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MANUAL DO FORMADOR

Tecnologias de fotografia e vídeo

Designação da Ação/UFCD Tecnologias de Fotografia e Vídeo Carga Horária 50 h

Tipologia de Operação Técnico de Vitrinismo (EFA) Ação n.º

Nome do Formador Bruno Tavares Data Inicio 25/01/2022 Data Fim 04-03-2022

ÍNDICE
1
__________________________________________
PARTE 1 - INTRODUÇÃO
Enquadramento do curso e objetivos pedagógicos__________________________________________ 03
Conteúdos programáticos______________________________________________________________
04

PARTE 2 - DESENVOLVIMENTO
TÉCNICAS DE FOTOGRAFIA
Luz e cor___________________________________________________________________________05
1.1 Luz ______________________________________________________________________05
1.1.1 Tipos de luz ______________________________________________________05
1.2 Cor ______________________________________________________________________06
COMPOSIÇÃO ______________________________________________________________________08
2.1. Enquadramento ___________________________________________________________09
2.2. Equilíbrio de linhas de força _________________________________________________09
2.3. Pontos de vista ___________________________________________________________12
FORMATOS ________________________________________________________________________13
3.1. Médios __________________________________________________________________13
3.2. Grandes _________________________________________________________________15
Câmara fotográfica
4.1 Funcionamento,

PARTE 3 – RECOMENDAÇÕES FINAIS


_____________________________________________________26

BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA
___________________________________________________________27

2
PARTE 1 – INTRODUÇÃO
_____________________________________________________________________________________

Enquadramento
A utilização da fotografia e do vídeo permitiu encontrar uma nova forma de comunicar. Uma
imagem é capaz de transmitir uma mensagem de forma rápida, objetiva e direta, através da estimulação
das nossas emoções, reforçando uma ideia e fazendo-a permanecer no nosso pensamento. A montra de
um estabelecimento atua como o primeiro convite para a fidelização de um potencial cliente.
Posteriormente e este primeiro contato, o atendimento que é prestado ao cliente em todas as fases do
processo da compra (antes, durante e no pós-venda) é crucial para o desfecho não só da compra
imediata, mas também para a garantia de compras futuras. A publicidade “boca-a-boca” é uma das
principais fontes (positivas ou negativas) de divulgação de determinada loja ou serviço. Contudo, com a
era digital cada vez mais presente, é atrás do pequeno ecrã que muitas vezes nos é apresentado o
produto. Atendendo a importância do primeiro impacto, o cliente só se mostrará interessado no mesmo
se a fotografia ou vídeo o “prender” nos primeiros segundos.
O presente manual não serve unicamente para informações detalhadas, não substitui ou anula
outras fontes de informação ou outros recursos disponíveis no mercado. Os recursos apresentados
devem constituir-se como instrumento facilitador e impulsor da reflexão de como pretendemos
apresentar o nosso produto, que tipo de imagem queremos dar à nossa loja, despertando o desejo de
aprofundar os temas e (re)descobrir outras formas de intervenção – fomento da autoaprendizagem.

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
_____________________________________________________________________________________

 Aplicar as técnicas de fotografia utilizando adequadamente os equipamentos.


 Aplicar as técnicas de vídeo utilizando adequadamente os equipamentos.

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

TÉCNICAS DE FOTOGRAFIA
 Luz e cor
o Tipos de Luz (interior e exterior, de estúdio, e de flash)
o Identificação dos tipos de luz – luz incidente, polarizada e refletida; sombras e
modelação
 Composição
o Enquadramento
o Equilíbrio de linhas de força
o Pontos de vista
o Seleção de temas
 Formatos
o Médios – utilização específicas, funcionamento, composição quadrada
o Grandes – funcionamento da câmara técnica, utilizações específicas
 Câmara fotográfica
o Funcionamento, relação obturador/diafragma, focagem, profundidade de campo,
lentes e acessórios
 Película
o Tipos de filmes, características específicas de cada um deles
 Revelação e ampliação do papel
o Tipos de papel, provas de contacto, ampliação integral, enquadramentos e
reenquadramentos
o Suportes digitais
TÉCNICAS DE VÍDEO

 Flash eletrónico
o Características de funcionamento e de utilização
 Instrumentos
o Câmara, equipamentos de leitura, gravação e montagem
o Integração áudio, insersores de iluminação, sistemas de produção

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 Composição
o Tipificação de planos, duração e intencionalidade da imagem, cena e sequência, interação
imagem/som, composição audiovisual da sequência.

