparecer para sabe Deus onde, em longas caminhadas,
enquanto Louis cuida de várias coisas de manutenção ao
redor da pousada. Quando ele volta, Harry desaparece na
sala de estar ou na sala da lanterna às vezes com um livro,
às vezes com seu diário, até que Louis o incomoda um
pouco para trazer seu almoço. Então, às seis e meia todos
os dias, Louis serve o jantar antes de se retirar para a
cozinha, comendo sua própria refeição sozinho na pequena
mesa lá, enquanto deixa Harry jantar sozinho na grande
sala de jantar vazia. Eles realmente não conversam muito.
Depois do que aconteceu na segunda noite, Harry, em
particular, é excepcionalmente silencioso. Ele vai cantarolar
educadamente quando Louis tenta contar uma piada,
sempre agradecendo baixinho pela comida, mas nunca
querendo levar a conversa adiante, nunca realmente
respondendo. De manhã, Harry sempre vai acenar para ele
se seus caminhos se cruzarem acidentalmente, mas cada
tentativa de Louis de fazer uma brincadeira tem caído
horrivelmente desde o que Louis agora apelidou de
“incidente da sala de jantar”. Ele não consegue evitar a
sensação de que foi longe demais e agora perdeu a chance
de se conectar de verdade com Harry. Qualquer vislumbre
que Louis possa ter tido brevemente da pessoa sob a
fachada se foi, protegido novamente sob uma parede de
silêncio.
Está tudo bem, no entanto. Louis não está no negócio de
fazer amigos para a vida toda e apesar do fato de que o
peso da solidão de Harry seja tão grande que até Louis às
vezes pode sentir, na verdade não é da conta dele. Harry
disse que precisava de uma pausa e precisava ficar longe. A
pousada South Lighthouse parece estar oferecendo isso a
ele. Louis considera seu trabalho concluído.
Exceto que já faz mais de uma semana desde que Harry
alugou o quarto pela primeira vez e ele parece... ele parece
um fantasma, como se estivesse se assombrando, incapaz
de sacudir a nuvem pairando sobre sua cabeça e isso
realmente realmente não é da sua conta, Louis sabe disso,
mas parte seu coração um pouco, testemunhar isso todos
os dias. Ele pode ter arruinado sua chance de amizade com
Harry por ser muito curioso e muito rápido, mas isso não
significa que ele tem que vê-lo sofrer sem ajudar pelo
menos um pouco.
Consequentemente, nasce um plano pela metade, em
algum lugar entre o sono e a vigília, às cinco e meia,
quando o cérebro de Louis ainda não tem filtro.
Ele volta de sua corrida com Clifford naquele dia com a ideia
praticamente formada e ele passa seus dez minutos no
chuveiro desenvolvendo-a, totalmente pronto para executá-
la quando Harry desce as escadas meio adormecido em um
grande suéter lavanda que Louis sabe que estava baú na
sala da lanterna.
Na verdade, Harry está começando a se sentir em casa pelo
menos na pousada, pegando livros e roupas emprestados
sem pedir permissão.
“Ei” Louis cumprimentou, assim como fazia todas as
manhãs desde que Harry chegou.
Como previsto, Harry acena com a cabeça, educado, mas
parecendo tímido, indo direto para a porta da frente.
“Desculpe incomodar” Louis começa, nervosamente
esperando soar o mais autêntico possível. Ele geralmente é
um mentiroso bom o suficiente se precisar, não que faça
disso um hábito, mas parece que as apostas são maiores
hoje, preocupado como ele está em ofender Harry ainda
mais do que ele já fez.
Harry, para seu crédito, se vira para encará-lo, as mãos
firmemente entrelaçadas. "Sim?" ele pergunta, lento e
cauteloso.
“Estive muito ocupado com a papelada esta manhã e ainda
não consegui levar Clifford para passear”, ele mente o mais
suavemente possível, tentando parecer envergonhado. "Eu
sou praticamente o pior pai cachorro de todos hoje, então
pensei que talvez você não se importasse de levá-lo junto
em sua caminhada."
Ele espera um pouco, observando como os olhos de Harry
se arregalam com o pedido.
"Oh."
"Eu sei que é uma responsabilidade minha", Louis
acrescenta, agora percebendo que talvez Harry não esteja
realmente vagando sem rumo quando sai da pousada, que
talvez ele vá para a cidade sem Louis saber e que arrastar
um animal de estimação que não é seu pode não ser sua
ideia de diversão. “Eu sei que é. E obviamente você não
está aqui para trabalhar para mim ou ajudar ou qualquer
coisa assim, mas pensei em pedir. Você realmente não teria
muito o que fazer, eu prometo. Ele é um bom cachorro. Ele
vai ficar perto de você, você nem precisa colocar a coleira,
tecnicamente. Quer dizer, ele é treinado para te ouvir se
você segurar... Muito bem comportado, eu juro! E todos na
cidade o conhecem, então se você for tomar café na
padaria, realmente não será um problema. Eu só não quero
que ele fique preso comigo por mais algumas horas, sabe?"
Faria muito sentido para Harry perguntar por que Louis não
simplesmente faz uma pequena pausa para passear com
seu próprio cachorro, considerando que é a solução mais
lógica para este problema inventado, mas Louis espera que
suas divagações convençam Harry sem ele pensar muito
sobre isso.
"Claro" Harry finalmente responde após um momento de
silêncio tenso. "Clifford pode vir."
“Oh, obrigado, Harry. Eu realmente te devo uma!" Louis
responde exageradamente, saindo de trás da mesa da
recepção, correndo para a sala de estar para pegar a coleira
de Clifford. Quando ele volta, o cachorro mostra sinais claros
de interesse, farejando as canelas de Louis, empurrando-o
um pouco.
Eles literalmente acabaram de voltar de sua corrida normal
e ele não tem nenhum motivo para agir como um
cachorrinho tão agitado quando já não é mais um há anos,
mas Louis manda um agradecimento silencioso ao universo
pela disposição de Clifford em participar do plano.
Se Louis não pode se tornar amigo de Harry, então talvez
seu cachorro possa. Afinal, todo mundo precisa de
companhia, pensa Louis, enquanto observa os dois se
afastando do farol pela janela. Os ombros de Harry estavam
permanentemente curvados para frente, ambas as mãos
enterradas nos bolsos fundos de sua enorme jaqueta.
Clifford está andando feliz, batendo a cabeça nas pernas de
Harry de vez em quando e, eventualmente, quando eles
estão prestes a desaparecer no penhasco, Harry desaba e
se abaixa para acariciá-lo. Clifford salta sobre ele em
resposta, as patas dianteiras alcançando o torso de Harry.
Algo nas profundezas de Louis se solta de alívio quando algo
claramente faz Harry rir. Logo, os dois desapareceram,
descendo para a praia, sem perceber que o homem os
olhava com interesse.

Nos primeiros vinte minutos depois que eles se foram, Louis
fica olhando pela janela, esperando que milagrosamente
seja capaz de ver através das falésias e da praia, mas logo,
o trabalho real exige sua atenção e ele se esquece de tudo
sobre seu plano em favor de ser produtivo.
Só algumas horas depois, quando Harry e Clifford voltaram
para a sala de estar onde Louis está esparramado no chão,
cercado de recibos, ele se lembrou do que estava
preocupado em primeiro lugar.
Harry claramente se assusta quando entra, não esperando
ver Louis em calças de moletom e uma camiseta,
descansando de barriga no tapete e batendo uma caneta
contra o queixo.
"Oh", diz ele, agarrando Clifford pelo colarinho para impedi-
lo de bagunçar as pilhas de recibos de Louis. "Desculpe",
acrescenta, ajoelhando-se e envolvendo um braço em volta
do torso de Cliff quando o cão insiste fortemente em dizer oi
para seu dono. "Não sabia que você estaria aqui."
“Obrigado por segurá-lo”, responde Louis. “Demorou para
organizar isso, não vou mentir. E ele arruinaria tudo em um
segundo."
"Tudo bem", respondeu Harry. Suas bochechas estão
vermelhas, um rubor saudável em seu rosto, e ele não
parece tão chateado como estava de manhã.
Louis não diria que é a presença de Clifford que o faz
parecer um pouco menos perturbado, mas, felizmente, a
energia do cão e a alegria de viver trouxeram um pouco de
sol para o início do dia de Harry.
“Eu só ia...” Harry gesticula com a coleira na mão e Louis
sorri.
“Sim, você pode só deixar aqui”, ele responde, apontando
para o chão. Não é como se ele tivesse mantido o quarto
arrumado. "Eu posso cuidar disso mais tarde."
"Tudo bem" Harry concorda, deixando cair bem onde Louis
apontou. “Vou fechar a porta atrás de mim”, acrescenta,
levantando-se e conduzindo Clifford em direção à saída.
“Ele estava comportado, certo? Não te incomodou muito?"
Louis não pôde deixar de perguntar, quando Harry estava
prestes a sair.
"Ele é um bom cachorro", disse Harry simplesmente, mas há
uma sugestão de sorriso em seu rosto que é o suficiente por
agora.
Louis sorri. "Obrigado por cuidar dele, eu te devo uma."
Harry balança a cabeça, sorrindo educadamente para ele
antes de sair com Clifford.

Na manhã seguinte, quando Harry sai da pousada com


olhos sonolentos, Louis está pronto para recebê-lo. Ele
parece vestido para uma corrida desta vez, com shorts
cinza e leggings esportivos por baixo, além de tênis
adequados. Embora ele ainda esteja usando uma blusa
grossa de malha na cor creme, então quem é Louis para
presumir alguma coisa? Ainda assim, é uma mudança
interessante em relação ao que ele geralmente usa para
sair. Uma coisa que Louis não consegue deixar de notar.
“Bom dia”, Louis chama, deixando cair a esponja que estava
usando para lavar as janelas em um balde vermelho, e a
água com sabão espirra um pouco e caindo em seus Vans.
“Merda” Louis diz com uma risada, balançando um pouco o
pé para tirar a espuma do sapato.
“Ei” Harry responde com um pequeno aceno de cabeça na
direção de Louis.
Louis se abaixa para pegar a coleira de Clifford que ele
deixou ao lado do balde, estendendo-a timidamente para
Harry. "Você se importaria?" ele pergunta com um sorriso
estranho.
Bem na hora, Clifford começa a abanar o rabo com
entusiasmo com a ideia de uma caminhada pela praia.
Louis tem o melhor e mais manipulador cão do planeta.
Harry parece surpreso ao ser perguntado novamente. Ele
faz uma pausa em seu caminho, dando a Louis um olhar
calculista.
“Hum” ele começa, passando a mão pelo cabelo,
bagunçando-o nervosamente. Louis gostaria de poder dizer
que ele está uma bagunça, mas há algo na maneira fácil
como Harry faz isso, que faz parecer que ele sabe
exatamente o quão casualmente desgrenhado está o
deixando e que funciona para ele. "Eu... suponho que tudo
bem...?" ele continua, formulando quase como uma
pergunta.
Louis pode ter um plano astuto, mas a última coisa que ele
quer é realmente impor.
“Só se você tiver certeza de que está tudo bem”, ele insiste.
“Ele pode esperar mais algumas horas, se necessário.
Sempre podemos ir depois do almoço. Ele está pegando um
pouco de ar fresco de qualquer maneira” Louis termina num
gesto de desprezo com a mão em direção aonde Clifford
está farejando a grama.
"Não, está tudo bem", respondeu Harry, aproximando-se de
Louis para pegar a coleira. "Não é como se ele fosse
atrapalhar."
Louis ri do comentário, revirando os olhos um pouco antes
de protestar. “Você diz isso agora, mas espere até que você
queira relaxar no sofá e ele decidir que é hora de abraços.
Ele pode parecer magro o suficiente, mas aquele animal é
pesado.”
Harry sorri, educado como sempre, talvez um pouco menos
fechado, mas ainda sem um verdadeiro calor por trás dele.
“Eu vou me lembrar”, ele responde, acenando para Louis
com a mão segurando a coleira antes de assobiar para
Clifford de uma forma facilmente autoritária.
O cachorro de Louis vai com ele imediatamente, e os dois
desaparecem além da falésia.

Logo, isso se tornou um novo hábito, um ritual diário com o


qual eles concordaram silenciosamente. Harry caminha com
Clifford pela manhã, pegando coleira sem nem ser solicitado
e desaparecendo por algumas horas para Deus sabe onde
com o cachorro de Louis, voltando com os ombros um pouco
menos tensos e sussurrando palavras doces nos ouvidos de
Clifford antes de se esconder em algum lugar profundo
dentro da pousada com um de seus preciosos cadernos. À
noite, Louis é quem assume as tarefas de passear com os
cão, indo para a praia por uns trinta minutos para deixar
Cliffy vagar livre na areia enquanto ele lhe faz perguntas
retóricas sobre seu convidado. Clifford nunca responde,
preferindo correr para a água gelada como se ainda fosse
um cachorrinho, espirrando água e encharcando Louis com
mais frequência do que ele gostaria de admitir. Mesmo
assim, se Clifford estivesse prestes a revelar detalhes sobre
Harry, Louis não gostaria de saber. A não ser que viesse do
próprio homem.
Assim, eles se acomodam, o tempo passando tão devagar
como sempre na ilha, o progresso de Louis nos reparos da
pousada avançando ainda mais devagar enquanto ele
garante cuidadosamente que cada trabalho seja feito com
perfeição. Afinal, ele tem muito orgulho de seu
estabelecimento, cuida dele como se fosse realmente dele e
não apenas porque é responsável por cuidar dele. Ele
derrama o máximo de amor que pode nos reparos,
secretamente esperando que isso vaze pelas paredes e que
todos os hóspedes possam senti-lo.
Um dia, pouco mais de uma semana depois da primeira
caminhada de Harry com Clifford, Louis está saindo da
mercearia com alguns suprimentos quando quase esbarra
no Sr. Drummond. Literalmente.
“Oh” Louis suspira, dando um passo para trás para evitar
que seus corpos colidam um com o outro. "Desculpe por
isso", acrescenta ele com um sorriso, ajeitando a sacola de
papel que está segurando em seu quadril esquerdo antes de
brincar com a bolsa Waterstones em seu ombro direito.
O Sr. Drummond sorri de volta para ele por baixo de seu
velho chapéu xadrez. Em todos os anos desde que Louis se
mudou para Fair Isle, ele acha que nunca viu o homem mais
velho sem ele. Nem uma vez. Ele está usando uma variação
da mesma roupa que usa todos os dias, um terno de tweed
de três peças que o faz parecer elegante e importante.
Desta vez é verde oliva, exatamente a mesma cor de seus
olhos penetrantes. Combina com o de Harry também, o
cérebro de Louis mentaliza inútilmente quando seus olhares
se encontram.
Ele balança a cabeça assim que o pensamento entra em seu
cérebro, tentando se livrar dele.
"Louis!" O Sr. Drummond exclama, uma distração apreciada.
"Como vai, rapaz?"
É um segredo que ele levará para o túmulo, porque
compartilhá-lo agora causaria um drama desnecessário que
se espalharia por toda a ilha, mas o Sr. Drummond sempre
foi o residente favorito de Louis. Desde a primeira vez que
visitou a ilha com sua família quando era adolescente, Louis
sempre gostou do homem que cuida do observatório de
pássaros. Ele está em seus sessenta e poucos anos agora,
sua barba grisalha e seu entusiasmo saltitante fazendo-o
parecer quase uma década mais jovem do que realmente é.
Ele está sempre muito arrumado para o trabalho que está
fazendo, mas nunca apareceria em seu local de trabalho
sem o traje adequado, o que o deixa em vários estágios de
desalinho enquanto dá para os visitantes longas palestras
sobre a vida ornitológica na ilha. Ele sempre tem uma
curiosidade na manga.
Amável e charmoso ao extremo, Louis suspeita fortemente
que a maioria dos turistas voltam porque querem mais dele.
E quem pode culpá-los? O próprio Louis sempre lamenta o
fato de que ambos estão ocupados demais para sair com
mais frequência, pois os dois são responsáveis por
estabelecimentos turísticos vitais na ilha.
“Estou bem”, responde Louis. "Muito bem. Ocupado, sabe?
Tenho tentado fazer o máximo possível de manutenção
antes do inverno chegar, você sabe como é”, acrescenta ele
com uma pequena risada, ciente de que Drummond, mais
do que ninguém, entende a pressão que Louis está
sofrendo. Afinal, ele passou por alguns consertos sérios no
telhado do observatório nos últimos dias, se é que se pode
confiar nos boatos da cidade. "Como você está? Como está
o telhado?”
O Sr. Drummond acena com a cabeça. “Bem, muito bem.
Ocupado também. Estou lá todos os dias”, ele ri, apontando
para cima. “Pretendo falar com você sobre isso, na
verdade”, acrescenta ele, pegando Louis de surpresa.
"Sério? Você precisa de uma mão?" Louis assume, tentando
remexer mentalmente em sua lista de tarefas para ver
quando ele tem uma oportunidade para aparecer. “Hoje e
amanhã são um pouco difíceis, mas-”
Ele é interrompido por uma risada do Sr. Drummond,
apertando sua mão na frente do rosto de Louis para impedi-
lo de tagarelar. “Nah, nah. Não é nada disso meu garoto,
nada parecido com isso. Eu estou bem. Obrigado, aprecio
sua gentileza.” Ele faz uma pausa por um segundo,
brincando com seu chapéu antes de olhar para Louis
diretamente nos olhos. "Eu estava me perguntando como
está o seu convidado?"
Com isso, Louis pisca em confusão.
"Meu convidado?" ele repete, sem responder à pergunta. O
que diabos o Sr. Drummond poderia querer com Harry?
“Sim” o Sr. Drummond diz lentamente, pacientemente.
“Aquele garoto, Harry? Alto, silencioso, mas muito
educado?” Ele levanta a mão para indicar o quão alto ele
quer dizer, exagerando grosseiramente a estatura de Harry.
Louis cantarola, brincando com a sacola cheia de
mantimentos que está segurando em seu ombro. "Sim. Sim.
Ele é bom. Ele... ele parece gostar da ilha. Eu... eu não sei,
ele está fazendo suas próprias coisas.”
“Sim” o Sr. Drummond concorda. “Não tinha certeza sobre
ele no começo, Louis. Tenho que ser honesto."
O coração de Louis salta para a garganta. "O que você quer
dizer?" ele pergunta, mais tenso, mais acusatório do que
pretende. "O que ele fez?"
O Sr. Drummond faz um som de negação baixo em sua
garganta. “Nada, nada. Sempre está à espreita, não? Nunca
se apresentou a ninguém...”
“Oh” Louis responde, olhando para baixo. Harry é
obviamente uma pessoa muito reservada, isso ficou bem
claro desde a primeira vez que Louis falou com ele. Ele não
tem certeza do por quê está tão ofendido em seu nome ao
ouvir o Sr. Drummond julgá-lo por isso. “Não sei”, diz ele,
sem jeito, após uma longa pausa. Ele não teria descrito
Harry como um espreitador, mas claramente o Sr.
Drummond tem uma opinião diferente. E não é como se
Louis já tivesse visto Harry ao redor da vila para contradizê-
lo.
“Ele está sempre indo para a cabine telefônica”, diz o Sr.
Drummond em tom de reprovação, apontando para a caixa
vermelha que fica bem na beira da rua principal, bem onde
a estrada se alarga um pouco para descer os penhascos. Se
Louis seguir essa estrada, ele alcançará o pequeno caminho
lamacento que leva ao seu próprio estabelecimento. “À
mesma hora todas as manhãs. Vai lá apenas para fazer
ligações”.
Louis olha para a cabine telefônica como se a estivesse
vendo pela primeira vez, e pode muito bem estar
considerando que sempre se esquece de que ela está ali.
“A cabine telefônica?” ele pergunta, franzindo um pouco a
testa. "O que você quer dizer?"
"Coisa vermelha grande", provoca o Sr. Drummond,
balançando os dedos em sua direção.
Louis ri e balança a cabeça. “Sim, eu sei onde fica a única
cabine telefônica da cidade. Mas não sabia que essa coisa
funcionava”, ele murmura, principalmente para si mesmo.
Na verdade, ele havia esquecido que a maldita coisa estava
lá e não sabe ao certo por que o Sr. Drummond está se
importando tanto com isso.
“Sim. Funciona bem."
"O fato de Harry estar fazendo ligações é importante?" Louis
pergunta, uma dica hesitante. Ele realmente não tem ideia
de por que o Sr. Drummond mencionaria isso, de qualquer
forma.
"Não, não. Nós estávamos apenas imaginando. Ele não fala
muito e você também não disse uma palavra sobre ele."
É o uso do ‘’nós’’ que finalmente irrita Louis. Não é que ele
não esteja se perguntando sobre o que o resto da cidade
pensa sobre seu hóspede de fora de temporada. Porque ele
definitivamente está hospedado. Mas nenhum deles
mencionou isso para ele, nenhum deles tentou fazer
perguntas, então ele ingenuamente imaginou que talvez
eles não se importassem, ou talvez Harry fosse mais direto
com eles do que com Louis. Honestamente, todo mundo
estava tão estranhamente silencioso sobre Harry que Louis
começou a se perguntar se talvez eles simplesmente não
tivessem notado.
Ele deveria saber que todos eles teriam opiniões fortes
sobre ele, quer as compartilhassem ou não.
“Bem, para quem quer que ele esteja ligando todos os dias,
acho que é problema dele, certo? Não que o serviço móvel
seja particularmente bom aqui. E ele pode ter algumas
coisas importantes para controlar. Quer dizer, toda empresa
afirma nos dar cobertura, mas todos nós sabemos que isso
não é verdade, certo?” Louis diz tudo muito rápido,
insistentemente, esperando que o Sr. Drummond desista de
tudo, que ele informe aos outros que Harry deve ser
deixado sozinho e que ele não é alguém com quem se
preocupar.
O Sr. Drummond geme em concordância, tão acostumado
quanto Louis está com os turistas irritados gritando que sua
operadora de celular prometeu que eles ficariam bem em
Fair Isle, brandindo furiosamente seus telefones inúteis com
zero barra de serviço no rosto dos moradores como se eles
pudessem fazer algo a respeito. Mesmo assim, Louis não
percebeu que a cabine telefônica estava funcionando e ele
não pôde deixar de se perguntar para quem Harry precisa
ligar todos os dias e que não quer que Louis saiba. Ele
poderia usar o telefone em seu quarto, com certeza. Ele
acha que Louis o verificaria?
“De qualquer forma,” o Sr. Drummond finalmente diz,
balançando a cabeça. “Eu ia apenas dizer que mudei de
ideia sobre ele agora que o conheci. Ele veio ao
observatório com Clifford alguns dias atrás, até mesmo ficou
para ajudar com algumas das coisas que eu estava
preparando quanto aos reparos do telhado. Me ajudou a
mudar alguns móveis.”
Louis sorri. "Ele ajudou?" ele pergunta, surpreso novamente.
"Ele nunca mencionou isso", acrescenta, embora não seja
como se Harry mencionasse qualquer outra coisa.
“Sim, sim. Ele é adorável. Parecia tímido, mas adorável.
Então, sim, eu esperava que você pudesse transmitir meus
agradecimentos e votos de felicidades a ele e se desculpar
por mim. Eu o julguei mal. Ele é um bom rapaz. E eu disse a
todo mundo também”, ele insiste. "Eles não vão incomodá-
lo."
O coração de Louis dá um salto.
"Espere o que? Eles o têm incomodado? " ele pergunta, um
pouco frenético.
“Nah, nah. Não se preocupe. Ninguém iria afugentar seu
único cliente da entressafra. Você nos conhece melhor do
que isso, rapaz. Eles ficaram um pouco tensos, sabe como
é, né? Ninguém queria dizer a você sobre isso, é claro. Você
teve sorte de ter um novo convidado tão tarde na
temporada. Não queremos estragá-lo com nossas
preocupações bobas. Mas está tudo resolvido agora. Tive
uma boa conversa com ele e posso dizer que ele é um cara
adorável.”
Louis suspira de alívio. “Bem, estou feliz que você pense
assim. E vou agradecê-lo.”
“Obrigado, Louis” o Sr. Drummond diz enquanto se afasta,
acenando para ele.
Quando ele passa pela cabine do telefone a caminho de
casa, Louis não consegue deixar de lançar um olhar curioso.
Naquela noite, quando Louis lhe dá a mensagem do Sr.
Drummond enquanto serve o jantar, Harry sorri,
genuinamente, o peso em seus olhos se dissiparam por um
segundo.

Na manhã seguinte, Louis está trabalhando do lado de fora
vestindo um moletom preto enorme que já viu dias
melhores, pequenos respingos de tinta que ele nunca
conseguiu lavar, completamente espalhados por toda a
peça e seu par de jeans mais antigo, tentando ao máximo
ignorar o frio onde seus joelhos estão expostos com o quão
desgastado está o tecido. Ele está tão focado na moldura da
janela que está repintando que nem percebe que Harry está
quase de volta de sua caminhada matinal habitual, até que
Clifford late com entusiasmo para ele.
Louis se vira, com o pincel na mão, franzindo a testa um
pouco quando vê o jeito que Harry está andando com ainda
mais energia - e um pouco nervoso - em seus passos do que
o normal, olhando por cima do ombro a cada segundos
como se estivesse com medo de que alguém esteja o
seguindo. Ele parecia assombrado desde que Louis o viu
pela primeira vez, mas isso... isso é algo diferente.
"Você está bem?" Louis pergunta assim que Harry está ao
alcance da voz, tentando não parecer muito preocupado.
Harry balança a cabeça. Suas bochechas estão vermelhas,
como se ele estivesse envergonhado, embora Louis suspeite
que pode ser de frio. Tem estado relativamente ensolarado
desde a semana passada, milagrosamente, foram
abençoados com um clima mais quente do que o esperado,
mas o vento está cortante como sempre, especialmente no
topo dos penhascos.
Clifford começa a girar em torno de Harry quando chega à
porta, abanando o rabo quando ele para para acariciá-lo.
"Ouça, eu sei que não é da minha conta", Louis começa
gentilmente, dando um passo em sua direção, "Mas se você
quiser falar sobre isso, fico feliz em-"
Harry balança a cabeça com firmeza, os olhos fixos no
cachorro de Louis. “Na verdade, não é nada.”
Louis odeia insistir. "Você tem certeza?" ele ainda pergunta,
incapaz de resistir quando Harry olha por cima do ombro
novamente por um segundo antes de finalmente olhar nos
olhos de Louis. Há uma carranca profunda em seu rosto,
franzindo a testa quase irreconhecível. Ele está claramente
preocupado.
"Sim!" Harry sussurra insistentemente, irritado. Então, ele
estremece. “Desculpe, é...” Ele faz uma careta. "É
estupido."
“Aqui é permitido!”, Louis brinca, sentindo uma pontada de
satisfação quando o canto da boca de Harry se levanta um
pouco. Ele ainda está carrancudo como se estivesse em um
drama indicado ao Oscar sobre a monarquia, mas talvez
Louis possa realmente ajudar.
"Tive um... encontro desagradável esta manhã, mas está
tudo bem."
E isso... isso deixou Louis realmente desconcertado. Em
uma ilha habitada por sessenta pessoas que ele conhece
muito bem, não há muitas opções de quem pode ser o
culpado e ele não consegue imaginar nenhum deles se
comportando mal diante de um turista.
“Oh”, Louis responde, colocando o pincel na lata. "Me
desculpe por isso. Todos aqui são geralmente muito
acolhedores. Mesmo assim, tenho certeza de que é um mal-
entendido. Posso falar com eles se quiser?" Ele oferece,
colocando ambas as mãos no bolso de seu moletom, então
dá de ombros.
"Isso... não vai ser necessário."
"Você tem certeza? Ficaria feliz em fazer isso.
Honestamente, tenho certeza que foi um simple - ”
“Era um papagaio-do-mar” Harry finalmente revela,
interrompendo Louis com um tom seco, o vermelho de suas
bochechas se aprofundando com a revelação.
Talvez um pouco de constrangimento.
"Eu sinto muito?" Louis pergunta, lutando muito para não rir.
“Era um papagaio-do-mar, ok? Um pequeno papagaio-do-
mar.” Os olhos de Harry escurecem. “Um pequeno
papagaio-do-mar do mal”, acrescenta ele em um sussurro.
Louis morde o lábio inferior enquanto balança a cabeça e
cantarola, um mantra de ‘’não ria, não ria, não ria’’,
ecoando em seu cérebro. "Papagaios... geralmente não
ficam na ilha em novembro?" ele diz, a voz um pouco aguda
enquanto se abstém de rir. “Eles ficam por aí principalmente
na primavera e no verão”, ele revela, o tom se
transformando em provocação na última palavra. "É
possível que você tenha visto outro tipo de pássaro?"
"Eu sei como é a aparência de um papagaio-do-mar!" Harry
argumenta. “Era um papagaio-do-mar e... era muito
agressivo e... crítico.”
"Crítico?"
"Sim!!" Harry insiste. “Foi como... Foi como se pudesse ver
dentro da minha alma e não gostasse”, diz ele com um
arrepio, parecendo realmente abalado com o encontro.
E isso... isso só faz Louis rir, não importa o quanto ele esteja
tentando se conter. "Então, deixe-me ver se entendi", diz
ele, dando um passo à frente em direção a Harry. "Você foi
para a praia onde um papagaio-do-mar mágico olhou em
sua alma e declarou que estava obscuro?"
"Eu nunca disse que o papagaio-do-mar era mágico."
"Você disse que investigou sua alma?"
"Porque ele investigou!"
"Ele tentou atacar você ou...?"
Harry balança a cabeça. "Não! Simplesmente...
Simplesmente começou a me seguir. Foi assustador. ”
"Talvez ele apenas 'gostou' de você?" Louis oferece,
levantando uma sobrancelha.
Isso fez Harry parar. Então, após um tempo: “De qualquer
forma, achei que seria mais seguro voltar”.
“Certo, é claro. Não gostaria que você morresse pelo brilho
de um papagaio-do-mar. Isso seria um obituário
embaraçoso. ”
O corpo de Harry relaxa com a piada. Ele inclina a cabeça
por um segundo, antes de oferecer a Louis um olhar
envergonhado. "É, eu posso ter exagerado."
Louis aperta os olhos para ele em resposta. "Talvez um
pouco."
Harry levanta os ombros, acariciando as mãos para se
aquecer. “Eu vou... entrar agora e beber um galão de chá
para esquecer tudo isso”, ele murmura enquanto passa por
Louis para voltar para dentro.
“Inteligente” Louis grita para suas costas. “Lide com o
trauma do jeito britânico.”
Assim que Harry desapareceu completamente, ele se abaixa
para pegar o pincel novamente, incapaz de afastar o sorriso
de seu rosto.

Capítulo 3
No final da tarde, alguns dias depois, Louis aparece no topo
do farol no momento em que o céu começa a escurecer.
Harry está sentado no chão com as costas pressionadas
contra o banco, uma de suas longas pernas esticada na
frente dele, a outra dobrada, o caderno que Louis quase
nunca o vê sem, descansando em sua coxa enquanto ele
cantarola para si mesmo e escreve seja o que for, sempre
rabiscando. Ele está vestindo jeans claros novamente, com
a barra dobrada, e seus pés são aquecidos por meias de lã
cinza com uma faixa vermelha fina no tornozelo. Há um
buraco em um de seus joelhos, o único indício de que não
são os mesmos de antes, o jeans foi apenas desgastado de
alguma forma carinhosa. Parece um traje adequado
também, não um daqueles pares da moda que foram pré-
desgastados para fins estéticos, como se Harry os usasse
repetidamente e continuasse mesmo agora que eles estão
se desfazendo. Ele também está usando um dos moletons
favoritos de Louis, um que ele claramente tirou do baú da
sala de estar onde Louis deixou após a última pilha de
roupas que lavou. É sempre um sucesso com os convidados,
azul escuro com um padrão peculiar de sapos, cinco fileiras
de grandes anfíbios verdes decorando-o em ambos os lados.
A mãe de Louis comprou-o para o farol, em sua cidade natal
há alguns anos, encontrou em sua loja de caridade favorita
e mandou-o pelo correio no dia seguinte, ansiosa demais
para esperar até que se vissem pessoalmente e dá-lo a ele.
Louis riu quando abriu o pacote, incapaz de resistir a colocá-
lo imediatamente. Sempre foi um pouco grande no corpo
ligeiramente magro de Louis, mas se encaixa perfeitamente
no de Harry, abraçando seus ombros largos
impecavelmente.
Depois de um segundo observando silenciosamente, fica
claro que Harry nunca o ouve entrar, tão perdido em
pensamentos que a chegada de Louis nem mesmo foi
perceptível para ele. Sentindo-se um pouco assustador
apenas parado ali em silêncio, Louis pigarreou antes de
dizer um silencioso “oi” para cumprimentá-lo.
Harry ergue os olhos ao ouvir o som, dando a Louis um
simples aceno de cabeça em resposta antes de se enterrar
de volta em seu diário.
“Tudo bem se eu...” Louis para quando Harry ergue os olhos
de novo, mostrando a antologia de contos escoceses que
está lendo e apontando para o outro lado do banco, em vez
de se explicar.
Harry acena com a cabeça novamente, oferecendo a Louis
um pequeno encolher de ombros antes de desligar a sala
inteira novamente no segundo que seus olhos estão de
volta na página. Ele claramente não parece muito
incomodado com a presença de Louis, o que é um alívio,
considerando que eles terão que coexistir por alguns meses
e Louis certamente não está pronto para desistir de sua
visão favorita do mundo por um convidado . Mesmo aquele
que pagou por uma estadia tão longa.
Louis se dirige ao único abajur da sala, acende, e se senta
perto dele no banco, do lado oposto do cantinho de Harry.
Ele tem uma visão bastante boa de seu perfil sério, de todas
as microexpressões piscando em seu rosto enquanto relê o
que acabou de escrever, batendo a caneta contra as
páginas de seu diário, o pequeno ‘’tap tap tap’’ ainda
ouvido sob a tempestade lá fora, misturando com o som da
chuva batendo nas janelas.
Ele continua observando por alguns segundos, incapaz de
desviar o olhar, antes de perceber o que está fazendo e,
sem graça, limpa a garganta, pegando o recibo que está
usando como marcador da antologia e continuando a
leitura.
Ainda assim, ele não consegue se concentrar de alguma
forma, entre a chuva e as batidas e o zumbido e...
Louis balança a cabeça, fechando o livro. Ele está sentado
com as pernas cruzadas no banco e o deixa cair na parte
inferior das canelas e tornozelos, a capa verde e as letras
douradas olhando para ele, alertando-o para não abrir sua
grande boca burra. Sem permissão, seus olhos se voltam
para o rosto de Harry novamente.
Ele está em seu próprio mundo, a caneta agora
descansando entre as páginas de seu diário, seus dedos
brincando com o elástico em seu pulso, os olhos se
movendo rapidamente pela página enquanto ele lê.
Louis desvia o olhar, de volta para seu livro. Ele não deveria
incomodar seu convidado.
"Posso te perguntar uma pergunta pessoal?" ele ainda diz
depois de uma batida, contra seu melhor julgamento. Ele
não tem desculpa para o fato de que não foi capaz de
contê-lo.
Harry se enrijece visivelmente de imediato. Ele ainda está
curvado sobre o caderno, não levanta os olhos, nem
responde. Seus ombros ficam tensos em antecipação,
porém preparando-se, mesmo que ele nunca dê permissão
a Louis para continuar, como se ele estivesse apenas
esperando por isso, como se fosse um golpe, não importa o
que Louis fosse pedir, e Louis... ele apenas...
"Esqueça," ele murmura rápido e envergonhado, desviando
o olhar como se a visão do desconforto de Harry o
queimasse. Ele sente suas bochechas ficarem vermelhas, a
vergonha cresce no fundo de sua garganta. Por que ele não
pode simplesmente deixar as coisas como estão? Ele se
repreende mentalmente. ‘’Não é da minha conta’’, uma voz
viciosa familiar no fundo de sua mente adverte.
"Está bem." A voz de Harry parece cansada, como se fosse
qualquer coisa, mas ele ainda se forçou a dizer isso.
“Pergunte” ele acrescenta, soando como se cada palavra
fosse dolorosa para dizer, mas quando Louis olha para ele
novamente, seus olhos se encontram e os de Harry são
claros e sinceros. Ele está falando sério, quer que Louis
pergunte. “Posso não responder”, ele avisa e Louis
realmente não pode culpá-lo por isso.
“Justo” diz com um pequeno bufo, algo entre um suspiro e
uma risada. Ele levanta uma sobrancelha para Harry antes
de falar novamente. "De qualquer forma, não é uma
questão muito pessoal, você pode se surpreender."
“Eu duvido muito disso. Já me perguntaram tudo.”
"Tudo?" Louis responde, em dúvida.
"Confie em mim", Harry suspira. “Já me perguntaram tudo.
Vá em frente, o que é? Moro na sua casa agora, o mínimo
que posso fazer é ouvir suas perguntas.”
“Pergunta” Louis corrige, levantando um dedo. "Apenas
uma."
“Você está tentando criar suspense ou está apenas
entediado com este livro? Porque se for a última alternativa,
por favor, encontre algo para fazer, estou ocupado aqui”,
disse Harry, apontando para o caderno.
Louis ficaria ofendido, se sentiria culpado, exceto que havia
um pequeno sorriso no rosto de Harry, quase um brilho nos
olhos. Louis suspeita que ele está apenas brincando,
embora não queira arriscar e decide fazer sua pergunta
imediatamente.
"Você é um escritor?"
Há uma longa pausa onde Harry olha para o diário em sua
coxa. "Essa é a sua pergunta?"
Louis encolhe os ombros. "Já ouviu isso antes?"
“Não exatamente esta frase, mas variações, claro.”
Louis ri. “Tudo bem, eu faço perguntas previsíveis e chatas,
eu acho. É só que... acho que nunca te vi sem ele”, ele
explica, gesticulando vagamente em direção ao caderno. “E
você disse que viaja muito... não sei. Eu fiquei curioso.
Percebi que isso pode ser pelo o trabalho, certo? "
"Realmente."
“Então” Louis insiste depois que Harry não se expande e
deixa o momento parado entre eles por muito tempo. "Você
é?"
Harry olha para ele, direto nos olhos, focado e intenso,
antes de balançar a cabeça como se ele não tivesse tanta
certeza. "Na verdade não", ele finalmente diz, e não soa
como uma mentira - Harry certamente está falando sério -
mas também não soa como toda a verdade.
Este seria o lugar onde Louis gentilmente persiste, provoca,
induz a verdade dele, onde Louis usa seu charme e
sagacidade para deixar seu convidado à vontade e
desvendar tudo dele habilmente. Afinal, ele já fez isso
antes, tem um jeito especial de manter os segredos das
pessoas em segurança, de fazê-las confiar nele. Mas há algo
sobre Harry, sobre o jeito arisco que ele está se segurando,
sobre as sombras beliscando os cantos de seus sorrisos,
algo que diz a Louis 'ainda não'.
Ainda não.

De repente, sem que Louis percebesse, mais de uma hora
se passou. Ele pisca para o telefone, surpreso ao ver a hora
antes de colocá-lo de volta no bolso do moletom. Ele caiu
nos contos com mais facilidade do que esperava, uma vez
que sua curiosidade foi parcialmente satisfeita e ele precisa
se mexer se quiser ter o jantar pronto a tempo. Ele deixa o
livro na bancada para depois, levantando-se
silenciosamente e esticando os braços sobre a cabeça. Rola
os ombros, sentindo-se um pouco tenso por ficar na mesma
posição por tanto tempo. Quando ele se vira para avisar a
Harry que está indo embora, Louis encontra um par de olhos
verdes curiosos focados nele.
Ele sorri e aponta para as escadas. “Vou fazer um pouco de
comida” ele explica antes de ir embora.
Ele está prestes a sair quando Harry o interrompe com um
pequeno "Posso ajudar?" Isso pega Louis de surpresa.
Louis para no meio do caminho, virando-se com uma
carranca incrédula no rosto. "Desculpe?" Ele repete.
Harry encolhe os ombros. “Eu amo cozinhar”, ele admite
antes de morder o lábio inferior.
“Você pagou um bom dinheiro por tudo isso, eu não me
sentiria muito confortável em deixar você fazer o trabalho
duro. Tipo... você pagou pela comida. ”
"Sim, e vou conseguir a comida de qualquer maneira, mas
ficaria mais confortável se dividíssemos o trabalho", Harry
argumentou antes de se levantar e colocar a caneta no
bolso de trás da calça jeans. Ele está segurando o diário
com força. “Eu realmente ficaria mais confortável” ele
insiste quando Louis apenas olha fixamente para ele. “E eu
realmente amo cozinhar. Sou bom nisso, juro. Eu não vou
atrapalhar nem nada. Posso seguir todas as instruções.”
Louis engole uma piada suja automaticamente, desviando o
olhar do corpo atraente de Harry. Não é como se ele não
tivesse notado que Harry é mais lindo do que qualquer
pessoa que ele já conheceu na vida real antes. Ele é. Ele
apenas percebeu que não adiantava realmente pensar
nisso.
"Você tem certeza?" Louis pergunta, não querendo tirar
vantagem. Ao contrário de Harry, este é o seu trabalho. Ele
não pode abusar da bondade de seu convidado sem ter
certeza.
"Siiiim!" Harry exclama, inclinando a cabeça para trás em
aborrecimento. “Já faz um tempo que estou pensando nisso.
Parece... errado não ter nenhuma merda normal para fazer.
Está... não sei, desumanizante.”
Louis pisca, sem saber como responder tal comentário.
"Nós vamos?" Harry insiste, passando por Louis e descendo
as escadas sem lhe dar chance de responder.
Logo, os dois estão na cozinha, trabalhando arduamente
para cortar vegetais em silêncio, Louis se detém
mentalmente a cada poucos segundos quando surge a
necessidade de mandar em Harry como faria com qualquer
outra pessoa para garantir que eles estão fazendo as coisas
do jeito dele.
Após a quinta vez que Louis abre a boca para comentar, ele
fecha imediatamente, voltando para as cebolas que está
cortando, com a mandíbula cerrada para impedir que seus
olhos fiquem marejados, Harry ri alto.
"Certo,o que foi?" ele pergunta, colocando sua faca na
tábua de cortar e direcionando seu corpo para Louis com
uma mão em seu quadril, a outra encostada no balcão.
"O que?" Louis diz, fingindo que não tem ideia do que Harry
está falando, ainda cortando as cebolas com foco.
Exceto que Harry não é facilmente enganado e quando
Louis arrisca olhar para o lado, ele o vê estreitando os olhos,
dedos tamborilando contra seu próprio quadril.
"É a sua cozinha" Harry finalmente diz depois que Louis fica
em silêncio por um segundo a mais, "Se estou fazendo algo
errado, você deve me dizer."
“Você não está fazendo nada de errado”, Louis responde
automaticamente. Talvez não. "Você está sendo muito...
útil."
"Quão doloroso foi para você dizer então?" Harry diz, sem
perder o ritmo.
“Muito”, Louis responde automaticamente, virando-se para
encará-lo. “Mas você é útil, é só...”
"Sim?"
“Por que você não está fatiando as cenouras?”
"Não estou?" Harry pergunta, olhando para os pedaços de
cenoura que ele já cortou.
“Sim, você está cortando-as como rodelas!” Louis lamenta.
“Agora temos grandes fatias de cenoura enquanto todo o
resto é fino como palitos de fósforo. Como vamos ter um
belo... refogado homogêneo com pedaços grandes como
este? Por que você tomou essa decisão?”
Harry bufa, olhando para baixo enquanto começa a rir
completamente. “Oh, você está falando sério” ele diz
quando olha para cima e percebe a carranca de Louis.
“Hum… eu as cortei assim para que tivéssemos uma
variedade de formatos no prato? Só... cria uma festinha
legal na sua boca, sabe? Além disso, eles ainda são muito
finos, apenas... rodelas em vez de palitos de fósforo.”
Louis, ignorando completamente a explicação de Harry,
declara: “Nós temos brócolis e crustáceos de várias
formatos” com uma expressão séria no rosto. Ele gostaria
de não ser assim, mas agora que eles abriram esta lata de
vermes, agora que Harry insistiu por sua opinião, ele não
consegue se conter.
"Então você é um pouco obcecado por controle na cozinha,
não é?" Harry pergunta, em tom de provocação enquanto
ele retorna para sua tábua e começa a cortar as cenouras
exatamente da mesma maneira que antes. Como se Louis
não tivesse dito nada. "É por isso que você não queria que
eu ajudasse?"
Louis bufa, focando sua atenção nas cebolas novamente.
Maníaco por controle parece um pouco exagerado, no que
diz respeito a Louis. Não é culpa dele que cozinha sozinho
há anos e tem hábitos rígidos quando se trata de cozinha.
Acontece que, mesmo com um exército de irmãos em casa
para cuidar, Louis sempre foi o pior em termos de
habilidades culinárias. Ele tentou e tentou, com o incentivo
de sua mãe e irmãs, mas nada parecia funcionar para ele.
Quando ele foi para a pousada, sabia que nunca seria capaz
de pagar um cozinheiro adequado, então ele trabalhou duas
vezes mais duro do que nunca para transformar seus
desastres em comida comestível e até mesmo agradável.
Ele até fez algumas aulas em um centro comunitário no
continente, investindo tempo e dinheiro no desenvolvimento
de suas habilidades. Ele trabalhou duro, mas valeu a pena,
com certeza, transformando Louis em um cozinheiro
confiante, alguém que realmente sabe o que está fazendo.
Acabou sendo melhor do que ele e todos os membros de
sua família jamais esperaram. E ele tem orgulho disso. Mas
isso significa que Louis tem uma zona de conforto, que ele
faz as coisas ordenadamente para garantir que tudo corra
bem. Ele se apega ao que sabe e funciona. Harry,
entretanto... Harry está trazendo uma energia
verdadeiramente caótica para sua cozinha.
Lançando um rápido olhar para a direita e vendo o sorriso
provocador de Harry, Louis não consegue evitar a sensação
de que não o odeia totalmente.
“Eu não queria que você ajudasse” Louis diz
diplomaticamente, ainda olhando para Harry. “Eu queria ser
profissional e oferecer a você o serviço pelo qual você
realmente pagou.”
"Eu acho que você realmente não queria que eu
perturbasse suas coisas, na verdade" Harry argumenta e
isso é novo... Houve dicas disso antes, dicas de Harry
provocando e brincando, mas sempre recuando logo depois,
parecendo que ele apenas se lembrou que deveria ser
infeliz todas as vezes. Ou talvez, como ele lembrou, que
está triste e nenhuma brincadeira vai apagar isso.
O coração de Louis aperta em seu peito, uma pitada de
medo, um tremor de ansiedade, subindo por sua garganta
com o pensamento de Harry fazendo isso de novo, com a
ideia de seu sorriso sumindo, de sua personalidade brilhante
recuando para dentro de sua concha. Louis não quer, não
quer que seu sorriso desapareça, então ele brinca na
esperança de que seja o suficiente para alimentar essa nova
chama.
“Não estou disposto a confirmar nem negar que isso afetou
minha reação inicial à sua proposta” Louis bufa, inclinando o
nariz para fingir que está ofendido, o rosto se
transformando em um sorriso enrugado quando Harry ri.
"Desculpe, eu estraguei seu refogado", Harry ri, colocando
as cenouras de lado e pegando o aipo.
“Nosso refogado”, Louis corrige, trocando as cebolas
prontas pelos brócolis que ele mencionou anteriormente. Ele
balança a cabeça enquanto corta a cabeça do brócolis ao
meio. “Está tudo bem, o que é a vida sem uma pequena
mudança, certo?”
"Certo" Harry concorda.
Eles continuam cortando em silêncio por um tempo, não tão
tensos quanto antes. Eles se estabeleceram em algo
confortável agora que Louis parou de olhar por cima do
ombro para o que Harry estava fazendo, parou de tentar
gerenciá-lo rudemente e eles são muito mais eficientes
desse modo. Ainda assim, Louis é pego de surpresa quando
Harry quebra a tranquilidade silenciosa do momento.
"Então, é aí que você come?" ele pergunta, usando a mão
que segura a faca para apontar para a mesinha empurrada
contra a janela.
Louis concorda. “Sim, na maioria das vezes. Quer dizer...
faço uma refeição com os convidados na sala de jantar de
vez em quando, se eles pedirem, mas geralmente gosto de
ficar fora do caminho. É muito menos estranho para eles
sem mim lá. Eu geralmente só como depois que todos
terminam. Mesmo quando a casa fica vazia durante o
inverno, não gosto de comer na sala de jantar.”
"Por que não?" Harry pergunta, com as sobrancelhas
franzidas e um pequeno beicinho confuso no rosto.
“Não sei”, disse Louis, dando de ombros um pouco. “É
apenas uma grande sala vazia, certo? Parece estranho ter
tudo para mim. Tipo... mais solitário de alguma forma.”
"Conte-me sobre" Harry murmura baixinho, de cabeça baixa
enquanto continua cortando.
‘’Oh’’, Louis pensa, seu coração aperta no peito.
Ele está tão preocupado em ficar fora do caminho de Harry
e ter certeza de que tem tudo o que precisa, que nem
mesmo pensa em perguntar se algum dia gostaria de
companhia.
"Você também não gosta?" Louis arrisca perguntar, não
querendo olhar para o rosto de Harry.
“Está tudo bem” ele responde automaticamente e mesmo
sem ver seu rosto, Louis pode dizer que Harry está
mentindo. “Como você disse, só é um pouco estranho.
Isolado. Mas é por isso que vim aqui, certo? Para me sentir a
única pessoa no mundo.”
“Certo” Louis concorda gentilmente, arriscando uma
pequena olhada nele. “Desculpe se eu estraguei a ilusão”,
ele brinca, sorrindo quando Harry ergue os olhos com um
sorriso torto.
"Está bem."
“Bem, esta pequena mesa desconfortável acomoda duas
pessoas, então, você sabe, se você achar a sala de jantar
insuportável, você é sempre bem-vindo. Eu e o Clifford
estamos aqui quase todas as noites.”
"Sério?" Harry perguntou, parecendo surpreso.
Louis franze a testa. “Sim, eu acabei de dizer. Quase sempre
como aqui. Quer dizer, às vezes eu como no meu quarto ou
na sala da lanterna se for um sanduíche ou algo assim, mas
você sabe.”
"Não, não. Quero dizer... Tem certeza de que não te
incomodaria? Se eu comer com você aqui?”
É a maneira como ele pergunta que deixa Louis tão triste, a
maneira como sua voz fica menor e ele parece inseguro,
embora Louis apenas disse que estava tudo bem.
"Sim, Sim. Claro que não. Você não me incomodaria. Quer
dizer... Nós mal nos conhecemos, então seria muito bom
jantar com você. Você é sempre bem-vindo."
"Então... eu poderia hoje à noite?" Harry pergunta como se
precisasse de garantias de novo, como se realmente tivesse
medo de estar perturbando algum grande plano solo incrível
que Louis tinha de alguma forma.
Louis sorri gentilmente. “Você poderia todas as noites se
quiser. Como eu disse, tudo bem. Eu adoraria a companhia ”
Harry morde o lábio inferior, claramente tentando esconder
um sorriso. "Ok", ele sussurra de volta, se concentrando em
seus vegetais.
“Ok” Louis concorda.

Surpreendentemente, não é muito estranho, os dois
comendo cara a cara quando não sabem praticamente nada
um sobre o outro. É estranho que não seja mais estranho se
Louis fosse honesto consigo mesmo, o silêncio entre eles
sendo interrompido apenas pelo tilintar dos talheres e o
vento lá fora. Deve parecer pesado, deve ser
desconfortável, mas assim como o tempo que eles
passaram juntos no topo da torre esta tarde, é fácil para
eles viverem no mesmo lugar. Talvez sejam feitos do mesmo
tecido, Louis pondera enquanto mastiga um pouco de
refogado, olhando para Harry, secretamente se divertindo
com a maneira como ele ridiculamente come com a língua
para fora primeiro. Talvez ambos sejam o tipo de solidão
que não dói totalmente, o tipo de solidão que às vezes é
reconfortante. Ambos escondidos contra a janela, sozinhos,
mas juntos.
"Posso te fazer uma pergunta?"
Quando Harry finalmente quebra o silêncio, é com timidez.
Ele não se esquiva do olhar de Louis, porém, seus olhos
ficam hipnotizantes enquanto espera pelo veredicto, espera
pela permissão.
Louis franze os lábios em resposta, um pouco divertido com
o pedido.
"Acho que seria bastante hipócrita da minha parte dizer
não, certo?" ele responde antes de tomar um gole de água.
O rosto de Harry permanece sério, mas ele olha para a
toalha de mesa vermelha e branca que Louis escolheu
especialmente quando percebeu que não iria jantar sozinho,
os dedos acariciando o tecido nervosamente. Ele dá de
ombros, um pequeno movimento que Louis provavelmente
não teria notado se não estivesse prestando tanta atenção.
"Você realmente não precisa dizer que sim", disse Harry
com sinceridade. Ele não vai encontrar os olhos de Louis
novamente e parece que embora ele, é claro, respeitasse o
direito de Louis de recusar, talvez ele se sentisse um pouco
traído por isso.
Felizmente, Louis não se importa. "Claro que você pode me
fazer uma pergunta Harry, não seja bobo."
Com isso, Harry endireitou os ombros, parecendo mais alto
em sua cadeira agora que não está curvado sobre si
mesmo. Ele pega o garfo novamente, cavando em seu prato
e movendo os vegetais ao redor antes de dar uma pequena
mordida delicada. É a maneira como ele come com cuidado
que dá a Louis uma pista de que ele está apenas tentando
perder um pouco de tempo antes de perguntar o que quer
perguntar. Ele mastiga com cuidado e engole antes de
realmente falar. “Acho que só me pergunto o que o trouxe
aqui”, ele finalmente comenta, fazendo contato visual com
Louis novamente.
Isso não é realmente uma pergunta, mas é uma história que
Louis adora contar. É a história dele, a história mais
importante que ele tem para contar, por mais boba que
possa parecer.
“Ah”, Louis exclama, arregalando os olhos. " Certo. O
famoso 'o que o levou ao exílio auto-imposto na Escócia?'
Você se pergunta." Ele cantarola e balança a cabeça
teatralmente. Ele está acostumado com isso. "Você não é o
primeiro a perguntar."
Harry parece envergonhado. “Acho que é um pouco
incomum”, diz com cuidado, obviamente com medo de
ofender. “Você é...” ele hesita por um segundo, olhos
vagando pelo rosto de Louis e sua parte superior do corpo,
antes de corar e balançar a cabeça. “Você é jovem e
claramente não parece escocês... E esta vila é 90%
habitada por aposentados.”
Com isso, Louis não consegue deixar de rir. Ele ama seus
vizinhos, ele realmente ama, mas Harry não está errado.
"Sim, acho que sou o estranho aqui, não sou?"
Harry encolhe os ombros novamente. "Não era isso que eu
estava tentando sugerir."
“Não, não, eu sei. Não se preocupe, não estou ofendido.
Quer dizer... Minha família inteira achou estranho quando
me mudei para a ilha. Eles me apoiam agora porque vêem
como estou feliz, mas a maior parte da minha família ainda
pensa que há algo seriamente errado comigo. Quero dizer,
muitos deles são homofóbicos de qualquer maneira, então
eles provavelmente pensariam que havia algo errado
comigo mesmo se eu tivesse ficado parado, mas... você
sabe...”
Ele diz isso com naturalidade, acostumado com o fato de
que suas escolhas de vida sempre serão examinadas, não
importa quais sejam, sabe que quem ele é nem sempre será
totalmente aceito. Tolerado? Certo. Amado? Sempre. Mas
totalmente aceito por sua família? Fora sua mãe e irmãos? É
improvável, e Louis se conformou com isso há muito tempo.
Harry, por outro lado, parece chateado com a admissão de
Louis, sua linda boca baixa em desagrado, uma carranca
feia se aprofunda rapidamente em seu rosto. Há um trovão
em seus olhos e, por um segundo, Louis teme que possa
perdê-lo. Mas a raiva passa em um flash, Harry controlando
sua expressão facial em algo mais neutro. Nada pode
apagar a maneira como Harry parecia profundamente
ofendido com o que Louis disse.
"Sinto muito", disse Harry finalmente, as palavras pingando
de compaixão e tremendo com raiva residual. "Isso é..." ele
balança a cabeça, claramente ainda frustrado. "Isso não
está certo. Não há nada de errado com você. Nada de
errado com nada disso.”
Louis reprime a risada, se contendo apenas porque há algo
na maneira como Harry está se comportando que sugere
que esse é um assunto um tanto pessoal para ele também.
Está na linha tensa de seus ombros, o aperto de seus
punhos, a indignação muito controlada em sua voz.
“Obrigado”, Louis responde. “Está tudo bem, para ser
honesto. É a porra do problema deles, estou certo? "
Harry ri, com um pouco de tensão - felizmente - derretendo
de seu corpo. "Sim", ele concorda. Então acena com a
cabeça, principalmente para si mesmo. "Sim, claro." Ele faz
uma longa pausa, os olhos fixos em seu prato como se
estivesse considerando suas opções antes de falar
novamente. “Alguns dos meus parentes seriam iguais se
soubessem da minha sexualidade”, ele finalmente admite e,
‘’oh’’, Louis pensa, de alguma forma surpreso, mas não
totalmente. Ele sorri tristemente, sentindo uma pontada de
simpatia pela forma como Harry engole trêmulo, o outro
homem claramente ficou um pouco esgotado com o que ele
acabou de revelar. "Eu realmente não posso contar a eles
agora" Harry continua rapidamente, tropeçando em suas
palavras. "Está... É complicado...” Ele hesita, olhando para
cima e dando a Louis um olhar longo e calculista que ele
não consegue decifrar, não importa o quanto tente. “Seria
muito arriscado... Quer dizer, não que eu não confie neles,
mas se eles dissessem-” Ele se interrompe, parecendo
mortificado.
“Você não tem que se explicar para mim” Louis diz,
tentando soar reconfortante, odiando a maneira como Harry
parece envergonhado por seu armário. “Foda-se eles”,
acrescenta. “Honestamente, foda-se eles”, ele repete com
ainda mais força. “Eles não merecem conhecê-lo se eles vão
ser uma merda sobre isso. Além disso, deve ser no seu
tempo, certo?”
Harry ri ao invés de concordar, uma risada envenenada com
amargura que não traz alegria nenhuma. Uma pequena
risada, o som mais raivoso que Louis provavelmente já
ouviu. "Sim", diz ele com os dentes cerrados, tamborilando
os dedos contra a mesa. Algo assombrado pisca em seu
rosto e Louis sente que realmente disse a pior coisa possível
que poderia ter dito, mas então, assim como apareceu de
repente, desapareceu novamente. O rosto de Harry se torna
uma máscara vazia, sem emoção. “Quero que saibam que
sou gay”, declara ele, “Mas o momento não é bom, não
agora. Seria muito arriscado para eles saberem.”
Existe aquela palavra de novo, ‘’arriscado’’. Louis não tem
certeza do que significa, mas ele sabe que definitivamente
parece ensaiado, como se Harry foi alimentado à força com
essas palavras e ele está tentando encaixar em sua boca,
embora não as queira lá.
Por um segundo, Louis se pergunta se talvez Harry tenha
um parceiro em algum lugar e queira manter seu
relacionamento em segredo, um homem que por uma razão
ou outra, não consegue lidar com toda a família de Harry
sabendo sobre eles. Talvez seja por isso que não soa
totalmente como sua fala, Louis pensa vagamente antes de
lembrar que não é da sua conta.
"Sinto muito", sussurra Harry, trazendo Louis de volta ao
presente e fora de sua cabeça.
"O que?"
“Estávamos falando sobre você se mudar para cá e eu
apenas... roubei a conversa. Fui um pouco rude. Por favor,
conte-me tudo sobre como escolheu este lugar, se ainda
quiser. Eu realmente gostaria de saber. Eu não perguntei
apenas para conversar, na verdade estou curioso.”
Louis balança a cabeça. “Você... você realmente não tem
que se desculpar. Você não está roubando nada” Ele para,
inspirando profundamente antes de começar de novo.
“Estamos apenas conversando, está tudo bem. Você pode
me contar coisas.”
Harry enrijece com isso e como é possível que, ao tentar ser
útil e apoiar, Louis conseguiu dizer a coisa errada todas as
vezes durante toda essa conversa? Antes que Harry tenha a
chance de falar novamente, Louis rapidamente toma a
decisão de levar a discussão a um território mais fácil.
“Mas se você realmente quer saber a história fascinante de
como acabei aqui, fico feliz em contá-la.”
"Por favor" Harry concorda. “Você disse que era como voltar
para casa”, diz ele, lembrando-se claramente de seu
primeiro dia na pousada.
Isso faz Louis sorrir, apesar da tensão persistente do tópico
anterior. “Sim, foi exatamente assim”, ele concorda antes
de dar uma grande mordida. Ele mastiga e engole rápido
demais, ansioso para contar a história. “A primeira vez que
visitei Fair Isle, eu tinha dezoito anos. Foi uma viagem em
família, mas nunca vou entender por que nossa mãe
escolheu este lugar. Quer dizer, éramos cinco crianças na
época e não sei se você percebeu, mas há porra nenhuma
para fazer aqui. Principalmente para os mais jovens. Quer
dizer, observar pássaros e a praia. É isso aí."
"Você tem quatro irmãos?" Harry pergunta, agarrando-se a
esta parte da explicação, os olhos arregalados de excitação.
"Bem, seis agora, minha mãe teve um novo par de gêmeos
desde então." Louis levanta as sobrancelhas em descrença
exagerada. Ele ainda não entende como ela fez isso. “Eu
sou o mais velho: cinco irmãs mais novas e um irmão.
Embora fosse apenas minhas quatro irmãs e eu na época.”
"Uau."
"Sim, você pode imaginar como a casa ficou cheia."
"Sim" Harry bufa um pouco feio. É meio fofo de um jeito feio
e Louis tem que desviar o olhar, tem que se concentrar em
sua narrativa ao invés do fato de que Harry é fofo e gay.
“Nem um segundo de silêncio, com certeza”, Louis
continua, tentando se distrair. “Talvez seja por isso que me
apaixonei tanto pela quietude daqui”, pondera em voz alta.
Ele nunca poderia explicar totalmente para si mesmo, a
maneira como ele caiu forte e rápido, mais profundo do que
nunca, na primeira vez que viu este lugar. “É que...
aparecemos aqui e eu tinha dezoito anos, certo? Puto como
o inferno por estar sendo arrastado para longe de meus
amigos durante o verão, pensando que uma viagem para a
Escócia era uma perda de tempo. Deus, eu não posso te
dizer o quanto eu não queria ir. Eu amo meus irmãos, mas
quase soou como uma sentença de morte quando minha
mãe me contou. Eu discuti muito com ela, tentando
convencê-la a me deixar ficar em casa. Tentei dizer a ela
que seria menos caro se eu não fosse... A coisa toda. Mas
ela disse que precisava de ajuda para cuidar das meninas e
não é como se eu pudesse dizer não. Então fui arrastado...
Mudou minha vida também, hein?” Louis balança a cabeça,
sorrindo com ternura. “Jamais esquecerei a primeira vista
que tive desse lugar da balsa.”
"É?" Harry o encoraja, empurrando seu prato pronto para o
lado e descansando o rosto contra a mão, o cotovelo na
mesa.
“Sim” Louis concorda, sabendo que seu rosto está se
transformando em um olhar sonhador e bobo e sem se
importar nem um pouco. “Foi como mágica. Foi como... eu
soube, imediatamente, que pertencia aqui. Minha primeira
caminhada ao longo do penhasco, eu só... acabei de me
reconhecer aqui, sabe?"
"Amor à primeira vista" Harry concorda com um olhar suave
e triste em seu rosto.
“Isso” Louis ri baixinho. “Sempre fui um romântico, mas não
acreditei muito nesse tipo de coisa, sabe? Provavelmente
ainda não gosto quando se trata de pessoas... Você precisa
de tempo para se apaixonar por pessoas, mas lugares? Você
pode definitivamente se apaixonar à primeira vista por um
lugar.”
"Então o que aconteceu? Você se mudou imediatamente?”
Harry pergunta, parecendo encantado com a história.
Louis cai na gargalhada com a pergunta. Se ao menos
tivesse sido tão fácil.
"Acho que isso significa não", disse Harry.
“Não, definitivamente não” Louis balança a cabeça. “Acho
que mencionei antes que a ilha é propriedade do National
Trust of Scotland?” ele pergunta, esperando que Harry
acene em concordância antes de continuar. “Basicamente,
você tem que esperar até que um imóvel esteja disponível
para alugar e poder se mudar. E mesmo assim, é todo um
processo a ser examinado, principalmente para algo como a
pousada, onde é um negócio, sabe? Eu era criança, de jeito
nenhum eu teria dinheiro para me mudar imediatamente.”
"Você sabia que queria imediatamente?"
“Sim mate, desde o primeiro segundo. Eu sabia que tinha
que voltar, sabia que em algum momento teria que morar
aqui. Mesmo que demorasse anos.”
“A ligação era muito forte”, diz Harry.
"Sim. Exatamente. Eu tinha acabado de terminar o ensino
médio, então me candidatei à universidade e me graduei
em administração de empresas. Não era realmente uma
paixão ou algo assim, mas achei que seria útil, sabe? E que
talvez se eu tivesse uma ideia de negócio concreta, poderia
ir ao National Trust e solicitar uma propriedade para isso. Eu
estava economizando o tempo todo, então pensei que isso
me daria alguma vantagem... Mas a vida meio que
funcionou de uma maneira muito estranha porque,
literalmente, algumas semanas antes da formatura, a
pousada ficou disponível. Eu realmente não achei que fosse
conseguir, considerando minha idade e inexperiência, mas
eu estava realmente apaixonado. E os proprietários
anteriores, bem, locatários, gostaram de mim quando nos
conhecemos. Eles nunca disseram nada, mas acho que me
elogiaram.”
Harry sorri. "E aqui está você."
“Aqui estou”, Louis confirma. “Estive aqui desde então.
Adotei Clifford bem antes de me mudar porque minha mãe
estava com medo de que eu ficasse sozinho e estamos
vivendo em êxtase há alguns anos.’’
"E você está sozinho?"
Os olhos de Louis se arregalam com a pergunta. De alguma
forma, ele não esperava por isso.
"O que você quer dizer?"
“Quero dizer... Você está aqui sozinho com um cachorro
como única companhia... Você claramente ama muito sua
família, deve sentir falta deles. E os seus amigos? Todo
mundo?" Harry faz uma pausa. "Quero dizer, você não fica
sozinho?"
“Não de uma forma que me faça questionar minhas
escolhas”, Louis responde com firmeza.
Ele está cercado de pessoas na maior parte do tempo, a
pousada repleta de hóspedes entusiasmados que querem
saber tudo sobre a vida na ilha. Ele raramente está sozinho
de verdade.
"Isso não é um não" Harry aponta, observador, atento.
Ele raramente está realmente sozinho, no entanto.
"Não, não é."
Eles se encaram em silêncio por um segundo, entendendo a
passagem entre eles sem ter que ser reconhecidos.
"E você?" Louis pergunta.
"Se estou sozinho?" Harry ecoa e Louis balança a cabeça.
Não é isso que ele quer perguntar. Ele não precisa perguntar
se Harry é solitário, está escrito em seu rosto desde o
primeiro segundo que ele chegou na ilha, desde o primeiro
momento que Louis o viu. Ele é uma alma solitária, Louis
sempre poderia dizer, mas essa não é a fonte da tristeza
pairando sobre ele, lançando uma sombra sobre todo o seu
corpo. Pelo menos, Louis não pensa isso.
"Não, não. Quero dizer... O que o trouxe aqui? De todos os
lugares?”
Harry torce o nariz. “Essa... talvez seja uma história muito
longa para contar”, diz ele diplomaticamente.
Louis pode ouvir a rejeição mal escondida por baixo, o ‘’não
quero falar sobre esse assunto’’ que Harry mal consegue
esconder.
“Justo” ele concorda facilmente, pronto para mudar de
assunto. “Posso perguntar de onde você é? Seu sotaque é
um pouco enigmático.”
“É porque eu viajo muito”, explica Harry revirando os olhos.
“Minha mãe sempre diz que meu sotaque fica mais forte
quando eu fico muito tempo em casa. Eu sou de Cheshire,
originalmente. Não muito longe de Manchester? Meu
sotaque meio que... suavizou um pouco pelo tempo que
passei nos Estados Unidos.”
“Ah! Do norte também, eu deveria saber.” Louis fica tentado
a perguntar sobre seu trabalho, por que viaja tanto, mas
sabe que, assim como a pergunta anterior, não será bem
recebida. Em vez disso, Louis se concentra no pequeno
pedaço de informação que Harry acabou de lhe oferecer.
"Então você é próximo de sua mãe?"
Harry concorda. "Sim, ela é... ela é a melhor pessoa que
conheço."
“A minha também” Louis concorda. "Irmãos?"
"Uma" Harry responde. “Gemma. Ela é mais velha do que
eu e muito mais inteligente.”
“Oh, entendo, você é o mais novo” Louis cantarola.
"Interessante."
"É?" Harry pergunta, inclinando a cabeça para a direita e
apertando os olhos para Louis.
“Oh sim, isso revela muito sobre você, mesmo sem você
perceber. Eu sou um irmão mais velho, eu saberia.”
"Saberia o que? O que é revelador?” Harry pergunta e ele
parece mais divertido do que preocupado, então Louis
felizmente continua a enrolá-lo.
"Que você é mimado."
Assim como Louis esperava, os olhos de Harry se
arregalaram e sua boca se abriu em choque, com diversão
ainda estampada em seu rosto.
“Ei!” ele exclama. "Não acho que nos conhecemos bem o
suficiente para você fazer afirmações como essa!" ele
protesta com uma risada, claramente gostando de ser
provocado.
“É apenas um fato da vida, Harold, apoiado por muitos
dados científicos. O bebê da família é insuportavelmente
mimado. Provavelmente um pirralho também. Uma criança
mimada. Quanto mais cedo você aceitar, mais cedo poderá
trabalhar para se tornar uma pessoa melhor.” Louis mal
consegue dizer a última palavra antes de sua expressão
séria cair e ele começar a rir.
Harry zomba. “Foda-se”, ele diz a Louis com um grande
sorriso no rosto.
“Como foi crescer em Cheshire?” Louis pergunta enquanto
Harry ainda está sorrindo.
“Foi tudo bem. Um pouco chato para ser honesto. Eu sou de
uma pequena cidade. Não há muito a fazer."
"Como aqui?" Louis brinca.
"Não, não é tão ruim." Os olhos de Harry se arregalam
assim que sai de sua boca. “Quer dizer” ele tenta recuar
imediatamente, “eu quis dizer que é maior do que aqui,
sabe? Não que aqui seja chato ou algo parecido. Quer dizer,
eu não ficaria aqui por tanto tempo se achasse isso chato.”
“Você sabe que eu não sou a ilha real, certo? Eu também
não trabalho para o National Trust. Não vou ficar ofendido
se você criticar”, Louis diz com uma risada, meio que
encantado com o comportamento de Harry.
"Mas você está apaixonado por isso" Harry aponta
suavemente. "Eu posso facilmente ver você defendendo sua
honra."
Louis sorri, concordando com a cabeça. “Sim, ela é a única
senhora por quem eu tive sentimentos românticos, isso é
verdade. Ela é muito especial. Mas não estou ofendido. Este
lugar não é para pessoas em busca de emoção ou algo
assim.”
“Sim, bem, eu não estava tentando dizer nada ofensivo de
qualquer maneira. Só que venho de um lugar pequeno onde
não havia muito o que fazer quando era adolescente.”
“Sim, entendi, não se preocupe. Como você passava o
tempo, então? Se não havia nada para fazer?” Louis
pergunta, curioso porque se há uma coisa que ele sabe é
que adolescentes entediados farão a merda mais maluca.
Ele aposta que Harry tem algumas histórias.
"Honestamente?" Harry perguntou, parecendo um pouco
nervoso. “Principalmente música”, ele admite. “Costumava
cantar em uma banda, tentei aprender violão e tudo.” Ele
parece um pouco envergonhado ao dizer isso, estranho com
a revelação, como se fosse um hobby que o deixasse
envergonhado.
"Tentou?" Louis sorri.
"Sim" Harry bufa. “Meu amigo era um péssimo professor,
então não deu muito certo na época. Deus, ele costumava
divagar sobre as merdas mais inúteis. Tipo... apenas me
mostre alguns acordes!!”
Harry passa a mão pelo cabelo em frustração, fazendo Louis
rir.
“Então você se imaginou se tornando um grande astro do
rock? Esgotando estádios na América e tudo mais?” Louis
provoca e fica surpreso com a forma como o sorriso de
Harry diminui.
“Algo assim”, ele responde em voz baixa. “Sonho muito
estúpido”, acrescenta ele cruelmente como se seu eu
adolescente de alguma forma merecesse esse tipo de
aspereza.
‘’Uh’’ , Louis pensa.

“Obrigado por ajudar com a louça” Louis diz, brincando com
um pano de prato quando terminam a limpeza. "Você
realmente não precisava."
"Claro que eu precisava", Harry zomba. “Nós cozinhamos e
comemos juntos, é justo.”
"Bem, você é o convidado, então realmente não havia
obrigação, obviamente."
Harry suspira, pegando seu próprio pano de prato do balcão
e o usa para acertar suavemente o lado de Louis, sem força
por trás do gesto.
“Ei!” Louis exclama, movendo-se para trás, para longe de
seu agressor. "Por que fez isso?"
“Pare com essa bobagem de convidado!” Harry diz com
firmeza, levantando o pano de prato novamente em aviso.
“Cozinhamos juntos, limpamos juntos. Essas são as novas
regras. Você não pode discutir sobre isso toda vez que eu
ajudar, caso contrário, posso ficar louco."
"Tá bom!" Louis responde, levantando as mãos em sinal de
rendição. “Inferno sangrento, acalme-se. Eu não sabia que
tinha isso em você... Coisinha mal-humorada, não é?" Ele
acrescenta em um murmúrio, principalmente para si
mesmo.
Harry levanta o queixo e brinca jogando seus cachos curtos
sobre o ombro. "Sim, então tome cuidado."
"Eu disse que estava tudo bem!" Louis ri, balançando a
cabeça antes de deixar cair a toalha no balcão. "Obrigado.
De qualquer forma, agradeço a ajuda.”
"De nada" Harry responde calmamente, dobrando
cuidadosamente sua toalha em um pequeno quadrado
antes de colocá-la ao lado de Louis.
Eles se encaram em silêncio por um segundo e Louis
percebe que algo mudou entre eles e os dois podem sentir
isso. É um pouco cedo para chamar Harry de amigo,
especialmente considerando o quão pouco ele sabe sobre o
homem, mas ele não pode mais chamá-lo de estranho.
“Escute-” Louis começa assim que Harry abre a boca e diz
“Então-”.
Os dois sorriem um para o outro, Harry gesticulando para
Louis ir em frente.
“Hum, eu só ia dizer... Vou passear com Clifford por meia
hora, se quiser se juntar a nós? Estamos apenas descendo o
caminho para a praia, ele gosta de correr na areia antes de
dormir.”
Harry olha para baixo, deslizando ambas as mãos no bolso
da calça jeans, mudando seu peso de um pé para o outro.
“Você não precisa”, Louis acrescenta, não querendo que ele
se sinta forçado. "Você já desperdiçou a maior parte da sua
noite comigo, então eu entendo."
Harry olha de volta para ele. "Eu adoraria, na verdade."
"Sim?"
Ele concorda.
"Sim."

