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Capítulo 1

Pessoas entra na nossa vida sem cabimento nenhum, sempre são bem-vindas para ficar e ir
quando quiserem, como se fomos programados para aceitar que destrói, destrói onde mais
dói.

Por isso.

Muitas das vezes evitamos o contacto quando nos encontram mas.

Sempre acabamos por nos esquecer, esquecer a razão pela qual os olhos chamam mais
atenção do que a alma.

- Quanto tempo você vai ficar aí trancada Sofia. - Diz Malia batendo do outro lado da porta do
banheiro do quarto.

Malia é uma minhas das pessoas preferidas.

E tanto que nós tornamos muito próximas desde o ensino fundamental, sempre me defendia
quando mexiam comigo e vice-versa.

Seus olhos rasgados azuis, pele morena e corpo esbelto são razões pela qual babacas são
mais atraídos por ela maduras o suficiente, para chutar o saco deles e sair correndo.

- Já vou calma. - Pego o casaco e saímos.

Entramos no Café que mais frequentamos antes da começarem as aulas e são exatamente 7h
da manhã.

- Humm cheirinho bomm. - diz maravilhada.

- Bom dia, meninas . - abre o jornal no balcão, Sr. Marques é dono da propriedade, trabalha
todos os dias duro junto com a esposa na cozinha fazem bons anos.
- Bom dia Sr. Marques.

- Bom dia Sr. Marques, bem disposto hoje? - coloco a mochila na chão e sentamos.

- Mas é claro. - diz confiante.

A esta hora, não estava tão cheio já que era cedo demais, mas normalmente somos sempre as
únicas.

- Quem são eles a essa hora. - observa detalhadamente

- Eu vou bus...- Interrompi.

- Deixa que eu vou, não sei o porquê de estares surpresa se chegamos sempre bem cedo. -
pego a carteira na mochila.

- É que olha para eles, não têm cara de quem acorda para vir a uma Cafetaria as 7h. - aponta
discretamente com um livro.

- Se bem que é verdade. - olho para mesa onde estão dois rapazes e uma rapariga
conversando.

Me levanto.

- Ah! Quero um café com leite, por favor. - abusou.

- Mas é claro Madame. - me curvei.

Caminhava directamente para o balcão quando ouço uma cadeira sendo arrastada.

- O mesmo de sempre?- Sr. Marques ajeita os seus pequenos óculos.

- O mesmo de sempre e uma fatia de b...- dou um pulo sentindo alguém muito próximo de
mim.
- Desculpe, não quis te assustar. - diz um rapaz sorrindo suavemente tirando uma palhinha.

- Não, tudo bem eu que..- Digo sem graça e se retirou.

Suspirei.

- E uma fatia de bolo, por favor.

- Pode deixar que vou entregar quando estiver pronto. - entregou a fatura.

Fui quase que correndo à mesa, Maila estava lendo e não gosta quando é interrompida, então
me sentei e peguei o material de desenho e fiquei desenhando ela enquanto esperava
segundos depois Sr.Marques aparece.

- Aqui meninas, desculpa por meu filho ter te assustado a pouco Sofi. - pousou as bebidas.

- Seu filho?!- quase gritei, como alguém tão rude pode ser filho de senhores tão dóceis?

- Que surpresa a esta, acredito que vão conheces melhor com tempo, ele chegou de viajem
alguns meses. - Pega a bandeja.

- Espero que sim. - Diz Malia olhando para a comida.

- Espero que não. - Digo sussurrando olhando para ele que olha para mim de volta.

Passamos o tempo trocando ideias até tocar 8h, despedimos Sr. Marques e saímos. Ainda me
vago pensando como alguém como ele pode ser filho de senhores tão meigos, mesmo nem
tento uma conversa com ele, é tão sínico.

- Tu não achas que o filho de Sr. Marques é completamente o oposto deles? - Digo
despertando a atenção dela - É que.
- É que nada tu nem o conheces- diz certinha, sendo que sabe que está.

- Acho que nem preciso, quem é que aparece atrás de alguém para pegar uma palhinha se já
tinha. - Reviro os olhos.

- De loucos fazer isso, a pessoa certa que tocaria nesse clima seria Theodore Finch beijando
Violet Markey com bigode de café com leite.

- Cala boca que ele se suicida depois, mas como é que sabias que ele tinha uma se foi buscar
outra?- diz com as sobrancelhas erguida.

- Eu não sei? Palpite. - Malia revira os olhos e me riu da cara dela segundos depois sinto o
mesmo perfume passar por nós, olho em do direção da vinda do cheiro.

O sinal tocou e fomos direto para as nossas salas, primeiro tempo as aulas escolhidas por cada
aluno logo se encerra o dia com a participação dos clubes subscritos.

E estou em artes.

A sincronização de cores e esculturas esculpidas dos olhos de uma pessoa são denominados
Arte, pelo menos para mim, meu avô me ensinou a pintar quando tinha 4 anos e desde então
venho explorando o mundo artístico desde que me entendo por gente.

Onde o corpo nu não é divulgação e sim a mais bela obra já feita na humanidade.

As obras que meu pai criavam e vendia, bem jovens já haviam aberto uma loja artesanal e
ajudo quando tenho tempo livre, fica sempre movimentada com o stock semanal das coisas
que criu, então me sinto no dever de o ajudar.

- Sofia será a presidente do clube de Arte este ano. - Diz o professor chamando minha atenção.

Quê?

- A maior parte dos votos foram em teu nome, espero que trabalhes duro como todos os ex-
presidente deste clube. - Diz glorioso.
- Sim professor! - Levantei me dirigindo para frente da turma que aplaudia.

- E este ano junto com a presidente teremos um novo membro para a nossa pequena turma
de cinco estudantes. - diz com expressão vitoriosa.

Desde sempre fomos poucos mas muitos pelo companheirismo e ter um membro novo é mais
uma Vitória, ainda mais agora que estamos no segundo ano.

Porque se tivéssemos menos de quatro o clube provavelmente seria anulado pela falta de
membros e perder o clube a essa altura seria, sei lá.

- Dê boas vidas ao Ogun. - a porta é aberta.

Continua...

Capítulo 2

As palmas soavam lentamente quando seu rosto sério virou -se seus olhos mais uma vez se
encontraram com os meus.

- Como pode, como pode alguém tão rude ser amante de Arte - Pensei no momento que me
revirei diante o contacto seu perfume se aproximava mais e mais.

- Prazer em conhecê-la, presidente espero que cuide bem de mim. - ele diz com o mesmo
sorriso de antes.

E é mais atraente de perto, quer dizer, para as meninas que cochichavam e o reparavam bem
seduzidas.

- Bem podem sentar-se, vamos cuidar bem de Ogun como cuidamos uns dos outros. -chama
atenção dos que olhavam para o Aluno.

- Daqui alguns dias teremos uma excursão fora do país mais precisamente em Veneza, me
reunirei com o diretor e os presidentes do clube para quarta-feira, até amanhã turma. - pega
seus livros e se retirando após.
Sendo apenas o primeiro dia ele chamou até atenção de meninas de outros clubes que não
paravam de olhar para a sala quando passavam.

- Ei famosinho, vamos embora. - chama uma menina junto com outro rapaz.

- Vamos Sofi? - Malia diz na porta chamando minha atenção e acento com a cabeça.

- Achas que Mônica Bergamo só por ter escrito Almas Ligadas, faz dela uma bruxa? - se refere
ao debate na sua turma, ela está no clube de Literaturas desde sempre aprendeu com grandes
autores, mesmo não mostrando muito. - o conto parecia tão realista que deixou até a
professora com dúvida. - olha para o céu cinzento.

- Humm, Vai chover. - Diz enquanto procurava pelo guarda-chuva.

Minutos depois o vento forte e o cheiro de grama molhada invade o espaço.

Alunos corriam para não se molharem perante a chuva forte, mas Marcos estava parado não
muito distante de baixo olhando para as gotas de chuva que caiam.

Meus pés caminharam na direção dele involuntariamente e cada vez mais aproximava mais
seu cheiro suave substituía o da grama molhada.