PARTE 2 – DESENVOLVIMENTO
_____________________________________________
TÉCNICAS DE FOTOGRAFIA
1.luz e cor
1.1 luz
É impossível não pensar em iluminação quando se fala em fotografia. No entanto, não é apenas a
quantidade de luz que importa para termos um bom produto final. Existem diferentes tipos de fontes de
iluminação que acabam por interferir no resultado final.
Tudo o que envolva a emissão de luz pode servir como fonte de iluminação para fotografia, existindo, no
entanto, alguns recursos principais. Inicialmente é preciso perceber que especificamente existem tês
tipos de luz:
 Luz natural
 Luz artificial
 Luz ambiente
Ao sabermos aproveitar cada diferente tipo de luz, conseguimos entender que todas fazem parte de um
conjunto essencial para se tirar boas fotografias.

1.1 Tipos de luz


LUZ NATURAL
As fontes de luz natural são aquelas que fazem parte do meio ambiente, sendo o sol a principal fonte de
iluminação natural e tendo em conta a sua posição entre os objetos a ser fotografados, a sua iluminação
pode ser mais ou menos intensa. Outras fontes de luz natural são ainda as estrelas, a lua, os raios e as
auroras boreais.

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LUZ ARTIFICIAL
As fontes de luz artificiais são aquelas que estão por todo o lado, como por exemplo:
 Fontes de luz provenientes de faróis de carros;
 De lâmpadas caseiras;
 De holofotes;
 Lanternas;
É possível identificá-las em qualquer lugar do mundo e de acordo com cada fonte existe uma variação
de temperatura e também de intensidade, podendo ser em maior ou menor grau.

LUZ AMBIENTE
A luz ambiente é aquela onde é mais difícil existir controlo, e pode envolver fontes tanto naturais como
artificiais. Neste tipo de iluminação o fotografo não tem como manipulá-la.

1.2 cor
COR DO OBJETO
A cor do objeto representa a cor da luz que permite que o olho veja. As alterações das cores, dependem
ainda do comprimento das ondas.

INTERPRETAÇÃO QUANTITATIVA E DEFINIÇÃO DE CORES PARA FOTOFRAFIA


Todas as cores possuem um conjunto de propriedades que permitem que haja uma variação no seu
resultado final. Conseguimos distinguir diversas cores, no entanto é difícil pontuar exatamente cores
específicas, tornando-se necessário a interpretação quantitativa.

MATIZ
O matiz é o puro estado da cor, sem ter nada de preto ou branco. Está associada a longitude de uma
onda dominante, com a mistura de ondas luminosas. Define-se, portanto, como um atributo de cor que
nos possibilita distinguir o azul do vermelho, e ao percurso que faz um tom percorrer de um lado ao
outro de um círculo cromado.

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As três matrizes primárias são representadas pelas três cores primárias, que ao fundirem-se permitem-
se obter inúmeras matrizes ou cores. Duas cores podem ser complementares uma da outra, quando
estão uma em frente da outra.

SATURAÇÃO
A saturação também é denominada de Croma e indica a palidez ou vivacidade da mesma cor e pode
também relacionar-se com a largura da luz que se visualiza.
As cores puras do espectro demonstram que elas estão completamente saturadas. Uma cor intensa é
viva.

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Outro detalhe não menos importante, é que quanto maior for a quantidade de cor cinzenta, ou quanto
mais neutra for, menos brilhante e menos saturada também será, portanto, qualquer mudança que seja
realizada numa cor pura, automaticamente haverá uma baixa no valor de saturação das cores a serem
impressas na fotografia. Por exemplo, é comum dizer-se que o vermelho está demasiado saturado,
quando trabalhamos uma referência de um vermelho rico e vivo.