"Você não tem medo de cair na água?" Harry pergunta
quando eles estão caminhando ao longo dos penhascos em
direção ao caminho que leva à praia. "Quero dizer, não
deveríamos ter... uma lanterna ou algo assim?"
Louis sorri, mais apaixonado do que tem o direito de estar e
feliz pela escuridão e pelo fato de estar andando um pouco
à frente. Não há ninguém para vê-lo tão encantado,
felizmente.
"Quão perto do limite você acha que estamos, mate?" Louis
provoca. “Além disso, apenas siga Cliff, ele sabe o que está
fazendo. Ele não nos levará para o abismo.”
Harry bufa atrás dele e o sorriso de Louis cresce com o som.
"Eu faria se pudesse ver o maldito cachorro, mas não sei se
você notou, ele é totalmente preto e está totalmente escuro
lá fora agora."
Louis morde o lábio inferior para não rir. "Na verdade,
Clifford tem muito branco na barriga, para que você saiba."
Ele para quando eles alcançam o caminho, segurando atrás
de si para agarrar Harry. "Cuidado, Harry", diz ele, sério
desta vez.
"O que?" Harry pergunta, continuando a avançar em direção
a Louis.
“Cuidado” Louis repete, agarrando a lã do suéter de Harry e
parando-o. “Chegamos ao caminho, vamos descer. Mas
temos que ir devagar.”
"Oh", diz Harry, seu corpo pesado contra as costas de Louis.
"Ok."
"Você tem certeza?" Louis pergunta, largando seu suéter.
"Sim, é só..." Harry faz uma pausa e Louis o ouve respirando
no escuro. “Eu odeio essa parte. Sou muito desajeitado e
odeio cair. Tomo cuidado, mas sempre fico nervoso.”
Louis ri enquanto começa a descer muito lentamente. “Você
sabe que não precisa realmente incluir a praia em sua
caminhada diária, certo? Ninguém está te forçando, você é
o mestre do seu próprio destino, etc etc.”
Harry suspira e Louis pode ouvi-lo segui-lo, murmurando
para si mesmo "ao menos" que...
"Ei", Louis diz gentilmente, "você pode ficar comigo, se
precisar de ajuda."
"Estou bem", respondeu Harry antes de quase escorregar.
“Foda-se” ele sussurra com uma risadinha e Louis para,
esperando para ver se ele está bem. “Ok, sim, talvez eu
aceite isso,” Harry acrescenta e Louis sente mãos agarrando
timidamente seus ombros.
"Tudo bem?" Louis pergunta, alcançando a mão de Harry em
seu ombro esquerdo. "Você está se segurando?"
"Sim, sim."
“Tudo bem, vamos lá” Louis diz, começando o lento
processo de descer novamente. Ele está mais cuidadoso
dessa vez, sabendo que Harry depende dele para se
equilibrar. Clifford já está correndo na praia, Louis pode ver
vagamente sua forma à frente, pode ouvi-lo se movendo.
“Sem ofensa, mas é realmente estúpido fazer isso sem uma
lanterna ok. Realmente, realmente estúpido” Harry insiste,
seu aperto é forte o suficiente para machucar os ombros de
Louis.
“Na verdade, eu não tenho problemas e faço isso todas as
noites. Além disso, estou com meu telefone comigo, se você
realmente quiser uma lanterna.”
Harry cantarola, mas não pede luz, então eles continuam
até chegar ao fim da encosta.
"Por que você sempre desce se você odeia isso?" Louis
pergunta, virando-se para encarar Harry no escuro.
Clifford vem correndo ao seu encontro, latindo
animadamente entre seus corpos para atrair sua atenção.
Louis suspeita que está a dois minutos de correr para a
água gelada e se arrepender de todas as suas escolhas de
vida.
Harry encolhe os ombros e Louis não consegue dizer no
escuro, mas ele suspeita que provavelmente está corando.
Ele se abaixa para acariciar Clifford, fazendo pequenos
ruídos de beijo em sua direção.
“Seria estúpido desperdiçar essa vista porque não sou
corajoso o suficiente”, ele finalmente responde depois de
um tempo, os olhos focados no cachorro de Louis.
“Não há muito para ver à noite, no entanto” Louis
argumenta, e ele não tem certeza do por que está insistindo
nisso, considerando que foi ele quem convidou Harry para
uma caminhada e o pressionou para baixo.
“Não” Harry concorda, “Mas a paisagem vale a pena. Além
disso, é adorável à noite. É ainda mais silencioso, o que eu
não pensei que fosse possível neste lugar.”
"Não é?" Louis diz, voltando-se para a água escura. As
ondas não estão muito fortes esta noite, o vento de alguma
forma se acalmou nas últimas horas. Os ruídos que fazem
são quase calmantes, uma melodia suave que os
acompanha quando começam a caminhar pela pequena
praia, com Clifford correndo à frente deles.
“Qual é a sua coisa favorita sobre a ilha?” Harry pergunta,
os dois caminham passo a passo no escuro. "Eu sei que
você disse que simplesmente se apaixonou por ela, mas se
você tivesse que escolher uma coisa."
Louis inala profundamente, olhando para frente, então ele
exala lentamente. "Isso... isso é difícil de dizer."
"Tente" Harry insiste.
"Por que você quer tanto saber?"
"Estou apenas curioso", respondeu Harry, embora o tom de
sua voz indique que é claramente mais do que isso.
"Você está?" Louis insiste em vez de apenas esquecer.
Harry suspira e quando Louis olha para ele, ele está com as
duas mãos profundamente enterradas nos bolsos da
jaqueta. “Acho que só me pergunto como é saber como é
sua casa com tanta facilidade.”
E isso... isso dói de uma maneira que Louis não esperava.
Porque há verdadeira dor no que Harry está dizendo, a
tristeza de um andarilho que não consegue encontrar o
calor de um lar, não importa aonde vá.
"Você não tem isso?" Louis pergunta, em vez de responder
porque não consegue compreender aquele sentimento, o de
não saber a que lugar pertence com tanta firmeza, do topo
da cabeça às pontas dos pés.
"Um lar?" Harry sussurra sob o som das ondas quebrando
contra as rochas. "Acho que não."
“Eu...” Louis balança a cabeça, incapaz de encontrar algo a
dizer sobre isso.
“Eu tenho um lugar de onde sou e um lugar onde moro. Eu
tenho uma casa... Mais de uma, na verdade” Harry admite
tristemente. “Tenho lugares que visitei. Mas em nenhum
lugar eu senti isso, este é o meu lugar. Eu... eu nem consigo
imaginar como é isso."
"Harry, eu..."
"Está tudo bem", disse Harry rapidamente. “Você não tem
que sentir pena de mim. Muitas pessoas se sentem assim,
você sabe. Elas apenas vivem em algum lugar e está tudo
bem.” Ele faz uma pausa. “Está tudo bem”, repete com
tristeza. “Só estava curioso para saber como me sentiria, só
isso. Você desistiu de tudo para estar aqui, seus amigos, sua
família... Eu só queria saber como é isso, queria saber o que
há nesse lugar que o torna um lugar especial para você,
sabe? Mas está tudo bem se você não souber. Ou se você
não quiser me dizer. Não importa."
Ele diz tudo muito rapidamente, com desdém, o que faz
Louis acreditar que isso importa. Provavelmente importa
muito e ele gostaria de ter uma resposta para ele, mas a
verdade é... É algo que Louis lutou para articular durante
anos, é um sentimento tão avassalador que não há palavras
fortes o suficiente para descrevê-lo.
“Não é que eu não queira te contar, eu prometo. Eu
simplesmente não tenho uma resposta racional. Tenho
tentado explicar isso a mim mesma há anos e...
simplesmente não consigo. Foi um daqueles impulsos
inegáveis. Só...” Louis para de andar e se vira para encarar
Harry, com olhos sérios e sinceros. “Simplesmente inegável.
Eu precisava estar aqui mais do que precisava voltar para
casa. E assim que cheguei aqui, tornou-se meu lar. Há uma
vozinha dentro de mim que se sente... estabelecida aqui,
que se sente em casa. E eu não conseguia calar sua boca,
por mais que tentasse. Você sabe o que eu quero dizer?"
Para a surpresa de Louis, Harry acena com a cabeça, muito
lentamente, os olhos arregalados.
"Sim. Há... há uma coisa na minha vida que era assim. Um
impulso de perseguir algo que eu não poderia ter domado
mesmo se quisesse.”
"Inegável?" Louis diz, concordando com o que Harry está
dizendo.
"Sim."
Louis engole em seco, sentindo-se um pouco nu, exposto ao
abrir a boca para tentar explicar o inexplicável.
“Bem, essa é a minha coisa favorita sobre a ilha. A maneira
como minha cabeça, meu coração, se sente em paz aqui.
Quer dizer, eu gosto da vista, é claro, e gosto do silêncio.
Gosto do fato de poder caminhar por toda a ilha facilmente
sempre que quiser, porque é muito pequena. Gosto do fato
de não ser incomodado pelas pessoas, de poder viver em
paz e sozinho. Eu gosto da chuva. Gosto do vento, embora
seja sempre muito forte e tenho que lutar contra ele. Eu
gosto dos penhascos e de como eles são lindos. Como eles
são altos e orgulhosos, imóveis. Gosto da escuridão do mar,
da força das ondas. Gosto do som que eles fazem, abafado
pelas janelas da sala das lanternas, tarde da noite, quando
estou lendo. Gosto das pessoas que vivem aqui, embora
sejam um pouco antiquadas. Gosto de tudo isso e muito
mais. Mas eu amo a maneira como me sinto quando estou
aqui, como se fosse a versão mais verdadeira de mim
mesmo.”
Louis ofega um pouco quando termina, parece que acabou
de correr uma maratona pelo jeito que ele apenas...
desnudou sua verdade assim, com quase nenhuma
sondagem de Harry. Ele desvia o olhar, sentindo o
formigamento do olhar imóvel de Harry por toda sua pele.
Ele está sendo observado, talvez julgado, certamente
observado com cuidado. Não é totalmente desagradável,
mas ele não pode evitar de sentir que talvez tenha revelado
muito. Que ele revelou coisas que ninguém jamais poderia
entender.
Finalmente, depois do que parece uma pequena eternidade,
Harry pigarreia e sussurra um pequeno "Obrigado".
Eles não falam sobre isso novamente.

Na noite seguinte, Louis não pôde deixar de se assustar um
pouco quando Harry entrou na cozinha, quando ele estava
prestes a começar a cozinhar. Ele entra preguiçosamente,
acenando para Louis em vez de cumprimentá-lo
apropriadamente e indo direto para a pia para lavar as
mãos.
“Posso fazer alguma coisa para ajudar?” Harry pergunta
enquanto seca as mãos, encostado no balcão, com sua
calça de moletom preta baixa na cintura e as mangas de
sua camiseta branca lisa dobradas em seu bíceps.
Eles não planejaram isso e, embora Harry tenha
mencionado como é estranho não ter nada para cozinhar,
Louis não esperava que ele realmente agisse de acordo.
Sinceramente, ele presumiu que a noite passada fora uma
coisa única, algo que Harry se sentiu forçado a fazer para
aliviar sua culpa por ser mimado e que isso não aconteceria
novamente. No entanto, aqui está ele mais uma vez,
preparado para ajudar, colocando seu dinheiro onde está
sua boca e realmente oferecendo seu tempo e trabalho.
Louis não deveria estar surpreso, mas ele está.
Ainda assim, ele finge que não é e sorri, entregando a Harry
um saco de batatas. “Quer descascá-las?” Louis diz, mais
uma afirmação do que uma pergunta enquanto ele passa a
dar a Harry uma faca e uma tábua de cortar.
"Sim, claro."
“Brilhante” Louis diz, odiando a forma como sua voz soa
aliviada por um segundo. Ele arrisca um olhar para Harry,
descontente ao ver a expressão confusa em seu rosto.
Claramente, o alívio não passou tão despercebido quanto
Louis gostaria. “Eu odeio descascar batatas” ele admite
revirando os olhos. “É o pior”, diz ele em um sussurro,
dando ênfase à última palavra.
"O que?" Harry ri, pegando uma batata de tamanho médio e
começando a trabalhar imediatamente com uma facilidade
que Louis não pôde deixar de invejar. "Por quê? Não é como
se fosse um trabalho particularmente difícil. Quero dizer,
existem vegetais muito piores para lidar. Você conhece as
cebolas? Eles fazem tudo ficar delicioso, mas a muito
custo.”
“Não” Louis diz, balançando a cabeça com veemência.
“Discordo totalmente” ele acrescenta, dando a Harry um
olhar incrédulo antes de se enterrar na geladeira, pegando
um pouco de queijo para sua batata assada, assim como um
pouco de frango. “Eu escolheria cortar cem cebolas em vez
de descascar uma batata a qualquer dia.”
“Isso é literalmente insano,” Harry ri. Ele acabou com a
primeira, para o grande aborrecimento de Louis.
Ele balança a cabeça, pegando uma panela e enchendo-a
de água antes de oferecê-la a Harry para que ele possa
colocar as batatas.
"Você realmente precisa se explicar para mim sobre isto"
Harry insiste, cortando-a em duas antes de soltar.
Louis franze a testa e aponta para a panela. "Eu
simplesmente não posso fazer isso", ele sussurra.
O rosto de Harry cai e ele olha para a panela com olhos
desconfiados. "Que diabos isso significa?" Ele pergunta,
inclinando a cabeça com um sorriso incrédulo crescendo em
seu rosto.
"Você descascou tudo... fino e fácil!" Louis exclama,
apontando para as cascas descartadas. “Sempre que tento,
a batata reduz literalmente a metade do tamanho porque
não consigo fazer isso sem tirar grandes pedaços da coisa.
Muito irritante.”
Harry morde o lábio inferior, os olhos brilhando de diversão.
“Mmmhmm” ele diz, claramente lutando para não zombar
de Louis.
"Você pode rir." Louis lhe dá permissão enquanto torce o
nariz em desgosto e Harry bufa imediatamente.
“Desculpe” ele diz através da risada. "Desculpe. É só...” Ele
balança a cabeça, pegando outra batata. "Eu posso te
ensinar se você quiser?" oferece gentilmente, aproximando-
se de Louis. “É muito fácil, você só precisa ter cuidado e-”
ele para quando percebe o olhar sombrio que Louis está
lançando em seu caminho. "Ou talvez não", ele murmura,
voltando para ficar na frente de sua tábua de corte.
“Você sabe quantas pessoas tentaram me ensinar essa
habilidade em particular?” Louis pergunta com os dentes
cerrados, anos de fracasso frescos em sua memória. "Foram
muitas. Muitas pessoas, Harold. Muitas pessoas, muitas
vezes. Sim, alguns deles tentaram mais de uma vez. E se eu
consigo descascar uma batata sem desperdiçar metade?”
Louis espera com um olhar impaciente no rosto que ele não
consegue domar, não importa o quanto ele queira.
É uma daquelas pequenas coisas que ele acha infinitamente
frustrante e não importa o quanto tente, ele nunca
consegue ter sucesso. Chegou ao ponto em que ele só
compra batatas grandes para não se sentir um fracasso
total. As pequeninas, ele basicamente desperdiça mais da
metade e é um processo tão humilhante que Louis não
consegue suportar. Ele geralmente é bom nas coisas. E se
não for bom, pelo menos bom o suficiente. Isso, entretanto,
ele nunca dominou e odeia.
"Pelo olhar assassino em seus olhos, acho que não, você
não pode?" Harry diz, rindo quando Louis revira os olhos
com raiva e começa a cortar os peitos de frango em tiras.
"Então você não pode descascar uma batata..." Harry
encolhe os ombros. "Nada demais. É engraçado. E doce."
Ele faz uma pausa. “Mesmo com um descascador?”
Louis o olha tão furiosamente que os olhos de Harry se
arregalam e ele murmura "ok" para si mesmo antes de
mudar o assunto da conversa sem uma transição suave.
“Terminei o romance”, diz ele, sem sutileza, com os olhos
focados em seu trabalho.
Louis realmente odeia o jeito que ele está tornando isso tão
fácil. Louis não consegue fazer isso com um descascador.
Que injusto.
"Terminou?" Louis se envolve na nova conversa, forçando-se
a pensar em outra coisa e apreciar o ramo de oliveira que
Harry está lhe oferecendo.
"Sim" Harry confirma, pegando uma nova batata. “De
quantas nós precisamos?”
Louis olha para a panela, franzindo os lábios enquanto
avalia. “Mais duas ou três, eu diria? Seria bom ter sobras
para mais tarde.”
"Tudo bem" Harry concorda, continuando.
Louis espera alguns segundos antes de falar novamente.
"Então?"
"O que?"
"Estou esperando o relatório do livro, senhor."
"Oh!" Harry exclama. "Certo, eu disse que faria isso, uh."
"Sim, e estou ansioso para ouvir o seu veredicto."
Harry cantarola. "No geral? Não é ruim. Quer dizer,
definitivamente não é o melhor que li do gênero, para ser
completamente honesto.”
Louis cantarola em concordância, balançando a cabeça
enquanto pega uma frigideira para o frango. "É claro, é
claro. E você é um grande conhecedor do romance, não é? "
ele pergunta, esperando que Harry negue.
"Você ficaria surpreso com o que alguém faz para se distrair
na estrada", diz Harry, então ele se enrijece por um
segundo antes de engolir em seco e começar a falar
novamente, mais rápido desta vez. “De qualquer forma,
tenho algumas ideias sobre o livro.”
“Vamos ouvir então” Louis diz.
“Então, no começo eu pensei que o duque era digno de
apatia? Mas agora que terminei, estou meio desapontado.
Se estou lendo um romance, é melhor eu querer bater no
herói até o final, caso contrário, que desperdício. As
fantasias de pessoas heterossexuais são tão chatas”, Harry
bufa, deixando cair duas metades de uma batata na panela.
“Tipo... ok, ele é gostoso e ela fala literalmente a cada dois
parágrafos, mas ele é tão chato. Eu não acho que eles
tiveram uma conversa interessante em todo o romance. No
início, achei que ele era muito bom. Há uma cena em que
ele recita poesia para ela?"
Louis sorri. "Eu lembro."
“Sim, e eu pensei: oh ok, eles escolheram um protagonista
intelectual. Inteligente, não forte. Você conhece o tipo? Mas
não. Ele foi simplesmente estúpido o tempo todo e talvez
tenha memorizado três versos de poesia dessa vez."
“Quero dizer, ela poderia ser a mais bonita, porém burra. É
a fantasia de muita gente. Especialmente em homens.”
Harry ri, um barulho alto e estridente que não parece que
deveria sair de sua boca, mas é de alguma forma bastante
cativante. "Sim", ele concorda, ainda rindo. “Acho que caras
que pensam que são muito espertos podem ser
insuportáveis. Deus sabe que já namorei alguns deles.”
Louis estala a língua. "Todos nós, não?" ele responde,
erguendo as sobrancelhas. “Nossa heroína levou a melhor
na barganha. Ela é o cérebro do relacionamento e ele a
adora.”
"Claro, claro," Harry concorda antes de começar a
gesticular, argumentando com grandes gestos com as
mãos. “Mas os romances são feitos para satisfazer desejos,
certo? Basta dar a ela o pacote completo! Um homem com
quem ela pode fantasiar e amar foder, que a respeita e não
é chato. Alguém com quem ela possa conversar!"
“Justo”, responde Louis. Harry tem razão, afinal. “Você
pensou sobre isso muito mais do que eu esperava, para ser
honesto”, ele brinca, se abaixando em um dos armários
para pegar seu ralador.
"Bem, você pediu um relatório de livro, então... você sabe...
levei meu dever de casa a sério."
“Na verdade, tenho certeza de que acabamos de concordar
com as dez cenas principais, mas estou feliz que você tenha
pensado nisso a fundo!
"Oh!" Harry engasga. Ele torce o nariz adoravelmente. "Eu
realmente esqueci disso." Ele faz uma pausa, fazendo uma
careta. “Eu não acho que gostei de dez cenas o suficiente
para um top 10...”
“E você diz que achou que o livro 'não era ruim'”, Louis
brinca, fazendo aspas com os dedos.
“Não é! Eu posso... ”ele franze a testa, parecendo pensativo
por um segundo. “Provavelmente consigo fazer um top 3?”
“As três melhores cenas principais?”
Harry concorda.
"Tudo bem, vamos ouvir."
“O número três tem que ser o primeiro encontro. Foi hilário.
A maneira como ele acidentalmente a ofendeu e ela... direto
para a esquerda sem dizer nada? Isso foi engraçado, ”Harry
acena para si mesmo como se estivesse aprovando sua
própria escolha. “Número dois... provavelmente a cena da
poesia, na verdade. Eu tinha grandes esperanças de que
seria uma coisa até então e eu estava um pouco...
interessado nele naquele ponto.”
“Então, a poesia é o caminho para o seu coração, isso é
interessante”, comenta Louis distraidamente antes de
perceber como essa declaração pode ser facilmente mal
interpretada. Ele se sente enrubescer e engole em seco,
mentalmente tentando encontrar uma maneira de fazer
soar como qualquer outra coisa do que ele querer saber
como seduzir Harry.
Harry felizmente ou não percebeu ou optou por não
provocar Louis sobre isso.
“Eu amo palavras, especialmente quando são usadas com
habilidade”, ele responde distraidamente antes de continuar
como se não tivesse revelado algo fascinante. “Agora, a
melhor cena absoluta no romance tem que ser quando ele
dá a cabeça dela na 'alcova' misteriosa durante o baile.”
"Atormentante!" Louis bufa, de alguma forma surpreso com
a escolha. "Sério? Sexo hétero? Essa é a sua escolha
número um.” Louis resmunga em desaprovação. "Estou
desapontado, mate."
Harry encolhe os ombros facilmente, nem um pouco
envergonhado por sua escolha. “Foi inesperado. E meio
perigoso. Eles poderiam ter sido descobertos a qualquer
momento. Ele por baixo do vestido dela? Escandaloso.
Atrevido pra caralho."
Há algo no tom de sua voz que deixa Louis desconfiado e
ele estreita os olhos enquanto agarra a panela com as
batatas, finalmente colocando-as no fogão para ferver.
"Você está de brincadeira?" Louis pergunta, de repente em
dúvida.
“O livro inteiro foi terrível, claro, estou brincando”, Harry
respondeu, revirando os olhos dramaticamente.
“Vamos lá, não é tão ruim assim. A maioria dos meus
convidados amam minhas seleções de romance obsceno.”
"Ouça, eu sou um especialista em rom-com", Harry
argumenta, a voz aumentando conforme ele se torna mais
apaixonado. “Eu me orgulho do meu excelente gosto
quando se trata de romance e tal? Isso não estava de
acordo com meus padrões.”
Louis olha para o balcão, brincando com o queijo e o
ralador, tentando não sorrir. Ele está falhando, ele sabe que
está e isso deveria ser preocupante, mas ele não consegue
evitar. Há algo insuportavelmente cativante no fato de que
Harry, o silencioso e calado Harry, ama tanto romance que
fica ofendido quando não é digno o suficiente.
Eles continuaram falando sobre comédias românticas pelo
resto da noite, até tarde da noite, e quando estão
passeando com Clifford na praia no escuro, ainda estão
fazendo isso. Harry não estava mentindo quando disse que
tinha padrões e Louis se viu concordando com a cabeça e
concordando até mesmo com seus argumentos mais
pitorescos e tolos. É um novo lado de seu convidado que ele
não esperava e ele se surpreende com o fato de que,
mesmo depois de horas de conversa fiada sobre um assunto
ocioso, ele ainda não se sente entediado.

Capítulo 4
Harry, mantendo sua palavra, ajudou Louis a cozinhar todas
as noites durante as próximas três semanas. Ele aparece
entre cinco e meia, todas as noites, pronto para ajudar e ser
mandado. Ele também é habilidoso na cozinha, Louis
percebe rapidamente, não estava mentindo sobre amar
cozinhar e não se importar em ajudar. Em pouco tempo,
começa a oferecer sugestões para melhorar algumas das
receitas de Louis, até lhe dar algumas dicas e truques para
fazer com que as coisas fiquem mais fáceis para ele. De
qualquer outra pessoa, Louis acharia intrusivo e rude, mas
há algo encantador no anseio de Harry, na maneira como
ele realmente deseja ajudar e deseja que Louis melhore. Ele
costuma argumentar suas opiniões com grandes gestos
com as mãos, complementando-o com pesquisas rápidas no
Google no telefone de Louis, acenando o celular na cara de
Louis com um olhar triunfante.
Lentamente, eles vão se conhecendo.
Harry, na maior parte do tempo, continua sendo um enigma
que Louis não consegue decifrar. Ele nunca revela nada
verdadeiramente pessoal sobre si e mesmo que eles
tenham passado horas juntos todos os dias, Louis ainda não
sabe onde ele realmente mora, o que ele faz para trabalhar,
ou mesmo o que o levou a um breve exílio em Fair Isle. E
está tudo bem, no entanto, Louis pensa. Ele fica sabendo de
coisas diferentes sobre Harry, pequenas coisas que ele não
parece achar importante o suficiente para esconder, mas
que Louis está ficando viciado. Como o fato de que ele não
estava brincando quando disse que sua irmã era a mais
inteligente, que ela é uma jornalista investigativa de todas
as coisas e que Harry está tão ridiculamente orgulhoso que
parece que vai explodir quando fala sobre ela, com seus
olhos verdes brilhando. Como o fato de que ele realmente
ama romances, os devora quando não está ocupado
escrevendo naquele seu caderninho antes de escondê-lo
impiedosamente para o deleite de Louis. Uma noite, ele
interpretou uma das cenas de sexo mais obscenas do livro
com o melhor de sua memória, criticando cada coisa como
se estivesse fazendo sua própria resistência, e ele faz Louis
rir tanto que acidentalmente corta o dedo. Ele está tão
arrependido por ter ferido desprevenidamente seu anfitrião,
que assou muffins de banana veganos para Louis no dia
seguinte. Como o fato de ele adorar música e levá-la
extremamente a sério, assumindo o controle do Spotify de
Louis todas as noites para selecionar o clima de sua
culinária de acordo com seus caprichos. Seu gosto é eclético
e quando ele não está cantando junto com o que quer que
tenha escolhido com uma voz profunda e
surpreendentemente linda, ele divaga e conta fatos a Louis
sobre o artista e a produção das canções facilmente. Ele é
profundamente conhecedor, admirando não apenas a arte
da música, mas o trabalho árduo e o processo por trás dela.
É uma forma de ouvir que Louis nunca experimentou antes
e ele se vê fascinado em cada palavra sem perceber.
Em troca, Louis conta a Harry histórias sobre seus
convidados anteriores, embora não seja profissional fazer
isso e ele provavelmente não deveria. Mas Harry está
lentamente se tornando seu amigo, a linha entre o
convidado e o conhecido borrando mais e mais a cada dia
que passa. Então Louis esquece que não está na entressafra
com um amigo por perto e conta a ele sobre o estranho, o
incomum, o doce... Ele conta a ele sobre as lutas e as
propostas; todas as suas memórias favoritas das pessoas
que cruzaram seu caminho. E Harry escuta com atenção
extasiada, revelando mais sobre si mesmo do que
provavelmente percebe apenas pela maneira como está tão
atento, tão cativado por histórias cheias de estranhos. Por
mais que Louis tenha notado que Harry adora ficar sozinho,
é óbvio que ele também ama as pessoas. Genuinamente.
Ao todo, Harry fica animado em passar um tempo com Louis
na cozinha de uma maneira que ele nunca esperava que
fosse, não quando ele estava tão reservado, tão triste,
quando ele chegou. Agora que eles formaram uma
camaradagem provisória, Louis pode reconhecer que
provavelmente era timidez, embora a nuvem de tristeza
pairando sobre a cabeça de Harry que Louis avistou pela
primeira vez definitivamente não tenha desaparecido.
De vez em quando, Harry aparece na cozinha com um
humor azedo, olheiras e se comportando como se seus
ossos fossem muito pesados. Ele ainda é útil, ouvindo as
instruções de Louis e nunca se esquivando de seus deveres,
mas ele quase não está lá. Ele corta vegetais, rala queijo,
cozinha a carne e lava pratos sem dizer uma única palavra,
uma sombra de si mesmo que perturba Louis muito mais
agora do que ele realmente sabe como Harry é
normalmente. Nessas noites, ele apenas abria a boca para
concordar com um dos pedidos de Louis, a brincadeira usual
entre eles completamente ausente. Pior de tudo, ele não
comenta sobre a música que Louis coloca, nunca pega o
telefone para assumir o controle, não faz pedidos
específicos de música. Às vezes, ele até pede
educadamente a Louis para desligar a música, um sinal de
que as coisas estão realmente terríveis.
Louis nunca insiste.
Ele obedece e desliga a música, tentando mascarar sua
preocupação, sua empatia, sob um rosto inexpressivo,
parecendo triste brevemente e quando Harry não está
olhando.
Ele se pergunta, no entanto. Ele se pergunta o que acontece
naquelas manhãs em que Harry acorda maluco, o peso da
vida tão visível nas linhas tensas de seu rosto, em suas
brincadeiras nervosas. Ele se pergunta se há algo que ele
poderia dizer para torná-lo melhor, se ele poderia
compartilhar do fardo pesado de alguma forma. Ele se
pergunta se há algo que alguém possa dizer que o torne
melhor.
Mas Harry estabeleceu limites claros e Louis nunca os
cruzaria. Então, nessas noites, Louis não diz nada. Ele
sequer tenta. Ele não bisbilhota, não investiga. Seguindo o
exemplo de Harry, ele fica quieto, permitindo que ele se
retire cedo e vá sozinho à praia para passear com Clifford,
odiando o silêncio que o acompanha intensamente, embora
ele e Harry não conversem normalmente a essa altura da
noite quando caminham juntos.
Naquela noite específica, Harry entra na cozinha com os
olhos vermelhos, sua linguagem corporal claramente
ortográfica não incomoda, então Louis o coloca para
trabalhar imediatamente sem perguntar se ele teve um bom
dia. Em vez disso, ele o deixa preparar um molho de tomate
rápido enquanto Louis ferve água para o macarrão. Ele
estava originalmente planejando algo um pouco mais
elaborado, algo que levaria pelo menos uma hora para
preparar, mas considerando o quão miserável Harry parecia,
Louis não queria impor sua companhia a ele um segundo a
mais do que o necessário.
Ele provavelmente vai querer voltar para a sua tristeza
imediatamente, Louis pensa tristemente enquanto observa
Harry mexer o molho com cuidado. Louis suspira, juntando-
se a ele em frente ao fogão para colocar o macarrão na
água fervente, os dois ombro a ombro, o silêncio pesado de
uma forma que normalmente não é.
Depois de um tempo, para surpresa de Louis, Harry fala sem
ser solicitado.
“Você acha que...” ele começa a dizer, franzindo a testa
para a panela, antes de se conter, balançando a cabeça.
“Eu tento evitar isso, na verdade”, Louis brinca sem
imaginação para quebrar a tensão. “Eu evito ter
preocupações desnecessárias dessa forma.”
É uma prova da personalidade relativamente tranquila de
Harry que, mesmo em evidente angústia, ele não repreende
Louis por sua tagarelice estúpida e não filtrada.
Ele não sorri, porém, a carranca em seu rosto ainda fica
forte, mais forte ainda. Ele continua mexendo o molho
lentamente, observando enquanto ele começa a borbulha
intensamente por um segundo antes de reduzir o fogo.
Ele limpa a garganta e tenta novamente. “Você acha que
poderia... apenas... me distrair? Por favor?"
Quando Louis vira a cabeça para olhar para ele - a linha reta
de seu nariz, a curva de seus lábios, o rubor em suas
bochechas -, Harry pressiona sua mandíbula visivelmente.
“Claro”, Louis responde antes de começar a contar uma
história elaborada sobre seus irmãos mais novos.
E ele não para.
Eles terminam de cozinhar e Louis fala. Eles se sentam para
comer e Louis fala. Eles terminam a refeição e Louis fala. Ele
apenas balbucia sem parar, cem por cento certo de que
Harry não está ouvindo uma única palavra do que está
dizendo. Ele fala sobre Lottie e sua carreira como
maquiadora. Ele fala sobre os dois pares de gêmeos e os
vários problemas que eles lhe deram quando eram
pequenos. Ele fala sobre fraldas, hora do banho, hora da
história. Ele fala sobre seu primeiro emprego, seu segundo
emprego, seu terceiro emprego. Ele fala sobre ser
despedido repetidamente antes de se tornar seu próprio
patrão. Ele fala até que os pratos deles estejam vazios e sua
voz fique rouca.
Harry permanece assustadoramente silencioso.
Quando terminam de comer, Harry paira perto da porta,
brincando com o elástico em volta do pulso, batendo-o
algumas vezes contra a pele fina e fica vermelho
imediatamente.
Para a surpresa de Louis, ele fala novamente, não antes de
limpar a garganta profundamente.
"Está... tudo bem se eu deixar você cuidar da louça esta
noite?" ele pergunta, parecendo um pouco envergonhado
com o pedido.
“Claro” Louis responde gentilmente, sentindo como se Harry
pudesse começar a chorar com a forma como o alívio se
espalha por seu rosto.
Em um segundo, ele desaparece da cozinha para as
profundezas do chalé.

Cada esperança que Louis nutrida sobre a melhora do


humor de Harry durante a noite é destruída quando ele
desce a escada principal na manhã seguinte parecendo não
ter dormido nada. Seu cabelo está uma bagunça no topo da
cabeça, grudando em todas as direções como se ele tivesse
passado os dedos com raiva por ele a noite toda e as
olheiras só tivessem piorado. Ele está vestindo uma velha
camiseta branca dos Rolling Stones que parece tão velha
que é basicamente puída, com um buraco tão grande no
peito que Louis tem certeza de que pode ver um mamilo.
Ele está com sua fiel jaqueta verde e o que parece ser um
cardigã bege muito grande por baixo.
“Ei”, Louis chama da recepção, sorrindo para ele.
Harry acena de volta, os olhos mal passando para o rosto de
Louis antes que ele desvie o olhar. Ele assobia e Clifford
vem correndo pelo corredor, obedecendo-o de imediato e
farejando os bolsos da calça de moletom Adidas de Harry
em busca de guloseimas, agora que começou carregá-las
como Louis faz.
Eles estão prestes a deixar o chalé sem dizer uma palavra
quando Louis os impede com um estrangulado "Espere!"
Harry se vira na porta, dando a Louis uma carranca
perplexa, mas ele já está correndo pelo corredor para a sala
de estar, não se importando que ele pareça um pouco louco
agora. Ele pega um lenço azul grosso do cabide e corre de
volta para a entrada. Uma vez lá, ele desajeitadamente
envolve o pescoço de Harry sem encontrar seus olhos.
“Está muito frio hoje”, explica rapidamente enquanto
segura o lenço. “A temperatura caiu muito e o vento está
muito ruim, principalmente perto da água. Você vai precisar,
confie em mim.”
Ele olha para o rosto de Harry ao dizer a última parte, sem
conseguir ler a emoção que se esboça em seu rosto.
"Obrigado" Harry murmura, escondendo o rosto sob o lenço
de lã.
“Sem problemas” Louis responde enquanto Harry se vira e
abre a porta. "Dê uma boa caminhada", ele grita para as
costas de Harry.
Ainda dói quando ele não obtém uma resposta, embora não
estivesse esperando uma.
Ele está aspirando um dos quartos vazio com grandes
cestos de lavanderia contendo lençóis limpos e toalhas
deixadas no corredor quando Harry reaparece. Para a
surpresa de Louis, ele não passa pela sala e vai direto para
seu quarto. Em vez disso, ele pisa nas cestas e se pendura
na porta, encostado nela com as mãos enterradas nos
bolsos do cardigã. Louis tenta não deixar que o jeito falcão
que Harry está olhando para ele o distraia da tarefa.
Ele não consegue se concentrar, porém, as batidas de seu
coração de alguma forma, ficam mais frenéticas enquanto
ele nervosamente tenta se lembrar de como se comportar
como uma pessoa normal quando está sendo examinada
assim.
Finalmente, depois do que parece ser uma eternidade de
Louis inclinando-se desajeitadamente para passar o
aspirador embaixo da cama enquanto Harry apenas... o
encara, ele desliga a máquina e encara seu convidado com
um sorriso divertido no rosto.
"Posso ajudar?" Louis pergunta com uma mão na cintura, a
outra ainda segurando a ponta do aspirador.
Harry pisca.
"Você precisa de alguma coisa?" Louis insiste, não de forma
cruel.
"Não, não... eu só..." Harry olha em volta, mudando seu
peso para se apoiar levemente contra a porta. Ele olha por
cima do ombro, de volta para o corredor, para os cestos de
roupa suja. "Por que você está trocando os lençóis em todos
os quartos se não há ninguém além de mim aqui?" ele
pergunta e claramente não é por isso que ele está parado
aqui olhando para Louis, mas ele vai aceitar.
"Bem, ainda estou aberto, não estou?" ele diz, ligando o
aspirador novamente. “Não posso fazer nada exatamente o
dia todo, posso? E se alguém aparecer procurando um
quarto esta tarde? Entradas acontecem, quero dizer... você
é a prova disso."
"Certo", Harry riu, pequeno e não realmente divertido.
Parece mais um hábito do que qualquer outra coisa e Louis
realmente odeia quando ele faz isso. Ele preferia enfrentar a
tempestade da honestidade de Harry do que enfrentar essa
versão diluída, amigável e falsa dele.
Louis leva um segundo para olhar para ele. Devidamente.
Ele parece melhor do que na noite anterior, pelo menos,
certamente melhor do que esta manhã. Ele pode não estar
rindo com a sinceridade com a qual Louis se acostumou,
mas ele não parece mais totalmente miserável. As olheiras
não desapareceram milagrosamente e seu cabelo ainda
está bagunçado, mas parece varrido pelo vento agora,
orgânico ao invés de estar rodeado por aquela energia
nervosa. Ele também parece mais calmo, mais calmo e com
um rubor saudável em suas bochechas. O vento funciona,
sem dúvida, mas o faz parecer um pouco melhor. Ele parece
bem, realmente, embora um pouco cansado. Não é mais
como se ele estivesse a dois segundos de chorar, pelo
menos, o que Louis sempre considerará uma melhora.
"Posso ajudar?" Harry pergunta, gesticulando em direção à
sala.
Louis franze a testa. “Você não precisa”, ele responde
automaticamente, odiando-se mentalmente pelo fato de
que isso está realmente se tornando seu novo bordão.
Na deixa, os lábios de Harry se erguem ligeiramente e não é
uma risada, nem mesmo um sorriso completo, mas esse é
honesto, Louis pode dizer. E isso o torna muito melhor.
Harry morde o lábio inferior antes de concordar. "Eu sei."
“Sério mesmo” Louis insiste, alto sobre o som do aspirador.
Ele finalmente cobre o último canto da sala enquanto
explica: "Se isso for... algum tipo de penitência pelos pratos
da noite passada, você realmente não precisa." Terminada a
conversa, Louis desliga o aspirador.
Com isso, Harry sorri, um pouco tímido. “Eu sei”, ele repete,
dessa vez insistente. “Não é, confie em mim. Só... só quero
me manter ocupado. E ajudar."
"Bem, eu não vou dizer não a isso, vou?" Louis diz enquanto
passa por Harry, cutucando suavemente seu bíceps. Ele
pega um dos cestos de roupas cheios de toalhas e entrega a
Harry enquanto pega um cheio de lençóis para si mesmo.
“Acha que pode dobrar essas toalhas corretamente? Eu vou
cuidar das camas."
Harry acena com a cabeça, seguindo Louis para o quarto e
se sentando na poltrona escondida em um dos cantos. Ele
abre as pernas e coloca a cesta no chão entre elas. "Você
sabia", ele começa a conversar, olhando para o padrão
florido da poltrona, "Eu tenho um terno com esse padrão
exato."
Louis interrompe seu movimento para pegar uma das
fronhas e fica olhando. "Verdade?" ele pergunta, mais
curiosidade do que julgamento em sua voz enquanto olha
para o que foi apelidado pela maioria de seus amigos e
familiares de “sofá da vovó”. Não é nada realmente
selvagem, apenas um fundo turquesa claro e padrões de
flores em vários tons de rosa. Uma escolha ousada para a
moda, porém, ele não pode negar isso.
Harry concorda. "Sim, é lindo."
“Não pensaria que você fosse um tipo selvagem de garoto,
Twist, mas interessante”, brinca Louis. “Acho que isso
explica por que você sempre acaba usando meus suéters
mais malucos.”
Harry cora, olhando para a cesta enquanto pega uma toalha
e começa a dobrá-la perfeitamente. Louis não deveria ficar
impressionado, é só dobrar afinal, mas ele teve a ajuda de
pessoas descuidadas e bagunceiras antes e ele não pode
deixar de apreciar o perfeito perfeccionismo dos gestos de
Harry.
"Eu amo um padrão ousado", Harry admite sem vergonha.
Louis concorda, colocando um dos travesseiros em uma
fronha. “Bom para você”, ele responde. “Você é bom nisso”,
comenta.
Harry bufa, colocando a toalha agora perfeitamente
dobrada em um dos braços da cadeira. “É como dobrar
roupa suja”, diz ele com desgosto, “Não é como se fosse
ciência espacial. Qualquer idiota pode fazer isso.”
Com isso, Louis ri. “Oh, querido, você ficaria surpreso. Meu
amigo Stan? Achei que poderia confiar a ele as tarefas de
toalha uma vez. Grande erro. Enorme. Para ser justo, a
namorada dele lava toda a sua roupa e tenho certeza de
que ele nunca dobrou nada na vida, o que... é
extremamente constrangedor e patético da parte dele. Mas
suponho que sou o único culpado, pensando que poderia
confiar a ele uma tarefa tão básica.”
O calor se espalha no peito de Louis quando arranca uma
risada sincera de Harry. Parece que já faz alguns dias que
ouviu isso e ele não tem certeza se deseja examinar muito
de perto por que está se sentindo tão aliviado agora que
ouviu novamente.
"Isso é constrangedor para ele", concorda Harry.
"Sim. De qualquer forma, não prejudica seu trabalho. Nem
todo mundo é tão preciso. Até pessoas com experiência”,
brinca Louis.
Harry deu de ombros, colocando outra toalha perfeitamente
dobrada de lado. “Passei muito tempo em hotéis”, revela,
“Devo ter aprendido alguma coisa, certo?”
“Certo” Louis concorda. Não deveria parecer uma
informação nova, considerando que Harry mencionou ter
viajado muito antes, mas Louis não consegue evitar a onda
de emoção que percorre seu corpo com a revelação.
Eles continuam trabalhando em silêncio por um tempo,
Louis apenas lutando um pouco com o lençol. Harry está
cantarolando baixinho, uma balada triste que Louis poderia
jurar que já ouviu antes, mas não consegue nomear.
" Why are we always stuck and running from ... the
bullets..." Harry canta e Louis arrisca um olhar em sua
direção.
"Desculpe" Harry cora, limpando a garganta.
“Tudo bem” Louis diz, encaixando o edredom de forma
eficiente na capa. “Você tem uma voz adorável. Eu não me
importo.”
Harry parece um pouco surpreso, um pouco envergonhado
pelo elogio, como se ele preferisse fazer qualquer coisa no
mundo a não ser ter essa conversa. Ele fica muito quieto,
olhando para Louis nos olhos e parece estar esperando que
ele diga que está brincando ou algo assim. É como se ele
estivesse esperando que Louis dissesse algo devastador e
estivesse se preparando para isso.
“Estou falando sério”, Louis insiste, “Você não precisa me
olhar assim, todo... tenso. Eu não vou virar e provocar
você."
Os ombros de Harry caem de alívio com isso e ele passa
uma mão trêmula pelo cabelo.
“É uma pena que sua banda não tenha funcionado” Louis
diz gentilmente, descobrindo que ele realmente quis dizer
isso. "Você certamente tem voz para um contrato de
gravação."
De alguma forma, Harry parece ainda mais aliviado com
isso.’’Isso não foi...’’ Ele balança a cabeça. “Isso não foi
nada”, diz ele, jogando com calma. “Isso não era eu
cantando direito ou algo assim. Não é nada. Eu... podemos
conversar sobre outra coisa?’’
“Sim, claro” Louis diz, surpreso com sua insistência. "Eu não
queria te envergonhar."
"Não, você não me envergonhou, não é… eu só... não quero
falar sobre... minha antiga banda e sonhos estúpidos e
outras coisas."
Louis concorda. "Claro."
“Há, uh... na verdade, há algo que eu queria dizer a você. É
por isso que vim aqui, na verdade.”
“Oh, certo. Vá em frente."
"Eu só queria me desculpar."
Louis franze a testa, parando de mexer na cama. “Pelo
quê?”
Harry parece mortalmente sério. “Louis” ele diz, com a voz
firme.
Louis suspira com o som, parando seu trabalho e se
sentando na cama, de frente para Harry. "Você não tem
nada pelo que se desculpar."
"Eu realmente quero", Harry insiste, a voz trêmula. “Eu sinto
muito sobre a noite passada. Eu, uh… ontem de manhã, eu
tive um… emocional… quero dizer, um telefonema difícil
com meu patrocinador. Eu tinha muito em que pensar. Meio
que me ferrou um pouco, só... coloquei-me neste... humor
realmente introspectivo. E eu só... me torno um idiota não-
verbal quando fico assim. Então, sim, sinto muito. Eu sei
que não sou o convidado mais fácil de se ter por perto e
você foi incrivelmente acolhedor. Eu agradeço isso. É só
que... não sei, às vezes é difícil. E as coisas que ele me
disse, eu as achei muito conflitantes e eu só...”
O coração de Louis aperta em seu peito. "Você não tem que
me dizer" ele interrompe, não querendo que Harry se
arrependa de ter revelado essas coisas a ele. "Você não me
deve nada, certo?"
"Eu sei", Harry concorda, com os olhos úmidos. "Eu sei
disso. Eu só… fui um idiota às vezes. E eu sinto muito. E
estou ainda mais triste que isso possa acontecer
novamente.”
Louis sorri. "Você realmente não é um idiota, sabe disso,
certo?" Ele sabe que parece insistente, mas Harry
literalmente age como se tivesse matado o cachorro de
Louis ou algo assim, em vez de apenas se isolar um pouco
enquanto estava lidando com algo extremamente pessoal. E
Louis realmente precisa dele para entender essa diferença.
“Você estava apenas... um pouco triste? Um pouco quieto?
Você não foi rude nem nada. Então, realmente, não é nada
demais. Acontece. Você certamente não precisa se
desculpar por isso.”
Os cílios de Harry tremem quando ele olha para baixo,
dobrando cuidadosamente a toalha nas mãos, sem pressa.
“Obrigado,” ele finalmente responde depois de um tempo.
Louis se levanta da cama e arruma os travesseiros até ficar
satisfeito. Quando termina, ele caminha de volta para o
corredor, pegando outro cesto de roupa suja com toalhas e
colocando-o ao lado de Harry no chão. Então ele se senta ao
lado dele e começa a dobrar. Ele trabalha em silêncio por
um tempo antes que a vontade de dizer algo se torne muito
urgente.
"Posso te fazer uma pergunta?" Louis diz, a voz rouca. Ele
provavelmente não deveria empurrar tão cedo depois que
Harry começou a se abrir, especialmente quando ele o
impediu de revelar muito antes. Mas há uma diferença entre
Harry escorregar ao tentar se desculpar e Louis dar a ele a
opção de recusar quando ele faz uma pergunta direta.
“Você pergunta muito isso”, comenta Harry, sem realmente
responder, fazendo Louis rir.
“Bem, estou começando a te conhecer e sou uma pessoa
educada, fui bem criado, então...”
Harry cantarola, mas quando Louis olha para ele no chão,
ele não parece chateado com o pedido.
"Você pode me fazer uma pergunta."
“Mande eu me foder se eu estiver exagerando, mas...” Louis
hesitou por um segundo antes de continuar, “Eu estava me
perguntando há quanto tempo você está sóbrio.”
"Oh." Isso escapa da boca de Harry quase
desapontadoramente como se realmente não fosse o que
ele esperava que Louis perguntasse. "Hum... não muito, na
verdade, só se passaram sete meses."
Louis assobia em apreciação. "Na verdade, é muito tempo,
parabéns."
O rosto de Harry se ilumina, um grande sorriso genuíno
assume suas feições, com duas covinhas profundas se
aninhando em suas bochechas. Ele olha para a toalha
apoiada em seus joelhos e Louis leva um segundo para
observar a maneira como ele se mantém, enrolado como se
não quisesse tomar muito espaço.
Quando Harry olha para cima, Louis se sente preso, mas
não desvia o olhar.
"Obrigado", responde Harry. Ele tamborila os dedos na
toalha por alguns segundos antes de voltar ao trabalho.
“Em parte é por isso que estou aqui”, diz ele, quase
distraidamente, como se Louis não estivesse se
perguntando há semanas. "Eu só... saí da reabilitação e
realmente não estava pronto para voltar... para minha vida
normal... não imediatamente." Ele torce o nariz, fungando e,
por um segundo, Louis pensa que está chorando, mas
continua falando normalmente. “Meu trabalho é... é
complicado. É muito complicado.”
Ele diz isso principalmente para si mesmo, sem realmente
elaborar o que quer dizer. Louis nem mesmo sabe o que ele
poderia perguntar para deixar isso mais claro, não tendo
ideia do que diabos Harry faz para viver. Entre a pausa que
Harry dá entre duas respirações, Louis faz uma lista mental
de tudo o que sabe sobre o trabalho de Harry.
1. Harry viaja muito.
2. Especificamente, Harry vai muito para os EUA.
3. Harry possui mais de uma casa.
4. Harry claramente tem dinheiro.
Não é muito para continuar e Louis poderia listar uma dúzia
de empregos de colarinho branco de alto escalão que
poderiam se enquadrar nesses quatro critérios. Harry é um
pouco jovem para a maioria deles, claro, mas ele poderia
facilmente ser o herdeiro de alguma fortuna aleatória e
Louis nunca teria a menor ideia. Embora ele ache que a
repreensão da pequena cidade pode não se encaixar nesse
quadro.
Ele está distraído de suas especulações quando Harry
começa a falar novamente e seus olhos se encontram,
então Harry revira os seus.
“Tantos gatilhos de merda”, diz ele com nojo. “Quer dizer...
comecei a beber muito porque não conseguia aguentar. Foi
só um pouco, no começo. Só um pouquinho todo dia... para
passar por todas as... todas as besteiras, sabe? Então foi
mais, apenas para entorpecer a ansiedade. Até drogas às
vezes”, ele admite em voz baixa. “Embora não... não era
meu principal vício, mas ainda... e os gatilhos ainda
estavam lá. O trabalho não mudou magicamente porque eu
estava ausente. E eu costumava adorar, Louis, costumava
adorar tanto. Mas não sei se poderei amá-lo novamente,
não depois de tudo. Mesmo que eu esteja sóbrio agora e
tenha uma compreensão do que me trouxe até aqui...
mesmo que eu saiba reconhecer os sinais e como pedir
ajuda... os gatilhos ainda estão lá, me espreitando nas
sombras... esperando para me pegar.” Ele parece sair de um
transe, olhando para Louis com os olhos arregalados. "Sinto
muito", ele deixa escapar, balançando a cabeça. "Puta
merda", ele jura, "Você não se importa com essa merda."
Ele ri, um pouco maníaco. “Você nem me conhece”,
acrescenta ele, parecendo incrédulo e aliviado com o fato.
“Você nem me conhece”, ele repete em um sussurro.
"Harry", Louis chama em um suspiro, alcançando seu pulso
e agarrando-o com firmeza, tentando espremer toda a
energia nervosa dele, tentando absorvê-la onde sua pele
nua o toca. “Obviamente eu nunca forçaria você a falar
sobre essas coisas, mas não diga que eu não me importo.
Isso não é verdade." Louis aperta o pulso de Harry
novamente, forçando-o a encontrar seu olhar. "Isso
definitivamente não é verdade."
Com isso, Harry apenas... desmorona. “Eu só precisava de
mais tempo”, ele admite com um suspiro úmido, os olhos
brilhando.
"Claro que sim" Louis sussurra, deslizando uma mão
calmante pelo braço de Harry.
“Minha família me apoia muito. Eles realmente apoiam. Se
eu... se eu não quisesse voltar imediatamente, poderia ter
ido para casa. Eu realmente poderia ter. Mas... eu sei que
todos eles querem que eu volte ao trabalho. Minha família,
meus amigos, meu... todo mundo quer que eu volte ao
trabalho. Como... como vou descobrir se ainda quero-”
“Oh, querido” Louis sussurra, afastando as cestas e
envolvendo Harry em um abraço estranho, Harry ainda na
poltrona e ele de joelhos, seus corpos não se encaixando
muito considerando o ângulo.
“Eu não conseguiria suportar a ideia de me descobrir com
todo mundo olhando por cima dos meus ombros, sem dizer
nada para mim, mas tendo prazos de merda em mente... eu
só queria estar o mais longe possível disso tudo. Eu só
queria correr para o limite do universo.” Ele sussurra tudo
no ombro de Louis, pequeno e vulnerável.
“Está tudo bem” Louis sussurra de volta, acariciando a nuca
de Harry. “Você chegou aqui, você nos encontrou. O lugar
mais afastado de tudo o que é possível, somos nós. Isso
está aqui.”
Louis sorri ao ouvir Harry rir melancolicamente em seu
ouvido.
"Você nos encontrou", ele repete, apertando o corpo de
Harry.

Eventualmente, eles terminam o resto dos quartos juntos,
arrumando as camas e colocando toalhas em todos os
banheiros. Enquanto eles trabalham, Harry fica quieto de
uma maneira diferente, parecendo um pouco esgotado
emocionalmente, mas não tão arrasado quanto antes. No
meio do caminho, Louis oferece seu telefone para ele, com
o aplicativo Spotify aberto, dizendo a ele “escolha algo bom,
você tem um gosto melhor do que eu” e Harry faz uma
playlist rapidamente para eles. Isso é uma coisa que ele tem
feito recentemente, não apenas selecionando playlists para
eles ouvirem, mas na verdade dobrando o número de
playlists na conta de Louis, criando outras aleatórias com
títulos peculiares como 'a sensação de sol no rosto quando
você inclina a cabeça de volta com os olhos fechados',
'coração de inverno suave em um dia de inverno suave' ou
‘canções para dançar quando você não sabe dançar'. Há um
intitulado 'coração partido vintage para um menino
moderno' que Louis se surpreendeu ao se apaixonar por ela,
cheia de velhas canções tristes dos anos 50, 60 e 70 em
várias línguas. Harry também tem adicionado e deletado
músicas das listas de reprodução existentes de Louis,
embora Louis suspeite que ele pensa que se safou. Louis
ficaria bravo, mas ele tornou sua playlist usual de corrida
muito melhor, então...
Quando terminam a limpeza matinal, Louis está morrendo
de fome, então ele vai para a cozinha sozinho, impedindo
Harry de entrar para ajudar e prometendo a ele um bom
almoço no topo da torre se ele puder ser um pouco
paciente. Ele prepara duas saladas rápidas usando algumas
sobras de frango, equilibrando-as cuidadosamente nas
mãos enquanto sobe a escada em espiral, com um livro de
poesia enfiado no bolso de trás da calça jeans.
"Trouxe comida", ele exclama quando está lá em cima, rindo
ao ver Clifford aninhado no colo de Harry, que está sentado
de pernas cruzadas no tapete, com as costas contra o
banco. “Alguém está confortável” Louis comenta, apontando
para onde a cabeça de Clifford está aninhada na coxa de
Harry antes de lhe entregar a comida e se sentar ao lado
dele. Ombros com ombros.
Harry olha para baixo e encolhe os ombros. "Fiquei surpreso
que ele quisesse subir, para ser honesto, ele raramente
parece querer estar aqui."
Louis concorda. “Sim, aquela escada é um pouco
complicada para ele. Ele é quase grande demais para isso...
Às vezes tenho que carregá-lo como um bebê depois que
ele vem até aqui. Ele inventa e então fica tipo... ah não, na
verdade não quero fazer isso. Ele é tão burro” Louis diz
afetuosamente para seu bebê, alcançando o corpo de Harry
para coçar suas orelhas. "Sim, você é’’ ele confirma antes
de perceber que está apoiado no colo de Harry. “Oops” Ri,
se afastando.
Harry, Deus o abençoe, não parece incomodado enquanto
dá uma enorme mordida na salada. “Isso é bom”, ele
comenta depois de engolir. "Obrigado."
"Sem problemas." Louis dá algumas mastigadas antes de
falar novamente. "Ei, eu estava querendo dizer algo para
você... nada de ruim" ele adiciona quando a cabeça de
Harry se vira bruscamente para ele. “Apenas... o Sr.
Drummond mencionou que você faz ligações todos os dias
na cabine telefônica e, antes, você disse algo sobre ligar
para o seu patrocinador e eu imaginei que provavelmente é
o que você está fazendo lá. Obviamente, não quero me
intrometer, mas... você pode ligar aqui se precisar. Não
tenho o hábito de ouvir os telefonemas dos meus hóspedes
e tipo... posso até sair do chalé se isso te faz sentir melhor.
Você não precisa ir até a cidade para telefonar.”
Harry mastiga silenciosamente,com o corpo muito quieto.
Ele engole depois de um tempo e Louis não consegue deixar
de observar a maneira como sua garganta se move.
"O Sr. Drummond disse que eu estava fazendo ligações?"
ele pergunta, lento e cuidadoso, seu rosto não esboça nada.
Louis acha que ele pode estar chateado.
“Sim, ele disse algo sobre as pessoas na cidade notando e
falando sobre isso. Eu acho que eles pensaram que era-”
“As pessoas na cidade estão falando sobre isso?” Harry
pergunta, a voz subindo uma oitava.
“Não, tipo...” Louis gesticula com o garfo, tentando
encontrar as palavras certas. “Eles não sabem de nada”, diz
ele, o mais tranquilizador possível. “É uma pequena cidade,
você cresceu em uma. Sabe como as pessoas ficam quando
estão entediadas. Elas não querem dizer nada com isso.
Tudo o que estou dizendo é... se você quiser mais
privacidade, pode usar a linha da pousada. Há um telefone
no seu quarto. Eu sei que você não tem um. Bem, quero
dizer que você… presumo que você tenha um celular, mas
não com você, então você sabe. Vou te dar privacidade se é
disso que você precisa. Não consigo imaginar que seja
divertido ter uma conversa pessoal onde qualquer pessoa
possa assistir...”
“Eu... isso é gentil, mas... eu meio que gosto da rotina que
estabeleci aqui. É... importante para mim. E a caminhada de
volta ao farol depois... me dá tempo para refletir e... posso
apenas descer para a praia e pensar. Isso me dá tempo para
apenas... resolver isso, suponho? Eu não sei. Não faz
nenhum sentido, suponho, mas gosto de estar... estar
recebendo essas ligações em um ambiente neutro. Acho
que não quero... sei lá, poluir meu quarto com tudo isso.
Não que todas as ligações sejam difíceis, mas você sabe. É
bom ter um espaço separado para... fazer isso.”
“Oh” Louis exala. "Claro, eu não pensei nisso."
"Está tudo bem. Obrigado por oferecer ” Harry faz uma
pausa. “Eu tenho um telefone”, acrescenta ele quase
distraidamente. “Está em algum lugar no fundo da minha
bolsa. Mas eu não trouxe meu carregador, então... não é
como se eu estivesse pensando em usá-lo agora.”
“Você ficou completamente fora da rede”, Louis brinca e fica
surpreso com a forma como Harry parece divertido.
“Você não tem ideia, Louis” Harry disse antes de começar a
comer novamente. “Quer dizer, eu escrevo para minha mãe
a cada poucos dias. E minha irmã. Acho que ela apareceria
aqui, pronta para arrancar minha cabeça se eu não desse a
ela algum tipo de atualização. Abençoe a padaria/cafeteria /
único restaurante da cidade por seus computadores antigos,
certo?”
Louis ri. "Eu acho. Deus, eles são quase tão velhos quanto o
monstro na recepção. Você consegue usar o Gmail nisso?”
Harry encolhe os ombros. "Está tudo bem. São apenas
alguns e-mails de vez em quando.”
"Eu falei sério quando disse que você poderia usar meu
laptop, sabe?"
"Eu sei."
“Mas você gosta da rotina” Louis termina por ele, sorrindo
suavemente.
“Acho que preciso da rotina. Eles dizem que é uma parte
importante de...” Harry gesticula vagamente. "Você sabe?"
Louis concorda, embora não saiba. Na verdade não. Ele
sabe o que as pessoas geralmente sabem: coisas de filmes
e programas de TV, de histórias no jornal e de um amigo de
um amigo ou parente distante. Ele se sente um pouco fora
de si ao falar sobre isso, o coração batendo um pouco mais
rápido do que o normal, as palmas das mãos um pouco
suadas, nervoso por dizer a coisa errada. Nervoso, ele vai
ferir os sentimentos de Harry, ou pior, estragar seu
progresso de alguma forma. Ele foi com seus instintos até
agora, disse o que parecia certo no momento e esperava o
melhor, suprimindo o medo de estar apoiando Harry de
forma errada. Quanto mais Harry se abre, menos ele é
capaz de afastar a sensação de que realmente não está
equipado para isso. Ele está armado com nada além de
boas intenções e um grande coração. Não falhou no
passado, mas ele teme que não seja o suficiente desta vez.
“Eles dizem que voltar à sua vida normal é como... manter
uma nova rotina saudável é importante e, uma vez que não
vou voltar à minha vida normal imediatamente, eu
realmente quero me acostumar com a nova rotina.” Harry ri
um pouco autodepreciativo. “Eu tenho que admitir, ajudar
você a cozinhar não foi tipo... totalmente altruísta da minha
parte. Parecia... uma boa maneira de implementar um
pouco de normalidade na minha vida aqui. Apenas mais um
elemento adicionado à rotina.”
“Bem, me sinto detestável”, Louis fala sem rodeios. “Eu me
sinto realmente trapaceado agora.”
Harry bufa. “Sim, foi terrivelmente manipulador da minha
parte”, diz ele, guardando sua tigela de salada vazia e
enterrando os dedos no pêlo encaracolado de Clifford.
“Como você se atreve”, Louis continua a brincar, a voz sem
emoção. “Me ajudando a cozinhar? E limpar? Por motivos
egoístas? Ugh. Canalha."
"Obrigado", disse Harry sério, em vez de continuar a piada.
Louis sorri quando seus olhos se encontram. Ele franze a
testa um pouco, porém, balançando a cabeça, questionando
silenciosamente. Ele verbaliza sua pergunta alguns
segundos depois. "Pelo quê?"
“Não estar me tratando estranhamente? Me deixando falar
sobre isso? Tirar as cartas de vinhos naquela primeira noite
na sala de jantar sem nem mesmo me perguntar... nada.
Quero dizer, faça sua escolha."
“Isso não foi... eu poderia apenas dizer que você estava
desconfortável e eu não queria que você ficasse. Não é...
não é nada especial. Você não tem que me agradecer por
isso. Você continua me agradecendo por fazer alguma
merda de cara decente realmente normal e me faz pensar
se você apenas sai com idiotas o tempo todo, ou o quê?"
Com isso, Harry caiu na gargalhada. "Na verdade..." ele
inclina a cabeça, antes de rir novamente e é contagiante.
“Você precisa de amigos melhores, cara” Louis avisa assim
que eles se acalmam um pouco.
"Sim... provavelmente", diz Harry, antes de se abaixar para
dar um pequeno beijo no topo da cabeça de Cliff. "Quer
dizer, eu tenho você e Clifford agora, então acho que é um
bom começo", acrescenta ele, timidamente, sem olhar para
Louis, os olhos focados no cachorro enquanto ele
cuidadosamente o acaricia, do topo de sua cabeça ao longo
do comprimento de seu corpo.
Algo protetor e feroz se enrosca no peito de Louis, cria
raízes, e se instala.
"Você definitivamente precisa."
Naquela noite, depois de caminharem com Clifford em um
silêncio sociável e se despedirem perto da recepção, Louis
se aninha na cama com seu laptop apoiado no peito,
abrindo guias após guias sobre vício, recuperação, sobre a
melhor forma de apoiar alguém nesse caminho. Ele
continua lendo até que a bateria do laptop caia para menos
de 30%, um pouco sobrecarregado, mas determinado a
obter o máximo de conhecimento possível.

Capítulo 5
O final de novembro chega quase despercebido. Ou, pelo
menos, pela minúscula exceção de que o sol começa a se
pôr às três e meia da tarde, depois às quinze e depois às
três, a luz do dia torna-se uma presença quase criptográfica
na ilha, mal vislumbrada até desaparecer de novo. É difícil
viver tanto tempo sem o sol às vezes, e é por isso que Louis
e Harry passam tanto tempo na praia ou no topo da torre,
rodeados por janelas. Eles absorvem a luz o máximo
possível até que a noite quase interminável os cubra
novamente, dia após dia.
Louis não está mais surpreso com isso, e é por isso que
naquela tarde específica, ele mal tira os olhos de seu
romance quando o sol começa a se pôr, simplesmente se
movendo ao longo do banco em direção à lâmpada na sala
da lanterna para acendê-la facilmente. Harry também não
se assusta, continua escrevendo em seu famoso diário sem
prestar atenção em Louis, ou na lâmpada. Ele parece estar
lutando um pouco hoje, escrevendo páginas e páginas e
depois voltando a lê-las e suspirando com o que encontra
ali. Ainda assim, os sons de tudo o que ele está criando
acompanham Louis há dias, e é por isso que ele mal presta
atenção e continua lendo o drama familiar que começou no
dia anterior.
Ele está totalmente imerso na história quando a luz se
apaga misteriosamente algumas horas após o pôr do sol.
Louis é conhecido por se afundar em um bom livro e
esquecer o resto do mundo, mas ele sabe no fundo de seus
ossos que não são nem perto das onze.
Ele solta um pequeno suspiro, colocando o livro de lado e
resmungando um minúsculo “é claro”, principalmente para
si mesmo, enquanto enfia a mão no bolso para pegar o
celular.
Como ele suspeitava, ele já recebeu alguns textos de
pessoas da cidade confirmando que eles também estão sem
energia e perguntando se ele está bem no farol.
"O que tem de errado?" Harry pergunta, parecendo confuso
e talvez até um pouco preocupado. "O que aconteceu?"
“Não é nada” Louis diz de forma tranquilizadora, sem tirar
os olhos do dispositivo enquanto envia uma mensagem de
volta para todos. "Apenas um corte de energia", acrescenta
ele, finalmente olhando para Harry e dando-lhe um sorriso
caloroso. “É na ilha inteira”, explica, jogando o celular de
uma mão para a outra. “Alguns vizinhos enviaram
mensagens de texto, embora dificilmente poderíamos
chamá-los de vizinhos, considerando a distância que eles
estão.”
Louis estala a língua e coloca o telefone de volta no bolso,
levantando-se do banco e caminhando em direção ao baú
no meio da sala. Ele abre e começa a remexer dentro.
“Não há nada com que se preocupar, acontece o tempo
todo”, Louis continua a explicar enquanto olha para a
bagunça. “Você teve muita sorte até agora, na verdade” ele
comenta enquanto sua mão envolve uma lanterna. "Aqui
está." Ele joga em Harry sem realmente olhar, satisfeito
quando não ouve nenhum gemido de dor.
"Você não está preocupado?" Harry pergunta e quando
Louis se vira para olhar para ele, ele acende sua lanterna,
quase cegando Louis com ela. “Oh! Desculpe” ele ri,
apontando para longe do rosto de Louis.
“Por que eu ficaria preocupado? Vivemos literalmente sem
energia todas as noites, não é como se não estivéssemos
acostumados. ”
“Você dirige um negócio, um restaurante!” Harry insiste. “E
a sua geladeira? Seus freezers?”
Louis encolhe os ombros, virando-se para olhar para o baú
novamente. “O gerador noturno deve ser forte o suficiente
para algumas horas extras. Ele é ligado sempre que a
energia é cortada e mantém os essenciais, seja a
interrupção planejada ou não. Os cortes são frequentes,
mas raramente duram muito. A menos que tenhamos uma
tempestade se formando, mas teríamos recebido um aviso
se esse fosse o caso. Vamos ficar bem.”
"Bom, se você tem certeza", disse Harry, soando cem por
cento não convencido.
“Você pode ficar surpreso ao descobrir que esta não é a
primeira vez que isso acontece comigo”, Louis brinca,
finalmente encontrando uma segunda lanterna. "Ah ha!" ele
diz triunfante, verificando se a bateria está funcionando
antes de fechar o baú. Ele volta para o banco e seu livro.
“Então, sim, deve estar tudo bem amanhã de manhã. Até
então, teremos que usá-las, desculpe por isso” diz,
acenando a lanterna na direção de Harry, certificando-se de
manter o feixe de luz longe de seu rosto.
Harry encolhe os ombros, com o rosto quase todo escondido
na escuridão. "Está tudo bem. Não é sua culpa.”
"Mesmo assim, não é exatamente como uma vida de luxo,
uh?" Louis brinca, pegando seu livro e colocando-o na coxa.
"Tudo bem", disse Harry. "Na verdade, isso é ótimo." Quando
Louis inclina a cabeça para olhar para ele, ele está
mordendo o lábio inferior. “É... é estranho, na verdade”
Harry começa a dizer depois de um momento, ‘’São o quê?
Cinco horas? Mas parece que já estamos no meio da noite.’’
“Essa é a alegria do lugar” Louis diz alegremente, abrindo
seu livro de volta para a passagem intensa que estava
lendo. “Estamos em algum lugar em que o tempo foi
esquecido”, ele brinca baixinho.
"Deus, sim" Harry concorda. Ele parece pensativo por um
segundo, mexendo em seu diário por um momento antes de
fechá-lo com um baque. E o coloca de lado com firmeza.
“Sabe... quando você mencionou pela primeira vez que o sol
estaria se pondo tão cedo em algum ponto? Eu pensei... que
isso seria deprimente como o inferno. Mas é realmente...
muito bom.”
"Você acha?" Louis pergunta, surpreso.
Muito poucas pessoas expressaram pensamentos
semelhantes, embora Louis já se sinta assim há muito
tempo. Talvez seja porque ele está totalmente no controle
de sua programação durante o inverno, para que ele possa
organizar suas tarefas em torno de aproveitar as preciosas
horas de sol, mas ele sempre gostou da ideia do mundo
escurecendo enquanto a natureza dorme, o inverno
tomando conta do mundo por um tempo. Há algo misterioso
e um pouco romântico na forma como Fair Isle existe nas
sombras por tanto tempo.
"Sim, eu... eu não sei, acho que gosto da ideia de ser..."
Harry hesita, brincando com a lanterna em sua mão,
fazendo o raio de luz se mover pela sala e desviar o olhar do
rosto de Louis. "Invisível, assim."
Talvez deva soar como uma bandeira vermelha para um
homem que Louis mal conhece e acolheu em sua casa para
falar assim, mas quanto mais ele conhece Harry, mais Louis
pensa o que entende. Ele pode saber quase nada sobre sua
vida fora da bolha que habitam na ilha, mas Louis sabe que
Harry foi profundamente ferido pelo mundo de alguma
forma. E é por isso que ele precisava tanto fugir. Então aqui
estão eles, ambos agarrados à beira do mundo, banhados
em escuridão, as duas únicas almas vivas no universo,
aparentemente.
"Sim?" Louis pede, secretamente esperando conseguir mais.
Ele não pode se culpar por se sentir curioso.
"Sim" Harry concorda, tamborilando os dedos contra a coxa.
“É como... eu não sei, reconfortante? Não tenho certeza se
posso explicar isso.”
Louis aperta os lábios com força, impedindo seu sorriso de
derramar. "Não se preocupe. Eu realmente entendo.”
Harry ri, então arrisca um olhar rápido na direção de Louis.
Ele o observa por um segundo e Louis não pôde deixar de
se perguntar o que é que Harry vê quando ele olha para ele
assim. Ele sabe que as versões que os outros têm dele não
influenciam quem ele é como pessoa, mas não consegue
deixar de se sentir sempre curioso. O que Harry lê na
aparência bagunçada e selvagem de Louis? Em seu
isolamento? Em sua euforia?
"Bem, sim" Harry finalmente concorda depois de um longo
tempo. "Suponho que sim."
Eles olham um para o outro pelo que parece muito tempo, a
conversa foi interrompida de uma maneira estranha, mas
nenhum dos dois parecia muito desconfortável.
"O que você está lendo?" Harry finalmente pergunta assim
que Louis acha que um deles realmente precisa dizer algo
agora. Ele desliza um pouco mais para perto dele no banco,
ainda a uma boa distância entre seus corpos, e estica o
pescoço para tentar ler por cima do ombro de Louis.
Automaticamente, Louis tenta esconder o livro de vista,
visto que tinha uma vida inteira de irmãos irritando-o
quando ele estava tentando ter um tempo de silêncio. Às
vezes o hábito toma conta de seu corpo sem seu
consentimento.
"Você não deveria estar escrevendo... o que quer que você
escreva naquele seu caderno secreto, agora?" ele provoca,
olhando para o dito caderno abandonado, e levantando uma
sobrancelha.
"Não é secreto" Harry murmura, de repente desviando o
olhar.
“Você simplesmente não quer que eu saiba o que é”, Louis
elabora, “Eu sei”. Rapidamente, para ter certeza de que
Harry sabe que ele não está realmente preocupado com
isso, Louis acrescenta: “O que é bom e permitido.
Obviamente. Mas não vou distraí-lo se quiser ser produtivo,
Sr. Escritor.”
Conforme previsto, Harry ressoa: "Não sou um escritor!"
“Tudo bem, tudo bem, seja o que for, você tem tentado
muito fazer isso a tarde toda. Não vou deixar você desistir.”
"Mas nada disso está funcionando hoje", disse Harry,
parecendo enojado. Com a escrita ou consigo mesmo, Louis
não sabe ao certo. “Tudo é simplesmente... um borrão.”
Harry diz isso irritado, franzindo o nariz em desgosto e
fazendo uma careta dramática.
Não demora muito para Louis rir de suas brincadeiras, mas
Harry parece sinceramente chateado, então ele reina a
diversão.
“Eu simplesmente não consigo me concentrar hoje. Eu
preciso de uma distração. Por favor, me fale sobre seu livro.
Eu estou implorando” Harry pede com um beicinho e Louis
engole em seco quando um flash de calor percorre seu
corpo.
É difícil esquecer, às vezes. Mesmo com eles se tornando
amigos e com a constante lembrança de que Harry é um
dos hóspedes de Louis - e passando por um momento difícil
-, ele não consegue evitar a atração. É um pensamento sem
fim em sua cabeça que ele tem que trabalhar duro para
apagar de sua memória.
“Por favor” Harry insiste e Louis pisca, desviando o olhar,
sentindo-se aliviado que a escuridão pôde esconder o rubor
de sua pele.
Ele limpa a garganta, passando uma mão nervosa pelo
cabelo. “É um… é sobre uma família dos anos 60. Todos se
amam, mas são bastante infelizes. E eles estão passando
por um momento difícil, um dos filhos morreu... é super
deprimente, na verdade.”
"Oh", diz Harry, coçando a bochecha esquerda e parecendo
um pouco confuso.
“É bom, na verdade”, Louis responde, sabendo que pareceu
confuso sobre seu veredicto. “Não é muito alegre, mas os
personagens são bastante atraentes. Quero dizer, eles são
quase todos horríveis um com o outro, mas você ainda está
torcendo por eles? É estranho. Bem escrito, eu suponho.”
Ele termina seu discurso com uma pequena risada, mais
uma coisa nervosa que escapa dele como qualquer outra
coisa, e quando Harry diz "Você pode ler um pouco para
mim?" com uma voz suave, Louis ri novamente. Para si
mesmo, principalmente desta vez, porque ele sabe que está
ficando cada vez mais difícil dizer não a este homem.
É a maneira como Harry faz sua exigência que atinge Louis,
na verdade. Simples, nem mesmo envergonhado.
"O livro?" Louis pergunta, olhando para onde está aberto em
seu colo.
"Você se importaria?" Harry disse, desta vez parecendo um
pouco envergonhado.
Louis se debate com isso. "Quero dizer, não? Claro que não."
Ele não tem certeza do porque Harry está perguntando, mas
não é como se ele se importasse em fazer isso. É um pedido
um pouco incomum, com certeza, mas tudo bem. Louis
pode lidar com coisas incomuns. Louis gosta do incomum.
"Vou começar do início, então, você será capaz de seguir
corretamente."
"Ah não. Você não tem que fazer isso” Harry protesta, com
os olhos arregalados. “Eu não quero que isso seja um
incômodo, você pode continuar de onde quer que esteja
agora. Eu só quero ter uma noção da vibe...”
“Não incomoda”, diz Louis, dobrando o canto da página.
“Vai ficar confuso para você se eu continuar. Você não
saberá quem é quem. Você precisa experimentar a coisa
corretamente.”
Então Louis começa do começo, com a voz um pouco rouca,
o ritmo um pouco lento, mas eventualmente, ele se
aprofunda direito, começa a fazer as vozes conforme
avança o segundo capítulo, então o terceiro, e o quarto.
Logo, já passou da hora habitual do jantar e a voz de Louis
está bem rouca, e Harry não se moveu desde então, com os
olhos bem abertos enquanto ouve Louis lhe contando uma
história como esta.
Finalmente, quando Louis chega a um bom ponto de parada,
ele limpa a garganta. “Talvez devêssemos ir buscar alguma
comida? São quase oito horas” diz, com a voz falhando.
"Hmm?" Harry diz, ainda parecendo um pouco atordoado.
"Sim, sim. Claro. Desculpe” ele exclama, estremecendo um
pouco. "Eu não sabia que fazia tanto tempo... Juro que só
queria que você lesse o parágrafo de abertura."
“Sim, eu também” Louis ri. “Mas eu gostei bastante. Posso
continuar o livro mais tarde ”, ele oferece, antes de
perceber que pode ser um pouco estranho. "Quero dizer...
se você quiser."
"Sim", disse Harry, parecendo um pouco incerto. "Talvez.
Quero dizer, se você quiser.”
“Não me importo”, Louis insiste. “Talvez tenha que esperar
um pouco, vou precisar descansar um pouco minha voz” ele
brinca enquanto os dois se levantam para descer as
escadas, segurando suas lanternas.
Com a maioria das trivialidades fora de serviço devido a
queda de energia, Louis faz uma salada rápida que eles
comem quase em silêncio, Harry pensativo e Louis
simplesmente cansado de ler por tanto tempo. Eles cuidam
da louça rapidamente e, assim que terminam, Louis se
prepara para levar Clifford a um passeio.
"Que ir?" Ele pergunta para Harry enquanto coloca seu
casaco e o mesmo acena com a cabeça, seguindo-o
obedientemente.
Quando estão na praia, Clifford começa a farejar, deixando-
os para trás enquanto corre e se diverte. Harry está fazendo
o mesmo, curvando-se a cada poucos minutos para pegar
algumas pedras e seixos, observando-os cuidadosamente
na escuridão antes de jogá-los de volta no oceano.
"Tem certeza que sua comida vai ficar bem?" Harry
pergunta em algum momento, com os olhos fixos em um
pedaço de vidro do mar que ele encontrou.
Louis não pode dizer a cor no escuro, então aponta sua
lanterna na direção de Harry para tentar dar uma olhada.
Azul, ele pensa. Então, ele franze a testa. Não, verde.
“Tenho quase certeza” Louis diz, ainda segurando a lanterna
contra o corpo de Harry.
Sua postura é terrível, todo curvado sobre si mesmo
enquanto olha para o tesouro que encontrou e Louis sente
uma onda de inexplicável de carinho tomar conta dele. Ele
espera que Harry jogue o vidro do mar de volta na água
como tem feito com tudo até agora, mas ele o rola entre os
dedos por muito tempo antes de finalmente colocá-lo no
bolso da jaqueta.
"Mas tipo... tem certeza?" Harry pergunta, finalmente
olhando para ele. “Toda a sua comida está lá. Você não
deveria colocar um pouco fora?"
Louis bufa. “Não está tão frio lá fora”, diz ele, gesticulando
vagamente para o ar ao redor deles, o ‘’duh’’ no final de sua
frase implícito.
Não está quente, com certeza, mas também não está frio o
suficiente para manter a comida de Louis fresca.
Especialmente quando ele tem um gerador funcionando
para cuidar disso. A preocupação de Harry é fofa, Louis
supõe.
"Mais frio do que uma geladeira desligada", Harry
argumenta, se abaixando para acariciar Clifford quando ele
se aproxima dele, feliz.
"Exceto que tenho um gerador."
“E se o corte de energia durar alguns dias?” Harry diz. “O
seu gerador é forte o suficiente para isso? Acho que talvez
devêssemos nos preparar para cada eventualidade.”
"Você é sempre pessimista?"
"Não sou pessimista", respondeu Harry, parecendo um
pouco ofendido.
Louis murmura que tem suas dúvidas e quando Harry
suspira de indignação, ele começa a rir.
“Eu sou realista. Estou tentando evitar uma catástrofe.
Quero dizer, são suas ações e seu dinheiro, você pode fazer
o que quiser ”, diz ele, fazendo beicinho e cruzando os
braços sobre o peito.
"É minha ação", concorda Louis, "E eu aposto cinco dólares
que a energia estará de volta pela manhã."
"Uma nota de cinco?" Harry torce o nariz. “Não parece que
está tão convencido de que vai vencer.”
“Tudo bem, eu aposto que você limpe devidamente todos os
banheiros da pousada, que é minha grande tarefa dessa
semana, se a energia voltar amanhã. Se eu ganhar, você
tem que ajudar. Se não... você está livre."
Harry sorri. “Eu sou um convidado, estou livre de qualquer
maneira. Você iria ter que fazer sozinho de qualquer jeito."
Louis suspira, jogando as mãos para o ar. "Tudo bem então,
o que você quer apostar?"
"Se você ganhar, eu o ajudo com os banheiros" Harry
oferece, "Mas se a energia não voltar amanhã, você tem
que terminar de ler o livro para mim."
Louis ri. "Vou fazer isso de qualquer maneira."
Harry encolhe os ombros. "Sim, e vou ajudá-lo com a
limpeza de qualquer maneira, qual é o seu ponto?"
Então, ele sorri e Louis não consegue dizer não, mesmo que
seja um pouco ridículo e sem sentido.
Eles dão um aperto de mão como se fosse uma aposta
correta que tem algum significado e, uma vez que isso seja
devidamente imposto, eles voltam para o farol.