Ele parecia tenso e distante, como se o clima o reconfortasse.

- Tenho um guarda-chuva se quiser. - Digo o estendendo e não obtenho resposta, cutuquei-o


até que o rosto dele se vira para mim.

- O que você acha se eu saísse sem um guarda-chuva? - perguntou sério.

- Ah, provavelmente pegarias um resfriado.

A chuva caia mais fria que o tempo de cacimbo, mas não que estivesse preocupada se ele
pegasse um, claro.

- Onde estão seus amigos??


- Eles avançaram primeiro - ele diz quase pegando o guarda-chuva, quando uma garota pula
nele.

- Finalmente te encontrei achei que tinhas ido embora sem mim. - a expressão dela muda ao
me ver.

- Podemos partilhar o meu guarda-chuva, vamos, vamos. - puxa o braço dele colado entre os
grandes peitos dela.

E logo ele pega o guarda-chuva da minha mão e caminha com ela em seu braço.

- E...Ei! - Digo sem êxito.

Ele era tão alto que quase não coube no guarda-chuva no dela direito, mas.

- É melhor deixar o casal ter suas cenas romântica - pensei.

- Vamos Sofi! - grita Malia atrás de mim.

- Onde está o teu guarda-chuva?? - diz abrindo o dela.

Como pode ser tão um ser humano tão desprezível? Mal educado. Ordinário e muito mal
agradecido?!

Será que é namorada dele? Sr. Marques não falou de ter uma, porquê que ele diria mesmo?

Suspiro.

- Esquece o guarda-chuva, vamos comer. - Digo e os olhos dela brilham.

- O que aconteceu quanto a ele? - diz se referindo ao Marcos. - Teve uma conversa com ele. -
Diz surpresa.

- Ele está no clube de Arte também, o nome é Marcos. - piso numa poça de água.
- Amiga dele está no clube de literatura também, teremos de fazer um projeto amanhã. - Diz
ela hesitante.

- E não vou poder sair contigo amanhã cedo. - Diz esperando minha resposta, talvez seja
coincidências mas estranho é logo no primeiro dia.

- Deveria achar isso estranho não? Nunca mandam trabalhos no primeiro dia. - dou uma pausa
longa e ela olha para mim.

- Mas trabalhos são trabalhos. - Suspiro, mais uma vez ela hesita em algo.

- E vou ter que ir para casa agora mesmo. - comprimiu os lábios de forma insegura.

- Eu vou ficar bem, ninguém vai me raptar. - levanta os ombros tranquila

Essa é a tranquilidade a dela que realmente que dá-me sim motivos para ficar alerta perante
esta situação.

Quando ela faz isso é normalmente para me tranquilizar com noção do que vai fazer, ouço o
táxi chegar fazendo ela se apressar.

- Está bem, vou ter que ir na mesma ao mercado.

- Até amanhã, adoro-te. - entra no carro que chegou e minutos depois perco ela de vista.

Permaneci parada até o mesmo sair.

E lá estava a mesma garota de que falava.

Os olhos nunca mentem, sinto nela cada murmuro das palavras dela, das poucas vezes que
acontecia vinha dia seguinte correndo contando das próprias acções.

Será que desta vez vai ser a mesma coisa?

Capítulo 3
Diante de tantas questões sem respostas, enquanto o carro andavam e o perdia de vista.

Pessoas saiam dos táxis que chegavam e outras corriam desesperadas para entrar depois que
ouviam o cobrador subir.

Nunca fui boa em mentir e nunca gostei de mentiras, só pelo quão longe pudessem ir, a última
vez que menti para minha mãe foi quando tinha quarto anos, tinha estragado a rosa que meu
pai tinha dado para ela no aniversário.

Era linda demais para ficar num jarro com água então decidi plantar ela no jardim sem que ela
desse conta mas no dia seguinte a Rosa morreu quando minha mãe descobriu foi grito atrás de
grito, logo fugi chorando para o parque tinha próximo de casa sem falar a ninguém e foi aí que
conheci Malia.

Ela me abraçou e secou minhas lágrimas quando matei a Rosa da minha mãe e quando fui
usada de objeto sexual no colegial.

Suspiro.

Estou preocupada demais com ela, mesmo sabendo cuida da sua própria vida.

- Vai ficar aí parada por quanto tempo? - Sussurrou uma voz grossa e roca no meu ouvido,
automaticamente me virei assustada e era Marco todo encharcado.

- Não foi intenções te assustar, talvez um pouco.- segura minha mão e se aproximava
enquanto as pessoas caminhavam lentamente, algo absurdamente desumano bateu na minha
testa.

- Obrigada pelo guarda-chuva, presidente. - colocando-o na minha mão.

- Me chama de Sofia. - Digo sentindo a dor agusar na minha testa.

- Mas você nem usou. - me refiro ao estado dele.

- Ah, eu usei. - Diz sério.


- Porquê que estás molhado então?

- Nada demais.

- Entendo, você vai apanha uma gripe assim molhado.

- Não apanho essas coisas. - coça o nariz.

- Esperando alguém?

- Não.

- Então vai ficar aí sem fazer nada.

- Não.

- Onde está indo?

- Ahm, onde estou indo. - Penso

merda!

Abri minha mochila rapidamente procurando alguma coisa que me fizesse lembrar o que iria
fazer .

Capítulo 4
Levanto a cabeça para as estantes cheias de produtos para o cabelo, me deixam indecisa de
qual comprar.

Suspiro.

É difícil escolher pelos mais benéfico porque todos são!

- Por que não tira o de óleo de Coco?

- Porque tem o de amêndoas. - Digo lendo a fórmula de dois ao mesmo tempo.

- Tira o de óleo de Coco.

Cutuca com o carrinho e me viro para o tamanho barulho de coisas nele e estava quase cheio
de besteiras.

Levantei meus olhos para o rosto dele sorrindo com o hidratante na mão.

- Cara, você só saiu por cinco minutos! Para quê isso se Sr. Elisabeth faz melhor?!

- Eu nunca disse que não gosto das comidas da minha mãe. - pousa-o no carrinho.

Arqueie as sobrancelhas vendo ele pensar cautelosamente no que dizer.

- Só estou enjoado de tanta comida boa. – minimalisa suas palavras.

Respirei fundo e aceitei o facto, mas não do produto.

- Não disse que queria o Óleo de Coco.

- Eu não perguntei. - andou até o caixa.


Mesquinho. Arrogante. Sínico. Metido é isso que ele é, porquê mesmo aceitei a companhia
dele?

Parou de andar e bati nas suas costas.

- Cuidado onde anda. - Disse apoiado.

- cididi indi indi. - Sussurrei.

~Minutos depois~

- Obrigado e volte sempre.

Suspirei ao sentir o vento frio e os raios de sol quente da tarde, depois de tanta chuva.

- Carrega esse saco por mim, por favor. - Diz com cinco deles nas mãos.

- Você comprou você carrega.

- Que homem bonito e alto. -

Olho para trás.

- Vá falar com ele Sara. - deu um pequeno empurro.

Um grupo de quatro meninas se aproxima dele fazendo uma rodinha.

- Oláa, tudo bem? Estás acompanhado querido? Minhas amigas e eu vamos jantar gostaria de
vir connosco?

- Estou acompanhado, Desculpe.


- Onde? Não está com ninguém. -olhou para os lados.

- Estou com ela.

Aponta com o queixo, logo elas mudaram sua expressão ao me ver.

- Ah, mil desculpas não a vi, está...tão distante de ti. - Baixou o tom.

Sendo que estava a cinco passos atrás dele.

- Namoram? - Aproximou ainda mais.

- Sim. - Respondeu rápido.

Quê?!

- Não! Não namoramos. - Digo o empurrando mais longe possível delas.

- Qual é a tua?! A garota que estava contigo não é a tua namorada?! - Perguntei impaciente.

Mudou sua expressão seria pensativo.

- Estás a te referir a Ludia?

Respondi erguendo as sobrancelha.

- Não é mais.

- Eu não tenho nada a ver com isso, mas por favor não sai por aí dizendo que namoramos,
porque nunca vai acontecer.