COMPOSIÇÃO
A composição refere-se ao posicionamento de pessoas e outros elementos em relação ao plano de
fundo, de modo a que o conjunto pareça um quadro. Em muitos casos, fazer uma fotografia implica a
tomada de um conjunto de decisões quase instantâneas por parte do fotógrafo que vão muito para
além dos aspetos técnicos da fotografia. Na fotografia de rua, por exemplo, o fotógrafo tem apenas
frações de segundo para tomar essas decisões, de forma a organizar os elementos que se deparam em
frente da máquina. Noutros casos, a composição pode ser um processo muito demorado, de escolha de
determinada organização dos objetos ou de escolha de ponto de vista, de forma a criar um determinado
efeito visual. Existem variadas regras que poderão auxiliar o fotógrafo nessa escolha, que são aquilo que
correntemente se designam como as regras da composição fotográfica.
Antes de mais, as regras de composição terão de estar sempre relacionadas com a capacidade do
fotógrafo de observar o mundo que o rodeia com uma visão única e interessada, e de ter a capacidade
de analisar os objetos que estão perante a sua máquina fotográfica de modo a conseguir criar uma
imagem única. Sem esse espírito de observação vivo e único, e se se limitar a replicar as “regras da
composição”, o fotógrafo não conseguirá fazer nada mais senão replicar um conjunto de clichés
fotográficos.

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2.1 Enquadramento
O enquadramento, é o processo pelo qual decidimos quais os elementos que farão parte da
nossa fotografia. Ele define o sucesso ou insucesso do produto final. Quando realizamos o
enquadramento devemos considerar o cenário e todas as coisas que o rodeiam e reduzi-los, de
modo a conseguirmos coloca-lo na mesma fotografia.

COMO FAZER O ENQUADRAMENTO DA FOTOGRAFIA?


Para um enquadramento eficaz deveremos seguir os seguintes passos:
1. Escolher a lente
Este primeiro passo é o mais importante. A lente fotográfica adequada irá fornecer o ângulo
de visão indispensável para uma boa fotografia.
2. Posicione-se
Defina a melhor posição para tirar a fotografia, de modo a que o seu enquadramento
incorpore todos os elementos desejados.
3. Considere o ângulo e direção da máquina fotográfica
A sua máquina fotográfica precisa de “olhar” para o lugar certo de modo a conseguir captar a
foto que deseja, por isso é extremamente importante configurá-lo corretamente.

2.2 Equilíbrio de linhas de força

Foto: Steve McCurry

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Usar as linhas principais na composição de fotos conduz os olhos de quem vê a imagem para onde
gostaríamos. Muitas vezes, compomos as nossas fotografias a partir das linhas principais sem saber. Um
exemplo simples é quando fotografamos a paisagem numa estrada. A própria estrada cria as linhas
principais como podemos ver na foto em baixo.

Prathap DK

O QUE SÃO LINHAS PRINCIPAIS NA COMPOSIÇÃO DE FOTOS?


A linha principal é o que nos leva de um ponto a outro numa imagem. Os nossos olhos seguem
naturalmente as linhas, conectando os pontos inconscientemente e fazendo uma linha, um triângulo
e/ou um quadrado. Este é o poder da linha na fotografia. Ao usar esta técnica para criarmos a fotografia,
estamos a forçar o observador a seguir a linha, levando-o a uma viagem visual. É uma das mais simples e
mais poderosas técnicas de composição fotográfica.

PRINCIPAIS ASPETOS DAS LINHAS DE COMPOSIÇÃO:


Alguns dos aspectos importantes do uso de linhas em sua composição fotográfica são:

– Guiar o espectador pela fotografia;


– Guiar o espectador de um ponto a outro;
– Guiar o espectador para o assunto principal

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Prathap DK

Especificamente na fotografia de paisagem, criar a ilusão de profundidade é várias vezes utilizado. A


fotografia torna-se mais atraente combinando a técnica das linhas principais com a regra dos terços.
Conforme o exemplo, o espectador é guiado a partir do primeiro plano, e através de todo o caminho até
ao fundo. Além disso, o horizonte está no terço superior do quadro, seguindo a Regra dos Terços, e
criando uma fotografia da paisagem dinâmica.

TIPOS DE LINHAS PRINCIPAIS NA COMPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS


As linhas principais podem ser retas ou curvas, e as linhas retas também podem ser horizontais, verticais
ou diagonais. As linhas horizontais induzem a
uma sensação de calma, enquanto que uma linha vertical representa a força. As linhas diagonais podem
ser muito interessantes uma vez que representam energia. Se usadas corretamente, as linhas diagonais
pode fazer uma imagem sem brilho tornar-se mais atraente.

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Prathap DK

A linha curva torna uma composição fotográfica interessante, uma vez que as espirais à volta do quadro
pedem mais atenção. O espectador acabará por observar mais partes da imagem. Uma curva em S é a
preferida por muitos fotógrafos de paisagens pela sua capacidade de se conectar a muitas partes da
imagem. Dá uma sensação de tranquilidade no observador. Uma curva mais apertada, no entanto, pode
induzir a sensação de perigo.

