Você está na página 1de 3

Lá vamos para mais um dia, acordei cedo para ir à escola.

Algumas dores de sempre, algumas


nas costas e lombar, talvez seja pelo meu jeito “curioso” de dormir. Aliás meu nome é Gabriel
Silva, uma pessoa bem desvencilhada de caminhos ou trajetos. Prefiro apenas andar sem
esperar nada, e caso aconteça algo, que bom.

Levanto de cama, finalmente. O alarme tocou por mais de 10 segundos, acho que estou um
pouco cansado. Chego no banheiro com a minha toalha, meu uniforme está no banheiro
comigo, o usarei após tomar meu banho demorado. Minhas músicas até que tristes,
acompanham-me nessa jornada praticamente à todo momento em todas as manhãs, sejam
aulas ou não. Cerca de 20 minutos depois, ouço:

Mãe: Vai demorar muito?

Gabriel: Não, já estou saindo.

Mal sabe ela que acabei de acordar dos pensamentos que as músicas me fizeram ter.
Rapidamente retiro todo o sabão do meu corpo que estava de molho e deixo a água gelada
tocar minhas costas antes de tudo. Causando calafrios e arrepiando todos os pelos pelo meu
corpo. Uma ótima sensação para acordar pela manhã.

Saí do banheiro, arrumado como de costume com a roupa que uso desde o início do ano, uma
calça de marca, sapatos simples, nada extravagante, um cordão que não retiro nem na hora de
dormir e finalmente, pulseiras de miçangas. Uma vermelha, minha cor favorita e outra branca
com meu apelido e detalhes em tons remetentes ao vermelho. Ótimos pertences.

Espero o café ficar pronto, olho para a janela e o céu está nublado. A mania de olhar nuvens
ainda continua. Talvez eu as inveje, gostaria de ter meu caminho destinado como o de uma.
Passar, por diferentes locais dos quais você tem certeza que ficará bem, para no fim, trazer o
bem com seus efeitos benéficos com a água da chuva que faz bem ao solo. Mas essa sorte, é
inexistente e sou humano.

Quando percebem que fiquei mais uma vez no mundo da lua, o “meu” mundo da lua,
acordam-me mais uma vez.

Rafaela: Gabriel, o café está pronto.

Gabriel: Tudo bem, estou indo!

Fazendo piadas ruins como o de costume com essa moça que está em casa desde que me
conheço por gente, eu me sinto bem. Mesmo não sabendo se realmente gosto disso. Termino
de pôr o café na minha xícara amarela preferida, depois, recolho as torradas já preparadas na
noite passada por mim para agilizar minha ida à escola. Boto no máximo, e deixo uma segunda
vez no médio para ter a crocância desejada e cobiçada, como um bom avaliador de torradas
digo que fica uma delícia.

Agora sim, indo para a escola com meu amigo que aos 16 anos já tem moto própria. Ouvindo
essa breve descrição, devem-lhe ter causado alguma má interpretação, entretanto, ele trabalha
desde os 9 anos na sorveteira de seus pais enrolando casquinhas ou na montagem de sorvetes.
Fora o fato de eu estudar com ele há mais de 9 anos, somente agora fomos separados neste
ensino médio.

Athus: E aí mano? Beleza? Hoje bora no vôlei?


Gabriel: Vou vê mano, e estou de boa.

Ele é meio “doido”, nas suas próprias palavras, mas ao meu ver ele é alguém muito
carismático. Consegue encantar todos com seu jeito único de se expor, até a mim ele atraiu.
Seguimos o mesmo trajeto de sempre, até chegar na casa do meu primeiro amigo, quero dizer,
amiga. Emilly mora a 4 ruas da escola, em nossa cidade “pequena“, é bem pouco considerando
a pouca distância. Desço da moto enquanto Athus vai buscar o restante do pessoal. “Haja
gasolina”.

Gabriel: Bora?

Emilly: Vamos.

Jogando a conversa fora, seguimos nosso caminho até a escola. Mais uma vez me pego em
distração ao vê um rosto familiar na rua logo cedo, não o identifiquei então fiquei com certa
curiosidade e a Emilly vendo meus movimentos suspeitos, perguntou:

Emilly: Algum conhecido?

Gabriel: Não que eu saiba.

Estamos na casa do Juracy, nosso penúltimo companheiro nessa (longa) jornada até a escola.
Ele estava arrumado, como sempre seu pai estava com ele e conversando. É bonito de ver essa
visão de respeito e carinho com seu pai diariamente, o ato de dar bênção é tão comum e
normal, mas significa tanto. Seguimos com ele agora instaurado na corrente de três elos agora.
Em busca do quarto, que é tão sortudo ao ponto de morar ao lado da escola. Keyse, às vezes
atrasada pela insegurança de estar desarrumada ou segurança até demais, por saber que pode
rapidamente ir até a escola. Deus tem seu preferidos. Ela sai pelo portão, abraça todos,
inclusive à mim que fui o último, tendo certa confusão naquele exato momento.

Keyse: Bom dia pessoal!

Gabriel: Você não cansam de desejar “bom dia” não é mesmo?

