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Gestão do Conhecimento
aprender e compartilhar
Gestão do Conhecimento
aprender e compartilhar
Reitor
Targino de Araújo Filho
Vice-Reitor
Adilson J. A. de Oliveira
Pró-Reitora de Graduação
Claudia Raimundo Reyes
UAB-UFSCar EdUFSCar
Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de São Carlos
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Wanda Aparecida Machado Hoffmann
Gestão do Conhecimento
aprender e compartilhar
2012
© 2012, Wanda Aparecida Machado Hoffmann
Supervisão
Douglas Henrique Perez Pino .
Equipe de Revisão Linguística
Clarissa Galvão Bengtson
Daniel William Ferreira de Camargo
Gabriel Hayashi
Letícia Moreira Clares
Sara Naime Vidal Vital
Tássia Lopes de Azevedo
Equipe de Ilustração
Maria Julia Barbieri Mantoanelli
ISBN – 978-85-7600-265-9
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral.
........... SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
10
UNIDADE 1
O que é informação?
Características da informação
A importância da informação
1 Intangível é considerado o que não é físico, e seu conceito envolve a descrição do uni-
verso dos bens, os bens intangíveis, e alguns dos exemplos mais conhecidos são: o
conhecimento, o software, a música, a ideia, a cultura, entre outros. 19
Dizemos que a informação representa um diferencial competitivo, ou seja, é um
elemento que irá proporcionar uma melhor posição da organização no mercado em
relação aos seus concorrentes. Sua importância e relevância estão relacionadas
ao seu uso.
Tipos de informação
O que é conhecimento?
Experiência
A palavra “experiência” deriva do verbo latino que significa “submeter a
teste”. A experiência faz alusão àquilo que fizemos, o que aconteceu conosco no
passado, pois proporciona uma perspectiva histórica, permitindo relações entre
fatos e situações.
Verdade
Verdade ou verdade fundamental ou ainda verdade raiz é o conhecimento
advindo da vida cotidiana, por meio do compartilhamento de detalhes e signifi-
cados de experiências reais.
Discernimento
O discernimento envolve o julgamento de novas situações e informações
à luz daquilo que já é conhecido, e pode julgar a si mesmo e se aprimorar em
resposta a novas situações e informações.
Complexidade
O conhecimento não é uma estrutura rígida, envolve a capacidade de lidar
com a complexidade. A complexidade reside na abrangência e nas diversas for-
mas de compreender o conhecimento, pois quanto mais se compartilha e usa o
conhecimento mais se agrega valor, não esgotando sua criação.
Normas práticas
Normas práticas são consideradas guias para a ação desenvolvida por
22 meio de tentativa e erro no decorrer de uma longa observação e experiência. As
normas práticas são atalhos para soluções de novos problemas, pois recordam
problemas anteriormente solucionados por pessoas ou funcionários experientes
da organização, sendo que esse processo induz ao conhecimento.
Tipos de conhecimento
A importância do conhecimento
Exemplo 1
Um dado numérico assume diferentes significados, passando a ser infor-
mação e desencadeando o conhecimento. O dado numérico 40, no exemplo “40
graus”, é relacionado à temperatura de uma pessoa, passando a ser informação
“pessoa febril” e podendo apresentar o conhecimento médico “necessário tomar
um antitérmico”.
Exemplo 2
A palavra “verde”, quando relacionada ao contexto das cores do semáforo, é
um dado que significa “pode seguir”, desencadeando uma ação e representan-
do um conhecimento incorporado ou convencionado na mente humana.
Exemplo 3
Registro de uma ocorrência numa Delegacia Policial.
Dado – registro do fato ocorrido (nome da vítima, local e horário do ocorrido,
elementos da diligência).
Informação – construída a partir dos dados coletados (perfil das vítimas,
tipificação do fato).
Conhecimento – representa a habilidade de alguém para explorar a infor-
mação disponível, o que permite agir em sequência como resultado de um en-
tendimento obtido. No caso, poderia ser o delegado atuando preventivamente no
local, em conjunto com a Polícia Militar.
Exemplo 4
Período de chuva no Estado de Santa Catarina.
Dado – choveu 100 ml de água em 1 dia.
Informação – uma tempestade atingiu o Estado de Santa Catarina.
Conhecimento – representa a habilidade de como é possível explorar a
informação disponível. Assim, a partir de uma compreensão dessas informações 25
sobre o acontecido, as ações podem ser tomadas. Por exemplo, as ações dos
municípios atingidos, de uma empresa de distribuição de energia elétrica ou em-
presa de telefonia, de uma agência de viagem ou ainda de algum especulador
no mercado futuro de alimentos, entre outros.