2.3 Pontos de vista


A escolha de um ponto de vista diferente daquele com que usualmente olhamos o mundo ao nosso
redor, permite-nos encontrar relações totalmente distintas entre os objetos de uma cena ou ver um
objeto de uma forma totalmente distinta.
Há tantas fotografias que são feitas ao nível dos olhos que, quando variamos o ponto de vista, podemos
vislumbrar o mundo de uma forma completamente diferente.

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André Kertész: Billboard, 1962

FORMATOS
Antes da era da fotografia digital, as coisas eram muito menos padronizadas. Existiam diferentes opções
de rolos com diferentes tamanhos. Atualmente, com a excepção das câmaras incorporadas nos
telemóveis, temos 3 principais fabricantes mundiais de máquinas fotográficas (Canon, Nikon e Sony) e
dois tamanhos de máquinas principais: Sensores de cultura APS-C e sensores full-frame.

3.1 Médios (utilizações específicas, funcionamento, composição quadrada)


A fotografia de formato médio usa tradicionalmente o tamanho de 120 filmes. É significativamente
maior que o tamanho do filme de 35mm, que é a base da fotografia digital moderna. Da mesma forma,
a fotografia digital de tamanho médio. Um sensor de quadro inteiro tem aproximadamente o mesmo
tamanho de um quadro de 35mm - 36mm x 24mm .
Há mais variação na fotografia de tamanho médio. O filme de tamanho 120 usado tinha 60mm de
largura, mas as exposições podiam ser gravadas com várias proporções diferentes, como 1: 1 (para uma

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exposição de aproximadamente 60mm x 60mm) ou 1.2: 1 (para uma exposição de aproximadamente
60mm x 72mm). Ainda há algumas variações com formato digital médio.

As câmeras de médio formato, sejam de filme ou digitais, têm uma grande vantagem em relação às
câmeras de 35mm: qualidade de imagem.
Como o sensor é muito maior, os fabricantes podem adicionar mais megapixels (até 100MP em alguns
casos!) Sem tornar os photosites no sensor menores do que seriam numa câmera full-frame. Eles
podem usar photosites maiores e ainda ter uma imagem de resolução mais alta. Um sensor Hasselblad
de 50MP, por exemplo, é cerca de 70% maior do que um sensor full-frame de 50MP, como o encontrado
na Canon 5DS. Com uma câmera de médio formato, você basicamente obtém fotos maiores e melhores.

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As imagens de uma máquina de médio formato parecem ligeiramente diferentes e, para muitas pessoas,
melhores do que as de uma máquina full frame ou com sensor de corte. Isto deve-se principalmente ao
facto de terem um campo de visão mais amplo do que uma DSLR teria com lentes de mesmo
comprimento.

3.2 Grandes (funcionamento da câmara técnica, utilizações específicas


O formato historicamente grande é o mais antigo de todos os formatos fotográficos. Atualmente alguns
fotógrafos ainda utilizam máquinas grandes e volumosas. As máquinas de grande formato são
completamente desprovidas de qualquer automação e, portanto, exigem certas habilidades do
fotógrafo na oficina de fotografia tradicional.
Grande formato refere-se a qualquer máquina que grave imagens em mídia igual ou maior do que 4 × 5
polegadas (102 × 127 mm). As máquinas de grande formato são dos primeiros dispositivos fotográficos
criados, e as imagens produzidas são maiores e melhores do que aquelas produzidas por máquinas de
médio formato (em geral de 6 × 6 cm ou 6 × 9 cm), e muito maiores e melhores do que as produzidas
por máquinas de pequeno formato. A principal vantagem do grande formato, seja em filme ou digital, é
a maior resolução no mesmo tamanho de pixels ou a mesma resolução com pixels maiores.
A máquina de formato grande tem 2 paredes. Na parede frontal podemos encontrar a lente, juntamente
com o obturador, e na parede traseira encontramos uma moldura com vidro fosco, na qual a moldura é
feita e a lente é focada na nitidez. Imediatamente antes de fotografar, um rolo com uma folha de filme é
inserido na máquina.
As paredes da câmara podem ser deslocadas dentro dos limites limitados pela elasticidade da pele. Ao
reduzir ou aumentar a distância entre as paredes, o fotógrafo produz um foco nítido. Deslocando as
paredes em planos paralelos entre si, é possível corrigir distorções de perspetiva, e inclinando ou
girando as paredes uma em relação à outra, conseguimos mudar a posição do plano de foco, tornando-o
não paralelo ao plano da estrutura. O controle absoluto da perspetiva do quadro e a profundidade do
espaço representado nitidamente é uma característica exclusiva da máquina de grande formato.
As máquinas de grande formato usam um rolo
na forma de folhas individuais, na maioria das vezes 4x5 polegadas de tamanho (muito menos
frequentemente 8x10 polegadas). Folhas separadas de filme, diferentemente das bobinas, permitem o