Na manhã seguinte, Louis está mexendo nos arquivos dos
clientes no computador, esperando que Harry volte de sua
caminhada diária com Clifford, com uma expressão
presunçosa no rosto. Sete e meia já passou e a energia
voltou, como sempre, sem estranheza, sem atrasos.
É bom vencer, mesmo que ele tenha a vantagem tática de
morar em Fair Isle há anos. Ainda assim, ele está um pouco
bobo enquanto tenta se manter distraído até que Harry
volte. Ele fica olhando a hora no computador, batendo o pé
contra o banco em uma demonstração ansiosa de energia.
Finalmente, depois do que parece uma eternidade, a porta
se abre e Harry e Clifford entram.
"Oh, bem, olá estranhos!" Louis diz com um sotaque chique,
fazendo grandes gestos para saudá-los. “Bem-vindos à
minha linda pousada, possuímos todos os luxos modernos
que você possa precisar, como água corrente e
eletricidade”, ele finaliza incisivamente.
Harry arqueia as sobrancelhas, mas não diz nada,
simplesmente pressiona a mandíbula enquanto começa a
abrir o zíper do casaco.
“Não, por favor, venha para cá” Louis insiste quando Harry
começa a caminhar em direção à sala de estar, “Deixe-me
demonstrar como nossa eletricidade está funcionando bem,
não seja tímido. Você pode fazer perguntas.”
Harry zomba. “Tudo bem, eu entendi. Eu entrei em pânico
por nada.”
“Não, não, venha” Louis diz, ainda com uma voz elegante,
não querendo quebrar o personagem.
Harry dá alguns passos em direção à recepção antes de se
apoiar no balcão com os dois antebraços. E então, ele dá a
Louis a maior revirada de olhos.
"Você quer me mostrar uma coisa?"
Louis sorri, um pouco mais encantado do que é saudável,
enquanto se esforça um pouco para mover seu pesado
monitor para que Harry possa ter um vislumbre da tela.
“Precisa de ajuda com isso?” Harry pergunta. "Parece
pesado"
“Estou bem” Louis resmunga um pouco, deixando escapar
um pequeno ruído de vitória quando consegue mudá-lo para
que Harry tenha uma boa visão. “Veja só que maravilha
moderna."
Harry dá uma olhada no computador. “Eu não chamaria isso
de 'moderno', companheiro”, diz ele usando dois dedos para
fazer aspas no ar.
“Mas é, nós temos energia e você tem que lavar os
banheiros comigo” Louis diz, uma sugestão muito
presunçosa enquanto agarra o mouse para mudar as guias
do computador, fazendo a tela ficar totalmente preta.
Harry, com toda a bondade e dignidade do mundo, cai na
gargalhada. "O que você estava dizendo?"
“É um computador antigo!” Louis argumenta enquanto a
tela preta é preenchida com mensagens de reinicialização.
“Isso acontece o tempo todo, não tem nada a ver com a
energia.”
"Mmmhmm" Harry diz, não convencido enquanto se inclina
para longe do balcão. “Com certeza parece estar
funcionando muito bem”, acrescenta ele, entrando no
corredor. "Eu vou tomar café da manhã, mas você pode
continuar usando sua eletricidade maravilhosa, Louis,
parece muito boa."
“Você vai lavar os banheiros comigo!” Louis chama em
retirada antes de olhar para sua antiguidade. "Traidor", ele
sussurra para a máquina.

Uma semana depois, Louis entra na sala em busca de um
livro específico que ele acha que Harry iria gostar. Eles
terminaram o drama familiar em apenas alguns dias,
passando rapidamente para alguns contos que eles leram
muito rapidamente também. Louis tem certeza de que
nenhum dos dois pretendia que isso se tornasse uma coisa,
mas com certeza se tornou. Acontece principalmente à
noite, depois de comerem e depois de caminharem com
Clifford juntos. Eles vão subir para a sala das lanternas
armados com canecas de chá e Louis vai ler em voz alta. É
surpreendente como essa experiência é reconfortante e
saudável, o quanto isso o fez se sentir mais próximo de
Harry. Louis sempre considerou a leitura uma atividade
solitária e está surpreso com o quanto gosta de
compartilhar isso com um amigo.
Quando ele entra na sala de estar/biblioteca, Louis fica um
pouco confuso ao encontrar Harry lá. Ele tinha certeza de
que tinha desaparecido em seu quarto depois do almoço,
em um de seus humores sombrios desde o telefonema
matinal. Mas aqui está ele, dormindo profundamente no
sofá, de costas com os braços cruzados sobre o peito, com o
grande cachorro bobão de Louis esparramado sobre as
pernas e o torso.
Louis para na porta e suspira enquanto olha fixamente por
alguns instantes. É um pouco assustador fazer isso, mas ele
não consegue se conter. Há algo pacífico em Harry
dormindo, uma falta de autoconsciência, de precisão
calculada, que Louis não pôde deixar de achar fascinante.
Seja o que for que Harry queira esconder, isso não o
incomoda durante o sono. Seu rosto está liso e relaxado,
enquanto ele respira profundamente, roncando um pouco.
Ele ainda está se segurando perto como se estivesse
tentando se tornar ainda menor, mas ele não parece
agitado. Clifford é praticamente igual, com a cabeça
apoiada na barriga de Harry, vivendo como um rei,
ganhando todos os abraços do mundo. Louis conhece o
peso confortável dele muito bem, está familiarizado com a
garantia de que Clifford pode trazer sem tentar, um suporte
silencioso... Não é de se admirar que Harry pareça tão à
vontade.
Louis muda um pouco o peso e o chão range, fazendo o
rosto de Harry se contorcer levemente. Louis pragueja
baixinho e pensa em apenas sair da sala, fingindo que
nunca esteve lá, mas quando Harry se move novamente,
ele toma a decisão rápida de entrar. Louis vai direto para
uma das estantes de livros, inclinando-se para frente e
movendo a cabeça para ler os títulos, agindo como se
estivesse fazendo isso há algum tempo, sem notar a
presença de Harry.
Louis está tentando ler o mesmo título pela terceira vez,
sem conseguir se concentrar, quando Harry geme um pouco
ele finalmente se vira.
Ele é recebido por um bocejo e olhos sonolentos, o cabelo
de Harry despenteado no topo de sua cabeça.
“Ei” Louis sussurra quando Harry acena sem entusiasmo
para ele. “Eu não te acordei, né? Estou apenas procurando
um livro.”
Harry boceja novamente, abaixando-se para acariciar a
cabeça de Cliff. “Não, está tudo bem” ele diz, com a voz
rouca. "Eu dormi por muito tempo?"
Louis encolhe os ombros. “Não faço ideia, mate. Achei que
você ainda estava lá em cima."
"Fiquei um pouco", diz Harry, franzindo a testa. “Acho que
fiquei aborrecido comigo mesmo e precisava de uma
mudança de ambiente. Devo ter ficado muito cansado para
adormecer assim.”
“É o efeito do cachorro pesado”, comenta Louis, apontando
para Clifford. “No segundo em que ele te abraçar, você está
acabado. Há um cochilo chegando e você não pode pará-lo.”
Harry sorri e olha para o cachorro que ainda dorme. "Sim,
suponho que isso ajude." Ele limpa a garganta e tosse antes
de falar novamente. “Que livro você está procurando?”
“Apenas um romance” Louis diz inutilmente, voltando sua
atenção para a estante. “É um romance contemporâneo,
mas é tipo... muito engraçado. Acho que você gostaria e eu
poderia me divertir fazendo as vozes, mas não consigo
encontrar.” Louis diz antes de passar para a próxima
estante de livros. "Talvez alguém o tenha trocado."
“Você está procurando um novo livro para ler para mim?”
Harry disse, parecendo um pouco surpreso.
Louis para um dedo na lombada de um livro. Ele se vira. “A
menos que você não queira? É que... terminamos os contos
agora, então.”
"Não", disse Harry, tentando se sentar sem incomodar
Clifford. "Não, eu definitivamente quero que você faça isso."
Acaricia a lateral do corpo do cachorro, tentando fazer com
que ele se acalme depois de se mover. “Silêncio, descanse
agora. Não estamos nos movendo ainda” Ele sussurra com
uma voz suave.
"Legal!" Louis responde, voltando a se concentrar nos livros.
Concentrando toda sua atenção. Finalmente, depois de mais
alguns minutos semicerrando os olhos, Louis exclama "Ah-
ha!" triunfantemente e arranca um livro com uma capa rosa
vibrante. "Achei", diz ele, brandindo-o para Harry ver.
“É difícil imaginar que você tenha lutado para encontrar,
considerando a cor” Harry brinca, levantando uma
sobrancelha.
Louis ri. "Sim, é difícil perder, não é?"
"Só um pouco."
Louis acena com a cabeça, folheando as páginas. "De
qualquer forma, podemos começar hoje à noite, se você
quiser."
“Podemos começar agora?” Harry oferece um pouco tímido,
parecendo adorável demais ainda acariciando o cachorro de
Louis. "A menos que você tenha coisas para fazer hoje,
obviamente."
“Não, eu... está bem. Podemos começar agora, com certeza.
Vou pegar um copo d'água e já volto.”
Assim que Louis está de volta com água para Harry e para si
mesmo, ele se acomoda em uma grande almofada no chão,
de pernas cruzadas, e as costas pressionadas contra o meio
do sofá. Harry está deitado de novo, acariciando Clifford,
que fica farejando o cabelo e a nuca de Louis, com carinho e
curiosidade.
Louis limpa a garganta e abre o livro.

Faltam apenas dez dias para o Natal e Louis percebe que
não chegou a dizer à mãe que não iria à festa de família
este ano.
O quê Louis está percebendo agora enquanto ela balbucia
com ele ao telefone sobre os planos para seu aniversário, foi
um pouco de descuido.
Em defesa de Louis, eles não se falam há anos.
Ok, talvez não seja uma defesa tão boa, mas tanto faz.
Louis não é perfeito, ele tem estado ocupado!
Normalmente, o farol está totalmente vazio nesta época do
ano, mas com Harry lá, toda a sua rotina é alterada, as
noites vazias que ele normalmente passaria ligando para
casa, cheias de conversas sobre tudo e qualquer coisa,
foram substituídas por Harry. Ele manda mensagens para
sua mãe, é claro, pergunta como todos estão e se mantém
atualizado, mas eles não têm uma conversa adequada ao
telefone há... mais tempo do que Louis se sente confortável
em admitir.
“Sim, hum... mãe, sobre isso” Louis finalmente interrompe
seu discurso sobre os presentes dos gêmeos, com as
palmas das mãos suadas. Ela não vai ficar feliz com isso.
“Me desculpe, eu deveria ter dito antes, mas eu não posso ir
este ano. Eu vou trabalhar.”
Parece errado chamar Harry de trabalho , mas Louis não
tem certeza de que outra forma ele deveria explicar isso.
Para o horror de Louis, Jay parece genuinamente chocada
com isso.
"O que você quer dizer com você não pode vir?" ela
pergunta, e ele pode ouvir em sua voz a decepção absoluta.
“Mãe, eu...” Louis limpa a garganta, começando a andar
pela cozinha. “Você sabe que tenho um convidado agora,
não posso exatamente fechar a pousada e vir. Sinto muito,
eu deveria ter dito antes... eu só ... esqueci
completamente."
Jay suspira. “Não”, ela diz baixinho, “É minha culpa. Eu
deveria saber. Quer dizer, você me disse que o hóspede
ficaria até março. Eu simplesmente não pensei.”
“Não, mãe. Não, é minha culpa. Fui um idiota por não ligar
para te contar."
“Bem, eu não aprovo essa linguagem, mas não discordo”,
ela brinca e Louis ri, aliviado por ela não estar realmente
furiosa com ele. "Eu entendo, não é como se você pudesse
realmente deixar um estranho em sua casa sozinho por uma
semana."
"O que?" Louis exclama. "Não é-." Ele se interrompe, sem
ter certeza de como deveria explicar que não quer deixar
Harry sozinho, nem quer mandá-lo embora. Não se ele não
quiser ir, não se ele precisar ficar longe de sua família
agora.
Ninguém deve passar o Natal sozinho.
Principalmente Harry.
“De qualquer forma, eu deveria ter dito antes. Eu estava tão
ocupado que esqueci completamente.”
Ouve-se um rangido e quando Louis se vira, Harry está
entrando na cozinha, dando-lhe um pequeno aceno
amigável antes de ir direto para a chaleira.
Louis murmura um pequeno 'oi' de volta para ele, antes de
se concentrar em seu telefonema novamente.
“Eu entendo baby, está tudo bem. Eu sei que as meninas
vão ficar desapontadas, mas vão entender também.
Contanto que você envie seus presentes a tempo!”
Louis sorri enquanto observa Harry encher a chaleira. “Você
sabe que isso já está feito”, ele responde porque
encomendou seu último presente no dia anterior e ele vai
ser entregue diretamente na porta de sua mãe no dia 23.
“Também me ressinto da insinuação de que Ernie não vai
ficar desapontado por eu não estar aí”, ele brinca e ri
quando sua mãe geme.
Chamar seus irmãos de “as meninas” é um hábito do qual
ela ainda luta para se livrar, para a diversão sem fim de
Louis.
"Você sabe o que eu quis dizer!" Jay argumenta, estalando a
língua em irritação com ele.
"Sim, que meu irmão mais novo não me ama."
“Como eu criei uma criança tão chata, honestamente”, ela
comenta, principalmente para si mesma.
Louis encolhe os ombros, embora ela não possa vê-lo. "Não
sei, mas você me criou, então só pode culpar a si mesma."
"Acho que sim", ela murmura antes de falar novamente. "O
que você vai fazer no seu aniversário?"
Louis cantarola. “Provavelmente nada”, declara. Não é como
se ele se importasse, particularmente.
“Você não pode fazer nada, Louis. Você precisa comemorar.
Puxa, eu realmente preciso começar a enviar todos os seus
presentes para ter certeza que eles cheguem a tempo e-”
“Mãe” Louis diz, tentando não soar muito exasperado. A
última coisa que ele quer é que ela se preocupe com ele,
quando ela tem uma família tão grande em quem pensar.
Ela está ocupada, ela está sempre ocupada, e o aniversário
dele deve ser a última coisa em sua mente. “Você
realmente não precisa se preocupar com isso, ok. Eu sei o
quão ocupaa você fica no Natal como cozinhar para todos e
outras coisas. Por favor, está tudo bem. Não pense em
mim.”
Há alguns segundos tensos de silêncio entre eles na linha e
Louis sabe que ela está irritada com ele.
“Não quero que você passe seu aniversário sozinho sem
presentes”, ela finalmente diz depois de um tempo. "Eu sei
que você está preocupado por eu ter coisas demais para
fazer, mas você é o meu mais velho e estarei pensando em
você e fazendo coisas para o seu aniversário, goste ou não."
Ela diz tudo com muita naturalidade e, ao longo de seus
vinte e seis anos de vida, Louis aprendeu que não há muito
que ele possa fazer quando ela está sendo teimosa assim.
Eles são muito parecidos, então ele não vai cair sem lutar.
“Mãe” ele suspira. "Não vou ficar sozinho, tenho um
convidado, lembre-se", diz ele, gesticulando vagamente na
direção de onde Harry está desligando a chaleira agora que
parou de assobiar. Em seu entusiasmo para discutir com ela,
ele se esqueceu novamente de que eles não estão no
Facetime. “Além disso, sou um homem adulto, não preciso
fazer nada de especial no meu aniversário. Por favor, não se
preocupe com isso, apenas tenha um bom Natal com a
família e irei visitá-los mais tarde. Você pode dar o meu
presente então, não é problema."
“Bem, eu só acho que-”
"Mãe!" Louis insiste. “Por favor, está tudo bem. Não vou
morrer se passar meu aniversário sozinho. E também, não
estou sozinho. Estou com Clifford e Harry.”
“Eu suponho” sua mãe diz, ainda não convencida.
"Escute, eu tenho que desligar", Louis diz, não querendo
deixar a conversa continuar agora que ela quase aceitou a
derrota, "Mas eu ligo para você em breve, certo?"
Ela suspira alto. "Tudo bem, mas não estou feliz com isso."
Louis sorri, depois revira os olhos. "Eu sei. Vou buscar bolo
pelo menos, certo?"
"Certo."
“Ouça”, ele finalmente acrescenta, “Sinto muito sobre o
Natal”.
“Está tudo bem, baby,” Jay disse antes de desejar a ele um
bom dia e desligar o telefone.
“Desculpe por isso” Louis diz sem jeito antes de colocar o
telefone no bolso de trás da calça jeans. Ele olha para Harry
e lhe dá um sorriso educado.
Harry franze a testa, então balança a cabeça enquanto
entrega a Louis uma caneca fumegante. "Você não precisa
se desculpar."
“Obrigado” Louis diz, pegando o chá que Harry fez para ele.
Ele toma um gole, feliz por descobrir que foi feito com
perfeição.
Harry se vira imediatamente para fazer o seu próprio e
Louis não consegue ver o que ele está fazendo, mas assume
que ele está colocando uma quantidade prejudicial de
açúcar no seu, a única diferença entre suas canecas com
leite. Assim que ele termina, Harry se vira para encarar
Louis, sorrindo quando vê que ele não se moveu de seu
canto da sala. Ele se inclina no balcão, cruzando uma perna
longa sobre a outra antes de olhar para sua caneca. Ele
sopra suavemente antes de falar.
"Eu é quem deveria estar arrependido", disse Harry em voz
baixa. "Eu sinto muito."
"Do que você precisa se desculpar?" Louis pergunta com
uma risada confusa. "Fazendo um chá perfeito mesmo
quando eu não pedi a você?" Ele acrescenta, levantando
sua caneca um pouco em direção a Harry.
O sorriso de Louis diminui quando não faz Harry rir.
"Você vai ficar preso aqui no Natal por minha causa."
“Ah” Louis diz, erguendo as sobrancelhas. "Que-"
“Eu realmente sinto muito” Harry disse, olhando para Louis.
"Eu..." Ele hesita e um olhar pensativo e preocupado
sombreia seu rosto por um segundo. “Sabe, Cheshire
realmente não é tão longe”, declara. “Não é uma viagem
tão longa para a minha mãe. Eu poderia ir lá nas férias, se...
se você quiser passar um tempo com sua família. Eu
entenderia. Quer dizer... eu sei que paguei por tudo e tudo
mais, mas realmente... devíamos ter discutido isso muito
antes. Se precisar de uma folga, não ficarei chateado.”
Ele acelera a coisa toda, diz tudo tão casualmente, como se
não pudesse ser incomodado, e Louis sabe, de imediato,
que ver sua família neste Natal é a última coisa que Harry
deseja. A maneira como ele está se segurando, muito
cuidadoso, muito quieto, diz tudo. Ele está quase
silenciosamente implorando a Louis para dizer que não é
problema, que ele não tem que enfrentar nenhum deles
este ano.
"Você quer ir para casa?" Louis pergunta.
"O que?"
"As férias. Você quer passá-las com sua família este ano?
Você se sente pronto?” Louis insiste. “Porque você
realmente não parece animado com o pensamento. E não
vou mandá-lo embora antes de estar pronto para ir apenas
para uma grande refeição com minha família. Posso fazer
isso a qualquer hora, sabe?”
Harry engole visivelmente, olhando para o chão novamente.
Se Louis fosse adivinhar, ele diria que há alívio em seus
olhos agora. Embora, é claro, ele não possa vê-los.
"E quanto ao seu aniversário?" Harry diz. "Sua mãe disse
que seria em breve, não?"
"É na véspera de Natal e acredite em mim quando digo, isso
realmente não importa."
Harry ergueu os olhos para aquilo, olhos arregalados.
"Mas... seu aniversário é no Natal?"
“Sim. E novamente, como disse à minha mãe há apenas
cinco minutos, sou um homem adulto. Eu posso lidar com o
fato de não ter uma festa de aniversário.”
"Eu…"
"Honestamente, Harry, você não precisa se desculpar. Ou se
sentir mal. Se eu não quisesse que a pousada abrisse no
Natal este ano, teria avisado quando você fez a reserva. Eu
não estou incomodado. Me sinto mal porque esqueci de
avisar minha mãe com antecedência, claro, mas não vou
chorar até dormir porque não estou com minha família.
Acontece. Eu moro longe. Eu tenho um negócio. Além disso,
passar um tempo com você dificilmente dá trabalho,
faremos algo divertido. Cozinhar uma refeição grande ou
algo assim."
"E um bolo", comenta Harry. "Para o seu aniversário."
Louis sorri. “Sou um péssimo padeiro. Só se você souber.”
“Está tudo bem, eu trabalhei em uma padaria em uma vida
anterior.”
Louis ri. "Você trabalhou?"
Harry encolhe os ombros. "Eu era caixa, na verdade, mas
você sabe... Certamente alguma coisa passou para mim?"
Louis bufa. "Oh, isso vai ser divertido."

Capítulo 6
Na véspera de Natal, Louis se permite um pouco de
descanso, ficando calorosamente aninhado na cama por
mais quarenta minutos antes de finalmente levantar e se
vestir. Quando ele chega no chalé, ele fica surpreso ao
encontrar Harry esperando por ele na porta da frente com
Clifford. Ele está vestindo moletom e tênis confortáveis, com
a coleira do cachorro já em sua mão. É muito mais cedo do
que seu horário normal de caminhada, apesar da manhã
preguiçosa de Louis, e ele não consegue deixar de se
perguntar o que o arrastou tão prematuramente.
Louis não tem que esperar muito por uma resposta porque
assim que Harry o vê, seu rosto se ilumina e ele acaba com
a distância entre eles em duas passadas rápidas,
alcançando Louis e envolvendo-o em um grande abraço.
“Feliz aniversário” Ele diz,com a voz quente e retumbante
nos ouvidos de Louis.
É um bom abraço, Louis pensa um pouco distante enquanto
se acomoda nele. Harry está esfregando suas costas
lentamente, não o largando mesmo quando eles estão nisso
há muito mais tempo do que um simples parabéns requer. É
uma presença suave contra o corpo de Louis e ele fecha os
olhos, aproveitando por mais um segundo antes de soltar,
ainda corando um pouco quando se afasta.
Com a exceção daquela vez que Harry se desfez em seus
braços, e o ângulo do abraço deles estava errado, os nervos
deles nunca realmente se tocaram. Assim não. Não
propriamente.
Louis não tem certeza se quer pensar sobre por que gostou
tanto.
"Eu esperava que você tivesse esquecido", ele admite em
um murmúrio, perseguindo os pensamentos do corpo de
Harry, sólido e quente contra o seu. "Por favor, me diga que
você não acordou cedo por mim, eu não aguentaria."
Harry ri. "Devo mentir?" Ele pergunta com um pequeno
encolher de ombros.
Louis geme em resposta, inclinando a cabeça para trás.
“Tudo o que eu queria no Natal deste ano é que as pessoas
não fizessem barulho. Tudo que eu queria."
Harry ainda está rindo quando Louis termina seu pequeno
discurso.
"Você não tem nenhuma surpresa terrível preparada para
mim, tem?" Louis pergunta, desconfiado.
"Eu realmente não tenho", responde Harry. "Promessa. Mas
como é véspera de Natal, meu padrinho está com a família
e tudo, então não vou ligar hoje. Eu só pensei que talvez
você gostaria de companhia em sua corrida. Parece
bobagem nós dois corrermos ou caminharmos com algumas
horas de diferença. Principalmente no seu aniversário. A
menos que você queira ficar sozinho.”
“Apenas companhia, certo? Sem surpresa? ” Louis demora
para ter certeza, estreitando os olhos para Harry de uma
forma desafiadora.
Harry não parece particularmente ameaçado pela
intensidade de Louis. Na verdade, ele apenas ri de novo. "Eu
prometo. Quer dizer, que tipo de surpresa eu poderia
orquestrar nesta ilha? Parece... que não tem nada aqui.
Ajudo você a fazer um bolo e a preparar o jantar, se quiser?
Mas isso é o máximo de surpresas.”
Louis concorda. "Bom." Então, ele sorri. "Tudo bem então,
vamos!" ele diz, batendo suavemente no peito de Harry ao
sair, começando a correr imediatamente.
Não demorou muito para Harry alcançá-lo, os dois correndo
no mesmo ritmo. Não nevou este ano, ainda não, mas a
grama ainda está gelada a essa hora da manhã, em uma
pálida imitação de inverno que não chega a cortá-la. Ainda
assim, Louis não consegue se lembrar da última vez em que
teve um inverno branco, então não é como se ele estivesse
se sentindo como se estivesse perdendo muito. Embora haja
algo satisfatório na maneira como a grama se estilhaça sob
seus pés enquanto eles correm ao longo dos penhascos.
Normalmente, Louis ouve música pela manhã e se perde
completamente. Porém, hoje, na escuridão, ele consegue
desfrutar de cada som e sentimento que esta manhã tem a
oferecer; as ondas abaixo, Harry respirando ao lado dele, as
patas de Clifford batendo no chão, o pedaço de terra
congelada sob seus pés.
É estranho pensar que já é Natal. Parece que foi ontem que
Louis teve um vislumbre de Harry à distância, mas ele se
integrou ao farol perfeitamente, como nenhum outro
convidado fez antes. Ele já está aqui há meses, meses que
normalmente Louis passa completamente sozinho e, mesmo
assim, ele ainda não achou sua presença irritante. É
estranho, mas Louis certamente não questionará.
Logo, eles chegam à praia e fazem uma pequena pausa na
corrida.
"Posso perguntar quantos anos você tem?" Harry pergunta,
alcançando dentro do bolso de sua jaqueta uma bola de
tênis, e jogando-a do outro lado da praia para Clifford
buscar.
Louis engasga, colocando uma mão delicada no peito em
ofensa simulada. "Como você é ousado? É rude perguntar a
uma senhora a idade dela!"
"Uma dama? É isso que você é?" Harry diz sarcasticamente.
“Ei! Eu me ressinto das implicações.” Louis balança a
cabeça antes de passar a mão pelo cabelo rebelde. É uma
batalha perdida com o vento, mas ele nunca vai parar de
lutar. "Tenho vinte e sete anos."
"Vou fazer 25 anos em fevereiro", revela Harry.
“Eu sabia que você era mais jovem do que eu”, Louis brinca.
"Você tem aquela pele brilhante de um jovem."
"E acne, ainda!" Harry bufa, parecendo mortalmente
ofendido. “Quem diz que desaparece depois que viramos
adolescentes merecem levar um tiro.”
“Oh, confie em mim, eu sei. Bem, não pessoalmente” Louis
diz com uma piscadela, um pouco atrevido, feliz que a
escuridão está provavelmente escondendo isso, “Mesmo
com o jeito da minha irmã mais velha com maquiagem e
cuidados com a pele, ela tem problemas. Já ouvi esse
discurso."
"É realmente injusto", disse Harry, apontando por cima do
ombro como se seu cabelo comprido inexistente estivesse
virado. “Cumprimos o nosso tempo”, acrescenta ele no
momento em que Clifford corre de volta para ele, abanando
o rabo e entregando-lhe a bola de tênis. "Você fez um bom
trabalho" Harry sussurra para ele, pegando a bola e
jogando-a novamente. “Então...” Ele finalmente diz, olhando
para Louis. "Como é?"
"Como é o quê?"
"Vinte e sete."
“Ugh” Louis revira os olhos. "Eu odeio essa pergunta."
Harry bufa. “Bem, eu sinto muito. Estou conversando.”
“Não, eu sei... é só que... parece exatamente o mesmo, não
é? Você ainda é apenas você, é só mais um dia. Quero dizer,
você vai completar um quarto de século em o quê... um
mês? Espere, quando é exatamente o seu aniversário?"
“Primeiro de fevereiro?” Harry oferece, parecendo um pouco
confuso com o discurso de Louis.
“Certo, então… em cerca de um mês! Um quarto de século!
Supostamente seria um grande problema... mas tudo vai ser
como antes.”
Harry sorri, um pouco triste. "E aqui estou eu, esperando
que toda a minha vida mude magicamente."
"Harry…"
“Estou brincando”, diz ele. “Quer dizer, mudei muito na
minha vida e ainda estou trabalhando para mudar. Não sou
ingênuo o suficiente para pensar que um marco bobo vai
fazer isso por mim.” Ele parece pensativo por um segundo,
com os olhos fixos no horizonte escuro. Então, ele diz: “Mas
seria ótimo. Para de repente chegar a uma idade e bam...
você tem todas as respostas sobre a vida adulta."
“Bem” Louis diz, cutucando seu braço suavemente, “Eu
estou fazendo trinta anos relativamente em breve, então
dedos cruzados, uh?”
Harry olha para baixo, ainda carregando aquela tristeza,
aquele fardo, aquele esforço, que ele sempre tem. "Sim."
Eles ficam na praia por muito mais tempo do que Louis
normalmente fica, acabando sentados na areia com Clifford
esparramado entre eles, dando-lhe carinhos na barriga e
sorrindo timidamente um para o outro sempre que seus
dedos tocam em sua pele. Eles falam sobre aniversários e
natais anteriores, um acordo tácito para manter as
memórias felizes e a luz passando entre eles. Harry faz
Louis rir tanto com as histórias de seu vigésimo primeiro
aniversário e a festa selvagem em Los Angeles, que ele
pensa que vai vomitar. Em algum momento, Louis conta a
história de quando ele decidiu fugir para o seu nono
aniversário porque seus irmãos menores estavam falando
muito alto em seus ouvidos sensíveis e como ele era o
príncipe do Natal, ele não tinha que tolerar isso.
“Minha mãe teve que me buscar na estação de trem!” Louis
revela, rindo tanto que mal consegue continuar.
"Ela não!" Harry chia.
“Eu disse a ela que estava me mudando para o Pólo Norte,
onde eles respeitariam meu reinado como o líder supremo
da temporada de férias!”
"Isso é incrivelmente adorável."
“Bem, é claro, é de mim que estamos falando”, Louis brinca,
desviando, tentando suprimir o calor que se acumula em
sua barriga.
Eles assistem ao nascer do sol em silêncio e Louis quase
chega às lágrimas, não pela visão do mundo despertando,
mas pela reverência de Harry a ele. Ele olha para o nascer
do sol com os olhos arregalados, o corpo totalmente imóvel
enquanto o vivencia como um momento sagrado. Como se
ele se sentisse sortudo por estar aqui para testemunhar,
como se ele estivesse grato pela oportunidade.
"É tão lindo", sussurra Harry, quebrando o silêncio apenas
quando o sol acaba de nascer.
Louis nunca pensou que conheceria alguém que ganhasse
este lugar do jeito que ele fez.

Voltando ao farol, eles comem crepes no café da manhã
com uma montanha de frutas e chantilly caseiro, e Louis
não consegue parar de rir quando Harry passa creme por
todo o rosto em seu entusiasmo em comer com a língua
primeiro. Quando terminam, Harry insiste em lavar os
pratos, dando a Louis um olhar tão severo que ele não
consegue nem discutir. Em vez de ajudar, Louis pega seu
laptop em seu quarto e segue até o topo do farol. Eles
preparariam a refeição - já que querem comer um assado
adequado em algum momento do Natal - , mas é seu
aniversário e é tarde o suficiente para que a maioria de seus
irmãos já estejam acordados agora. Ele não quer ser
incomodado, mas isso não significa que não queira ver sua
família.
Quase toda a sua família é comprimida para caber na tela
quando Louis os liga pelo skype e saber que eles
provavelmente estavam apenas esperando ao lado do
laptop de sua mãe que ele se conecte, quase traz lágrimas
aos seus olhos. É uma chamada caótica, todas as chamadas
do Skype com sua família são, as meninas gritando umas
para as outras para serem ouvidas, mas Louis adora cada
segundo disso. Eles cantam parabéns para ele, contando
tudo sobre seus planos para o feriado, e logo se acalmam
um pouco, todos conversando sobre o que está
acontecendo em suas vidas no momento.
No momento em que Harry se junta a ele no topo do farol
com duas canecas enormes, Daisy está contando uma
história sobre um de seus exames.
"Oh" Harry sussurra, parecendo preso e desconfortável.
Ele dá um passo para trás, em direção à escada, e Louis
arregala os olhos. "Cuidado!" ele diz, de repente com medo
de uma queda e o laptop fica completamente silencioso.
"Louis?" Sua mãe chama do alto-falante.
“Sim, sim” Louis diz, olhando para a tela. “Desculpe, Harry
acabou de entrar e eu pensei que ele fosse cair da escada
por um segundo. Ele é um pouco desajeitado.” Diz a última
parte com carinho, erguendo os olhos do laptop para Harry
com um sorriso.
Se derrete assim que consegue ver o rosto de Harry. Ele
está segurando os ombros para cima como se estivesse
tentando se esconder e não sabe para onde ir, com os olhos
arregalados como um cervo pego pelos faróis.
"Oh!" Jay exclama, completamente inconsciente do
desconforto na sala. “É seu convidado? Podemos dizer oi?
Desejar a ele um feliz Natal?”
Harry, por mais impossível que possa parecer, parece ainda
mais desconfortável com a sugestão. Ele engole em seco, a
cor drenando completamente de seu rosto. Então, ele dá a
Louis um olhar em pânico e balança a cabeça.
Louis franze a testa, mas não questiona. Em vez disso, ele
sorri para sua mãe.
"Ele é um pouco tímido e nós meio que tínhamos planos de
assistir um filme, então te ligo mais tarde, certo?"
"Oh, claro, querido, vamos deixar você aproveitar o seu
aniversário agora."
Eles se despedem, muitas vozes se juntando para lhe
desejar um feliz aniversário pela última vez antes de Louis
desligar o Skype.
"Você não tinha que desligar por minha causa", disse Harry,
permanecendo congelado no lugar.
“Eu não fiz isso. A conversa morreu.” Louis não sabe por
que mentiu assim, mas ele não consegue evitar o latejar
sob sua pele, o desejo irresistível de proteger os
sentimentos de Harry.
"Sinto muito, eu... eu só..." Harry engole em seco, com os
olhos piscando rápido como se fosse chorar. Sua respiração
está um pouco rápida demais para seu conforto e, por um
segundo, Louis pensa que isso pode ser o início de um
ataque de pânico. “É que eu... eu não posso...”
“Harry” Louis diz suavemente, levantando-se do banco. Ele
caminha em direção ao garoto perdido no meio da sala, com
as palmas das mãos oferecidas em rendição para que Harry
saiba que elas estão vindo quando Louis as coloca
gentilmente em seus ombros. “Você não tem que explicar.
Eles são estranhos. Você não precisa dizer oi para eles se
isso for difícil para você.”
Harry concorda. “Obrigado”, ele sussurra e Louis se
pergunta se talvez ele seja agorafóbico ou algo parecido. Se
for a ansiedade pelas pessoas que o levou a beber; se é
difícil lidar a bebida agora.
Pelo que parece ser a milésima vez, Louis lembra a si
mesmo que não é da sua conta.
Harry funga. “Eu fiz chocolate quente para você”, diz ele,
segurando as canecas. "Para o seu aniversário."
Louis aperta os ombros de Harry uma vez, depois o solta.
“Obrigado, Harry. Isso é muito gentil."
"Não é nada."
"Não, não é. Mas obrigado” Louis insiste, pegando uma das
canecas e dando uma cheirada no chocolate quente.
“Parece delicioso.’’
"Tudo bem", disse Harry sem jeito. "Bem, eu vou deixar
você com isso então."
"Para quê?"
Harry pisca. “Ligar para sua família?”
“Oh não, eu não vou fazer isso agora. Eu os amo, mas eles
são muitos. Eu ia assistir a um filme, quer também?” Louis
inclina a cabeça em direção ao banco.
Harry franze os lábios por um segundo. Então, ele pergunta:
“Que filme?”
“Bem, como é Natal, eu costumo assistir Simplesmente
Amor. O que é muito leve e extravagante da minha parte,
mas você não tem permissão para rir!"
Harry não ri. Em vez disso, ele sorri amplamente, com as
covinhas totalmente visíveis. “Eu amo Simplesmente Amor.
É um dos meus filmes favoritos.”
“Perfeito” Louis diz, voltando para o banco, e colocando seu
chocolate quente no baú ao lado de seu laptop, pegando um
cobertor enrolado na lateral. "Vá em frente" ele encoraja
quando percebe que Harry ainda não se moveu, afofando o
cobertor e inclinando a cabeça em direção ao banco.
Harry obedientemente se move pela sala, sentando-se no
meio do banco, bem na frente do laptop. Em seguida, ele
toma um pequeno gole de seu chocolate quente. Louis
espera até que ele termine, silenciosamente dizendo-lhe
para colocar sua caneca de lado com as sobrancelhas antes
de jogar o cobertor sobre o colo de Harry, certificando-se de
que ele esteja totalmente coberto. Em seguida, desliza ao
lado dele sob o cobertor de lã e pega o laptop.
Em algum ponto, durante o filme, Harry finalmente relaxa e
Louis sente que seus corpos estão se tocando, com a
maneira como ele vai relaxando pouco a pouco até estar
totalmente confortável. Quando Emma Thompson abre seu
presente de Natal, Harry começa a chorar um pouco,
voltando-se para esconder o rosto no ombro de Louis. Louis
se enrijece no início, com o coração pulando uma batida,
um pouco confuso com o que está acontecendo, mas ele se
adapta rapidamente, envolvendo um braço ao redor do
corpo de Harry e esfregando suas costas confortavelmente.
Só quando o filme termina é que eles se desvencilham
totalmente um do outro.
Eles passam a tarde fazendo um bolo juntos que Harry
insiste que tem que ser rosa, rindo na cozinha enquanto
ouvem música de Natal, bagunçando o lugar todo. Harry
acidentalmente derrama um pouco de farinha em Clifford,
transformando o cachorro de Louis em um pequeno elfo de
inverno, com seu pelo escuro agora branco. Ele pelo menos
está arrependido e passa quarenta minutos lavando Clifford
com um balde do lado de fora enquanto o bolo está no
forno.
Com a bagunça que fizeram na cozinha, eles decidem se
concentrar na limpeza em vez de criar mais caos,
concordando em fazer o assado adequado no dia de Natal,
embora Louis inicialmente quisesse isso no seu aniversário.
É mais tradicional assim, e eles comem uma refeição
simples em vez de celebrar a existência de Louis, deixando-
os com bastante espaço para comer quase um bolo inteiro
juntos.
Eles se sentam do lado de fora da sala das lanternas no frio
da noite, congelando o traseiro onde estão de pernas
cruzadas na galeria, enrolados em grandes moletons e
casacos. Louis lambe um pouco de glacê rosa do garfo,
sentindo-se vagamente enjoado depois de três fatias de
bolo e bastante feliz por realmente se sentir assim. É uma
lembrança da véspera de Natal quando ele era apenas uma
criança, devorando qualquer coisa doce em que pudesse
colocar as mãos com a desculpa de que era o seu único dia
e ninguém ousaria impedi-lo.
“Então, o trabalho na padaria realmente te influenciou”,
Louis brinca quando termina, esfregando a barriga através
de camadas de roupas.
“Nada mal, certo? Fizemos um bom trabalho”, diz Harry com
um grande sorriso, e uma gota de glacê rosa presa em sua
covinha.
Louis ri com a visão e Harry franze a testa, parecendo
confuso.
"O que é?"
“Você tem...” Louis aponta para ele antes de balançar a
cabeça, alcançando o rosto de Harry suavemente e
limpando o glacê.
“Oh” Harry diz quando Louis esfrega em seu prato. "Bem,
não é uma celebração adequada sem um pouco de
bagunça."
"Oh, acho que resolvemos isso quando sua bunda
desajeitada decidiu pintar meu cachorro."
“Ele estava no caminho!” Harry argumenta, endireitando os
ombros enquanto ele começa a gesticular. "Ele... ele me
cortou!" Explica, ilustrando seu ponto com um movimento
de varredura. “Foi inteiramente culpa dele. Ele é muito
perturbador.”
Louis morde o lábio inferior, se forçando a não rir.
"Mmmhmmm."
“Você estava de costas, então não viu. Você não sabe o que
aconteceu. Estou te dizendo, foi culpa dele!"
“É muito fácil culpar uma criatura que não consegue se
defender”, Louis brinca, acomodando-se um pouco mais
confortavelmente contra a torre, inclinando a cabeça para
olhar as estrelas.
‘’Porra, o céu está lindo aqui’’, Louis pensa.
Para sua surpresa, Harry não argumenta de novo e quando
Louis dá uma olhada em sua direção, nem mesmo se
preocupando em virar a cabeça, Harry está olhando para ele
em silêncio.
Louis desvia o olhar, olha para as estrelas e espera.
Finalmente, depois de alguns segundos, ele olha na direção
de Harry novamente. "O que?" ele finalmente diz.
"Você sabe o que mais é necessário para uma festa de
aniversário?" Harry pergunta com naturalidade. "Um
presente."
“Não” Louis protesta automaticamente. Ele nem mesmo deu
um presente de Natal para Harry, não tem como ele aceitar
um presente de aniversário.
"Então, obviamente eu soube sobre isso no último minuto e
nós somos... bastante limitados aqui, então eu lutei muito...
pensando sobre o que eu poderia te dar."
“Fácil”, Louis canta. "Nada!" Ele levanta as sobrancelhas
com a palavra, um pouco atrevido, um pouco sedutor.
"Foi perto", diz Harry, jogando junto com a mesma energia
maníaca, "Mas não exatamente."
Ele enfia a mão no bolso de trás, mexendo um pouco ao
redor para caber a mão sem ter que se levantar, e Louis o
observa fazendo papel de bobo com diversão.
"Ah!" Harry finalmente disse triunfante, erguendo o punho
fechado acima da cabeça.
Apesar de não querer nada, Louis não pôde evitar, uma
curiosidade crescente tomou conta de sua mente.
Especialmente quando Harry se vira para encará-lo, de
repente parecendo muito tímido.
“Então, obviamente, eu realmente não poderia comprar
nada para você e entregar a tempo, mas pensei... comprei
isso outro dia só porque... bem, achei que você gostaria.”
Harry abre a mão e dentro dela está um pedaço de vidro
marinho, azul escuro ou verde, ou ambos, o que ele pegou
há um tempo atrás, ou um mais antigo, Louis não sabe
dizer. "É realmente... bobo, na verdade, mas você sabe..."
Harry encolhe os ombros. "Você ama muito Fair Isle e isso...
eu peguei porque me lembrava de você", ele admite com
olhos honestos, grandes e verdes como o vidro do mar e
como isso poderia lembrar Harry de Louis quando olhar para
ele é como estar olhando para o olhar de Harry.
"Eu…"
“Isso me lembrou da cor do mar aqui...” Harry explica,
olhando para baixo e colocando a pedra nas mãos de Louis.
“Isso me lembrou de...” ele se interrompe, olhando para
cima, direto nos olhos de Louis. “Peguei porque pensei que
precisaria de um lembrete de como é aqui quando terei que
voltar à minha vida normal.”
Sua voz falha com a palavra 'normal'.
“Você deveria ficar com ele então” Louis diz suavemente,
tentando devolvê-lo, mas Harry se afasta, balançando a
cabeça.
"É um presente."
Louis não tem certeza se entendeu totalmente o gesto, mas
ele balança a cabeça de qualquer maneira, fechando a mão
em punho, mantendo-o seguro. "Obrigado."

A semana entre o Natal e a véspera de Ano Novo passa
rápida e lenta ao mesmo tempo. Eles mal saem do farol
enquanto a temperatura cai e cai, um verdadeiro frio de
inverno tomando conta do mundo. De manhã, eles discutem
sobre quem vai passear com Clifford e passam a maior
parte das tardes enrolados em cobertores na torre, Louis
lendo e Harry escrevendo. E, claro, às vezes Louis lendo em
voz alta para os dois.
Há uma nova energia frenética em Harry quando ele anota
as coisas, como se algo que Louis nunca pudesse entender
tenha desbloqueado nele e por isso esteja com pressa. Ele
voltou à melancolia também, perdeu todo o ânimo natalino
que tinha, várias sombras e fantasmas passando por seu
rosto enquanto ele rabiscava e rabiscava. Louis coloca seu
livro de lado às vezes, e apenas o encara, olha para ele
trabalhando e se pergunta. Ele se pergunta quanto tempo
conseguirá ficar observando Harry sem ser pego. Ele se
pergunta que tipo de demônio ele pode estar exorcizando
sem Louis saber. Ele se pergunta se um dia terá sorte o
suficiente - confiança o suficiente - para saber. Às vezes,
Harry cantarola baixinho e só na noite de vinte e nove de
dezembro é que Louis começa a pensar em alguma coisa a
respeito.
Louis ainda está limpando a cozinha sozinho, perdido em
pensamentos, quando de repente, do nada, ele ouve uma
música suave vindo da sala de jantar. Ele faz uma pausa,
com o pano na mão pairando sobre o balcão, enquanto
escuta a balada triste. Ele não conhece a música, mas
parece tão dolorosamente familiar no início que ele presume
que Harry colocou alguma vez depois do jantar. Ele passa
alguns segundos tentando decifrar onde a ouviu antes,
engolindo em seco a lenta melancolia da melodia, quando -
de repente - uma voz. Profunda. E cru. E calmante. Uma voz
que ele conheceu tão intimamente nos últimos meses que
quase não consegue acreditar no início. No entanto, de
alguma forma, é como se uma peça que faltava no quebra-
cabeça se encaixasse de repente no lugar. Harry está
cantando, sussurrando as palavras mesmo, com tal
intensidade que Louis larga o pano de prato e dá um passo
para trás.
Ele não pode acreditar que não sabia que Harry poderia
fazer isso. Ele não pode acreditar que não sabia que Harry
poderia fazer isso com tanto calor e emoção, toda a solidão
do mundo de repente colocada em uma música, como se
talvez pudesse fazer sentido. E Louis sabe, em um instante,
sem ser capaz de explicar para si mesmo, que a única razão
pela qual a música parece familiar é que Harry a escreveu.
O que é novo e precioso.
Louis fica na ponta dos pés da cozinha para o corredor,
subindo até a porta, mas não consegue reunir coragem para
entrar, não queria incomodar, não queria interromper. O
momento parece tão pessoal, tão terno, enquanto Harry diz
tudo, não deixando pedra sobre pedra. Ele provavelmente
não tem o direito de testemunhar, de bisbilhotar, mas não
pode ir embora. Louis se sente preso no lugar, incapaz de
respirar ou se mover, e se ele tiver que se enraizar
profundamente em algum lugar, se enredar num momento
sem chance de escapar, então ele fica feliz por estar aqui,
em seu lugar favorito na Terra, ouvindo a bela alma de um
homem por quem ele se preocupa.
Então Louis fecha os olhos, pressionado contra a porta,
ouvindo a música de Harry, com seu estômago embrulhado
com a dor, com a beleza, mesmo sabendo que ele pelo
menos tem uma maneira saudável de expressar tudo o que
precisa.
A música para, a canção desaparece no silêncio e Louis
esfrega os olhos, a ponta dos dedos saem molhadas de
lágrimas assim que as luzes se apagam, mergulhando-os na
escuridão.
Onze e meia. Como todas as outras noites, eles voltam no
tempo, com seus confortos modernos esquecidos até de
manhã.
No escuro, a voz de Harry parece ainda mais profunda do
que o normal.
“Você pode entrar, sabe”, ele declara, um pouco trêmulo,
mas não envergonhado. "Eu sei que você estava ouvindo."
Ele parece travado, mas um pouco desafiador, como se
Louis alguma vez dissesse algo negativo sobre uma
expressão tão bonita da alma de Harry.
Louis não hesita por um segundo antes de entrar, fechando
a porta atrás de si, fazendo seu caminho até o piano
enquanto seus olhos se adaptam à escuridão, evitando as
formas escuras de mesas e cadeiras até chegar onde Harry
está sentado em frente ao piano.
“Você escreveu essa música”, diz Louis, ainda a alguns
passos de distância. Não é uma pergunta.
Harry concorda. Louis mal consegue vê-lo no escuro, mas
parece que não precisa, parece um momento
transcendendo seus corpos físicos, como se eles estivessem
se encontrando pela primeira vez, coração com coração,
alma com alma. Mesmo sem luz, mesmo sem poder ver seu
rosto, Louis percebe que seu aceno é um pouco tímido.
"É o que eu faço’’, confessa Harry, tocando algumas notas
de uma música que Louis conhece de alguma playlist que
Lottie fez para ele. “Composição de músicas”, acrescenta
desnecessariamente. “Atuando.” Ele faz uma pausa. Com a
voz um pouco trêmula, ele acrescenta: “Me vendendo”.
Louis não diz nada, esperando caso haja mais necessidade
de Harry dizer esta noite.
“Meu nome não é Harry Twist” ele admite, prendendo a
respiração, enquanto o coração de Louis aperta
dolorosamente em seu peito.
“Eu suspeitei” Louis admite - tranquiliza - esperando que
Harry não esteja prestes a se culpar por isso. “Você não
pareceu usá-lo muito confortavelmente naquele primeiro
dia”, ele brinca.
Harry bufa, um meio riso, meio suspiro, e pelo menos ele
não parece que vai começar a chorar mais.
“É o sobrenome do meu padrasto”, confessa. “Eu
costumava usá-lo para ficar incógnito em hotéis e outras
coisas, mas depois minha fanbase começou a saber tudo
sobre mim e eu não conseguia mais. Tive que começar a
usar nomes ainda mais ridiculamente falsos e sobrenomes
complicados para evitar uma multidão.”
É muito mais do que Louis esperava. Muito mais do que ele
poderia ter imaginado. No entanto, de alguma forma, faz
todo o sentido do mundo. Claro, isso é quem Harry é. Harry
que, mesmo nos dias mais sombrios, quando seu espírito
está subjugado, brilha como um farol na noite, como o farol
em que vivem, atraindo fãs como mariposas. Claro, o
mundo inteiro o viu e queria um pedaço.
"Eu provavelmente não deveria ter mentido quando vim
aqui" Harry continua, parecendo frustrado. “Quero dizer,
você obviamente não me reconheceu, então não sei o que
me levou a-” Ele balança a cabeça. “Acho que estava com
medo. Eu precisava ficar longe por muito tempo. Eu queria
ficar longe por muito tempo. E, falando historicamente, as
pessoas que sabem meu nome verdadeiro nem sempre o
usaram com a melhor das intenções. Lamento não ser
honesto sobre isso quando nos tornamos amigos. ”
Louis suspira, dando um passo à frente, estendendo a mão
para a nuca de Harry antes que ele pare. “Sou eu quem
sinto muito. Parece muito estressante de lidar.”
Com isso, Harry ri. Feio. Amargo. "Sim."
O silêncio se estende entre eles, um silêncio que Louis não
está disposto a quebrar.
“Meu sobrenome verdadeiro é-”
“Você não precisa me dizer” Louis interrompe, precisando
que Harry entenda o quão inconsequente tudo isso é para
ele.
"Você tem certeza?" Harry pergunta e agora que seus olhos
estão totalmente ajustados, ele pode ver como os músculos
das costas de Harry estão tensos. “Eu sou muito famoso.
Como você vai pesquisar meu patrimônio no Google ou
todas as caminhadas de paparazzi que fiz quando estava
completamente fodido, se você não sabe meu sobrenome?”
Ele diz tudo com tanta raiva, vomita tudo como balas, e
Louis sabe que nada disso é dirigido a ele, mas cada palavra
ainda acerta e ele tem que apertar os punhos para se
impedir de expressar indignação com o que Harry dizia. Pela
maneira como ele claramente foi ferido.
“Não quero pesquisar você no Google”, diz Louis com os
dentes cerrados. “Eu sei tudo o que preciso saber sobre
você, Harry. E foi isso que você me disse.”
"Você sabe mais do que a maioria", respondeu Harry em voz
baixa. Vulnerável.
“E eu sei o quão sortudo isso me faz. Eu não arriscaria isso.”
Louis espera por um segundo, com o coração na garganta,
antes de abrir a boca novamente. Ele gostaria de não ter
que dizer isso, mas ele sente que deveria. "Você sabe que
está seguro aqui, certo?" Louis fecha os olhos com a
hesitação em sua voz. Ele precisa que Harry confie nele. Ele
precisa que Harry saiba que Louis nunca... nunca iria
sacrificá-lo para seu próprio ganho. "Eu não vou contar a
ninguém."
Com isso, Harry se vira levemente, com uma perna de cada
lado do longo banco retangular, as mãos pressionadas
contra a madeira, a cabeça inclinada para Louis.
"Claro", ele responde, com os olhos arregalados. "Eu não
estaria contando isso se não pensasse assim."
Louis concorda, aliviado. “Bom” Ele diz, mais emocionado
do que esperava. "Legal." Ele inclina a cabeça para baixo,
escondendo o rosto apesar da escuridão, antes de se juntar
a Harry no banco, refletindo sua posição. "Estou ouvindo."
Harry engole em seco. Seus olhos se encontram.
“Eu não… depois de tudo que aconteceu, eu não sabia se
conseguiria mais fazer isso. Eu vim aqui me sentindo tão...
oprimido. Eu estava sóbrio pela primeira vez em muito
tempo e isso era assustador. Tentando descobrir se eu tinha
mais alguma coisa a dizer que importasse o suficiente para
eu me colocar de volta lá, de volta às situações
desencadeadoras, à pessoas desencadeadoras.”
Há um toque de pânico na voz de Harry, mas ele inala
profundamente.
“Mas eu realmente acho que sim”, ele admite. “Desde que
saí da reabilitação, desde que estou aqui, não paro de
escrever. É como... é como... é como se eu fosse eu de novo
e tivesse tanto a dizer. ”
“Você acha?’’ Louis brinca, pensando na canção
assustadoramente bela. "Harry... aquela música..." Louis
balança a cabeça, tentando alcançar o pulso de Harry,
envolvendo os dedos em torno dele e apertando. "É tão
bonita."
Harry fecha os olhos, com o rosto em paz enquanto parece
saborear o elogio. Então, sua expressão desmorona.
“Acho muito triste”, confessa.
Louis franze a testa, sem entender. "O que importa? Se é
assim que você se sente. Não é muito triste, Harry. É uma
parte de você e se isso é o que precisa ser dito dentro de
você, então eu diria que é triste o suficiente, certo?"
Harry ri, estendendo a mão para enxugar as lágrimas que
Louis nem percebeu que caíram.
“Quero dizer, para minha gravadora... para minha fanbsase.
Não é exatamente minha marca. Eles trabalharam tanto
para manter minhas... merdas fora da mídia e eu vou o quê?
Fazer um álbum sobre isso? Eles nunca vão deixar.”
Louis suspira. "Isso importa? O que a gravadora pensa?” Ele
deixa seu polegar esfregar contra a pele do pulso de Harry.
Harry encolhe os ombros. “Estou sob um contrato, então
realmente deveria. Mas não tenho mais certeza.”
Louis suspira, profundo e arrasado, desejando ter algo
substancial a dizer, algum conselho útil, mas isso está além
dele, está além do mundo que ele conhece. Então ele
apenas deu de ombros um pouco impotente, inclinando-se
para frente enquanto seu coração ameaçava sair do peito,
pressionando um pequeno beijo - macio como uma pena -
contra a têmpora de Harry, sussurrando as palavras em sua
pele. “Então eu digo para que não se preocupe com isso por
enquanto, certo? Você não precisa saber.”
E é triste, é de partir o coração, mas com a maneira como
os ombros de Harry caem para frente e tremem, a maneira
como ele se inclina para Louis, enterrando a cabeça em seu
pescoço, com um soluço preso em seu peito, Louis acha que
talvez ninguém lhe disse que estava tudo bem não saber,
para tomar seu tempo, para pensar sobre as coisas, em um
tempo muito longo. Talvez nunca.
Algo parecido com a fúria gira no fundo do peito de Louis e
envolve seus braços em volta dos ombros de Harry,
segurando-o perto enquanto o peso das expectativas de
tantas pessoas jorra de sua dor.

Eles passam os últimos dias do ano andando na ponta dos
pés.
Ou melhor, Harry anda na ponta dos pés em torno do farol,
um pouco nervoso agora que trocou de pele. Há uma
mistura de alívio e preocupação em tudo o que ele faz e
tudo o que Louis quer é provar que é digno da confiança
que foi depositada nele. Então ele realmente não menciona
a coisa da fama, não faz as centenas de perguntas
queimando na ponta da sua língua. Em vez disso, ele não
diz nada, fica quieto e deixa Harry liderar, segue enquanto
eles mantêm sua rotina e falam sobre qualquer coisa,
exceto a revelação de Harry.
Mas isso está confundindo um pouco a mente de Louis. Não
de um jeito que mude a forma como ele percebe Harry,
claro que não, mas da maneira que faz com que todo o
resto se encaixe como peças de um quebra-cabeça. Como
se Harry parece se ressentir de sua vida normal e teme
voltar a ela. Click . Como quanto dinheiro ele parece ter,
todas as viagens que ele mencionou. Click . Como a
maneira como ele entrou em pânico ao pensar em um
bando de adolescentes dizendo oi para ele no Skype. Click .
Louis não consegue deixar de sentir que, embora
provavelmente nunca pudesse entender completamente,
ele tem uma ideia melhor agora, do que está pesando em
Harry.
Na véspera de Ano Novo, eles comem na sala de jantar pela
primeira vez, esquentando as sobras do jantar de Natal e
até mesmo Clifford ganha alguns restos. Afinal, é a última
noite do ano, Louis pensa. Depois que eles terminam de
comer e limpar, Louis sugere ir até a torre do farol, como
costumam fazer, mas Harry dá a ele um olhar contemplativo
antes de sugerir que eles dêem uma festa.
"Uma festa?" Louis diz com uma risada, olhando para a
cozinha vazia ao redor deles. "Que tipo de festa você está
esperando?"
Harry encolhe os ombros. “É véspera de ano novo, temos
que dançar um pouco. Você não acha?”
E eles dançam. Eles voltam para a sala de jantar,
empurrando mesas e cadeiras para fora do caminho para
criar espaço no meio da sala. É um pouco ridículo que eles
estejam passando por tantos problemas apenas para
dançar, mas uma vez que a ideia foi plantada em sua
mente, Louis não pôde deixar de achá-la atraente. Ele não
dança há meses, talvez até um ano, e está muito animado
com a coisa toda. Ele apaga a maioria das luzes enquanto
Harry seleciona uma playlist, ou provavelmente cria uma
nova, e logo eles apagam, soltando-se como se ninguém
estivesse assistindo.
Nenhum deles é um dançarino particularmente bom, ao que
parece. Harry é meio idiota, meio stripper, enquanto Louis
se concentra em alguns movimentos engraçados que ele
vem aperfeiçoando ao longo dos anos. Em algum ponto,
conforme a noite avança, eles começam simplesmente a se
debater e a pular um do lado do outro, ambos suados e
rindo.
Às onze e meia, as luzes se apagam.
Faltando menos de um quarto, Harry muda a música para
uma playlist lenta e eles começam a balançar juntos, tendo
uma conversa meio sussurrada antes do ano começar.
“Alguma resolução?” Louis pergunta cinco minutos antes da
meia-noite.
As mãos de Harry estão em algum lugar em suas costas e a
maneira como ele especificamente não está tocando a
cintura de Louis pareceria muito platônico, exceto que seu
toque queima as roupas de Louis, onde ele continua
esfregando sua coluna para cima e para baixo.
“Não estrague sua sobriedade” Harry disse com zombaria e
Louis realmente deveria ter adivinhado isso.
"Algo mais?"
Ele não sabe ao certo por que está insistindo, mas de
alguma forma ele precisa saber. O rosto de Harry está
escondido, sendo apenas uma forma no escuro, e Louis não
consegue dizer o que está passando por seus olhos do jeito
que ele normalmente pode. É uma constatação
surpreendentemente perturbadora.
"Ser... mais corajoso, eu acho" Harry finalmente admite em
voz baixa.
“Mas você já é tão corajoso” Louis diz, dando um pequeno
passo mais perto, sussurrando contra o queixo de Harry.
“Eu nem sempre sinto isso, mas obrigado. Eu ainda acho
que poderia ser mais corajoso ainda.”
“Bem, é isso que vou desejar a você, então” Louis diz, a voz
um pouco rouca, baixa. “Muita bravura pela sua nova vida,
pelo seu novo álbum, pelo seu novo... tudo.”
"E você?" Harry pergunta a ele e Louis não sabe, realmente
não concorda com essa ideia de se renovar só porque o
calendário diz, não quando ele está tão orgulhoso de onde e
de quem ele é.
“Controle” Louis diz sério, então ele sorri. "Porque estou
pensando em diminuir minha ingestão de doces e isso vai
ser difícil."
Harry ri, exatamente no horário. “Sim, isso vai ser difícil.
Mais desafiadora do que a minha.”
“Não sou tão ruim assim”, diz Louis, embora tenha acordado
com duas migralhas de waffle de caramelo embaixo do
travesseiro alguns dias atrás. “Sério, eu só... quero
continuar sendo eu, quero continuar morando aqui e
continuar conhecendo... as pessoas incríveis que passam
por aqui, seja por um dia ou... meses.”
Louis sente quando Harry dá um passo à frente enquanto
ele os gira, com seus corpos vermelhos e juntos.
“É inspirador, sabe?” Harry diz, quase coloquialmente. “A
maneira como você está tão acomodado. Me faz pensar que
é possível me sentir assim, que... que essa minha agitação
não é para sempre.”
Louis cantarola, então olha para o rosto de Harry, o que ele
pode ver à luz das estrelas. “Mares turbulentos nunca
duram para sempre”, diz ele com sinceridade. Ele deve
saber, ele o observa mudar e se mover a cada dia, observa
seus momentos mais perturbadores e a maneira como
sempre se suaviza eventualmente.
Eles estão se olhando em silêncio quando o alarme do
telefone de Louis toca, tirando os dois do momento.
"Meia-noite" Harry sussurra contra seu rosto.
Louis não acha que já quis beijar alguém tão
desesperadamente em toda a sua vida. Ele se inclina, inala
tremulamente, com nervosismo, antecipação, então inclina
a cabeça.
Harry confia nele. Em um mundo onde todos esperam algo
dele, ele confia em Louis.
E Louis... Louis nunca quis ser uma daquelas pessoas que
tiram dele, que querem, e pedem, e exigem, não quer
nunca perder aquela confiança que ele sente que não
ganhou. Ele não vai ser um abutre. Ele se recusa.
Então, ele inclina a cabeça.
“Feliz Ano Novo, Harry” Disse, forçando sua mandíbula.
“Feliz Ano Novo, Louis” Harry responde antes de envolvê-lo
em um forte abraço.
Isso também está bom, Louis pensa, enterrando a cabeça
no ombro de Harry. Provavelmente é melhor.

O violão de Harry chega no meio da segunda semana de
janeiro.
Ele nunca mencionou que estava esperando por isso, mas
numa manhã, Louis estava ocupado repintando a estrutura
da cama no andar de cima quando ouve a porta da frente se
abrir e fazer barulho, e passos pesados entrando. Ele franze
a testa, um pouco confuso. Ele tem certeza de que Harry
ainda está escrevendo na torre. Ele está se escondendo lá
desde que voltou de sua caminhada diária com Cliffy, Louis
com certeza o teria ouvido sair. Além disso, Harry é muito
mais quieto, se movendo ao redor do mundo em murmúrios,
como um fantasma. Ele está tentando escapar dos olhares
inquisitivos de estranhos, Louis agora entendeu. Não tem
como aquele estranho de pés pesados ser ele.
As suspeitas de Louis são confirmadas quando uma voz alta
escocesa diz "Toc toc!" enquanto batia em algo - a
recepção? Louis adivinha. Ele sorri ao reconhecer a voz,
entretanto, deveria saber assim que ouviu alguém entrar, e
ele colocou o pincel de lado antes de se levantar e esticar
um pouco as costas.
"Estou aqui MacLean!" Louis chama, saindo da sala e
caminhando em direção às escadas. "Estou descendo
agora!" ele acrescenta, provavelmente
desnecessariamente.
A primeira coisa que ele vê quando está de volta ao andar
térreo é o carteiro encostado na mesa da recepção
casualmente, com os ombros largos como sempre e alto na
porta de entrada. Ele tem sua fiel bolsa do Royal Mail
vermelha em um ombro e está segurando uma caixa de
violão bege nas mãos.
“Entrega para o seu convidado” MacLean diz quando
encontra os olhos de Louis.
Um homem de quarenta e poucos anos, MacLean e sua
esposa mudaram-se para Fair Isle muito antes de Louis pisar
nela pela primeira vez, pensando que seria o estilo de vida
dos sonhos para eles. Eles se apaixonaram pela ilha quase
tão rápido quanto se apaixonaram um pelo outro e
adoraram tanto o lugar que nenhum deles queria se mudar
no processo de separação. O que aparentemente levou a
alguns primeiros meses estranhos de divórcio, se o resto da
cidade fosse confiável. Mas agora eles vivem separados e
são bons amigos. Louis não conhece muitas pessoas que se
sentiriam confortáveis morando na mesma pequena
comunidade que seu ex, e ele sempre admirou MacLean por
sua atitude descontraída em relação a tudo isso.
MacLean coloca o violão no chão e enfia a mão na bolsa,
mexendo no conteúdo até encontrar a papelada de que
precisa e colocá-la no balcão.
“Isso é ótimo” Louis diz, dando alguns passos para frente,
inclinando-se para pegar o estojo do violão.
MacLean ataca-o com desaprovação e Louis congela, os
dedos a poucos centímetros do violão.
"O que?"
“Preciso de uma assinatura, não é?” O carteiro responde,
balançando a cabeça. "A..." ele olha para a papelada, "Sr.
Twist?"
“Eu posso assinar” Louis diz, se levantando e pegando os
papéis.
MacLean sibila e golpeia a mão de Louis como se ele fosse
uma mosca. Ele balança a cabeça. "Desculpe, amigo, não
posso fazer isso."
"Desde quando você é tão defensor das regras?" Louis ri,
colocando uma das mãos no quadril.
“Desde que alguém pagou muito dinheiro para que isso
fosse entregue com segurança.”
Louis engasga. "E daí, você não confia em mim?" ele
pergunta, socando MacLean no ombro de brincadeira, sem
força real por trás do gesto.
“Não se incomode tanto Tomlinson, e vá buscar seu
convidado para que eu possa voltar para minhas ovelhas. A
entrega de correspondência não é meu único trabalho, você
sabe, e este é meu último pacote do dia.”
“Eu sei disso, na verdade, moro aqui há muito tempo”,
responde Louis, só para deixá-lo animado.
MacLean não é alguém que Louis necessariamente
chamaria de amigo íntimo, mas eles se dão bem.
O carteiro suspira, balançando a cabeça novamente. Ele
tem feito muito isso. “Eu mesmo preciso ir caçar o Sr.
Twist?”
“Se você me deixasse assinar…” Louis começa antes de rir
alto. “Ele está na torre” Finalmente diz sério. "Eu vou buscá-
lo."
Quando Louis sobe as escadas e entra na sala das
lanternas, o caderno de Harry está aberto no peito e ele
está mexendo no aplicativo de gravação do telefone de
Louis.
“Então é aqui que está o meu celular”, comenta Louis em
vez de dizer olá.
Harry não se preocupou em erguer os olhos. “Você
esqueceu aqui mais cedo e eu tive uma ideia para uma
melodia”, diz ele, trocando de aplicativo. “Estou apenas
enviando por e-mail para meu gerente. Ele não escreve
músicas obviamente, mas vai lhe dar uma ideia do que
estou trabalhando. Obrigado por me deixar usá-lo.”
“Na verdade, você está usando sem permissão”, Louis o
lembra, embora não seja como se ele precisasse hoje de
manhã, ou como se ele realmente se importasse.
"Você não se importa", disse Harry levianamente.
"Foi um erro dar a ele a senha do meu telefone?" Louis
pergunta para uma platéia invisível, olhando para cima
dramaticamente e suspirando.
"Acho que não!" Harry fala e quando Louis olha para ele, ele
finalmente desviou o olhar do telefone e está sorrindo.
"Sim, bem, você não é exatamente um partido imparcial,
é?" Louis diz, dando um passo à frente e cutucando Harry
na bochecha. “A propósito, há uma entrega para você lá
embaixo. O entregador não me deixa assinar, então você
terá que descer.”
Os olhos de Harry se arregalam e começam a brilhar. Ele
sabe claramente o que o espera.
"Uma entrega?"
“Sim”, Louis diz, esticando o som do M, “E você parece
saber exatamente o que é, então não o deixe esperando”.
Com isso, Harry larga o telefone e se esforça para se
levantar, quase caindo na tentativa, firmando-se no ombro
de Louis para evitar isso.
"Tudo bem?" Louis pergunta, alcançando cuidadosamente a
cintura de Harry para ajudá-lo a ficar de pé.
"Sim, sim" Harry concorda e de repente ele se vai, descendo
as escadas correndo.
Quando Louis voltou para a recepção, MacLean já estava
indo embora e Harry estava olhando para a caixa do violão
com uma expressão maravilhada no rosto, um pouco
infantil, mas principalmente devotada.
Demora alguns segundos para perceber que Louis está lá.
Quando faz isso, ele desvia o olhar do estojo e dá um sorriso
suave para Louis.
“Liguei para o meu empresário há um tempo e pedi que me
enviasse isso. Achei... se estou voltando, é melhor fazer isso
direito, certo?"
“Certo” Louis concorda. É um pouco estranho pensar sobre
a partida de Harry. Harry voltando a este universo distante
de celebridades e fãs gritando. Mesmo que seja claramente
onde ele pertence. "Você tocaria para mim?" Ele não
consegue não perguntar.
"Tocar o que?" Harry pergunta.
“A melodia” Louis diz. "Aquela de antes."
"Oh" Harry cora. “É... não é nada. Ainda. É só... barulho.
Acordei com aquilo preso na cabeça, ainda não consegui
sacudir.”
"Mas será algo algum dia?"
Harry encolhe os ombros. "Espero que sim?"
“Então você deveria tocar para mim. Aí, posso dizer o
quanto evoluiu depois de concluído.”
Harry ri. "Por que você quer ser capaz de dizer isso?"
“Não sei”, Louis responde honestamente. Ele dá um passo a
frente, agarrando o cotovelo de Harry e o levando para a
sala. "É apenas uma maneira de conhecê-lo melhor, eu
acho."
Depois disso, Harry o obedece muito gentilmente.