Exemplo 5
Conflito no Iraque.
Dado – 50 iraquianos morreram em ataque aéreo.
Informação – o Iraque foi atacado pelos Estados Unidos.
Conhecimento – o fato de o Iraque ter sido atacado pelos Estados Unidos
ocasionará a mudança no preço dos combustíveis, o que fará com que o merca-
do reaja, portanto isso terá impacto em diversos países.
Após compreender sobre dados, informação e conhecimento, vamos rela-
cioná-los com a administração e sua evolução histórica, bem como com a incorpo-
ração do conhecimento como um recurso organizacional.
Administração
2 Em contabilidade, o ativo são os bens e direitos que uma organização possui, por
exemplo: estoques, equipamentos, prédios etc. 27
2.2 Características básicas da gestão do conhecimento
A gestão da informação
31
A gestão da informação e a gestão do conhecimento possuem fortes co-
nexões intelectuais. Entretanto, a gestão do conhecimento apresenta uma visão
mais integrada e ampla dentro da organização, já que o conhecimento está pró-
ximo da ação e deve ser avaliado pelas decisões que estão, de modo geral, na
cabeça das pessoas, implicando a difícil determinação do caminho que vai do
conhecimento até a ação.
Com toda essa exaltação em relação à gestão de conhecimento, será que
a gestão do conhecimento é mais um “modismo” da vida contemporânea que sur-
giu no meio empresarial?
Diversos são os casos de sucesso no mundo e no Brasil (TERRA, 2003),
com várias abordagens e focos, possibilitando reflexões importantes, e, apesar
dos obstáculos quase naturais, a gestão do conhecimento se integrou e fortale-
ceu o gerenciamento organizacional.
Nesse contexto, a gestão do conhecimento tem uma abrangência muito ex-
tensa que envolve e associa conceitos oriundos desde as teorias da administra-
ção até a gestão de tarefas, além da gestão estratégica da informação, cultura
organizacional, memória organizacional, comunidades de prática, aprendiza-
gem organizacional, compartilhamento de conhecimento, gestão de documen-
tos, capital intelectual, criatividade e inovação, mapeamento de competências,
mapeamento de processos, como endomarketing,6 qualidade total, reengenharia,
downsizing,7 comércio eletrônico etc. Envolve também as áreas organizacionais
de recursos humanos, de tecnologia da informação, de planejamento, de finan-
ças, de contabilidade, de marketing, de patrimônio, de produção etc.
Várias abordagens e enfoques são creditados à gestão do conhecimento,
desde um processo envolvendo a “facilitação” ao acesso e uso da informação e do
conhecimento até um processo mental que conforma uma cultura organizacional.
9 Help desk é um termo em inglês que significa o serviço de apoio a usuários para suporte
e solução de problemas técnicos em informática, telefonia e tecnologias de informação. 37
UNIDADE 3
Premissas da aprendizagem
3.1 Aprendizagem individual e em equipe
43
Essa visão foca produtos e/ou serviços, e quanto à aprendizagem em si,
não é devidamente considerada estratégica e nem funcional. Assim, as compe-
tências podem ser classificadas, de forma simplificada, como individuais e em
equipe, compondo as competências organizacionais. As competências individu-
ais enfatizam as características que geram resultados ou contribuições para a
organização, com o foco no indivíduo, e também enfatizam a contribuição que
é esperada a partir da mobilização dos conhecimentos, habilidades e atitudes
(McLAGAN, 1997; AMARAL, 2006). As competências organizacionais, também
chamadas coletivas ou em equipe, segundo Fleury & Fleury (2001), são as ca-
pacidades de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços
distribuídos aos clientes ou usuários. Zarifian (2001) propõe uma classificação
para as competências organizacionais:
Ressalta-se que um bem ou um produto não pode ser produzido sem que
haja uma habilidade de aprendizagem da organização para suportar tal operação
ou processo de manufatura. Deve ficar claro que não se busca negar o conceito
das competências, mas sim tentar demonstrar suas contingências e sua melhor
forma de delimitá-las dentro de um contexto de aprendizagem organizacional.
44
3.3 Aprendizagem e cultura nas organizações
47
UNIDADE 4
Criação do conhecimento
4.1 O processo de criação do conhecimento
12 Estruturas cognitivas centram-se no que Johnson-Laird (1983 apud NONAKA & TAKEU-
CHI, 1997) chama de modelos mentais, em que os seres humanos criam modelos do
54 mundo estabelecendo e manipulando analogias em suas mentes.