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desenvolvimento individual de cada quadro, variando o tempo de desenvolvimento e os reagentes, o
que dá ao fotógrafo controle adicional sobre o brilho e o contraste da imagem futura.

Apesar de todas as qualidades indiscutíveis das máquinas de grande formtato, trabalhar diariamente
com elas é difícil e exige tempo e paciência.

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• Deve estar sempre bem informado sobre as tendências mais atuais, conhecer e saber utilizar os
materiais passíveis de serem utilizados na montagem de cenários (montras e expositores), no sentido de
se obter a melhor solução custo-benefício para determinado estabelecimento.

As principais atividades a desenvolver por este profissional são:


 Analisar as potencialidades de exposição do produto e/ou serviço e o perfil do público-alvo;
 Caracterizar o espaço de intervenção, identificando os pontos estratégicos de exposição;
 Elaborar projetos de vitrinismo para os diferentes espaços de exposição;
 Executar e/ou adquirir os adereços e equipamentos necessários de acordo com o projeto elaborado;
 Realizar a montagem, manutenção e desmontagem das exposições.
(Fonte: Catálogo Nacional de Qualificações – 341028 – Técnico/a de Vitrinismo )

2. TÉCNICAS DE VITRINISMO

2.1. ENQUADRAMENTO: na qualidade de ferramenta de comunicação, a montra deve


encontrar-se alinhada com a imagem do estabelecimento assumindo-se como uma unidade visual que
possibilite a identificação imediata por parte do consumidor.

Neste contexto, é essencial a criação de uma unidade visual para a montra e o estabelecimento
no seu todo, em clara articulação com outras campanhas promocionais do estabelecimento/marca. A

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uniformização é conseguida através de um projeto claro e bem definido no qual o técnico de vitrinismo
assumirá um importante papel.

Em termos de sequência é possível definir os elementos a definir/caracterizar:

Orçamento Definição da verba disponível para cada projeto de vitrinismo – material, tempo
e custo do profissional. Nem sempre grandes orçamentos correspondem a boas
montras, mas importa saber qual a verba disponível antes de se iniciar um
determinado projeto.
Objetivo Após a definição do orçamento, importa analisar o principal objetivo da montra
– embora usualmente seja a venda do produto, podem ainda verificar-se
situações de carácter institucional ou meramente informativo.
Tema Levar em conta o calendário de épocas festivas e procurar tirar o máximo de
vantagens das datas comemorativas. Explorar temas pertinentes que despertem
a atenção do público-alvo. O tema escolhido vai definir as cores e as imagens,
que serão essenciais para a conceção da montra. É importante o profissional
dominar o tema a trabalhar através da pesquisa e consulta de livros, sites de
Internet, visita aos locais, etc.
Público-Alvo Caracterização do consumidor a alcançar: dados socioeconómicos, faixa etária,
etc.

2.2. COMPOSIÇÃO ESTÉTICA


A composição estética da montra encontra-se relacionada com as condições físicas do espaço,
como o seu dimensionamento, o fluxo de transeuntes, sentido do trânsito dos veículos, etc.

É distinto o tratamento dado a uma montra que vai ser vista de perto por transeuntes de uma
montra que será essencialmente visualizada de um carro em movimento. O olhar do consumidor
prende-se primeiramente num ponto cerca de um metro do chão e vai daí passando a direita, a baixo e

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a esquerda. Portanto, na planificação das peças deve-se considerar a visualização no sentido horário
dispondo nesta área os produtos aos quais se deseja dar maior destaque. Elementos muito acima da
altura dos olhos perdem o efeito devendo ser utilizados apenas se a montra puder ser visualizada a
distância.