- Nunca diga nunca. - Virou o rosto caminhando até a paragem.


Mas qual é a desse psicopata?! Terminou o namoro para dizer que está com alguém que nem
conhece?! Quê tipo de piada é essa?

Porém.

Ludia nunca teve boa fama diante a todos do colégio, ela sempre procurava motivos para
briga com novatos depois de ter ficado com eles, esperai!

- Você namorou com Lubia?! - pergunto com os olhos arregalados.

- Sim, por um ano. - diz sem mudar sua expressão.

Nunca havia chegado tão perto umas das vítimas dela, maioria deles são cara rebeldes,
delinquente, mal criados com caracter ameaçador.

E de todos ele parece só ser estúpido e metido.

Levanto o olhar para ele.

Capítulo 5

2018

Quarta-feira

16 de setembro

Me levantei antes do despertador tocar enquanto a Casa toda dormia e o céu escuro clareava,
sentei na janela e fechei os olhos ao sentir o atmosfera fria.

Liguei o celular para ver o horário e são exatamente 05h, Gizmo meu gato que já estava
acordado.

- Bom dia Gizmo. - gorgonava do meu lado.


Me arrumei rápido e desci para fazer o comer quando encontro meu pai no sofá dormindo.

Não era de se pensa e duas vezes.

Me aproximei pisando forte e ele despertou.

- O que aconteceu agora pai? - Digo me sentando no braço do sofá.

- O mesmo de sempre.

- Ainda não entendo o motivo de não tomar os medicamentos - levanto até a cozinha logo ele
espreguiça dando um grande bocejo.

- Me dão náuseas só de os olhar, me deixam mais doente ainda.

- As alucinações só param se tomares. - entrego um copo de água com os comprimidos. -


Tome, por favor.

- Não tens de sair agora? Vais te atrasar. - recebeu

- Eu não estou atrasada, mas vou sair agora. - sento do lado dele dando um beijo no seu rosto.
- Se cuida pai, eu voltarei um pouco tarde.

- Cuida te por favor, adoro-te. - Beija demoradamente minha testa.

Fui ao café pensando nele.

Fazem três meses que declararam minha mãe falecida a procura por ela havia acabado mas
meu pai não aceitou sua morte mesmo depois do enterro.

- Bom dia Sr. Marques. - Digo fechando a porta.


- Ora, bom dia pequena Sofi, Malia não vem hoje? - Pergunta enquanto arruma os pães.

- Tem mais coisas para fazer. - pousei a mochila numa cadeira indo cumprimentar Sr. Elizabeth.

- Bom dia Sr. Elizabeth.

Entro na cozinha não a encontrando, então caminho para o primeiro andar.

- Licença Sr. Elizabeth?

- Bom dia Sofia.

Pulo ouvindo a voz na porta de um dos quartos e era o Marco.

- Ela foi ao mercado mais cedo. - diz encostado à porta de braços cruzados.

- Bom dia. - ando quase correndo para o andar de baixo quando sinto meu braço ser puxado.

Merda.

- Eu não mordo. - diz apertando mais minha mão.

Na realidade é que não quero ficar num espaço só com ele, além de não sentia uma boa áurea
sobre ele.

Já basta ter de aturar esse cara bonita durante as aulas. Não dá mais ter de olhar para ele aqui.

- Estás a me machucar. - tento me soltar

- Se eu soltar foges.
- Estás a dar-me mais razões para fugir.

Logo regue uma sobrancelha e me solta me dando as costas.

- Quem está aí mano? - grita Natália que saiu de outro quarto. - Ah! Bom dia Sofia.

Pisquei duas vezes boquiaberta, era só o que me faltava.

- Ele é teu irmão?

- Sim.

- Adotivo?

- Quê? Não, eu sei que sou mais bonita que ele, mas não. - Disse passando os dedos entre o
cabelo.

- Está na hora juventudes. - avisa Sr. Marques no andar de baixo.

As ruas estavam tranquilas, e eu como sempre atrás de todos.

Ainda mais com aquele ser mantendo 100% a distância dele.

- esperem um pouco! - Grita Malia quase sem fôlego nos alcançando.

- Vocês tiraram a cera dos ouvidos hoje? Credo. - apoia as mão sobre o joelhos.

- E que pressa é essa se vamos para o mesmo lugar Malia? - diz Natália com as mãos na
cintura.

- Aah, esqueçam vamos. - apoia no meu ombro.


- Tu nem correste tanto assim, então para de drama. - pego uma garrafa de água do bolso da
mochila. - Toma.

Estávamos a conversar durante o curto caminho, Malia não parava de ri alto e Natália chamava
atenção a ela por conta disso que me fazia soltar sorrir, Ogun distraído a três passos a frente
de nós não desviava o olhar nem para própria sombra.

- Bom dia meu amor. - Diz uma voz falsamente fina.

Amor??

Capítulo 6

Bom dia meu amor.

Amor?

As mãos dela se entrelaçaram com as dele, aqueles olhos de víbora ameaçadores brilhavam
para ele.

Mas o que é isso afinal?

- Vamos à festa de sexta a noite não vamos? - diz na tentativa de ser fofa.

- Festa? - sorriu pensativo.

- Sim a do Danso.

- Claro que vamos. - olhou para mim com sorriso forçado me arrepiando.

Natália olhava para ele entediada.


- Eu vou embora. - Dá as costas revirando os olhos.

- Espera! - Malia me puxa deixando eles pra trás. - Desde quando que eles estão juntos? -
perguntou horrorizada.

- A um ano e poucos meses. - Digo ainda sem entender nada. Quem mentiria sobre terminar
com alguém que não o respeita.

Ano passado um dos rapazes com quem Ludia se envolveu foi preso por abuso psicológico e
sexual, ela alegou que acontecia várias coisas entre eles e todos os outros que diziam ser seus
amigos confirmaram.

Por conta disso todos os alunos acham problemático aproximar se dela. O que mais acho é que
foram poucas as vezes que apanharam de verdade.

~*~

Depois da última aula terminar.

- Sofi. - diz Malia chamando minha atenção. - que bicho te mordeu? faz cinco minutos que
estou te chamando. - levanta a mão até minha testa.

- Para, não tenho nada. - tiro a mão dela da minha testa e me levanto pegando a mochila.

- Tá bom então. - pega a mochila confusa, quando ele passa sorrindo pelo corredor.

- Que bicho mordeu nele? - ergo uma sobrancelha.

- Nele quem? - aparece do meu lado.

- Ninguém! Vamos estás atrasada não achas?? - Digo empurrando ela.

- Não sou a única atrasada aqui. - sorri certinha. No mesmo momento ele passa a frente de nós
e olhou para mim a sorrir.
Nunca soube existência dessa pessoa a meses atrás e muito mais agora que sei, as expectativas
não mudaram ao que se trata dele.

Fui ao clube já me deparando com reuniões e mil e uma coisa para fazer.

Vou até meu lugar com os matérias e me sento, até alguém arrastar uma cadeira do meu lado.

- Sempre distante dos outros presidente? - diz sorrindo.

- Não de todos.

Riu colocando as pastilhas acrílicas no estojo.

- Espero que estejam prontos, não sou todos os dias que temos a oportunidade de sermos
reconhecido. Então imaginem e sejam criativos. - Disse de braços cruzados caminhando pela
sala, olhando para o material dos outros alunos.

Olhei para a tela em branco tal como minha mente. Das poucas vezes que isso acontecia era
por conta das distrações, mas hoje não!

Segurei o pincel e comecei com a pintura.

Focada.

A imagem de uma mulher, com cabelos negros ondulados a deriva na água, vestida de branco
que transparência as partes íntimas e olhos negros não brilhavam, ocupou o clarão.

Minhas mãos traçaravam cada detalhe da minha imaginação.

Dizem que o cérebro não é capaz de imaginar e nem criar cores.

Mas fui capaz.


E a cada pincelada inusitada sentia que mais morta a mulher estava...

- Quem é? - Ogun se referia ao que desenhava.

- Segredo.