• incentivo e gerenciamento das conversas entre os membros da organização;
• utilização de técnicas como brainstorming13 para a busca de solução
de problemas e inovações;
• utilização de redes de comunicação formal para participação, troca de
documentos e comunicação de decisões.
• a intenção organizacional;
• a autonomia dos seus membros;
• a motivação para a criatividade;
• as metas desafiadoras;
• a interação com o ambiente externo.
Criação de conceitos
• a intenção organizacional;
• a autonomia de unidades organizacionais;
• a motivação para a criatividade, dispondo tempo para as experimentações
dos diferentes conceitos;
• o acesso a grandes volumes de informação;
• a disposição para enfrentar uma variedade de situações;
• a interação com o ambiente externo.
Prova de conceitos
• a intenção organizacional;
• a autonomia de unidades organizacionais;
• o acesso a grandes volumes de informação, incluindo o uso adequado
58 da redundância de informações.
Construção de um protótipo
• a intenção organizacional;
• o diálogo e a reflexão coletiva com cooperação entre unidades de trabalho;
• o acesso a grandes volumes de informação;
• a disposição para enfrentar uma variedade de situações.
• é algo pessoal;
• é formado dentro de um contexto social e individual;
• não é propriedade de uma organização ou de uma coletividade.
63
Figura 4.3 Conteúdo do conhecimento criado pelos quatro modos de conversão do
conhecimento.
Fonte: adaptada de Nonaka & Takeuchi (1997).
Aquisição do conhecimento
19 Sistemas especialistas são considerados programas constituídos por uma série de re-
gras que analisam informações, normalmente fornecidas pelo usuário do sistema, sobre
66 uma classe específica de problema ou área de conhecimento ou domínio dessa área.
Mapeamento do conhecimento
A sociedade do conhecimento
21 Royalties: são pagamentos feitos para quem detém o direito de exploração ou de venda
no mercado de produtos e/ou serviços obtidos por meio de registro de patentes, mar-
76 cas, direito autoral etc.
A gestão do conhecimento
A aprendizagem organizacional
80
Tabela 5.1 Principais processos de aprendizagem.
Aprender Características
Fazendo Processo de aprendizado interno à organização, relacionado
ao processo produtivo.
Usando Relacionado ao uso de insumos, equipamentos e software.
Procurando Baseado em busca de informações e atividades de Pesquisa
e Desenvolvimento (P&D).
Interagindo Interno e externo, relacionado às fontes a montante
(fornecedores) e a jusante (clientes) da cadeia produtiva.
Com spill-over Externo, por meio da imitação e contratação de técnicos
interorganizacionais experientes de concorrentes.
Com o avanço da Externo à organização, relacionado à absorção de novos
ciência conhecimentos gerados pelo sistema internacional de Ciência
e Tecnologia (C&T).
Fonte: adaptada de Tigre (2006).
81
As organizações que aprendem
Segundo Senge (2004), as pessoas são o principal meio para alavancar qual-
quer tipo de mudança, bem como dentro das organizações elas são responsá-
veis em desenvolver ferramentas que visam estimular a criatividade, o trabalho em
equipe, a habilidade para enfrentar desafios e adaptar-se às contínuas mudanças.
Para Terra (2003), a organização para a era do conhecimento é aquela que
busca inspirar e facilitar o aprendizado contínuo e coletivo, sendo esta classificada
como uma organização que aprende, mas que também é transparente, que expe-
rimenta, que opera em rede, que tem memória, que reflete e que também ensina.
Na Figura 5.3 é representada a organização para a era do conhecimento.
84
5.2 Melhores práticas na gestão do conhecimento
• a “cultura organizacional”;
• a natureza do ativo conhecimento (intangível);
• a dificuldade em mensurar o valor do conhecimento;
• a necessidade de compartilhamento;
• o “mercado” do conhecimento;
• a “transferência” do conhecimento;
• os critérios diferenciados de reconhecimento;
86 • a velocidade das mudanças.
Muitas organizações não conhecem ou utilizam o termo “gestão do conheci-
mento”; todavia, executam processos, com a utilização de técnicas e ferramentas,
que podem ser classificados como práticas de gestão do conhecimento, incluin-
do práticas de compartilhamento e transferência de conhecimento.
São consideradas práticas de gestão do conhecimento as práticas de ges-
tão organizacional voltadas para produção, retenção, disseminação, comparti-
lhamento e aplicação do conhecimento dentro das organizações, bem como na
relação destas com o mundo exterior.
São considerados sistemas de gestão do conhecimento o conjunto de prá-
ticas distintas e interligadas visando melhorar o desempenho organizacional por
meio de produção, retenção, disseminação, compartilhamento e aplicação do co-
nhecimento dentro das organizações e na relação destas com o mundo exterior.