Para melhor se trabalhar uma montra deve-se levar em conta o equilíbrio, pois é a partir dele
que teremos uma harmonia visual de todo o seu contexto. A partir de um eixo central imaginário,
começaremos a idealizá-la, dividindo a montra em duas partes iguais ou não, explorando a simetria ou
assimetria.

A partir destes dois conceitos de composição, pode se então aplicar outros conceitos para a
elaboração de uma montra com uma composição harmoniosa e perfeita, visualmente falando.

2.3. PALETA DE CORES


O uso de cores, nas montras e expositores é uma das formas mais simples de atrair a atenção do
consumidor. Contudo, e de forma a não cair em exageros nem “combinações berrantes” convém
conhecer a Roda das Cores e as combinações possíveis.

Assim, consideram-se, basicamente, doze cores, classificadas em primárias,


secundárias e terciárias.

 As cores primárias são também conhecidas como "cores puras" e não se


formam pela mistura de outras cores: vermelho, amarelo e azul;

 As cores secundárias resultam da mistura de duas cores primárias na


mesma proporção: verde, laranja e violeta; e

 As cores terciárias são criadas a partir da mistura de uma cor primária e uma cor secundária.

Podemos ainda diferenciar entre:

 Cores Complementares: são aquelas que estão opostas na Roda das Cores. São contrastantes entre
si.

 Cores Análogas: são cores vizinhas entre si na Roda das Cores. São próximas entre si.

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 Cores Quentes: são cores onde predominam os tons de vermelho, amarelo e laranja. Caracterizam-
se como cores vibrantes, alegres, agressivas, sensuais etc., dando, inclusive, a sensação de calor. São
cores associadas à época do verão. Variam do vermelho ao amarelo na roda das cores.

 Cores Frias: são cores onde predominam os tons de azul, verde e roxo. Caracterizam-se como cores
melancólicas, tristes, que proporcionam a sensação de calma e serenidade. São cores associadas à
época do inverno. Variam do verde ao violeta na roda de cores.

 Cores Neutras: são aquelas onde não há predomínio de tonalidades quentes ou frias. São cores
neutras os tons de preto, branco, cinza, castanho e bege.

 Todas as cores apresentam alguns aspetos psicológicos interessantes que podem ser aplicados
consoante o “estado de espírito” que se deseje imputar a determinado projeto de vitrinismo:

Cor Características

Elegância, sobriedade, austeridade. Associada a conceitos tradicionais e intemporais.

Energético, vitalizante, motivador de euforia. Apela a sentimentos associados à saúde, sol,


verão e iluminação.

Pureza, leveza, limpeza, delicadeza.

É a mais luminosa das cores. Estimula o sistema nervoso, convida à ação e ao esforço. Palavras-
chave: luz, ação, vida.

É uma cor quente, radiosa, estimulante, dominadora, excitante, e até agressiva. Apela à
atividade, força, poder, paixão.

É uma cor mística, melancólica, fria. Apela à introspeção, ao distanciamento, à religiosidade

Sensação de frescura e limpeza. Acalma e dá sensação de paz. Lembra a natureza, esperança,


juventude.

Repousa, acalma e revigora. Apela ao descanso, recolhimento, equilíbrio.

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Neutralidade, distinção, classe.

Técnicas básicas para a criação de esquemas de cores

De seguida, apresentam-se os esquemas básicos para a utilização das cores:

Esquema Complementar

 Relaciona cores diretamente opostas;


 Possui intenso contraste, aplicando as cores na saturação máxima,
gerando uma sensação de vibração. Deve ser utilizado com precaução;
 Procure utilizar cores complementares de valor, saturação diferente ou
proporções distintas.

Esquema Análogo

 Combinação de duas ou três cores adjacentes (vizinhas);


 É o esquema mais harmonioso, possuindo uma vibração mínima.
 Neste esquema deverá seleccionar uma cor para ser a dominante,
uma segunda cor para dar apoio, sendo utilizada uma terceira cor
para salientar/dar ênfase (juntamente com o preto, branco ou
cinzento).

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Esquema Triádico

 Combina três cores equidistantes (triangulação);


 Como a intensidade entre as cores são pouco distintas, esse esquema
é mais versátil;
 Pode-se utilizar essa técnica para diminuir a vibração óptica das cores.

Esquema Divídico

 Combina uma cor complementar com mais duas adjacentes (vizinhas)


a ela;
 Essa combinação possui um contraste menor do que ao esquema
complementar.