“A propósito, é Styles”, Harry disse aleatoriamente em uma
noite de segunda-feira, enquanto eles estavam comendo
fish ‘n’ chips caseiro.
"Perdão?" Louis responde, com a boca meio cheia. Ele
engole, então ri. “Desculpe”, ele diz, pegando um
guardanapo para limpar a gordura dos dedos.
"Meu sobrenome", explica Harry, colocando um chip em sua
boca.
Louis pisca para ele, usando seu melhor visual não
impressionado. "Perdão?" ele diz novamente.
Harry sorri. "Você me ouviu."
“Então... Harry Styles” Louis experimenta, acenando um
pouco com a cabeça. "Isso é como... um nome artístico ou?"
Parece um pouco perfeito demais, um pouco engenhoso
para ser real, no que diz respeito a Louis.
"Não" Harry insiste, pegando outro chip. "É o sobrenome do
meu pai."
“O sobrenome do seu pai não é Styles” Louis diz com
confiança. Não há como haver um homem por aí que
nasceu com um nome como Harry Styles. Isso é tão ridículo.
Se Louis fosse convidado a criar um nome de estrela pop
para Harry aqui e agora, ele nem mesmo sugeriria isso por
causa de como isso soa estranho.
"Oh, mas é" Harry insiste. “Você pode pesquisar no Google.”
O comentário confunde Louis um pouco e ele suspira,
dividido entre irritado e surpreso.
"O que há com a sua obsessão por eu te pesquisar no
Google?" Ele pergunta, incapaz de resistir. "É a segunda vez
que você mencionou agora." Ele faz uma pausa, enquanto
uma ideia rapidamente se forma em seu cérebro. "Você está
me testando?"
"O que?" Harry diz, parecendo mais surpreso do que pego,
embora Louis não tenha descartado sua teoria ainda. "Não.
Quer dizer... não de propósito. Eu só...” Harry deu de
ombros, parecendo um pouco desamparado. “Eu não sei, eu
sei que você disse que não importava para você, mas foi
estranho para você não saber realmente meu nome, certo?
Eu só queria te contar. Eu não teria oferecido para você
pesquisar no Google se você simplesmente acreditasse em
mim quando eu disse que é Styles, para ser honesto.”
Uma longa pausa se estabelece entre eles, se estende e se
estende, até que Louis decide falar novamente.
"Justo. Ainda acho que é absolutamente ridículo você
realmente se chamar Harry Styles. Seus pais estavam
planejando que você se tornasse famoso ou o quê?"
Harry ri. "Não. Realmente não. Eles sempre apoiaram meu
canto, e minha mãe foi quem primeiro me inscreveu no X-
Factor, mas não era como se eles estivessem planejando
isso ou algo assim. Eles não são esse tipo de pais
insistentes.”
É a primeira vez que Harry lhe dá alguma dica de como e
por que ele se tornou famoso tão jovem e Louis quer se
aprofundar um pouco mais, quer mais informações e fica
um pouco tonto com isso. Rapidamente, ele se acalma,
lembra a si mesmo que está indo no ritmo de Harry, não no
seu próprio ritmo frenético e inquisitivo.
“Você estava fadado a fazer isso”, Louis brinca, em vez de
fazer mais perguntas.
Vale a pena não obter suas respostas para a maneira como
Harry sorri de volta para ele, em parte diversão, em parte
alívio.
"Talvez", Harry deu de ombros. “Acho que a maior parte é
provavelmente sorte, e não destino”, diz ele, antes de
começar a comer novamente. “Mas quem sabe” ele
acrescenta enquanto engole uma grande mordida. Ele
franze a testa, uma coisinha direcionada ao seu prato. Louis
está prestes a perguntar o que há de errado com a comida
quando Harry fala novamente: "Talvez seja o oposto da
sorte", diz ele sombriamente. "Seja lá o que for."
"Karma?" Louis brinca e isso realmente faz Harry rir,
bufando deselegantemente antes de colocar a mão sobre a
boca e o nariz para abafar o som.
“Se eu dissesse algo assim em público, provavelmente seria
linchado”, Harry consegue dizer através das risadas. “Quer
dizer, quem sou eu para reclamar? Não é como se eu não
tivesse uma vida privilegiada.”
Louis cantarola. "Com certeza."
Isso diminui um pouco o clima, toda essa conversa de
karma ruim e sorte, e o lugar intocável onde eles se
entrelaçam de forma desconfortável, interpretados de
maneiras muito diferentes, dependendo de para onde a
cabeça se inclina.
“Está tudo bem, você sabe” Louis finalmente diz depois de
um tempo.
"O que?"
“Se você estivesse me testando. Ficaria tudo bem. Eu não
me importaria.” Ele diz isso lentamente, com cuidado ao
medir suas palavras, querendo que a mensagem seja
transmitida da forma mais clara possível. “Eu entenderia”,
acrescenta, casualmente. Ele também quis dizer isso, de
verdade. É impossível interpretar isso como um ataque a
seu próprio personagem quando ele só pode imaginar o
quão cruel as pessoas foram com Harry no passado. “Não é
como se você pudesse confiar em qualquer um.’’
Harry faz uma pausa, colocando um pequeno pedaço de
peixe de volta em seu prato sem comê-lo. “Sim” ele
concorda e seu rosto realmente diz tudo, a maneira como
ele se fecha, com os olhos preocupados e evitando o olhar
direto de Louis.
Ele já foi traído antes. Louis não é estúpido o suficiente para
não ter adivinhado isso.
“Obviamente, eu não vou tipo...” Louis pigarreou,
repentinamente um pouco desconfortável. Ele mexe no
prato, mordendo o lábio inferior e tentando encontrar uma
maneira não dramática de dizer o que quer. Quando fica
óbvio que ele não consegue pensar em nada, Louis
simplesmente diz: “trair você, ou seja lá o que for. Qualquer
coisa do tipo.” Sai um pouco mais desajeitado do que Louis
pretendia e ele começa a falar novamente para tentar
desviar a atenção desse fato. “Eu sei disso”, ele declara
severamente. “Eu sei disso com certeza. Mas você não.” Ele
adiciona a última parte suavemente.
"Eu sei" Harry argumenta, interrompendo, parecendo um
pouco ofendido em nome de Louis. "Eu te disse antes, eu
não teria compartilhado tantas coisas com você se não
achasse que você pudesse ser confiável."
“Eu sei disso e estou muito emocionado.” Louis faz uma
pausa, respirando fundo. “Tudo o que estou dizendo é que
está tudo bem se houver uma parte de você que não sabe.
Se há uma parte de você que acha que preciso ser testado,
ou o que seja. Eu não estou incomodado. Eu não estou
ofendido. Mas Harry, não importa quantas vezes você me
instrua a fazer isso, eu não vou ficar tentada a pesquisar
você no Google. Ou ferrar com você. Honestamente, eu não
poderia me importar menos com 'Harry Styles' ™.”
Louis diz a última parte brincando, piscando para Harry,
pensando que pelo menos vai fazê-lo sorrir, mas ele não diz
nada por um tempo.
"Harry?" Louis finalmente pergunta depois de um tempo,
com a voz cheia de incerteza.
"Não tenho certeza do que dizer."
Louis bufa. Quando fala novamente, ele tem que desviar o
olhar, com um pouco de medo de parecer muito
apaixonado, muito ansioso. "Você não precisa dizer nada."

"OH MEU DEUS!"
Os gritos vêm do andar de cima e Louis congela, ambas as
mãos na pia enquanto ele deixa cair sua caneca de chá pela
metade. Ele fecha a torneira de água quente com a testa
franzida, com os batimentos cardíacos aumentando,
tentando ouvir mais.
"OH MEU DEUS LOUIS!" Harry gritou novamente,
começando a descer as escadas correndo, e o coração de
Louis apertou dolorosamente em seu peito, o medo
borbulhando enquanto sua mente corria entre vários
cenários apocalípticos que poderiam fazer Harry gritar pelo
chalé assim.
Ele corre para fora da cozinha com as mãos ainda
ensaboadas e bate no corpo de Harry no corredor. Ele
agarra seus ombros, firmando os dois e certificando-se de
que não caia.
"Você está bem? Está tudo bem?" Louis pergunta, os olhos
percorrendo o rosto de Harry, o corpo de Harry, tentando
ver se ele está ferido. "Foi o Clifford?"
"Oh meu Deus, você tem que ver!" Harry diz, animado, com
os olhos arregalados e brilhantes, virando-se e liderando o
caminho.
"O que?" Louis diz, balançando a cabeça, confuso com tudo.
"Venha!" Harry diz, olhando para trás e pegando uma das
mãos molhadas de Louis, entrelaçando seus dedos e o
arrastando para frente. "É incrível!!! Você tem que vir e
ver!!”
"Ver o que?" Louis responde, ainda confuso enquanto Harry
o arrasta pelo corredor e empurra a porta da frente, levando
os dois para a escuridão.
"Veja!" Harry exala, parando a poucos metros do farol, não
perto o suficiente dos penhascos para ser perigoso. "Olhe
para o céu!" Ele exclama, apertando ainda mais a mão de
Louis.
E é claro que Louis está olhando, Louis está olhando para o
céu iluminado, faixas de cores mudando, girando sobre as
estrelas como feixes de luz dançando com o universo,
fazendo-os parecer pequenos, tão sem importância. Verdes
que se movem e de repente parecem azuis, roxos se
transformando em rosas, como se estivessem girando sob o
sopro dos ventos escoceses.
"Oh meu Deus!" Harry continua sussurrando. "Oh meu
Deus!"
Louis desvia o olhar do céu por um segundo, dá um passo à
frente, e olha para o rosto de Harry. Ele está fascinado,
respirando com dificuldade de pura excitação e Louis pode
ver, pode ver a fumaça saindo de sua boca e ele esqueceu
que estava frio por um segundo. Ele havia esquecido que
correu para fora de casa sem casaco à noite, no inverno.
Com a mão de Harry na sua e a pintura abstrata criada para
eles pelas leis da natureza, Louis não consegue se importar.
“Esta é uma das coisas mais incríveis que já vi!” Harry diz,
com os olhos nunca deixando o céu.
Louis sente seu rosto se suavizar em um pequeno sorriso.
"Você nunca viu a aurora boreal antes?"
Harry balança a cabeça. "Não! Eu... eu não sabia que elas
eram tão...” Ele ri. “Elas são muito comuns?” Ele finalmente
pergunta.
Louis cantarola. “O inverno é uma época muito boa para
elas. E temos uma localização muito boa, é claro.”
"Eu não posso acreditar", disse Harry, muito feliz, oprimido.
“As fotos não fazem jus a elas! É...” Ele vacila, incapaz de
encontrar palavras.
Louis ri ao exalar, finalmente desviando o olhar do perfil de
Harry e volta para o céu. "Não", ele concorda, "Suponho que
não."
Eles ficam parados de mãos dadas, em silêncio, olhando por
sabe-se lá quanto tempo, e Louis não sente frio, não sente
vento. Ele não sente nada, exceto o calor do corpo de Harry
contra o seu, o peso de sua mão na de Louis, o contágio de
sua alegria. Eles assistem até que as luzes desapareçam e
quando isso acontece, Louis fecha os olhos, ainda
segurando a mão de Harry, silenciosamente desejando que
ele possa esticar este momento um pouco mais.

Capítulo 7
Harry o beija pela primeira vez em seu aniversário.
Fevereiro traz o desconfortável conhecimento de que o
tempo de Harry na ilha está quase acabando; um
pensamento doloroso e constante no fundo da mente de
Louis, que ele tentou suprimir ao máximo, mas não
consegue mais ignorar. Dói muito ser lembrado de que
Harry é alguém que Louis está destinado a perder, mas ele
faz o melhor para ignorar a amargura disso, escolhendo, em
vez disso, se concentrar em tornar o dia o mais especial
possível para o aniversariante. Harry só vai fazer vinte e
cinco anos uma vez e apesar de sua insistência de que não
querer nada, nada de reclamações Sr. Popstar, por favor,
Louis não vai deixar esse marco miliário passar
despercebido. Ele pode saber que não tem sentido, mas isso
não significa que ele deixará seu aniversário não ser
celebrado adequadamente.
De manhã, Louis deixa de preparar o café da manhã - e de
correr - arrastando Harry até a padaria da Sra. Clark para
tomar um café, ambos se empanturrando de seus pãezinhos
de café da manhã e doces elegantes, conversando e
comendo com Clifford sentado entre seus pés sob a mesa.
Louis sorri, apaixonado, enquanto observa Harry contar
animadamente uma história engraçada de uma de suas
turnês, algo sobre um acidente técnico que o deixou
desajeitadamente em pé no palco na frente de 20.000
pessoas enquanto seu pessoal técnico zumbia ao seu redor
como moscas. Louis se esquece às vezes, pela maneira
silenciosa de Harry se comportar, que ele é uma grande
celebridade.
Louis ri nos momentos certos, provocando Harry do jeito
que ele sabe que adora ser provocado, amando quando fica
corado pela atenção, com covinhas nas bochechas e olhos
brilhando. Apesar de tudo, apesar das piadas e das risadas,
há uma pitada de tristeza por trás da história de Harry que
Louis acha que pode estar sempre lá, uma tendência negra
associada à fama que Harry provavelmente nunca vai se
livrar totalmente, uma melancolia que Louis pode
facilmente sentir na maneira como o canto da boca de
Harry se move, a maneira como sua cabeça se inclina.
Ainda assim, a manhã passa agradavelmente, Louis
alimentando Harry com mais e mais pastéis, enquanto ele,
por sua vez, compartilha histórias sobre suas travessuras de
adolescente. Finalmente, um pouco além do que seria
considerado uma hora de almoço aceitável, Harry se declara
muito cheio para comer qualquer outra coisa e Louis paga a
conta, aproveitando a oportunidade para pegar o bolo de
aniversário que ele pediu especialmente na semana
anterior, quando Harry saiu da padaria primeiro com
Clifford, deixando-o esticar as pernas alegremente na frente
da loja. É de chocolate, decadente, e grande demais para
apenas duas pessoas que encheram a cara o dia todo, mas
que diabos, é uma ocasião especial! Há letras douradas
extravagantes soletrando ‘’Feliz Aniversário, Harry’’ no
glacê, e o resto do bolo é simples e sem decoração. É
perfeito.
Quando Louis finalmente se junta a Harry do lado de fora,
ele sorri ao ver seus olhos se arregalando com o tamanho
da caixa.
"Se isso é bolo, eu realmente não posso aceitar", declara
Harry dramaticamente, com a coleira de Clifford enrolada
em uma de suas mãos, e a outra esfregando contra sua
barriga.
“É seu aniversário”, Louis diz com firmeza, levando-os para
fora da cidade em direção à estrada que volta ao Farol, com
Clifford correndo na frente, feliz por estar do lado de fora e
sem uma coleira de restrição. "Você vai comer bolo."
Eles caminham de volta em um silêncio confortável, com
seus braços roçando um no outro através de suas roupas.
Cada vez que seus dedos se tocam acidentalmente, eles se
separam, colocando alguma distância entre seus corpos
apenas para terminar de volta no início, Louis com o
coração na garganta e os dedos coçando para agarrar a
mão de Harry.
Quando avistam o farol, Louis os leva para as falésias em
direção à praia. O sol está brilhando através das nuvens, é
um dia de inverno surpreendentemente claro e fresco que
ele odiaria desperdiçar lá dentro. Rapidamente, os dois
estão esparramados na areia juntos, o é dia lindo apesar do
frio, e Louis faz Harry comer pelo menos uma pequena parte
de seu bolo de aniversário, cantarolando parabéns para ele
baixinho enquanto Harry ri e limpa as migalhas na cara
dele.
Clifford está dormindo no colo de Harry, suspirando em seu
suéter branco creme a cada poucos minutos enquanto Harry
lambe as últimas migalhas de seus dedos.
“A tarde é sua” Louis declara à direita de Harry, assim que
termina de comer. Ele não planejou nada além do café da
manhã, querendo fazer o que Harry desejava, querendo
realmente tornar o dia dele.
"Vamos ficar aqui", disse Harry baixinho, fechando a caixa
do bolo e a deixando de lado para depois, com o ‘’Har’’ de
seu nome agora desaparecido, compartilhado entre os dois.
"Você não está com frio?"
Harry balança a cabeça, com o cabelo voando em todas as
direções por causa do vento, aquela forte brisa escocesa da
qual eles nunca podem escapar, especialmente perto da
água. Claro, ele tem um cachorro quente no colo para
mantê-lo confortável enquanto Louis está congelando sob
sua jaqueta, mas ele não disse uma palavra. Nem hoje, nem
nunca.
“Tudo bem”, Louis sussurra, principalmente para si mesmo,
concordando sem pensar duas vezes e ainda é muito
assustador que ele se sinta assim. "Vamos ficar aqui
mesmo."
Assim fazem, silenciosos e pacíficos, observando as ondas.
“Eu amo o oceano” Harry admite depois de um tempo. “Eu
sempre ia para a água toda vez que era demais em Los
Angeles.”
"Sério?" Louis pergunta, olhando para longe do mar e para o
rosto de Harry.
Harry concorda. “Sim” Confirma, um olhar ausente em seu
rosto. Resumidamente, Louis se pergunta se ele está
mentalmente de volta a alguma praia mais quente e
moderna agora. Mas seus olhos se voltam para Louis,
hesitantes enquanto ele fala novamente. “Às vezes todos
aqueles olhos em mim...” Ele começa antes de balançar a
cabeça. “Todas as mentiras que eles viram quando olharam
para mim? Todas as verdades...” Ele abaixa a cabeça. “Eu
me sentia sujo”, diz, como uma pequena admissão. “Mas a
água? A água é purificadora. As ondas continuam chegando,
não importa o que aconteça, não importa quem você seja,
fazendo você se sentir novo. Você pode se perder na água,
ficar invisível. O mundo inteiro desaparece, exceto você. É
por isso que senti tanto a falta da Inglaterra, eu acho. Não
chove o suficiente na Califórnia.”
Louis concorda, familiarizado com o sentimento. “Às vezes,
você só precisa de um bom dia de chuva para se limpar dos
dias ruins.” Ele sempre amou a maneira como a terra cheira
a fresco depois de um dia chuvoso, como se talvez
houvesse esperança de consertar as coisas desta vez, com
o mundo inteiro úmido, mas purificado.
Harry sorri, empurrando inutilmente um cacho para trás das
orelhas, lutando contra o vento. "Exatamente.’’
“Bem, certamente não está faltando chuva aqui na
Escócia”, Louis diz provocadoramente. Suavemente.
“É por isso que amo tanto esta ilha.” Harry olha para seu
colo, recusando-se a encontrar os olhos de Louis,
acariciando lentamente o corpo de Clifford. “Ninguém em
milhas e milhas e muita água para eu renascer.”
Louis engole em seco, seu coração aperta quando Harry fala
assim. A maioria das pessoas que Louis conhece diria que
não há poesia na música pop, que tudo é um absurdo
fabricado sem profundidade, mas a maneira como Harry
expressa seus sentimentos tão claramente, tão
lindamente... É como se cada palavra que sai de seus lábios
seja uma pérola, um poema esperando para acontecer. Só
está procurando os ouvidos certos para apreciá-lo.
“E eu”, Louis não pôde deixar de acrescentar. Não há
ninguém em quilômetros e quilômetros e muita água, e lá
está Louis.
Ele pode ver a sugestão de um sorriso com covinhas por
trás de uma cortina de cachos, e Harry ainda olhando para
seu cachorro. Como isso aconteceu tão rápido? No que ele
se meteu...
"E você." Harry concorda em um sussurro. “Mas você não
conta”, diz depois de um segundo, e uma pessoa insegura
interpretaria como rejeição, mas Louis os observou
vagarosamente na ponta dos pés, amolecendo um ao outro,
há meses. Ele sabe exatamente o que isso significa, os
sentimentos ocultos por baixo.
Você não conta como gente.
Esses abutres que pegam e pegam e pegam. O povo, de
olhos que nunca fecham, exigindo cada vez mais. Exigindo
coisas que Harry não sabe dar. Exigindo até que Harry
estivesse vazio até a base de si mesmo.
Mas Louis, com um poço de desejo em sua barriga, não
pode concordar ou aceitar o elogio.
“Mas eu acho”, Louis responde. Amargo. Triste. “Eu sou
como todo mundo. Eu...-’’ Suspira, passando uma mão
frustrada pela franja, mal percebendo a forma como seus
dedos tremem de frio. "Eu quero...", diz ele, encontrando os
olhos de Harry com um olhar desesperado, "Eu quero muito
de você."
A admissão doeu em sua língua com algo semelhante à
vergonha, e lamenta que ele estivesse fraco o suficiente
para deixar escapar. Ele gostaria de poder ler o rosto de
Harry do jeito que se acostumou, mas ele encontrou uma
expressão completamente vazia e olhos verdes arregalados.
Então, surpreendentemente, ou talvez não, Harry balança a
cabeça lentamente. "Não", ele responde com uma voz
terna, inclinando-se para Louis, com uma das mãos
enroscadas no moletom sob sua jaqueta enquanto ele
pressiona seus lábios. Dura um segundo, menos que isso
talvez, mas ainda fora um momento de modo que
remodelou a existência de Louis.
"Não?" Louis pergunta, sussurra, contra os lábios de Harry,
ignorando o bufo ofendido que Clifford faz entre eles, infeliz
por sua almofada se mover.
"Não", Harry repete. “Não como todo mundo. Não é como
todo mundo. Você faz todo o resto ficar quieto. Todo o resto
desaparece quando eu olho para você."
“Eu…” Louis não sabe o que dizer, não sabe se é bom ou
ruim, não sabe se isso deveria assustá-lo um pouco. Então
ele fecha a boca, fica em silêncio, olhando nos olhos de
Harry e... Ele apenas beija Harry de novo e de novo naquela
praia fria, deliciando-se com os pequenos suspiros que
saem de seus lábios, enterrando os dedos nos emaranhados
de cabelo de Harry, rindo de cada rajada de vento
particularmente forte irrompe ao redor deles ou quando Cliff
começa a se mexer entre seus corpos, cansado de se sentir
ignorado.
Ele opta por perder a tarde com o gosto de Harry na língua
e não dizer nada.

Mais tarde, muito mais tarde, depois de terem jantado e
depois de Louis fazer uma serenata para Harry com uma
interpretação particularmente horrenda de 'feliz
aniversário', que terminou com ele caindo do topo do piano
para os braços de Harry, eles estão lavando a louça junta.
"Obrigado", diz Harry, empurrando os ombros juntos
enquanto seca as taças de vinho chiques da pousada em
que eles beberam Shloer, bancando um chique aniversário
sem colocar a sobriedade de Harry em risco. “Esse foi o
melhor aniversário que tive em anos.”
Louis sorri, com os olhos enrugados e astutos. "E eu nem te
dei o seu presente ainda." Ele resiste à vontade de mexer as
sobrancelhas sugestivamente.
Harry cantarola. “Você já me deu muito”, ele responde,
colocando os copos secos no balcão.
"Bom, eu não sabia o que dar a uma estrela do pop rica que
pode comprar o mundo para si, então não espere nada
brilhante", brinca Louis, odiando a insegurança escondida
sob sua provocação de que sabe que Harry provavelmente
será capaz de pegar facilmente.
Harry sorri, com sua boca vermelha afagando os cantos da
boca do outro, antes de empurrar Louis suavemente contra
o balcão da cozinha, pressionando seus corpos juntos com
as mãos firmes contra a cintura de Louis enquanto ele
acaba distância entre eles e o beija. É um grande beijo de
cinema, com uma conexão avassaladora de seus dois
corpos, algo que não existe em um farol no meio do nada,
algo que é grande demais para a pequena vida de Louis. Ele
geme, deixando Harry aprofundar o beijo, optando por não
se preocupar e se permitir desfrutar da forma como seus
dedos deslizam nos cachos de Harry, escolhendo apreciar
este momento exatamente como ele é. Uma anomalia. Um
outlier. Quase já como uma memória afetuosa e
inacreditável, antes de Louis voltar para a solidão de sua
existência escolhida.
Eles se beijam suavemente e profundamente, deixando o
tempo desacelerar só para eles, até que Harry finalmente
separa suas bocas, olhando nos olhos de Louis com uma
intensidade quase insuportável. Ele está um pouco
ofegante, uma das mãos segurando a nuca de Louis, e a
outra ainda segurando sua cintura. Cada toque de sua pele
é uma âncora, impedindo Louis de flutuar para longe desse
momento.
"Vou valorizar qualquer coisa que você me der", disse Harry
sinceramente, pressionando suas testas juntas, "Só porque
é seu."
Quando ele abre o presente mais tarde naquela noite, Harry
chora.
Louis não estava mentindo. Na verdade, não é nada
especial ou caro, apenas uma foto emoldurada dos três
aninhados na praia que a Sra. Dunn teve a gentileza de
fotografar, interrompendo seu passeio para o aborrecimento
de seu cachorrinho, apenas para ajudá-los. Não é uma foto
perfeita, Clifford é um borrão feliz em seus pés, mas o mar é
um azul escuro tempestuoso, com as ondas lindas e
majestosas atrás deles. Mais importante, Harry parece feliz:
sua cabeça está ligeiramente inclinada para baixo enquanto
dá risada de uma das piadas de Louis que é registrada para
a prosperidade, e duas enormes covinhas crescentes em
suas bochechas. E Louis... Louis está exposto e vulnerável,
sem olhar para a câmera, não querendo perder um segundo
da reação de Harry, seus olhos se enrugando com um
carinho que ele normalmente não gostaria de anunciar. Mas
Harry vai embora em breve e esta... esta é a versão de si
mesmo que Louis quer que ele se lembre.
No verso da moldura, a caligrafia irregular de Louis rotula a
peça: “Harry, Louis & Clifford - Escócia, 2019”.
“É para que você não nos esqueça”, Louis admite, odiando a
forma como sua voz vacila um pouco. Ele limpa a garganta.
“Quando você volta para gravar aquelas músicas que está
escrevendo” acrescenta. Ele não está procurando por uma
confirmação ou negação. Ele sabe que Harry está indo
embora, sabe que alguém como ele nunca poderia
pertencer a apenas uma pessoa ou lugar, sabe que seria
errado esperar isso. Sabe que estaria errado - e egoísta - em
querer isso.
Harry acena com a cabeça e ele não está negando que está
indo. Ele nunca faria isso. Ainda assim, há lágrimas em seus
olhos, uma emoção que Louis não consegue ler em seu
rosto. Algo como espanto e descrença. “Para que eu não me
esqueça, de novo”, ele murmura, principalmente para si
mesmo, os dedos trêmulos enquanto traça a escrita antes
de olhar para a foto novamente. E toda aquela água. E
Louis.

Mais tarde naquela noite, eles subiram as escadas para a
sala da lanterna em silêncio, Louis sem jeito, segurando
uma lanterna atrás do corpo de Harry para iluminar seu
caminho. Assim que chegam ao topo, espiando pelas
janelas a escuridão, parece que o mundo para, como se eles
estivessem bem no limite, com nada além do vazio à frente,
o vazio ao redor. Louis sabe que o oceano os cerca, pode
ouvir as ondas pelas janelas; o vento raivoso é um lembrete
de como eles são pequenos. De alguma forma, a escuridão
parece envolvente em vez de assustadora, um cobertor
quente, familiar e reconfortante.
Assim como Louis, Harry está perdido em pensamentos,
congelado no topo da escada, aparentemente sem intenção
de se mover em direção ao banco. Louis dá a ele alguns
segundos para encontrar seu rumo no escuro, mas depois
de uma dica por muito tempo sem se mover, ele pressiona
uma mão cuidadosa na parte inferior das costas de Harry,
lembrando-o de sua presença sem empurrá-lo para frente.
Ele coça um pouco a lã melecada do suéter que Harry está
usando - um com losangos vermelhos, amarelos e laranjas,
que Louis o emprestou antes de derramar chocolate no
mesmo. Quase não é iluminado pela lanterna de Louis, mas
ainda assim, o padrão lhe dá dor de cabeça.
"Está bem?" Louis sussurra contra o pescoço de Harry,
tentado a deixar sua mão vagar, tentado a envolver seu
braço em volta da cintura de Harry, para tocar além do que
lhe foi permitido até agora, para continuar a exploração
domesticada que ele começou quando eles se beijaram
mais cedo na praia. O desejo lateja sob sua pele, fazendo
seus dedos coçarem.
Mas ele não vai.
Em vez disso, ele dá um pequeno passo para trás quando
ouve a voz rouca de Harry confirmar que ele está bem.
Louis quebrando o silêncio, quebrou o encanto, e Harry
finalmente deu um passo à frente até chegar ao banco,
sentando-se e se enrolando sob um cobertor
imediatamente. Ele parece aconchegante - parece macio -
sob a luz fraca da lanterna de Louis, seus cachos estão
bagunçados onde os dedos de Louis passaram a maior parte
da tarde enterrados. Ele pisca lentamente para Louis antes
de pegar um livro descartado na arca de madeira e estendê-
lo para ele.
Não há nada particularmente sexy na maneira como ele
está esparramado contra a almofada, a maior parte de seu
corpo está escondida sob o cobertor de lã, exceto por um
braço e um pé coberto por meias. Mas ainda assim, Louis
sente algo apertar em sua barriga, um desejo que ele se
tornou muito bom em suprimir nos últimos meses quando
conheceu Harry. Há algo inebriante sobre o conhecimento
que ele pode se convencer a sair daquela borda, que ele
pode começar a se enrolar contra ele e o tocar agora. Ele
pode chegar a tocar todos os lugares onde Harry é suave e
autêntico.
É extasiante.
"Leia pra mim?" Harry pergunta, com sua voz baixa
enviando calafrios na espinha de Louis. Normalmente, Louis
o provocaria pelo menos um pouco por ser tão carente, por
fazer exigências de diva como o popstar que ele é, mas é
seu aniversário e Louis está muito perdido para resistir a
ele.
Então ele limpa a garganta, passando a mão trêmula pelo
cabelo, tentando se firmar. "Claro" ele finalmente responde
após alguns segundos de silêncio carregado, pegando o
livro da mão de Harry, com seus dedos roçando um no outro
por um instante antes de Louis se sentar no banco ao lado
de Harry, com seus ombros se tocando.
Ele sorri ao perceber que é um livro que Harry está
mexendo há algum tempo, é uma coleção de poemas de
Edna St. Vincent Millay que ele folheou por semanas,
dobrando os cantos de seus favoritos e sublinhando
passagens quando achava que Louis não estava olhando.
“Algum pedido específico?” Louis provoca enquanto tenta
encontrar uma maneira confortável de segurar o livro e a
lanterna, se contorcendo contra as almofadas até que Harry
alcança a lanterna e arranca-a da mão de Louis. Ele se
aninha contra Louis, colocando a cabeça em seu ombro e
aponta a luz para o livro.
Então, Harry olha para Louis com expectativa. “Basta ler”,
diz ele. "Por favor. Eu amo sua voz."
Não é a primeira vez que ele diz isso, mas o coração de
Louis ainda erra uma batida. "Tudo bem", ele concorda,
envolvendo seu braço livre em volta do ombro de Harry e
começando a ler em voz baixa. Quase como um sussurro.
Mesmo com o som do vento assobiando pelas janelas, não
há necessidade de mais do que isso para os dois.
Eles já estão nisso há um tempo quando Louis se depara
com um poema que faz sua garganta se contrair
dolorosamente, sua voz trêmula ao dizer palavras que sabe
que Harry sente, uma pequena linha de tinta preta sob a
passagem desnecessária para Louis reconhecê-la como tal.
“Buscando em meu coração sua verdadeira dor, eis o que
descobri ser: que estou cansado de palavras e de gente,
cansado da cidade, com falta de mar;”
Harry esconde a mão que não está segurando a lanterna
atrás do pescoço de Louis, segurando a pele ali. Apertando.
“Desejando a doçura salgada e pegajosa do vento forte e da
pulverização estilhaçada; querendo o som alto e o som
suave, das grandes ondas que quebram o dia todo”, Louis
continua a recitar, sua respiração engatando quando Harry
pressiona um beijo na pele exposta de seu pescoço.
“Harry...” Louis sussurra, abaixando o livro contra o joelho e
virando a cabeça para olhar para ele, para seu rosto
expressivo parcialmente iluminado pela lanterna, seus
lábios entreabertos em uma pergunta silenciosa e seus
olhos arregalados. Com desejo.
Eles se encaram em silêncio e, por um momento, Louis
pensa que isso é uma tortura , querer tanto e tão
profundamente, estar tão perto e ainda assim ser negado.
Mas ele nunca dará o primeiro passo, não quando Harry foi
empurrado e empurrado e empurrado no passado. Ele vai
esperar a noite toda com fogo queimando em suas veias e
seu coração em sua garganta se for preciso.
Harry não parece estar questionando tudo da mesma forma
e de repente, ele deixa a lanterna cair no chão, rolando para
longe do banco e mergulhando-os na escuridão, pois agora
ilumina apenas um pequeno canto da sala longe deles . Em
seguida, ele tateia o livro no escuro, com seus dedos frios
contra os de Louis por um segundo enquanto ele agarra a
coleção de poemas e a deixa cair no chão com um pequeno
baque antes de subir no colo de Louis para beijá-lo. Louis
geme quando seus lábios se encontram, enquanto as mãos
de Harry agarram seu pescoço, e seus polegares fazem
círculos suaves contra a mandíbula de Louis.
Ele não pode acreditar que esperaram até hoje para fazer
isso. Não quando eles são tão bons nisso, quando seus
corpos se conectam de uma maneira que Louis não tem
certeza se deseja refletir por muito tempo.
Lento, quente- Harry faz o que quer e Louis fica feliz em
deixá-lo liderar, endireitando-se para seguir a boca de Harry
e agarrando sua cintura suavemente. Depois de um tempo,
Louis enfia as mãos sob o suéter de Harry para tocar sua
pele nua, uma pitada de presunção crescendo através dele
ao ver como ele estremece em resposta. Eles se beijam, se
beijam e se beijam; Os dedos de Louis cravam-se nos
músculos da parte inferior das costas de Harry, deslizando
sob o cós da calça jeans, provocando a curva de seu
traseiro... Até Harry ficar tenso com a ousadia de Louis,
interrompendo o beijo abruptamente com a palma de suas
mãos pressionadas contra o peito de Louis.
Louis solta o corpo de Harry imediatamente, seus braços
caindo abertos no banco, com o coração na garganta ao
pensar que ele ultrapassou um limite que ele nem sabia que
estava lá.
Harry está com os olhos arregalados, parecendo um pouco
chocado, um pouco arrependido pelo que acabou de fazer -
embora Louis não possa dizer se é o beijo ou o afastamento
de Louis que ele se arrepende. Ele está ofegante com sua
ereção nas coxas de Louis e, de repente, Louis teme que
possa ser um ataque de pânico. Sem querer, ele levanta a
mão direita em preocupação, automaticamente alcançando
o ombro de Harry para acalmá-lo com seu toque antes que
ele se lembre de si mesmo, lembre-se de como ele foi
empurrado para longe, e ele para, com a mão pairando
desajeitadamente por um momento.
Antes que Louis tivesse a chance de se afastar, Harry
alcançou aquela mão, entrelaçando seus dedos. Apertando.
Esmagando. Um pouco doloroso. Há algo sobre a maneira
como ele está segurando Louis, algo no desespero e medo
daquele aperto... Como se ele pensasse que Louis algum dia
o deixaria pendurado, o deixaria ir, em um momento de
necessidade. Louis o agarra de volta com força, um pulso
reconfortante que faz Harry respirar fundo. Ele coloca
ambas as mãos em sua coxa, sem afrouxar o aperto, com os
olhos fixos na maneira como seus dedos se entrelaçam.
Louis segue seu olhar, admirando a maneira como sua mão
um pouco menor se encaixa na de Harry, percebendo a
sensação dos calos do violão de Harry contra sua pele. "Ei"
ele sussurra o mais reconfortante que pode, algo nele se
solta de alívio quando sente o corpo de Harry relaxar
levemente ao som de sua voz.
"Ei" Harry sussurra de volta, usando sua mão livre para tirar
o cabelo de Louis de sua testa, seu toque é hesitante, mas
gentil. Ele não está olhando nos olhos de Louis, está com os
olhos ainda fixos em suas mãos. “Ei”, ele diz de novo, um
pouco mais determinado dessa vez, os olhos verdes
levantando enquanto ele se inclina em direção a Louis
novamente.
Louis fecha os olhos quando Harry deixa seus lábios
roçarem um no outro, macio, como uma pena. Quando ele
os abre novamente, Harry está olhando para frente, além de
Louis, através do vidro e na noite escura e tempestuosa.
"Você está bem?" Louis não consegue deixar de perguntar
inutilmente, quando a resposta é evidentemente não.
Harry balança a cabeça com um pequeno bufo e seus lábios
se curvam em uma pequena careta, quase invisível no
canto da boca, como se ele estivesse envergonhado.
"É só que... eu..." Ele para e Louis automaticamente aperta
a mão de Harry em resposta. "Eu não... desde..." Harry se
afasta, com os olhos ainda fixos em algum lugar no
horizonte.
Não há muito para ver, não no meio de uma noite de
inverno como esta, mas Louis se pergunta se há algo sobre
o vazio e o som das ondas quebrando contra os penhascos
ao redor deles que Harry também acha reconfortante. Ele
não seria a primeira alma perturbada a encontrar
parentesco na tempestade perpétua que se forma na ilha.
Louis, que fez disso um lar, saberia.
Louis cantarola, esfregando sua mão livre lentamente para
cima e para baixo na coxa de Harry onde ele está sentado
em seu colo, seu toque é propositalmente lento e calmante.
Não há mais nada de sexual nisso, sem calor ou
impaciência. Apenas consolo.
Após algumas batidas, Harry tenta novamente.
“Eu não... eu não faço isso sóbrio há muito... muito tempo”,
ele finalmente admite. Então ri, meio desanimado, enquanto
continua olhando pelo vidro da torre do farol. Ele parece
envergonhado e, mesmo no escuro, Louis pode ver um
rubor espalhando-se pelo topo de suas bochechas. “Não sei
por que isso parece tão importante de repente”, sussurra,
ainda incapaz de encontrar os olhos de Louis. "É estúpido",
acrescenta ele um pouco irritado, com os ombros curvados
como se ele estivesse tentando se esconder.
Sempre houve uma vulnerabilidade na maneira como Harry
se comportava, desde o primeiro segundo que Louis o viu
esperando na porta, e isso nunca foi mais evidente do que
agora. Ele é a flor mais linda que Louis já viu, a segundos de
desabrochar e ainda está se segurando, encolhendo-se
timidamente. Às vezes, Louis odeia o mundo que o fez se
sentir assim tão agudamente que dói, retorcendo suas
entranhas com uma mistura dos mais feios sentimentos.
"Não é estúpido", ele sussurra de volta com firmeza,
pressionando as palavras contra o queixo de Harry. "Está
tudo bem", ele insiste, seu polegar ainda esfregando
suavemente a coxa de Harry. O monstro de necessidade na
boca do estômago pode ser domado facilmente quando
Harry parece frágil assim. "O que você quiser. Ou não
quiser, babe” Ele continua no ouvido de Harry, sua barba
esfrega contra a barba por fazer na bochecha de Harry, o
carinho caindo de seus lábios facilmente.
Louis afrouxa seu aperto na coxa de Harry e solta sua mão,
já movendo seu corpo para longe dele, colocando uma
distância entre eles. Ele mal tem tempo de se mover
quando as mãos de Harry seguram seus pulsos. Louis olha
para cima, encontrando os olhos de Harry pela primeira vez
em um tempo e ele sente seu estômago apertar com a
determinação ardente pintada no rosto de Harry, o desejo
cintilando em seus olhos como uma chama guia. Seus olhos
não se separam enquanto Harry lentamente move as mãos
de Louis, guiando-as em direção ao seu corpo, deixando-as
deslizar sob a lã de seu suéter, os dedos de Louis tremem
ao tocar a pele nua da barriga de Harry pela primeira vez.
Enquanto Harry o guia para baixo.
"Toque-me", sussurra Harry, inclinando-se para Louis,
pressionando as palavras contra seus lábios. "Por favor."
Louis sorri contra a boca de Harry e acena com a cabeça.
Ele pode fazer isso.

Ainda está completamente escuro quando Louis acorda no
chão da sala da lanterna algumas horas depois. Ele
estremece, com metade de seu corpo nu exposto à sala fria,
o cobertor que o cobre emaranhado abaixo de sua cintura
não faz nada para manter seu torso aquecido.
Automaticamente, ele se aconchega para frente, seu corpo
se enrola para ainda mais perto do de Harry, seu nariz se
enterra nos cachos de sua nuca. Seu braço direito aperta a
cintura de Harry sob o suéter que ele teve a sabedoria de
colocar de volta, seus dedos tentam roubar um pouco do
calor do corpo de Harry enquanto suas pernas nuas se
enroscam ainda mais. Ele não tem ideia de que horas são,
não tem ideia de quanto tempo eles estão dormindo ali no
tapete, mas está tentado se deixar cair no sono novamente,
apesar do desconforto. O corpo de Harry é flexível e macio;
uma residência convidativa em que Louis quer mergulhar
para sempre.
As baterias da lanterna se esgotaram há um tempo, mas
mesmo assim, Louis leva um segundo para olhar para Harry
na escuridão. A sugestão de suas pernas magras sob o
cobertor. A inclinação de seu nariz. As curvas de seus cílios.
Seu grande coração que parece demais, aquele que ele teve
que arrancar de sua manga no caminho para a fama, que
Louis não pode evitar, mas ainda vê através de cada
palavra cuidadosa que sai da boca de Harry, em cada gesto,
cada respiração.
É... muito, Louis pensa, fechando os olhos por um segundo e
engolindo em seco. Seus dedos ainda estão pressionados
contra a barriga de Harry e ele desliza a mão até que ela
repouse em sua cintura, segurando-o com mais força.
"Harry?", ele sussurra suavemente, bem em seus ouvidos,
antes de pressionar um beijo contra sua têmpora. "Amor?"
Harry cantarola, inclinando levemente a cabeça. Ele ainda
está tremendo.
"Vamos, querido" Louis sussurra encorajadoramente,
sentando-se e usando a mão que não está na cintura de
Harry para tirar o cabelo do rosto. Louis repete o movimento
quando Harry cantarola contente e se inclina ao toque,
satisfazendo-o por um segundo antes de tentar acordá-lo
novamente. "Vamos, acorde baby", ele continua, mais alto
desta vez, o polegar cavando no punho de Harry com um
pouco mais de força. "Está tarde, temos que te levar para a
cama, certo?"
Os cílios de Harry tremem e ele geme, um pequeno protesto
antes de tentar se enrolar ainda mais para se manter
aquecido. “Estou com frio”, ele murmura, pressionando um
pé gelado contra a panturrilha de Louis.
Louis ri. “Eu sei, é por isso que temos que levá-lo para uma
cama adequada. Com edredom e tudo.”
“Não” Harry disse, um pouco petulante, pegando a mão de
Louis em sua cintura, tentando fazer com que ele
envolvesse seu braço corretamente. "Me abrace", ele exige.
Louis não consegue evitar a gargalhada que escapa de seus
lábios. Ele está totalmente acordado agora e sabe que não
tem como deixar Harry dormir no chão da torre em
fevereiro, especialmente se estiver seminu. Ainda assim, ele
o satisfaz envolvendo seu braço ao redor do corpo de Harry,
esfregando sua mão contra a lã de seu suéter para criar
calor.
“Quem diria que o Harry pós-coito seria um pirralho, uh”
Louis provoca antes de beijar seu ombro. “Que tal se eu
prometer ser seu bigspoon”, ele diz em uma pobre imitação
da fala arrastada de Harry, “Assim que formos para a cama?
E se eu prometer que você não terá que ir muito longe? "
Harry não responde, nem mesmo se move, e Louis suspeita
que ele pode estar caindo no sono de novo, então ele o
empurra um pouco. Suavemente, mas com firmeza. "Vamos
amor, apenas alguns degraus e então podemos
compartilhar minha cama, certo?"
"Mmmm."
"Mmmm?" Louis repete, ainda brincando.
"Mmmkay" Harry murmura.
“Não volte a dormir” Louis avisa, se desvencilhando de
Harry completamente e praguejando baixinho enquanto
tenta agarrar suas roupas espalhadas pela sala rapidamente
no escuro.
Finalmente, depois de tropeçar um pouco e bater o dedo do
pé no meio da sala, Louis agarra a calça, jeans e meias de
Harry e volta para o pequeno ninho que eles fizeram um
para o outro.
"Você está dormindo de novo?" Louis pergunta, mais
apaixonado do que ele se permitiria se soubesse que Harry
está acordado. "Sim, claro que você está." Ele balança a
cabeça com um suspiro, um sorriso traiçoeiro no canto da
boca. Ele deixa cair as roupas ao lado do corpo de Harry,
inclinando-se sobre ele para beijar sua testa. "Ei bela
adormecida", diz ele, empurrando o nariz de Harry com o
indicador. "Nós tinhamos um acordo."
“Mm- acordado”.
"Uh uh."
“'Hm.”
Para demonstrar a veracidade de sua afirmação, Harry
mexe os dedos dos pés sob o cobertor. Louis sorri,
agarrando um dos pés de Harry de cima do cobertor e
apertando uma vez antes de o descobrir. Harry sibila com o
frio, seus ombros levantam enquanto ele se enrola ainda
mais em si mesmo, e Louis não perde tempo colocando sua
primeira meia. Ele repete o processo com o outro pé,
beijando seu tornozelo coberto de lã assim que termina.
Então, ele empurra o cobertor ainda mais para cima do
corpo de Harry, descobrindo suas panturrilhas, a parte de
trás de seus joelhos estupidamente adorável e toca uma
vez suas coxas antes de parar. As mãos de Louis são suaves
enquanto ele acaricia a parte de trás da perna de Harry, um
toque como uma pena que não tem nada a ver com
convencer Harry a ir para a cama, um toque que é só para
Louis porque ele tem permissão agora, ele um privilegiado
além das palavras.
Harry estremece novamente, desta vez não de frio, e ele
finalmente vira de costas, suas pernas caem abertas no
tapete, com o cobertor amontoado em seu colo em uma
aparência de modéstia. Seus olhos encontram os de Louis,
sonolentos, mas cativantes, e Louis não sabe para onde
olhar entre a intensidade do olhar de Harry e o branco
leitoso de suas coxas. Ele nunca vai se cansar dessa visão; o
rosto de Harry está relaxado de sono, sem máscaras no
lugar para se proteger do escrutínio ainda, uma de suas
mãos emaranhada em seu cabelo, e a outra sob o suéter na
barriga...
Lentamente - e propositalmente -, Louis agarra o cobertor e
o desliza para descobrir o corpo de Harry, com a excitação
latejando em suas veias. Então, incapaz de se conter, Louis
se inclina para beijar a parte interna da coxa de Harry, seu
polegar crava no tigre tatuado em sua perna. Ele segue seu
caminho, com lábios macios, mas gananciosos, para cima,
para cima, para cima... até sentir a mão de Harry agarrando
sua nuca. Olhando para cima, seus olhos se encontram, e
Louis sente os lábios se transformando em um sorriso
satisfeito quando Harry acena e guia sua boca para onde ele
mais deseja, com os dedos apertados no cabelo de Louis.
Depois, Louis beija o osso do quadril de Harry, suas mãos
esfregam a parte externa das coxas de Harry por alguns
segundos antes de se ajoelhar novamente, pegando a calça
esquecida e deslizando-a pelas pernas de Harry. Então, ele
rasteja por seu corpo para dar um pequeno beijo na boca de
Harry, ainda aberta em uma respiração ofegante. Antes que
Harry tenha a chance de aprofundar o beijo, uma chance de
distraí-lo, Louis se afasta, tirando um cacho suado do rosto
de Harry.
"Cama, certo?", sussurra, um sorriso se espalha em seu
rosto quando Harry acena com a cabeça sonolento.
"Não sei se consigo andar", admite Harry. Desossado. Com
bochechas coradas. Saciado.
Louis ri, o orgulho floresce em seu peito e ele olha para
baixo por um segundo antes de se levantar, tentando
esconder seu sorriso de satisfação. Então, ele se inclina de
volta, agarrando o antebraço de Harry gentilmente para
ajudá-lo a se levantar. Quando ele tropeça um pouco, Louis
envolve um braço em volta da cintura de Harry,
pressionando seus corpos juntos e segurando-o no lugar.
"Tudo bem?" Louis pergunta.
Harry boceja, então ele concorda.
"Quer colocar seu jeans de volta?" Louis pergunta, rindo
quando Harry torce o nariz com desgosto.
Ele se encolhe um pouco no corpo de Louis, tentando
esconder seu rosto no seu pescoço, murmurando algo como
"Estou com frio" na pele de Louis.
"É por isso que você deve colocar roupas, babe." Louis
brinca antes de soltar Harry de seu corpo, certificando-se de
que ele está se equilibrando corretamente. Em seguida, ele
se abaixa para pegar o cobertor de lã descartado. É macio e
é quente, deve funcionar enquanto eles caminham de volta
para o quarto de Louis, então ele o envolve ao redor dos
ombros de Harry como uma capa, prendendo as pontas na
gola do suéter de Harry, certo de que ele não gostaria de
segurá-lo. Ele beija a ponta do nariz de Harry como o toque
final, amando o jeito que Harry sorri em resposta.
Silenciosamente, com cuidado, eles descem as escadas no
escuro, com a mão de Louis no osso do quadril de Harry
enquanto ele caminha atrás dele e se certifica de que ele
não está tropeçando em si mesmo. Ele se recusa a perder
tempo se arrependendo de não ter procurado uma lanterna
que funcione, concentrando-se, em vez disso, em garantir
que os dois desçam a escada em espiral intactos. Mas
enquanto eles tropeçam desajeitadamente pressionados,
Louis não consegue deixar de pensar que cometeu um erro.
Ainda assim, eles alcançam com sucesso o final da escada,
e entram no quarto de Louis, com a porta já parcialmente
aberta. Os dois estão tão exaustos que Louis só pensa
rapidamente no fato de que talvez seu quarto parecido com
uma cabana seja constrangedor, que talvez ele devesse se
sentir envergonhado de seu tamanho, de que isso revela
sobre o estado de sua existência solitária para Harry pela
primeira vez. Mas Harry simplesmente boceja ao entrar,
claramente cansado demais para julgar os aposentos de
Louis. O rangido da porta acorda Clifford que estava
dormindo no chão embaixo da cama de Louis na ausência
deles, e ele se levanta com um pequeno latido, farejando os
pés de Harry com curiosidade.
"Ei, Cliffy, sua lindo", disse Harry com uma voz suave e
afetuosa, apesar do cansaço, estendendo o braço em
direção ao rosto de Clifford e deixando sua mão ser
lambida. Ele boceja novamente, usando a outra mão para
esfregar os olhos e Louis anda ao redor de seu corpo para
chegar até o cachorro.
"Ok, chega, garoto" Louis avisa gentilmente, empurrando-o
com mãos gentis, mas fortes.
Clifford obedece imediatamente, como bom menino que é,
se encolhendo de volta em seu lugar imediatamente, o
grande corpo cai no chão com um baque enquanto ele solta
um suspiro alto. Louis sorri, voltando-se para encarar Harry
novamente. "Faltam apenas alguns passos e você pode
dormir", ele anuncia, inclinando a cabeça em direção à
escada que leva até sua cama de solteiro. "Pode ser um
pouco apertado", diz ele se desculpando, ainda tentando
não se sentir envergonhado.
Louis não é exatamente uma pessoa solitária. E mesmo
quando está, ele geralmente acha que está tudo bem, sua
alma fica confortável com dias preenchidos apenas com sua
própria companhia. No entanto, o medo de ser julgado por
escolher esta existência, esta existência onde ele só precisa
de uma minúscula cama apertada para si e quase nunca de
convidados, nunca vai embora totalmente. Especialmente
na frente de alguém como Harry, alguém a quem ele deseja
desesperadamente se agarrar, alguém que deseja
desesperadamente manter. Mesmo sabendo que não pode.
Ainda assim, Harry apenas sorri, com os olhos sonolentos e
semicerrados. "Bom", ele responde, começando a subir,
"Você vai me manter aquecido."
Louis inala profundamente, então fecha a porta totalmente
atrás deles para evitar a corrente de ar, silenciosamente
esperando que Clifford consiga ficar parado até que eles
acordem naturalmente. Ele sobe a escada, sorrindo para si
mesmo quando vê que Harry já se enrolou sob o edredom
de Louis, de frente para a parede e oferecendo suas costas
para Louis, com o cobertor de lã ainda enrolado em seu
ombro. Louis se molda ao corpo de Harry, tornozelos com
tornozelos, joelhos com joelhos, e seu braço firmemente
preso em volta da cintura de Harry, com sua mão
espalmada contra o seu peito, sentindo as batidas
calmantes de seu coração.
Mal leva alguns minutos para ele dormir.

Louis acorda lentamente, vai de um estado meio sonolento
ainda sonhador para um totalmente alerta com respirações
constantes, suas mãos procuram pelo calor de Harry antes
de abrir os olhos para um espaço vazio à sua frente. Ele
pisca duas vezes antes de se sentar e olhar ao redor de seu
quarto confuso. As cortinas de sua janela estão abertas e a
luz do sol se derrama em seu quarto, prova concreta de que
ele dormiu muito mais do que normalmente. Com o relógio
interno todo bagunçado, Louis se desembaraça dos
cobertores, esticando as pernas por um segundo, antes de
começar a procurar o celular embaixo do travesseiro,
ansioso para saber que horas são. Sua mão surge vazia e,
num piscar de olhos, ele se lembra de tê-lo deixado na sala
da lanterna na noite anterior. Ele suspira, balançando a
cabeça para si mesmo. Ele não tem certeza se pode se dar
ao trabalho de pegar antes de falar com Harry.
Louis se levanta da cama, pulando os últimos degraus da
escada, sibilando de desconforto quando seus pés descalços
atingem o chão. Ele olha para a porta do banheiro por um
segundo, o chuveiro parece tentador após as atividades da
noite anterior. Exceto que Harry não estava na cama com
ele quando acordou, e não foi encontrado em lugar nenhum
até agora, e Louis não acha que pode esperar para ter
certeza de que está bem, de que não se arrepende do que
aconteceu. Ele se vira para sua cômoda, tirando a blusa e
jogando-a cegamente na pilha de roupa suja no canto de
seu quarto. Ele manda uma prece extra ao universo para
que Harry, de alguma forma, não tenha percebido a
bagunça ao acordar, antes de pegar um moletom novo e
vesti-lo. Ele está com muito sono para se vestir e
impressionar, então pega uma calça limpa e um moletom
cinza, satisfeito que seu suéter azul escuro pelo menos
combina com seus olhos. Além disso, Harry já o tinha visto
em roupas muito mais relaxadas antes e ele o beijou de
qualquer maneira. Se Louis conseguir o que quer, ele vai
passar a maior parte do dia com a boca colada na de Harry
novamente. Idealmente. Se Harry quiser. Se ele ainda
estiver aqui.
Louis balança a cabeça, descartando o pensamento
ridiculamente ansioso. Claro, Harry ainda está aqui. Onde
mais ele estaria? Fair Isle tem menos de 5 km de
comprimento, realisticamente, não há muitos outros lugares
onde ele poderia estar. E ele pagou para ficar até meados
de março. Não há absolutamente nenhuma razão para o
fato de que Harry o deixou acordar sozinho.
Finalmente vestido, Louis vai ao banheiro para urinar,
lavando as mãos, o rosto, depois escovando os dentes antes
de sair do quarto e voltar para a recepção da pousada.
Seus nervos se acalmam quando ele começa a ouvir
barulhos vindos da cozinha, a voz de Harry cantando o que
soa como uma canção inventada sobre café da manhã. A
música não tem muitas letras, apenas alguns “ovos
mexidos!”, “pain au chocolat!”, “suco de laranja!” e
“croissant!” com alguns “lalalalas” profundos no meio, mas
que Louis tem que parar fisicamente no corredor e respirar
lentamente algumas vezes com a mão pressionada contra o
coração.
Fofo pra caralho.
Quando Louis finalmente se sente calmo o suficiente para
entrar na cozinha, com seu rosto de volta ao neutro e não
apaixonado além do que as palavras podem expressar,
Harry parece pego em flagrante, com um dos aventais dos
proprietários anteriores da pousada amarrado na cintura.
Ele está segurando uma frigideira com uma das mãos,
usando o que parece ser um moletom de Louis, já que está
um pouco acima do tornozelo.
Um ataque vintage aos sentidos, o avental é feito de tecido
branco com flores vermelhas e rosas, jogado no pescoço de
Harry e amarrado à cintura com uma fita vermelha
brilhante, e dois bolsos vermelhos profundos de cada lado
da saia. Todo o look é complementado com um decote em
coração embelezado com renda branca, as cores um pouco
desbotadas pelo uso. Louis suspeita que a esposa dos donos
anteriores o usava muito e deve ter sentido falta quando
percebeu que o havia esquecido na ilha. Apesar de nunca o
ter usado, Louis nunca o jogou fora depois da primeira vez
que suas irmãs o visitaram e todas se divertiram brincando
de se fantasiar com ele. Em Harry, parece ridículo e
cativante. Combina com ele e sua canção boba de café da
manhã.
"Você está acordado", Harry franze a testa, colocando a
panela de volta no fogão.
"Desculpe desapontar...?" Louis diz, em tom um pouco
questionador.
"Eu ia levar o café da manhã para você na cama", declara
Harry, apontando para sua roupa, como se isso de alguma
forma explicasse. "Duh."
“Ah” Louis concorda, dando um passo à frente. Ele se abaixa
para dizer bom-dia a Clifford, coçando-o sob as orelhas. "Ei,
querido", ele sussurra para o cachorro.
“Eu o alimentei e o levei para sair,” Harry diz e quando
Louis olha para ele, ele sorri um pouco timidamente. "Achei
que você merecia um repouso."
Louis torce o nariz e sorri se desculpando. "Desculpe
estragar seus planos?"
"Tudo bem", Harry deu de ombros e eles ficaram parados
sem jeito, nenhum dos dois sabendo bem o que fazer ou
dizer. Finalmente, depois de alguns segundos, Harry voltou
para o fogão, resmungando algo sobre a comida estar quase
pronta, com os ombros curvados para frente.
Louis revira os olhos e solta um pequeno suspiro,
desapontado consigo mesmo, antes de caminhar ao lado de
Harry e enfiar a mão em um dos bolsos de seu avental,
puxando-o para mais perto com um movimento brusco e
dando um beijo forte em sua bochecha.
"Ei, babe", ele repete, um sentimento de satisfação e
orgulho afia em seu peito quando Harry sorri
profundamente em resposta.
"Eiii" Harry responde.
“Obrigado por fazer comida” Louis continua, beijando sua
bochecha novamente. “Você está fofo”, acrescenta ele sem
pensar, corando ao perceber o que acabou de dizer. “Quero
dizer, não que todo o seu charme resida na sua aparência
física, obviamente”, balbucia, ferozmente ciente da maneira
como a imagem de Harry foi vendida várias vezes, por um
preço literal preso ao seu rosto e corpo. “O que é beleza
física, afinal?”, ele coloca a questão com um gesto vago
com a mão. "Verdadeiramente sem sentido no grande
esquema das coisas."
Há uma pequena pausa de silêncio antes de Harry soltar
uma risada estridente. Ele bate a mão na boca em
constrangimento, antes de balançar a cabeça. "É mesmo?"
ele pergunta, com as sobrancelhas levantadas e um olhar
em seu rosto como se ele soubesse exatamente o que Louis
estava pensando e o acha adorável e ridículo ao mesmo
tempo.
“Não tire sarro de mim” Louis murmura.
"Eu não estou" Harry nega, desligando o fogão. “Agradeço
que você tenha um fetiche por avental com babados e que
não queira apenas transar comigo por causa da minha
aparência física.’’
"Eu não tenho um fetiche por avental com babados!" Louis
responde, beliscando a pele da cintura de Harry, rindo tanto
que ele mal consegue falar.
“Não, realmente” Harry grita, afastando-se dos dedos de
Louis, “Eu posso trabalhar com isso. Acredite em mim. É
muito melhor do que o que eu estava imaginando de
qualquer maneira. ”
"O que você quer dizer com trabalhar com isso?" Louis
pergunta automaticamente antes de seu cérebro entender o
que Harry disse a seguir. "Espere, o que você estava
imaginando?" Ele pergunta, afastando Harry um pouco para
olhar seu rosto.
“Gosto do fato de você estar preocupado com o que estou
disposto a fazer com o avental antes de mais nada.” Harry
balança as sobrancelhas. “E sem escândalo, não fique
assim. Achei que você poderia ter uma esposa secreta
escondida em algum lugar. Estilo Jane Eyre.”
A boca de Louis cai aberta. “Um segredo-” Ele balança a
cabeça, incrédulo. “Você encontrou um avental que
literalmente parece ter 50 anos no meu armário da cozinha
e seu primeiro pensamento foi que eu tenho uma esposa
secreta? Harry, eu sou obviamente muito gay e-” Ele para
de falar quando vê o brilho nos olhos de Harry. ‘’Ah, entendi.
Você acabou de tirar sarro de mim agora?" Louis resmunga,
cruzando os braços sobre o peito.
Harry ri, inclinando-se um pouco na direção de Louis para
beijar a expressão petulante de seu rosto. Louis o afastaria
apenas para ser difícil, mas... ele não beijava Harry há
algumas horas. Basicamente, uma vida inteira. E ele não
esqueceu seu objetivo do dia. Então ele deixa Harry beijá-lo
e envolve seus braços em volta de seu pescoço para
começar a brincar com seus cachos. Depois de um tempo,
Harry se afasta.
“Comida” Ele diz severamente, empurrando Louis em
direção à mesa.
“Posso ajudar-”
"Você pode se sentar e me deixar cuidar de tudo", ordena
Harry, zumbindo de energia enquanto pega os pratos.
“A propósito”, Louis começa ao se sentar, sorrindo quando
Clifford caminha até ele e apoia a cabeça na coxa de Louis,
“Eu realmente acho que a beleza NÃO faz sentido. E que
não tem vínculo com o valor real de alguém como pessoa.
Eu tenho um monte de irmãzinhas ok, eu quis dizer aquele
discurso.”
Harry olha por cima do ombro para sorrir para ele. “Eu sei”,
responde. Ele se vira, brincando com algumas coisas no
balcão antes de voltar para colocar um copo de suco na
frente de Louis. “Suco de laranja,” ele declara e Louis sorri.
“Lalalala?” Ele canta baixinho, imitando a música de Harry
de antes, rindo um pouco quando formam-se covinhas e ele
cora.
"Sim" Harry responde antes de voltar com um prato de
doces que ele claramente comprou na padaria e o estômago
de Louis aperta com a ideia de Harry acordar cedo e
caminhar todo o caminho até a cidade para pegar os doces
de Louis para o café da manhã.
“Obrigado” Louis diz, com os dedos suaves no pulso de
Harry. Ele agarra o avental com a outra mão, puxando Harry
para baixo para beijá-lo novamente. "Você não precisava ir
até a casa da Sra. Clark."
Harry pisca, parecendo ter sido pego. "Tive que andar com
Cliff de qualquer maneira, então..." Ele dá de ombros com
desdém, como se não fosse grande coisa, como se não
fosse nada, mas Louis não consegue se lembrar da última
vez que alguém cozinhou para ele adequadamente, a última
vez que alguém cuidou dele.
Com o seu trabalho, é ele quem está sempre cuidando dos
outros e, embora goste muito disso, há algo se
amolecimento nele, pois está sendo mimado pela primeira
vez em muito tempo. Deus, ele gostaria de não gostar tanto
de Harry.
Em seguida, Harry coloca pratos com ovos mexidos e
salsichas na mesa. Ele tira o avental, colocando-o no balcão,
antes de afofar o cabelo com dedos delicados. Em seguida,
ele pega a cadeira vazia na frente de Louis, movendo-a para
que ele possa se sentar ao lado dele, gentilmente
empurrando Clifford para fora do caminho, substituindo o
peso da cabeça de Cliff na coxa de Louis com a sensação de
Harry pressionado contra ela.
Louis mataria um homem por seu cachorro, mas isso... isso
é muito melhor, ele não pode deixar de pensar quando
Harry timidamente alcançou a mão de Louis, enredando
seus dedos em sua coxa enquanto eles tomavam o café da
manhã inconvenientemente com uma mão.
Capítulo 8
Mais tarde naquele dia, muito mais tarde, depois de lavar a
louça ao som de uma playlist de jazz suave que Harry
selecionou cuidadosamente no celular de Louis - que pegou
do topo da torre quando o mesmo ainda estava dormindo -,
com os ombros pressionados um contra o outro enquanto
eles balançavam, Louis lavando enquanto Harry secava,
eles voltam para a sala das lanternas. Limpam a bagunça
rapidamente, Harry cora um pouco com a devastação que
eles causaram na noite anterior. Almofadas e cobertores
jogados ao acaso no chão, e canecas de chá que
milagrosamente não quebraram. Tem até livros no chão,
mais do que apenas o livro de poesia da noite passada, sem
falar na lanterna que perderam no meio da paixão. Louis
não lembrava de ter ficado tão bagunçado quando eles
foram embora, mas na hora ele tinha outras preocupações.
A limpeza está quase acabando, Louis termina de colocar
cuidadosamente as almofadas de volta no banco, quando
ouve um rangido da porta que dá para a galeria. Se vira a
tempo de pegar Harry se esgueirando para fora da sala,
sorrindo um pouco quando ele se inclina no parapeito com
nada além de sua fina camiseta branca. Já tem arrepios na
pele de seus braços, Louis pode dizer, mas Harry não parece
se importar, olhando para frente com o olhar pensativo
sempre presente em seu rosto, que o mais velho passou a
gostar tanto. Seu cabelo está ficando comprido, Louis não
pôde deixar de notar enquanto o vento faz seus cachos
dançarem contra suas bochechas. Ele está lindo à luz do fim
da tarde; etéreo, mas não fora do lugar, embora talvez
devesse. O sol começou a se pôr, banhando-o com uma luz
rosa dourada. Parece que ele pertence a esse lugar, parece
tão bonito quanto a paisagem, e isso atinge Louis no peito
com ferocidade, como uma bala. Bang. Isso realmente vai
machucá-lo.
Porque Harry não pertence, não importa o quanto ele se
pareça, não importa o quanto Louis queira que ele seja. Ele
pertence a cidades distantes, em um palco gigantesco,
diante de mares de pessoas... ele pode não ter certeza se
vai continuar sua carreira agora, mas Louis tem dificuldade
em imaginar que vai encontrar o caminho de volta aqui. Não
quando ele tem tanto a dizer, todas aquelas músicas que
ele está escrevendo timidamente, que vão precisar de um
público em breve. Ele vai ir embora, como deveria, e vai
doer.
Se Louis fosse um homem mais forte e sábio, ele poderia
criar coragem para falar sobre isso. Ele poderia sentar com
Harry e estabelecer alguns limites, discutir o que diabos
eles pensam que estão fazendo agora, quando ele está
programado para partir em pouco mais de um mês. Mas ele
não é. Ele não é um homem forte, é um tolo e quer isso. Ele
quer beijar Harry de novo e de novo, a cada segundo de
cada dia até que ele vá embora, quer aproveitar a
oportunidade enquanto a tem, antes que Harry volte a ser
quem ele nasceu para ser. Louis sabe que ele não é nada
além de uma pauta e, com sorte, uma memória na qual
Harry irá se debruçar com carinho de vez em quando, uma
pequena aventura especial o suficiente para ser lembrado...
e ele quer tudo. Ele quer muito mais. Louis não consegue
nem ficar chateado, tendo a emoção do toque de Harry
ainda correndo em suas veias.
Louis suspira enquanto olha para o pôr do sol - olha para
Harry olhando para o pôr do sol -, vendo a faixa de dor
ainda correndo por ele, mas também vendo a força de seu
caráter, vendo a maneira como ele está se reconstruindo, e
de repente ele tem que piscar para conter as lágrimas por
como ele é ferozmente orgulhoso deste homem. Esse idiota
que sempre trabalha tanto e teve que aprender a não usar o
coração na manga da maneira mais cruel, mas que nunca
deixou que isso mudasse a bondade de seu espírito. Esse
idiota completo e absoluto, tremendo em nada além de uma
camiseta lá fora na galeria só para ver o pôr do sol direito,
para ver o mar.
Louis balança a cabeça carinhosamente antes de desviar o
olhar, indo direto para o peito e pega um cardigã roxo feio
que veio direto do inferno nos anos 80. Então, ele se junta a
Harry na galeria, fechando a porta atrás dele e sorrindo um
pouco com a ferocidade do vento. O assobio quase sempre
pode ser ouvido através do vidro, mas é verdadeiramente
inevitável uma vez do lado de fora, um som poderoso e de
ultrapassagem. Louis não perde um segundo antes de ir
direto para Harry, colocando cuidadosamente o cardigã
sobre seus ombros, assim como ele cuidadosamente
colocou o cobertor sobre ele na noite passada. Harry fica
tenso por um segundo, mas menos de um instante, relaxa
no corpo de Louis quando reconhece que é ele. Louis deixa
suas mãos deslizarem nos ombros do rapaz, e agora em
seus braços, certificando-se de que o tecido está seguro
sobre ele antes de envolvê-lo, e abraçar sua cintura por
trás, com seus corpos tão próximos que não há um pedaço
de espaço entre eles. Louis coça a barriga de Harry por um
segundo enquanto dá um beijo em seu ombro direito. Então,
ele deixa uma de suas palmas descansar suavemente na
barriga de Harry, e a outra perto de seu coração, sentindo o
lento subir e descer de suas respirações profundas.
Apoiando o queixo no ombro de Harry, Louis observa os
penhascos dramáticos e o mar tumultuado além deles, sem
contar o pôr do sol de tirar o fôlego ao redor.
"Obrigado", diz Harry, colocando sua mão direita sobre a de
Louis, contra seu estômago, e enredando seus dedos.
“Achei que você pudesse estar com frio”, Louis sussurra
bem no ouvido dele.
"Não estou mais" Responde e, por um tempo eles apenas
ficam em silêncio, observando o céu mudar, ficando
vermelho e escuro, lentamente.
Depois de um tempo, Louis sorri quase distraidamente.
“Esse céu, uh”, ele diz, principalmente para si mesmo,
ainda oprimido por vê-lo tantos anos depois, ainda
oprimido, embora ele o veja todos os dias. É uma visão
comovente, ter o mundo ao redor deles tão majestoso de
maneiras que eles não têm controle.
Harry cantarola concordando, pensativo e cuidadoso como
sempre. “Eu vi muitas coisas bonitas em muitos lugares
bonitos”, ele finalmente diz após um momento de reflexão,
“Mas essa vista...” Faz uma pausa e respira fundo. Inspira.
Expira. “Este lugar é tão especial”, ele finalmente diz a
Louis, virando-se para encará-lo.
Louis inclina a cabeça, seus olhos se encontram e o olhar de
Harry suaviza.
“Eu entendo por que você se apaixonou por isso”,
acrescenta, uma emoção que Louis não tem certeza se
saber ler, ficou presa em sua garganta. Então, ele se inclina
para beijar Louis, que decide não se preocupar muito com
isso.
Certamente isso não deveria parecer a primeira vez, mas o
coração de Louis erra uma batida de trepidação do mesmo
jeito, de empolgação, de descrença. Com um refrão de
‘’Harry está me beijando! Harry está me beijando! Harry
está me beijando!’’, girando e girando na parte de trás de
sua cabeça. Ele realmente é um tolo.
Eles continuam se beijando por alguns segundos até que
Harry se canse do ângulo estranho, virando-se de forma que
suas costas fiquem pressionadas contra a grade, com
ambas as mãos no pescoço de Louis enquanto ele
aprofunda o beijo, enquanto ele pega o que quer. Pode não
ser muito confortável, mas Louis tem dificuldade em se
preocupar com as costas de Harry quando ele morde seu
lábio inferior daquele jeito. Louis geme em sua boca, uma
mão agarra o corrimão para se equilibrar enquanto a outra
segura os quadris de Harry, seus dedos cavando na carne,
mantendo-o no lugar. De repente, as coisas começam a
esquentar e Louis está beijando como uma trilha ao longo
da mandíbula de Harry, sugando seu pescoço, deliciando-se
com os pequenos gemidos que saem de sua boca.
Provocadoramente, ele pressiona suas coxas, uma dica de
onde ele quer que isso vá, e os quadris de Harry giram
enquanto ele segue os movimentos de Louis.
“Oh merda” Harry disse e Louis levou um segundo para
perceber que ele parecia preocupado ao invés de excitado,
se separando do pescoço de Harry e olhando-o com olhos
arregalados.
"O que?" Louis pergunta, tirando o cabelo de Harry de sua
testa e esfregando o polegar entre as sobrancelhas, com
seus corpos ainda um pouco emaranhados. "O que houve?"
"Seu cardigã caiu", diz, e Louis olha para onde a roupa
ofensiva agora está tristemente no telhado da cabana.
"Quem se importa?" Louis encolhe os ombros, antes de se
inclinar para beijar o queixo de Harry novamente. “Ele não é
meu. E ele é um monstro de qualquer maneira” Brinca
contra a pele de Harry, mordendo-o provocativamente onde
sua mandíbula encontra seu pescoço, uma pequena
mordida na pele que o faz gemer.
“Eu gosto dele” Harry engasgou, alcançando os ombros de
Louis e os agarrando.
E isso faz Louis parar, se afastando enquanto dá a Harry um
olhar calculista.
"Você gosta dele?" Levanta uma sobrancelha incrédula para
dar ênfase.
"Eu a amo" Harry insiste, seus olhos brilham em travessura,
com o corpo relaxado contra o parapeito, as bochechas
vermelhas e seus cachos bagunçados ao redor da cabeça.
"Eu não quero que ele morra órfão."
Eles provavelmente não deveriam estar fazendo isso aqui
de qualquer maneira, Louis imagina, embora ele suspeite
que muitos clientes fizeram o mesmo sem ele saber. Ainda
assim, provavelmente não é o local mais seguro para uma
sessão de beijos, como o trágico destino do cardigã
confirma, mas é difícil resistir a Harry assim. Quando ele
está brincando e provocando, com seus olhos brilhantes e
lábios inchados.
“Você não quer que ele morra órfão” Louis fala sem rodeios,
conseguindo manter uma cara séria até o momento em que
Harry encolhe os ombros timidamente, então sorri,
formando covinhas, e se inclina para tentar beijá-lo
novamente.
Louis dá um passo para trás, evitando o beijo com uma
risada, e continua caminhando para trás até ficar
pressionado contra o vidro da lanterna, balançando as
sobrancelhas.
“Bem”, ele diz provocadoramente, cruzando uma perna
sobre a outra, “Se você não quer que ele morra órfão, eu
acho que terei que ir resgatá-lo. Para que você possa adotá-
lo oficialmente, sabe?" Sorri quando o rosto de Harry cai, a
compreensão de que estão sendo negados mais beijos,
lentamente tomando conta de seu rosto.
“Não temos que fazer isso agora” Harry insiste, dando um
passo à frente, alcançando a cintura de Louis.
Mas Louis é muito rápido, ágil e preparado, e sai do
caminho bem a tempo, alcançando a porta para voltar para
dentro.
“Atrasando a missão de resgate? Harry, o que você está
pensando?" Diz enquanto abre a porta atrás de si. “Não,
não, não, não, não podemos fazer isso. Ele teve uma queda
e tanto. Cada segundo conta. Este é um assunto de grande
urgência.” Ele volta para a sala da lanterna, rindo quando
Harry revira os olhos, bufando um pouco, com um sorriso
malicioso.
“Vamos lá” Harry choramingou exageradamente, seguindo
Louis para dentro e então descendo as escadas. “Não seja
ridículo”, ele insiste com uma pequena risada.
Dez minutos depois, Louis está de pé no topo do telhado,
com uma mão descansando triunfantemente em seu quadril
enquanto a outra segura o precioso cardigã para Harry ver.
O sol está praticamente se pondo agora, a escuridão os
envolve, mas é mais uma questão de princípios do que
qualquer outra coisa. Harry está segurando a escada com
duas mãos firmes, com a jaqueta jeans de Louis é fofa e
confortável em volta dos ombros, mas há uma expressão
um pouco preocupada em seu rosto. Louis pode dizer.
"Ok, você provou seu ponto" Harry grita quando Louis faz
uma reverência de brincadeira e grita "de nada!"
“Ele vai conseguir H” Grita de volta em vez de se abaixar.
"Não se preocupe."
"Você pode descer agora?" Harry pergunta, um pouco
impaciente, embora Louis suspeite que está escondendo
mais preocupação do que qualquer outra coisa. "Está escuro
agora, você vai cair."
“Como você me subestima”, Louis brinca antes de colocar
dramaticamente o cardigã em um de seus ombros e
cuidadosamente caminhar até a borda.
Rapidamente, ele está de volta ao chão, apresentando a
Harry seu prêmio.
“Seu filho feio”, brinca, envolvendo o cardigã em volta do
ombro de Harry como um lenço, usando-o para arrastar seu
corpo para frente.
"Meu herói!" Harry desmaia de brincadeira, seguindo
facilmente o exemplo de Louis até que as suas costas são
pressionadas contra a parede da cabana. "Como eu poderia
retribuir?" Provoca, respirando contra os lábios de Louis.
Então, sem esperar mais um segundo, ele o beija
novamente.