- Humm~

- No evento estudantil todos os quadros vão estás na exposição que nós do clube vamos
apresentar. Grandes artista provavelmente vão estar presentes. - Diz com brilho nos olhos.

-Ano passado o quadro de um ex-participantes do clube foi comprado por um Árabe, hoje
trabalha com ele com grandes obras. - Disse Isa empolgada para Ogun que é novo.

- Estou com o mesmo pressentimento que o ocorrido no ano passado. - Diz Ogun sorrindo.

~*~

No término do clube.

- Sofia preciso falar contigo. - se aproximou Prfs.Miguel.

- Aconteceu alguma coisa??

- Ludia esteve aqui na sala depois que todos saíram. - coçou-se incomodado. - Quando entrei
ela disse-me que esqueceste de algo e pediste a ela que fosse buscar, sei que vocês não são
próximas, só queria ter certeza de que ela entregou o que esqueceste.

- Ah, sim ela me entregou.

-Menos mal. - sorriu aliviado então vejo te na aula de amanhã. - pegou suas coisas e saiu.

- Até amanhã... - Disse sem graça.


faltavam doze para as quatro da tarde, fui até o jardim do colégio onde um dos integrantes do
grupo de jardinagem estava a cuidar das Margaridas, estava calma já que é mais frequentado
pelos do clube de jardinagem.

O cumprimentei e me sentei debaixo da sombra de uma árvore pensando no que Prfs.Miguel


havia me dito. Porque razão ela mexeria nas minhas coisas? mesmo sendo mal difamada não
deixa nem um pouco a rebeldia de lado. o quê que tinha esquecido que era do interesse dela?

Fiquei apoiada na árvore pensando em mil e uma coisa.

Meus pensamentos fora interrompidos com o barulho não muito distante, do jardim Já que
depois das grades para lá São só árvores.

me levantei e caminhei em direcção, quanto mais me aproximava mais barulhos estranhos


ouço.

Não demorou muito, até simplesmente ver Amira beijar minha amiga debaixo de uma árvore.

- Mas que...

continua...

Capítulo 7

05:30PM

Domingo

13 de setembro

A loja estava pouco movimentada, Leila estava ajudando meu pai com as entregas e
atendimentos então estava liberada.

- Vou ao mercado pai, vai precisar de alguma coisa?


- não obrigada filha, vai com cuidado. - diz concentrado no computador.

Quem olha para seu rosto cansado não por conta do trabalho e sim pelas medicações e o
horário de dormir parecia nem se sentir no terra, olhou para mim e sorriu voltando-se para o
computador e me dirigi para o caixa onde estava Leila.

- Vou ao Mercado.

- Ah, vai com cuidado. - Diz e fecho a porta, o sol da tarde e o vento morno nas sombras da
tarde. Confortava quem sentava nos bancos a espera de um táxi, no meu caso avancei
esperançosa a paz ao mercado que ficava não muito distante de casa.

Havia um pouco de pessoas concentradas no que comprar, peguei o carrinho andando á


secção das frutas.

Colocando algumas na sacola de pano que trouxe e me direccionei para outra secção. De longe
r um grupo de jovens conversando, quase gritando pelos corredores, não era tão difícil de
saber que era o grupo de Ogun gritando como se não tivesse ninguém pelos corredores, ele
olhou para mim e logo desviei o caminho.

- Ei! esperem por mim. - gritou uma voz muito familiar.

- Malia? - sussurrei vendo ele ir ao encontro deles e abraçando Amira que sorria com ela nos
seus braços.

Não conseguia desviar o olhar dela, mas virei para que ela não soubesse que estava não tão
distante dela, desde quando eles se tornaram tão próximos a Malia? Até quando ela vai querer
manter esses encontros em segredo? meus neurônios estavam distantes demais para me
conduzir ao que faria num momento como esse.

Não farei nada até que ela mesma tome iniciativa de contar algo eu já soubesse, não é nem a
primeira vez que me esconde algo mas sempre explode contando tudo do princípio ao fim.

- Sofia, cuidado!! - levantei meu rosto amargurado parando bruscamente para a criança que
estava no meu caminho.
- Ah meu Deus mil desculpas. - deixei o carrinho indo para criança que chorava - onde está a
tua mãe bebê?

- Peldi* minha maaamã!!. - choramingava assustada, segurei sua pequena mão e levei para o
segurança com uma mulher que parecia estar a procura da dela. - Mamãa! - berrou e largou
minha mão.

- Ah minha filha, muito obrigada moça, muito obrigada. - segurava firme sua filha aliviada.

olhei a cena lembrando da minha mãe, se eu tivesse a mesma idade que ela e tivesse me
perdido...será que ela procuraria por mim? Tendo a mãe ausente nunca tive afinidade
materna, nunca conheci os pais da minha mãe nem seus irmãos. Nunca soube como é ter uma
mãe.

Desde pequena que fui criada pelo meu avô e pelo meu pai.

me agacho ficando da mesma altura que ela. - Não fica muito distante da tua mãe tá? - sorriu
fazendo ela limpar as lágrimas fazendo sim com a cabeça e abraçando a mesma.

Me despeço e vou em busca do carrinho que deixei através da correria.

- Onde estas tu?

Me virei para a secção onde encontrei a criança, mas o carrinho não estava lá.

- Procurando o carrinho que tinha uma sacola de pano? - diz a moça que arrumava as
prateleiras e respondo sim com a cabeça. - Um jovem alto levou ele para a secção dos pães.

- Um jovem? Obrigada. - caminho até lá encontrando o carrinho sozinho com as coisas dentro.
- Que estranho...

Me dirigi ao caixa pagando as coisas, subi na bicicleta colocando a sacola na cesta indo para
casa.
abro a garagem para guardar a bique e Leila desce as escadas trancando a porta secundaria da
loja.

- Até amanhã Sofia. - guarda as chaves.

- Até amanhã.

- Ah, seu pai não está em casa, ele foi resolver o problema na papelaria.

- Entendi. - aceno e entro deixando a sacola na bancada guardando as frutas.

E um papel cai quando tiro o leite da sacola, um bilhete...

- um convite.

Capítulo 8

13 de Setembro~

A raiva que continha minutos atrás havia explodido quando Malia chamava pelo meu nome
inúmeras vezes enquanto corria atrás de mim pedindo que parasse.

Corri mais rápido que pude deixando -a para trás, até a clube de Artes.

Não tinha nada no que pensar, para me aliviar. Todo que sinto muita das vezes não passam só
da noite para o dia.

Não conseguia mais ouvir, mas a voz dela ecoava na minha cabeça. Permaneceu ela em
silêncio por dias. Idiota acreditei nas desculpas esfarrapadas quando precisava dela e todos
aquele os compromissos não passaram de mentiras para molhar a boca.

Tentei recuperar o fôlego, não sentia mais minhas perna deslizei me sentando no chão,
mantendo a cabeça vazia e foco na minha respiração, além de não ter corrido tanto assim,
perdi o controle rápido . De cada pensamento que tentava ocupar minha mente, certas
imagens não me deixavam descansar.

Não podia me sentir perdida perante a isso.

Levantei tonta, caminhei até a carteira mais próxima e me sentei. Sentia a presença de mais
alguém aqui o forte cheiro de dois perfumes ocupavam metade da sala.

Sem fazer barulho me virei, surpreendendo ao ver quem eram. O rosto dele não mudavam de
expressão quando olhava para mim o sorriso que tanto mostrava não demonstrava nada
demais, seus olhos crus olhava para mim transmitindo um ao queria que nunca havia sentido e
a garota que estava com ele entre suas pernas olhou para mim depois que ele parou de a
beijar.

- Ops. Acho que fomos apanhados. - sorriu sarcástico enquanto Ludia limpava os lábios com o
dedo.

- Há muitos Motéis por aqui. - Digo ainda sentada.

Ludia Riu.

- Infelizmente para ti somos livres de fazer o que quisermos onde queremos. - Segura mão de
Ogun puxando para fora de sala.

É difícil saber o que ele pensa, nem entender quando ele mente.