Esquema Tetrádico

 Combina quatro cores igualmente espaçadas;


 Esse esquema pode ser utilizado como técnica de iluminação;
 Normalmente este esquema funciona melhor se uma das cores for
dominante.

2.4. ILUMINAÇÃO DE MONTRAS

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A seleção da iluminação adequada é um dos fatores essenciais para a criação de uma boa
montra. Caso esta for mal dimensionada, deficiente ou não for devidamente selecionada tendo em
conta as características do estabelecimento e dos produtos comercializados poderá originar uma
desagradável sensação de desconforto no cliente.

Para alcançar bons resultados no que concerne à iluminação do estabelecimento e montra,


deverá ter em consideração:

 O tipo de ambiente que pretende obter;

 O tempo de permanência dos clientes nesse mesmo ambiente;

 A sensibilidade visual;

 A articulação com o projeto arquitetónico, se possível compondo luz artificial com a luz natural ou
outro recurso que ofereça melhor iluminação;

 O consumo de energia.

Uma montra bem iluminada pode ajudar a vender determinados produtos e a promover a
imagem do estabelecimento. A iluminação das montras deverá ser o suficientemente forte para se
sobrepor a reflexos de objetos exteriores, tais como carros estacionados ou edifícios. À noite, a
utilização de iluminação adicional poderá ajudar a tornar a área da montra maior. As zonas mais
escondidas necessitam de iluminação adicional, pelo que poderá complementar a iluminação
fluorescente com lâmpadas incandescentes claras. Para dar ênfase a detalhes como sejam preços e zonas
de informação, poderá recorrer a projetores miniatura portáveis.

3. PRINCÍPIOS DE DESIGN

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Na conceção de uma montra é necessário ter um
conhecimento real dos princípios de design. Os
principais princípios de design utilizados em projetos de
vitrinismo incluem: equilíbrio, proporção, ritmo, ênfase,
cor, iluminação e harmonia. Quando devidamente
aplicados é possível obter-se uma apresentação
harmoniosa, eficaz e esteticamente bem conseguida.

3.1. EQUILÍBRIO
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O equilíbrio refere-se ao equilíbrio existente entre as duas metades de uma montra. O equilíbrio baseia-
se na teoria da igualdade, sendo possível a existência de dois tipos de equilíbrio:

 Equilíbrio tradicional ou simétrico, no qual ambas as metades da montra se apresentam iguais;


 Equilíbrio informal ou assimétrico, no qual ambas as metades apresentam dimensões distintas
(em termos de produto em exposição).

Ao conceber uma montra, considere as seguintes regras relativamente ao equilíbrio:

1. Ao utilizar vários elementos mais pequenos e atrativos, estes têm tendência para ofuscar o
elemento de maiores dimensões;

2. Um vasto espaço em branco com um único objeto destacará chamando a atenção para esse
mesmo objeto;

3. Caso o artigo seja colocado em ângulo ou atravessado, o espaço lateral do mesmo torna-se
relevante;

4. Caos um artigo seja posicionado de forma centrada, então o espaço vazio perderá importância.

3.2. PROPORÇÃO

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É a razão das partes para a totalidade da montra. Refere-se à relação comparativa existente entre as
distâncias, dimensões, quantidades, ângulos ou partes. Cada produto, de forma isolada, poderá ser
“normal”, contudo quando colocado com outros produtos de diferentes dimensões poderá parecer
desproporcionado. Deverá considerar a proporcionalidade dos vários produtos relativamente uns aos
outros.

3.3. RITMO
Refere-se à medição do movimento organizado que o consumidor realiza quando observa uma montra:
do produto dominante aos produtos subordinados, da apresentação principal para as apresentações
secundárias, etc. O ritmo pode ser provocado, claramente apresentado ou subtilmente sugerido,
repetido de forma a “provocar” o olhar.

Quando um padrão é repetido, o impacto junto do consumidor aumenta, tornando-se apelativo para o
mesmo.

3.4. ÊNFASE
É o ponto de contacto visual inicial. É a partir deste
ponto que todos os movimentos do olhar fluem.

A ênfase é, pois, a formulação de um ponto focal ao qual


todos os restantes elementos em exposição se
encontram subordinados. Poderá ser uma dimensão, cor
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ou posicionamento. Regra geral, o ponto focal é um produto que se deseja destacar.