Desta vez, eles chegaram ao quarto de Harry, e Louis se
joga no luxo de uma cama enorme que ele nunca se
permite, mesmo quando a pousada está vazia, sentindo a
maciez dos lençóis caros em sua pele nua e sorrindo para si
mesmo enquanto se deita em suas costas, com uma das
pernas de Harry enrolada na sua, onde ele está deitado de
lado, ao lado dele.
Louis mantém os olhos fixos no teto por um tempo, sentindo
o peso do olhar de Harry em seu rosto, mas optando por
não dizer nada. Ele ainda está surpreso com o quão
arrumado Harry manteve o quarto, sem malas ou roupas à
vista. Ele teve um vislumbre de seu violão e uma pilha de
cadernos em um canto quando eles entraram há algumas
horas atrás, mas fora aquela pequena dica de pertences
pessoais, tudo o que Harry possui parece bem guardado.
Combina com ele e com seus modos cuidadosos e
calculados, Louis supõe. O tipo de homem que demora um
pouco para se revelar e também mantém seus sentimentos
íntimos escondidos. Louis sorri para si mesmo assim que o
pensamento entra em sua mente, lembrando-se de todas as
vezes que Harry escolheu se abrir com cautela para ele,
todas as maneiras como ele foi honesto, talvez contra seu
primeiro instinto.
"O que?" Louis finalmente pergunta, o sorriso sincero se
transforma em um sorriso debochado no canto da boca,
quando o olhar de Harry teimosamente se recusa a se
afastar. Ele pretendia soar brincalhão e impaciente, mas sua
voz traz suavidade, não importa o que ele pretenda quando
Harry está preocupado. Ele está sempre revelando muito.
"Nada" Harry sussurra, sem se mover um centímetro.
"Você está olhando para mim." Louis afirma o óbvio, com os
olhos fixos na luminária industrial vintage acima. Ele se
preocupou tanto com cada pequena escolha quando
começou a decorar a pousada, e particularmente se lembra
de algumas brigas violentas em seu bate-papo familiar
sobre quais lâmpadas ele precisava escolher para dar a seu
estabelecimento um toque moderno e honrar sua história. O
resultado foi impressionante, Louis pensa quando se
permite uma pausa de humildade e é tudo muito dele , cada
centímetro do lugar cheirando a sua influência.
Há algo profundamente gratificante para ele pensar em
Harry fazendo de um lar temporário, um lugar que Louis
curou com tanto cuidado.
"Sim" Harry reconhece sem se explicar, "Eu estou."
Louis franze os lábios, tentando lutar contra um sorriso
irresistível. Ele sabe que não está tendo muito sucesso,
sabe que seus olhos estão enrugando sem permissão,
denunciando-o completamente. Ainda assim, ele não se
sente constrangido, nunca sob a atenção de Harry. Não há
nada na maneira como ele está sendo olhado agora que o
faça querer se esconder. O que, para um homem que fez de
sua missão de vida passar o máximo de tempo possível
sozinho, não é pouca coisa. Mas há algo sobre a maneira
como Harry olha para ele, sempre houve. É como se ele
estivesse realmente prestando atenção, como se cada
pequeno tremor do rosto de Louis precisasse ser anotado e
catalogado, como se talvez houvesse um teste depois, e
Harry precisasse saber tudo. Como se talvez ele precisasse
se lembrar da maneira específica como Louis ri de Clifford,
quando ele corre para fora do mar a toda velocidade e se
seca, molhando qualquer um ao seu redor. Como se talvez
ele precisasse se lembrar da maneira específica como Louis
dança na cozinha enquanto lava os pratos, com o bumbum
balançando e sem nenhum talento em particular. Harry
sempre olha para ele como se quisesse cada linha do corpo
de Louis tatuada em seu cérebro, quer memorizar cada
ascensão e queda do peito de Louis para que ele não
esqueça. Louis se pergunta se isso é parte do que torna
Harry tão especial, tão amado, se talvez ele faça o sangue
de todos ferver nas veias do jeito que ele faz com Louis, se
ele faz com que todos se sintam únicos e importantes de
alguma forma.
É uma sensação boba, talvez. Inconsequente, certamente.
Louis lambe o lábio inferior, tentando adiar o inevitável, mas
logo ele não consegue conter, e se vira de lado em um
movimento para encarar Harry, prendendo sua perna entre
as suas. Ele sorri quando seus olhos finalmente se
encontram.
“Pronto”, Louis brinca, “Agora você pode olhar o quanto
quiser”.
Harry não sorri. Em vez disso, ele muito lentamente alcança
a bochecha de Louis, acariciando-a com o polegar enquanto
desliza o resto dos dedos no cabelo de Louis.
"Você provavelmente não deveria me dar tanto prazer-" Sai
da boca de Harry como um aviso, em vez de uma
reprovação, e Louis se pega balançando a cabeça antes que
a frase seja totalmente pronunciada.
“Para que você saiba, acho que estamos na medida certa”
Louis diz sério, antes de se inclinar para beijar a ponta do
nariz de Harry, deliciando-se com a maneira como ele o
torce.

Na manhã seguinte, depois de acordar emaranhados na
cama de Harry, com as pontas dos dedos congelantes de
Louis perseguindo o calor na barriga de Harry, eles
caminharam com Clifford juntos. Ele não sai para uma
corrida matinal desde o aniversário de Harry, mas Louis não
consegue se importar quando pode se juntar ele em seu
ritual diário. São sete e meia quando eles saem pela
primeira vez, enrolados em duas camadas de moletons sob
as jaquetas. O vento é cruel a esta hora da manhã e Louis
franze o nariz quando eles começam a se dirigir à cidade. O
sol não vai nascer por quase uma hora, mas a escuridão não
vai domar o entusiasmo de Clifford enquanto ele corre à
frente deles no caminho enlameado e congelado, indo à
estrada principal.
Harry está pensativo e silencioso, nunca voltara a ficar
assim desde que se beijaram pela primeira vez, e Louis não
tem certeza se deve oferecer mais conforto agora que eles
começaram... seja lá o que for que eles estão fazendo. Se
talvez ele não devesse simplesmente deixá-lo ser como ele
normalmente é. Quando eles acordaram pela primeira vez,
ele presumiu que Harry estava apenas meio adormecido,
não comunicativo porque ele não teve a chance de acordar
completamente ainda, mas conforme eles se aproximam
cada vez mais da vila, torna-se óbvio que ele provavelmente
está tendo um daqueles dias mal-humorados que ele tem às
vezes, preso em sua cabeça e em suas preocupações. Então
Louis decide fazer como sempre faz, decide caminhar ao
lado dele em silêncio, pronto para oferecer uma mão ou um
ombro, caso precise.
Quando eles chegam ao limite da aldeia, a cabine telefônica
vermelha é uma figura sombreada na escuridão à frente
deles, Harry para de andar.
"Eu..." Ele limpa a garganta. “Eu sei que disse que
tomaríamos café da manhã juntos e eu ligaria depois, mas
acho que preciso fazer isso primeiro”, diz, apontando para a
cabine.
“Claro” Louis concorda, virando-se de lado para encará-lo e
alcançando seu bíceps. “A padaria está aberta, então vou
tomar um chá enquanto espero.”
‘’Está tudo bem?" Harry pergunta, e Louis sorri, balançando
a cabeça.
"Está tudo bem", diz, dando um passo à frente para beijar
Harry, deslizando a mão pelo cabelo de sua nuca enquanto
o outro aperta um pouco seu bíceps. "Vejo você mais tarde."
"Sim, ok", disse Harry, olhando para seus pés, sorrindo um
pouco. Em seguida, ele vai até a cabine telefônica e entra,
dando a Louis uma última olhada por cima do ombro antes
de pegar o receptor e procurar o troco no bolso.
“Venha, cãozinho”, Louis chama Clifford, passando pelo
estande e indo direto para a padaria.
Ele observa o céu mudar pela janela da frente da padaria,
da escuridão completa até começar a derramar laranjas e
vermelhos pelo mundo enquanto o sol nasce lentamente,
bebendo seu chá com Clifford descansando em seus pés.
Ele está escondido em um canto da loja, distraidamente
examinando os Instagrams de sua família e amigos,
curtindo as selfies de suas irmãs e torrando as legendas
idiotas de seus amigos.
Em algum momento, ele se dá ao luxo de inclinar sua
caneca em direção à janela para tirar uma foto dela com o
nascer do sol ao fundo, colocando uma legenda descarada
de uma das canções de Harry antes de postá-la. Pelo
menos, ele será o único a saber como ele é absolutamente
brega e apaixonado, Louis pensa enquanto coloca o telefone
de volta no bolso antes de estender a mão para acariciar
Clifford.
A Sra. Clark enche seu chá duas vezes enquanto ele espera
e está apenas na metade da terceira xícara quando Harry
entra pela porta, vestindo a jaqueta jeans de Louis e uma
gola alta branca. A Sra. Clark sorri ao vê-lo e ele troca um
olhar minúsculo com Louis antes de ir até o balcão para
pedir o café da manhã. Louis não tem a intenção de olhar
assustadoramente, mas ele não pode evitar a maneira
como seu olhar se fixa no corpo do mais novo, observando
cada micro-mudança em sua linguagem corporal para
tentar descobrir se ele ainda está chateado. Do jeito que
está, ele parece muito mais solto do que antes, covinhas se
formam em suas bochechas quando ele entrega uma nota
de dez para a Sra. Clark e recusa o troco. Louis desvia o
olhar quando ele se vira com alguns pratos cheios de
pastéis nas mãos.
"Sem chá?" Louis provoca quando Harry se junta a ele na
mesa.
Harry encolhe os ombros, colocando um dos pratos cheios
de suas comidas favoritas na frente do Louis. “Achei que
você provavelmente tinha algo sobrando para
compartilhar”, diz ele, sentando-se e automaticamente
pegando a caneca meio cheia de Louis.
“Ladrão”, Louis brinca, pegando um croissant de amêndoas
e começando a mordiscar imediatamente.
"Você não se importa", disse Harry com confiança, tomando
outro gole e fazendo uma careta de amargura. “Além disso,
é provavelmente o seu quarto ou algo assim, não é muito
saudável. Estou apenas cuidando de você.”
Louis zomba. “Terceiro, na verdade” Diz, erguendo as
sobrancelhas.
"Você pelo menos comeu alguma coisa?" Harry pergunta,
balançando a cabeça.
"Você teria me comprado tantos doces se pensasse que eu
já comi?" Louis responde com a boca meio cheia.
Harry lambe o lábio inferior, pegando um muffin de banana
e noz-pecã de seu próprio prato. “Touché”, ele responde
antes de dar uma enorme mordida, de cima a baixo,
comendo um terço de uma vez.
Louis o deixa mastigar um pouco antes de fazer a pergunta
que está queimando na ponta da língua.
“Boa ligação?”
Ele não pôde evitar. Ele tem que comentar sobre a óbvia
mudança de humor de Harry. Antes de se separarem, ele
presumiu que o rapaz permaneceria quieto a maior parte do
dia, poderia até pedir um tempo sozinho, mas aqui está ele,
brincando, todo sorridente.
"Sim" Harry concorda. Ele toma outro gole de chá antes de
devolvê-lo. "Definitivamente. Eu tinha muito o que pensar
esta manhã. Meu cérebro estava todo...” Mexe os dedos
para ilustrar seu ponto. “Conversar ajudou. Eu me sinto
ótimo."
Louis toma os dois últimos grandes goles de chá antes de
devolvê-lo. “Você fica com o resto”, diz ele, “Já bebi o
suficiente”.
“Eu não vou discutir’’ Harry ri, pegando a caneca
novamente e colocando-a ao lado de seu prato.
“Fico feliz que sua ligação tenha ajudado”, comenta Louis,
lutando contra o constrangimento que está sentindo. "Não
que eu me importe quando você está..." Louis mexe os
dedos de volta para ele em um eco do próprio gesto de
Harry. O calor se espalha por seu peito quando Harry sorri
de volta para ele, divertido. “Mas, você sabe... é sempre
bom ver essas duas” Louis continua suavemente,
alcançando o outro lado da mesa para pressionar o polegar
bem onde a covinha esquerda de Harry acabou de aparecer.
"As fazedoras de dinheiro", diz Harry, de forma
autodepreciativa.
Louis balança a cabeça ao revirar os olhos. "Nah", ele
responde, sem dizer nenhuma das coisas tolas que está
pensando, como se as covinhas de Harry fossem duas
vírgulas de felicidade gravadas em sua pele, duas pequenas
pausas de alegria que iluminam seu rosto. "Não pense nelas
assim."
Ele se surpreende com o quão sério acaba soando. Seu
polegar ainda está acariciando a bochecha de Harry e ele
provavelmente deveria soltar agora. Ele não sabe como
Harry se sente sobre demonstrações de afeto em público e,
embora o café possa estar vazio, a Sra. Clark ainda está
atrás do balcão e ela estará fofocando a todos mais tarde se
notar algo remotamente romântico entre eles. Ainda assim,
ele não parecia ser capaz de soltar a pele de Harry muito
macia ao toque. Era um gesto de alguma forma,
reconfortante para Louis.
"Estou apenas brincando", disse Harry, com a voz um pouco
rouca.
Louis realmente quer beijá-lo.
"Certo’’, ele murmura para si mesmo, finalmente deixando o
rosto de Harry ir, recostando-se na cadeira. "Claro." Ele
pega outro bolinho sem olhar, dando uma mordida enorme.
“Estes são realmente bons.”
Harry acena em concordância, terminando seu muffin e
rindo quando Clifford se move em sua direção para colocar
a cabeça em sua coxa. “Ah, qual é” Harry ri, “Isso é um
muffin. Você não quer um muffin, seu bobo." Ele deixa
Clifford cheirar suas mãos vazias.
“Ele quer sua atenção” Louis diz, revirando os olhos. Não
que ele possa culpar seu cachorro. “Ele não liga para o
muffin. Ele se tornou co-dependente, eu acho. Ele gosta de
você mais do que de mim, você sabe” Acrescenta
incisivamente, fingindo estar ofendido.
Harry zomba. “Bem, isso é descaradamente falso”, diz com
uma voz de cachorro, suave e alta como se estivesse
falando com uma criança, antes de dar um beijo no topo da
cabeça de Clifford. "Você ama seu pai, não é?" Ele pergunta
a Clifford, sorrindo para Louis quando seu cachorro late em
resposta. "Viu!"
"Eu sei que ele me ama, isso nunca foi questionado."
"Bom. Não deveria ser.” Harry levanta a caneca, tomando
um, dois, três longos goles antes de colocá-la na mesa e
deslizá-la para longe dele. “Nada como uma boa xícara de
chá não feita ao seu gosto”, brinca antes de piscar para
Louis.
Ele parece um pouco arrogante, mas doce, a combinação
causa uma excitação insuportável. Louis realmente esteve
impotente o tempo todo, amarrado ao longo do caminho,
incapaz de parar o modo como seu estômago se contrai e
seu coração incha sempre que Harry faz algo bonito. Mas,
em vez de se concentrar nas borboletas idiotas em sua
barriga, Louis provoca Harry de volta.
“Quero dizer, foi você quem roubou, você sabia exatamente
no que estava se metendo. Se você quisesse algo doce e
nojento, poderia pedir seu próprio chá.”
Harry solta um longo suspiro de sofrimento antes de inclinar
a cabeça ligeiramente. "Eu suponho que sim", ele concorda
sem entusiasmo, antes de parecer sincero. “Obrigado por
compartilhar.”
Louis encolhe os ombros. "Sem problemas. Obrigado por me
comprar bolinhos.”
Harry sorri. "Sem problemas."
Eles passam o tempo comendo o resto do café da manhã,
examinando a quantidade absurda de doces que Harry
comprou relativamente rápido. Minutos depois, não há nada
além de migalhas em seus respectivos pratos, e Louis quase
não consegue acreditar na quantidade de comida que
acabou de comer. Eles saem assim que a padaria fica
lotada, acenando para quase metade da cidade no caminho
de saída, todos entusiasmados para vê-los e ansiosos para
bater um papo. Louis se esquiva de alguns, dizendo "Como
vai?", acenando com a cabeça, sorrindo e levantando
polegares estúpidos até que eles finalmente voltam a rua.
Assim que eles conseguem um pouco de privacidade, Harry
ri um pouco.
“Amo o fato de que todos sempre estão por dentro de tudo”,
ele comenta, obviamente se referindo à maneira como as
pessoas começaram a fofocar assim que alguém entrou na
cafeteria, o nível de barulho aumentava a cada nova
chegada.
“Sim, é maravilhoso” Louis diz, brincando sarcasticamente.
“Na verdade”, ele corrige, enquanto eles passam pela
cabine telefônica e saem da vila, “Durante a temporada de
turismo, a fofoca é fantástica! Sempre acabo sabendo assim
que chega alguém novo na ilha. Super útil quando as
pessoas aparecem sem reservas. Claro, todas as diferentes
acomodações na ilha raramente estão totalmente
esgotadas, então pessoas aleatórias aparecendo não
costuma ser um problema. Mas os vizinhos ainda controlam
esse tipo de coisa. É muito útil, sabe? ”
Os olhos de Harry se arregalam. "Espere", diz ele,
interrompendo seus passos, e leva alguns segundos para
Louis perceber, o que significa que ele tem que correr de
volta para onde Harry está parado, assobiando para Clifford
não se afastar muito. “Isso significa que você sabia que eu
estava vindo? Naquele dia eu estava te esperando na
pousada? A máquina de fofoca da cidade avisou você?''
Com isso, Louis franze a testa, sua confusão revive por
Harry ter mencionando isso. “Na verdade” ele diz, com um
índice no ar, “Isso me lembra... não. Ninguém viu você
chegando. Ninguém sabia de onde você veio. Essa foi a
minha primeira pista de que algo estranho estava
acontecendo, porque literalmente eu sempre sei quando
alguém novo põe os pés na ilha. No entanto, lá estava você,
alto e esquisito andando de um lado para o outro na frente
da minha janela e nenhuma mensagem de texto de aviso no
meu telefone.''
Harry sorri, um pouco envergonhado. "Você realmente
achou que eu era um estranho?" Ele pergunta, pegando a
mão que Louis ainda tem no ar, trazendo-a para baixo e
entrelaçando seus dedos.
Eles começam a andar novamente, de mãos dadas, com
muito menos distância entre seus corpos agora que estão
quase fora de vista.
“Claro que não" Louis responde honestamente, arriscando
uma olhada de lado, pegando o jeito que o rosto de Harry
parece satisfeito por um segundo. “Mas fiquei muito
intrigado. E para ser honesto, ainda estou. Como você
administrou isso?”
“Não foi nada espetacular, honestamente. Apenas um
aluguel de barco particular?”
"Mas como ninguém te viu?" Louis pergunta, empurrando
um pouco. “Quer dizer, eu sei que o porto não costuma
estar muito cheio, a menos que estejamos esperando uma
entrega de mercadorias ou pessoas. Às vezes, os dois”,
explica Louis, “Mas raramente fica completamente deserto."
Harry encolhe os ombros. “Eu não sei o que te dizer”, ele
faz beicinho. "Ninguém estava lá. Recebi instruções do
Google Maps sobre como chegar ao farol, então
simplesmente... caminhei até lá. A dona do barco saiu
imediatamente. Ficamos lá por menos de dez minutos,
provavelmente apenas uma coincidência que todos tenham
sentido nossa falta. Embora tenha funcionado a meu favor",
admite.
“Você não queria ser visto”, adivinha Louis.
Harry encolhe os ombros de novo, seus dedos aperta os de
Louis. “Não esperava necessariamente que as pessoas aqui
me reconhecessem, mas... sempre foi um risco. Não era
realmente um plano evitá-los de propósito, mas eu acho que
esperava chegar relativamente despercebido.”
"Bem, as coisas com certeza funcionaram a seu favor."
"Com certeza" Harry concorda. “Quer dizer, um hoteleiro
gostoso que não sabe quem eu sou e tem um cachorro fofo?
Isso é um sonho.”
Louis ri por um segundo, antes de franzir a testa, um pouco
confuso. “Não sei dizer se você está tirando sarro de mim
ou não, para ser honesto”, ele admite timidamente, ainda
zangado com a maneira como Harry o chamou de gostoso.
"Oh, estou falando sério", respondeu. Ele se inclina um
pouco, sua respiração faz cócegas na orelha de Louis,
causando arrepios em sua espinha antes de acrescentar:
“Seu cachorro é realmente fofo”.
Louis começa a rir, empurrando Harry para longe, em
retaliação. "Oh, cale a boca!" Exclama enquanto Harry
começa a gargalhar, com aquela risada estridente que sai
de sua boca às vezes e que Louis nunca se cansa. Sempre
soa como se não devesse sair do corpo de Harry, como se
ele se surpreendesse quando isso acontece e fosse um
pouco feio, um pouco imperfeito.
Não há ninguém por perto, então Louis desiste
completamente do propósito de empurrar Harry para longe,
agarrando-o com força. Seus corpos se colidem e o mais
velho se mexe um pouco para alinhar suas bocas, e seus
dedos apertam os ombros de Harry quando ele finalmente o
beija. O mesmo engasgou um pouco, claramente surpreso,
antes de beijar de volta.
“Ok” Harry sussurra contra os lábios de Louis quando eles
se separam. Ele o beija uma, duas vezes, antes de falar
novamente. “Quer continuar caminhando um pouco?”
Pergunta, gesticulando em direção ao pequeno caminho que
desce para a praia.
O farol está à vista, finalmente, e Louis fica tentado a
simplesmente arrastá-lo de volta para dentro, empurrá-lo
contra a porta da frente e desembrulhá-lo como um
presente, tirando sua gola alta e deixando uma marca na
pele descoberta, arrebatando-o ali mesmo.
"Sim, tudo bem", diz Louis, "Vamos continuar caminhando."
Ainda é cedo eles têm tempo. Eles têm um pouco de tempo.
Se Louis pensar nisso com bastante frequência, pode se
tornar verdade.

Quando eles chegam à praia, Clifford corre direto para a
água, entrando e saindo em um segundo, latindo no que
Louis decide interpretar como desprazer com a
temperatura. Harry ri, pegando um pedaço de madeira
descartado e jogando-o à frente com força. Clifford morde a
isca e corre em sua direção, seu rabo balança com
entusiasmo, e o aborrecimento relacionado à água fora
esquecido.
"Quão frio você acha que está?" Harry pergunta, com os
olhos semicerrados no horizonte, observando a forma como
o mar se estende e se estende, com a força das ondas.

“Frio pra caralho.” Louis ri, lembrando. “Há alguns anos,


quando eu não pude voltar para casa nas férias, algumas
pessoas decidiram que deveríamos fazer nossa própria
versão de Loony Dook para o Hogmanay e foi uma tortura
absoluta.”
O rosto de Harry se contorce em confusão. "Desculpe, o
quê?", ele pergunta.
“Véspera de ano novo escocesa”, explica Louis.
Harry revirou os olhos, abaixando-se para pegar o graveto
da boca de Clifford. "Bom garoto", ele sussurra antes de
jogá-lo novamente. "Eu sei disso!", diz para o benefício de
Louis. “Eu quero dizer… como é?"
“Oh! É um evento em Fife. No primeiro dia do ano, as
pessoas se jogam nas águas geladas. Principalmente para
caridade, mas também... você sabe... é como você estava
dizendo, a água limpa, e é um novo começo e tudo mais.”
Harry deu a ele um olhar incrédulo, com sua boca aberta. "E
você não pensou em me contar sobre isso!", ele chia.
“Poderíamos ter feito isso este ano!”
Louis faz uma careta, estremecendo com a mera lembrança
da água gelada, como se tivesse sido esfaqueado. “Oh, eu
nunca vou fazer isso de novo”, zomba. “Foi...” Ele
estremece exageradamente. “Eu não sabia que seres
humanos podiam ser tão frios. Era como se eu nunca fosse
sentir calor novamente. Quero dizer, foi divertido também,
obviamente”, acrescenta, erguendo a boca com a memória.
Apenas metade da vila tinha ficado em Fair Isle para as
férias daquele ano, todos eles se amontoaram na grande
sala de jantar de Louis em seu aniversário para compartilhar
os pratos que trouxeram especialmente, comendo biscoitos
e reunindo-se para garantir que fosse um evento
memorável na temporada. Louis ficou bêbado com o ponche
da Sra. Reid e tocou piano até as duas da manhã, enquanto
todos dançavam. Para Hogmanay, o Sr. Drummond fez uma
enorme fogueira na praia e a maioria deles passou a noite
inteira do lado de fora comemorando, vendo o nascer do sol
ainda bêbado antes de correr para o mar totalmente vestido
sob os primeiros raios de sol. Louis estava com frio, com
certeza, mas era bom se sentir parte de alguma coisa.
“Acho que ninguém fez isso este ano”, acrescenta, olhando
pensativo para as ondas. “Quero dizer, talvez o Sr.
Drummond. Ele ama suas tradições escocesas."

Quando Louis se vira para encarar Harry novamente, há


uma expressão determinada em seu rosto.
“Eu vou fazer isso”, ele declara, tirando a jaqueta jeans de
Louis e entregando-a antes que ele possa protestar. De
repente, Louis tem apenas uma braçada de roupas e Harry
está se abaixando para desamarrar os sapatos.
"Sinto muito, o que você vai fazer agora?"
"Hogmanay", disse Harry como se isso fizesse algum
sentido. Ele está colocando as duas meias de lã dentro dos
sapatos, certificando-se de que a areia não entre neles. Em
seguida, ele pega os tênis e os coloca nos braços de Louis
também, bem em cima da jaqueta jeans. “Que maluco”,
acrescenta, dando a Louis um sorriso ligeiramente maníaco.
"Estou fazendo isso."
Então, inacreditavelmente, ele começa a caminhar em
direção à água.
“Não é Hogmanay!”, Louis grita atrás dele. "Vamos lá, não
seja estúpido, está frio para porra!"
Harry balança a cabeça. “Novos começos”, ele grita por
cima do ombro, tirando o suéter branco e jogando-o
cegamente na direção de Louis. Ele cai na areia molhada e
Louis corre para agarrá-lo antes que possa sujar muito.
"Estou me limpando!" Harry grita, vestindo nada além de
uma regata fina e jeans, com seus braços abertos.
“Você deve estar brincando comigo" Louis diz baixinho
enquanto observa Harry correr para a água.
Clifford ergue os olhos para ele ao sussurrar, deixando cair o
galho a seus pés.
“Esta é... realmente... a coisa mais idiota que já vi alguém
fazer em muito tempo”, Louis diz para seu cachorro,
zombando, quando Clifford de repente sai correndo,
correndo atrás de Harry, direto para a água.
Harry emerge da superfície com um grito, meio triunfante,
meio apavorado. "Puta que pariu!", ele grita, respirando
como se estivesse prestes a dar à luz, com uma mão tirando
o cabelo molhado do rosto.
“Não acredito que fiz sexo com ele”, Louis diz para si
mesmo, observando enquanto Harry aplaude novamente,
depois começa a sair correndo da água, com vários
palavrões saindo de sua boca.
Ele está esfregando os braços nus enquanto corre em
direção a Louis, que leva um momento para perceber que o
rapaz não está diminuindo a velocidade.
“Não se atreva" Louis chama em advertência, dando um
passo para trás no momento em que o corpo de Harry
colide com força, dando-o um abraço desajeitado, e ambos
caem na praia enquanto Louis solta as roupas de Harry.
“Estou com frio” Harry lamenta no pescoço de Louis,
tentando esconder seu rosto gelado e molhado. Todo o
comprimento de seu corpo encharcado está pressionando o
do mais velho, pingando água em suas roupas secas.
“Saia de cima de mim”, Louis se contorce, tentando
distanciar seus corpos, mas ele está preso.
Harry choramingou novamente, tentando alcançar debaixo
do suéter de Louis, fazendo os músculos de seu estômago
se contraírem quando seus dedos pousaram nele,
perseguindo o calor de seu corpo.
“Porra” Louis sibila com o contato.
"Estou com frio", Harry repete com uma voz triste e
petulante, e ele está realmente tremendo.
"Bem, de quem é a culpa?" Louis pergunta, o mordendo,
mas ele ainda envolve seus braços ao redor do corpo de
Harry e pressiona um beijo em sua têmpora.
"Me aqueça" Harry implora com uma pequena risada antes
de gritar quando Clifford se junta a eles e começa a se
sacudir, mandando gotas de água para todos os lados.
Com isso, Louis começa a rir. E não consegue parar.
"Não é engraçado", diz Harry, ainda se contorcendo, embora
ele esteja claramente rindo também.
“Oh, realmente é” Louis diz, com a voz estridente enquanto
ele tenta se controlar.
"Louiiiiiiis", Harry choraminga, agarrando a pele de seu
quadril com força e dando uma pequena mordida em seu
pescoço para repreendê-lo.
Isso provavelmente não deveria excitar Louis e ele se viu
deslizando as mãos nos bolsos traseiros molhados da calça
jeans de Harry para impedi-lo de se contorcer contra ele. Há
arrepios nos braços nus de Harry, seu cabelo molhado faz
cócegas no rosto de Louis, mas mesmo assim há algo
reconfortante.
Louis suspira, antes de sussurrar: “Vamos, saia de cima de
mim”. Ele empurra o corpo de Harry um pouco quando o
rapaz recusa a se mover. “H, vamos lá. Eu não quero que
você morra ou algo assim... imagine o escândalo”, brinca.
“Corpo de estrela pop encontrado em uma ilha remota, o
principal suspeito é um hoteleiro gostoso...”
Harry bufa, mas finalmente se levanta, envolvendo os
braços ao redor de si. “Eu poderia ter planejado isso
melhor”, ele admite, com os dentes batendo.
"Você acha?" Louis diz sarcasticamente, olhando para os
pés descalços de Harry, para a areia e os pedaços de algas
grudando neles. "Aqui", acrescenta, tocando a parte inferior
da blusa de Harry, observando a forma como seus músculos
se expandem através do pano agora transparente enquanto
ele respira profundamente. "Tire isso."
“Eu não acho que isso vá ajudar” Harry estremece. “Mas
gosto do seu entusiasmo”, brinca, mexendo as
sobrancelhas.
Louis revira os olhos, passando por Harry para pegar as
roupas que ele descartou. Ele lhe entrega blusa de gola alta.
“Em vez disso, colocar isso vai ajudar. Não tem muito o quê
fazer até chegarmos em casa, mas isso vai mantê-lo um
pouco aquecido, pelo menos."
"Oh", disse Harry, com os olhos arregalados. “Certo” Ele
concorda, tirando a regata facilmente, apesar da forma
como ela gruda em sua pele.
Louis mal se deixa distrair pela pele de Harry, por sua
palidez em contraste com o preto de suas tatuagens, a
forma como a borboleta em seu estômago parece se mover
cada vez que Harry respira, a forma como as gotas de água
escorrem por sua clavícula, sobre as lindas andorinhas.
Harry lhe entrega a regata encharcada e pega o suéter,
colocando-o imediatamente. Então, Louis se abaixa para
pegar seus sapatos, observando enquanto Harry tenta tirar
o máximo de areia de seus dedos dos pés antes de colocar
as meias e os Vans. Finalmente, Louis o ajuda a colocar a
jaqueta jeans de volta, segurando-a aberta para deslizar a
dentro, apertando a parte de trás de seus ombros quando
termina.
"Melhor?" Louis pergunta no ouvido de Harry antes de beijar
sua pele delicada por baixo.
"Sim", diz Harry, com a voz rouca. "Um pouco." Ele espera
um segundo antes de admitir: “Ainda meio que congelando,
para ser sincero”, ri timidamente.
“Sim, bem, isso é o que acontece quando alguém pula no
mar no meio do inverno” Louis diz, virando-o para que eles
fiquem de frente um para o outro, começando a abotoar a
jaqueta jeans para ele.
"Sem arrependimentos", responde com sinceridade, e
quando Louis desvia o olhar da tarefa em questão, seus
olhos verdes estão brilhando com algo novo e há um rubor
saudável na pele de suas bochechas. Ele está sorrindo
amplamente, apesar de ainda estar tremendo de frio.
"Quer voltar para casa?" Louis pergunta, só percebendo
tarde demais a maneira como ele escorregou, a maneira
como ele chamou o farol de casa , a maneira como ele
insinuou que é de Harry também. Seu coração pula na
garganta, com uma pulsação dolorosa.
Harry não reage realmente, não parece pensar que há algo
estranho no que Louis acabou de dizer. Ele apenas sorri e
balança a cabeça, agarrando a mão de Louis enquanto eles
caminham de volta ao penhasco, e Clifford os seguindo de
perto.
Oh, como Louis gostaria que isso fosse verdade, que fosse
tão simples. Que Harry poderia chamar este lugar de lar,
assim como ele.

Harry ainda está tremendo quando eles passam pela porta.
“Ok, isso não é mais divertido”, ele diz, e é a falta de
lamentação e tristeza exagerada que indica a Louis que ele
está realmente desconfortável agora.
Louis tira o casaco, jogando-o no balcão descuidadamente
antes de se virar para encarar Harry. Ele o envolve em um
grande abraço, apertando seu corpo com força e
aconchego. "Você é um idiota, Harry Styles", diz ele,
zombando gentilmente, antes de soltá‐lo.
Harry, que não pode ser ofuscado facilmente, agora com
covinhas, responde devastadoramente: "Idiota por você."
Louis revira os olhos para esconder a maneira como isso o
faz corar, se abaixando para tirar os tênis. Harry faz o
mesmo antes de tirar o paletó e colocá-lo ao lado do de
Louis no balcão.
“Acho que vou tomar banho agora”, declara ele, passando a
mão pelo cabelo molhado e fazendo uma careta.
Exceto que Louis balança a cabeça, alcançando a mesa da
recepção para pegar a chave específica que ele precisa,
colocando-a em segurança em seu bolso.
"Não, você não vai", diz ele, pegando a mão de Harry e
arrastando-o escada acima.
"Mas eu estou com frio", Harry lamenta enquanto sobe as
escadas atrás dele. "Vou ficar doente, Lou."
“Não, você não vai” Louis repete, revirando os olhos onde
Harry não pode vê-lo.
Assim que chegam no primeiro andar, Louis passa pelo
quarto de Harry, ignorando totalmente a porta.
"Mas-" Harry diz, parecendo confuso enquanto para na
frente de seu quarto.
“Vamos”, Louis insiste, destrancando um dos cômodos do
outro lado do corredor, relativamente pequeno e sem uma
vista particularmente bonita.
A cama de casal fica orgulhosamente no meio do quarto, o
edredom de um rico escarlate se destaca. O papel de
parede creme tem um padrão texturizado em espiral sutil,
mas elegante. Não há muito espaço para móveis, então o
cômodo está quase vazio, deixando uma mesinha de
cabeceira estreita à direita. Tem um pequeno armário que
não deixa muito espaço para a roupa e uma porta que dá
para a suíte, o único verdadeiro ponto de venda deste
quarto específico.
É o único em toda a pousada com banheira, o que o torna
uma escolha bastante popular entre os hóspedes. Louis só
usa quando o chalé está vazio, é claro, mas, de vez em
quando, ele gosta de um bom mergulho, colocando uma
música relaxante ou um podcast enquanto se diverte na
água morna.
Louis não olha para trás enquanto entra no quarto e vai
direto para o banheiro, deixando a porta aberta para Harry
seguir. Ele abre a torneira de água quente, colocando a mão
por baixo enquanto espera aquecer. Quando ele olha para
cima, Harry está encostado na porta.
"Oh", ele sussurra. "Eu esqueci que este tem uma
banheira."
“Vai ser muito mais agradável do que um banho”, responde
Louis, abrindo apenas um pouco a torneira de água fria para
ter certeza de que não está escaldante. Quando está
satisfeito com a temperatura, ele conecta o pino.
Quando ele se levanta, Harry ainda está parado na porta.
“Bem, vá em frente então" Louis diz, com a voz um pouco
severa enquanto se afasta da banheira e se dirige para a
janela. Ele rapidamente fecha as cortinas, deixando-os em
uma escuridão parcial, sendo a única luz entrando no
cômodo, já que a porta está sendo bloqueada pelo corpo
imóvel de Harry.
Quando ele se vira para encarar Harry novamente, Louis
não consegue evitar um sorriso suave, vendo a maneira
como o rapaz ainda permanece incerto na porta. Ele não se
moveu desde que chegou, com uma perna cruzada sobre a
outra e o quadril encostado na parede.
"Você vai ficar aí olhando para mim o dia todo?", provoca.
"Eu pensei que você estava com frio." Louis diz isso
enquanto caminha em direção a Harry, agarrando seu braço
e arrastando-o totalmente para o banheiro.
Ele começa a andar para trás, com os dedos agarrando o
suéter de Harry até chegar à borda da banheira. Não há
nada além do som da água caindo e suas respirações
ecoando no banheiro. Louis sorri, um pouco provocador, um
pouco arrogante, e dá um passo à frente, até que eles
estejam apenas a poucos milímetros de distância,
deslizando as mãos sob o abdômen do mais novo, coberto
pelo pano. O sorriso se transforma em um sorriso malicioso
quando ele estremece ao toque. Louis lambe o lábio inferior,
seus olhos nunca deixam os de Harry enquanto ele empurra
o tecido para cima, para e para cima. Ele o ajuda a tirá-lo
completamente, jogando-o descuidadamente por cima do
ombro sobre os ladrilhos pretos e brancos. Eles se encaram
por alguns segundos, arrepios estouram por toda a carne de
Harry e Louis olha para baixo, com a ponta de seu indicador
acariciando a borboleta de Harry, e continua para baixo,
para baixo, para baixo... até que os músculos de seu
estômago se contraem. Quando chega ao botão de sua
calça jeans, Louis não perde tempo desabotoando-a e
puxando o zíper. Harry pragueja baixinho quando Louis fica
de joelhos, mas tudo o que faz é ajudá-lo a tirar o jeans
molhado, lutando um pouco para deslizá-los pelas coxas de
Harry, onde está agarrado. Então, alcança o cós da calça,
finalmente despindo-o completamente. Sem nem mesmo
olhar para onde Harry está ficando excitado, Louis se
levanta e volta para a banheira, fechando as duas torneiras
e colocando um dedo na água para testar a temperatura
uma última vez. Louis alcança o cós da calça de Harry,
finalmente despindo-o completamente.
“Aqui estamos nós" Louis diz quando encara Harry
novamente, rindo um pouco ao ver a maneira como ele está
mordendo o lábio inferior, com as pupilas dilatadas. "Está
tudo bem? Você vai entrar?”, exige. "Eu pensei que você
estava congelando."
Harry franze a testa, mas acena com a cabeça, subindo na
banheira e lentamente afundando. "Isso não foi muito legal,
você sabe", diz enquanto abaixa os ombros na água, com as
costas apoiadas na porcelana. "Me excitar assim e me
deixar."
“Pobre estrela pop” Louis sussurra, inclinando-se sobre a
banheira para beijar Harry um pouco mais rude do que
deveria, com o polegar cravando em sua mandíbula
enquanto ele pega o que quer, mordendo o lábio inferior do
mais novo no final. “Deve ser difícil não conseguir o que
você deseja a cada segundo de cada dia.”
"Esse é um ponto", diz Harry com naturalidade, levantando
uma sobrancelha com presunção, e Louis quer, quer muito.
“Entre,” acrescenta contra os lábios de Louis, não o
deixando se afastar. "Por favor."
“Nahh”, Louis responde. “Apenas tome um bom banho,
certo? Voltarei mais tarde." Ele beija o nariz de Harry e se
afasta.
“Louuuuu!”
Mas Louis ignora seu pedido em favor de olhar embaixo da
pia, remexendo os rolos de papel higiênico, desinfetantes e
bugigangas até encontrar uma vela e alguns fósforos
enterrados bem embaixo de tudo. Ele sorri para si mesmo,
acendendo a vela antes de colocá-la cuidadosamente em
cima do vaso sanitário. Em seguida, pega o telefone do
bolso de trás, e procura no Spotify uma lista de playlist que
Harry fez há alguns meses, intitulada “canções que
parecem silêncio”. A primeira vez que Louis leu esse título,
ele quase riu, sem entender o que isso poderia significar.
Mas agora que ele conhece Harry do jeito que conhece,
Louis sabe que o rapaz preza o silêncio da maneira que só
alguém que não se cansa dele o faz. Que essas canções são
de grande conforto para ele. Que essas músicas são
especiais.

“Aqui está”, Louis sussurra, principalmente para si mesmo.


“Agora você pode relaxar", disse a Harry, sem esperar por
uma resposta antes de sair do banheiro e fechar a porta
atrás de si.
Ele desce as escadas rapidamente, pegando duas de suas
toalhas mais fofas e o que pensa ser um roteiro de alguma
peça antes de voltar correndo.
“Bem, bem, bem” Louis diz provocadoramente quando volta
para a o banheiro, com os olhos grudados onde Harry está
se tocando lentamente. "Eu ia me oferecer para ler para
você", diz, mostrando o livro a Harry, "Mas acho que você
está um pouco ocupado."
Harry pisca um pouco sonolento para ele, sua pele está
corada, e seus lábios entreabertos. “Fiquei entediado sem
você”, diz, com a voz firme, sem parar de mover a mão.
"Eu não poderia deixar você assim, certo?" Louis brinca
enquanto joga as duas toalhas no chão, deixando-as ao lado
da banheira, não muito longe do alcance.
Ele começa a tirar a calça de moletom, sem dar a Harry a
chance de responder, gostando da maneira como seus olhos
seguem o movimento com cuidado, como se ele preferisse
morrer a perder um segundo disso. Em seguida, Louis tira as
duas blusas ao mesmo tempo, estremecendo um pouco
quando o ar frio atinge sua pele exposta. Harry faz um ruído
de apreciação baixo em sua garganta, algo entre um
zumbido e um gemido, e isso faz com que Louis se sinta tão
poderoso, tão desejado. De certa forma, ele nunca fez isso
antes. É uma pressa que deveria ser assustadora, mas ele
não consegue sentir nada além das batidas de seu coração,
além deste momento agora. Ele joga sua boxer no chão,
saindo dela e entrando na banheira imediatamente. Harry
se inclina para encontrar sua boca quando Louis se abaixa
em seu colo. Ele estremece um pouco quando uma mão
molhada desliza por suas costas para agarrar seu pescoço.
Depois, após se lavar e trocar a água do banho, Harry se
recosta no peito de Louis, ouvindo sua leitura dramática da
peça: uma comédia de humor negro sobre um grupo de
gângsters do Soho nos anos cinquenta que deixa Harry em
pânico. Louis faz as vozes, um cotovelo encosta na banheira
enquanto segura o livro, e sua outra mão está espalmada
na barriga de Harry. Ele pode sentir em todo o seu corpo
quando faz Harry rir, como um lampejo de satisfação
latejando em seu peito a cada vez. Eles perdem a maior
parte da manhã nus, no banho, mesmo depois que a água
ficara morna, na melhor das hipóteses, rindo e se beijando.
Quando a peça fica séria e depois trágica, Harry engasga,
tão fascinado, tão no momento, que Louis quer engarrafá-lo.
Gostaria de poder parar o tempo. Se ele tivesse que
escolher um momento para ficar para sempre, seria agora.
Apenas os dois. Com ninguém pairando sobre os ombros de
Harry. Apenas o corpo de Louis enrolado em torno dele,
protegendo-o da melhor maneira que pode. Apenas os dois
sendo bobos, se divertindo.
Mas logo a peça termina, a água do banho fica gelada e eles
ficam com fome.
Louis se seca rapidamente, colocando a calça de moletom e
apenas uma das blusas de volta. Então, ele ajuda Harry a
sair do banho, envolvendo-o em uma toalha fofa e
deixando-o usar a outra para fazer um turbante em volta de
seu cabelo, mesmo que não seja longo o suficiente para
isso. Eles se separam no corredor, e Harry entra em seu
quarto para se vestir, com suas roupas molhadas de antes
embrulhadas em seus braços, enquanto Louis desce para
alimentar Clifford com a consciência pesada. Ele dá a seu
cachorro um mimo extra por ser tão paciente quando Louis
se esquecia dele, antes de fazer um almoço para ele e
Harry.
Naquela tarde, o tempo azedou em um instante. O céu
escureceu dramaticamente antes de começar a chover
como só chove na Escócia: de um modo pesado e
apocalíptico. No intervalo entre duas respirações, de
repente parece que nunca mais vai fazer sol, o vento sopra
ao redor deles enquanto se sentam no banco da sala das
lanternas, com os rostos pressionados contra as janelas
enquanto assistem a tempestade subir. Eles entrelaçam os
dedos observando as ondas baterem contra os penhascos,
ouvindo o tamborilar da chuva contra as janelas.
“Deus, isso faz você se sentir... eu não sei, impotente. Sem
importância." Harry sussurra contra o vidro em algum
momento e parece grato por isso.
Eventualmente, sua atenção se desvia da tempestade e
Harry começa a tocar violão para Louis. Principalmente
covers de músicas que ele ama, mas novas melodias
também, coisas que ele guardou em sua cabeça por dias,
coisas para as quais ele ainda está escrevendo letras,
mesmo não estando totalmente completas. Louis escuta
com um sorriso no rosto e canta junto, quando Harry fica
bobo como se estivesse no palco e começa a dizer coisas
como "Agora você!!", enquanto aponta um microfone
inexistente para Louis.
E eles se divertem.

Capítulo 9
Alguns dias depois, eles estão aninhados na grande cama
de Harry. O sol começou a se pôr e eles passaram quase o
dia todo assistindo a comédias românticas no laptop de
Louis, com Harry torcendo de maneira boba nas partes mais
insuportavelmente românticas, até chorando uma ou duas
vezes em discursos sinceros, tentando esconder seu rosto
manchado no ombro de Louis, com as bochechas vermelhas
de vergonha.
"Qual foi... a coisa mais romântica que alguém já fez por
você?" Harry pergunta aleatoriamente quando os créditos
finais de The Notebook estão quase acabando. Sua voz
ainda está um pouco vacilante, resultado da quantidade de
choro que ele vem chorando desde que Allie começou a se
lembrar.
Ele ainda está olhando diretamente para o laptop quando
faz a pergunta, com todo o seu corpo descansando sobre
Louis. Os dois estão encostados na cabeceira da cama,
Louis apoiado em vários travesseiros e Harry apoiado no
mais velho.
Louis, que estava acariciando os braços de Harry
confortavelmente, para de se mover.
"Você não precisa me dizer", diz. "Eu só estava curioso."
“Na verdade, eu não sei”, Louis responde honestamente,
tentando se lembrar. Que a verdade seja dita, ele está
sozinho há muito tempo. Afinal, é uma parte do estilo de
vida que ele escolheu, e além de algumas ficadas noturnas
de vez em quando, quando está no continente, Louis é
bastante celibatário desde que se mudou para Fair Isle. Seu
último namorado de longa data foi em seus dias de
universidade, e gestos românticos não estavam exatamente
na mente de Brian.
"Oh", diz Harry.
“Quero dizer... honestamente? Meu estilo de vida não
permite exatamente muito romance... Como você pode
imaginar” Ele diz rindo, tentando não se sentir
envergonhado. Louis geralmente fica feliz com o que tem,
mas sabe como a maioria das pessoas se sente a respeito.
“Sim” Harry concorda, pegando a mão esquerda de Louis.
Ele começa a brincar com os dedos, traçando-os com o
indicador suavemente, para cima e para baixo até alcançar
o pulso e depois de voltar.
“Meu último namorado foi quando eu estava na faculdade.
Ficamos juntos durante a metade do primeiro ano e quase
todo o segundo. Mas eu definitivamente era o mais
romântico de nós dois. Cozinhava refeições horríveis porque
ainda não era bom nisso, comprava flores e todas essas
merdas. Presentes surpresa e tudo. Eram mais coisas
minhas do que de Brian. Por outro lado, provavelmente
poderia responder qual é a coisa mais romântica que já fiz
com mais facilidade... ”
Harry para de acariciar seus dedos com isso. “Sinto muito”,
diz suavemente.
Ele parece genuinamente arrependido e Louis não consegue
evitar a risadinha que escapa de sua boca.
"Por que você está se desculpando?" Louis pergunta contra
a pele de Harry, beijando o lugar onde seu pescoço
encontra seu ombro, exposto por sua camiseta esticada.
“Não é grande coisa. Eu não estou sofrendo com isso. Eu
não sinto que estou perdendo algo.”
Harry cantarola enquanto começa a acariciar a mão de
Louis novamente. “Você merece bons gestos românticos”,
declara.
Louis estremece, incerto se são as palavras de Harry, ou seu
toque, que o afetam dessa forma.
"Bem, você preparou o café da manhã para mim", diz ele,
um pouco sem fôlego. “Isso foi... isso foi bom. Ninguém
nunca tinha feito isso por mim antes.”
"Ninguém?" Harry exclama, entrelaçando seus dedos.
"Sério?"
“Bem, minha mãe... às vezes meus irmãos mais novos, mas
eu não acho que isso conta neste contexto”, Louis brinca.
"Tudo bem, com certeza vou preparar seu café da manhã de
novo amanhã" Harry declara bufando, parecendo realmente
ofendido. ‘’Na verdade, vou preparar o café da manhã para
você a semana toda. Você não pode protestar” Acrescenta
assim que Louis abre a boca por trás dele. "Nem ouse."
Louis sente-se um pouco corado. "Você não precisa", diz ele
timidamente, mas Harry apenas bufa novamente.
Ele leva suas mãos emaranhadas à boca, beijando o topo da
mão de Louis, com sua respiração quente contra sua pele, e
seus lábios macios.
“Eu quero” Harry insiste, aconchegando-se um pouco mais
confortavelmente contra Louis.
"E quanto a você?"
"Mmmmh?"
Louis ri. "Qual é a coisa mais romântica que alguém já fez
por você?"
Louis observa enquanto as bochechas de Harry ficam
vermelhas.
“Mmmm, eu não sei”, ele mente descaradamente.
“Oh, você sabe. Diga!” Louis insiste, cavando os dedos de
sua mão livre na cintura de Harry.
"Eu não!" Harry gritou, tentando se desvencilhar.
“Vamos” Louis diz, continuando implacavelmente a fazer
cócegas ao lado de Harry. “Um garoto muito famoso como
você… alguém deve ter feito algo muito bom!"
"Eu acho" Harry diz entre gargalhadas, "Eu acho que algum
popstar famoso pode ter escrito uma música sobre mim."
“Ooooh” Louis diz, com a voz muito aguda para ser sincera.
Ele não está com ciúmes, ele tenta se convencer
imediatamente quando começa a sentir como se uma mão
estivesse agarrando suas entranhas e torcendo. "Quem?"
"Ninguém importante", diz Harry. “Eu pensei que era a
merda mais romântica de todos os tempos, mas o
relacionamento acabou muito mal, não muito tempo depois,
e sua música foi o número um por muito tempo. Depois me
senti um pouco manipulador, sabe? Uma das poucas vezes
que fiquei realmente feliz por não estar junto a ele, então
ninguém poderia oficialmente conectar isso a mim, para ser
honesto.”
“Oh” Louis diz, e seu ciúme muda para raiva em um
instante. "Eu sinto muito. Eu ia dizer que ter uma música
escrita sobre você deve ser legal, mas isso... parece
horrível.”
Louis tem certeza de que não foi esse o gesto que fez Harry
corar tão lindamente, mas está tudo bem. Ele pode manter
seu segredo.
Harry encolhe os ombros. “Sim, quero dizer. Eu ainda acho
que escrever uma música para alguém é provavelmente a
coisa mais romântica que eu poderia fazer, mas... eu não
sei se eu quero mais músicas escritas sobre mim. Uma das
minhas beards também escreveu muitas delas, então é
como... eu não sei. Grandes gestos, gestos públicos... eles
perderam o significado para mim. Eu não quero mais que
alguém faça algo desse jeito.”
“Eu entendo”, Louis responde. Ele pensa que sim, pelo
menos. Tudo parece horrível, para ser honesto, e isso o
deixa tão bravo, tão bravo, pensar que Harry teve que
passar por tudo isso. Que ele tem que passar por tudo isso.
"Eu gosto de coisas pequenas", sussurra Harry. Ele faz uma
pausa, apertando a mão de Louis. “Como quando você lê
para mim”, admite, e o vermelho de suas bochechas se
aprofundam.
Oh, Louis pensa. “Eu posso fazer isso agora, se você
quiser,” ele oferece baixo no ouvido de Harry, amando o
jeito que isso o faz estremecer. “Adoro fazer isso por você”,
diz, sentindo-se vulnerável com a admissão.
Mas Harry balança a cabeça. “Não” ele diz, fechando os
olhos. “Estou muito confortável, não quero me mover.”
“Tudo bem” Louis concorda, beijando sua têmpora. "Não
vamos."

Harry embosca Louis após sua corrida matinal, três dias
depois, quando ele está tentando se esgueirar de volta para
a casa sem ser visto, na esperança de pular no chuveiro
antes de ser atacado por mais café da manhã. Harry, fiel à
sua palavra, cozinhou para ele todas as manhãs desde que
discutiram gestos românticos, uma mistura de sua teimosia
e doçura, infundida em todos os itens incluídos nas
refeições.
Louis está ocupado, fechando bem devagar a porta da
frente para se certificar de que ela não irá ranger, o que
alerta Harry na cozinha, e faz com que ele quase tenha um
ataque cardíaco.
"O que você pensa que está fazendo?" Harry chama atrás
dele e Louis engasga, se assustando quando ele se vira para
encarar a mesa de recepção vazia.
"Que diabos!" Louis diz, com uma mão pressionada em seu
peito. Seu coração está batendo duas vezes mais rápido
que o normal e Harry ainda não está à vista.
"Você estava tentando fugir, não estava?" Harry diz,
emergindo de trás do balcão, sua cabeça aparece primeiro,
então seu torso.
Louis franze a testa, balançando a cabeça em descrença.
Clifford está olhando silenciosamente entre eles, claramente
não tendo entendido ainda que eles pararam de jogar o jogo
do silêncio.
"Você estava sentado no chão?" Louis pergunta, passando a
mão pelo cabelo. Está um pouco molhado de suor e
algumas mechas estão grudadas em sua testa.
"Sim", Harry responde como se fosse uma coisa
completamente normal de se dizer, cruzando os braços
sobre o peito no que Louis suspeita ser uma tentativa de
parecer autoritário e responsável. Ele ainda está usando o
que vestiu para dormir; uma camiseta do Fleetwood Mac
vintage que tem mais buracos do que tecido, e uma calça
de moletom de Louis, que é um pouco curta demais para
ele, expondo seus tornozelos tatuados. Ele está se
escondendo atrás do balcão para que Louis não possa ver
os tornozelos, mas sabe que eles estão lá. Difícil parecer
muito intimidante naquele tipo de roupa adorável, com seu
cabelo emaranhado e bagunçado também.
Louis balança a cabeça, um pouco descrente. “É claro”, ele
murmura para si mesmo, abrindo o zíper de sua capa de
chuva amarela. Felizmente, o céu cinzento decidiu poupá-lo
durante a corrida, mas ele não queria sair despreparado
naquela manhã. “Claro, você estava sentado no chão
esperando por mim”, acrescenta, tirando a jaqueta e
colocando-a no balcão. "Posso perguntar por que?"
Pergunta, com ambas as mãos pressionadas no balcão de
cada lado de sua jaqueta. É preciso de muito para não
revirar os olhos. Ou sorrir. Ele sabe o por quê, é claro, e isso
é ridículo.
"Café da manhã?" Harry oferece em vez de responder,
colocando um prato de waffles e frutas sortidas ao lado da
mão de Louis na mesa da recepção.
Louis balança a cabeça, dando um passo para trás no
corredor. “Eu já disse”, ele ri, enquanto começa a se afastar
da recepção em direção ao corredor que liga ao farol, “Você
não tem que me preparar o café da manhã todos os dias. Eu
não esperava que você realmente fizesse isso."
“Bem” Harry sorriu, contornando o balcão para segui-lo,
“Esse foi seu erro. Você tem que lidar com o café da manhã
caseiro agora.”
“São waffles congelados”, Louis diz, apontando para o prato
ainda na mesa da recepção. Ele está andando para trás no
corredor, com uma inclinação sedutora em seus passos,
silenciosamente desafiando Harry a se aproximar.
Harry morde a isca, é claro, seguindo-o com uma expressão
determinada no rosto. "Sim", ele responde, alcançando a
cintura de Louis, inclinando seu corpo em direção à parede
e empurrando-o contra ela. “Aqueci com muito cuidado.
Sem mencionar que cortei todas aquelas frutas só para
você.”
“Mas não era necessário, era? Você fez o café da manhã
ontem. E no dia anterior. Eu diria que é o bastante. Minha
cota de gestos românticos está cheia agora. Você pode
descansar, Sr. Pretendente” Louis brinca.
“Com licença, eu te fiz uma promessa. Café da manhã todos
os dias desta semana. Não apenas nos primeiros dois dias e
depois desisto. Era de café da manhã todos os dias que eu
falava. Estou aderindo a isso. Agora volte para a recepção e
coma seus waffles congelados”, Harry ordena brincando,
apontando para o prato antes de se inclinar para beijar
Louis.
“Não” Louis diz, tirando a cabeça do caminho. “Eu estou
nojento. Preciso de um banho. Estou todo... suado.
Repugnante."
Harry engasga em falso ultraje. “Você ficou suado ao
correr?!”, ele pergunta dramaticamente, segurando as
bochechas de Louis com as duas mãos. “Oh meu Deus, eu
não tinha notado” Disse antes de beijá-lo. Uma vez que está
satisfeito, ele solta o rosto de Louis antes de sorrir. "Venha,
coma seus waffles."

Na sexta-feira à noite, Harry aparece para se juntar a Louis
no topo da torre com uma caixa de Scrabble debaixo do
braço e duas canecas de chá.
"Onde você encontrou isso?" Louis pergunta do banco,
colocando seu romance de lado para fazer dedos tortos para
Harry, desesperado por sua xícara de chá.
Harry dá a ele imediatamente e o rapaz dá alguns goles
antes de prestar atenção na conversa novamente. Quando
termina, Harry está colocando sua própria caneca no baú
antes de colocar a caixa de Scrabble bem ao lado dela.
“Porão”, ele responde e Louis meio que se lembra
vagamente de alguns jogos no fundo de uma pilha de lixo
escondida em um canto, em algum lugar lá embaixo. "Quer
jogar?"
Louis cantarola. “Não te imaginava como um fã de jogos de
tabuleiro.”
"O quê? Não combina com a minha imagem de popstar?”
Harry disse sarcasticamente, revirando os olhos enquanto
se acomodava no chão, balançando um pouco para
encontrar uma posição confortável. Ele se acomoda com
uma perna esticada à sua frente e a outra dobrada para que
ele possa colocar o braço casualmente sobre ela.
“Meh” Louis grita com um encolher de ombros. “Quer uma
almofada?” Oferece, e quando o rapaz balança a cabeça
negativamente, Louis a guarda para si, descendo do banco
para se sentar na frente de Harry e do jogo.
“Reviravolta, eu sou um grande nerd”, Harry declara
enquanto abre a caixa e tira um saco de cartas.
Louis ri. "Eu sei disso!"
“Bem, então por que é uma surpresa tão grande? Eu amo
Scrabble, este jogo é incrível.”
Louis sorri. "Ah, é? É incrível?” Ele brinca, dando à palavra
um leve toque americano, imitando a forma como o sotaque
de Harry mudou um pouco no final.
"Cale-se!" Harry responde, de um jeito extremamente
britânico. Ele está organizando cuidadosamente o tabuleiro
na mesa agora, preparando o jogo com atenção.
"Você sabe que eu não concordei em brincar com você,
certo?"
"Você não quer?" Harry parece um cachorrinho que foi
chutado muitas vezes, com seus olhos verdes arregalados
de tristeza, e seu lábio inferior projetando-se em um
beicinho dramático.
Louis ri. “Não”, ele diz, revirando um pouco os olhos. “Eu
definitivamente quero. Só estou dizendo que nunca
concordei tecnicamente, só isso.”
Harry encolhe os ombros. “Você não precisa”, diz ele,
imitando um pouco Louis. “Você pode continuar lendo seu
livro, vou jogar contra mim mesmo. Eu não me importo.”
"Você está tão desesperado para jogar Scrabble que jogaria
contra você mesmo?" Louis pergunta. Ele gosta bastante do
jogo, mas não consegue se imaginar querendo tanto jogar.
Ele balança a cabeça, então alcança o saco com cartas,
sacudindo-o por um segundo antes de mergulhar nele para
agarrar a sua. "Isso é tão triste, querido."
Harry torce o nariz. “Eu costumava fazer isso na estrada!”,
ele argumenta. Assim faz mais sentido.
“Oh meu Deus” Louis arregala os olhos. “Basta fazer o
download do Words with Friends ou algo assim. Jogue contra
um adversário gerado por computador. Qualquer coisa
menos isso."
“Não é a mesma coisa” Harry disse com um beicinho,
agarrando o saco, quando Louis o entregou. “Gosto de
colocar as letras.”
Louis tem que morder o lábio inferior para se impedir de
sorrir. Harry diz isso muito a sério também, como se ele
quisesse dizer cada palavra e Louis só quisesse esticar o
braço para beijar seu rosto estúpido. Ou beliscar suas
bochechas. Ou ambos. Ele é tão fofo. Deus, não admira que
as pessoas em todo o mundo enlouqueçam por ele.
“Você gosta de colocar as letras”, Louis repete atrás dele,
tentando soar crítico, mas ele sabe que isso soa como uma
mistura de exasperação afetuosa e pura paixão.
"Sim" Harry insiste com um encolher de ombros casual. “E
gosto de postar fotos dos jogos no Instagram depois. Uma
captura de tela não é a mesma coisa. Não é... não é tão
artístico quanto uma foto adequada e-”
"Sinto muito", interrompe Louis, "Quantos seguidores no
Instagram você tem?"
Harry parece pego, com os olhos arregalados e as
bochechas um pouco vermelhas. "Hm... eu não sei?" Ele
estende a mão para coçar a bochecha direita antes de fazer
uma careta, um pouco envergonhado. "Alguns milhões, pelo
menos?"
Louis pisca algumas vezes sem dizer nada.
"Lou?"
“Há alguns milhões de pessoas que amam sua música e
seguem você no IG e a única coisa que você dá como
recompensa são as fotos de seus scrabble board em turnê.
Dos jogos que você jogou consigo mesmo.”
Harry é rápido em se defender.
“Bem, eles não sabem disso! E às vezes eu consigo um dos
membros da minha banda de apoio para tocar comigo. E às
vezes são fotos de jogos de pingue-pongue e isso é
dinâmico e tem muito mais opções de composições
interessantes e-”
“É ainda pior do que eu temia”, comenta Louis,
principalmente para si mesmo. “Você realmente é um nerd.”
Com isso, Harry ri. "Sim, é isso que tenho falado durante o
tempo todo!" Lentamente, seu sorriso começa a falhar.
"Você quer saber a verdade?", ele pergunta, um pouco
tímido, com a voz mais baixa enquanto ele cuidadosamente
reorganiza suas cartas na frente dele sem olhar para Louis.
“Claro” Louis diz. "Sempre."
Os lábios de Harry se erguem.
“Eu jogava principalmente quando estava com saudades de
casa em turnê”, ele admite, olhando para Louis por baixo
dos cílios, como se ele fosse uma espécie de donzela em
uma peça de época admitindo timidamente os segredos de
família para seu amante. A comparação é ridícula e Louis
sabe disso, mas ele não pode ajudar seu cérebro, não pode
evitar a maneira como ele quer estender a mão sobre a
mesa para tocar as bochechas de Harry, para beijar suas
pálpebras suavemente.
Harry desvia o olhar novamente e o feitiço estranho é
quebrado.
“Costumávamos brincar muito em família. Eu, minha mãe e
minha irmã. Era uma espécie de recompensa depois do
dever de casa, sabe? Não é realmente uma tradição, mas
quase. Isso continuou até minha adolescência. Até minha
irmã ir para a universidade, na verdade. Como você pode
imaginar, era muito legal. Ainda fazemos isso quando
Gemma e eu estamos em casa. Jogar sozinho não era a
mesma coisa, mas me ajudava a me acalmar na turnê
quando eu estava ansioso. O que acontecia quase o tempo
todo, para ser honesto. É o foco que requer, eu acho? Eu
simplesmente me perdia nas letras e nas palavras. Ajudou."
"Você está com saudades de casa agora?" Louis não pôde
deixar de perguntar. É egoísta, mas ele só tem mais
algumas semanas com Harry. A ideia de ele querer ir antes
de seu destino deixa um gosto amargo no fundo da boca de
Louis, como se estivesse cheia de cinzas e ele estivesse
sufocando.
Harry bufa. “Claro que não”, ele responde antes de dar a
Louis um sorriso devastador. "Só queria compartilhar isso
com você."
Louis franze os lábios. Ele não vai ficar comovido por Harry
querer jogar algum jogo de tabuleiro idiota com ele. Não
tem jeito. Ele se recusa a se sentir especial ou a achar que o
que está compartilhando com Harry é mais precioso do que
um jogo empoeirado e rasgado que cheira a umidade,
porque foi deixado no chão do porão por anos sem ser
tocado. Absolutamente não.
Ele ainda engole um pouco mais forte do que o normal.
"Bem, vamos começar então."
Harry acena com a cabeça, seu rosto de repente fica sério, e
os olhos se tornam focados. “Devo avisar, sou
extremamente competitivo. Eu levo isso muito a sério.”
“O jogo começou”, Louis responde, divertido com a ideia.
Cinquenta minutos depois, Louis pensa que talvez devesse
ter levado Harry à sério quando disse que levava Scrabble a
sério.
"Não tem como, porra!" Harry está gritando, apontando
para o tabuleiro, com o rosto vermelho. “Você não está
recebendo um único ponto por isso. Nem um único ponto!”,
ele repete insistentemente. "Isso é trapaça!"
Louis, por outro lado, está se divertindo muito. “É uma
palavra tripla!”, argumenta com uma risada alta,
balançando a cabeça em descrença.
Harry parece realmente zangado. Louis está planejando isso
desde que eles começaram o jogo e ele viu suas opções,
pensando que era uma pequena façanha engraçada que
faria Harry rir.
Claramente, ele calculou muito mal.
“Não é!” Harry disse com um suspiro ofendido, colocando a
mão no peito como se não pudesse suportar. Ele age como
se Louis houvesse matado um membro de sua família ou
algo assim, devidamente indignado com o mero
pensamento. “Isso nem é uma palavra!”
Louis bufa.
"Não se atreva a rir", diz Harry com os dentes cerrados,
enquanto começa a estender a mão para o tabuleiro para
tirar as letras que Louis acabou de colocar.
“Ei!” Louis interrompe, incapaz de parar de rir. “Que porra
você pensa que está fazendo? Você não pode fazer isso.
Você está burlando o jogo!”
"Como você ousa" Harry engasgou, largando as cartas. “Eu
estou trapaceando? Estou trapaceando?! ” Ele balança a
cabeça. "Inacreditável. Que audácia. Que insolente. Que
arrogância.”
Louis morde o lábio inferior enquanto Harry lista as atitudes
que ele acha que o mais velho demonstrou, contando-as
dramaticamente nos dedos.
"Você terminou?" Louis pergunta quando Harry faz uma
pausa para respirar.
"Não."
Harry volta ao jogo, continuando a tirar as letras de que
Louis gosta de pensar como uma jogada engenhosa.
“Vamos corrigir a situação e você jogará novamente. Sou
misericordioso.”
“Oh, misericordioso” Louis diz com um aceno de cabeça.
“Isso é o que você é, não é? Você é misericordioso."
"Sim."
“Eu vou te dizer o que você não é... compreensivo."
"Você não pode simplesmente colocar o que quiser aqui,
Louis!" Harry exclama, exasperado.
Ele está realmente sério, honestamente, e genuinamente
excitado. Essa pode ser a maior diversão que Louis teve em
meses.
“Nomes são permitidos no Scrabble” Louis blefa, olhando
para suas unhas com lábios carnudos.
"Eles não são! Você nunca jogou Scrabble! ” Harry grita,
levantando os braços em irritação. “Essa é uma das regras
básicas!”
“Skywalker é uma palavra” Louis diz calmamente, apenas
para irritar Harry ainda mais. “Eu não sei o que te dizer. É
uma palavra.”
“Mostre-me no dicionário que está aí!” Harry cospe,
colocando um índice acusativo no rosto de Louis. "Hum?"
Ele acrescenta, olhando-o com expectativa. “Abra o
aplicativo Merriam-Webster no seu celular me diga onde diz
que Skywalker é uma palavra! Vamos dar uma olhada no
Oxford English Dictionary então! Prove que estou errado,
Tomlinson! Estou esperando!"
“Não é tão sério, querido” Louis diz lentamente, com a voz
serena. Isso deixará Harry ainda mais irritado se Louis não
parecer incomodado. “Tudo o que estou dizendo é que
considerando a colocação dessa palavra”, ele coloca ênfase
nela com um sorriso provocador no rosto, “ela conta como o
triplo do ponto. O que, se ainda posso fazer uma adição
simples, me coloca na liderança. Mas, suponho que se você
é um perdedor tão infeliz que quer que eu jogue outra coisa
só porque quer ganhar, tudo bem. Certo. Claro. Vou jogar de
novo. Seja o que for”, ele termina com um pequeno
encolher de ombros.
“Eu NÃO sou um péssimo perdedor!” Harry engasga. “Sou
um jogador experiente que conhece as regras um pouco
melhor do que você! Gírias? Permitidas. Palavras
emprestadas de outras línguas? Aceito desde que conste do
dicionário de inglês. Nomes? Sob nenhuma circunstância.
Principalmente um personagem fictício. E ponto final.”
“Personagens”, Louis corrige, enfatizando o S. “É mais do
que o nome de um personagem que você conhece.”
“Isso não muda nada! Ainda não são pessoas reais! E ainda
não conta! Espadas laser não existem e nem a força e nem
qualquer um dos Skywalkers, e isso não conta.” Harry cruza
os braços com força sobre o peito depois de suas pequenas
explosões, parecendo uma criança petulante que não
conseguiu o que queria e agora está dando a você o
tratamento do silêncio.
“Bem, isso é um pouco presunçoso”, diz Louis, erguendo as
sobrancelhas.
"O que?"
“Espadas laser e a força podem existir. Nós não sabemos
disso-”
“Louis” Harry interrompe.
"Sim?"
"Cale-se. Pare de tentar me distrair. Eu não vou dar a você
esse ponto. Skywalker não é uma palavra. Você não vai
ganhar trapaceando assim! Eu não vou deixar você fazer
isso!”
“Então, quando você disse que levava isso a sério, você
realmente não estava brincando”, comenta Louis. “Não
admira que você teve que jogar sozinho na turnê. Imagine
só jogar Scrabble contra seu chefe e ele enlouquecer com
uma interpretação minúscula das regras.”
“Não é uma interpretação solta das regras, é você
trapaceando. É você explicitamente indo CONTRA as regras!
Desculpe, eu não tolero trapaças.” Harry diz a última parte
enquanto revira os olhos dramaticamente, bufando e
bufando.
Louis praticamente consegue ver o vapor saindo de suas
orelhas.
“Você concorda em largar este jogo e me beijar em vez
disso?” Louis oferece, balançando as sobrancelhas,
brincando sedutor.
Há algo ridiculamente atraente em Harry ser tão malcriado
por causa de um jogo, realmente zangado e irritado. Pode
ser o vermelho colorindo suas bochechas ou o brilho em
seus olhos, pode ser a linha tensa de seus ombros ou sua
atitude arrogante. Louis não sabe, mas ele quer cutucá-lo.
"Não!"
Louis faz beicinho antes de se inclinar sobre o jogo,
colocando ambas as mãos espalmadas no peito enquanto
se aproxima de Harry.
"Você não quer ficar comigo?" Ele provoca, batendo as
pálpebras.
"Não" Harry repete, embora não pareça tão certo. Ele está
carrancudo para Louis, no entanto. “Quero ganhar”,
acrescenta, muito mais certeiro desta vez.
Louis sorri, se afastando, e voltando para suas cartas para
pegar o que ele precisa. Rapidamente, ele escreve uma
nova palavra no tabuleiro. 'Céu', agora lê-se de forma
simples, longe do bloco vermelho de 'palavra tripla'.
“Aí está”, Louis diz descaradamente, “Você venceu”. Em
seguida, ele empurra todo o quadro para fora do baú, as
letras caem na pele falsa do tapete, algumas delas fazendo
barulho no cimento.
Harry parece prestes a protestar por meio segundo antes de
encolher os ombros, rastejando ao redor do peito para beijar
Louis.
Eles se beijam um pouco, o pescoço de Louis se dobra em
um ângulo estranho para encontrar Harry, que está se
inclinando o máximo possível de onde ele está de joelhos.
Louis tira uma das mãos de sua cintura, estendendo a mão
para agarrar seu cabelo, inclinando a cabeça em uma
posição muito mais confortável, gemendo de satisfação ao
fazê-lo.
"Espere espere!" Louis diz entre beijos. "Calma."
"Você quer ir para algum lugar?" Harry oferece, claramente
desconfortável também.
“Não”, Louis responde. “Quero dizer, sim, obviamente.
Vamos para o seu quarto. Mas também devemos limpar
essa bagunça antes de irmos.”
"O que?" Harry pergunta, olhando para as letras em todos
os lugares.
"Clifford pode engolir as peças."
"Oh", diz Harry. "Certo." Ele franze a testa. “Achei que ele
raramente vinha aqui porque é difícil.”
"Ele realmente quase não vem, mas não posso correr o
risco."
Com isso, Harry amoleceu. "Claro que não. Claro que não."
“Desculpe” Louis ri. “Eu estava tentando ser um pouco sexy
e espontâneo, usando toda aquela raiva e paixão do
Scrabble...”, diz, se abaixando para apertar a bunda de
Harry. "Isso falhou espetacularmente."
“Eu quem deveria me desculpar” Harry disse timidamente.
“Eu não sou um chato, mas Scrabble realmente faz com que
eu...”
“Eu percebi” Louis bufa.
"Desculpe, eu não queria ser tão rude."
"Por favor, acredite em mim quando digo que foi a merda
mais engraçada que já vi, nunca se desculpe por isso."
“Não foi engraçado” Harry faz beicinho e Louis se inclina um
pouco para beijá-lo.
"Você é um grande imbecil"
“Você tentou colocar um nome de Star Wars no tabuleiro,
você é o imbecil.”
“Não”, Louis balança a cabeça. “Você não pode dizer isso
para mim. Você que é um idiota.”
"Tudo bem" Harry concorda, sem parecer envergonhado.
“Eu sou um grande idiota.”
“Muito” Louis insiste, passando os dedos pelos cachos de
Harry.
"Sim. Isso” Harry concorda, beijando os lábios de Louis
novamente.
“Só para você saber”, diz Louis, um pouco nervoso, “Adoro
que você seja um grande idiota.”
Harry sorri. "Eu amo que você seja um idiota também" Ele
faz uma pausa, desviando o olhar por um segundo antes de
encontrar o olhar de Louis novamente. "Vamos limpar sua
bagunça de tesão, então?"
“Não é uma bagunça de tesão!” Louis guincha, embora
realmente seja.
"Está tudo bem Louis, sem julgamentos", diz Harry com uma
piscadela. "Mas Clifford não merece engasgar com um bloco
de Scrabble porque você quer desesperadamente que a
gente trepe."