O que diferencia, portanto, as práticas de um sistema de gestão do conhe-
cimento é que, quando há um sistema, a organização gerencia as práticas de
maneira interligada, com uma finalidade clara: melhorar o desempenho organi-
zacional. Para isso, as práticas devem estar alinhadas com a missão, a visão de
futuro e as estratégias organizacionais.
Para a concepção de um modelo de gestão de conhecimento em uma or-
ganização, é importante considerar as suas especificidades e também a com-
preensão das iniciativas a serem concebidas para o modelo de gestão do conhe-
cimento (GC), como apresenta a Tabela 5.2.
Com a difusão da gestão do conhecimento, a necessidade de formas de
como aplicá-la tornou-se objeto de pesquisa de diversos autores. Essas pesqui-
sas possibilitaram o desenvolvimento de modelos para a construção de organi-
zações do conhecimento e modelos de gestão do conhecimento. Esses modelos
identificam e agrupam as práticas de gestão do conhecimento, empreendendo
as mudanças culturais requeridas para se obter uma nova forma de evidenciar
e valorizar o conhecimento estratégico para as organizações (CASTRO, 2005).
87
Tabela 5.2 Iniciativas a serem concebidas para o modelo de gestão do conhecimento.22
Iniciativa de suporte à Componentes22
• visão do conhecimento como valor;
• construção de cenários;
• determinação de contextos e ambientes favoráveis à
criação de conhecimento;
• planejamento da “aprendizagem da organização”:
processos, patentes, marcas, estrutura e sistemas;
Gestão estratégica • desenvolvimento de estratégias para a GC a partir das
pessoas;
• suporte à avaliação da estrutura da organização;
• uso da ferramenta Balanced Scorecard (BSC);
• método, processo, plano de implementação e
indicadores, objetivos e metas;
• software e estruturação.
• método, como tornar um processo dinâmico;
• mapeamento de competências e “páginas amarelas”;
• mensuração do capital intelectual;
• alinhamento e suporte à gestão de pessoas;
• indicadores estratégicos de capital intelectual;
89
Tabela 5.3 Modelos de gestão do conhecimento.
Caracterís- Modelo com Modelo cog- Modelo Modelo de Modelo
ticas base filosó- nitivo network comunidade quântico
fica
Tratamento Conheci- Conheci- Conheci- Conheci- Sistemas de
do conheci- mento é mento é mento é mento é possibilida-
mento “convicção definido e externo a construído des
verdadeira codificado quem o socialmente
justificada” objetiva- adota nas e baseado
mente como formas na experiên-
conceitos e explícitas e cia
fatos implícitas
Metáfora Epistemo- Memória Network Comunidade Paradoxo
dominante logia
Foco Formas de Captura e Aquisição Criação e Solução de
saber armazena- do conheci- aplicação paradoxos
gem do co- mento do conheci- e temas
nhecimento mento complexos
Objetivo Emancipa- Codificação Vantagem Promover Sistemas de
principal ção e captura competitiva o compar- aprendizado
do conhe- tilhamento
cimento ex- do conheci-
plícito e da mento
informação,
exploração
do conheci-
mento
Alavanca Questio- Tecnologia Limite ime- Comprome- Tecnologia
crítica namento, diato timento e
reflexão e confiança
debate
Principais Novo conhe- Padroniza- Consciência Aplicação Criação de
resultados cimento ção, roti- do desen- de novos co- multirreali-
nização e volvimento nhecimentos dades
reciclagem externo
do conheci-
mento
Papel das Quase irre- Mecanismo Mecanismo Mecanismo Centrado no
ferramentas levante integrativo e interativo e de suporte conhecimen-
baseadas crítico gratuito integrativo to crítico
em tecno-
logia da
informação
Fonte: adaptada de Kakabadse, Kakabadse & Kouzmin (2003).
90
Dessa forma, existindo vários modelos de gestão do conhecimento, vamos
compreender alguns como:
94
Tabela 5.4 Requisitos das dimensões da gestão do conhecimento.