Não há nada que prove o contrário da personalidade dele menos que ele mesmo. Me levantei
torcendo para que não encontrasse ninguém conhecido até casa. Enfim chegado a paragem
subi aliviada. As árvores dançavam ao vento franco me fazendo pensar demais no quão
inquieta me sentia.

Abri a mochila sentindo o telemóvel vibrar com sete chamadas não atendidas da Malia e uma
mensagem do meu Pai que dizia " Vou chegar tarde hoje, não te preocupes comigo. Cuida bem
da casa, beijos " Suspirei cansada pedindo a Deus que cuidasse dele por mim.
Distraí me olhando para os carros que passavam até a paragem onde ia descer, entreguei os
valores e me pus andar. Sem olhar para trás. Caminhei mais breve para casa, pequenos
suplícios murmuravam não muito distante de onde os conseguia ouvir. Cada vez mais que
procurava a tal voz mais amargurada, dolorida e sem forças que ecoava de um beco entre duas
casas humildes.

Estava escuro demais para ver quem eram, mas o sangue que deslizava pelo declive no chão
mostrou mais ainda o quão perigoso seria se eu ficasse mas fiquei. Firme. Sem mostrar o medo
que consumia pelos súplicos que ouvia que a morte fez o favor de não ir buscar. Me escondi
entre dois contentores do lixo conseguindo ver cada soco forte da pessoa que o estrangulava a
sangue frio. Estava paralisada com os olhos arregalados, quase que conseguia ouvir os
batimentos dou coração e o estômago dando um nó, não conseguia acreditar que estava a
presenciar um homicídio, não conseguia gritar por socorro, o agressor o batia sem dó

Sabia que estava morto depois que de ter engasgado com o próprio sangue que transbordava
pelo nariz. Sem nem ter uma mancha de sangue nas roupas somente nos braços e no chão
onde pisava se levantou pegando um saco preto e se agachou olhando para o rosto
desfigurado do cadáver.

Duas pessoas apareceram e levantaram o saco com o corpo até um carro preto no porta-malas
de um carro. Quando os faróis ligaram iluminou a escuridão, consegui ver quem eram as
outras duas pessoas mas não o homicida, a placa do carro! LD-01-89 gravei na minha mente e
o carro arrancou, me levantei tremula e andei devagar até a rua me encolhendo na parede
horrorizada.

As poucas pessoas que passavam pela rua olhavam para mim estranhas, não conseguia ver o
rosto de ninguém de tão tonta que me sentia, senti alguém se aproximar. - Hey, por favor não
desmaia. - Diz levando meu braço até seu ombro. Era uma voz feminina no era estranha.

- Leila - vomitei a seguir. - Vamos aguenta mais um pouco. - segurou meu cabelo enquanto
dava tapinhas na minhas costas, minhas pernas ficavam bambas aos poucos que me fez
ajoelhar sem forças. Leila tentava me levantar, quando senti ser carregada e perder a
consciência.

Continua...

Capítulo 9

- Por favor pare... - gritou uma voz que parecia estar se engasgando.
- Quem está aí?- Me levantei com as mãos molhadas de sangue e minhas roupas também. -
Que merda é essa...- olhei o resto de sangue no chão, parece ser meu. E o segui.

- Por fa...vor. - repetia fraco várias vezes, logo cada vez mais sangue havia no chão. - Eu morri
por...tua..cau..sa. - rastejava ensanguentado em minha direção, não conseguia me mexer e ele
se aproximava mais rápido.

- Mor..ri...por...tua...cau...sa! - gritou me despertando assustada sufocada com minha própria


saliva.

- Está tudo bem, calma.

- Ele morreu por minha causa! - Grito inúmeras vezes enquanto tossia e lágrimas escorriam
pelo meu rosto.

- Ninguém morreu por tua causa Sofia! - me segurou forte. - Olha para mim! - olhei tremula. -
devagar filha. - me mantenho quieta tentando respirar com a boca por alguns minutos. -
Exatamente, mais calma? - respondo sim com a cabeça. - Toma isso. - estende um copo de
água e dois comprimidos, recebo tremendo os tomo de uma só vez.

Por minutos ainda sem entender.

Minhas mãos estavam húmidas de suor e não conseguia conter a tremeria.

- O que aconteceu? - poiso o copo no meu colo.

- Leila me disse que passaste mal na rua a caminho de casa, um rapaz ajudou a trazer-te. -
disse enquanto abria as janelas.

- Um Rapaz?

- Sim. - Ogun, era o nome, ele veio aqui mais cedo trazer os comprimidos que te dei. - Olhou
para mim apoiado na secretaria. - Não precisas te preocupar com a Escola por hoje, ele vai
avisar aos professores.

- Está bem...
- Agora descansa, tens o dia todo. - Diz e sai deixando que Gizmo entre.

Seus olhos obviamente entenderam o quê sentia, subiu na cama se sentando no meu colo
lambendo meus dedos mais calma, é raro ter um pesadelo não tive um depois de ver o rosto
da minha mãe no enterro dela, mas me fui obrigada aceitar o facto.

Eu deixei... Ele morrer mesmo?

Sentei na cama olhando para fora. Ogun não anda pelo mesmo caminho que eu, não tem
como existir a possibilidade de ser só "coincidência". Se fosse ele não lembraria onde fica
minha casa para voltar pela segunda vez. Pelo menos eu não lembraria, liguei o telemóvel
vendo o horário e são exatamente onze da manhã.

Liguei o Notebook para pesquisar sobre o noticiário de ontem e nada sobre o caso de
homicídio. Só dois foragidos. Pesquisei mais afundo sobre e o tal homem desaparecido

' Homem 24 anos sem identidade fiscal, não foi mais encontrado desde a noite antepassada
desde que esteve numa boate, policiais estão investigando sobre pelo motivo de pertencer
uma das gangues temidas da favela Angolana e era responsável pela expedição de
mercadoria... '

' Jovem que esteve desaparecida por meses foi encontrada morta a beira das salinas. '

Não há nome, nem idade. Nada sobre. Noticiários bem feitos não têm essa falta de
conteúdo, ainda mais de mortes de cidadãos. Nada mostrava a clara evidência do quê
aconteceu com o desaparecido e no momento sei que não me esqueci. Da matrícula do carro.

Se for a uma esquadra próxima provavelmente vão fazer-me perguntas. Mas vou a mesma.
Mudei rápido de roupa e despedi meu pai dizendo que vou a farmácia central, que é mais
distante de casa. A esquadra não era tão próxima à farmácia que me fez demorar um pouco
mais do que o esperado.

Chegando lá, entrei me direcionando a única mesa vazia, onde um senhor de meia idade olhou
para mim simpático.

- Bom dia, o que posso fazer por ti senhorita? - Diz sorrindo me deixando mais confortável.
- Será que teria como achar o proprietário desta matrícula? - entreguei o papel anotado.

E ele suspirou.

- Eu vou fazer o quê posso ao caso, e amanhã venha buscar os resultados. Pode ser?

- Eu preciso achar imediatamente, fui assaltado ontem e o ladrão entrou num carro com essa
matrícula. - menti.

- Entendo a situação senhorita, preciso mandar o dado que me deu para esquadra policial
principal para recolher mais sobre o caso. - coçou a cabeça pensativo. - vou recolher aqui os
pequenos dados para si. - colocou os óculos iniciando a pesquisa.

Estava tudo muito quieto e silencioso. então procurei alguma coisa que me distraísse de tanto
sossego, enquanto olhava para a parede, o barulho de sapatos formais tiravam o pouco
silêncio do lugar.

Dois homens altos, elegantemente intimidados, com tatuados até o pescoço caminhavam
sérios até o gabinete superior um deles olhou para mim, até o barulho de impressora chamar
minha atenção.

- Aqui senhorita, amanhã entrarei em contacto, tenha uma boa tarde. - me entregou um
envelope e me levantei agradecendo.

Tinha nas minhas mãos uma chance de encontrar o carro e entregar o dono à polícia. Mas sem
pistas não posso fazer nada.

Entrei em casa batendo a porta, corri até meu quarto toda desajeitada, sentei na secretaria e
rasguei o envelope que cobria dia folha bem preenchida.