"O que você está fazendo?" Harry pergunta de sua cama,
com a voz mais grave do que o normal, em seu estado
semi-acordado, sonolento e rouco.
Louis se afasta da porta, de frente para a cama grande e
fofa em que rapaz gostoso está deitado.
“Indo correr?” Louis responde devagar como se fosse óbvio,
colocando ambas as mãos no bolso do moletom. Ele está
assumindo que foi uma pergunta retórica; ele corre quase
todas as manhãs.
Como se fosse uma deixa, o trovão ruge alto. Há chuva
batendo na janela, num ritmo constante, mas calmante, que
os embalou desde a noite anterior.
Harry parece despenteado, com o cabelo todo bagunçado,
espalhado sobre o travesseiro, e franze a testa, com os
olhos confusos por um segundo antes de desviá-los do rosto
de Louis e olhar para a janela, para a terrível tempestade lá
fora.
Harry limpa a garganta. "Com esse tempo?’’, diz, com a voz
gotejando julgamento.
Louis sorri. O céu se ilumina brevemente. "É a Escócia", diz
ele, encolhendo os ombros. "Não tem como evitar a chuva,
né?"
Um trovão explode novamente e Harry levanta uma
sobrancelha cética para ele.
"Um pouco de chuva?"
Louis encolhe os ombros novamente. "Um pouco de chuva,
grande tempestade assustadora... mesma coisa, não é?"
Harry estremece um pouco antes de se enterrar mais fundo
na pilha de cobertores. Desde que Louis começou a dormir
em seu quarto, eles colocam novas mantas e cobertores de
lã na cama todas as noites, que agora se parece mais com
um ninho do que qualquer outra coisa. A cada dia fica cada
vez mais difícil deixá-lo. Todos os dias, a voz no fundo da
mente de Louis que para simplesmente largar tudo e
desperdiçar o dia na cama com Harry fica cada vez mais
alta. A cada dia, a voz no fundo da mente de Louis diz que
seu tempo com Harry está quase acabando fica um pouco
mais frenética. Ainda mais nessa manhã, com a chuva
infernal em Fair Isle, é uma alternativa tentadora, com
certeza. Louis sabe como é confortável e quente, com um
corpo para segurar que se encaixa perfeitamente em seus
braços de uma maneira que ele não pode se dar ao luxo de
pensar por muito tempo.
Mas é perigoso satisfazer-se. Faltam algumas semanas,
menos de um mês, até que Harry desapareça - até que
Harry volte para onde pertence.
Sem mencionar que Louis tem pulado sua rotina de
treinamento todos os dias desde que começou a dormir com
Harry. Ele está lentamente se transformando em uma
bagunça indisciplinada, incapaz de resistir ao desejo de
dormir aninhado no corpo do rapaz, desperdiçando a manhã
ao invés de se exercitar como ele normalmente faz. Mas
hoje... hoje ele vai resistir. Hoje, ele vai correr.
"Sim" Harry concorda debaixo das cobertas. "Grande
tempestade assustadora." Ele estremece de novo, desta vez
exageradamente para o benefício de Louis. Ele é um bom
ator quando quer, apenas manipulador o suficiente para
permanecer charmoso. "Volte para a cama", acrescenta ele
em um sussurro, com a voz mais áspera do que antes, e
droga, Louis quase deixa cair tudo aqui e ali. "Está frio sem
você" Harry finalmente diz, uma mentira descarada
considerando o quão agitado ele está agora. Como ele
parece caloroso e atraente.
Louis sorri em resposta, mas ele ainda dá alguns passos
para longe da porta, chegando um pouco mais perto da
cama.
"Você definitivamente não está com frio agora."
"Eu estou", disse Harry, sorrindo agora. "Estou com tanto
frio, Louis."
“Você é um mentiroso, isso é o que você é” Louis responde,
dando mais dois passos para frente e um passo para o lado
até que ele esteja bem na beira do lado de Harry. “E você
deve vir comigo na corrida se quiser passar um tempo
comigo”, desafia, inclinando o quadril enquanto se inclina
um pouco na cama.
“Pfff.”
"Sem pfff!"
“Eu não vou correr na chuva! É inverno, você está louco?"
“Diz o homem que correu para o oceano gelado no início do
mês!” Louis argumenta de volta.
“Aquilo era uma tradição” Harry aponta. "Isso... isso é
apenas uma loucura."
O trovão explode novamente como se tivesse uma vingança
pessoal contra Louis e quer ficar do lado de Harry.
"Na verdade, você estava cerca de um mês atrasado para a
tradição, então não brinque comigo, Sr. Popstar." Louis
canta o apelido em uma irritante voz estridente e sorri
quando isso faz Harry rir.
“Era tradição.”
“Ok” Louis concorda, subindo na cama e rastejando sobre o
corpo de Harry até que ele alcance seu rosto. “Bem, minha
corrida matinal é uma tradição e alguém tem me feito pulá-
las nas últimas semanas” Louis diz incisivamente, “Então eu
vou”.
Harry nem mesmo tenta parecer envergonhado. “Puxa, eu
me pergunto quem poderia ser o responsável por isso” Diz
antes de se levantar um pouco para beijar Louis.
Louis o encontra no meio do caminho, desliza os dedos nos
cabelos de sua nuca, enterrando-os ali enquanto se beijam.
“Sim, eu me pergunto quem poderia ser” Brinca entre dois
beijos.
Harry ri, tornando o beijo meio impossível, então Louis se
inclina, olhando para seus olhos brilhantes.
"Parece ser um homem inteligente", disse Harry,
balançando as sobrancelhas enquanto se abaixava para
pegar um punhado de bunda de Louis e apertar. "Ele sabe
que não deve deixar você fugir dele."
“Você realmente vai elogiar a si mesmo desse jeito, uh”
Louis diz, interrompendo a brincadeira. "Ok, se é assim." Ele
começa a se levantar, mas Harry o puxa para baixo
novamente, pressionando todo o corpo de Louis contra o
dele, com uma quantidade ridícula de cobertores os
separando.
"Fique na cama", ordena Harry. “Estamos confortáveis.”
“Você está confortável”, diz Louis. “Estou preso em cerca de
um milhão de pedaços de cobertores agora. Além disso,
estou saindo para uma corrida na tempestade. Vai estar frio,
pode até ser desagradável, mas há algo muito divertido em
estar naquele tempo e eu realmente quero ir.”
"Você realmente, realmente quer ir?" Harry pergunta como
se ainda não pudesse acreditar.
“Sim, vai ser divertido. Você deveria vir comigo.”
Harry parece refletir por um segundo. "Não."
“Vamos” Louis sussurra encorajadoramente, se inclinando
para beijar a bochecha de Harry. "Vamos! Vamos!"
"Não."
“Você é tão chato”, brinca. "Tudo bem, fique encasulado,
minha borboleta", ele acrescenta, rastejando ao longo do
corpo de Harry e beijando o topo do cobertor
aproximadamente onde a tatuagem está em sua barriga.
Harry ri, se abaixando para tirar a franja de Louis de seu
rosto. "Quão frio está?", pergunta em voz baixa e Louis sabe
que ganhou.
Ele encolhe os ombros. "Eu não sei. Não deve estar tão
ruim.”
Harry cantarola, ainda brincando com o cabelo de Louis. “A
água purifica”, diz ele, principalmente para si mesmo.
“Você disse isso” Louis concorda solenemente.
“Acho que não faria mal sair um pouco na chuva”, diz ele. O
trovão ressoa de acordo. "Mas não por muito tempo",
acrescenta Harry, olhando para a janela.
Louis balança a cabeça. “Claro que não”, concorda, ficando
de joelhos e sacudindo Harry um pouco. "Bem! Venha,
então! Vista-se!" Ele se levanta da cama e começa a mexer
nas coisas de Harry, tentando encontrar roupas confortáveis
para ele. Louis joga uma calça de moletom, seguida
rapidamente por um de seus próprios moletons.
"Espere", diz Harry, agarrando o braço de Louis. "Podemos
tomar banho quando voltarmos?" Ele pergunta, com os
olhos implorando.
Louis sorri. “Claro”, diz suavemente. “É tradição.”
Dez minutos depois, depois de ambos se embrulharem em
enormes capas de chuva - vermelho brilhante para Harry e
amarelo brilhante para Louis -, e desenterrarem as velhas
galochas que Louis mantém no porão, eles estão finalmente
prontos para enfrentar o mundo exterior.
Louis abre a porta e os dois olham para a tempestade, ainda
hesitando um pouco. Clifford, Deus o abençoe, dá uma
olhada na chuva, inclina a cabeça para a esquerda, e corre
para fora.
"Vamos?" Louis pergunta, oferecendo a mão a Harry. “Não
devemos permitir que o cachorro seja o mais corajoso de
nós”
“Certo” Harry concorda, entrelaçando seus dedos nos de
Louis e dando um passo à frente.
Uma vez lá fora, não é tão ruim assim. Eles provavelmente
estão sendo um pouco imprudentes, saindo enquanto o
tempo está tão agitado, mas Louis não consegue se
importar. Eles ficam perto do farol, Clifford e Harry correm
atrás um do outro na chuva. A certa altura, Harry escorrega
e cai na grama e Louis vai ajudá-lo a se levantar, mas ele
está rindo tanto que sua tentativa de levantá-lo acaba com
os dois caídos no chão, encharcados e rindo. Harry tenta
beijá-lo, mas os dois estão rindo demais para fazer isso com
qualquer tipo de eficiência.
Assim que eles se levantam, Harry começa a correr com
Clifford novamente como se nada tivesse acontecido e Louis
os observa um pouco com um sorriso afetuoso no rosto. Ele
ainda não está correndo, mas não pode dizer que se
preocupa particularmente com suas falhas. Em algum
momento, ele tira o capuz, inclinando a cabeça para trás e
abrindo bem os braços, com os olhos fechados, sentindo o
poder esmagador da chuva.
"O que você está fazendo?" Ouve Harry gritar no meio da
tempestade e Louis apenas sorri, sem se preocupar em abrir
os olhos.
“Me limpando”, responde em voz alta também, e faz um
show inspirando e expirando profundamente. Depois de
alguns segundos, ele começa a girar sobre si mesmo.
Isso o lembra de quando era criança, das tempestades de
verão em que ele e suas irmãzinhas saíam e ficavam no
meio da rua, girando e dançando até ficarem totalmente
encharcados e sua mãe os chamava de casa, gritava com
eles, mandando-os saírem do trânsito.
Ele pode ouvir Harry rir e quando para e abre os olhos, um
pouco tonto com tudo isso, Louis vê que ele começou a
fazer o mesmo. Clifford está latindo e pulando em volta,
como se quisesse participar também e não pôde acreditar
que eles estão fazendo isso às cinco da manhã, na
escuridão total. O sol não vai nascer por mais algumas
horas e parece que o mundo inteiro está dormindo. São
apenas os dois, os dois no olho da tempestade, rindo e
rindo. Está frio, úmido e horrível.
Ou, pelo menos, deveria ser.
Mas eles são jovens, tolos e estão juntos.

"Banho?" Harry diz assim que passam pela porta do chalé e
ele começa a tremer agora que estão dentro e a adrenalina
baixou.
“Só vou secar e alimentar Clifford primeiro”, explica Louis,
tirando a capa de chuva e depois as galochas.
Ele espera até que Harry tire as suas também, antes de
pegá-los e descer até o porão, jogando os itens encharcados
na pia enorme que está inexplicavelmente lá embaixo. Louis
suspeita que foi usada para lavar a roupa à mão em algum
momento, mas ele nunca questionou isso. Hoje, está se
mostrando útil.
Ele pega três toalhas antes de subir de volta, jogando uma
para Harry antes que ele comece a limpar o chão com uma
onde Clifford começou a se sacudir. Ele a usa para terminar
de secar seu cachorro rapidamente, dando-lhe beijos e
elogios enquanto o faz. Quando ele olha para cima, Harry
ainda está parado na entrada, encostado na mesa da
recepção, com o cabelo molhado e bagunçado onde ele
tentou secar com a toalha, dando um sorriso afetuoso em
seu rosto que atinge Louis bem no peito.
"Arrependimentos?" Louis pergunta quando Harry esfrega os
braços para se aquecer.
"Nah" Harry diz revirando os olhos. “Vou voltar para a cama
depois de tomarmos banho, só para você saber. Não pense
que não percebi que não são nem seis da manhã. Vou tomar
um banho, depois tirar uma soneca e você não pode me
impedir.”
“Eu não estava planejando isso”, Louis diz com uma risada
antes de ir para a cozinha.
"E eu espero que você leia para eu dormir!" Harry chama
atrás dele.
"Tudo bem!" Responde ainda rindo, sem se preocupar em
olhar para trás.
"E brinque com meu cabelo", acrescenta Harry quando Louis
entra na cozinha.
Louis franze os lábios e olha para Clifford. "O que vamos
fazer com esse bebêzão?" Ele pergunta ao cachorro
retoricamente.

"Oh" Louis sussurra quando ele entra na sala de estar
alguns dias depois, para encontrar Harry sentado na
almofada no parapeito da janela, com o violão na mão
enquanto dedilha uma melodia desconhecida, cantarolando
junto com aquela voz baixa e suave que Louis gosta tanto.
Ele está olhando os penhascos e o mar através da chuva
espirrada na janela, nem mesmo se vira quando Louis entra
ou fala. Seu fiel caderno aberto à sua frente, com pedaços e
pedaços de canções rabiscados dentro, pedaços e pedaços
da alma de Harry que ninguém teve a chance de
testemunhar ainda.
Louis sorri, levando alguns segundos para olhar para ele,
quase nenhum sol para brilhar sobre ele através do céu
nublado e sombrio. Ainda assim, Harry parece lindo mesmo
na luz fria e cinza. Ele está vestindo um dos moletons de
Louis - um amarelo que fica perfeito nele, já que Louis
prefere tamanhos maiores para se sentir confortável - e
uma calça de pijama xadrez preta. Seus pés estão
descalços, os dedos dos pés balançam de vez em quando
enquanto ele continua tocando a mesma música
continuamente. Ele está claramente trabalhando em algo,
sua voz termina em um pequeno rosnado frustrado quando
parece que ele não consegue fazer a melodia do jeito que
ele quer. A umidade deixou seu cabelo mais cacheado do
que o normal e agora que está quase no ombro, Louis pode
ver cachos totalmente formados caindo de trás da orelha e
no rosto.
Ele está prestes a sair, para deixar Harry criar em paz,
quando ele finalmente reconhece a presença de Louis.
"Não vá", disse Harry, ainda dedilhando. "Você não está me
incomodando, pode ficar, se quiser." Então, ele desvia o
olhar da janela, sorrindo suavemente para Louis. “Essa
música pode ser a minha morte”, ele confessa com um
sorriso tímido, parando abruptamente e deixando o violão
simplesmente descansar inutilmente em sua coxa.
“Bem”, Louis começa, enquanto avança em direção à
janela, “Nós não queremos isso”. Quando ele finalmente
alcança Harry, Louis faz um gesto para ele abrir espaço.
“Mova seu lindo traseiro para frente”, acrescenta quando
Harry não é rápido o suficiente.
“Você acha que minha bunda é bonita” Harry brinca
enquanto Louis desliza atrás dele, encostando suas costas
na parede e ajustando Harry confortavelmente entre suas
pernas, com suas costas no peito de Louis.
“É um bumbum fofo” Louis concorda, abaixando-se para
beliscá-lo, sorrindo maliciosamente no ombro de Harry
quando ele grita e se contorce contra seu corpo. “Eu gosto
muito disso”, diz, com o tom suave o suficiente para revelar
que não é apenas da bunda de Harry que Louis gosta. Ele
envolve seus braços em volta da cintura fina do rapaz,
enfiando as mãos no bolso do moletom. Assim que estão
acomodados confortavelmente, ele fala novamente. “O que
há de errado com a música?”, pergunta, apertando a
barriga de Harry suavemente quando o sente suspirar
contra ele.
"Não sei", disse Harry, começando a tocar a melodia
novamente.
Louis simplesmente escuta por alguns minutos, com os
olhos perdidos na distância, olhando para os penhascos
através da janela chuvosa.
“Eu acho que está lindo”, sussurra no ouvido de Harry,
antes de beijar seu pescoço.
Harry para de tocar novamente, estremecendo um pouco
contra o corpo de Louis. "Óbvio que diz isso" Harry suspira.
Louis bufa. "O que isso deveria significar? Não tenho bom
gosto?”
"Não!" Harry grita, virando-se para franzir a testa, "Você só
é extremamente favorável."
"Oh, me desculpe. Sinto muito por apoiar sua arte Harry.
Vou apenas dizer que é um lixo, certo?"
“Bem, se é isso que você pensa, então sim. Você deveria
me dizer que é um lixo."
“Eu obviamente não acho que isso seja um lixo, Harry. Eu
não diria que é lindo se não fosse sério. O que você acha
que tem de errado?” Louis pergunta de novo, persistente, e
um pouco irritante de propósito. Ele cutuca Harry na barriga
quando o cantor se recusa a responder.
"Eu não sei", Harry repete, desta vez um pouco mais
chorão.
"Eu acho que você sabe e talvez você simplesmente não
queira me dizer."
“Simplesmente não está funcionando. Nada está
funcionando. Nem a letra, nem a melodia. Nada."
Louis bufa. "Alguém está um pouco mal-humorado", ele
brinca antes de pressionar alguns beijos em rápida sucessão
contra a mandíbula de Harry.
“Criar é o pior” Harry lamenta e, quando Louis o beija
novamente, ele percebe como sua boca se contrai um
pouco. “Escrever é o pior”, acrescenta, claramente ansiando
por mais beijos e quem é Louis para negar a ele? “Eu sou o
pior”, ele finalmente diz com um sorriso que desabrocha em
duas covinhas.
“Você é um mimado, isso é o que você é”, Louis sussurra
úmido contra sua pele, mas o compreende. Como sempre.
“Sobre o que a música deveria ser?”, pergunta depois de
um segundo, sorrindo para si mesmo quando Harry começa
a tocar novamente em vez de responder.
“Eu não...” Harry começa, parando abruptamente e Louis se
pergunta se ele vai dizer que não sabe de novo, se ele está
prestes a mentir e não consegue.
Louis espera um segundo, deixando a melodia envolvê-lo
em sua suavidade. É uma sensação delicada, seja lá o que
for. Então, ele fala: “Você não precisa me dizer”.
"Está tudo bem", sussurra Harry. “Eu só... acho que não sei
totalmente ainda, mas é sobre o silêncio”, admite.
Você deixa tudo em silêncio , a voz de Harry sussurra para
ele na semana anterior.
"O silêncio?" Sai estrangulado.
“Sim… sobre o quanto eu preciso disso agora. Como renasci
em sussurros depois de uma vida inteira de sons
estrondosos.”
Louis engole em seco, fechando os olhos e deixando as
palavras, a poesia, levá-lo. A música não é sobre ele, não
pode ser. Ele não pode se permitir esperar que seja, não
pode deixar que isso o machuque assim.
"Renascer em sussurros?" Louis repete, experimentando.
"Sim", diz Harry, meio resmungando. “É uma das letras que
tenho tocado.”
"É... evocatório."
Harry ri. "Sim, esse é o ponto." Ele continua dedilhando
antes de começar a cantar. “ Like all the other sinners,
reborn in whispers ...”
A letra se transforma em mais cantarolada, suave, triste, e
Louis fecha os olhos, apertando seu corpo no corpo de Harry
enquanto ele canta.
Então, tão abruptamente quanto começou, ele para. "Eu
não sei."
Louis cantarola o mais confortavelmente que consegue.
“Você vai descobrir”, diz ele, confiante.
Harry bufa. "Sim, eu acho. Eventualmente."
“Não sou um especialista em criatividade”, Louis começa
gentilmente no ouvido de Harry, “Mas você provavelmente
não deveria tentar forçá-la. Ela virá.” Faz uma pausa,
beijando a bochecha de Harry, antes de adicionar
"eventualmente".

Capítulo 10
(uma das cenas desse capítulo foi inspirada em rocketman e vermelho, branco e
sangue azul)
“Você precisa mesmo encorajar meu cachorro a nadar toda
vez que estamos aqui?” Louis pergunta, fingindo estar
irritado quando Clifford corre na água para pegar a bola de
tênis que Harry acabou de jogar.
Não há muito que impeça seu animal de estimação estúpido
de correr para a água gelada, mas Louis sempre tenta
limitar os danos para que ele não tenha um grande pedaço
de pelo pingando água por toda parte no chalé.
Harry definitivamente não parece estar com remorso. Ele dá
a Louis um sorriso enorme antes de exclamar com
entusiasmo quando Clifford vem correndo, com a bola de
tênis na boca.
"Olhe para você!" Harry grita, aplaudindo, antes de pegar a
bola. “Você é um campeão. Um grande campeão de
natação!”, ele insiste, antes de lançar a bola novamente.
“Claro que é”, Louis fala sem rodeios, principalmente para si
mesmo.
“Aww, vamos. Não fique mal-humorado, ele adora”, diz
Harry, correndo um pouco para chegar ao lado de Louis,
passando um braço por seus ombros.
“Você vai limpar a bagunça que ele vai fazer em casa mais
tarde” Louis declara, descansando a cabeça no braço de
Harry.
“É claro”, ele concorda, beijando a testa de Louis. “Vale a
pena trabalhar pela felicidade dele, certo?”, diz e Louis
realmente deveria parar de se sentir surpreso sempre que
ele fala coisas profundas e perspicazes como se fossem
pequenos nadas.
“Acho que sim”, Louis brinca, revirando os olhos.
“É como se eu seguisse um programa”, acrescenta,
pegando dentro de sua jaqueta um par de óculos de sol que
Louis não fazia ideia que ele possuía. Ele os veste e olha
para o horizonte. “Vale a pena todo o trabalho.”
“Para ganhar felicidade?”
“Bem, para chegar mais perto disso, pelo menos” Harry ri.
“Não sei se as pessoas são realmente felizes. Quer dizer,
elas são, obviamente, só quero dizer... ninguém está feliz o
tempo todo. As pessoas não são construídas dessa maneira.
E a vida não teria profundidade. Mas ninguém deveria estar
infeliz do jeito que eu estava, sabe?”
Louis olha para a areia, franzindo o nariz. Ele cheira. “Sim,
definitivamente não”, diz, tentando não se emocionar.
“Embora você esteja trapaceando muito nesse programa,
tenho que admitir. Quer dizer, que parte dessa rotina é
sua?” Louis provoca. "Sem falar que você nem mesmo está
fazendo terapia de grupo."
“Ei!” Harry diz com uma risada, apertando o braço em volta
dos ombros de Louis. "Você quer que todos os meus
segredos de AA* sejam derramados no The Sun ou no Daily
Mail porque alguns não conseguem manter a boca fechada."
(*alcoólatras anônimos)
"Não é como... a base de todo o anonimato, tipo... isso não
seria quebrar uma regra sagrada."
“Sim, porque as pessoas nunca quebraram as regras”, diz
Harry e Louis não consegue ver seus olhos, mas ele acha
que provavelmente os está revirando.
“Sou só eu” Louis diz suavemente enquanto Clifford corre
de volta para eles. Ele pega a bola e joga de novo, dessa
vez na areia, muito obrigado. “Você pode dizer que está
ansioso demais para arriscar, embora provavelmente haja
grupos em que você pode ir multado. Eu não vou julgar.”
Os ombros de Harry caem um pouco e ele concorda. "Sim,
eu suponho."
Louis pigarreia, então, sem jeito diz: “Então, o que você
quer para o chá?”
Isso faz Harry rir, pelo menos. ‘’Você está tentando mudar
sutilmente de assunto porque me deixou taciturno agora?"
Louis incha as bochechas como um esquilo, cruzando os
olhos, antes de exalar. "Sim!", admite, inclinando um pouco
a cabeça para olhar para Harry. Ele sorri quando sente seu
braço em volta de seus ombros apertar ainda mais, o
segurando mais perto. "Está funcionando?"
"Sim" Harry concorda. “Sim, está funcionando. E eu quero
batatas chips, eu acho.”
"Apenas batatas fritas?" Louis ri.
Harry encolhe os ombros. “Batatas fritas são uma refeição.”
"Sim. Acho que ainda tenho algumas salsichas no
congelador, poderíamos comer isso também.”
Harry concorda. "Estamos de acordo, então", concorda
antes de assobiar, chamando Clifford, para que possam
fazer o caminho de volta.

"Você é muito pequeno para carregar o peso do mundo em
seus ombros assim, você sabe", disse Louis, conversando
alguns dias depois, deixando sua mão direita deslizar pelo
torso nu de Harry para agarrar sua cintura, logo acima de
sua calça de moletom, envolvendo-o em um abraço
indiferente.
Louis tem pensado nisso há algum tempo: a maneira como
Harry se preocupa, a maneira como ele se pressiona, a
maneira como ele vê seus fãs, talvez o mundo inteiro, como
algo a ser superado, mesmo que ele nunca admitisse.
Harry estremece, inclinando-se contra o corpo de Louis e
enredando suas pernas, sem se virar de lado. Ele está
olhando para longe, olhando para onde o braço de Louis
desaparece sob as cobertas, com seus cílios lançando
sombras em suas bochechas. Seus braços estão arrepiados
e Louis está prestes a perguntar se ele está com frio, se
quer mais cobertores ou um suéter, quando ele cantarola,
se abaixando para envolver os dedos em volta do pulsode
seu pulso, e apertar.
Louis, que estava apoiado em seu braço esquerdo, se move
para descansar a cabeça no travesseiro que eles estão
compartilhando antes de passar os dedos pelos cachos de
Harry. O mais novo se inclina para o toque
inconscientemente, as pálpebras tremulam fechadas, ele
está sonolento apesar de ser apenas final da tarde. O sol já
se pôs e a lâmpada no quarto de Harry lançou um brilho
quente e suave ao redor deles. O rapaz aperta o pulso
direito de Louis novamente.
"Eu acho", Louis sussurra contra sua têmpora, "Que você
pode precisar de ajuda, se você vai carregar todo esse
peso."
Quem sabe o que o leva a dizer essas coisas em voz alta,
mas agora que começou, Louis não acha que pode parar.
O corpo de Harry permanece relaxado contra o de Louis,
mas seus olhos se abrem, encontrando-o facilmente. “Não
carrego o peso do mundo nos ombros”, nega ele, talvez com
muita firmeza. “Apenas o peso das minhas próprias
preocupações e as expectativas das pessoas sobre mim.”
Louis sorri, tristemente. “Não é a mesma coisa? No final?",
pergunta. Ele faz uma pausa, coçando a nuca de Harry.
“Não pesa o mesmo?”
Harry encolhe os ombros. “Não é como se houvesse muitas
pessoas em quem eu pudesse confiar para fazer essas
coisas. Todo mundo sempre quer algo de mim, no final das
contas. E fica mais pesado quando as pessoas não estão
mais por perto para compartilhar a carga. Poderia muito
bem enfrentar a tempestade sozinho. Eu não sou tão
pequeno. E tenho os pés mais firmes agora que estou
sóbrio.”
‘’Você pode confiar em mim’’, Louis gostaria de dizer. ‘’Eu
não quero nada de você’’. Mas ele não pode porque não é
verdade. Louis sempre vai querer mais, querer coisas que
Harry provavelmente não pode dar, então ele fica em
silêncio porque se há uma coisa que ele não quer é que
Harry pense que ele é um mentiroso.

Louis se senta no banco do piano na tarde seguinte com
uma expressão mal-humorada no rosto, franzindo a testa na
direção de Harry, antes de colocar as mãos nas teclas.
“Sabe, você tem sorte de ser muito fofo” Louis comenta,
olhando para onde Harry está encostado no piano, com o
rosto apoiado em uma das mãos e um olhar sonhador no
rosto. "Não toco sério para qualquer um, espero que você
saiba disso."
"Eu sei disso", disse Harry e por que ele tem que soar tão
suave e gentil. Como Louis poderia resistir?
"Você me intimidou para fazer isso, espero que esteja
orgulhoso."
"Eu dificilmente chamaria isso de bullying", respondeu,
revirando os olhos. "Mas sim, estou muito orgulhoso."
"Definitivamente foi bullying!"
“Louis, você não precisa tocar para mim se não quiser,”
Harry disse, sério desta vez. "Eu não quero te deixar
desconfortável."
Louis suspira, tirando as mãos do piano. “É um pouco
estranho, não é? Quer dizer, eu geralmente toco durante
grandes festas onde ninguém está realmente ouvindo, ou
todo mundo está cantando em cima de todo mundo, então
ninguém percebe que estou cantando. E bastante bêbado
na maior parte do tempo, para ser sincero”, Louis admite,
arregalando os olhos para fazer Harry rir. "E você...", ele
hesita, olhando para o antigo instrumento, não valioso o
suficiente para ser considerado uma antiguidade, mas velho
o suficiente, com certeza, e danificado também. “Quer
dizer, você é um músico de verdade... eu só brinco com as
teclas, não é? Isso é embaraçoso.”
"Ei", diz Harry insistentemente e Louis desvia o olhar da
chave e olha para seus olhos. "Em primeiro lugar, nem sou
tão apto."
“Você escreve canções para viver.”
"Ei", disse Harry com uma risada, "Cale a boca."
Louis faz um movimento de zíper na frente de sua boca,
mas arregala os olhos em uma brincadeira de descrença.
“Como eu dizia antes, mas fui rudemente interrompido, não
sou nada decente. Sou o oposto de ter formação clássica no
piano. Eu só... o que foi que você disse? Faço qualquer coisa
com as teclas? Sim, eu também faço isso, principalmente.
Então, só porque existem alguns idiotas americanos em
algum lugar, burros o suficiente para me pagar por isso, não
significa que meu modo de tocar é mais válido do que o
seu. Quero dizer, todo mundo sabe que estão pagando
principalmente pelo rosto e não pelas habilidades ou pelo
ser humano subjacente.”
“Harry” Louis diz em uma exalação derrotada, de repente se
sentindo incrivelmente triste.
Mas Harry acena para ele. “É uma indústria nojenta e você a
odeia e eu tenho valor, eu sei, eu sei. O que importa aqui”,
Harry continua, “é que meu modo de tocar não é mais
válido do que o seu e você não precisa se envergonhar. Eu
realmente adoraria que você tocasse uma música para mim,
porque eu amo música e acho que seria muito bom para nós
compartilhar isso. Compartilho minha música com você o
tempo todo... mas você não precisa, obviamente.”
Louis olha para a sinceridade absoluta nos olhos de Harry e
pragueja baixinho.
"Está vendo?" Ele diz, cutucando Harry no peito. "Assédio
moral! Manipulação emocional! Como posso dizer não
agora?"
Harry, sem vergonha como é, simplesmente ri. “Você ainda
pode dizer não!”
“Claro, eu não posso! Olhe para você! Com seus grandes
olhos brilhantes e ‘eu quero que compartilhemos isso’ ”
Louis balança a cabeça e deixa seus dedos dançarem um
pouco nas teclas, sem realmente tocar nada, apenas notas
para aquecer. "Honestamente, como se eu tivesse uma
chance."
“Obrigado” Harry sussurra quando Louis começa a tocar
'Your Song' do Elton John. Ele se inclina, beijando Louis e o
distraindo, algumas notas caem aqui e ali.
“Essa é tipo... a única música que conheço bem” Louis
explica quando Harry se afasta. “Além de ‘parabéns pra
você’ e músicas de Natal. É a favorita da minha mãe.”
“É uma ótima música”, concorda Harry, contornando o
piano para sentar-se ao lado de Louis no banco.
Louis sorri com a proximidade deles. “Ela sempre diz que é
a única canção de amor boa.”
Harry deixa uma de suas mãos descansar na coxa de Louis,
ponderando a declaração. “Um pouco rude com todo mundo
que já escreveu uma canção de amor”, ele comenta com
uma careta, “Mas não posso dizer que discordo. Além disso,
se você vai escolher uma música para ser a melhor música
de amor de todos os tempos, pelo menos escolha uma gay.
Não posso discutir com isso.”
Louis cai na gargalhada, a música para abruptamente
enquanto ele esconde seu rosto no ombro de Harry.
"O que?" Harry diz, rindo um pouco. "É verdade. O amor gay
é a única forma válida de amor, todos sabem disso. Elton
certamente sabe disso.”
"Você o chama de Elton, é?" Louis pergunta, levantando um
pouco a cabeça, com o queixo ainda apoiado no ombro de
Harry, e seus rostos muito próximos.
"Bem, esse é o nome dele, então sim."
"Você já o conheceu antes, não é?" Louis pergunta sério.
“Sim, nós... mandei um e-mail para ele um pouco depois
que saí da reabilitação. Ele ia adorar aquele cibercafé da
cidade”, brinca, parecendo um pouco desconfortável. "Não
somos amigos nem nada, mas eu o conheci antes e ele...
bem, ele entende."
“Selvagem”, Louis murmura, principalmente para si mesmo.
“É estranho, eu... eu sempre esqueço que você... bem, na
verdade não esqueço, obviamente não esqueço que você é
ridiculamente famoso, mas você é tão... tão você... que isso
me faz esquecer. Mesmo quando acabamos de falar sobre
isso. Eu simplesmente esqueço. Você é muito comum,
suponho.”
Ele diz a última parte como uma piada, querendo dizer
exatamente o oposto, sabendo que Harry é a pessoa mais
especial que ele já conheceu.
"Vou considerar isso um elogio", sussurra Harry.
“É mesmo” Louis insiste.

“E quanto a Beyoncé?"
Harry bufa de onde está esparramado no tapete na sala da
lanterna. "Não", diz com muita ênfase, os olhos se
arregalando. “Eu definitivamente não conheci Beyoncé."
Louis faz beicinho. Ele está deitado no banco de lado, com a
cabeça apoiada em uma das mãos, e a outra enterrada em
um saco de Haribo enquanto mastiga, tentando descobrir a
pessoa mais famosa que Harry conheceu.
“Qual é o objetivo de você ser famoso se ainda não
conheceu Beyoncé?” Louis revira os olhos enquanto começa
a mastigar dois doces de uma vez.
“Eu me faço essa pergunta todos os dias, querido”, diz
Harry. “Mais doces, por favor”, ele exige educadamente
antes de abrir a boca, criando um alvo que Louis conseguiu
perder metade das vezes até agora.
"Tudo bem," Louis responde, alcançando a sacola e se
inclinando o máximo que pode no banco antes de jogar o
doce na boca de Harry. "Yaaass!", grita quando entra direto,
sorrindo bobamente para o rosto de Harry, encantado com o
jeito que ele está mastigando desordenadamente o ursinho
de goma.
"Você conseguiu!" Harry ri, com a boca ainda um pouco
cheia. Ele mastiga por alguns segundos, depois engole. "Eu
conheci a Rihanna?" Ele oferece e tudo bem, até Louis, que
se recusa absolutamente a ficar impressionado com
qualquer coisa relacionada ao Pop Star Harry Styles, tem
que admitir que isso é muito legal.
“Tudo bem”, diz Louis, “Acho que você ganhou um ponto por
causa disso. Isso... isso é muito sólido. Você é amigo dela?”
Ele não pôde deixar de ficar intrigado, inclinando-se para
algum tipo de fofoca incrível. Deus, e se Harry sair com ela
o tempo todo e aqui está Louis, jogando haribos na boca
como um idiota.
"Bem..." Harry sorri timidamente. “Eu disse que a conheci...
eu sentei atrás dela no VMAs uma vez. Tiramos algumas
fotos juntos.”
Louis bufa. "É isso!?"
Harry encolhe os ombros. "Sim. Quer dizer, nós dissemos oi
e tudo mais. Ela me perguntou onde eu consegui a laranja”
Ele disse misteriosamente antes de abrir a boca novamente
e apontar para ela.
Louis revira os olhos com carinho, mas o obedece
imediatamente, mandando outro doce direto para sua boca.
"Que laranja?"
Harry ri. “Só uma laranja que encontrei no elevador e comi
durante o show. Acho que ela achou estranho. ”
"H... é estranho."
“Sim, bem, esses eventos são sempre tão desconfortáveis e
estranhos de qualquer maneira... Fiquei tão irritado com a
after party”, admite, parecendo um pouco inquieto. “Eu me
senti muito... não sei, alienado, então comecei a beber para
me sentir mais confortável e não parei até que um dos
meus guarda-costas literalmente teve que me carregar para
fora do prédio. Eu não conseguia nem andar. É um milagre
que não haja nenhuma foto de paparazzi desse episódio
vergonhoso em particular...” Ele franze o nariz em desgosto,
com o vermelho espalhando em suas bochechas.
Ele está claramente envergonhado com a história e Louis
sente uma pontada de arrependimento por ter tocado no
assunto da fama em primeiro lugar. É sempre uma aposta
no que diz respeito aos tópicos de conversa. Metade do
tempo, Harry vai deliciá-lo com as histórias mais loucas
associadas a turnês e gravações, enquanto na outra, ele fica
meio para baixo e quieto, chateado com a forma como isso
afetou sua vida. Normalmente, Louis não toca no assunto,
deixando Harry decidir quando se sente confortável o
suficiente para mencionar algo. Eles falam sobre música
com frequência, é claro, mas isso é diferente. Isso é parte
de Harry de uma maneira que a fama não é, tatuada até no
coração, é uma parte inegável de si mesmo.
Louis cometeu o erro de mencionar isso de brincadeira esta
noite e a culpa de trazer tristeza a Harry só aumenta
conforme os segundos passam e uma sombra cresce no
rosto do rapaz. Louis solta sua sacola de doces,
desajeitadamente pulando do banco o mais rápido possível
para se juntar a Harry no chão, deitando em cima dele com
a cabeça apoiada em seu peito.
“Querido” Louis sussurra, pressionando um beijo sob o
queixo de Harry. “Eu não deveria ter tocado nessas coisas.
Sinto muito, é meu mal.”
Louis não sabe dizer se é o pedido de desculpas ou o beijo,
mas um pequeno sorriso tímido surge no rosto de Harry.
"Não se desculpe", ele responde em um sussurro também,
acariciando a parte inferior das costas de Louis. “Eu... eu
não me importo de falar sobre essas coisas com você”,
admite, e não é um soco no estômago, do jeito que faz
Louis se sentir tão fodidamente especial. “Isso só me
deixa... eu não sei, meio fodido às vezes. Triste. Bravo."
“Bem, eu não me importo que isso te deixe triste, com raiva
e fodido às vezes” Louis responde, sorrindo gentilmente
quando Harry olha para ele.
"Mesmo?"
"Sim."
Harry espera alguns segundos antes de falar novamente.
“Não foi uma noite ruim, sabe? Lembro-me de ter gostado
muito. Há muita coisa que eu realmente não lembro, e...
isso é tudo." Ele aperta a mandíbula, parecendo com raiva
por um segundo. Provavelmente consigo mesmo, e Louis
gostaria que houvesse uma maneira de ajudá-lo a ser mais
gentil consigo mesmo. Quando ele volta a falar, sua voz é
quase um sussurro. “E tem muita coisa que foi muito ruim,
com certeza. Às vezes é difícil não apenas lembrar as coisas
ruins e esquecer as coisas boas. Estou trabalhando nisso.
Tipo... quando eu saí da reabilitação, eu queria largar a
música para sempre. Tipo... apenas...” Harry limpa a
garganta, com os olhos úmidos. Ele pisca algumas vezes,
tentando conter as lágrimas e Louis estende a mão para
acariciar sua bochecha, silenciosamente apoiando-o.
“Simplesmente desaparecer dos olhos do público para
sempre. Fiquei com tanta raiva que meu maior sonho foi a
única coisa que me arruinou, sabe? Eu estava tão bravo. Em
parte é por isso que vim aqui. Porque eu queria
desaparecer. Mas... quanto mais me distanciava disso, mais
eu percebia... não foi culpa do sonho... sim, aquele estilo de
vida não ajudou, mas fui eu que não pedi ajuda quando
estava me afogando. Fui eu que me automediquei com
álcool quando a ansiedade tomou conta de mim. É minha
própria culpa. Eu cometi... tantos erros e lidei com tudo da
pior maneira. Afastei minha família, afastei meus amigos...
afastei meu gerente. Todos que tinham as melhores
intenções no coração, todos que queriam que eu tivesse
sucesso de forma saudável... então, sim, cometi erros e fiz
todas as escolhas erradas, mas... estou começando a
perceber que isso não significa que aqueles anos da minha
vida foram todos perdidos. Não significa que tenho que me
sentir culpado a cada segundo, sabe? Parte do processo,
para mim, foi ser capaz de reconhecer que não posso culpar
inteiramente as circunstâncias e que... está tudo bem olhar
para trás para as boas lembranças, para as coisas boas da
minha carreira, sem culpa. Posso contar a história
engraçada de como eu comi uma laranja em uma
premiação chata como um estranho para um cara que eu
gosto e ainda rir sobre isso... não significa que estou
glorificando meu... ” Harry pigarreou. “...meu alcoolismo ou
algo assim.”
“É claro que você não está fazendo isso”, diz Louis.
"Sim, eu sei. Eu só... eu não sei, é... é difícil lembrar às
vezes.”
Louis cantarola. “Eu... obviamente, não sou um especialista
nem nada, mas não acho que seja anormal ter sentimentos
confusos sobre tudo isso. Não faz muito tempo, e pelo que
eu sei, o vício é uma batalha contínua. Você está bem, sabe.
Você está indo muito bem mesmo. É normal lutar para
encontrar uma boa maneira de falar sobre algo que
provavelmente foi um gatilho enorme para você."
No meio do discurso de Louis, Harry começa a chorar.
"Estou com medo", ele admite em voz baixa antes de
colocar um braço sobre o rosto, se escondendo de vista.
“Desculpe”, sussurra antes de fungar, e Louis literalmente
poderia destruir algo pelo quanto ele odeia a vergonha e
vulnerabilidade na voz de Harry.
“Não se desculpe” Louis sussurra, acariciando o peito de
Harry suavemente. “Está tudo bem, por favor, não se
desculpe”, repete, com a voz falhando enquanto ele sente
seus próprios olhos se encherem de lágrimas.
"Ok" Harry concorda em voz baixa, ainda escondendo o
rosto. Ele inala profundamente, uma, duas vezes, antes de
falar novamente. “Falei com meu gerente ontem”, admite,
ainda chorando. "Não temos entrado muito em contato, mas
ele tem... ele tem estado preocupado, eu acho, e eu disse a
ele que voltaria em breve."
Louis não para seus movimentos circulares no peito de
Harry, apreciando a maciez da malha. Ele cantarola
baixinho, encorajando Harry a continuar.
“Eu disse a ele que tenho escrito... quer dizer, suponho que
ele já tinha adivinhado, já que foi ele quem me mandou
minha guitarra, mas ele começou a falar sobre reservar
algum tempo no estúdio quando eu voltar para Los Angeles
e eu... eu quero gravar as músicas, eu realmente quero. Se
há uma coisa que descobri estando aqui é que quero
continuar fazendo música, mas eu só... eu sinto que está
indo tão rápido e estou com medo. Estou com tanto medo,
Louis.”
“Oh, amor” Louis sussurra, pressionando um beijo sob o
queixo de Harry.
"E se eu não for forte o suficiente?" Harry diz em um soluço.
"E se eu voltar e... e... for exatamente como antes."
“Ei” Louis diz, estendendo a mão para agarrar o braço de
Harry e tirá-lo de seu rosto, olhando diretamente em seus
olhos. “Você não é o mesmo de antes, certo? E você é a
pessoa mais forte que já conheci.”
"Mas-"
“Não posso prometer que você nunca mais vai cair, que
nunca vai cometer erros. Não posso prometer que será fácil,
que você não será tentado... mas sabe de uma coisa que eu
tenho certeza? Você está definitivamente armado com
conhecimento e sabedoria para lidar com o que quer que
aconteça, certo?" Louis insiste. "Bem aqui", acrescenta,
cafona pra caralho, mas sincero, apontando para o peito de
Harry. “E você não vai ficar mais sozinho nisso. Você
também terá pessoas cuidando de você. Você terá ajuda. Eu
sei que você disse que não pode confiar na maioria das
pessoas, mas você sabe quem são os bons, certo? É como
eu disse antes, Sr. Popstar, você não pode carregar o mundo
inteiro nos ombros, certo?”
Harry ri, com o rosto molhado, ainda chorando. "Certo", ele
concorda com relutância, provavelmente se lembrando de
sua teimosia anterior.
"O que é que você me disse?" Louis pergunta, passando os
dedos pelos cachos emaranhados de Harry.
"O quê?" Harry responde, parecendo um pouco confuso.
"O que você disse?" Louis repete, insistente.
De repente, a compreensão passa pelo rosto de Harry. Ele
fecha os olhos e respira fundo. “Eu não sou tão pequeno”,
ele sussurra para si mesmo, um mantra sólido, suas
próprias palavras.
“Você não é pequeno,” Louis ecoa. "Você não é nada
pequeno."

Louis não tem certeza de como isso aconteceu, mas de
repente eles estão sem tempo. É quatorze de março e Harry
partirá amanhã, de volta a uma vida que ele igualmente
ama e acha assustadora, de volta para fazer o que faz de
melhor, para o que nasceu. Louis está feliz por ele, de
qualquer forma.
Eles acordam cedo e, por algum acordo implícito, seguem
como de costume, respeitando a rotina que estabeleceram
meses atrás e que na maioria das vezes seguem. Ambos se
vestem em um silêncio amigável, enrolando-se em roupas
aconchegantes e confortáveis antes de saírem do quarto de
Harry, com Clifford os seguindo de perto. Louis não
consegue evitar o carinho irresistível tomando conta de seu
corpo inteiro com a visão. Cliffy não é permitido em quartos
de hóspedes e Louis definitivamente se lembra de ter
fechado a porta atrás deles na noite anterior, o que significa
que Harry provavelmente teve pena dele no meio da noite e
o deixou entrar, abrindo espaço para nos pés deles. É a
única explicação para o motivo de ele estar aninhado aos
pés de Harry quando Louis abriu os olhos pela primeira vez
esta manhã. Ele deveria estar irritado com a indulgência.
Uma vez lá embaixo, eles pegam seus casacos na sala de
estar, Harry pega a jaqueta jeans de Louis e entrega a ele
seu próprio casaco verde em troca. Louis fica ridículo nele,
considerando que já é grande demais para Harry, que é um
pouco mais largo do que ele, mas ele pode suportar parecer
uma criança nas roupas de seu pai se for o que Harry
deseja. Além disso, há algo estranhamente reconfortante
em usar a armadura um do outro em um dia como este,
como se eles estivessem se levantando, usando as forças
um do outro.
O céu está escuro, o nascer do sol ainda está um pouco
distante, mas não está muito frio e não parece que vai
chover. De qualquer maneira, ainda não. Eles vão em um
ritmo relativamente lento, correndo ao longo das falésias
junto com Clifford alguns passos à frente. Assim que o cão
atinge seu caminho normal para baixo, ele se senta
obedientemente, esperando por eles com o que Louis só
pode descrever como um olhar ansioso.. Eles chegam lá
apenas alguns segundos depois dele e, juntos, caminham
para a praia, cuidadosos e devagar. Louis agarra a cintura
de Harry por trás enquanto eles descem, mantendo-o firme
com uma mão suave, mas ainda firme.
"Tudo bem?" Louis pergunta e Harry simplesmente cantarola
em concordância.
Ele se sentiria estúpido por checar duas vezes, mas viu
Harry quase escorregar muitas vezes para arriscar. Louis
não vai mandá-lo de volta ferido para Los Angeles de jeito
nenhum. Ou onde quer que ele esteja planejando gravar sua
próxima obra-prima.
Uma vez na praia, eles começam a correr novamente, rindo
quando Clifford corre ao lado deles, com as patas na água.
Eles correram a extensão da praia algumas vezes, menos do
que normalmente fariam antes de Harry parar. Ele não
parece muito cansado ou sem fôlego, mas Louis segue seu
exemplo e para de correr também.
"Tudo certo?" Louis pergunta, procurando por um sinal de
desconforto ou tristeza no rosto do rapaz.
Harry acena com a cabeça, olhando para a praia com olhos
suaves na escuridão. “Só quero aproveitar isso ao máximo”,
explica, embora realmente não precise. Ambos sabem o que
ele está fazendo.
“É claro”, Louis responde, piscando. "Quer se sentar um
pouco?" ele pergunta, apontando para uma pedra à
distância.
Harry acena com a cabeça, silenciosamente alcançando a
mão de Louis, entrelaçando seus dedos enquanto caminham
até lá. Eles se acomodam na rocha em silêncio, ouvindo o
som das ondas.
“Ei” Louis diz depois de alguns minutos.
Harry desvia o olhar do horizonte, olhando diretamente para
seu rosto. "O que?"
"Posso beijar você?"
Harry cora um pouco, desviando o olhar para seu colo, para
os dedos deles ainda entrelaçados. “Você não precisa
perguntar”, responde, e Louis não tem certeza por que se
sentiu compelido a fazer isso, por que ele simplesmente não
o alcançou como já fez tantas vezes no mês passado.
Há algo neste momento que parece mais frágil, especial.
Talvez seja porque ele sabe que é o último e deve ser
apreciado, talvez seja porque há suavidade, um silêncio
nesta manhã que Louis não quis perturbar.
“Eu sei”, responde, quase num sussurro. "Mas eu queria."
Harry sorri para ele, com os cachos dançando suavemente
com o vento. “Então, sim, claro. Claro, você pode me
beijar.”
“Bom” Louis diz, sem se mexer ainda.
"Sim?"
“Sim” Louis concorda, finalmente alcançando Harry, fazendo
uma ponte entre eles.
Eles se beijam e Louis sabe que não será o último, sabe que
ainda têm horas antes de Harry ir, mas ele saboreia cada
segundo de qualquer maneira. Ele saboreia o jeito que
Harry o toca, o gosto dele, os dois nesta praia. Ele saboreia
a sensação de ser jovem e sentir isso pela primeira vez.
Quando eles terminam, Louis tira o cabelo de Harry do
rosto, olhando para ele.
"O que você quer fazer hoje?", ele pergunta, o mais próximo
que qualquer um deles chegou de reconhecer o que o dia
representa, o quão preciosa é cada hora, cada minuto, cada
segundo.
"Só isso", diz Harry, beijando Louis novamente. “Só isso por
agora”, adiciona quando eles param para respirar.
Louis sorri. “Definitivamente podemos fazer isso”, diz ele,
com o sorriso se transformando em um sorriso malicioso
sem sua permissão. Então, ele beija Harry novamente. "O
quê mais?", ele insiste entre dois beijos.
“Quero ficar aqui na praia e assistir ao nascer do sol com
você.”
“Feito”, Louis responde. Então, ele beija os lábios de Harry,
curtos e doces, movendo-se para trás antes que eles
tivessem a chance de se deixar levar. "O quê mais?"
"Eu quero chupar você no chuveiro quando voltarmos para o
farol."
Louis ri. "Definitivamente feito", ele sussurra, beijando Harry
de um jeito um pouco mais quente depois. "O quê mais?"
“Quero tomar café da manhã na padaria.”
“Ok” Louis concorda. "Feito." Ele está prestes a beijar Harry
novamente quando é interrompido.
"E! Quero passar o dia todo na sala das lanternas. Ou na
galeria. Eu não sei... eu só... eu só quero ficar olhando para
essa vista o dia todo. Talvez escreva um pouco no meu
diário. Vou ver como me sinto.”
Louis ri, brincando um pouco com os cachos de Harry. "Tudo
bem", diz ele. "Também feito."
Harry sorri, mas não chega a atingir seus olhos,
estranhamente reminiscente do jeito que ele costumava
sorrir, vazio, quando chegou pela primeira vez em Fair Isle.
Louis odiava aquela época e odeia agora. Ele não quer que
Harry tenha que fingir mais um sorriso enquanto viver.
Passa rápido, mas Louis impede Harry quando ele tenta
beijá-lo novamente.
"Eu..." Ele limpa a garganta, com o olhar fixo nos lábios de
Harry em vez de em seus olhos. “Você pode mandar eu ir
me foder, sabe”, finalmente diz, um pouco sem jeito. “Se
você quiser… aproveitar a ilha, o farol, por conta própria
hoje. Eu... uh... eu não vou ficar ofendido."
Ele vai se machucar, Louis pensa distante, mas não se
ofender.
Harry bufa e quando Louis olha para ele, o olhar
assombrado em seus olhos se foi, substituído por diversão
genuína, com um sorriso totalmente sincero.
"Agora, por que eu iria querer isso?" Harry pergunta antes
de beijar Louis novamente.
Clifford late em algum lugar distante, batendo na água, nas
proximidades. Harry o solta e Louis ainda pode sentir o
gosto dele em sua língua, ainda pode senti-lo em sua pele,
e ele se pergunta, distraidamente, quanto tempo vai
demorar para essas memórias empalidecerem. Quanto
tempo vai demorar antes que comecem a desaparecer um
pouco, até que se tornem um borrão remoto e antigo no
fundo de sua mente, no qual ele se refugie porque são
felizes. Porque são pacíficos.
“Você pode me contar uma história?” Harry pergunta - outra
parte darotina, outra de suas pequenas tradições.
“Enquanto esperamos pelo nascer do sol?”, adiciona.
Louis olha para o céu ainda escuro, para a sugestão de luz
que mal aparece. Não deve demorar muito agora. Ele exala
com uma pequena risada, balançando a cabeça.
“Eu não trouxe um livro”, comenta, embora certamente
Harry saiba disso.
Sem surpresa, Harry encolhe os ombros, aparentemente
despreocupado. “Você não precisa de livros para contar
histórias interessantes.”
“Não” Louis sorri. "Suponho que não."
Harry sorri de volta para ele antes de deixar sua cabeça cair
em seu ombro, aninhando-se nele, com os olhos fixos no
mar, no céu, no ponto no horizonte onde eles parecem se
tocar.
Depois que o sol nasceu e o mundo ficou um pouco cinza
com o céu coberto, eles voltam de mãos dadas para o farol.
Lá dentro, vão primeiro para a cozinha, Louis prepara a
comida de Clifford enquanto Harry fica sentado no chão
esperando, deixando o cachorro cair sobre ele como um
carrinho e coçar sua barriga. A distração dura apenas até
que Louis coloca sua tigela na mesa e logo, os dois estão de
volta no quarto de Harry. O mesmo vai direto para o
banheiro, lavando suas mãos de cachorro, e quando Louis
se vira para olhar para ele, metade de suas roupas estão no
chão e ele está parado com o peito nu na porta.
"Você vem?" Harry diz, batendo as pálpebras, de alguma
forma conseguindo parecer sexy e um pouco bobo ao
mesmo tempo. Deus, Louis nunca quer deixar de tocar
neste homem.
“Espero que sim” Louis brinca sem entusiasmo,
principalmente para esconder o quanto ele quer, quer quer.
Ele não pode deixar escapar. Ele não pode deixar
transparecer. Ele dá a si mesmo essas instruções com
firmeza enquanto caminha em direção ao banheiro até ficar
um pouco longe do corpo de Harry.
"Pff", Harry responde, com as mãos indo direto para a
cintura de Louis, passando pelo moletom e a calça por
baixo. "Isso é o mais espirituoso que consegue ser?", ele
pergunta antes de estalar a língua, chamando a atenção
para sua boca.
Louis deixa escapar um gemido ridiculamente exagerado.
"Desculpe, qual era a pergunta?", diz, brincando de novo, e
o aperto de Harry afrouxa um pouco enquanto ele ri.
‘Missão cumprida’, Louis pensa fracamente antes de beijá-
lo.
Eles fazem bom uso de seu banho compartilhado,
cumprindo o desejo de Harry, e mais.
Assim que terminam, com a pele rosada e completamente
limpa, eles se ajudam a se secar, Louis ajuda Harry com seu
cabelo com ternura. Eles saem do banheiro ainda nus,
ambos ignorando as roupas esquecidas no chão. Louis pega
algumas peças limpas em vez disso, bufando quando Harry
desiste de se vestir completamente em favor de plantar o
rosto totalmente nu na cama. Ele permite que o rapaz tenha
seu momento dramático, colocando jeans e um moletom
vermelho enorme, antes de dar a ele toda a atenção.
Ele se permite apreciar a vista por um segundo; as pernas
longas e magras que Louis não tem certeza de que Harry
sabe como usar, as coxas macias e pálidas que ele beijou e
mordeu muitas vezes agora, o lugar onde a cintura de Harry
se estreita ligeiramente, a curva de sua coluna, o punhado
de sua bunda, seus ombros largos e fortes, seus braços
estendidos na cama, suas mãos, seus dedos...
Louis inala profundamente, depois desvia o olhar.
Ele tem que fazer isso. Ele tem que desviar o olhar, tendo o
conhecimento de que amanhã tudo isso não estará mais
aqui alojado desconfortavelmente em sua garganta: uma
verdade que ele não está pronto para enfrentar.
“Ei!”, ele exclama em voz alta para compensar. “Achei que
íamos tomar café da manhã!”, diz ao menino sonolento na
cama. “Estou com fome, quero pastéis.”
Harry geme, claramente acordado, mas não faz nenhum
esforço para mover sua linda bunda nua.
“Inacreditável” Louis diz, principalmente para si mesmo.
"Você que pediu."
Harry, para seu crédito, olha para ele, mas apenas para dar
a Louis os olhos de cachorrinho mais convincentes que ele
já viu em sua vida. "Estou cansado", ele com um grande
beicinho dramático.
Felizmente Louis cresceu com um exército de irmãos
pequenos e também possui um cachorro. Não há muito em
termos de fofura que o impeça. Harry chega muito perto,
entretanto.
“Aww, você está? Você está cansado?"
"Sim eu estou. Eu quero os pastéis, mas eles estão tão
longe.”
“Eles estão a quinze minutos de distância, Harry,” Louis fala
sem rodeios.
“Tão longe” Harry repete, obviamente fingindo não ter
ouvido a resposta de Louis.
“Não vou entregar pastéis na cama para você, Harold” Louis
diz com firmeza. Ele está cansado, mas nem tanto. "Isso não
vai acontecer, então levante-se!" Talvez se for severo o
suficiente, ele se convencerá de que não fará isso.
Com isso, Harry se vira, totalmente confortável com sua
nudez, e seus olhos brilham com um pouco com malícia.
"Na verdade, estava pensando que você poderia me
carregar até lá."
Louis começa a rir. "Em seus sonhos, belo rapaz!"
Ele acaba dando a Harry uma carona nas costas até a
padaria, com seus braços apertados ao redor do pescoço de
Louis enquanto ele canta Edge of Seventeen com toda a
força de seus pulmões, dando ao ‘’Ooooh! Baby ooooh!’’
muito poder. Louis tenta não rir, apenas para ter certeza de
que ele não deixará Harry cair na grama lamacenta no
caminho e eles finalmente conseguiram, demorando o
dobro do tempo que normalmente fariam porque Harry
continuou se movendo muito e Louis quase perdeu o
controle algumas vezes.
Ainda assim, eles eventualmente conseguem e se
empanturram com os doces da Sra. Clark sem se
envergonhar, e os dois riem da semelhança de Harry com
Mick Jagger. Assim que terminam o café da manhã, eles se
sentam mais um pouco, recarregando sua xícara de chá e
saboreando enquanto estão de mãos dadas, à vista dos
outros clientes. A cafeteria está praticamente vazia, é claro,
mas Louis fica igualmente nervoso e animado por Harry
estar confortável o suficiente aqui para fazer isso. Talvez
seja um pouco arriscado e muito tolo, mas por mais
fofoqueiro que todo mundo na cidade seja, é apenas um
com o outro. Jamais sairia para o mundo exterior, de volta
para o continente, Louis tem certeza disso. Não é como se
algum deles soubesse quem Harry é de qualquer maneira.
Ainda assim, ele está encantado e gosta do peso da mão de
Harry na sua enquanto eles terminam o segundo chá.
Harry dá um longo abraço na Sra. Clark antes de partirem, o
tipo de abraço esmagador e envolvente que faz você querer
nunca mais deixá-lo. Ele está agradecendo a hospitalidade
dela, esfregando a mão em suas costas, e quando Louis sai
do estabelecimento, uma emoção que ele não quer nomear
borbulhando em seu peito. Ele espera do lado de fora,
encostado no prédio, observando o puro vazio de sua
cidade. São apenas algumas casas. Apenas uma loja. Não
há nem mesmo um bar de baixa qualidade. Está deserta,
parece quase morta ou congelada no tempo se você apertar
os olhos da maneira certa. Louis ama muito tudo isso e, por
um segundo, ele tem o pensamento horrivelmente
devastador de que isso pode não ser mais o suficiente
quando Harry for embora.
Louis balança a cabeça, recusando-se ao luxo de que terá
tanta saudade, de ter pensamentos tão angustiantes.
É um medo ridículo, mas é o que é. Louis certamente não
vai lhe dar poder.
Finalmente, depois do que parece uma pequena eternidade,
Harry sai da padaria. Ele está segurando um saco de doces
e Louis sorri suavemente. Ele apostaria um bom dinheiro
que a Sra. Clark deu a ele para a viagem de volta para casa
amanhã.
"Tudo bem?" Harry pergunta quando ele se junta a ele do
lado de fora, encostado no tijolo do prédio também, com
seus ombros pressionando os de Louis.
"Eu quem deveria estar perguntando isso, não?"
O sorriso de Harry cai um pouco, o canto de sua boca se
inclina ligeiramente.
"Estou bem." Harry morde o lábio inferior antes de alcançar
a mão de Louis novamente. "Eu estava pensando. Eu
realmente deveria parar no observatório no caminho de
volta. Preciso dizer adeus ao Sr. Drummond. Não acredito
que quase esqueci.”
“Oh” Louis diz. É estranho ouvir isso dito tão claramente em
voz alta.
Harry está se despedindo.
Claro, Louis sabia disso. O objetivo de hoje é que Harry
aproveite suas coisas favoritas de Fair Isle pela última vez.
O fato de eles não terem explicado claramente um ao outro
não torna isso menos verdadeiro. Ainda assim, é um pouco
como um soco no estômago toda vez que ele é lembrado.
"Está tudo bem?"
"O quê?" Louis pergunta ausente, distraído. Ele balança a
cabeça. "Sim, sim. Claro. Ele vai ficar bravo se você sair
sem vê-lo, e ficaria no meu pé por meses. Ele pode parecer
o mais doce, e ele é, mas este homem pode definitivamente
guardar rancor."
Harry ri. “Vamos”, diz, levando Louis para frente.
Louis dá a Harry um pouco de privacidade com o Sr.
Drummond, ficando do lado de fora e observando os
pássaros enquanto eles conversam. Finalmente, depois de
cerca de vinte minutos, Harry sai do observatório com uma
expressão séria no rosto, lembrando a Louis que ele
provavelmente não será o único que vai sentir falta quando
sair.
"Você está bem?" Louis pergunta quando Harry fica quieto
por muito tempo enquanto eles voltam para o farol.
Harry acena, distraidamente chutando uma pedra. "Uhum."
Louis estremece, então sorri enquanto dá a Harry uma
pequena cutucada com o cotovelo. “Parece convincente.”
Com isso, Harry ri um pouco.
“Eu gosto do Sr. Drummond”, ele diz. “Ele tem um jeito
legal de ver as coisas. Apreciei conhecê-lo. Mesmo que eu
não tenha passado muito tempo com ele.”
“Ele definitivamente é único”, concorda Louis.
Harry cantarola. “A maioria das pessoas aqui parece ser”,
ele finalmente diz depois de um longo tempo, dando a Louis
uma pequena olhada de lado antes de olhar para frente
novamente.
Quando eles voltam para o farol, vão direto para a sala das
lanternas, ficando agasalhados enquanto Harry pega seu
violão do banco, e saem para a galeria. Eles ficam um ao
lado do outro, Harry dedilhando e cantarolando, enquanto
Louis fecha os olhos e cochila um pouco ao som de sua voz.
Sua voz maravilhosamente calmante.
Eles perdem a tarde falando de tudo e de nada, aninhados
no topo do farol. Louis está em seu lugar favorito no mundo
com uma de suas pessoas favoritas. Como é lindo para ele
ter isso. Como é trágico não poder durar.
Eles cozinham o jantar juntos enquanto ouvem música e
dançam um pouco de jazz francês instrumental suave,
enquanto o macarrão cozinha. Harry mergulha em Louis
assim que a água começa a ferver com entusiasmo demais,
transbordando sob a tampa, enquanto Louis grita para Harry
trazê-lo de volta, meio gritando, meio rindo.
“Nós vamos queimar o macarrão!” Louis grita com uma
risada, tentando se levantar enquanto Harry ri e ri, quase o
deixando cair no chão.
“Você não pode queimar macarrão, na pior das hipóteses
eles vão ficar cozidos demais”, Harry consegue dizer entre
soluços de risada e seu aperto na cintura de Louis diminui.
"Você pode definitivamente queimar macarrão,e não se
atreva a me deixar cair, Harry Styles!" Louis o ameaça, mas
ele está rindo demais para ser levado a sério.
"Então... desculpe" Diz, e agora é tarde demais, eles estão
caindo, Harry ajoelha no chão enquanto tenta suavizar a
queda de Louis.
"Seu idiota!" Louis diz suavemente, envolvendo as pernas
em volta da cintura de Harry, os dois se emaranham no
chão.
“Oops” Harry responde antes de beijar Louis.
Clifford acaba investigando o que eles estão fazendo no
chão daquele jeito, seu nariz frio faz Harry gritar quando ele
o pressiona contra sua nuca e Louis não consegue parar de
rir ao ver a expressão de traição absoluta no rosto do rapaz.
Eles queimam a massa, e o que antes era espaguete se
transforma em um tijolo sólido preso no fundo da panela.
Em sua defesa, Harry parece um pouco envergonhado.
"Então, deixamos por muito tempo", declara Harry,
tentando descolar o macarrão com um garfo.
"Você acha?" Louis diz sarcasticamente.
"Devo fazer um sanduíche para nós, então?" Harry oferece.
"Tenho quase certeza de que sobrou frango daquele assado
que fiz na outra noite."
"Funciona para mim."
Então, eles comem sanduíches e depois que terminam de
lavar a louça - panela destruída não incluída -, eles voltam
para o topo do farol por insistência de Harry.
Louis não pode culpá-lo. Ele viu isso acontecer com mais de
um convidado prestes a sair. Eles ficam um pouco
desesperados, querem absorver o máximo possível da vista,
da vibe, da atmosfera, antes de terem que voltar às suas
vidas normais. Maçantes. Previsíveis. Nada como o mar
aqui.
Embora, é claro, Louis não possa imaginar que haja algo
enfadonho ou previsível sobre a vida que Harry está
voltando e talvez seja por isso que ele quer aproveitar isso o
máximo possível. Ele conseguiu de Fair Isle a mesma coisa
que Louis tem, afinal. Eles são como duas ervilhas em uma
vagem, os poucos raros que realmente entendem este
lugar.
Por volta das oito e meia, Harry solta um longo suspiro
dolorido e Louis olha por cima do ombro de onde está
aninhado na frente dele para tocar em seu rosto.
“Eu preciso fazer as malas em algum momento”, explica
quando seus olhos se encontram. Ele não precisa entrar em
detalhes, não precisa dizer a Louis por que ele adiou até o
último segundo.
"Precisa de ajuda?" Louis oferece, não querendo deixar
Harry fora de sua vista por mais um segundo hoje.
“Você não tem que fazer isso” Harry diz com desdém, mas a
maneira como ele está segurando Louis, a maneira como
ele mantém sua bochecha pressionada contra sua barba,
conta uma história diferente.
“Eu quero” Louis sussurra, acariciando a mão de Harry em
sua barriga, da ponta dos dedos ao pulso, repetidamente.
“Já juntei a maior parte das minhas coisas”, diz Harry e
Louis sabe, ele percebeu. Ele percebeu como Harry parou de
deixar as coisas aqui e ali em todos os cômodos nos últimos
dias. Ele notou a maneira como ele pegou as coisas que
sempre deixou ao redor do prédio antes, lentamente
apagando sua presença do farol.
Louis odeia isso.
Ele cantarola em resposta, no entanto. "Quer que façamos
uma última varredura dos quartos, apenas verificar?"
“Eu realmente não quero me mover” Harry admite. “Mas eu
provavelmente deveria fazer isso. Como você disse, apenas
no caso. Quer dizer, a maioria das minhas coisas já está no
meu quarto, mas você sabe. É melhor ter cuidado.”
“Sim” Louis concorda. “Quer dizer, sua guitarra e seu diário
estão aqui e presumo que sejam muito importantes”, diz
ele, um pouco atrevido. “Imagine o que mais você poderia
deixar para trás se não verificasse novamente.”
Harry balança a cabeça e Louis pode senti-lo sorrir.
“Definitivamente não vou esquecer meu violão.”
Louis encolhe os ombros. "Nunca se sabe."
Eles ficam em silêncio por um tempo, ainda se abraçando
em vez de se levantar, e Louis aperta os lábios com força,
impedindo-se de sorrir ou chorar, ou ambos. Optando por
aproveitar por mais alguns segundos.
Finalmente, depois que eles se esticaram por muito tempo,
Louis diz: "Pronto?", e eles se desembaraçam, levantando-
se do banco e se espreguiçando um pouco. Harry pega seu
violão e seu diário enquanto Louis cuidadosamente faz seu
caminho ao redor da sala, certificando-se de que nenhum
dos pertences de Harry ainda esteja aqui. Existem alguns
suéteres descartados que Harry deixou por aí, mas todos
eles já pertencem à pousada.
“Acho que não tem mais nada aqui” Louis declara depois de
um tempo e Harry concorda.
“Tudo bem, vamos voltar para o chalé”, diz, mas não faz
nenhum movimento para descer. Em vez disso, ele olha
pelas janelas.
Já está escuro lá fora, é claro, mas Louis deixa que ele tenha
o seu momento. Ele anda ao seu redor, dá um pequeno
beijo em sua bochecha, sussurrando “Com calma” antes de
descer as escadas.
Louis tem tempo para verificar se há alguma roupa
esquecida no porão e na cozinha antes de Harry se juntar a
ele na sala de estar. Ele foi minucioso e Louis não encontrou
um único item pertencente a ele ainda.
“A cozinha estava bem” Harry disse suavemente quando ele
entrou, enterrando o nariz em uma de suas estantes.
“Porão também”, Louis responde sem olhar para ele,
examinando os títulos com o dedo. “Você fez um bom
trabalho”, acrescenta, sorrindo quando encontra o que
queria e tira dois livros da estante.
“Esses definitivamente não são meus” Harry diz com um
pequeno sorriso quando Louis olha para ele.
São dois romances cafonas, é claro, são, e Louis dá de
ombros. “Você vai precisar de algum material de leitura no
caminho de volta. Este aqui tem uma cena de sexo hetero
escandaloso nos jardins de um visconde” Louis diz
mostrando a capa vermelha a Harry. “Deve ser do seu
gosto”, ele brinca e Harry revira os olhos, mas não contradiz
Louis.
"Não devo deixar um livro se quiser levar um?" Harry
comenta enquanto começa a olhar ao redor da sala, no
parapeito da janela e no baú.
“Digamos que faremos uma exceção para você”, diz Louis,
embora não seja o primeiro e certamente não será o último
a sair com um livro sem uma troca.
"Isso é generoso."
“Bem, isso se encaixa perfeitamente a mim”, Louis brinca
enquanto caminha até o sofá, onde um casaco de lã feio e
familiar repousa.
"Sim" Harry diz suavemente. "Realmente." Ele faz uma
pausa e é só quando Louis pega o cardigã que ele começa a
falar novamente. “Oh, eu não posso levar isso. Isso é seu."
“Você o adotou, Harry”, Louis protesta, colocando o material
ofensivo sobre um de seus ombros. “Você não pode deixar
isso para trás. Que tipo de pai você é? Só porque seu filho é
feio, não significa que tem que deixá-lo, sabe.”
"Faz parte da sua coleção", argumenta Harry. “O cardigã
fica.”
“O cardigã definitivamente vai.”
"Mas-"
"Vou contrabandear na sua bolsa enquanto você dorme se
continuar discutindo comigo, Harold."
"Tudo bem" Harry responde e há algo em seus olhos, uma
felicidade que Louis sabe ler. Ele não vai dizer isso, mas
está satisfeito por conseguir manter sua monstruosidade,
Louis sabe disso.
Depois de verificarem totalmente a sala de estar e a sala de
jantar, eles dão uma rápida olhada na recepção,
encontrando apenas alguns itens no total, principalmente
meias amontoadas em um canto da sala de jantar que Louis
não tem ideia de como terminaram lá. Não é como se eles
passassem muito tempo naquela sala. Logo, a maior parte
está pronta e eles vão até o quarto de Harry para
empacotar tudo. Louiso ajuda a enrolar todas as suas
roupas bem apertadas para que caibam em sua bolsa. Harry
deixa uma roupa de lado para o dia seguinte e eles colocam
os livros por cima para que ele tenha fácil acesso durante a
viagem. E finalmente, coloca sua guitarra cuidadosamente
de volta em sua capa.
Eles fazem tudo em silêncio, com uma tensão no ar.
Louis tenta pensar no que dizer em um momento como
este, mas ele se sente um pouco vazio, como se tudo fosse
sair sem graça e sem cor, quando tudo o que há dentro dele
está explodindo de vibração. É doloroso, mas alegre ao
mesmo tempo, tudo que Harry tocou, vibrando em uma
frequência excessiva.
Então eles fazem tudo em silêncio e depois que todas as
coisas - exceto as de Louis - foram embaladas e guardadas,
eles ficam no meio delas, olhando um para o outro, sem
saber o que fazer.
A luz apaga sem aviso às onze e meia, e eles continuam se
olhando na escuridão, com os olhos se adaptando às
sombras.
“Louis” Harry sussurra, estendendo a mão para eles se
encontrarem no meio. Seus corpos se colidem com mais
força do que Louis imaginou, mais desespero.
Eles se atrapalham no escuro, indo para a cama às cegas,
sem vontade de parar de se tocar, de parar de beijar, de
chegar ao seu objetivo mais rápido.
Eles caem em um emaranhado de seus corpos.