Dimensões Requisitos
Fatores estratégicos • consenso sobre as core competencies da organização
e o papel da alta • comunicação ampla da macroestratégia
administração
• estabelecimento de metas desafiadoras
Cultura e valores • missão e valores da organização frequentemente promovi-
organizacionais dos
• elevado sentimento de confiança entre organização e fun-
cionários
• foco não no curto prazo
• estímulo à experimentação
• existência de grande honestidade intelectual na organiza-
ção
• preocupação com toda a organização e não com setores
específicos
• reconhecimento do tempo como recurso importante
• valorização de novas ideias
• comemoração das realizações importantes
• tolerância para piadas e humor
• realização frequente de reuniões informais
• layouts permitem troca informal de informação
Estrutura • uso constante de equipes multidisciplinares
organizacional • uso constante de equipes consultivas ou temporárias
• ocorrência frequente de pequenas reorganizações, visando
à competitividade
• decisões tomadas no nível mais baixo possível
Administração de • processo de seleção rigoroso
recursos humanos • busca de diversidade (personalidade, experiência, cultura
etc.)
• planejamento de carreira atende diferentes perspectivas e
experiências
• escopo abrangente das responsabilidades dos cargos
• elevado investimento e incentivo ao treinamento e desen-
volvimento profissional
• aprendizado por meio de contatos internos e externos
• treinamento associado às necessidades imediatas e/ou
necessidades estratégicas da organização
• evolução dos salários associada à aquisição de competên-
cias e não ao cargo ocupado
• pagamento associado ao desempenho da equipe
• esquema de participação nos lucros
• esquema de participação societária
95
Tabela 5.4 Continuação...
Dimensões Requisitos
Sistemas de • comunicação eficiente em todos os níveis
informação • compartilhamento de informações
• documentação de conhecimento e know-how eficiente e
altamente disciplinada
Mensuração de • grande preocupação em medir resultados
resultados • ampla divulgação de resultados
Aprendizado com o • aprendizagem com os clientes
ambiente • habilidade de gestão de parcerias com outras empresas
• habilidade de gestão com universidade e institutos de pes-
quisa
• realização de alianças relacionadas a decisões estratégicas
96
d) Organização e armazenagem
Estabelecimento de sistemas de armazenagem efetivos para a recupera-
ção rápida, fácil e correta do conhecimento.
e) Compartilhamento (acesso e distribuição)
Utilização de tecnologia de informação para disponibilizar e compartilhar
o conhecimento em qualquer parte da organização por meio de mecanismos
de disseminação.
f) Aplicação
É importante a aplicação das situações reais na organização, de modo a
produzir benefícios concretos, tais como: melhoria de desempenho, lançamento
de novos produtos e conquista de novos mercados.
g) Criação de conhecimento
O processo de criação de conhecimento é composto dos seguintes ele-
mentos: aprendizagem, externalização do conhecimento, lições aprendidas,
pensamento criativo, pesquisa, experimentação, descoberta e inovação. O pro-
cesso de criação do conhecimento é abordado seguindo o modelo anteriormen-
te descrito por Nonaka & Takeuchi (1997).
Nesse modelo genérico, foram inseridos quatro fatores facilitadores que
auxiliam na gestão do conhecimento:
O modelo proposto por Bukowitz & Williams (2002) envolve uma meto-
dologia a ser desenvolvida a partir de um diagnóstico inicial, compreendendo
o processo tático e estratégico da gestão do conhecimento organizacional. O
diagnóstico de gestão do conhecimento é dividido em sete seções, como apre-
sentado na Figura 5.6.
A estruturação segue dois lados paralelos de atividades dentro das or-
ganizações: o lado tático, que se refere à utilização do conhecimento no dia a
dia para responder às demandas ou às oportunidades do mercado; e o lado
estratégico, que é o processo de longo prazo da combinação entre o intelectual
e as exigências estratégicas. É uma tentativa para descrever o ciclo de vida que
cerca ativos baseados no conhecimento.
98
Figura 5.6 Estruturação do processo de gestão do conhecimento.
Fonte: Bukowitz & Williams (2002).
99
Seção 1: Obtenha (Tabela 5.5)
Definição de necessidades de informação e fontes de conhecimento, crité-
rios e instrumentos para capturar a informação, diretrizes para estabelecer dire-
tores do conhecimento, utilização de especialistas como filtros de informação, e
criação de sistemas e processo para prover acesso à informação. Desse modo,
o elemento construtivo “obtenha” significa adquirir ou obter informação de fontes
selecionadas e/ou de recursos internos.
100
Seção 2: Utilize (Tabela 5.6)
Utiliza o conhecimento para criar valor para a organização por meio da
inovação e geração de ideias; procura formatar a estrutura organizacional para
melhorar as comunicações e os fluxos de conhecimento; planeja o ambiente
físico de modo que as ideias se produzam e se cruzem; valoriza e encoraja as
contribuições dos empregados na organização; avalia a capacidade da empresa
em lidar com clientes, fornecedores e concorrentes; e dinamiza o uso da infor-
mação e do conhecimento na organização.