Obrigada velhinho. ~

Não tinham todas mas o suficiente.

' Proprietário
Nome: Daniel Azevedo

Idade: 29 (nascido 24/12/****)

GPS: On

Marca : H***** E******

Adquirido no dia primeiro de junho '

- O que é isso? - perguntou meu pai na porta.

- É...É uma matéria para amanhã, encontrei Malia no caminho... - guardei os papéis
calmamente nervosa na gaveta para que ele não desconfiasse de outra coisa.

Se desconfiasse acredito que não daria a mínima.

- Eu vou ter de sair agora, vais ter de tomar os medicamentos as cinco da tarde. - se aproximou
me dando um beijo na testa. - Cuida-te como sempre fazes. - Sorriu.

- Sim.. - saiu.

Ironicamente ele estava quase certo, além de saber cuidar de mim e ele não saber dele
mesmo. As circunstâncias nos levam a fazê-lo mas mante o foco. ligue o Notebook e dai Entre
ao site de registro criminal e preenchi as lacunas de dados e dei Entre mais uma vez.

Estava nervosa e ansiosa ao mesmo tempo, fui buscar os medicamentos e copo de água
enquanto carregava.

- Achas mesmo que vais encontrar um criminoso que fez questão de transportar o corpo para
impedir evidencias policial? - disse uma voz semelhante à... do sonho.

- Quem está aí?!

Capítulo 10
Ogun

Estava no armazém bem na hora de começar exterminar o capanga os gritos de dor que
ecoam pelo grande espaço de pura dor e sofrimento.

Apoiado nas grades do primeiro andar, conseguia ouvir melhor, o berro, de dor de cada unha
arrancada.

- O cota não mandou ficares aqui Ogun. - apareceu Gahiji com palito de cigarro no boca
apoiado do meu lado.

- Ele não sabe onde estou.

- o facto de seres a nova geração, não significa que tens de fazer o que te apetece. - avança me
deixando. - Vamos? - o segui até o carro.

~*~

Na escola

Desci deixando Danso para trás com Amira. Alunos caminhavam barulhentos até as salas e de
longe conseguia ver Sofia sozinha como sempre ou quase.

- Oh Amira. - Olhou para mim tensa pela maneira que a chamei. - O quê que aconteceu com
Sofia e a amiga dela?

- Achei que soubesses, seu stalkear. - avançou ao encontro de Malia.

Então é isso. Danso olhou para mim como se tivéssemos entendido ao mesmo tempo.

- Golpe baixo Malia. - tentou falar mas sem sucesso.

E as duas saíram até suas salas. Mesmo sendo da mesma sala não tiram um tempo uma para
outra.
Fui direto até a minha que é logo do lado a da Amira.

- Ogun~ - me virei. - Bom dia amor. - me beijou alegre e correspondi.

- Bom dia. - forcei meu sorriso depois que parou. - Vamos para sala? - Ela não responde só
avança obediente e soltei minha mão ao sentir os dedos dela se entrelaçarem com os meus, a
mesma não insistiu.

Como uma boa menina.

Sentou do meu lado e fiquei a conversar com Danso até o professor chegar.

~*~

Depois das aulas

Segurei minha mochila sai da sala a caminho da clube.

Enquanto Ludia esperava por mim impaciente na porta.

- por que essa cara? - perguntei depois que olhou para mim com fúria.

- O Rapaz da sala 11 só fica atrás de mim, mesmo depois das coisa lhe falaram, ele não para! -
gritava enquanto todos que passavam olham para ela desconfortáveis. - ainda a pouco me
puxou com papos melosos. - revirou os olhos.

- Cuida dele que eu tenho de te deixar agora. - Disse sem tirar o sorriso do rosto e a mesma
acenou e saiu pra fora do colégio já que não frequente nenhum clube.

Entrei na sala e só tinha Isa, rabiscando as flores de fora.

- Boa tarde Isa.


- Boa tarde Ogun. - disse tímida querendo dizer algo mais. - Ah, Sabes da Sofia? Ela costuma
chegar sempre primeiro que eu. - disse enquanto mexia a lápis.

- Ela passou mal ontem, amanhã vai vir tenho certeza. - sorri para ela que correspondeu
aliviada.

Me sentei vendo o jardim e alguns alunos que saiam das salas. Enquanto outros integrantes do
grupo entravam se passaram vinte e cinco minutos nada do professor.

- Professor não está a demorar nem nada? - perguntou Ismael se levantando parando para ir
vê-lo.

- Deixa que eu vou. - ele se sentou, me levantei e sai à sala dos professores que só estavam
dois presentes.

- Licença, professor de Artes se faz presente? - perguntei tendo atenção dos dois.

- Ele não veio hoje, vou avisar aos alunos dele. - se levantou e o segui até a sala avisou e todos
saímos mais cedo que o costume.

Me dirigi a saída e mandei uma mensagem a Danso avisando que iria para casa mais cedo.

E fui caminhando para casa e dei uma passada no Sr. Marques, que estava sentado na mesa na
calçada fumando.

- Não deverias estar no clube? - soprou a fumaça.

- Terminou cedo, agradece por ter pensado em ti. - sentei do sei lado.

- Haha, alguma notícia sobre o chefe da Akil?

- Parece que menos um deles não lhe faz falta.


- Então faz ele sentir falta, nova geração. - olhou para mim com os óculos pra baixo. - No meu
tempo essas coisas nem existiam.

- Agora que existem, só mais trabalho sujo.

- Fazer o quê, vocês jovens não param de vagabundar. - Deu de ombro.

- Olá Ogun. - Disse sra. Elizabeth sorridente entre a porta de entrada.

- Olá Sr. Elizabeth, vai precisar de ajuda? - me referi em arrumar as mesas e cadeiras de fora.

- Ajuda é sempre bem-vinda querido.

- Vamos, já está tarde. - Sr. Marques pegou algumas cadeiras e entrou me deixando sozinho
com a esposa.

- Alguma coisa da Sofia? - perguntou com os olhos nas cadeiras.

- Passei por lá mais cedo e ainda estava a dormir.

- Ela é uma boa rapariga, qualquer que seja a tua intenção para atrair ela, não dês o mesmo
fim que mãe... Ela merece melhor. - juntou as mesas e olhou para mim com expressão
tranquila.

- Deixa-me levar as mesas. - carreguei-as até dentro. - Já vou embora. - apoiei no balcão.

- Espera que vou buscar algo para comerem em casa. - caminhou até a cozinha.

- Não é preciso.

- É preciso sim, vocês precisam comer bem. - segurou minha mão e me entregou uma sacola
de papel. - Vai com Deus. - sorri para ela, despedi Marques e sai a caminho da paragem.
As ruas movimentadas pela hora que são as aulas dos clubes já terminaram, pois haviam
jovem com o uniforme na paragem e Natália estava entre eles.

Me viu chegar.

- Não deverias estar aqui~ - se aproximou.

- E tu deverias? - revirou os olhos.

- Sabia que o prof tinha faltado então sai mais cedo, como tu.

- Sua pilantra.

- Boa noite maninho. - Se virou a caminho de casa.

Entrei no primeiro táxi que chamou, esperei que chegasse a paragem, quando vi a Delicada da
Sofia sair de um edifício ao lado de Malia.

Hum~

Capítulo 11

- Ele nÃo vAi paRAar atÉ quE deixE de ser seu hobby. - Disse.

Permaneci em silêncio.

- TU mE DeIxASte mOrREr nAs mÃoS DELE. - senti o sussurro frio no meu ouvido, que me fez
virar mais assustada do que já estava.

- Eu não sei quem ele é! - gritei e sussurros ecoavam.

Fechei os olhos e me agachei pressionando os ouvidos, tentado ignorar tudo isso.


É só coisa da minha cabeça.

É só coisa da minha cabeça.

- Para. - sussurrei repetidamente.

Os sussurros dele se repetiam inúmeras vezes. Todos com a mesma frase. Minha cabeça doía e
meu cérebro latejava o barulho penetrava meus tímpanos.