Na manhã seguinte, Louis pisca acordando com a visão de
dois grandes olhos verdes olhando para ele e um peso em
seu peito. Ele engole o peso, tenta afugentá-lo, mas está
firme, arranhado bem fundo sob seu esterno. Harry está
indo embora hoje.
“Ei”, Louis mal sussurra, com medo de perturbar a
tranquilidade deste momento. Se o dia realmente começar,
isso o torna real. Se eles se levantarem desta cama, Harry
realmente terá que ir.
“Ei” Harry ecoa, gentilmente, com olhos vagando pelo rosto
de Louis, uma emoção que ele não consegue nomear.
Louis estende a mão para ele distraidamente, quase sem
perceber, até que seus dedos roçam a mandíbula de Harry
suavemente.
"Dormiu bem?", pergunta, ainda acariciando o rosto de
Harry. Ele não sabe ao certo por que está sendo tão
mundano quando os dois sabem o que vai acontecer em
algumas horas. Não é como se eles pudessem realmente
contornar isso na ponta dos pés. Mas Louis não quer ser o
primeiro a reconhecer isso e tem certeza de que Harry sente
o mesmo.
Harry balança a cabeça, apertando os dedos em sua
cintura, segurando-o com firmeza. “Não”, admite. "Eu não
consegui dormir."
Isso explica as olheiras sob seus olhos, a maneira cansada
como ele está se segurando.
Louis exala um pequeno suspiro, movendo-se para um
pouco mais perto do corpo de Harry. Eles já estão tão
pressionados que parece quase impossível, mas Louis
consegue. "Sinto muito", diz, fechando os olhos por um
segundo quando uma das mãos de Harry desliza em seu
cabelo, suave e calmamente. Ele poderia adormecer
novamente, com o calor do corpo do rapaz contra o seu.
Mas o peso o mantém bem acordado, hiperconsciente. Ele
tem que dizer adeus hoje. Ele não tem certeza de como
pretende fazer isso.
"Tudo bem" Harry responde, e quando Louis abre os olhos
novamente, ele parece quase reverente. “Usei meu tempo
com eficiência”, acrescenta, principalmente para si mesmo,
com o olhar nunca vacilando.
Não pela primeira vez, Louis sente que está sendo
memorizado. Dói muito mais hoje do que todos os outros
dias porque é a última chance de Harry fazer isso. E a
maneira como ele teimosamente se recusa a piscar, a
maneira como ele está se segurando, os olhos nunca se
afastando de seu rosto; Harry sabe disso também. Então
Louis o olha de volta, fazendo algumas memorizações por
conta própria, traçando cada detalhe de seu rosto para que
fique gravado em seu cérebro para sempre. Então ele nunca
vai esquecer da visão de Harry na luz fria do inverno, os
olhos verdes suaves enquanto ele encara e encara. Nunca
vai esquecer das manchas douradas em seus olhos, da
penugem escura sobre seu lábio superior, do ponto bonito
entre sua bochecha e o queixo, suas pequenas orelhas
peculiares. Louis o observa como um falcão,
silenciosamente prometendo a si mesmo nunca esquecer de
nada, de sempre lembrar dessa versão de Harry.
"Louis" Harry diz depois que estão se encarando por muito
mais tempo do que deveriam, e ele parece um pouco
exausto, frenético.
“Sim, estou aqui” Louis tranquiliza, com o polegar ainda
acariciando a pele das bochechas de Harry, e o resto de
seus dedos enterrados profundamente em seu cabelo
enquanto ele o segura no lugar. "Estou aqui."
"Louis", diz Harry novamente, um pouco mais desesperado
dessa vez, antes de beijá-lo.
Uma última vez, Louis pensa distante enquanto Harry
começa a lutar para tirar a blusa entre beijos frenéticos,
rolando-os de forma que ele fique deitado em cima dele.
Melhor aproveitar.
“Ei” Louis diz entre beijos, segurando Harry um pouco, com
as mãos segurando seus ombros para que ele não possa se
inclinar novamente. "Devagar, certo?"
Harry concorda. “Devagar”, concorda, embora eles não
tenham tempo para isso.
Depois disso, a paixão é substituída pela adoração sem
pressa enquanto eles se beijam, quando se tocam,
enquanto ofegam, enquanto tremem.
Depois, eles estão relutantes em se separar, com seus
corpos nus totalmente pressionados juntos, sem um pedaço
de espaço entre eles. A cabeça de Harry está enterrada no
pescoço de Louis, e as pernas entrelaçadas, o torso se toca
em todos os lugares enquanto eles respiram um contra o
outro, enquanto inspiram um ao outro. Enquanto eles não se
levantarem, ainda não é real. Louis se apega ao
pensamento, assim como se apega às costas de Harry, e
seus dedos cavam nas covinhas na parte inferior de sua
coluna. Harry dá um beijo na clavícula de Louis, suave,
quase imperceptível, como um toque de pena que ainda
queima. É quase o suficiente para reacendê-los e Louis
considera isso, considera fazer Harry gozar novamente,
considera desfrutar de outra última vez, mas o rapaz se
move de sua clavícula para o pescoço, depois para o queixo.
Ele dá beijos suaves na pele do mais velho, quase
distraidamente, sem tentar irritá-lo ou começar qualquer
coisa, mas só porque ele pode, porque ele ainda pode,
porque ele ainda não se foi. E Louis se acomoda no
momento.
Depois de segundos, Harry levanta a cabeça e eles se
olham.
"Louis, eu-" Harry começa a dizer e Louis não pode, ele
simplesmente não pode fazer isso, então ele o beija
silenciosamente, o beija completamente porque se algum
dos beijos desta manhã puder ser o último, ele vai garantir
que todos eles causem uma impressão duradoura.
Eles têm que sair da cama eventualmente, e não doeu tanto
quanto Louis esperava. Existe barreira mental estranha que
ele ergueu para se proteger e aqui está ele, cruzando-a, e
ainda está inteiro. Ele não se despedaçou. É estranho como
o mundo funciona às vezes, Louis não pôde deixar de
refletir enquanto fica de pé nu, no meio do quarto de Harry.
Eles lentamente fazem seu caminho para o banheiro e
tomar banho juntos, o mais novo brinca, alegando que
nunca viajou coberto de fluídos corporais, e que não vai
começar agora, e Louis ri porque tem certeza que é uma
mentira. Ele ri porque realmente vai sentir falta desse
homem. Eles lavam o cabelo um do outro com cuidado e
Louis dá pequenos beijos atrás da orelha direita de Harry,
assim que tem certeza que seu cabelo está devidamente
enxaguado.
Assim que saem do chuveiro, eles se secam entre beijos,
deixando as toalhas no chão para que Louis encontre mais
tarde. Louis veste a calça jeans do dia anterior e, sem
pensar, agarra o suéter descartado que Harry usou para
dormir. Ainda está quente e cheira como ele, envolvendo-o
como os abraços do rapaz fazem. Harry, por outro lado,
pega o moletom e a calça que ele escolheu na noite
anterior, e os colocou em silêncio. Depois de estar
totalmente vestido, com meias e Vans, ele pega sua jaqueta
verde.
“Aqui” Louis diz, “Eu vou te ajudar”. Ele pega a bolsa de
Harry, aquela que eles embalaram com tanto cuidado na
noite anterior e a coloca em seu ombro. Então, ele pega a
capa do violão, entregando-o a ele.
"Eu..." Harry diz quando seus dedos se tocam. "Obrigado."
Louis pega seu telefone do lado da cama, abrindo-o e
engolindo em seco quando vê que o tempo está quase
esgotado.
“O barco estará pronto em breve, você terá que se apressar
se quiser chegar ao porto a tempo”, ele comenta em voz
estrangulada.
É muito cedo. É muito cedo. Ele ainda não acabou, ele não
está pronto.
"Certo", diz Harry, e segue silenciosamente quando Louis
sai da sala, levando-os escada abaixo para a área de
recepção.
Como ele preveu, Clifford está sentado ao lado da porta e
dá a Harry um grande olhar triste quando eles chegam lá
embaixo.
"Cliff", Harry chama, colocando seu violão e seu casaco no
chão, ficando de joelhos na frente do cachorro, envolvendo-
o em um grande abraço. Clifford geme um pouco, ou porque
Harry o está abraçando com força ou porque ele está triste,
ou ambos. O rapaz o solta com o som, optando por beijar
seu rosto repetidamente, rindo quando o mesmo lhe dá uma
grande lambida em resposta. “Você era o melhor
companheiro de caminhada”, Harry diz a ele e Louis fica tão
comovido com a dedicação, a sinceridade, desta despedida
que ele nem consegue sentir ciúme. "E o melhor carinho",
acrescenta Harry. "Apenas... a melhor companhia que eu
poderia ter esperado de você."
Louis sorri com os lábios bem apertados, porque se não, ele
pode chorar.
"Dizem que os cães se parecem muito com seus donos",
Harry sussurra, forçando a jugular várias vezes. Ele olha
para Louis, oferecendo-lhe um sorriso devastador antes de
dizer: “Acho que deve ser verdade”.
Louis inala silenciosamente antes de responder, forçando
sua voz a permanecer firme. "Mesmo?"
Harry concorda. "Sim." Ele olha de volta para Clifford,
sorrindo com mais tristeza agora que o cachorro de Louis
simplesmente cai no chão e rola de costas, implorando por
carinho. "Oh, eu gostaria de ter tempo" Harry diz a ele
tristemente, coçando sua barriga de qualquer maneira. “Eu
gostaria...”, ele se interrompe.
Louis baixa os olhos para o telefone ainda em sua mão, que
continua tiquetaqueando e tiquetaqueando. Harry tem que
ir agora, ele tem que sair ou perderá o barco. E se ele
perder o barco, quem sabe quando haverá outro? Eles têm
uma tempestade para nos próximos dias, aviões e balsas
provavelmente serão cancelados. Harry ficaria preso um
pouco mais. Louis se esforça muito para não pensar em
como isso seria ótimo. Em vez disso, ele limpa a garganta.
"Desculpe interromper, mas você vai perder o barco se não
sair agora."
É provavelmente a frase mais difícil que ele já disse, mas sai
perfeitamente bem, firme, sem um pingo de hesitação.
"Sim", diz, ainda focado em Clifford. Ele lhe dá um último
beijo e se levanta.
Primeiro, pega seu casaco verde militar, colocando-o. Ele
estende a mão por baixo para liberar o capuz, colocando-o e
escondendo a maior parte do rosto. Em seguida, estende a
mão para pegar sua bolsa no ombro de Louis.
"Eu posso ir com você!" Louis deixa escapar. “Para o porto,
quero dizer. Ajudar você a carregar suas coisas.”
Mas Harry balança a cabeça imediatamente, negando-lhe
alguns últimos minutos juntos. “Não”, ele diz. "Está bem.
Não quero incomodá-lo com isso.”
“Não tem problema”, Louis diz baixinho, com tristeza.
"Harry, é-"
"Está tudo bem", Harry insiste gentilmente. "Eu entendi."
Então Louis não discute. Ele simplesmente tira a bolsa do
ombro e observa enquanto Harry a pega. Ele olha para o
violão por um segundo antes de se curvar para pegá-lo
também.
“Bem” Louis diz sem jeito, sem saber o que se deve dizer
nessas circunstâncias.
Cada palavra parece inútil, cada sentimento parece
pequeno demais.
"Bem" Harry repete, saltando um pouco sobre os pés. Ele
está nervoso. Se suas mãos estivessem livres, Louis
apostaria que ele estaria brincando com seu elástico agora.
“É...” Louis começa a dizer antes de balançar a cabeça e rir.
“Foi um prazer recebê-lo, Sr. Popstar”, é o que ele
finalmente decide dizer, estendendo sua mão para Harry
apertar.
Harry franze a testa profundamente com a visão. Ele olha
para a mão de Louis, bufa, então balança a cabeça, antes
de colocar seu violão no chão novamente e bater seu corpo
no de Louis, e a força do abraço faz os dois tropeçarem para
trás.
Louis não consegue discutir, está sem fôlego, então ele
segura Harry o melhor que pode, tenta derramar tudo o que
está sentindo no abraço, com seus braços em volta do
pescoço de Harry.
“Obrigado” Harry sussurra em seu ouvido, com a voz
embargada, e Louis fecha os olhos. “Só... obrigado. Você
não tem ideia... ”, ele se interrompe, e Louis pode senti-lo
tremer um pouco. "Obrigado, Louis."
De repente, Louis se vê chorando, incapaz de ficar quieto.
“Você... você não precisa me agradecer”, responde, sem
acreditar. "Eu não... eu não fiz nada." Ele faz uma pausa,
apertando Harry com força. “Eu não fiz nada”,diz, em um
sussurro, principalmente para si mesmo.
Isso faz Harry rir, baixo e molhado, como se estivesse
chorando. "Você não tem ideia", ele sussurra de volta.
Então, tão abruptamente quanto estendeu a mão para
Louis, ele o soltou.
Ele pega seu violão, mantendo sua cabeça baixa o máximo
possível e quando finalmente olha para cima para dar a
Louis um sorriso forçado, seus olhos parecem um pouco
vermelhos. “Vejo você por aí”, ele diz baixinho - uma
mentira descarada, e os dois sabem disso - antes de sair
pela porta, sair da vida de Louis.
Clifford late atrás dele, arranhando a porta fechada. Então,
lamenta.
Louis fica congelado por um segundo, com o coração
batendo forte no peito, antes de se virar e começar a correr,
passando pela cozinha e a porta que leva ao porão, pelo
anexo e passando por seu quarto, subindo e subindo e
subindo a escada em espiral, saindo da porta da sala das
lanternas para a galeria. Ele anda até encontrar o ponto de
vista perfeito, com o cabelo ao vento, mãos segurando o
corrimão, enquanto observa Harry se tornando cada vez
menor e menor, até que ele seja apenas um ponto no
horizonte, até que Louis não possa mais vê-lo, até que ele
finalmente foi embora.
Então, só então, Louis se deixou sentar, encostado na torre,
ofegando tremulamente.

Capítulo 11
Nos primeiros dias após a partida de Harry, Louis não
consegue acreditar em como o farol está silencioso. É como
se ele tivesse esquecido de quanto tempo ele passou neste
prédio sozinho no passado. É como se tivesse esquecido de
como ter conversas unilaterais com seu cachorro do jeito
que costumava fazer, num fluxo de consciência deixando
sua boca sem vergonha, sem expectativa de que alguém vá
responder. Agora, ele continua esperando que Harry se
canalize por algum meio de comunicação inteligente, ou
não tão inteligente. Cada vez que ele balbucia na direção de
Clifford, há uma parte dele esperando pelo comentário de
Harry, pela risada de Harry. Alguma piada terrível da qual
Louis riria apenas porque Harry parecia fofo contando-a.
Mas ele se foi e há um espaço vazio assombrando o prédio
onde ele costumava estar, uma ausência barulhenta que
Louis tenta ao máximo ignorar.
Louis está bem, entretanto. Ele não chora até dormir todas
as noites ou algo parecido. Ele não fica deprimido na cama,
perdendo os dias porque seu pretendente o deixou. Claro,
talvez ele tenha passado a dormir no quarto que Harry
alugou, aninhado contra o corpo de Clifford para que ele
não se sinta muito sozinho à noite, mas isso não significa
que ele não esteja bem. Claro, ele pode não ter lavado os
lençóis ainda, com medo de se livrar do cheiro desbotado
de Harry, mas isso não significa que ele não esteja bem.
Afinal, ele sabia o que esperar, sabia o tempo todo que
chegaria a esse ponto. Harry nunca fez nenhuma promessa
que não pudesse cumprir. Ele não deixou Louis com o
coração partido e se sentindo usado. Eles sabiam o que
estavam fazendo o tempo todo, sabiam o quão efêmeros os
dois estavam fadados a ser.
E está tudo bem.
E daí que, cinco dias após a partida de Harry, Louis teve o
pensamento esmagador de que provavelmente está
apaixonado por alguém que nunca poderá ter?
Isso o atinge enquanto lava as janelas do lado de fora da
sala da lanterna. Ele está na galeria, com uma grande
esponja em suas mãos rangendo contra o vidro enquanto
ele faz grandes movimentos circulares, sem pensar em
nada específico quando a esmagadora, mas óbvia,
percepção de que ele está apaixonado por Harry - e que não
pode fazer nada a respeito - surge em sua cabeça. A
esmagadora, mas óbvia, percepção de que ele já o perdeu
para a vida e suas circunstâncias incompatíveis. Que ele
nunca terá a chance de dizer a ele.
Ele ama Harry. Que sentimento inútil e exultante.
Louis solta a esponja assim que pensa, e ela cai de volta no
balde ensaboado em seus pés com um respingo. Ele está
muito atordoado para notar, porém, muito focado na
maneira como seu coração se expande em seu peito até
parecer que não vai caber mais, cheio de sentimentos que
não consegue conter. Ele pressiona as palmas das mãos
contra as janelas que acabou de limpar , precisando de
apoio para se manter de pé. Exala trêmulo enquanto
pressiona a testa no vidro, esperando a tontura passar. Inala
profundamente. Em seguida, expira, lento, controlado.
Então, ele faz de novo. O vento assobia ao redor dele.
Provavelmente está forte, Louis pensa vagamente, mas soa
fraco e distante. Ele pisca, com os olhos úmidos. Louis pisca
e respira. Ele espera, e espera, mas as lágrimas não vêm.
Tristeza e amor presos em sua garganta, sem saída.
Talvez não esteja tudo bem, afinal.
Ainda assim, ele tenta não permitir que esses sentimentos
recém-descobertos o afetem muito. Harry foi embora. Não
há nada que Louis possa fazer sobre isso. Tudo o que ele
pode fazer é tentar se manter o mais ocupado possível para
que o lugar em sua alma, onde está dolorido, não prospere
muito. Então ele vagueou pela pousada normalmente,
limpando todos os quartos, exceto o de Harry, e
encomendando suprimentos a granel para a nova
temporada. Seus próximos convidados chegarão em menos
de um mês e o estabelecimento de Louis tem uma
reputação a manter.
Ele está um pouco bravo consigo mesmo por ter feito quase
todas as suas tarefas de manutenção, o que o deixou
precisando de muita criatividade para se manter ocupado.
Ele tem que fazer muito, para que a vozinha no fundo de
sua cabeça que quer que ele se enrole e se entregue à sua
devastação, cale a boca. Mesmo assim, ele entra e sai
zunindo do chalé, certificando-se de que está tudo bem,
acordando antes das cinco horas todas as manhãs e indo
para a cama bem depois das uma, todas as noites. Ele
dorme intermitentemente e sabe que provavelmente vai
desmaiar, mas ele está em alta de negação, e enquanto
houver energia em seu corpo, Louis vai usá-la.
Tudo para dez dias após a partida de Harry, cinco dias
depois de Louis perceber que estava apaixonado por ele o
tempo todo.
Ele acorda triste naquela manhã, mas se esquiva,
lembrando-se cruelmente na frente do espelho que está
bem. Seu reflexo apenas pisca sonolento para ele com
olheiras, e ele parece envelhecido. Com sua barba não
aparada, finalmente parece o eremita que sua família
afirma que ele é. Demorou anos para ele chegar lá, mas
finalmente conseguiu. Ele quase quer enviar uma selfie para
que possam rir de sua miséria total e absoluta.
Mas ele não quer, é claro. Ele se veste em silêncio e sai para
correr com Clifford, deixando o telefone na cômoda, incapaz
de suportar a ideia de ouvir as músicas que Harry escolheu
cuidadosamente para ele. Quando volta ao farol, ele
alimenta Clifford e começa a trabalhar.
Ao meio-dia, Louis é forçado a admitir que não tem mais
nada a fazer, exceto limpar o quarto de Harry.
Ele segue os movimentos, tirando os lençóis que agora
cheiram mais a ele e a Clifford do que a Harry da cama com
os dentes cerrados. ‘’Está tudo bem’’, Louis diz a si mesmo
enquanto os junta e os joga em um cesto de roupa suja.
‘’Não importa’’, pensa enquanto tira os travesseiros de suas
capas e os coloca em cima dos lençóis. Ele deixa o edredom
por último, segurando-o contra o peito e fechando os olhos,
inspirando profundamente enquanto procura um traço, uma
pista do homem o qual está tentando aprender a viver sem.
“Não seja idiota”, Louis diz para si mesmo com grosseria,
tirando a capa do edredom e jogando-a na cesta também.
Quando ele chega ao porão e coloca tudo na máquina de
lavar, há lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Ele se senta, de costas para a parede,com os braços em
volta das pernas, a testa pressionada contra os joelhos, e
espera. Ele ouve o ronco alto de sua máquina de lavar,
respirando profundamente no escuro. Vai passar, ele sabe
que vai. Como a maioria das tristezas, um dia ele vai
acordar descobrindo que consegue respirar novamente. Até
então, ele tem que suportar.
Quando o ciclo termina, Louis desliga tudo para secar
automaticamente, tentando ao máximo manter sua mente
em branco enquanto coloca tudo no varal que se estende
em seu porão.
Feito isso, Louis volta para cima e segue pelo corredor que
leva à torre, em seguida, vai direto para seu quarto. Ele
abre o armário, pegando uma bolsa de viagem preta e
deixando-a cair no chão no meio do quarto. Então, Louis
começa a empacotar as roupas aleatoriamente, pegando o
que estiver mais próximo e limpo, principalmente calças de
moletom e camisetas confortáveis.
É impulsivo e provavelmente um pouco estúpido em seu
estado, mas ele não consegue mais suportar a visão do
farol. Ele não tem nenhuma reserva até meados de abril e
ele será amaldiçoado se passar as próximas semanas
vagando pelo prédio sem rumo enquanto finge estar
ocupado, como um fantasma preso na Terra com assuntos
inacabados. Cada canto de sua casa está cheio de
memórias que ele é um pouco frágil para enfrentá-las
imediatamente. Ele vai ficar bem - ele está bem -, só precisa
de uma distração. Ele precisa de algo para manter sua
mente ocupada até que a pousada comece a zumbir com
turistas entusiasmados e suas conversas. Ele precisa de
uma pausa do silêncio, o silêncio que costumava ser sua
salvação, que Harry tanto amava. Agora está cheio de
ausência ao invés de conforto, e Louis sabe que nem
sempre será assim, mas por enquanto, ele precisa de algum
barulho, precisa de cacofonia, para manter seu cérebro
longe do que está perdendo.
Há apenas um lugar na Terra que Louis conhece que pode
fornecer exatamente o que ele precisa, então, depois de
fazer as malas, ele pega o telefone e disca o número de
Roger. Sair de Fair Isle é sempre uma aposta, entre o clima
temperamental que os torna inacessíveis por dias, e a
programação de balsas e voos escassos. Louis está
determinado e sabe que The Good Shepherd IV vai trazer
algumas mercadorias amanhã de manhã. Se o tempo
permitir, ele estará a caminho de Shetland em menos de
vinte e quatro horas.
Na manhã seguinte, Louis tranca a pousada, verificando se
todas as janelas estão fechadas e trancadas com
segurança, antes de caminhar até o litoral norte da ilha com
Clifford. Eles esperam pacientemente enquanto Roger
descarrega o barco e conversa com os habitantes locais,
antes de subir na pequena balsa. Ele é dispensado pelos
poucos amigos que estão acordados e perto do porto, e
Louis não sabe por que achou que suas férias espontâneas
passariam despercebidas. Mesmo assim, um tempo depois,
ele, Clifford e Roger estão a caminho de Lerwick. Louis não
consegue explicar, mas no minuto que ele sai da ilha é
como se seu peito se expandisse e ele pudesse finalmente
respirar o ar fresco e salgado, enchendo seus pulmões
profundamente enquanto Fair Isle ficava cada vez menor.
Felizmente, o tempo foi genero o suficiente e, embora ainda
seja rochoso, a viagem não é tão ruim, e eles chegam à
Shetland em boa hora. Louis está acostumado com isso, é
claro, não é provável que adoeça, mas ele está feliz por
estar de volta ao chão enquanto dá um abraço de
despedida em Roger. Ele só tem uma hora para matar antes
de sua balsa para Aberdeen, então ele pega uma refeição
da Tesco e a come à beira-mar.
Ele liga para a mãe pouco antes de embarcar, revelando a
ela que está a caminho e, embora a conexão seja uma
merda, o grito de alegria que sai de sua boca parece indicar
que ela está animada para vê-lo. Ele vai ficar por pelo
menos uma semana, revela, colocando algum esforço em
fingir alegria, não querendo que ela se preocupe, e ela
começa a tagarelar sobre todas as coisas divertidas que ele
fará com seus irmãos mais novos enquanto estiver lá. Ele a
interrompe quando começa a planejar cardápios para ele,
rindo sinceramente desta vez, quando garante que ela não
precisa se preocupar com ele.
A balsa para Aberdeen leva cerca de 12 horas, então ele
não estará no continente antes da meia-noite. Ele
dificilmente terá vontade de pegar um ônibus noturno para
Yorkshire, então rapidamente reserva um quarto em
Aberdeen pelo telefone, antes de comprar uma passagem
para o primeiro trem para Doncaster na manhã seguinte.
Ele poderia ter planejado isso melhor, provavelmente, mas
Louis não se importa. Ele estava muito ansioso, muito
desesperado, por qualquer outra coisa.
Louis lê os dois romances que trouxe para as férias na
balsa, e quando está em seu quarto de hotel naquela noite,
ele se revira, incapaz de adormecer. Ele cochilou em algum
momento, porque seu despertador o acordou às cinco da
manhã e ele pragueja baixinho, empurrando o corpo de
Clifford suavemente para fora do seu antes de tropeçar no
banheiro para urinar com os olhos semicerrados. Eles
chegam à estação de trem com trinta minutos de sobra,
pegando um chá e um bolo em Greggs, antes de esperar
pelo LNER na plataforma três.
Sua mãe o pega na estação com seus irmãos mais novos,
olhando-o com desconfiança quando ele fica ajoelhado no
chão, com os dois braços em volta dos gêmeos menores por
um segundo a mais, o que superou as palavras pela
maneira como eles cresceram nos meses que ele esteve
fora. Ele viu fotos e no skype, mas é diferente vê-los de
verdade, a maneira como elas mudaram enquanto ele
desviou o olhar. Ele pisca para afastar as lágrimas antes de
envolver a mãe em seu próprio abraço, sentindo uma certa
inquietação nele quando ela aperta com força. Ela
provavelmente pode dizer que há algo errado, afinal, ela
sempre poderia, mas, em vez disso, ela distrai Ernest e
Doris para longe de Clifford e os leva até o carro sem
perguntar.
Ela dá a ele pequenos olhares sutilmente preocupados no
caminho para casa, mas deixa os gêmeos balbuciarem
sobre as várias coisas que eles têm feito e não diz nada.
Louis ouve tudo sobre a aula de piano de seu irmão e sobre
os novos melhores amigos de sua irmã.
É segunda-feira, e a maior parte dos demais irmãos ainda
está na escola quando chegam em casa, então almoçam só
os quatro, Louis ajudou a mãe a fazer espaguete assim que
jogou a bolsa no que costumava ser o quarto dele - então, o
de Lottie -, e agora é mais um quarto de hóspedes do que
qualquer outra coisa. Falta metade da família, mas a
refeição é barulhenta e bagunçada, como quando ele era
criança, assim como estava necessitando. Louis se aquece
com o conforto de tudo isso, sabendo que Harry não passou
por sua cabeça nenhuma vez desde que viu sua mãe, seu
cérebro ficou muito distraído por tudo o que está
acontecendo. Os gêmeos tentam alimentar Clifford com
pedaços de carne com o molho de espaguete, e sua mãe os
repreende enquanto Louis ri até que ela começa a
repreendê-lo também por deixá-los escapar impunes.
Louis sentiu falta disso.
Ele está bastante exausto pelos dois dias intensos de
viagem, mas faz o possível para ficar acordado. Primeiro,
ele ajuda a mãe com a louça, antes que todos se acomodem
na frente de um show infantil que ele não conhece para
dobrar a roupa. Naquela época, Louis conhecia todos os
programas infantis da TV, porque passava muito tempo
cuidando das irmãs. Agora, ele nem mesmo tem uma
televisão, e raramente usa a Netflix em seu computador. É
estranho pensar sobre como sua vida mudou tão
dramaticamente ao longo dos anos. Ele adora, apesar do
desejo pelo corpo em forma de Harry em sua cama, ele ama
sua vida.
No momento em que terminam na lavanderia, as meninas
voltam da escola secundária, gritando na entrada assim que
vêem Clifford correndo em sua direção.
Louis olha para a mãe e ela dá de ombros.
“Não queria estragar a surpresa”, ela admite enquanto as
garotas entram na sala, pulando em Louis e brigando para
descobrir quem vai abraçá-lo primeiro.
Ele distrai mais do que ajuda enquanto suas irmãs fazem o
dever de casa. Quando seu padrasto volta para casa, todos
contribuem enquanto preparam o jantar juntos. É ainda
mais alto e caótico do que o almoço.
É perfeito.
Depois do jantar, Louis mal consegue manter os olhos
abertos e Daisy fica apontando isso e zombando dele
enquanto lavam a louça, mas ele luta para não dormir,
querendo aproveitar ao máximo os momentos com seus
irmãos. Ele coloca os gêmeos mais novos na cama, lendo
uma história para eles e fazendo todas as vozes, com
coração se contorcendo dolorosamente em seu peito
enquanto se lembra de ter feito o mesmo por Harry uma e
outra vez. Ele suspira e fecha o livro depois que Ernest e
Doris estão dormindo. Parece que ele está perdendo algo
novo sobre Harry toda vez que se vira.
Louis é impotente para conter os sentimentos, então ele
simplesmente desce as escadas, envolvendo-se em um
cobertor com uma caneca de chá, enquanto o resto da
família se acomoda para assistir a um documentário sobre
gatos selvagens escoceses. Clifford está dormindo
confortavelmente em seus pés, feliz por ser acariciado por
Daisy e Phoebe, que estão sentadas no chão, uma de cada
lado. Fizzy está quase sempre enviando mensagens de texto
de seu lugar, mas de vez em quando ela estica a perna para
cutucar o ombro de Louis, no que ele sabe interpretar como
afeto. Quando o documentário termina, Dan coloca outro,
mas na metade dele, as pessoas começam a sair da sala
para ir para a cama. Logo, são apenas ele e sua mãe
bocejando na frente da televisão.
O que, claro, é exatamente quando ela o embosca, armada
de preocupações maternais e boas intenções.
“Então”, ela diz, e qualquer esperança que Louis tivesse de
que essa não seria uma conversa séria, desaparece com o
tom de sua voz.
“Então” Louis ecoa, mantendo os olhos fixos no
documentário.
Jay silencia a televisão propositalmente, movendo-se da
poltrona do canto para o sofá de Louis, acomodando-se ao
lado dele.
"Você vai me dizer o que está fazendo em casa?"
Jay foi uma das primeiras pessoas em sua vida a apoiar
totalmente sua mudança para Fair Isle. Ela foi a primeira
pessoa a quem ele contou, quando não era nada mais do
que um impulso, um desejo ardente brilhando em seu peito
que ele não conseguia extinguir, não importava o quanto
tentasse se convencer do contrário. Ela entendeu, de
alguma forma, quando ele disse a ela que sentia que
pertencia ali. Para crédito de sua mãe, ela nunca disse não
a ele, nunca disse que era uma má ideia. Ela nunca se
esquivou de dizer como seria difícil, mas a mãe dele não é o
tipo de mulher que desencoraja os filhos de seguirem o
coração. Quer signifique amar alguém do mesmo sexo ou ir
para uma ilha remota na Escócia. No caso de Louis, ambos.
Ela está orgulhosa dele, e ele sabe disso. Ela diz a ele
sempre que pode, lembra-lhe o quanto ela o admira por
tudo o que conquistou.
E, no entanto, ela nunca deixou de chamar Doncaster de
sua casa, nunca deixou de ver seu retorno a Yorkshire como
uma volta ao lar, não importa quantas vezes ele chame Fair
Isle de seu verdadeiro lar na frente dela. Ela não entende
direito, ele pensa, embora diga que sim. Ainda assim, é um
hábito de toda a vida que Louis parou de tentar tirá-la há
muito tempo.
“Não posso te visitar?” Louis pergunta com um encolher de
ombros. “Não precisa haver um motivo especial.”
Jay cantarola.
“É só para se divertir”, ele mente, embora os dois saibam
que ele vai desabafar em algum momento. “Não sei se você
se lembra, mas não vim para casa no Natal este ano. Faz
anos. Eu mal consigo reconhecer os gêmeos. ”
“Quais?”, Jay brinca, e ele falava sobre o quanto Doris e
Ernest cresceram, mas Daisy e Phoebe estão se tornando
pequenas mulheres também, deixando a infância para trás
muito mais rápido do que Louis teria pensado.
Ainda assim, ele ri.
“Eu me lembro” Jay continua séria, e quando ele olha para
ela, a mulher não parece particularmente divertida. “Eu
sinto sua falta quando você está fora. Claro, eu sei que você
perdeu o Natal por causa do trabalho. E também me lembro
de você dizer que seu convidado de inverno estava saindo
no meio de março e aqui está você, logo depois que ele se
foi, parecendo triste. Então, por favor, não tente me
enganar sobre férias de última hora antes que a temporada
comece, querido. Eu te conheço muito bem.”
O rosto de Louis cai e ele fecha os olhos. "Eu estou bem",
diz em uma expiração.
Ele ouve os suspiros da mãe. “Sabe”, ela começa, e ele abre
os olhos bem a tempo de vê-la enxugar uma lágrima
solitária. “Todos esses anos, você viveu sozinho. Tão
isolado... mas nunca me preocupei. Nunca fiquei
preocupada, mesmo quando todos me diziam que eu
deveria, porque você sempre parecia muito feliz quando
voltava para casa. Você sempre pareceu feliz no telefone.
Quando você ligou ontem? Você não parecia feliz. Em
absoluto. E quando fui buscá-lo esta tarde? Você parecia
ainda pior.”
“Certo” Louis simplesmente diz. Ele suspira, uma exalação
longa e cansada que vem das profundezas de seu corpo.
"Você está certa. Estou muito triste agora”, ele admite, com
a voz embargada na admissão. “Mas vim aqui para me
distrair e parar de pensar nisso. Eu não quero que você se
preocupe, mas eu só... eu realmente não quero falar sobre
isso. Ainda não. Você entende, certo?"
Jay estende a mão para ele, envolvendo-o em um abraço
que faz suas costas estalarem. “Você é meu filho. Eu te
amo. Nunca vou ficar chateada por você estar triste. Mas se
você não quiser falar sobre isso, é claro, eu vou respeitar.”
“Obrigado” Louis diz em seus ombros, apertando-a com
força de volta. "Eu prometo a você... não é nada que não
melhore com o tempo, ok?"
Eles se separam, Jay olha profundamente em seus olhos,
certamente tentando ler sua alma do jeito que ela sempre
foi capaz de fazer magicamente.
"Você tem certeza?"
Louis não tem. Ele sabe se esse amor não é algo que vai
murchar e ir embora, mas ele está esperando, orando, para
que desapareça um pouco, que um dia não seja tão sensível
quando mencionado, que o hematoma, enquanto ainda
estiver presente, não pulsará como agora.
Ele não tem nenhuma garantia, mas pode ter esperança,
então ele concorda.

A única semana que ele estava planejando passar na casa
de sua mãe se estende em duas, e quando Louis está de
volta na balsa para Lerwick, com a bolsa cheia de livros que
suas irmãs e ele procuraram em lojas de caridade em
Doncaster, ele se sente pronto para enfrentar a nova
temporada com um sorriso no rosto. Ele ainda sente a dor,
não consegue imaginar um momento em que pare de sentir,
mas se recusa a permitir que uma dor no coração estrague
seu verão. Seus convidados merecem uma experiência
incrível, e se ele tiver que fingir um sorriso até o início de
setembro, Louis o fará.
Roger fica feliz em vê-lo, envolvendo-o em um grande
abraço antes de Louis embarcar na balsa de volta para Fair
Isle, batendo em seu ombro algumas vezes antes de soltá-
lo. Ele até dá um presente a Clifford antes de embarcarem
nas últimas duas horas de sua jornada de volta para casa.
Louis está muito cansado, mas quando o farol finalmente
aparece à distância, ele não consegue evitar a sacudida que
seu coração dá com a visão. Não é totalmente
desagradável, pode até lembrá-lo da dor e da tristeza, sim,
mas principalmente, ele sente satisfação por estar de volta
em casa, por poder fazer isso. Ele pode se recuperar.
A chave emperra um pouco na fechadura, e Louis acaba
tendo que empurrar a porta com o quadril, Clifford corre
para dentro assim que ela se abre e Louis tropeça,
amaldiçoando seu cachorro afetuosamente.
“Idiota” Louis está resmungando quando ele pisa em uma
pilha de correspondência, que se acumulou no chão durante
sua ausência.
Ele deixa sua bolsa perto da mesa da recepção, tirando o
paletó, e deixando-o no balcão antes de finalmente se
abaixar para pegar o que supõe ser várias contas e
panfletos políticos. Louis realmente não entende por que as
empresas insistem em enviar-lhe cópias em papel de tudo
quando ele marcou o faturamento no e-mail, em cada uma
de suas contas, várias vezes.
Ele começa a andar pelo corredor em direção à sala de estar
enquanto folheia os envelopes, murmurando "chato, chato,
chato", com cada novo pedaço de lixo inútil que recebe. Ele
empurra a porta da sala com o quadril, assobiando para
Clifford se juntar a ele enquanto caminha em direção ao
sofá, quando seu coração para no peito. Ele deixa cair
metade dos envelopes no chão, com os olhos arregalados,
enquanto encara o cartão-postal que recebeu.
Seu coração deve ter começado a bater novamente em
algum momento porque está alto em seus ouvidos, o ‘’tum,
tum, tum’’ indicando que ele está vivo é o único som que
ele pode ouvir neste universo silencioso. Clifford entra na
sala, cutucando-o atrás dos joelhos, e por um segundo Louis
pensa que ele pode cair com o empurrão,instável em seus
pés enquanto olha para onde o cartão diz ‘’Saudações de
Cheshire’’.
Suas mãos estão tremendo, Louis pensa distante, olhando
para a maneira como segura o cartão-postal, como se
pertencesse a um estranho. Elas sempre foram tão magras,
com a pele áspera pelo trabalho manual? Sua pele sempre
foi tão bronzeada? O cartão olha para ele, sensível,
zombeteiro, e Louis quase não quer virá-lo, com um medo
que ele nunca sentiu antes, crescendo em sua barriga.
E se não for o que ele deseja desesperadamente?
De alguma forma, ele consegue chegar ao sofá, deixando
um rastro de notas no chão. Ele se senta, muito feliz e
apavorado, e não lê o cartão.
Ele encara e encara, até que passa direto do ridículo, e
beirando o patético.
“Vou ler este cartão-postal”, Louis diz a Clifford, ainda sem
se virar.
Clifford late, pondo-se em seus pés e erguendo o rosto, com
grandes olhos escuros em apoio.
“Eu vou” Louis insiste, e então ele faz, porque ele é um
maldito adulto, e estar apaixonado por Harry com certeza
não vai incapacitá-lo.
Quando Louis o vira, fica assim:
04/04/19
Caro Louis,
Estou comemorando um ano de sobriedade hoje. Parece
algo enorme e pequeno ao mesmo tempo. Minha mãe e
minha irmã fizeram um bolo para mim. Jantamos no jardim,
embora não estivesse tão quente.
Mas foi adorável. Estou indo para Los Angeles para
encontrar meu empresário em alguns dias. Mamãe está
preocupada e não sei como consolá-la. Se houvesse como,
acho que ela gostaria que eu ficasse com ela para sempre,
apenas para ter certeza de que estou seguro. Acho que não
posso culpá-la. Vou ser honesto, foi estranho que você não
estivesse lá, comendo bolo comigo para comemorar aquele
grande sucesso...
De qualquer forma, espero que você esteja bem.
xH
São tantas as emoções passando por ele em um ritmo
rápido, que Louis mal tem tempo de identificá-las. Alegria,
alívio, desejo, decepção, carinho, orgulho... todas elas se
misturam em um tipo de calor agridoce e opressor. Esta não
é uma carta de amor, ou uma expressão desesperada de
desejo. Harry provavelmente não passou essas semanas se
lamentando, como Louis nega que passara. Ele está muito
ocupado, muito preocupado para se lamentar por uma
aventura curta, Louis supõe. É normal, ele não esperava
mais nada. Ainda assim, Harry teve tempo para escrever
este cartão. Ele foi a uma loja e comprou, escrevendo uma
pequena atualização, para manter seu amigo informado.
Talvez ele soubesse que Louis se preocuparia. Talvez ele só
sentisse falta o suficiente para querer manter contato. De
qualquer forma, os olhos de Louis estão úmidos de alegria
por este cartão estar em suas mãos. Então, ele se deita no
sofá.
Ele não pode acreditar que eles estavam a apenas alguns
quilômetros de distância, que ele poderia ter pegado
emprestado o carro de sua mãe e dirigido as duas horas que
separam suas casas de infância, que ele poderia ter se
juntado à festa, como Harry parece ter desejado. Louis
poderia ter beijado o lugar em sua testa que se enruga de
preocupação quando ele está pensando demais nas coisas,
poderia ter entrelaçado seus dedos e beijado a pele fina
como papel do pulso de Harry. Ele poderia ter abraçado a
mãe de Harry, poderia ter agradecido por ela ter criado uma
obra-prima: o homem que ele ama.
Louis inspira profundamente.
Ele pensa em Harry, o imagina no jardim de sua mãe, com a
barriga cheia de bolo, com sua família comemorando essa
grande conquista e algo se instala em sua alma. Ele imagina
Harry contando a eles sobre seus planos, sobre suas novas
canções, talvez até tocando algumas delas. Ele imagina
Harry comendo até não poder mais, aninhando-se com sua
mãe em frente à televisão enquanto ela brinca com seu
cabelo e diz que está orgulhosa. Ele imagina Harry e sua
irmã brincando e rindo. Ele imagina Harry subindo para seu
quarto, pegando uma caneta e escrevendo este cartão para
Louis, só para dizer que ele está bem, só porque ele estava
pensando em Louis.
Seu coração cresce, se expande, até que não há espaço em
seu peito para isso, para todas as coisas que ele sente,
todos os jeitos que ele ama esse homem que partiu.
Harry vai ficar bem, no entanto. Harry vai ser brilhante. E
isso, mais do que tudo, acalma a alma de Louis.

Abril passa como um borrão por deixar o farol pronto,
cuidando de todos os pequenos retoques finais que tornam
seu estabelecimento especial. Louis sente uma leve
pontada no peito ao colocar todas as cartas de vinho de
volta na sala de jantar, mas está tão ocupado com o
perfeccionismo de última hora que não pensa nisso por
muito tempo. Não muito tempo depois, os primeiros
convidados chegam, alguns casais de idosos que vão à ilha
para observar pássaros e alguns mochileiros. Eles mantêm
Louis muito ocupado, que é exatamente o que ele esperava.
Ele mal tem tempo para sentir falta de Harry, embora não
possa evitar, mas sempre se preocupa um pouco com ele.
Sempre que a sensação fica insuportável, Louis pensa nele
dourado com o sol em uma praia em algum lugar de LA,
com a água deslizando por seus ombros e os músculos de
suas costas, enquanto ele olha para o oceano, com os
braços abertos para absorver tudo. Louis pensa nele
batizado no Pacífico, de volta à sua antiga vida, mas
renascido. O mesmo, mas diferente.
Ele provavelmente está bem, Louis pensa constantemente
para si mesmo. Ele provavelmente não pensa em Louis,
muito ocupado com coisas de popstar exigindo sua atenção.
Ele provavelmente está bem.
Assim como Louis está bem, voltando a dormir em seu
quarto de faroleiro com apenas uma pontada de tristeza e
saudade. Assim como Louis está bem, embora releia o
cartão-postal que Harry lhe enviou todas as noites, com
seus dedos traçando amorosamente as letras sob a luz da
lanterna.
Ele ficou com raiva no início, porque Harry não deu a ele
nem mesmo a cortesia de um endereço de retorno para que
Louis pudesse transmitir seus cumprimentos. Mas com o
passar do tempo, conforme abril se transforma no início de
maio, com dias mais longos agora, com sol nascendo às
cinco, Louis entende. Harry está protegendo sua privacidade
e não é como se Louis pudesse ficar furioso com isso. Sem
mencionar que, se o cartão-postal chegara rapidamente, ele
não está mais com a mãe, já está em Los Angeles há um
bom tempo. De qualquer forma, seria um endereço inútil,
não adianta Louis sofrer.
Além disso, o que Louis poderia escrever? Quando a única
coisa que ele quer dizer é algo que sabe que provavelmente
não deveria.
Mesmo assim, ele relê a carta e mentalmente escreve sua
resposta na privacidade de seu quarto, deslizando o cartão-
postal sob o travesseiro enquanto desliga a lanterna todos
os dias, por volta da meia-noite, e começa a ditar para si
mesmo...
Querido Harry, - Não, muito revelador.
Harry, - Não, muito formal.
Popstar! - Não, muito glamour.
Caro Harry, - Falta originalidade, mas Louis está ficando sem
opções.
O farol está enchendo mais e mais a cada dia, mas sem
você, ele ainda parece vazio. - Não! Muito revelador.
O farol está ocupado. Eu também. Sinto falta dos dias em
que ficávamos deitados na cama, - Não!
Sim, provavelmente é bom que Harry nunca lhe tenha
enviado um endereço de retorno.
Já está bem no meio de maio, e Louis está verificando duas
senhoras da França, esperando que seus pagamentos sejam
efetuados enquanto elas riem no pescoço uma da outra,
com as mãos entrelaçadas, quando o carteiro entra sem
bater.
“Sr. MacLean” Louis chama, feliz com a distração.
Ele não é contra demonstrações de afeto em público, muito
pelo contrário, mas desde que Harry foi embora, uma
dolorosa centelha de ciúme floresce amargamente em seu
peito ao ver casais felizes. É difícil testemunhar quando a
mão que ele quer segurar está do outro lado do mundo,
ocupado com coisas maiores de que Louis jamais poderia
imaginar. Ele não gosta do que o coração partido fez com
ele, para ser franco, mas não é como se Louis pudesse
evitar.
"Olá, Louis!" O carteiro responde alegremente, esperando
ao lado, enquanto Louis entrega o recibo às senhoras,
agradecendo-lhes o negócio e desejando-lhes uma boa
viagem.
Elas são adoráveis e apaixonadas, e o monstro de desejo no
fundo do estômago de Louis nunca foi mais feroz. Deus,
Louis odeia isso. Ele odeia isso.
As duas mulheres saem, acenando para ele alegremente,
agradecendo em francês enquanto passam pela porta, com
grandes mochilas nos ombros. Em seguida, elas vão para
Órcades, pensa Louis, animadas para ver alguns círculos de
pedra mágicas.
"Alguma coisa boa para mim hoje?" Louis brinca,
contornando a mesa da recepção e se plantando na frente
do carteiro, com uma mão aberta em expectativa. "Não diga
contas, isso é chato."
“Oh, sim, você tem algo interessante, Tomlinson” MacLean
diz, com um brilho nos olhos. "Diga, você nunca mencionou
que tinha amigos na América?" Ele acrescenta, e a boca de
Louis se abre em um pequeno suspiro, e sua mão cai.
"Espere, o quê?", diz, com o coração batendo forte de
excitação por Harry! Harry! Harry!
Deus, ele é patético, Louis pensa distante, antes que seu
cérebro se concentre no fato de que ele provavelmente
recebeu uma correspondência de Harry novamente. Ele não
pode nem ficar ofendido por o Sr. MacLean ter dado uma
olhada em sua correspondência, acostumado demais com a
maneira que as pessoas na ilha fofocam sobre tudo.
Incluindo correspondência privada.
“Também é de Los Angeles”, continua o carteiro, e se Louis
alguma vez teve alguma dúvida sobre o remetente, ela
desaparece imediatamente. “Aqui”, acrescenta, pegando
um cartão postal em sua pequena bolsa do Royal Mail e
entregando-o a Louis.
Ele deve ver como o rosto de Louis fica sério, oprimido,
porque ele não brinca mais com isso, apenas gentilmente o
coloca nas mãos de Louis com um pequeno sorriso de apoio.
"Estava esperando por isso, sim?" Sr. Maclean diz, batendo
no cartão na mão de Louis duas vezes.
Louis concorda, chocado demais para falar. A verdade é que
ele não tem feito isso. Ele realmente não fez. Ele tem
estado tolamente esperando, claro, na calada da noite onde
ninguém pode ver. Ele estava esperando que Harry
escrevesse novamente, contasse tudo sobre as coisas
maravilhosas que ele tem feito em LA. Ele está esperando
que Harry se importe o suficiente para compartilhar. Apesar
de saber o quanto doeria receber mais cartas, Louis
também sabia o tempo todo que nunca mais ouvir falar dele
seria muito pior.
Então ele tem esperanças, sim. Mas ele nunca esperou
nada. Ele não estava realmente esperando por nada. No
entanto, aqui está, em suas mãos, outra carta de Harry.
Novos pensamentos que teve enquanto esteve fora, novos
pensamentos que deseja compartilhar com Louis. Louis que,
se perguntado, admitiria querer saber sobre cada um dos
pensamentos de Harry. Mesmo os mais tolos. Para sempre.
“Bem, tenha um bom dia Louis” Sr. MacLean diz
educadamente, claramente sentindo a necessidade de Louis
de ficar sozinho.
Assim que o carteiro sai, Louis se esconde atrás da mesa da
recepção. Ele está abalado demais para voltar ao quarto,
chocado demais para se mover mais do que alguns passos,
mas não consegue suportar a ideia de ser visto, de existir
neste reino enquanto lê esta carta. Ele se esconde atrás da
mesa da recepção, espremendo-se no chão como um idiota
entre a parede e seu banquinho, com as costas retas e as
pernas desajeitadamente dobradas. Ele coloca o cartão no
joelho, levando alguns segundos para olhar as letras, o jeito
que Someone says hi from California parece brilhar nele, o
jeito que chama Louis. Ele sorri um pouco para a água
retratada no cartão, com um carinho por Harry tão forte que
ele tem certeza de que o homem provavelmente pode sentir
do outro lado do mundo. Ele provavelmente pode sentir o
calor no peito de Louis.
Finalmente, Louis vira o cartão para ler a mensagem.

23/04/19
Louis,
Você deveria ver o mar aqui. É diferente, mas ainda o
mesmo.
Ele continua e continua e continua. E eu também devo.
Estou lutando para falar o que penso.
Uma música de cada vez, certo?
Você ficaria orgulhoso, eu espero.
xH
 
“É claro”, Louis responde em um sussurro. Ele está tão
furioso com o pensamento de que Harry pôde duvidar do
quão orgulhoso Louis está, que ele se sente tonto com isso,
com a emoção zunindo por ele poderosamente e dando-lhe
um impulso.
Ele lê de novo. E de novo.
Ele continua e continua e continua. E eu também devo.
Há uma tristeza na carta que Louis conhece, a tristeza que
sempre ronda Harry, que ele carrega todos os dias.
Você ficaria orgulhoso, eu espero.
E Louis está. Louis está tão orgulhoso que poderia explodir
com isso. Ele está orgulhoso de uma maneira que nunca
pensou que poderia ficar. Ele pensa em Harry: gentil,
talentoso, bonito, inteligente e muito assustado. No entanto,
lá está ele, lutando por si mesmo e por sua arte de qualquer
maneira.
Deus, Louis o ama.
Deus, isso dói.

Louis continua a viver sua vida e tenta não esperar.
Ele faz sua corrida diária na praia todas as manhãs, com
Clifford. Alguns dias, ele ouve uma playlist que Harry fez
para ele. Em outros, ele coloca um dos álbuns de Harry,
ignorando as estatísticas assustadoras em sua página de
artista no Spotify, com números tão altos que Louis nem
consegue compreendê-los. Ele se entrega ao som baixo e
suave da voz de Harry e finge que é o suficiente. Ele teria
vergonha de si mesmo, mas quem pode saber? Isso é entre
ele e um poder superior no qual ele não acredita. Ele
sempre se arrepende, porém, sempre acaba sentindo falta
de Harry mais ferozmente naqueles dias, desejando poder
ouvi-lo brincar com ele, ou falar com Clifford em uma voz
afetuosa.
Mas a vida continua, mesmo nos dias em que ele está triste.
Louis cozinha para seus convidados, passando metade do
tempo na cozinha, com o quão ocupada a pousada está. Ele
os diverte com histórias e lendas sobre os residentes
anteriores de Fair Isle, recomenda livros sobre contos
populares escoceses para os receptivos, e deixa os
introvertidos em paz, enquanto eles passam o tempo no
topo da torre.
À noite, Louis relê seus dois cartões-postais. Ele os conhece
de cor, poderia recitá-los com os olhos fechados, mas há
algo de gratificante em olhar para a letra maluca de Harry,
em tocar o papel que ele tocou. Poucos dias depois de
receber o segundo cartão-postal, Louis vasculhou sua
despensa e encontrou uma velha lata rosa. Está um pouco
enferrujada, mas o interior estava limpo o suficiente, e
agora, quando ele termina de ler, ele os coloca com cuidado
na lata para mantê-los seguros. Ele frequentemente
adormece com a lata ao lado do travesseiro, escrevendo
mentalmente uma resposta para Harry.
Ele tenta ao máximo não se sentir envergonhado por seu
comportamento. Ele tenta ao máximo não vacilar quando
um convidado pega emprestado um suéter de que Harry
gostava particularmente. Ele tenta o seu melhor para ter
mais dias bons do que ruins, ruins onde a dor por Harry que
mora em seu coração é tão forte, que ele não quer sair da
cama de jeito nenhum. Ele segue em frente, tentando ao
máximo não alimentar a centelha de esperança que brota
em seu peito ao ler as palavras de Harry.
É tolice cultivar tal coisa para um homem que nunca lhe fez
nenhuma promessa.
Uma semana se passa. Então, um segundo. E Louis começa
a pensar que talvez seja isso, talvez Harry não tenha mais
nada a lhe dizer Talvez ele finalmente tenha ficado muito
ocupado para se importar.
No entanto, exatamente quando ele pensa, o carteiro traz
notícias de Los Angeles.
Desta vez, Louis corre para o seu quarto com o cartão-
postal firmemente apertado em sua mão, com a pousada
lotada demais para que ele tenha privacidade em qualquer
outro lugar. Ele está um pouco sem fôlego quando
consegue, principalmente por causa da excitação pulsando
em suas veias por conta da corrida, e ele ofega um pouco,
com as costas encostadas na porta fechada do quarto.
Quando finalmente olha para o cartão, a montagem
fotográfica de todas as melhores coisas de LA o faz sorrir,
especialmente a imagem da água, bem no centro. Ele se
vira, e a visão da letra de Harry envia um arrepio por seu
corpo. É como um velho amigo agora, uma visão
reconfortante. É datado de algumas semanas atrás e é triste
novamente, mas com os mesmos pequenos grãos de
otimismo a que Harry parece se agarrar.

05/07/19
Caro Louis,
Estou levando as coisas um dia de cada vez. As coisas não
parecem tão assustadoras se for apenas um dia que eu
tenho que passar. Espero que você esteja bem. E que a
pousada esteja cheia de gente pronta para se apaixonar por
Fair Isle, como nós.
Dê um beijo por mim no Cliff!
xH
 
Louis exala quando termina de ler, com os dedos
tamborilando contra o cartão-postal. Harry está se sentindo
sobrecarregado. Ele pode não ter dito isso explicitamente,
mas Louis o conhece bem o suficiente para ler nas
entrelinhas. Agora, mais do que nunca, Louis deseja que
Harry esteja aqui. Com ele.
É um desejo egoísta, que ele já teve e, todas as vezes,
reprime o pensamento com força.
Harry não é alguém que ele conseguiria manter. Louis não é
um cavaleiro de armadura brilhante, e o farol não é um
porto seguro onde Harry poderia se aposentar para o resto
de sua vida, e evitar o grande mundo assustador. E mesmo
se fosse, não é isso que Harry quer. Nem é o que ele
precisa.
Ele está levando as coisas um dia de cada vez. Ele está
bem.
Louis acena para si mesmo com firmeza, convencendo-se
de que é assim. Rapidamente, ele coloca o novo cartão
postal na lata com os outros, antes de escondê-los
novamente em sua cama e voltar ao trabalho.
Mais tarde naquele dia, quando Clifford se junta a Louis na
cozinha enquanto prepara o almoço, ele larga tudo o que
está fazendo, ajoelhando-se para dar um grande abraço em
seu cachorro. Ele pressiona pequenos beijos no topo de sua
cabeça, e pelo jeito que está balançando o rabo, Louis opta
por acreditar que Cliff sabe, de alguma forma, que eles são
de Harry.

Capítulo 12
Três dias depois, Louis acorda no meio da noite, de repente,
inesperadamente, com o coração disparado. Ele fica
desorientado por um segundo, respira rapidamente,
enquanto tenta localizar o que o acordou tão abruptamente.
Não há nenhum sonho restante em seu cérebro, nenhum
gosto residual de um pesadelo que poderia ser o culpado, e
ele engole, franzindo a testa. Ele pisca suavemente no
escuro, confuso, meio adormecido, seus olhos tentam se
ajustar. Ele se senta distraidamente, olhando para o chão de
seu quarto, tentando encontrar uma forma de Clifford lá
embaixo. Afinal, seria o suspeito mais óbvio, mas ele não
parece estar lá, pelo menos não onde Louis possa vê-lo. Ele
franze a testa novamente, seus olhos se movem
automaticamente para a porta fechada. Não há ruídos de
choramingos ou arranhões vindos do outro lado, o que
significa que Cliff provavelmente ainda está dormindo feliz
na sala de estar.
Ele pisca novamente, passando a mão pelo cabelo e
suspirando. O que quer que seja, não pode ter sido tão
importante, Louis pensa distraidamente enquanto se
recosta no colchão. Ele acaba de fechar os olhos, deixando-
se cair no sono novamente, quando de repente percebe que
o telefone da pousada está tocando.
Ele se senta na cama de novo, abruptamente, o coração
dispara de repente no peito, sentindo-se vagamente
nauseado.
“Oh deus, oh deus” Louis murmura enquanto começa a
sentir cegamente seu telefone sob seus travesseiros e
cobertas. "Que porra é essa, de onde diabos é isso?", diz
com os dentes cerrados no momento em que seus dedos
envolvem o celular.
Ele o retira debaixo das cobertas, apertando o botão home
com dedos desajeitados, o alívio se espalha por suas veias
instantaneamente quando o telefone liga e ele percebe que
não perdeu nenhuma ligação.
Qualquer pessoa que ligasse para ele em caso de
emergência no meio da noite saberia que deveria tentar o
celular primeiro, para que ele pudesse imediatamente riscar
da lista uma crise de família ou amigos.
Seu alívio durou pouco, porque de repente o telefone parou
de tocar e o ruído fraco que milagrosamente percorreu os
dois edifícios desapareceu. Louis franze a testa, esperando
alguns segundos tensos até que o telefone comece a tocar
novamente e ele pule da cama, correndo pelo corredor
entre a torre e o chalé para chegar à recepção.
Seja o que for, não pode ser uma boa notícia, e ele está
folheando mentalmente seus vizinhos idosos, tentando
adivinhar quem tem maior probabilidade de sofrer uma
emergência médica, com o coração na garganta quando
finalmente chegar à recepção. Ele quase cai quando para de
repente, segurando-se no balcão antes de estender a mão
para o receptor, quase o deixando cair imediatamente ao
tentar atender.
"Sim!" Louis diz, um pouco sem fôlego, a voz rouca de sono.
"Olá?"
Há alguns estalos na linha, o som da respiração chega aos
ouvidos de Louis, mas não muito mais. Talvez alguma
música, algo fraco que ele não consegue realmente colocar
os dedos.
"Olá?", ele tenta novamente, lutando muito para não deixar
o pânico escapar por seu tom. "Tem alguém aí?"
Há uma longa pausa, então, uma voz.
"Louis?"
O coração de Louis salta dolorosamente com o som.
“Harry”, Louis responde, tentando engolir a bola presa em
sua garganta.
Ele parece horrível. Ele disse apenas uma palavra, mas foi
frenética, um tremor de pânico mal escondido em sua voz
que Louis não pode ignorar.
"Ei" Harry diz com um suspiro.
Ele parece exausto. Louis franze a testa, tentando calcular
mentalmente que horas são em LA agora, mas ele não tem
certeza de que horas são em Fair Isle e ele não sabe a
diferença de tempo exata entre eles de qualquer maneira.
Além disso, só porque seu último cartão-postal foi de Los
Angeles, isso não significa que Harry ainda esteja lá. Ele
tem dinheiro e tempo, pelo que Louis sabe, então poderia
estar em qualquer lugar do mundo. Louis não tem ideia.
"Ei", ele simplesmente responde em uma exalação
semelhante. Cansado. Triste. Preocupado. O excesso de
tudo isso torna difícil falar. Já se passaram semanas e meses
desde que Louis ouviu sua voz. Semanas e meses de
saudade.
"Ei" Harry repete, com a voz trêmula, e talvez ele também
não saiba o que dizer.
Ontem, Louis teria dado tudo para ouvir aquela voz
novamente. Ontem, ele sentiu sua falta como se fosse um
membro de seu corpo, e teria dado qualquer coisa por
aquele timbre baixo em seus ouvidos mais uma vez. Inferno,
ele ouviu os álbuns antigos de Harry durante suas corridas,
ou enrolado no topo da torre, tantas vezes até agora,
secretamente desejando poder ouvir sua voz corretamente.
Agora, ouvindo a maneira trêmula com que Harry continua
cumprimentando-o, Louis quer voltar atrás. Devolver seu
centavo, cancelar sua estrela cadente. Ele não quer ouvir
Harry em perigo assim, não quando ele não consegue
entrelaçar seus dedos em uma demonstração de apoio, com
suas mãos se encaixando perfeitamente.
Exceto que... não é bem verdade, é? Se Harry está
passando por momentos difíceis, Louis preferiria saber. Ele
vai passar horas no telefone se for isso que Harry precise, e
talvez seja algo com que Louis deva se preocupar, uma
verdade assustadora que só vai acabar com ele se
machucando, que já o machucou, mas ele não pode entrar
em pânico agora. Não quando Harry claramente precisa
dele.
Eles respiram em uníssono no telefone, nenhum dos dois diz
mais nada por muito tempo. Depois de alguns minutos, a
respiração de Harry finalmente desacelera para um padrão
mais normal, menos em pânico do que antes. Louis suspira,
os ombros caem de alívio e ele se acomoda no chão, no
pequeno espaço entre a mesa da recepção e a parede, com
o velho telefone em seu colo enquanto ele começa a torcer
o fio em seu dedo.
“Harry...” Louis diz, deleitando-se com a forma como a
palavra toma forma em sua boca. É a primeira vez que ele
diz isso em voz alta desde que Harry foi embora, e ele não
percebeu que tinha sentido falta, até agora. "Harry", repete.
Há tantas coisas que Louis quer dizer, tantas coisas inúteis,
que ele não sabe por onde começar. Ele quer perguntar se
ele está bem, mas não sabe se isso vai piorar as coisas
quando a resposta é obviamente não.
Em vez disso, ele começa a brincar, sem jeito, comentando
a coisa mais ridícula.
“É meio da noite aqui, sabia? Eu estava na cama e tudo
mais, demorou muito para perceber que o barulho que me
acordava era o telefone.” Louis ri, principalmente de si
mesmo. "Aposto que alguns dos convidados vão ficar
chateados com o barulho amanhã de manhã."
Só quando a coisa toda sai de sua boca é que Louis percebe
que soa como uma reprovação.
"Quero dizer", acrescenta, um pouco em pânico, "Não que
eu me importe."
Mas Harry claramente se esqueceu de coisas bobas como
fusos horários e ele claramente se preocupa, se maneira
como ele suspira e soa completamente devastado quando
começa a se desculpar for confiável. "Oh, sinto muito. Ai
meu Deus, Lou... sinto muito, vou...”
“Não se atreva a desligar na minha cara agora, Harry
Styles” Louis rebate, e Harry se cala imediatamente, o
silêncio entre eles fica tenso por um segundo. "Ou", Louis
começa novamente, mais suave desta vez, "Ou eu... eu
vou..." Ele se conteve quando começou a ficar emocionado,
incapaz de ameaçar Harry, mesmo como uma piada. “Bem,
não sei o que vou fazer, não consigo pensar agora. Mas
você não vai gostar. Em absoluto. Então é melhor você ficar
no telefone, senhor.”
"Está bem." Harry diz em voz baixa e Louis odeia que ele
possa ter feito isso com ele.
“Eu só...”, ele diz, tentando se explicar. Louis fecha os olhos,
inalando profundamente. Ele não pode ficar muito
emocional. “Você não pode me ligar em pânico no meio da
noite e apenas... desligar, ok?”, ele finalmente diz, com a
voz suplicante. “Eu… você vai me deixar assustado se fizer
isso, certo? Eu vou me preocupar. Portanto, não desligue.
Por favor. Fique comigo. Não me importo se for no meio da
noite, Harry. Eu não me importo. Não nos falamos há
séculos. Então, apenas... fale comigo. Por favor. Como você
está? Como estão as coisas?"
Harry bufa, amargo. "Como você acha que estão?", ele diz
de forma sarcástica.
O silêncio paira dolorosamente entre eles. Mesmo no pior de
seu humor, conversar com Harry nunca foi assim. Louis
pode sentir cada um desses quilômetros entre eles.
“Desculpe” Louis finalmente diz em um murmúrio.
"Pergunta estúpida."
"Não" Harry suspira. "Deus, não. Me desculpe. Porra, Louis.
Eu sinto muito. Estou sendo um idiota. Não acredito que
liguei para você no meio da noite, sinto muito.’’
"Está tudo bem."
Mas Harry não quer nada disso.
“Não está”, ele insiste, parecendo cada vez mais frustrado.
Louis o imagina andando de um lado para o outro em
alguma mansão californiana de sua propriedade, passando
a mão pelo cabelo como sempre faz. Louis se pergunta se
ele ainda está deixando o cabelo crescer, se já passou dos
ombros dele.
“Não está tudo bem. Não diga isso. Não posso ligar para
você no meio da porra da noite e depois tratá-lo como um
merda que... isso não está bem, não finja que está, por
favor."
É o favor, sincero e pequeno, que faz Louis concordar.
"Tudo bem", diz ele suavemente. "É uma merda." Faz uma
pausa por um segundo, desenredando o dedo do fio do
telefone antes de começar a enrolá-lo novamente. "Eu ainda
quero saber como está indo."
Harry suspira. "Esta noite?", ele pergunta. "Não tão bem.
Em geral?" Ele suspira novamente. "Relativamente bem,
suponho."
"Mesmo?" Louis diz baixinho, na esperança de extrair mais
dele.
Ele está querendo mais informações há meses. Ele está
faminto pelos pensamentos e sentimentos de Harry por
tanto tempo, e ao que parece, não foi alimentado com nada
além de pequenos vislumbres, pequenas sugestões. Ele
também está preocupado , apesar do tom otimista geral dos
cartões-postais. E se a respiração errática de Harry ao longo
da linha é confiável, Louis estava certo em se preocupar. Ele
quer saber de tudo, quer que Harry compartilhe tudo. Cada
boa memória que ele fez desde que se separaram, cada
obstáculo que foi lançado em seu caminho. Ele quer tudo,
ele anseia por isso. Então ele espera ansiosamente que
Harry comece a falar novamente.
"Eu nem sei mais pelo que estou lutando" Harry admite em
voz baixa, e Louis quer envolvê-lo, quer que ele rasteje para
dentro de si, para que ele possa mantê-lo seguro, para que
nunca possa soar assim derrotado novamente. “E ao
mesmo tempo eu estou lutando tanto. Por um lugar nesta
indústria tóxica e pela minha música... eu só...”
Ele inala profundamente, claramente tentando parar de
chorar. Então, estala a língua, irritado. Quando fala
novamente, ele é rápido, palavras cuspidas de sua boca
como balas, com uma raiva tão palpável que Louis pensa
que se estender a mão na frente dele, ele será capaz de
tocá-la. A milhares de quilômetros de distância.
“Eu saí esta noite com alguns dos meus amigos da
indústria”, explica Harry. “Sim”, acrescenta ele
amargamente, “Pessoas que você conhece”.
Louis engole em seco, temendo aonde isso vai dar.
“É a primeira vez que os vejo, a primeira vez que saio com
eles desde que voltei para LA. Era para ser uma pequena
coisa íntima na casa dos meus amigos, mas então mais e
mais pessoas foram convidadas, então fomos a um
restaurante chique, certo? Eu estava ficando nervoso com o
tamanho da festa, mas pensei, ‘é um dos meus restaurantes
favoritos’, eu mereço uma boa noitada com meus amigos.
Estou em um bom lugar. Certo? Estou em um bom lugar.
Então, estamos tendo uma boa noite fora, boa comida e
tudo mais. Comemorando meu retorno, eles disseram.” Ele
faz uma pausa, exalando tremulamente. “Comemorando
meu retorno sangrento”, repete. “Não é bom pra caralho ter
bons amigos assim, uh? Tenho muita sorte.”
Louis fecha os olhos, prendendo a respiração, esperando
que ele continue.
“Você sabe o que eles acharam que seria uma boa ideia
para comemorar meu retorno, Louis? Champanhe. E shots.”
“Jesus Cristo”, Louis sussurra, abrindo os olhos e balançando
a cabeça.
“Um deles me ofereceu cocaína”, diz Harry com uma risada
amarga. “Nem chegamos à sobremesa antes de um deles
me oferecer a porra da cocaína”, ele ri novamente, com sua
voz ecoando.
"Onde você está?" Louis pergunta. Preocupado. Triste.
“Eu não usei nada!” Harry exclama, parecendo ofendido.
Louis zomba. "Eu te conheço babe, só estou perguntando."
"Estou no banheiro", admite Harry. “Apenas...
glamorosamente sentado no chão deste cubículo
ridiculamente chique e americano. Eu só quero ir para casa.
Eles estão todos ficando bêbados. Estou sentado aqui há
trinta minutos e acho que nenhum deles notou.”
“Uma festa de boas-vindas, uh?” Louis diz.
Harry ri, não com raiva dessa vez, soando um pouco mais
com ele mesmo. "Sim."
Sua respiração está estável no telefone, um som que Louis
não pôde deixar de achar reconfortante.
"Sinto muito ter acordado você", diz Harry. "É bobo, mas eu
só... eu estava com tanta raiva."
"Eu não me importo."
"Você provavelmente deveria" Harry argumenta, e saber
que ele está certo não torna mais fácil ouvir.
“Talvez” Louis concorda. Ele faz uma pausa. “Lamento que
seus amigos sejam literalmente os idiotas mais insensíveis
do planeta.”
“Eu não acho que eles quiseram que isso significasse algo
para mim, isso é o pior. Eles só queriam uma noite fora.
Uma grande festa. Eles nem discutiram quando eu recusei,
e os lembrei que estou sóbrio. Ninguém tentou me
pressionar nem nada, só... não sei se posso mais estar perto
de pessoas assim. Estou em um bom lugar agora... bom o
suficiente para dizer não. Mas e daqui seis meses? Ou daqui
dois anos?” Ele xinga baixinho. “Acho que tenho muito em
que pensar”, suspira.
“Você vai descobrir” Louis diz de forma tranquilizadora.
“Mesmo que demore um pouco. Lembre-se, você não voltou
muito tempo.”
Ele está longe para sempre, parece. De alguma forma, Louis
não consegue se lembrar de um tempo antes de Harry estar
ao seu lado, e isso doeu a cada segundo desde que ele
partiu. Não que ele fosse admitir isso para Harry. Não que
houvesse razão para admitir. Louis sabe onde eles estão. Ele
sabe que choramingar e lamentar não vai arrastar Harry
para longe de sua vida real e o trazer de volta a ilha. Ele
sabe que não há um final de comédia romântica para eles,
suas vidas são muito separadas, muito diferentes, para
funcionar.
Deus, Louis, entretanto, sentiu sua falta. Muita.
“Parece que foi há muito tempo” Harry responde, ecoando
os sentimentos de Louis com tanta precisão que dói, afiado
e profundo em seu peito. "Parece uma eternidade. Uma vida
atrás.”
E Louis não sabe o que dizer sobre isso, então ele apenas
pisca e pisca, mas as lágrimas ainda caem, silenciosamente
deslizando pelo seu rosto.
"Eu..." Harry começa a dizer antes de se conter.
Louis exala silenciosamente antes de falar. "Você o quê?",
ele pergunta, com a voz firme. A última coisa que ele
precisa é que Harry seja capaz de dizer, ele pensa
maldosamente enquanto limpa a bochecha direita com as
costas da mão.
"Nada" Harry sussurra. "Eu gostaria de uma caminhada ao
longo do penhasco com Clifford esta noite, só isso."
Isso só faz Louis chorar mais, as lágrimas silenciosamente
escorrem por seu rosto enquanto ele engole um soluço.
"Louis?" Harry pergunta, com a voz um pouco rouca de
repente. "Você ainda está aí?"
“Sim, sim” Louis diz.
"Você está bem?"
"Sim", Louis responde insistentemente, sua voz não treme
mais. "Claro. Apenas cansado”, ele mente. “Você deveria ir
embora, amor”, ele instrui com firmeza. “Não fique com
essas pessoas. Eles não estão celebrando você. E você
merece ser comemorado, certo?”
A linha permanece silenciosa entre eles, estendendo-se por
quilômetros e quilômetros de mares e estados. Louis fecha
os olhos, tenta se transportar de volta para aquele
momento, caminhando para casa, antes mesmo de
conhecer Harry. Ele tenta se lembrar de se sentir satisfeito,
completo. Ele tenta se lembrar de uma vida antes de saber
que estava faltando alguma coisa. Sua mente, traiçoeira,
varre a memória, substitui-a com o pensamento de Harry
dormindo em seus braços, com suas respirações em
sincronia, com o calor de seu corpo.
"Você pode ficar na linha enquanto espero o carro?" Harry
pergunta em voz baixa, e ele provavelmente sabe que está
pedindo muito, sabe que Louis não vai recusar mesmo que
ele deva.
“É claro”, Louis concorda, sem nem mesmo hesitar.
"Você pode me falar sobre o farol?"
“É claro”, Louis repete antes de começar a falar sobre os
convidados que estão no andar de cima agora.
Quando eles desligam, vinte minutos depois, Louis começa
a chorar de novo, com soluços vindo do fundo de seu peito.
Ele está segurando o telefone contra o torso, curvado sobre
si mesmo quando ouve o barulho de patas contra o chão.
Então, um nariz frio pressiona contra seu rosto.
Louis solta o telefone e, em vez disso, estende a mão para
Clifford, abraçando-o contra o peito, amando o peso
reconfortante de seu cachorro contra seu corpo.
“Nós vamos ficar bem”, ele sussurra.
Saber que eventualmente isso será verdade não torna as
coisas exatamente mais fáceis, mas ajuda.