101
Seção 3: Aprenda (Tabela 5.7)
Trata da aprendizagem individual e organizacional, reconhecendo formal-
mente o valor da educação aplicada; busca identificar as formas de aprendizagem;
integra os mecanismos de reflexão no hábito do trabalho e cultiva a arte do aprender
fazendo; e trata da melhoria do desenvolvimento do capital intelectual proveniente.
102
Seção 4: Contribua (Tabela 5.8)
Trata do compartilhamento do conhecimento, isto é, da transferência do
conhecimento individual para a organização. Para compartilhar o conhecimento,
é necessário desenvolver mecanismos, como: remover as barreiras do compar-
tilhamento, vincular a contribuição à oportunidade e ao avanço, reter os benefí-
cios dos que não contribuem e encontrar os pontos de benefício mútuo, criar
funções de dedicação exclusiva que apoiem o processo de contribuição do
conhecimento, definir uma metodologia para o compartilhamento do conheci-
mento, e criar políticas explícitas sobre a utilização dos ativos intelectuais.
103
Seção 5: Avalie (Tabela 5.9)
Mapeamento, mensuração e avaliação dos ativos de conhecimento para
necessidades futuras.
104
Seção 6: Construa e mantenha (Tabela 5.10)
Busca assegurar que o conhecimento mantenha a organização viável e com-
petitiva por meio dos seus futuros ativos de conhecimento; canaliza recursos de
maneira que se reabasteça e crie conhecimento; renova as cargas de conhecimen-
to por meio do seu capital intelectual; reavalia e cria uma estrutura de cooperação
entre as divisões internas dentro das organizações; distribui e detém as pessoas
certas; e utiliza o conhecimento para fortalecer o relacionamento com o cliente.
105
Seção 7: Descarte (Tabela 5.11)
Reconhecer as formas de conhecimento desnecessárias e aquelas que
são úteis para a organização, entendendo por que, quando, onde e como des-
cartar partes da base de conhecimento da organização.
106
Esse modelo apresenta um instrumento qualitativo, que tem o propósito de
provocar a introspecção e a reflexão dos assuntos e preocupações que cercam
a gestão do conhecimento nas organizações. Para isso, configura-se em um
instrumento subjetivo que pode desencadear medidas quantitativas e objetivas
que ajudarão a justificar o retorno do investimento realizado da iniciativa de ges-
tão do conhecimento na organização. O instrumento de diagnóstico proporciona
também uma avaliação ou auditoria para criar medidas de acompanhamento do
desempenho de um programa de gestão do conhecimento.
O modelo proposto por Probst, Raub & Romhardt (2002) envolve oito elemen-
tos construtivos que têm como objetivo analisar e estruturar as atividades de gestão
do conhecimento. Sob esse enfoque, esses elementos fornecem uma avalia-
ção clara do conhecimento existente na organização. Os elementos construti-
vos são compostos de seis processos essenciais e dois elementos estratégicos
da gestão do conhecimento.
Os processos essenciais identificam diversas atividades e consideram o
conhecimento como recurso e são:
a) Identificação do conhecimento: identificar o conhecimento significa
analisar e descrever o ambiente de conhecimento da organização. O co-
nhecimento, interno e externo, não é automaticamente visível, neces-
sitando da criação de transparência. Existem formas de localização do
conhecimento, dentro e fora da organização, por exemplo, listas e pági-
nas amarelas de especialistas, mapas de conhecimento, topografia do
conhecimento, Intranet, entre outros.
b) Aquisição do conhecimento: o conhecimento pode ser adquirido por
meio dos mercados de conhecimento (conhecimento de especialistas
externos, como: consultores, outras organizações, parceiros, clientes,
fornecedores) e por meio de produtos de conhecimento, tais como: com-
parando softwares, CD-ROMs, equipamentos de alta tecnologia, proprie-
dade intelectual, plantas industriais etc.
c) Desenvolvimento do conhecimento: complementa a aquisição de conhe-
cimento. Seu enfoque está no desenvolvimento de novas habilidades, novos
produtos, ideias melhores e processos mais eficientes. O desenvolvimento
do conhecimento inclui todos os esforços administrativos direcionados para
produzir capacidades que ainda não se encontram presentes na organiza-
ção, ou que ainda não existem dentro nem fora delas.
107
d) Compartilhamento e distribuição do conhecimento: são importan-
tes para transformar informações ou experiências isoladas em algo que
toda a organização pode utilizar. A distribuição do conhecimento é um
processo de compartilhar e disseminar conhecimento na organização.