- Para! - gritei. - Eu não te fiz mal nenhum. - pressionei forte os meu ouvidos. - por favor. -
repetia, quando senti o toque de alguém e o som irritavelmente fino substitui os sussurros
atormentadores.

- Sofia. - disse, me vendo ofegante. - Merda, o que faço agora. - levantou nervosa e me levou
até o cadeirão e esperou paciente que me acalmasse, respirava mais fundo que podia, barulho
ensurdecedor desaparecia abri meus olhos sem medo, Malia me encarava preocupada. - Estás
bem? - pegou o copo de água me sentei tentando manter consciente. - Tu tiveste
alucinações...como o teu pai. - minha expressão inconsciente mudou ao olhar para os olhos
dela assustados.

- Eu não tive nada disso... o quê que estás a fazer aqui? - Disse e sua expressão mudou
abalada.

- Ah, só vim deixar os biscoitos do pai Natal. - disse sarcástica e me entregou com os
comprimidos. - Não podes negar algo que pesa na consciência do teu pai, não é experiência
agradável para ele, imagina para ti. - deu uma longa pausa, agradeço por não ter perguntado o
motivo. - Vim conversar contigo sobre o que aconteceu, deves estar ainda zangada comigo e
tens motivos. - a interrompi.

- Eu não estou zangada, não mais.

- Desculpa não ter sido sincera contigo. - Disse e me mante em silêncio para que ele
continuasse. - Prometo que não vou esconder mais nada de ti. - levantou o mindinho da
promessa. Permaneci uns 2 segundos olhando para o pequeno mindinho dela e cruzei com o
meu fazendo a jura.

E a mesma sorriu.
- Não voltes a fazer isso comigo. - sorri e ela me abraçou, como nos bons livro de suspense.

- Eu sei que não gostas muito da Amira, mas ela é um amor. - sorriu fraco.

- Acho que ainda não tenho motivos de não gostar dela.

- Nem terás, não tive coragem de contar-te de primeira porque tive medo da tua reação.

- Não iria julgar-te pela tua orientação sexual, independentemente de quem gostes só quero
que sejas feliz. - Digo a mesma sorriu envergonhada.

- Vai ter uma festa na sexta-feira a noite, sei que não se cruzam muito durante as aulas então
essa festa vai ser numa boa - olhou para mim inocente que me fez erguer uma sobrancelha
logo lembrei que tinha um passe de entrada de uma boate.

Fui até o quarto pegar e a mesma olhou para mim curiosa.

- Caiu isso da sacola quando fui ao mercado, não sei como ou quem me deu, mas... - entreguei
o cartulinho e por mais incrível que pareça, consegui ver estrelas nos olhos dela.

- Isso é estranho. - riu.

- Né ?! Não tinha nada escrito nele. - me sentei do lado dela.

- Pelo menos não vou ter que te pagar a entrada. - lançou maliciosa e revirei os olhos. - Ogun
disse me que passaste mal ontem. - mudou de assunto, arregalei os olhos assustada. Será que
conto para ela?

- Bem, eu não apenas passei mal. - hesitei com os dedos formigando. - Alguém foi morto
naquela noite. - Malia olhou para mim surpresa. - Não sei quem foi mas vou descobrir quem.
- Acho que não deverias brincar de policial quando se trata de um Homicídio Sofi. É uma
assassino em breve vão achar ele. - suas palavras me fez revirar os olhos. - Para com isso que
sabes que tenho razão.

- Para que deixar eles demorarem um, dois ou até três anos com algo que eu posso fazer Lia?

Suspirou.

- Deixa disso, não vai acabar bem. - Disse sentida.

Não há nada que possa fazer senão lhe satisfazer, sei que vou mentir mas eu preciso.

- Tá bem, eu deixo. Mas eu preciso que me acompanhes até a casa do Marques. - fez careta. -
Vamos, vamos. - me virei e a mesma seguiu.

- Que horas são?

- 17h. - levantei o pulso.

- Está tarde não achas, o velhote vai reclamar.

- Não vai nada, preciso falar com Natália. - peguei a bicicleta e Malia subiu atrás.

- É só mesmo falar com ela? - perguntou maliciosa.

- Sim! - respondi sem paciência.

- Tá então.

De longe consegui ver Sr. Marques recolher as cadeiras e olhou para trás sentindo a nossa
presença.
- Olá Sr. Marques. - parei na frente e Malia pulou da bicicleta.

- O quê que vos trás a essa hora? - perguntou pousando as cadeiras e esticar a coluna.

- Hum~ Não tem mais idade para isso Marques. - Malia pegou as levando, o mesmo riu.

- A Natália está?

- Deve estar no quarto. - peguei as últimas cadeiras as levando.

Clientes conversando calmamente enquanto comiam do preparo da Sra. Elizabeth tinha cheiro
ótimo que ocupava o espaço.

- Vocês têm fome? - perguntou.

- Eu tenho. - respondeu Malia.

- Eu só vou ver a Natália. - disse e subi as escadas sem olhas para trás. - Natália? É a Sofia - bati
a porta.

- A porta está aberta. - diz e entro.

Estava tudo calmo, não lembro se sentir tão insegura de entrar aqui, bati a porta do quarto
antes de entrar e não estava.

Me sentei na secretária dela e pousei meu telemóvel. A cama estava arrumada, assim como a
estante de livros porém ela nunca disse que gostava de livros.

Peguei a Viola pendurada na parede, meu avô costumava tocar para mim ao Luar quando
íamos a casa dele, não cheguei a aprender a tocar com ele mas sempre o acompanhava na
música.

- Boa noite presidente. - apareceu sorrindo entre a porta. - Alguma coisa no meu quarto. -
arregalei os olhos.
- Teu quarto?

- Sim. - parou na minha frente agachado , que me fez olhar para ele ainda sentada. - Natália
está no outro quarto.

- Achei que esse fosse o dela, estranhei a estante de livros, lês muito. - levantei.

- São só passa tempo, alguns são do meu pai também, sabes tocar? - apontou a minha mão.

- Ah, não, não sei lembrou do meu avô, tocava para mim quando era pequena.

- Deve ser muito nostálgico para ti.

- É, senti falta dele, e tu. - olhou para mim curioso. - Realmente tocas ou só está de enfeite? -
levei onde a encontrei. - Está desafinada.

- Já faz muito tempo que não toco. - me virei olhando para minhas mão empoeiradas.

- Ah...está sujo, quando foi a última vez? - disse sacudindo.

- Antes de viajar, dois anos atrás toquei no aniversário do meu pai como presente e uma
despedida, posso tocar para ti se quiseres já faz muito tempo mas acho que sei alguma coisa. -
sentou-se no chão.

Sorri.

- Não precisas fazer isso além do mais, vim aqui para falar com a Natália. - peguei meu
telemóvel e algo chamou minha atenção. - Quem pintou isso? - me referi a tela pintada na
parede que não tinha visto antes. - É linda. - toquei sentindo a tinta totalmente seca parece ser
antiga.

Era um bosque no tempo em que as folhas caem, as árvores nuas com alguns pássaros, o chão
repleto de folhas secas algo mais distante, parece ser uma sombra.
- O que é isso aqui? - passei meus dedos e não era só uma sombra. - tem um buraco..

- Sofia? - chamou Malia a frente de Natália. - Estás a fazer o quê aqui??

Senti o pequeno suspiro de alívio de Ogun.

- Entrei por engano, no quarto dele achando que era o da Natália. - me virei para ele que
sorria. - Queria falar contigo sobre o clube.

- Ah, o prof faltou e nos dispensaram mais cedo nenhuma novidade. - me sentei no sofá e a
mesma me entregou um copo de água.

Malia estava sentada do meu lado enquanto Ogun se sentava no chão próximo a mesa de
centro.

- Estranho ele faltar assim, quase que nunca falta. - Disse de pousando o copo.

- Sobre a execução de início, não vou poder ir.

- Mas é só no fim do mês, como é que não vais poder ir? - Disse e levantou os ombros.

- Sou alérgica a animais, já falei com Miguel sobre. - suspirei e não respondi.

Olhei para Ogun que também levantou os ombros sem argumento.

Só me faltava essa.