Harry não liga novamente.
Semanas se passam e Louis continua esperando por isso, o
coração pula sempre que o telefone toca, mas nunca é ele.
Claro, não é. São os vizinhos que querem vir jantar e
perguntar se a pousada está cheia demais para isso, ou
hóspedes em potencial ligando para reservar um quarto, às
vezes futuros hóspedes armados com uma longa lista de
perguntas que Louis precisa responder pacientemente.
Nunca é quem ele quer que seja, nunca é Harry, e conforme
maio desaparece em junho, Louis é forçado a admitir que
não vai mais acontecer.
Talvez seja melhor assim, talvez signifique que Harry está
conseguindo lidar com tudo, que ele está realmente bem.
Louis certamente espera que sim.
Ele tenta não se preocupar, mas é difícil. Ele sabe que Harry
é um adulto e é inteligente. O que quer que ele esteja
fazendo agora é provavelmente a coisa certa e mais segura.
Mesmo assim, Louis é assombrado pelo pânico em sua voz
ao ligar, a raiva, a tristeza.
Mas o verão continua com seus primeiros amanheceres e
seus últimos pores do sol, e Louis se obriga a aproveitar
tudo. Ele dá longas caminhadas na praia à noite, e senta-se
na areia com um livro. Ele raramente consegue passar mais
de cinco páginas antes de ser saudado por um dos
convidados da pousada ou outro residente de Fair Isle. É
difícil pensar em uma ilha de 60 pessoas tão lotada, mas à
medida que entram na temporada turística adequada,
parece que sim. Louis não se importa. Ele gosta desse
ritmo. Ele gosta dos ciclos inevitáveis; inverno solitário e
verão agitado. Ele conversa com todos educadamente todas
as vezes, suportando algumas provocações gentis quando
as pessoas percebem que ele está lendo romances
históricos fofos, e ri junto, nunca admitindo que precisa do
escapismo agora, precisa de histórias que terminem com
um ‘felizes para sempre’, entre as heroínas e seus arrojados
pretendentes. Seu pretendente se foi há muito tempo,
nunca foi um pretendente e ele não envia uma carta há
semanas. Louis precisa de finais felizes para animá-lo um
pouco. Ainda assim, ele toma banho de sol na praia nos
raros dias ensolarados, e arrisca-se a nadar um pouco com
Clifford uma vez na lua azul, tentando não pensar em um
Harry tagarelando e se lançando na água gelada há alguns
meses atrás.
No dia 12 de junho, é o aniversário de uma das crianças que
está hospedada na pousada, e o sol brilha forte, então Louis
passa a manhã fazendo sorvete caseiro. Ele exagera nos
sabores, animado para fazer algo diferente e surpreender a
família do garoto. Ele faz baunilha e chocolate, é claro, mas
logo se torna um pouco mais criativo, usando tudo o que
tem para criar opções mais interessantes. Com o objetivo de
agradar os turistas estrangeiros, ele faz um doce típico
escocês, depois fica um pouco animado ao perceber que
tem cream cheese, e faz um cheesecake de morango. Ele
completa com uma calda de framboesa e, como um grand
finale, uma opção de chá verde. A coisa toda se transforma
em um sucesso estrondoso, com até mesmo moradores
locais tentando comprar um pedaço.
Na manhã seguinte, Louis está saindo da mercearia com
uma sacola cheia de framboesas, já que ele usou todo o
estoque para o sorvete, quando esbarra no Sr. MacLean.
"Louis!", o carteiro exclama. “Eu estava quase indo para o
farol”, ele anuncia, pegando sua bolsa vermelha do Royal
Mail.
Mesmo depois de semanas sem notícias, o coração de Louis
ainda se aperta de ansiedade. "Novas contas para mim,
uh?", brinca, tentando administrar suas expectativas.
Mas MacLean sorri como se soubesse exatamente o que
Louis está fazendo, sabe exatamente o que Louis estava
esperando desesperadamente.
"Nah, acho que você tem algo um pouco mais emocionante
do que isso", diz ele provocadoramente, ainda procurando
na bolsa, e Louis não sabe como é possível para ele não ter
encontrado sua correspondência ainda, considerando o
quão pequena é a população da ilha a qual ele presta
serviços. "Desculpe", o carteiro acrescenta como se tivesse
lido a mente de Louis, "Mas está construindo o suspense,
sim?"
Louis sorri educadamente com o desejo de estrangulá-lo. A
única coisa que ele odeia nos cartões-postais de Harry é o
fato de que MacLean definitivamente leu todos eles e
provavelmente contou a todo mundo. Não é preciso ser um
gênio para adivinhar quem é o misterioso 'H' que continua
escrevendo para ele. Felizmente, ninguém na cidade
mencionou isso para Louis, mas ele pode dizer que eles o
tratam com cuidado às vezes, como se soubessem que ele
está triste.
Ele odeia isso.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, o Sr.
MacLean tira a mão da bolsa, e está firmemente presa a um
cartão postal azul.
A princípio, Louis pensa que é uma foto do oceano, mas
quando o carteiro finalmente o entrega para ele, ele
percebe que é o céu, com um círculo de palmeiras
erguendo-se em direção a ele, e Los Angeles escrito em
letras rosas brilhantes no meio.
“Obrigado” Louis sussurra, mal olhando para MacLean antes
de ir embora.
"Não se incomode!" MacLean responde de volta com uma
risada, mas Louis já se foi.
Ele espera passar pela cidade e caminhar em direção a sua
casa para virar o cartão, nem mesmo olhando para onde
está indo.
Quando finalmente lê o texto, ele para no meio do caminho,
sem fôlego com o soco que contém.

29/05/19
Querido,
Estou lutando pelo seu tipo de silêncio.
xH
Louis olha para a data com os olhos arregalados. Harry o
escreveu apenas alguns dias após o telefonema, apenas
alguns dias depois de dizer a Louis que não sabia mais pelo
que estava lutando. Louis está tremendo um pouco, sem
saber como ele deveria interpretar isso. A parte racional de
seu cérebro continua lembrando-o de que ele
provavelmente não deveria se aprofundar muito nisso, que
ele está se machucando ao deixar as palavras na página
vibrarem em seu coração. A outra parte dele, a parte
desesperadamente apaixonada, derrete.
Ele se senta na beira do penhasco, longe do belo farol que
tanto ama.
Ele lê as palavras. E relê.
Estou lutando pelo seu tipo de silêncio.
Mesmo que Harry não tenha pensado nisso do jeito que
Louis gostaria, ele não pode evitar o quão tocado ele se
sente. Ele está comovido porque o descanso que ele e sua
casa conseguiram dar a Harry importava tanto, que ele
ainda está perseguindo isso a quilômetros de distância, que
ele ainda está perseguindo aquele sentimento. Talvez a paz
de Fair Isle seja um ponto de comparação para o resto de
sua vida, algum tipo de objetivo que ele tentará alcançar
em sua carreira no futuro. Talvez ele sempre volte a ser um
verdadeiro oásis de tranquilidade, mesmo que apenas em
sua mente.
Se Louis pudesse dar isso a ele, mesmo que nunca mais se
vissem, ele se sentiria satisfeito.

Para a surpresa de Louis, o próximo cartão postal chega
apenas uma semana depois. Isso o confunde um pouco e
ele fica nervoso quando o carteiro o entrega para ele. Ele
está do lado de fora, em frente ao chalé, ocupado dando
instruções aos visitantes do observatório de pássaros,
quando MacLean se aproxima deles, todo sorridente, com o
cartão-postal já na mão. Louis de repente esquece como
falar inglês, com mãos inúteis enquanto ele vagamente
aponta na direção geral do observatório.
“Hum, eu... você...” Louis diz quando MacLean lhe entrega o
cartão postal.
“Tenham um bom dia”, ele diz descaradamente para os
convidados antes de voltar por onde veio.
Louis o encara até que ele se torne um ponto distante e, só
então, percebe que está parado em silêncio como um idiota,
com uma mão ainda apontando. Ele deixa o braço cair, os
olhos se voltam para o cartão-postal e ele franze a testa um
pouco quando vê o azul escuro do oceano nele, contrastado
com o azul claro dos ’Greetings from Jamaica’.
‘Por que diabos Harry está na Jamaica?’ Ele se pergunta por
um segundo antes de ser arrancado de seus pensamentos
por uma pequena risada.
"Então..." Sophie diz, agarrando a mão de seu parceiro.
“Seguimos em frente até encontrar a estrada principal e
depois viramos na próxima à esquerda, certo?”
Louis está vermelho brilhante, ele sabe que está, com o
coração batendo forte, e as palmas das mãos suando.
“Sim”, ele diz, ainda parecendo distraído. “Sim”, acrescenta,
mais confiante desta vez. Ele balança a cabeça e coloca a
mão vazia no bolso de trás da calça, dando ao casal um
sorriso vencedor. “Você não vai conseguir se perder,
honestamente. Não há muitos edifícios na ilha, certo?”,
brinca, pressionando a mão que ainda está segurando o
cartão-postal em sua barriga, pressionando-o contra sua
camiseta vermelha, escondendo-o de vista.
Bem na hora, Sophie e seu namorado, cujo nome Louis não
conseguia se lembrar - mesmo que você pagasse a ele -,
riem. ‘Pessoas em férias são tão fáceis de agradar’, ele
pensa distante quando eles agradecem e começam a andar
na direção que ele indicou. Eles já estão de bom humor,
prontos para uma aventura e para se divertir. Mesmo suas
piores piadas sempre arrancam risos dos turistas. Ainda
assim, ele não está desesperado por uma audiência agora.
Assim que eles se vão, Louis abre a porta da frente do chalé
e assobia. Ele espera alguns segundos antes de Clifford
aparecer, abanando o rabo com entusiasmo ao ser
chamado.
“Quer dar um passeio?” Louis pergunta, e ele sorri quando
Cliff tenta escalá-lo em resposta. "Você é um bom garoto,
não é?", diz, coçando atrás das orelhas do jeito que ele
gosta, embora não deva escalar pessoas.
Louis nem se preocupa com a coleira, ansioso demais para
fugir e encontrar um pouco de privacidade para ler sua
carta. Eles caminham juntos até a praia, aliviados por
descobrir que não há muito movimento. Ainda assim, Louis
encontra uma pedra em um canto e se senta fora de vista,
tirando seus Vans, e deixando seus pés balançarem na
água. Clifford está feliz correndo pela praia,
cumprimentando as pessoas que conhece, e Louis permite
que ele se divirta enquanto se concentra em sua
correspondência.

06/03/19
Caro Louis,
Encontrei outra ilha para me esconder enquanto gravo.
Eu gostaria que tivesse a mesma sensação, mas... está
ensolarado o tempo todo aqui.
E quente. Todo mundo adora.
Eu daria qualquer coisa por uma daquelas tempestades que
costumávamos assistir.
Ainda assim, as coisas estão progredindo mais rápido do
que eu poderia imaginar.
É uma coisa boa, suponho.
Estou pensando em você.
xH
Louis se pega sorrindo ao ler a data. Harry escreveu
semanas atrás. Logo após o último cartão postal. Ele tem
pensado em Louis todo esse tempo, fica pensando nele e
escrevendo para ele, mesmo quando está ocupado com o
trabalho.
E Harry está trabalhando, está gravando um álbum de
acordo com a carta. Louis sabia que isso aconteceria, é
claro. Afinal, é por isso que Harry foi embora, por que voltou
para sua vida normal sem olhar para trás, ou pelo menos
em partes. Louis ainda sente uma flor de orgulho com a
confirmação. As canções que Harry escreveu em Fair Isle
vão viver e respirar adequadamente. Aquelas lindas
canções pelas quais Louis se apaixonou, que Harry escreveu
com tanto amor e carinho, vão sair pelo mundo e tocar no
celular das pessoas e em seus carros. Vão tocar no rádio.
Elas seguirão as pessoas em tempos difíceis e felizes.
Que pensamento emocionante. Louis não tem certeza de
como Harry não se emociona cada vez que lembra de suas
palavras e de seu conforto de voz em momentos de
adversidade, que acompanham momentos grandes e
pequenos na vida de milhares de pessoas.
No entanto, apesar do orgulho, sempre há preocupação. É
inevitável.
Cego por seus sentimentos por Harry, Louis não pôde deixar
de ler a melancolia, a tristeza, por trás das palavras e
gostaria de torná-lo melhor. Exceto que não há nada que ele
possa fazer, então ele se senta lá, em sua rocha, com os
pés na água, e engole a preocupação.
Harry está pensando nele. É uma tábua de salvação e Louis
tem que se agarrar a ela.

A próxima vez que o carteiro traz notícias a Louis, é mais de
uma semana depois, bem no final de junho.
O mês passou mais rápido do que Louis poderia ter
imaginado e ele sente que quase tudo que fez nas últimas
duas semanas foi passar horas trancado na cozinha para
atender um chalé cheio. É uma bênção não ter vagas e
Louis sabe disso, mas ele está apenas na metade da
temporada e já está se sentindo cansado. Ele sabe que
parte disso é porque grande parte de sua energia ainda é
gasta cuidando de um coração partido. Ele nunca deixa
transparecer, com um sorriso amigável e brilhante no rosto
o tempo todo. Mas isso também requer muita energia, para
estar "ligado" a cada segundo de cada dia, exceto na
privacidade de seu próprio quarto. Em circunstâncias
normais, Louis acha o atendimento ao cliente fácil. Ele sabe
como encantar as pessoas e entretê-las. Ele sabe como
fazê-las rir, para que deixem comentários cinco estrelas no
TripAdvisor. Ele não acha isso muito cansativo, porque só
tem que fazer isso ativamente no movimentado semestre
do ano. Agora, fingir alegria e interesse pela história de vida
de todo mundo o cansa um pouco mais do que o normal.
Tudo bem, no entanto. Está bem. Isso vai passar.
Ele ainda está relendo as cartas de Harry todas as noites.
Ele sabe que deve parar, sabe que nunca vai esquecê-lo se
continuar se entregando às suas palavras, mas ele não
consegue. É quase um vício próprio, e Louis ficaria
envergonhado com a comparação inadequada, mas é
apropriado. Puta merda, realmente é. Ele simplesmente não
consegue parar. Ele quer sentir seu coração batendo forte
quando lê que Harry está pensando nele. Ele quer dormir
todas as noites pensando no calor do corpo de Harry ao lado
do seu. Ele quer adormecer imaginando seus roncos suaves
enchendo o quarto de Louis. Ele quer não cair no sono com
imagens do corpo nu de Harry em sua mente, com sua boca
aberta de prazer. Então ele se entrega e se entrega
novamente, relendo as palavras sob a luz da lanterna.
Todas as manhãs, ele acorda com a esperança tola de que
uma carta está chegando. Todas as manhãs, ele anseia por
notícias de como o álbum de Harry está indo. Todas as
manhãs, ele anseia por notícias de como Harry está vivendo
em uma ilha com a reputação de ser um grande destino de
férias para ficar embriagado.
Louis não está realmente preocupado com isso. Se Harry
tiver uma recaída, isso faz parte da vida e parte de sua
jornada. Não há muito que Louis possa fazer para evitar,
especialmente a quilômetros de distância. Ou é o que ele
tenta dizer a si mesmo para não se sentir realmente um
horrível maníaco por controle que pensa que pode tomar
melhores decisões sobre a vida de Harry do que o próprio
Harry.
Sinceramente, ‘que pensamento ridículo’, Louis se lembra
em seus momentos de fraqueza.
A manhã do dia 28 de junho começa como todas as outras,
com uma longa corrida ao redor das falésias e até à praia.
Em seguida, Louis prepara o café da manhã para todos,
conversando inutilmente com os hóspedes enquanto eles
compartilham a comida, tendo sido convidado pela primeira
vez na sala de jantar. Depois de limpar as mesas e lavar a
louça, ele se ocupa com algumas tarefas administrativas,
ficando na recepção para ficar visível caso algum dos
convidados precise dele desesperadamente. A manhã passa
devagar, um pouco quente demais, um pouco enfadonha.
Logo, é tarde demais para MacLean aparecer e Louis se
resigna a outro dia sem notícias.
Para sua surpresa, porém, o carteiro aparece às vezes
depois do almoço, carregando não um, mas dois cartões-
postais da Jamaica e uma expressão desconfortável no
rosto. Louis agradece e pega sua correspondência, nervoso
por ler o que Harry tem a dizer agora que viu a expressão
no rosto do Sr. MacLean.
A primeira que ele pega é uma vista aérea, algumas casas
de praia dispostas em um coração, cercadas pelo mais
escuro e profundo dos oceanos. Louis tenta não decifrar as
imagens enquanto vira o cartão e lê.
06/11/19
Caro Louis,
Sinto muito pelo meu mais recente cartão.
Às vezes,
Não sei do que estou falando.
xH
 
"O quê?" Louis diz enquanto lê a carta, pensando no último
cartão-postal que recebeu, aquele que anunciava que Harry
estava gravando seu álbum.
Não há motivo para Harry se arrepender de ter mandado
aquele, e é com o coração na garganta que Louis passa
para o segundo cartão postal, uma outra foto praiana, o
‘JAMAICA’ escrito com as cores da bandeira no meio,
ocupando quase todo o espaço. Leva um segundo para
Louis perceber as ‘Saudações, com amor’, escrito acima e
abaixo. Ainda nervoso e com um leve tremor nas mãos,
Louis vira o cartão-postal.
É datado de um dia antes do outro cartão e Louis tem que
colocar a mão na mesa da recepção para se equilibrar
enquanto o lê.
06/10/19
NÃO SEI SE NÃO SEI SENTIR SUA FALTA.
EU GRAVO MÚSICAS E DAS CAIXAS DE SOM SÓ SAI VOCÊ.
TENHO CERTEZA DE QUE NÃO ASSINEI NADA PARA QUE
ISSO ACONTECESSE.
As palavras estão pingando de raiva, ressentimento - Louis
não precisa ouvir o tom de Harry para saber -, e pela
primeira vez, ele pensa que talvez Harry esteja sofrendo
pelo mesmo motivo que ele.
Talvez Harry também tenha sentimentos. Afinal, ele está
escrevendo músicas sobre ele. Ele está escrevendo músicas
e está frustrado com isso. Harry, que ainda gosta da ideia
de escrever uma música para alguém como um gesto
romântico, mesmo que não queira que sejam escritas sobre
ele. Ele ainda está pensando em Louis, meses depois. Talvez
Harry esteja assombrado também? Talvez ele fique
obcecado com os pensamentos de Louis da maneira que
Louis faz...
Será que ele se enrosca sozinho à noite, em uma grande
casa de praia na Jamaica, desejando que os braços de Louis
o envolvam apesar do calor? Ele se sente solitário mesmo
quando está cercado de pessoas só porque Louis não está
lá? Ele anseia pela voz de Louis lendo histórias para ele? Ele
anseia por seu toque? Ele está beijando pessoas em clubes
escuros, desejando estar saboreando os lábios de Louis? Ele
se toca pela manhã pensando em seus corpos entrelaçados
como Louis faz? Quando ele canta aquelas músicas de que
está falando, naquela cabine de gravação tão distante, ele
se lembra de tocar seu violão baixinho para uma audiência
de um? Só para Louis e mais ninguém.
Tudo gira rapidamente em sua cabeça, possibilidades e
perguntas. É muito grande, muito perturbador, muito
emocionante, e Louis afasta tudo com um aceno de cabeça.
Ele não pode.
Ele respira fundo, voltando à segunda carta. O pedido de
desculpas. Harry deve ter mandado um atrás do outro, deve
ter se arrependido tanto de sua admissão que quis apagá-la
assim que fosse enviada.
Louis deveria ignorar isso? Ele deve ignorar a maneira como
isso o faz se sentir? Quente e especial, grande e
importante? Triste e incompleto? Harry claramente quer que
ele faça isso, com a maneira como ele se desculpou por
seus sentimentos.
Louis coloca o segundo cartão de lado, deitado no balcão,
com a imagem voltada para cima para que ele não tenha
que ler Harry tentando conter seu derramamento de
sentimentos.
Em vez disso, ele se concentra no primeiro cartão postal.
NÃO SEI NÃO SENTIR SUA FALTA.
Ele lê a linha. Em seguida, relê. Ele lê três vezes, quatro
vezes, cinco vezes.
NÃO SEI SE NÃO SEI SENTIR SUA FALTA.
“Então volte”, Louis sussurra para o cartão-postal
inutilmente, de repente sentindo raiva também. “Se você
sente minha falta e pensa sobre isso, basta voltar”, ele
implora, e lágrimas surgem em seus olhos, e ele as engole
rapidamente, zombando de si mesmo.
Como se fosse fácil. Como se fosse simples assim.
Não pela primeira vez, ele está aliviado por Harry nunca se
preocupar com o endereço do remetente. Louis odiaria ser o
homem implorando por uma aventura de meses atrás, por
uma queda de carência.

O próximo cartão postal não chega antes do dia 6 de julho.
É muito informal, no que diz respeito à correspondência de
Harry. Não menciona suas duas cartas anteriores e Louis,
que tem estado obcecado por elas há dias, se sente um
pouco traído.
Por nove dias, ele se sentiu como se Harry tivesse jogado
uma bomba no relacionamento deles, abrindo-se de
maneiras que nunca havia feito antes e Louis estava
esperando, com o coração em uma montanha-russa
perpétua, para ver o que ele teria a dizer a seguir.
Acontece que o que ele tem a dizer a seguir é uma grande
carga de nada.
21/06/19
Acho que ontem escrevi a melhor música que já escrevi.
Não é tão assustador quanto deveria ser.
Parece... que pode valer a pena.
Não é que Louis não esteja feliz por ele. Ele está sempre
feliz por ele. Mas ele esteve cultivando a esperança de que
Harry possa querer mais, possa amá-lo de volta, por nove
dias agora, e no segundo que ele lê aquele cartão-postal,
parece que um balde de água gelada foi jogado em seu
rosto.
E daí se Harry tem sentimentos? Porra, Louis foi tão
ingênuo. Ele claramente não vai fazer nada a respeito deles,
e por que deveria? Suas vidas não poderiam ser mais
diferentes, mais conflitantes.
Nem os sentimentos não podem consertar isso.
Mas Louis ainda coloca o novo cartão-postal
cuidadosamente em sua lata rosa, colocando-o dentro ao
lado dos outros para que ele possa relê-lo sempre que
precisar.

E no dia 11 de julho, Louis recebe:
27/06/19
Ei Louis,
Lembra do meu aniversário?
Não achei que fosse possível me sentir livre assim.
Você, eu, o penhasco e o mar...
Quando não estou gravando aqui, estou sempre na praia,
perseguindo esse sentimento, com os pés quentes na água.
Não é o mesmo, mas serve.
xH
Louis ficaria com raiva de Harry por brincar de quente e frio,
mas ele entende. Entende como é difícil se separar, mesmo
que ambos saibam que não têm escolha. Como é difícil
aceitar que suas vidas nunca vão se entrelaçar
naturalmente, nunca vão se encaixar de uma forma que
tornaria fácil ser um casal. Ele entende como é difícil deixar
ir, entende ser tão relutante.
Da mesma forma que Louis não para de valorizar os
cartões-postais, Harry não para de enviá-los. Ambos estão
se apoiando de maneiras diferentes, mesmo sabendo que
terão que deixar ir em breve.
Portanto, não, Louis não pode sentir raiva. Ele também não
está pronto para deixar ir, ainda não.
Harry vai ficar entediado, ou muito ocupado, ou ambos,
eventualmente. E está tudo bem. Louis tratará disso quando
chegar a hora. Mas, por enquanto, ele não pode deixar ir. E
ele certamente nunca culparia Harry por sentir o mesmo.
Mesmo assim, lendo a carta, pensando no aniversário de
Harry, pensando em beijá-lo na praia... Louis só quer fazer
isso de novo. Uma última vez. Ele quer que Harry veja Fair
Isle na primavera, com papagaios-do-mar por toda parte. E
no verão, com a praia quase lotada. Ele quer que ele volte,
quer que ele tenha a sensação de que está correndo atrás,
quer que ele nunca fique sem um propósito.
Capítulo 13
Alguns dias depois, Louis está voltando de uma caminhada
à tarde com Clifford, quando ouve seu nome ser chamado
de dentro da sala de estar. Ele fica um pouco chocado
quando encontra Sra. Chadwick, enrolada perto da janela,
se aquecendo ao sol, com um caderno de desenho aberto
no colo, enquanto desenha os penhascos. Ele tinha certeza
de que todos os convidados estavam lá fora.
“Estou surpreso que você não esteja lá fora com os outros”
Louis brinca enquanto entra em vez de dizer oi. “Nem
sempre os dias são ensolarados assim, e a praia hoje está
linda. Você teria ótimos pontos de vista das falésias e do
farol de lá.”
A idosa sorri para ele gentilmente. “Eu queria um pouco de
paz e sossego”, explica. “Estar de férias com os netos é
adorável, mas não tenho a energia que costumava ter,
sabe.”
Louis concorda. "É claro que eu entendo. A praia é muito
movimentada”, diz ele enquanto se aproxima, dando uma
olhada no desenho dela. É extremamente preciso. “Isso é
lindo”, comenta, apontando para ele.
Ela não fica vermelha. Em vez disso, ela sorri para ele com
orgulho e uma pitada de presunção. "Não é?", ela diz
atrevidamente.
"Você é muito talentosa."
"Obrigado querido. Não consigo acreditar que você tem isso
todos os dias.”
Com isso, Louis sorri. “Eu também não consigo acreditar.
Tenho muita sorte.” Ele diz a última parte em voz baixa,
principalmente para si mesmo, antes de sorrir para ela um
pouco mais educadamente desta vez, esfregando as mãos.
“Agora, o que posso fazer por você? Gostaria de uma boa
bebida gelada? Eu sei que fica quente pelas janelas.”
"O quê você pode fazer por mim?" Sra. Chadwick pergunta,
com os olhos confusos sob seus óculos pretos de aro grosso.
"Você me chamou aqui?" Louis diz, um pouco hesitante,
esperando que ela não tenha esquecido.
“Oh! Claro, sou boba. Não, não, você entendeu errado, meu
querido menino, é o que posso fazer por você.”
"Perdão?" Louis diz, bastante confuso.
“Aquele carteiro simpático estava aqui”, diz ela, e Louis não
pôde deixar de bufar com a ideia de descrever MacLean,
que mais se eleva com sua estatura de 1,93 m. “Ele deixou
um cartão-postal para você”, acrescenta, e Louis inala
profundamente.
Faz apenas alguns dias que ele recebeu notícias da última
vez. Não é uma coisa ruim, não ter que esperar. Claro que
não, mas Louis não está acostumado a receber as cartas de
Harry tão simultâneamente.
Embora ele venha a odiar a espera entre cada cartão postal,
agora faz parte de sua rotina. Dias e semanas se passam, e
ele finge que está bem enquanto silenciosamente lamenta e
lamenta à noite. É o novo ‘normal’. Entre cada uma das
novas cartas de Harry, Louis tenta se manter ocupado, tenta
se animar dessa maneira, mas no fundo ele está inquieto,
temendo ter recebido a última sem mesmo saber, temendo
que Harry não o avise antes de parar de escrever e que ele
fique insatisfeito com qualquer encerramento. Não é ótimo,
mas é com o que Louis se acostumou.
Essa falta de atraso entre as correspondências está lhe
dando um pouco de dor de cabeça.
Isso significa alguma coisa?
"Oh, ele deixou?" Louis finalmente responde após uma
longa pausa. "Bem, obrigado por receber para mim, isso foi
muito gentil." Ele oferece a ela sua mão com expectativa, o
estômago apertando com nervosismo.
A Sra. Chadwick vira algumas páginas de seu caderno de
desenho até encontrar os dois entre os quais aninha o
cartão-postal. “Aqui está”, ela diz gentilmente.
“Obrigado”, Louis murmura, olhando para o novo cartão que
mal teve que esperar, para a movimentada rua retratada
nele, com ‘Tóquio!’ escrito na parte inferior.
O que Harry está fazendo no Japão agora? Louis não
consegue deixar de se perguntar com ternura. Pelo menos
isso explica por que a carta veio tão rapidamente, ele
imagina enquanto começa a se afastar.
Ele se afasta da janela, virando o cartão e prestes a lê-lo,
mas quando sai da sala, Sra. Chadwick pigarreia.
"Sim?" Louis pergunta, com voz controlada e educada. Ele
se vira, com um sorriso falso no rosto. "Você precisa de mais
alguma coisa?"
“Oh, não”, a Sra. Chadwick diz gentilmente. "Só pensei que
você gostaria de bater um papo." A maneira como ela fala,
de forma tão incisiva... Louis sabe imediatamente que ela se
juntou à longa lista de pessoas que leram ou ouviram falar
de suas correspondências.
“Estou bem, obrigado” Louis responde, com o sorriso
caindo. Ele olha para o cartão, finalmente lendo a
mensagem e todo o seu corpo recebe atenção, endireitando
as costas e arregalando os olhos.
Parece descuido, mas terno, da parte de Harry escrever algo
assim para ele e enviá-lo.

07/05/19
“Eles dizem que quando você está sentindo falta de alguém,
provavelmente esse alguém sentindo o mesmo, mas eu não
acho que seja possível que você sinta minha falta tanto
quanto estou sentindo a sua agora”
Edna St. Vincent Millay
Louis pisca, com os olhos úmidos. Ele solta um suspiro
estremecido, tentando não chorar.
"Louis, meu caro rapaz", Sra. Chadwick está dizendo de
longe, "você está bem?"
Ele precisa sair desta sala. Agora mesmo. Ele precisa estar
fora de vista, precisa ficar sozinho. Ele pode sentir suas
mãos tremendo um pouco e engole em seco em torno da
bola de desejo, a bola de saudade, a bola de ausência,
desconfortavelmente presa em sua garganta.
Se Harry soubesse o quanto Louis está pensando nele, se
preocupando com ele, amando-o de longe... ele nunca teria
mandado tal coisa.
Após alguns longos segundos de silêncio onde Louis encara
a citação sem responder, ele finalmente levanta os olhos e
encontra os olhos da Sra. Chadwick novamente.
“Estou bem”, ele diz distraidamente. “Só tenho muito que
fazer hoje.”
“Ah, acho que não”, ela diz baixinho, fechando o caderno de
desenho e colocando o lápis de lado.
Então, ela se levanta, caminhando em direção a ele com
determinação. Ela passa o braço pelo dele, entrelaçando-os
enquanto o guia para fora da sala e pelo corredor.
"Você precisa de chá", ela anuncia com firmeza enquanto
entram na cozinha. “Chá, e uma boa conversa com um
estranho.”
“Estou bem”, Louis mente, ainda a seguindo.
Ela severamente aponta para uma das cadeiras ao redor da
pequena mesa na cozinha - a cadeira de Harry - antes de
virar as costas para ele e colocar a chaleira no fogo.
"Está tudo bem se você não quiser me contar, mas ficaria
surpreso com o quanto desabafar pode ajudar."
Louis bufa, sentando-se na cadeira e colocando o cartão-
postal sobre a mesa, com o texto voltado para cima.
“Eu sei”, ele responde. “Eu desabafo muito com o meu
cachorro. Somos apenas nós dois aqui, você sabe.”
"Ah, mas seu cachorro não pode dizer nada de volta agora,
pode?", ela pergunta, virando-se brevemente para sorrir
para ele.
“Alguns diriam que essa é sua maior qualidade”, Louis
brinca categoricamente, e os cantos de sua boca se erguem
um pouco quando a Sra. Chadwick ri com sinceridade.
“Vá em frente,” ela o encoraja um pouco mais tarde - depois
de colocar uma xícara fumegante na frente dele. “Você vai
se sentir melhor, e eu sou uma velha bruxa intrometida. Eu
quero saber tudo.”
Louis ri, bebendo o chá quente, apesar de estar fervendo lá
fora.
“Você ama muito quem escreveu essa carta”, diz a sra.
Chadwick, e Louis se vê tentando piscar para afastar as
lágrimas, desta vez com muito menos sucesso do que
antes.
Não confiando em sua voz para não tremer, Louis
simplesmente concorda.
“Mas ela não pode ficar aqui com você”, a Sra. Chadwick
continua a adivinhar.
“Não” Louis concorda. Então - já que está falando sobre
isso, com certeza não vai mentir - acrescenta: “Não pode. A
vida dele está longe daqui.”
Há um segundo de surpresa e desconforto piscando no rosto
da senhora, que se foi antes que Louis pudesse realmente
mencionar ‘ nele’ . Logo, ela volta a parecer a avó mais
preocupada do mundo.
"Isso deve ser difícil."
“Sim...” Louis funga, enxugando uma lágrima com a palma
da mão. “Ele está viajando muito a trabalho e continua
escrevendo sem deixar o endereço do remetente. Na
maioria dos dias, parece que estou apenas esperando por
novidades, sabe?”
A Sra. Chadwick cantarola antes de beber de sua caneca.
“Parece um pouco injusto”, ela comenta. "Se vocês dois
sabem que não vai funcionar, ele não deveria te amarrar
assim."
“Não é assim”, Louis diz defensivamente, embora, é claro,
para qualquer outra pessoa seja exatamente assim. É
exatamente como se Harry estivesse brincando com os
sentimentos de Louis.
“Parece um pouco egoísta se você me perguntar”,
acrescenta ela, ignorando o protesto de Louis.
“Ele é o homem mais altruísta que já conheci”, sussurra
Louis. “Tudo o que ele faz… é para as outras pessoas. Não
posso ficar com raiva dele por me escrever se ele precisar,
quando quase nunca faz as coisas sozinho. Eu não posso...
mesmo se eu sentir falta dele e isso doer, e mesmo se eu
ler essa citação e me sentir tão... tão bravo porque se ele
estivesse aqui, e pudesse sentir o que eu sinto, ele nunca
ousaria insinuar que não sinto falta dele também.” Louis
respira fundo, olhando para baixo, para o cartão-postal.
“Mas então... como posso estar com raiva? Quando li isso e
eu só... acho... talvez, se as coisas fossem diferentes, ele
estaria aqui comigo. Como posso ficar com raiva? Quando
essa é a coisa mais triste que já li.”
“Oh, querido”, Sra. Chadwick diz, gentilmente alcançando a
mão dele sobre a mesa e apertando-a na dela.
“Eu não quero que ele fique triste”, Louis continua,
sentindo-se desolado por isso. “Eu o amo, não quero pensar
nele sendo infeliz em... em Tóquio ou na Jamaica! Eu quero
que ele seja feliz. Mas se ele está triste e sente minha falta,
então eu prefiro saber sobre isso. Mesmo que doa.”
A Sra. Chadwick cantarola, batendo suavemente no topo da
mão dele com os dedos. "Você está em todo o lugar, não
é?", ela provoca.
“É uma forma de colocar as coisas”, diz Louis, revirando os
olhos. Então, ele sorri. "Vai ficar tudo bem, eventualmente."
“É claro que os corações não são tão delicados quanto
tememos. Eles podem durar bastante”, diz ela com
sabedoria. “Além do mais, todos nós já tivemos
relacionamentos com aqueles navios que passam, não é?
Pessoas que são muito importantes para nós, mas estão
navegando na direção oposta, certo?”
Louis exala alto, um pequeno ruído de surpresa deixa sua
boca, não exatamente um suspiro. “Sim”, ele concorda
depois de alguns segundos. "É exatamente isso."
“Só podemos ficar de luto por eles terem partido, mas ainda
assim valorizá-los pelo que nos deram”, acrescenta ela, com
um olhar ausente em seu rosto.
"Quem era o seu?" Louis não consegue evitar de perguntar.
Ela olha para ele e sorri. “Apenas uma amiga de infância.
Tivemos que seguir caminhos separados. Mas ela sempre foi
especial para mim. Eram tempos muito diferentes, você
sabe.”
Louis engole em seco, balançando a cabeça tristemente
para ela. "Entendo."
“Você vai ficar bem”, ela finalmente diz, confiante e
apoiadora.
Quando ela e o marido saem com os netos no final da
semana, ela entrega a Louis um de seus esboços do farol.
No canto, ela escreve rapidamente 'Louis, veja como o seu
mundo é lindo!', antes de entregá-lo a ele com um sorriso
conhecedor.

O próximo cartão postal do Japão chega em apenas uma
semana após o primeiro, surpreendendo Louis um pouco
menos. Harry não está oferecendo mais informações sobre
porque ele está na Ásia, mas desta vez, ele dá a ele um
trecho de como é a vida lá. Louis lê o cartão com um sorriso
suave no rosto enquanto guarda o paletó, tendo acabado de
voltar de sua corrida matinal. Quando chega no final, Louis
enrubesce, sentindo a onda se espalhar de seu rosto até o
torso, seu coração batendo forte. A mudança de tom por si
só é suficiente para deixar Louis um pouco confuso, mas
lisonjeado, no entanto.
07/11/19
Caro Louis,
Você já esteve no Japão?
Eu amo esse lugar. Andando por Tóquio, eu sinto que estou
realmente me perdendo.
É estimulante. Tenho tentado aprender o idioma.
É divertido, mas desafiador. Me mantém ocupado enquanto
as coisas estão sendo... negociadas.
Toda minha admiração pelo caminho que seus cílios beijam
suas bochechas,
xH
É uma coisa tão pequena, um elogio estranho, mas Louis
deixa que isso se espalhe sobre ele como uma carícia. Lê-lo
é exatamente igual ao calor do olhar determinado de Harry
em seu rosto. É exatamente como quando ele passava
longas noites estudando cada canto do rosto de Louis em
silêncio. É exatamente como quando Harry cuidadosamente
pressionava beijos em cada centímetro da pele de Louis,
reverente no que só poderia ser descrito como fazer amor,
embora eles nunca usassem tal linguagem.
Essas palavras, esta carta, parecem exatamente as
mesmas, então Louis enrubesce e estremece um pouco,
pressionando-a contra seu coração batendo forte, enquanto
tenta se acalmar, enquanto tenta não se sentir cortejado.
Ele o mantém no bolso o dia todo, incapaz de se separar
nem por um segundo, relendo furtivamente a última frase
sempre que tem um momento sozinho. Naquela noite,
quando ele o coloca na lata com os outros, não há uma
pontada de tristeza como na maioria das vezes que recebe
um cartão-postal de Harry. Em vez disso, Louis se sente
lisonjeado, visto, lembrado.
Claro que, depois disso, ele não teve notícias de Harry por
semanas.

A vida continuou, com dias de verão ainda longos e o farol
ainda agitado. E Louis ainda espera, tentando não começar
a se preocupar quando agosto chega e vai sem notícias. Os
cartões-postais do Japão chegaram mais ou menos uma
semana depois de serem escritos, então é seguro presumir
que Harry deixou o país, foi para outro lugar, e é por isso
que Louis não recebeu nada ainda. Para parar sua agitação
e preocupação, ele imagina todos os lugares distantes para
os quais poderia estar viajando, e que demoram séculos
para que a correspondência chegue à Fair Isle. Um dia, no
meio da segunda semana de agosto, Louis passa uma noite
inteira no topo do farol imaginando Harry tomando banho
de sol no Havaí.
Sempre que ele fica um pouco angustiado, ou irritado por
ter sido deixado no escuro ou chorando porque sente falta
de Harry desesperadamente, Louis ainda relê seus cartões-
postais. Ele passa muito tempo procurando por pistas neles,
tentando identificar a emoção exata que se esconde em
uma certa escolha de palavras, tentando imaginar a
maneira exata como Harry sentia falta dele quando escrevia
certas frases. Ele provavelmente poderia escrever artigos
acadêmicos sobre sua interpretação da correspondência de
Harry neste momento, conhece-os tão bem que poderia
recitá-los durante o sono. Provavelmente é patético, ele
pensa vagamente às vezes, mas não consegue se conter.
Ele está esperando, a vida quase em pausa entre os
cartões-postais, os dias se misturando até que ele não
consegue diferenciar entre um e o outro, todos os hóspedes
parecendo e soando iguais.
Ele se surpreende, às nove da manhã do dia 10 de agosto,
ao pensar em como é estranho não ter pensado em
pesquisar Harry no Google para ver o que está fazendo.
Afinal, seria a maneira mais fácil de descobrir para onde ele
foi, assumindo que ele foi localizado pelos fãs.
O pensamento é nauseante mesmo em teoria, e Louis passa
o resto do dia decepcionado consigo mesmo por tê-lo. Ele
disse a Harry, meses atrás, que as únicas coisas que valia a
pena saber sobre ele eram coisas que Harry havia dito a si
mesmo, e Louis falava sério. Mesmo como um pensamento
passageiro aleatório, mesmo como uma observação mental
de que ele não pensou em fazer isso, a mera sugestão é vil,
e viola a confiança de Harry. E se há uma coisa que Louis
valoriza acima de qualquer outra coisa, é isso.
Ele está inquieto e desconfortável o dia todo,
silenciosamente se punindo por ser tão carente, tão
preocupado, que pesquisar Harry no Google seria tentador,
mesmo por um segundo. Os convidados até começam a
comentar sobre isso, perguntando com uma voz preocupada
se ele tem certeza de que está bem, enquanto serve o
jantar naquela noite.
Louis mente, é claro. Cola um grande sorriso de
atendimento ao cliente e mente descaradamente, alegando
que está simplesmente cansado, em vez de admitir que
está bravo consigo mesmo, com sua fraqueza. A verdade o
atormenta até tarde da noite.
Como se soubesse que era necessário, o próximo cartão-
postal de Harry chega bem cedo na manhã seguinte,
finalmente acalmando a necessidade avassaladora de
notícias contra as quais Louis está lutando. É do final de
julho e vem de Los Angeles, o que, claro, explica o atraso
em primeiro lugar. Louis estaria mentindo se dissesse que
não estava aliviado, embora o texto rabiscado nele o faça
parar. Ele lê e relê o cartão enquanto guarda algumas
toalhas para lavar no porão, intrigado com a mensagem
relativamente evasiva de Harry.

25/07/19
Caro Louis,
Recentemente, tive um momento de clareza tão forte que
foi como se o mundo inteiro se iluminasse com certeza. Já
sei o que quero há algum tempo, mas há conforto na
satisfação profunda que senti há algumas noites atrás. A
praia estava vazia, o céu lindo, eu sabia quem eu era, e
quase podia sentir sua mão na minha...
Desejando egoisticamente que você estivesse aqui,
H
 
"Um momento de clareza?" Louis diz para si mesmo
enquanto pressiona o botão liga/desliga da máquina de
lavar. "Que diabos isso significa?"
Mas o cartão, é claro, não tem resposta.
Harry ainda sente falta dele, ainda está sofrendo do outro
lado do mundo, e Louis não consegue evitar a mistura de
alívio, dor e tristeza que o preenche com o conhecimento.
Ele ainda não mudou. Ambos ainda estão no mesmo barco.

Leva apenas um pouco mais de uma semana para o


próximo cartão postal chegar, oferecendo a Louis nada além
de uma chicoteada. Já estamos no meio, no limite do final
de agosto, e a maioria de seus convidados começou a
descer para o sul novamente, alguns deles indo para
Edimburgo para o festival, enquanto outros já estão
voltando para casa. Ele está um pouco menos ocupado do
que no ano passado, o que deveria ser preocupante
financeiramente, mas que a verdade seja dita, Louis está
um pouco aliviado. Ele não tem agendamentos após a
primeira semana de setembro e normalmente fica
chateado, mas este ano, ele está realmente ansioso pela
paz e tranquilidade. Chafurdar e cuidar de um coração
partido quando ele tem que sorrir para estranhos o tempo
todo agrava a dor dez vezes mais, e ele só quer passar um
dia inteiro sem fingir sorrir. Apenas um dia. Mas, ainda
existem algumas reservas aqui e ali.
Algo sobre carros antigos? Louis não sabia dizer.
Ele se sentiria mal por essencialmente abandonar um
cliente, mas há pequenos arrepios de eletricidade correndo
em suas veias com a ideia de Harry estar no mesmo
continente e ele precisa ler sua correspondência
imediatamente. Agora mesmo. Imediatamente. Sozinho.
Além disso, sua mentira sobre se esquecer de fazer algo
urgente foi convincente o suficiente, com a maneira como
sua voz atingiu um tom agudo nunca antes alcançado, no
segundo em que o carteiro saiu do prédio.
Louis rapidamente atravessa o chalé e o anexo, subindo as
escadas para a torre muito rápido para estar totalmente
seguro. Quando chega ao topo, fica aliviado ao descobrir
que está vazio. Ele não para na sala da lanterna, vai direto
para a porta que leva à galeria, com coração disparado e a
respiração acelerada.
Não é um dia ensolarado, não realmente, mas o mar está
calmo no horizonte, e Louis absorve tudo enquanto inspira
profundamente para se acalmar.
Harry está por perto. Harry está perto. Harry está de volta.
Louis definitivamente precisa de um pouco de ar fresco para
processar esta notícia.
Uma vez que ele recuperou seu padrão de respiração para
algo parecido com o normal e parou seu cérebro de
imaginar milhares de cenários idiotas onde Harry voltou
apenas para ele, Louis vira o cartão e finalmente lê a
mensagem.
16/08/19
Caro Louis,
Aqui estou eu, de volta ao Reino Unido, depois do que
pareceu uma eternidade. Não posso acreditar que só se
passaram alguns meses. Voltar para LA - o local de tantas
memórias desencadeadoras - não parecia nada com um
retorno ao lar. Mas estou tão feliz por ter sido forte o
suficiente para fazer isso. Estar em Londres também não
parece uma volta ao lar. Acho que ainda estou procurando
aquele sentimento de pertencimento que você descreveu
tão perfeitamente. Estou chegando perto, eu sei disso
agora. Que alegria. Que alívio.
Sempre pensando em você em sua torre,
H
Louis confunde o texto por um tempo, franzindo um pouco a
testa. Há um novo senso de otimismo na escrita de Harry
que não existia antes. Algo que está escapando de seus
últimos cartões-postais que é diferente. Não é apenas ele
tentando ser alegre para que Louis não se preocupe. Louis
aprendeu a reconhecer isso agora, aprendeu a identificar a
melancolia mal disfarçada por trás de tudo. Mas isso... isso é
otimismo sincero que goteja de cada palavra, uma crença
de que as coisas vão ficar bem. Louis pensa naquela clareza
que ele mencionou anteriormente e se pergunta... ele se
pergunta o que Harry descobriu, que mudou tudo.
Provavelmente é relacionado à música, Louis imagina,
enquanto se deixa ser confortado pelo vento crescente.
Egoisticamente, por um segundo, ele espera que seja sobre
ele. Então, rápido como veio, ele afasta o pensamento.
Egoisticamente, por um segundo, ele espera que Harry não
encontre o que está realmente procurando, se isso significar
que ele vai parar de escrever para Louis como uma válvula
de escape. Esse pensamento - e a culpa que o acompanha -
não se deixa afastar tão facilmente.

O próximo cartão postal chega dois dias depois, de LA,
datado do início do mês, pouco antes de Harry partir dos
Estados Unidos para Londres .
08/10/19
Caro Louis,
É bom saber que amanhã estou saindo de LA com todos os
meus negócios resolvidos, que não terei que voltar por um
tempo agora. É um peso tirado dos meus ombros! Eu
trabalhei duro por tanto tempo e logo, vai começar a valer a
pena. Em breve, verei os resultados. Sinto muito se pareço
evasivo... há tanto que não posso dizer ainda. Mas mal
posso esperar para te contar tudo. Eu não posso esperar.
Seu,
H
 
Não dá a ele muito mais informações, mas o faz se sentir
melhor que Harry não passou quase um mês inteiro sem
escrever para ele. Sem pensar nele. Talvez isso signifique
que todos os seus medos de ser esquecido não tenham
fundamento, talvez signifique que Harry se encontrar não
significa necessariamente o fim para eles. Eles são apenas
um eco do que eram, é claro, mas Louis não consegue
suportar a ideia de perder isso.
E tem aquela parte no final... aquela parte onde Harry diz
que mal pode esperar para contar tudo a ele.
Fair Isle está muito longe de um encontro para tomar um
café, mas Louis é tolo o suficiente para esperar que isso
signifique que Harry ligará novamente com notícias em
algum momento. Que em algum momento - provavelmente
em breve - ele pegará o telefone e contará tudo a Louis. Ele
contará a Louis tudo sobre como terminou a composição do
álbum, contará a ele tudo sobre suas aventuras de gravação
ao redor do mundo. Sua voz ficará um pouco aguda como
quando Harry se apaixona por algo, suas palavras não serão
tão calculadas como de costume. Haverá menos pausas
onde ele está procurando o que dizer porque ele ficará
muito animado para contar a Louis tudo sobre isso. Ele é
tolo o suficiente para esperar que Harry não o tenha
esquecido em sua busca para reconquistar o mundo com
sua música, mesmo que ele oficialmente o tenha deixado
para trás.
Ele está de volta a Londres agora, a maior parte do trabalho
em seu álbum já deve estar feito. Tem que estar.
Certamente, isso significa que Harry ligará com novidades a
qualquer momento.
Qualquer dia.

Mas não chega nenhum dia, e nenhum telefonema.


Em vez disso, é mais um cartão-postal que Louis recebe
apenas alguns dias depois. E, para sua própria sanidade,
tenta muito não interpretar isso como uma carta de amor.
20/08/19
Quando você sorri para mim, é como se o mundo inteiro
desaparecesse. É nisso que penso quando me sinto
observado por estranhos na rua. Eu penso sobre a maneira
como você olha para mim e o olhar inquisitivo dos outros
não consegue me tocar. Como diabos você faz isso?
Isso o faz se sentir pequeno e poderoso ao mesmo tempo, e
ele não tem certeza de como Harry pode conseguir tal
proeza com apenas algumas palavras rabiscadas.
Ainda assim, depois disso , Harry certamente vai ligar, Louis
pensa.
A qualquer momento.

Mas, uma semana se passa sem um cartão-postal ou uma


ligação, então Louis se força a engolir a esperança que
traiçoeiramente permitiu que crescesse em seu peito. Ele a
mata firmemente com alguns comentários mentais
sarcásticos, e cada vez que se enraíza em algum lugar perto
de seu coração, Louis fica duas vezes mais cruel do que o
anterior.
Ele diz a si mesmo que Harry nunca se importou com ele.
Ele diz a si mesmo que Harry estava brincando com ele o
tempo todo. Ele diz a si mesmo que isso nunca significou
nada para ele. Ele diz a si mesmo que não passou de um
homem tolo, estúpido e ingênuo.
Louis sabe que apenas a última parte é verdadeira, mas o
ajuda a controlar suas expectativas quando diz a si mesmo
essas coisas horríveis. A esperança é uma coisa perigosa e
poderosa, e ele realmente não pode se permitir as
decepções inevitáveis que vêm com ela. Louis não pode
fazer isso
Claro, toda vez que ele relê os cartões-postais, ele se
lembra de quanto está mentindo para si mesmo. Da
profundidade dos sentimentos de Harry claramente
declarados nos papéis.
Louis realmente não acredita em nada, mas pela primeira
vez em sua vida, ele se vê olhando para as estrelas do topo
da torre, e perguntando ao universo o que ele está tentando
alcançar aqui.

No dia 27 de agosto, Louis simplesmente recebe isto:

24/08/19
"Às vezes você só precisa fazer xixi na pia."
talvez Charles Bukowski?
Ele tenta não achar engraçado, tenta se sentir infeliz com a
aleatoriedade disso, mas ele não consegue evitar de pensar
em Harry - o estúpido Harry - que escreveu isso e mandou
para Louis, provavelmente esperando que isso o fizesse
sorrir.
Então Louis ri.
Ele ri porque é engraçado e um pouco ridículo, e porque ele
realmente está apaixonado por aquele idiota.

No último dia de agosto, Louis recebe outro cartão postal de
Londres.
29/08/19
“Baby, there’s worlds in your silence / there’s a lifeline on
your breath.”
["Baby, há mundos em seu silêncio / há conforto e alívio em
sua respiração."]

 
A primeira vez que o lê, ele solta um suspiro trêmulo,
resistindo à tentação de pesquisar as palavras no Google.
Provavelmente são letras novas, algo que Harry escreveu há
algum tempo, e Louis tenta não se sentir absolutamente
oprimido por esse fato. Ele não pode esperar por
confirmação, não pode se permitir sentir isso
completamente. Então ele segue em frente, guarda o
cartão-postal na lata, e guarda as palavras no coração.
E é bom que ele faça isso, considerando que ele não terá
notícias de Harry novamente por duas semanas.
O mês de setembro chega, os últimos hóspedes vão
embora, o farol se esvazia e, de repente, Louis fica sozinho
com aquele silêncio, aquele silêncio . Aquele silêncio que
Harry claramente valoriza, ainda, mas que Louis está
achando um pouco difícil de enfrentar sozinho agora que
sabe como é compartilhá-lo com alguém que ama.
Ele está bem. Ele vai ficar bem.

Quatorze de setembro começa como qualquer outro dia,
com Louis acordando às cinco da manhã em ponto, e saindo
para correr com Clifford. O ar é fresco, o céu é escuro,
depois se torna marinho, depois vermelho, laranja e rosa,
até que se fixa num azul perfeito, e Louis observa toda a
sua transformação na praia. Ele está terrivelmente suado,
sentado em uma pedra enquanto vê seu mundo despertar,
se deixando levar pela beleza de tudo isso, se permitindo
aproveitar. Ele leva seu tempo antes de voltar para o farol,
brincando com Clifford na areia por mais tempo do que
normalmente faria, antes de subir os penhascos e voltar
para casa. Assim que ele entra, é tarde o suficiente para
que a eletricidade esteja ligada novamente, então Louis liga
o telefone antes de tomar um longo banho.
Louis tem esperado silenciosamente que todos os seus
convidados partissem para que ele pudesse chafurdar em
paz por um tempo, mas agora que está sozinho, ele não se
sente tão confortável na solidão como esperava. Ele não
sente falta de fingir alegria constantemente, mas talvez as
distrações de seu coração partido não sejam tão ruins
quanto ele pensava. Ainda assim, não ter que preparar o
café da manhã todas as noites antes de ir para a cama e
então ter que servi-lo para todos bem cedo todas as
manhãs é um luxo. Naquela manhã de outono, Louis toma
seu chá na galeria, sentado no chão com as costas contra a
torre e um livro nas mãos. É o livro de poesia de Edna St-
Vincent Millay que Harry gostou tanto, que as páginas agora
estão devidamente amadas e cheias de anotações
desordenadas, com os cantos dobrados nos poemas
favoritos. Parece valorizado agora, não mais nas perfeitas
condições de quando o estudante americano a quem
costumava pertencer o deixou, e Louis quase não consegue
acreditar que Harry não saiu com ele, com a maneira como
costumava ficar com o nariz enterrado nele noite após
noite. É uma boa lembrança para Louis ter, não vai negar
isso. Não para si mesmo. Relendo os poemas, relendo os
pequenos pensamentos que Harry anotou em todo o livro,
parece que uma parte dele ficou aqui com Louis. Mesmo
que seja minúscula. É... bom, Louis imagina, ter algo além
dos cartões-postais para guardar, algo que prova que ele
esteve realmente aqui com Louis, e que deixou uma marca
em outra coisa que seja seu coração. É uma boa lembrança
para Louis ter, porém, ele não vai negar isso. Não para si
mesmo.
Louis ri, surpreendentemente com apenas uma pitada de
amargura, quando ele se depara com um poema
particularmente comovente e relevante. Ele dá um meio
sorriso enquanto lê e relê algumas linhas, incapaz de não
pensar nos últimos meses de sua vida.
“O amor se foi e me deixou, e agora os dias são todos
iguais;
Deveria comer e dormir, - mas e se essa noite estivéssemos
aqui!
Mas ah! - ficar acordado e ouvir as horas lentas chegarem!
Se fosse dia de novo! - com o crepúsculo próximo!”
“Você e eu, Edna” Louis sussurra enquanto toma um gole de
chá.
Distraidamente, ele olha para trás, em direção à cabana ao
invés dos penhascos, e vê uma pequena figura se afastando
do prédio. Uma figura familiar carregando uma bolsa do
Royal Mail vermelha.
Louis quase engasga com o chá ao vê-lo, o coração pula na
garganta, como sempre acontece todas as vezes que
Maclean traz correspondência para ele, desde a última vez
que recebeu um cartão-postal.
Louis engole o chá, tossindo um pouco, antes de balançar a
cabeça.
Provavelmente não é nada, ele diz a si mesmo de imediato,
esmagando a onda de esperança em sua barriga como um
inseto.
Foram quatorze dias de silêncio. Quatorze dias sem nada de
novo para receber. Por que hoje de repente seria diferente?
Louis balança a cabeça, voltando ao seu livro. Ele lê uma
linha, depois outra, depois outra, antes de perceber que não
está lendo nada. Ele não está absorvendo nenhuma
informação, obcecado demais com o hipotético cartão-
postal que o espera no chalé. Ele não consegue se
concentrar. Ele não consegue se concentrar quando há a
possibilidade de Harry ter escrito para ele novamente.
Porém...
“Não espere nada”, Louis murmura para si mesmo ao se
levantar. Ele coloca um dedo no livro para marcar sua
página, então se inclina para pegar sua caneca.
Ele sai da galeria com pressa, a porta balança atrás dele
enquanto desce correndo.
"Provavelmente não é nada!", ele exclama enquanto
caminha do anexo para o chalé, depois passa pela porta da
cozinha aberta, tendo um vislumbre de Clifford dormindo
debaixo da mesa.
Ele abre a boca para se lembrar mais uma vez de que
provavelmente não há absolutamente nada de excitante
esperando por ele, quando finalmente chega à recepção e
vê o cartão-postal que foi deixado no balcão.
“Oh”, Louis sussurra.
Ele dá os últimos passos lentamente, quase como se
estivesse com medo da carta, e sabe que deve parecer
ridículo, mas não consegue evitar. Antes de ir pegar a
correspondência, ele coloca a caneca e o livro no balcão,
sem se importar com a página marcada.
É de Aberdeen. De todos os lugares, Louis não consegue
imaginar o que Harry está fazendo em Aberdeen, a menos
que ele... Louis engole em seco, segurando na mesa da
recepção para se manter de pé, e o coração apertando
dolorosamente no peito. Ele balança a cabeça, esmagando
mentalmente o pensamento de que Harry está vindo.
Ele não pode.
Ele não pode se permitir acreditar que verá Harry em breve.
Vai doer muito se... quando...
Então Louis balança a cabeça e esmaga o pensamento. Ele
mata a esperança e inala profundamente. Então, exala. Ele
está prestes a virar o cartão quando de repente fecha os
olhos, virando o cartão, mas incapaz, incerto, para o que
está realmente nele.
Ele espera alguns segundos - mais do que deveria - para o
medo diminuir.
Não acontece, então Louis abre os olhos e lê o cartão de
qualquer maneira .
09/11/18
Oh Louis, se ao menos houvesse palavras...
Há uma vida atrás, você me perguntou se eu era escritor. Eu
não respondi com toda a certeza. No entanto, aqui estou eu,
dezenas de canções depois, páginas de letras que escrevi, e
quando tento pensar no que dizer a você, não consigo me
lembrar de uma única palavra... acabei me tornando um
poeta. Privado de sua língua quando ele mais precisa.
Afogando-se em pensamentos sobre você.
Sempre seu,
H
“Oh” Louis sussurra de novo, suavemente tocando o cartão,
as palavras, as belas palavras que Harry afirma estar
faltando. As belas palavras que fazem o coração de Louis
palpitar.
Sempre seu , Harry escreveu, mas os dois sabem que não é
verdade. Ambos sabem que não é realista.
Se fosse, Harry estaria aqui. Não é?

Ele está lendo na sala de estar naquela mesma tarde,


quando isso acontece.
Primeiro, Louis ouve a porta da frente abrir. Então, as unhas
de Clifford estalam contra o chão do corredor enquanto ele
vai ver quem acabou de entrar, e seus latidos soam mais
animados do que ameaçadores. Finalmente, uma voz baixa
e familiar que lhe remete a algo, apesar de sua suavidade.
Uma voz que diz doces coisinhas, afirmando que Clifford é
“um bom garoto” e que “é tão bom vê-lo”.
Sem nem perceber que se mexeu, Louis de repente sai de
sua cadeira, deixando o livro de poesia há muito esquecido,
cair no chão com um baque. Com o coração na garganta,
ele abre a porta da sala, e vai para o corredor, de frente
para a área da recepção, com a porta da frente ainda
aberta, na frente da qual Harry se ajoelha banhado pela luz
suave do outono. Clifford coloca as patas dianteiras nas
coxas de Harry enquanto está sendo coçado atrás das
orelhas do jeito que ele mais gosta, e Harry rindo enquanto
tenta evitar os beijos de Cliff diretamente em sua boca.
Louis pisca e Harry ainda está lá.
Depois de meses sem, é uma corrida que ele não sabe
como controlar, são tantas emoções lutando para chegar à
superfície.
Ele parece bem. De alguma forma, esse é o pensamento ao
qual Louis se apega. Apesar do otimismo crescente nos
cartões postais, Louis percebeu que ainda estava
preocupado quando algo dentro dele se soltou ao ver Harry,
com as covinhas totalmente à mostra, os ombros relaxados
e os olhos imperturbáveis.
Seu cabelo está um pouco mais curto do que quando ele
saiu, mas não tão curto quanto da primeira vez que Louis o
viu, mechas de cabelo onduladas contra suas têmporas,
emoldurando seu rosto delicadamente. O estômago de Louis
aperta com o desejo de enterrar seus dedos nos cachos da
nuca de Harry, de arrastá-lo em um abraço, de recebê-lo em
casa, para-
Louis inala profundamente e o chão range sob seus pés,
denunciando-o.
Harry finalmente desvia o olhar de Clifford, e seus olhos se
arregalam quando encontram os de Louis. Ele se levanta, há
uma súbita energia nervosa na maneira como se move,
enxugando a palma das mãos na calça jeans antes de falar
uma única palavra.
"Ei."
“Ei”, Louis responde, dando alguns passos à frente para sair
do corredor e ir para a recepção.
Harry engole em seco, então sorri - meio tímido, meio
travesso. “Tem alguma vaga?”, ele pergunta, apontando
para computador jurássico que Louis amaldiçoa todos os
dias.
Louis pensa em jogar com calma por meio segundo, antes
de balançar a cabeça com ternura. "Para você? Sempre."
Harry parece ficar mais confiante com isso, endireitando os
ombros e dando a Louis um sorriso adequado, com covinhas
e tudo.
“Meu novo álbum será lançado em alguns meses”, é o que
ele diz a seguir, pegando Louis completamente de surpresa.
“Oh” Louis exclama, dando a Harry um sorriso encorajador,
mas um tanto confuso. “Isso é ótimo, H. Isso é... isso é
incrível. Parabéns."
Harry encolhe os ombros, rejeitando os elogios de Louis com
um pequeno gesto. Ele olha para baixo, arrastando os pés.
“Eu disse à gravadora que ... que não estava pronto para ir
a todo vapor como antes. Que eu não posso fazer uma
grande turnê mundial de novo. Cidades diferentes todas as
noites... sem uma casa? Sem uma âncora? Eu disse a eles
que era muito cedo, que não estava pronto.”
“Babe” Louis exala, o carinho escapando e os olhos de Harry
encontram os seus, com orgulho brilhando através deles.
“Eles concordaram”, revela. “Eles disseram... eles disseram
que talvez eu possa começar com uma pequena turnê no
Reino Unido primeiro. Locais menores? Vamos ver onde isso
vai.”
Louis dá um passo à frente. "Harry... eu..." Ele sorri, de
repente querendo chorar. “Estou tão feliz por você”, diz,
surpreendendo-se com isso. "Estou tão orgulhoso."
Harry não está aqui para ficar. Ele tem um álbum sendo
lançado, ele está saindo em turnê novamente, e mesmo que
ele tenha escrito para Louis o que podem ser cartas de
amor nos últimos meses, ele não veio para ficar.
Louis sempre soube disso, mas isso não significa que doeu
menos. E mesmo assim, por meio da profunda decepção,
Louis se sente tão aliviado, tão eufórico por Harry estar
bem, por continuar fazendo o que ama. Em seus termos.
Que ele não está permitindo que o medo o impeça de fazer
o que nasceu para fazer.
Harry está sorrindo completamente agora, com os olhos
brilhando de excitação. “Sim, estou… pela primeira vez em
muito tempo, estou realmente animado para me apresentar
novamente. Estou animado com a música que escrevi e
estou animado para compartilhá-la com as pessoas, mesmo
que seja em formas menores.”
“Isso é...” Louis exala trêmulo. “Isso é incrível”, ele
responde, radiante.
"Sim."
O silêncio deve parecer estranho, mas cai sobre eles
naturalmente, facilmente, como sempre aconteceu. Eles se
encaram, congelados no lugar, nenhum sinal de desconforto
enquanto o relógio avança. Olhando nos olhos de Harry,
Louis não pode deixar de se perguntar...
“Você...” Louis dá um passo à frente. A resposta pode doer,
mas ele precisa saber. Ele precisa do fechamento que nunca
teve quando Harry saiu, precisa saber por que ele está de
volta aqui, de todos os lugares. “Você veio até aqui para me
contar sobre o álbum? Sobre a tour?”
Há uma questão mais profunda que não está bem
escondida por baixo e Louis ficaria envergonhado por falta
de franqueza, mas ele sabe que Harry não precisa de
alguém para falar com ele sobre o que Louis quer saber.
Harry olha para baixo e balança a cabeça. “Não”, ele
responde suavemente antes de olhar para Louis. "Claro que
não. Vim até aqui porque... porque... bem, eu sei que você
ama sua vida aqui e que não está sozinho lá em cima”, ele
aponta para a torre. "Eu sei que você não está esperando
que alguém te resgate da solidão ou algo assim, que você
não precisa de alguém para te completar, ou qualquer
besteira romântica..." Harry limpa a garganta, com os olhos
úmidos. “Mas eu pensei... eu pensei... já que estou
profundamente apaixonado por você, que talvez valesse a
pena perguntar se há espaço para mim nessa sua vida já
brilhante? Porque... assim como você se sente a versão
mais verdadeira de si mesmo aqui em Fair Isle, eu acho...
acho que me sinto a versão mais verdadeira de mim mesmo
quando estou com você.”
Louis pisca, com um enorme nó na garganta. Ele olha para
este homem, este homem que ele ama, que foi dilacerado
por abutres para se divertir e ainda de boa vontade, com
toda a bravura do mundo, se coloca lá fora e diz estou aqui .
“Eu sei que sou complicado” Harry sussurra quando Louis
fica em silêncio por muito tempo. Há um pouco de
ansiedade em seus olhos agora e ele morde o lábio inferior,
preparando-se para uma rejeição que Louis nunca seria
capaz de dar.
“Você não é complicado” Louis responde ferozmente,
caminhando até ele, segurando seu rosto nas mãos, a carga
mais preciosa que ele já carregará.
Harry engole em seco. "Quer dizer... minha vida... minha
vida é... vai ser diferente de quando cheguei aqui, mas eu...
pensei em perguntar de qualquer maneira."
"Harry" Louis sussurra contra seus lábios. Seus narizes
esfregam e há muito que Louis quer dizer. Em vez disso, ele
desliza os braços ao redor do pescoço de Harry,
envolvendo-o em um abraço forte, com seu quente e úmido
contra a pele do pescoço de Louis. “Eu te amo”, diz
baixinho, sem querer deixá-lo ir. Ele estremece um pouco ao
sentir os dedos de Harry apertando onde ele está segurando
a cintura de Louis. “Eu também estou apaixonado por você.
Minha vida sempre vai ser melhor com você, Harry, não
importa o quão complicada seja."
Harry interrompeu o abraço, sussurrando "Lou",
entrecortadamente, com necessidade, antes de se inclinar
para beijá-lo. O tempo para quando eles se encaixam. Louis
nunca quis tanto ficar preso agora, enquanto eles estão se
beijando com desejo, derramando meses de saudade e eu
sinto sua falta no deslizar de suas línguas, ele finalmente
está em casa de novo. Deve ser uma sensação assustadora
saber que sua casa de alguma forma mudou, mudou, que
não é mais apenas um lugar, mas também uma pessoa. Mas
há um alívio no sentimento: ele tem sua ilha e Harry. É tudo
que ele precisa para estar em casa.
Quando eles se separam, Louis deixa suas mãos
descansarem no ombro de Harry, sentindo a maciez de seu
moletom sob seus dedos, sorrindo um pouco ao notar o
‘Harry’ bordado em seu coração, a visão do que ele assume
ser o próprio merch de Harry, divertido e cativante . Ele veio
sem segredos escondidos em sua mala desta vez, sendo
totalmente ele mesmo, e Louis... Louis ama tudo nele.
Ele desvia o olhar do peito de Harry, o sorriso cai um pouco
quando ele percebe o quão úmidos os olhos de Harry estão,
lágrimas não derramadas grudando em seus cílios.
“Ei” Louis sussurra, esfregando o polegar suavemente sob o
olho esquerdo de Harry. "O que é isso? Você achou que eu ia
dizer não?", provoca suavemente.
Harry deu de ombros, fungando um pouco. "Sim." Ele faz
uma pausa. "Não." Ele encolhe os ombros novamente, desta
vez com uma risada. "Eu não sei."
Louis cantarola, captando as lágrimas sob o olho direito de
Harry desta vez.
“Isso deveria me assustar”, Louis sussurra, “Mas eu nunca
poderia dizer não. Você é inegável para mim, Harry Styles."
“Louis,” Harry engasga, sabendo o que ele realmente quer
dizer, conhecendo a profundidade do que Louis está
dizendo. “Senti tanto a sua falta”, ele admite em um
sussurro. "Eu pensei em você todos os dias."
“Também senti sua falta”, responde Louis.
Desta vez, quando se beijam, não há calor, apenas ternura.
"Oh," Harry suspira, separando seus corpos, alcançando o
bolso de trás de sua calça jeans. “Tenho uma coisa para
você”, diz ele, entregando a Louis um cartão-postal da Fair
Isle, o quadro familiar da pousada Louis olhando para ele.
"Comprei no Sr. Dunn."
“Sim” Louis concorda, tendo visto este modelo específico
mil vezes, perto do balcão da mercearia Dunn. "Eu sei",
acrescenta, engolindo o poço de emoções que borbulham
em seu peito.
Ele vira o cartão, a caligrafia agora familiar de Harry
apressada e bagunçada no papel, como se sua mão não
fosse rápida o suficiente para tudo o que ele queria dizer
naquele momento. Louis o imagina inclinado sobre o balcão
do Sr. Dunn, com o coração na garganta e esperança,
derramando sua alma.
4/09/19
É você.
É você, meu amor, que me trouxe de volta aqui repetidas
vezes - mesmo que apenas em pensamentos - como a
tempestade sem fim nesta ilha, cujos ventos e ondas beijam
a praia que você anda semana após semana. Você
permanece tão alto quanto sua torre aos olhos da minha
mente, uma luz guia, um chamado para casa.
Uma voz no fundo da minha mente.
Inegável.

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