Esses processos envolvem alguns tipos de tarefas: reprodução de co-
nhecimento, transmitindo-o rapidamente para um grande número de
pessoas; a proteção e o compartilhamento do aprendizado anterior; e
a troca simultânea de conhecimento, surgindo um novo conhecimento.
e) Utilização do conhecimento: significa assegurar que o conhecimento
em uma organização seja aplicado produtivamente em seu benefício. O uso
do conhecimento pode ser visto como a fase de implementação do proces-
so de gestão do conhecimento. É nesse estágio que o conhecimento se
transforma em resultados concretos.
f) Preservação do conhecimento: seu objetivo é a retenção seletiva de
informações, de documentos e de experiências. O processo de preser-
vação tem as etapas: seleção, armazenagem e atualização. A retenção
do conhecimento depende do uso de uma grande variedade de meios de
armazenagem da organização.
Os elementos estratégicos são as metas de conhecimento e a avaliação
do conhecimento. As metas de conhecimento explicam a orientação es-
tratégica da gestão do conhecimento e os objetivos concretos de inter-
venções específicas. No entanto, a avaliação do conhecimento completa
o sistema e fornece os dados essenciais para o controle estratégico de
projetos de gestão do conhecimento. Os elementos estratégicos são:
108
A representação na Figura 5.7 mostra o perfil de conhecimento de uma
organização baseado nos elementos construtivos.
Domenico de Masi23
116
Estratégias de TIC para a gestão do conhecimento
Estratégia de codificação
117
Estratégia de personalização
Existe na literatura uma associação muito forte entre TIC e gestão do co-
nhecimento estabelecida pelo uso de sistemas de informação para o compar-
tilhamento de informações ou conhecimento. Os avanços na informática e nas
tecnologias de comunicação estão afetando os processos de geração, difusão
e armazenamento de conhecimento nas organizações, fazendo com que ocor-
ra um impacto sobre os principais elementos da gestão do conhecimento que
são: os ativos intangíveis (principalmente pessoas), tornando o conhecimento
explícito, e a criação de mecanismos que facilitem o compartilhamento de co-
nhecimentos entre as pessoas. Várias tecnologias podem ser empregadas para
esse fim, como: Internet, Intranet, extranet, groupware, document management
systems, data warehouse, data mart, data mining, workflow, inteligência artificial,
desktop-videoconferencing, electronic bulletin boards, gerenciamento eletrônico de
documentos (GED), gerenciamento do relacionamento com os clientes (Cus-
tomer Relationship Management – CRM), e-business, business intelligence etc.
Assim, essas ferramentas podem ser dispostas em três grandes áreas:
120
Vamos neste momento compreender algumas das tecnologias e ferramen-
tas utilizadas na gestão do conhecimento, funcionando como um suporte para a
criação, a disseminação e o armazenamento do conhecimento.
A designação genérica das ferramentas utilizadas na implementação de
processos de gestão do conhecimento pode pertencer ao conjunto ligado à tec-
nologia da informação (bases de dados, Intranet, portais), às redes humanas
ou, ainda, às metodologias diversas, como, por exemplo, o gerenciamento de
relacionamento com os clientes (Costumer Relationship Management – CRM).
Então, o que são essas tecnologias e ferramentas? Como são definidas?
Vamos iniciar compreendendo desde repositórios e plataforma tecnológica até
as diversas tecnologias e ferramentas existentes e suas formas de aplicação.
• geração e compartilhamento
• codificação do conhecimento
• coordenação e armazenamento
• difusão e transferência
Geração e compartilhamento
Exemplo – NEC
A empresa NEC é um exemplo de empresa que gerou conhecimento a
partir do seu compartilhamento e interação com os clientes. Esse compartilhamen-
to foi possibilitado pela comercialização ao grande público de um kit de mi-
crocomputador chamado TK-80. Essa comercialização se deu no seu centro de
serviço, chamado BIT-INN, situado no distrito de Akihabara, em Tóquio (NONAKA
& TAKEUCHI, 1998). A proposta inicial era de que o TK-80 serviria para alavan-
car as vendas de equipamentos de semicondutores da empresa. Entretanto, a
procura dos clientes pelo centro de serviço e o consequente compartilhamento de
suas experiências possibilitou que tal iniciativa resultasse no desenvolvimento,
anos mais tarde, do PC-8000, o PC mais vendido da NEC. 129
Codificação do conhecimento
Exemplo – Mazda
A empresa Mazda utilizou os métodos de raciocínio de dedução e indução
para desenvolver o conceito do RX-7, descrito como “um autêntico carro espor-
te que privilegia o prazer e o conforto de dirigir”, que foi retirado do slogan do fa-
bricante, “criar novos valores e apresentar o prazer de dirigir”, juntamente com
o posicionamento do novo carro como um carro estratégico para o mercado
norte-americano e uma imagem de inovação (NONAKA & TAKEUCHI, 1998).