Pode parecer grosseiro da minha parte, mas entenda meu ponto; temos um grupo de
mensagens, onde todo o dia enviamos “bom dia”. Já não é o bastante? Para que mais?
Também não sei, depende dos dias que os presenteio com esse tal “ritual” rotineiro. Na
maioria das vezes os silêncio temporariamente. Adentramos à escola. Olhares dos alunos mais
velhos fixam nos mais novos. Não sei se essa é uma afirmação de que são “eles” os superiores
aqui, ou simplesmente inflam os egos e orgulhos frágeis que possuem, prestes a estilhaçarem
com uma simples agulhadas ou palavra bem colocada. Felizmente, sei que lugar mereço e fico
distante de pessoas assim, não quero ser conhecido como quem bateu boca com alguém mais
velho. Mesmo sabendo que eu sairia com a razão, nunca me meto em brigas, mas caso a
ocasião necessite, temos que nos virar. Não é mesmo? Ano até minha sala, despeço-me de
Juracy e Athus, ambos estão na outra sala. Sobrando apenas eu como a figura “masculina” do
grupo dominado por mulheres. Sempre às achei mais fáceis de lidar e talvez, conhecedoras do
meu jeito mais diferente do normal. Então estou em boas mãos. Sento em minha cadeira, ao
lado da Keyse, enquanto a Emilly senta a frente dela. Aguardamos apenas a última pessoa que
fica na minha frente, Alessandra. Ou como gosto de a chamar desde sempre; “Alê”. Uma
menina de cabelo curto e com altura próxima a minha, curvilínea e com um baita estilo,
carisma e alegria. Mesmo que estas coisas custem caro.

Gabriel: Bom dia, Alê.


Alessandra: Bom dia amigo. E vocês, estão bem?

Sim, com ela me sinto bem ao desejar “bom dia”. Talvez seja pelo fato de eu já ter me
relacionado com ela uma vez e finalmente, estarmos bem, ou o fato dela me conhecer até
demais e lidar bem com isso. Atrasada, ela se apressa de forma cômica ao retirar o seu
material, já que a aula já está prestes a começar e o professor está chegando. “Pueto, puento”,
ela diz ao finalmente se ajeitar à tempo, após essa cena dos nossos dias comuns, chega
finalmente o professor. Prestamos atenção na aula como “bons” alunos, é certo que eu estava
quase dormindo. Achava que o Ensino Médio seria mais difícil, ou um desafio digno da minha
atenção e apenas vejo que estamos revisando temas do passado. Minha memória é ruim para
coisas rápidas, o engraçado é que após certo tempo a lembrança retorna em alta resolução e
rica em detalhes. Vem a calhar quando estou precisando, em outro casos apenas atrapalha.
Após quase dormir mais de 2 vezes, entra outro professor, na verdade uma professora. Bem
legal ela é, suas histórias e formas de ensino são agradáveis comparadas ao outro que não me
faziam ter interesse por saber sobre “x” tema escolar. Enquanto ela, busca fazer seu alunos se
entreterem com seu ensino lírico. Nesta aula, recorro a cadeira da Alê. Ela (professora) não
enxerga nada de errado, nem eu e principalmente a Alê. É na verdade um costume normal
estarmos próximos compartilhando do mesmo calor em uma sala fria. Ela brinca com a minha
mão, enquanto examino/admiro seus belos “lisinhos dourados”. Apelido dado após ela se
enloirar completamente. Ela ficou incrivelmente mais linda ainda, por sinal.

Alessandra: Tá tudo bem hoje? Tá aparentando estar mais preguiçoso que o normal.

Gabriel: Acho que deve só a preguiça, e olha quem fala.

Ela fala isso estando com meus óculos em sua cara, estudamos também desde o primeiro ano,
e temos problemas e graus semelhantes nas lentes. Então, como seu óculos quebrou empresto
os meus em momentos que não usaria, como após terminar de escrever do quadro, e
aproveito para deitar e relaxar ainda mais. Ela quando termina, entrega um bom cafuné na
minha cabeça. Fazendo-me levantar animado para conversar.

Gabriel: Pensei em uma história... Quer ouvir?

Alessandra: Conte aí, bora ver se é das boas.

Lembrei de quando fui (obrigado a ir) para um retiro da minha igreja. Onde não conhecia
ninguém, dessa forma, como um belo introvertido, fiquei recluso de certas atividades
desinteressantes ao meu ver. Entretanto, conhecidos estavam presentes e me conheciam,
fizeram com o que tal ser se soltasse e falasse muitas abobrinhas como tanto gosta. Conheci
pessoas, algumas troquei dezenas de palavras sobre livros, relacionamentos e estrelas,
enquanto outros apenas concordei e outros eu simplesmente toquei. O real “tesouro” de tudo
isso, está na verdade em quem mais enxergo com bons olhos até os dias de hoje. Uma menina
morena, baixa que tinha aura incrível e uma personalidade inexplicável. Apenas 17 anos, mas
aparentava ser da minha idade, agora não tão distante, apenas dois anos nos separam. Já que
vivências, sonhos, metas, compromissos com nós mesmos, sempre se atrelaram e ambos
enxergavam isso

Você também pode gostar