3.5. COR
Contribui significativamente para a atracão do consumidor para a montra, bem como para o
estabelecimento no seu todo. A cor de uma montra atrai o olhar do consumidor e “obriga-o” a parar e
olhar. As combinações de cores selecionadas para o teto, paredes, chão e decoração em geral podem
influenciar o ambiente geral de um estabelecimento. A alteração de um esquema de cor pode alterar as
atitudes do consumidor e a sua perceção de um estabelecimento e pode aumentar (ou diminuir) o negócio.

A cor pode alterar a dimensão e adicionar interesse a um estabelecimento “sem vida”, pode
direcionar a atenção do consumidor para um determinado artigo e também desviar a atenção do mesmo de
determinada área problemática.
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3.6. HARMONIA
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É a base de todos os princípios supramencionados e refere-se à forma como todos os elementos de uma
montra se articulam entre si e contribuem para o resultado final.

Sem harmonia o consumidor sente-se desconfortável e não será atraído pela montra.

Numa montra devem coexistir três formas de harmonia:

 Harmonia funcional, relativa à articulação física dos elementos da montra, que devem ser
realistas e coerentes entre si;
 Harmonia estrutural, relativa ao ajustamento de todos os elementos; os produtos não devem
ser apresentados desajustados ou de forma desorganizada numa montra;
 Harmonia decorativa, referindo-se aos elementos incluídos na montra apenas com fins
decorativos.

PARTE 3 – RECOMENDAÇÕES FINAIS


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Alguns pontos a ter em consideração

1. A montra deverá ser renovada, pelo menos a cada 15 dias;

2. Reveja o estado geral da montra. Não deve apresentar montras em mau estado de conservação,
com lâmpadas fundidas ou acumulação de pó;

3. A montra deve apresentar um aspeto cuidado e organizado (afinal, é o reflexo da imagem do


estabelecimento), pelo que deverá evitar objetos que não “comuniquem” entre si, exposição de
produtos descontinuados/fora de stock, etc.;

4. Crie ambientes segundo a temporada, por exemplo: estações do ano, festas locais, Natal, Ano Novo
etc.

5. O preço deve estar afixado em local visível e deverá eliminar quaisquer mensagens dúbias que
possam induzir em erro o potencial cliente;

6. Faça uma montra alusiva a um evento a cada dois meses em datas importantes, como: o Dia da Mãe,
o Dia da Criança, etc. Apele ao consumidor.

7. Assegure-se que os vendedores possuem toda a informação sobre eventuais promoções indicadas
na montra.

Erros mais frequentes na conceção de montras

1. Demasiados produtos
2. Poucos produtos
3. Inexistência de um tema de suporte
4. Renovação da montra pouco frequente (menos de 2 vezes/mês)
5. Inexistência de orçamento para a conceção de montras
6. Falta de atenção ao detalhe
7. Erros na aplicação de conceitos básicos de design

BIBLIOGRAFIA

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 AFONSO, C. Arte de mostrar, decoração de espaços comerciais, ed. CECOA, 2000

 ARNHEIM, R. Arte e perceção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.

 CATALÃO, JOÃO A. Merchandising da loja, CECOA, 1996

 NOGARE, L. Glossário do Vitrinismo (disponível em www.lizianedallenogare.com)

 POLITANO, S. Moda, Arte e Vitrine: um diálogo com Duchamp. IV Colóquio de moda. 2008.

WEBGRAFIA
“A arte das vitrines por Gaston Louis Vuitton”: https://br.louisvuitton.com/por-br/articles/a-arte-das-vitrines-por-gaston-louis-vuitton
“Abstract: The Art of Design | Es Devlin: Stage Design”: https://www.youtube.com/watch?v=jo4aAVjuh2o

Adobe Color: https://color.adobe.com/pt/create/color-wheel

ANQ - Agência Nacional para a Qualificação: http://www.anq.gov.pt

CNQ - Catálogo Nacional de Qualificações: www.catalogo.anq.gov.pt

“Making of the Kusama Louis Vuitton windows at Selfridges”: https://www.youtube.com/watch?v=MjaWoB3AMRs

“Nike installs Kinect powered interactive window displays”: https://www.youtube.com/watch?v=hP_mYP0sKhY

“Fotografia para iniciantes: Descubra a sua câmara”: https://www.domestika.org/pt/courses/1987-fotografia-para-iniciantes-descubra-


sua-camera-digital

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