Depois da curta conversa, despedi os donos da casa e saí com Malia que foi direto para sua
casa de tão tarde que estava.
Exatamente 22h, as ruas estava iluminadas porém semivazias passava de uma a duas pessoas,
em uma rua sempre movimentada. Parei na faixa de pedestre esperando sinal fechar para
assim passa, quando deu um frio no estômago que me fez arrepiar.

Quando o sinal finalmente fechou, um carro preto com os vidros totalmente fumados, parecia
com o carro do incidente, assim que o sinal abriu pude ver que não era o mesmo pela
diferença de dígitos na matrícula, mesmo escuro não conseguia ver quem conduzia.

Era tão igual.

Capítulo 12

Abri as cortinas do quarto depois de uma noite boa de sono. Me dirigi a sala sonolenta com a
companhia da Gizmo. Exatamente 8 da manhã, antes de sair para me encontrar com Malia e ir
ao Café, verifico se meu pai dormiu em casa, abro a porta devagar e o encontro no seu sono
mais profundo, não tive oportunidade de o ver chegar, provavelmente estive a dormir me
pergunto as vezes o que ele faz para chegar tão tarde do que devia, não faço tanta questão de
o perguntar pela privacidade que tanto gosta de ter. Entendo, mas as vezes não.

Arrumo meu quarto, tomo banho bem quente, me visto antes de descer as escadas e abrir a
porta para Malia.

- Bom dia flor do dia. - disse sorrindo me vendo do outro lado da porta.

- Bom dia. - fecho a porta, Gizmo mia despedindo. - Sobre a festa de amanhã.- digo e ela olha
para mim curiosa. - Não olha assim para mim, eu vou mas quem mais vai?

- É uma casa noturna, provavelmente vai estar lotado de pessoas que querem dançar e beber
até esquecerem o nome. - Riu. - Já que vamos ficar na VIP só pessoas que conhecemos vão
estar.

- Ogun vai?
- Impossível não ir, imagino que Ludia também vá. - disse e fiz cara feia.

- Até parece que já estiveste numa dessas antes.

- Para primeira vez tenho que estar bem informada, não achas. - deu-me uma pequena
cotovelada.

~*~

- Bom dia para o meu velho favorito. - disse entrando aos saltos.

- Bom dia também para ti Malia. - diz atrás do balcão.

Pouso minha mochila na cadeira e me sento, tirando o foco da probabilidade de Ogun


aparecer a qualquer momento, desde a noite de ontem mesmo não sendo a mais estranha
ainda assim não tenho o bom pressentimento das intenções dele.

- Aqui, comam. - entrega um prato de bolo e dois copos de chá com leite nas mãos de Malia
que recebeu gulosa e agradeceu.

- Como vai teu pai? - perguntou pousando a bandeja. - Não vai ter problema para ele?

- Problema sobre o quê?

- Sobre a "festa" - levantou os dedos simulando as aspas.

- Não vai ter problema, levando em conta que ele vai estar na casa fico mais descansada. - dou
um gole, enquanto conversávamos e perdíamos um pouco do tempo nenhum dos dois havia
descido para o meu alivio.

Enquanto Malia conversava por gestos com Danso que havia chegado a pouco tempo, não
entendia nada do que falavam. Me levantei cansada, com o traseiro dolorido caminhei até a
cozinha, empurrei devagar a porta que estava semiaberta sr. Elizabeth concentrada na limpeza
de costas para mim no balcão do outro lado da cozinha.
- Bom dia. - disse calmamente para não assustar a coitada.

- Bom dia Querida, não tinha notado que estavas aqui. - disse com o sorriso meigo de sempre.
- chegaram a muito tempo?

- Não muito. - me sentei numa cadeira perto do balcão no meio da cozinha.

- Comeram? - perguntou com a sobrancelha erguida.

- Não teria como não comer. - sorri. - Desculpa perguntar, mas porque o nome Ogun? - disse
sem expressão alguma para que não pensasse do pior e a mesma olhou para mim surpresa.

- Bem, Ogun vem de Ogum apenas substitui o m pelo n. Ogum é um deus de uma mitologia
Africana antiga, ele foi um guerreiro contra as misteriosas fraudes que assombravam algumas
aldeias, lutou a sangue frio sem pedir recompensa por isso, algumas vezes sim pelo egoísmos
desnecessário dele, que era para ocultar as necessidades. - disse voltando a limpeza pensativa.
- Minha mãe me contou sobre ele quando era uma pequena moça, um pouco mais nova que
tu, uns 10 anos eu acho. - Disse com a não entre o queixo. - Ogun é um rapaz batalhar e
decidido, tal como o pai. - disse com sorriso entre os lábios e olhou para o lado como se tivesse
chegado alguém.

- Bom dia. - olhou para a mãe sem notar minha presença.

- Bom dia Querido. - disse apontando para mim com os olhos, o mesmo me encarou
desentendido.

- Bom dia. - disse constrangida e o mesmo respondeu sorrindo.

- Estás bem disposta hoje alguma coisa aconteceu? - perguntou pegando o copo no balcão que
a mãe havia deixado.

- Nada demais. - levei o cabelo que estava no rosto atrás da orelha.


- Entendo, vamos? Natália vai no apanhar no caminho. - disse, me levantei e caminhei atrás
dele.

Estávamos todos de saída conversando, como sempre me mantenho em silêncio algumas


pessoal dizem que sou calculista por ser tão calma e não nego, só que o silêncio eu não damos
muito bem, considero muito por observar melhor o que acontece.

Faltavam poucas semanas para a exposição, mal tinha terminado de pintar a minha tela.

Aviso Malia e peço lhe que me avise da chegada do professor e vou até a sala de artes para
terminar a pintura, abro a porta e o silêncio total me fez sorrir.

Abri as janelas, coloquei o avental e peguei os matérias todos numa mesa ao lado da tela. O
vento frio da manhã mesmo sendo tempo de calor, ventilava a sala toda deixando mais a
húmida e confortante. Minutos depois de ter terminado enquanto arrumava, posicionei a
próxima à janela, assim me sentei aproveitando enquanto ninguém me vinha chamar.

Estava tudo tão calmo que quem me visse chatear não hesitaria em lhe gritar, me deixei levar
pelo dançar das árvores mesmo sendo bem cedo ainda era sim bonito de se apreciar, fechei
meu olhos e deixei que toda flora tomasse por mim.

- É cedo para ficares aqui. - sussurrou no meu ouvido um assanhado, me virei tapando meu
ouvido ao sentir o sopro da voz.

- Não é cedo para levares u... - calei-me ao ver que era Ogun só fez me alterar mais. - Tu tens
moral de chegar assim nas pessoas?! - disse sua expressão mudou curioso.

- Estavas tão tranquila, não queria te assustar como nas outra vezes, estavas tão linda. - sorriu
e me virei corada.

- Vai para tua sala Ogun. - pousei o avental na cadeira com a mão na boca. - O quê foi? -
perguntei ao vê-lo concentrar na minha pintura.

- Quando é que vais dizer-me quem é essa mulher? - virou -se para mim e suspirei pesado.
- Explico-te no dia da exposição, vamos? - disse e o mesmo respondeu com a cabeça e saímos
da sala.

- Posso perguntar-te mais uma coisa? - Disse pensativo.

- Sim.

- Namorarias comigo? - perguntou favoravelmente sério.

- Quê?! - espantei corada

- Perguntei se na... - interrompi.

- Eu entendi, mas por que essa pergunta tão de repente?

- Só estive a pensar se alguém como tu namoraria alguém como eu.

- Não namoraria com alguém mulherengo. - desviei o olhar pra frente.

- Ahm?

- Não é de se espantar que eu saiba disso também, qualquer pessoa sente-se a vontade de
falar comigo qualquer coisa. - expliquei e o mesmo entendeu.

- Se eu não fosse, teria uma chance de te fazer minha? - disse sagaz olhei para ele arregalada.

Próximo das salas pude ver o professor a distância perto de entrar.

- Tenho que correr agora. - disse evitando respondê-lo, corri até meu lugar antes que entrasse
primeiro. Assim horas se passaram.

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