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Contas-Cliente de Solicitador

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Artigo 122.º EOSAE

Contas-cliente

1 - As quantias detidas por associado, ou sociedade profissional deste, por conta dos seus clientes ou de
terceiros, que lhe sejam confiadas ou destinadas a despesas, devem ser depositadas em conta ou contas
abertas em instituição de crédito em seu nome ou da sociedade profissional que integre e identificadas como
contas-cliente.

2 - As quantias depositadas em contas-cliente não constituem património próprio do associado, sendo as


contas-cliente patrimónios autónomos.

3 - As contas-cliente são abertas em qualquer instituição de crédito que efetue protocolo para esse efeito com
a Ordem e pelo qual aceite submeter-se às normas estatutárias e regulamentares sobre esta matéria.

4 - As condições de movimentação das contas-cliente, as normas de registo de movimentos e da sua liquidação


são regulamentadas em termos gerais e por especialidade pela assembleia geral, devendo ser diferenciadas no
caso de o associado ter mais do que uma especialidade.
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5 - A conta-cliente pressupõe um registo rigoroso dos movimentos efetuados relativamente a cada cliente, e a
cada processo, sendo disponibilizado esse registo ao cliente sempre que este o solicite.

6 - No âmbito de processo disciplinar, o associado pode ser notificado para apresentar o registo das contas-
cliente.

7 - É instaurado processo disciplinar no caso de se verificar falta de provisão em qualquer das contas-cliente ou
se houver indícios de irregularidade na respetiva movimentação.

8 - No caso previsto no número anterior, o órgão disciplinar competente determina as medidas cautelares que
considere necessárias, podendo ordenar a suspensão preventiva do associado e designando outro associado
que assuma a responsabilidade da gestão das respetivas contas-cliente.

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Regulamento n.º 611/2017, de 11 de dezembro

(Regulamento das Contas-Cliente de Solicitador)

O referido diploma, no seu preâmbulo, indica que:

“O Estatuto da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução (EOSAE), consagrado na Lei n.º 154/2015,
publicada no D. R. n.º 179/2015, série I, de 14 de setembro, prevê nos seus artigos 146.º e 147.º a existência
de contas-cliente de solicitadores, estipulando o n.º 1 do artigo 146.º que o registo de movimentos destas
contas é efetuado segundo as normas do respetivo regulamento.

Nas normas gerais do EOSAE que incidem sobre contas-cliente, determina o n.º 3 do artigo 122.º que estas são
abertas em qualquer instituição de crédito que efetue protocolo para esse efeito com a Ordem e pelo qual
aceite submeter-se às normas estatutárias e regulamentares sobre esta matéria.

O artigo 147.º do EOSAE estabelece os princípios gerais das liquidações das contas-cliente.”

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Artigo 146.º EOSAE

Contas-cliente de solicitadores

1 - O registo de movimentos das contas-cliente de solicitador é efetuado segundo as normas do respetivo


regulamento podendo ser efetuado usando suporte informático disponibilizado pela Ordem através de
protocolo que o associado subscreva.

2 - O solicitador não pode utilizar as quantias que lhe foram entregues pelos clientes ou por terceiros
para pagamento dos seus honorários, salvo se tiver instruções escritas nesse sentido.

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Artigo 147.º EOSAE

Liquidação das contas-cliente

1 - Procede-se à liquidação da conta-cliente de solicitador quando:

a) Tenha falecido ou sido declarado incapaz ou interdito;

b) Tenha sido suspenso por período superior a seis meses, interdito definitivamente ou cancelada a inscrição por
decisão disciplinar;

c) Tenha requerido a suspensão ou o cancelamento das funções no colégio profissional.

2 - Procede-se à liquidação das contas-cliente das sociedades quando estas tenham sido dissolvidas por qualquer
razão.

3 - A liquidação consiste no apuramento dos valores devidos aos clientes ou terceiros que a eles tenham direito,
através de informações destes e do cotejo dos documentos existentes, respeitando os princípios do contraditório.

4 - A liquidação é efetuada por solicitador ou sociedade profissional que seja selecionada de lista de candidatos pelo
conselho profissional.
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5 - O liquidatário designado recebe toda a colaboração das instituições de crédito e do solicitador
impedido ou dos seus herdeiros ou legais representantes, sendo-lhe entregues os registos das contas-
cliente a liquidar.

6 - Finda a liquidação, os valores apurados são pagos pela instituição bancária, a quem a estes tenha
direito, mediante certidão subscrita pelo liquidatário e pelo bastonário.

7 - Se após a liquidação se averiguar que há valores em falta, são retiradas certidões para efeitos
disciplinares e penais e efetuados os pagamentos a quem tenha direito, mediante rateio proporcional ao
valor dos créditos.

8 - O custo da liquidação incumbe ao associado que lhe deu causa.

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 As contas-cliente de solicitador visam três grandes objetivos:

1 - Assegurar que os valores confiados aos solicitadores ou suas sociedades profissionais por conta
dos seus clientes ou de terceiros não integram o seu património pessoal e portanto não são suscetíveis de
serem considerados em caso de cessação da atividade ou em situações de conflito patrimonial,
nomeadamente na insolvência, divórcio, penhora, arresto, porquanto constituem patrimónios autónomos;

2 - Apresentar aos clientes soluções de transparência essenciais para a credibilização da profissão;

3 - Assegurar aos clientes que em caso de liquidação das contas há uma intervenção da OSAE que
permite a entrega dos valores a quem a eles tiver direito.

• As contas-cliente de solicitador têm, no entanto, uma diferença substancial face às dos agentes de
execução:

 Não estão sujeitas a uma auditoria permanente. Esta incumbe aos clientes;

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 Os órgãos dirigentes da Ordem não têm que auditá-las nem podem consultá-las;

 Os órgãos disciplinares e os tribunais podem, no âmbito dos respetivos processos, solicitar informações que
entendam convenientes sobre estas;

 Os órgãos dirigentes só têm acesso àquelas contas em caso de liquidação nos termos do artigo 147.º do
EOSAE.

• Acresce que o solicitador através dos extratos da conta-cliente tem uma ferramenta importante para
demonstrar fiscalmente quais os valores que recebeu destinadas a despesas por conta dos clientes ou que
lhes foram confiados por conta destes e que consequentemente não devem ser incluídos nas suas receitas
próprias e sujeitas aos impostos estabelecidos para a atividade profissional.

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