Além da dedução, o novo conceito foi induzido a partir de “viagens conceituais”,
caracterizadas pelas experiências de direção dos membros da equipe de desen-
volvimento nos Estados Unidos, e também a partir de “clínicas de conceitos” que
coletavam opiniões de clientes e especialistas em automóveis para o desenvol-
vimento do carro.
Exemplo – Canon
A empresa Canon precisava desenvolver uma copiadora que tivesse gran-
de confiabilidade e o mínimo de manutenção, já que se destinaria ao uso pes-
soal (NONAKA & TAKEUCHI, 1998). Para alcançar tal objetivo, a equipe de desen-
volvimento da Canon criou o conceito de cartucho descartável, no qual o cilindro
ou o núcleo da copiadora é substituído depois de uma determinada quantidade
de uso. O cartucho descartável eliminaria a necessidade de manutenção, uma
vez que a maior parte dos problemas com manutenção, segundo estudos reali-
zados, deve-se ao cilindro e às peças adjacentes. A questão do baixo custo foi
130 solucionada com o uso da analogia entre o processo de fabricação de latas de
cerveja e o processo de fabricação de cilindros em alumínio. Tal analogia resul-
tou na criação de um cilindro descartável, de alumínio e de baixo custo.
Coordenação e armazenamento
Exemplo – Monsanto
A empresa Monsanto, depois de perder um negócio para seu concorrente
por falta de comunicação de um dos seus representantes com a sede da empre-
sa, decidiu criar um programa chamado Knowledge Management Architect para
evitar que casos similares acontecessem (STEWART, 1997). Esse programa in-
terliga, por meio de um banco de dados on-line, em Lotus Notes, os diversos
vendedores, gerentes de contas e analistas internos de inteligência dos con-
correntes e demais funcionários da empresa, para que estes possam compar-
tilhar informações e boatos que movimentam o mercado externo. Esse banco
de dados pode ser acessado por todos os funcionários da empresa e possui
informações inclusive sobre clientes e concorrentes, que são atualizadas com
frequência e indexadas tanto pelo campo empresas quanto por outros campos
que facilitem seu acesso. Essas informações incluem perfis de clientes e concor-
rentes, novidades de fontes comerciais, relatório das ligações dos vendedores,
131
anotações de participantes de conferências e convenções, catálogo interno de
especialistas e todas as informações necessárias para minimizar a perda de no-
vos negócios por falta de conhecimento ou estrutura adequada. Esse exemplo
da empresa Monsanto é apresentado aqui como um caso de empresa que desen-
volveu um banco de dados do conhecimento para captar informações sobre seus
relacionamentos com o mercado externo.
Difusão e transferência
132
Quadro 6.2 Síntese das práticas para a realização das etapas do processo de gestão do
conhecimento dos exemplos já apresentados.
Geração e Codificação Coordenação e Difusão e
compartilhamento armazenamento transferência
Conversas Dedução (slogans) Filtragem Verbalização e
informais diagramação do
Indução (viagens Classificação conhecimento
Feiras, fóruns e conceituais (documentos,
Categorização
conferências e clínicas de manuais, histórias
conceitos) Indexação do
Compra de orais)
conhecimento
organizações Metáforas e Documentação de
analogias Mapeamento
Consultorias queixas e consultas
(contratação) Linguagem figurada e modelagem dos clientes em
das fontes do banco de dados
e imaginação
Construção de conhecimento
equipes para Expansão do
Mapas do escopo da
projetos
conhecimento experiência prática
Parcerias com
Banco de dados do
outras instituições
conhecimento
Sessões de
brainstorming
Observação,
imitação e prática
Interação com
clientes
Fonte: adaptado de Santos & Cerante (2000).
Uma pessoa pode até receber mais informações graças à tecnologia, mas
se não possuir as capacidades necessárias para aproveitá-las, não adianta.
Peter M. Senge24
Gestor do conhecimento
7.1 Papéis possíveis
141
Referências
Bibliografia complementar
148
ANEXO 1
151
• Coleção de artefatos: é uma técnica de aquisição de conhecimento
existente em documentos como: registros, manuais, memorandos, cartas
etc., a qual consiste na notificação de existência, conteúdo, posição, ex-
tensão e natureza do uso do artefato.
• Decomposição de metas: consiste no estabelecimento de uma meta
prévia por parte do especialista do conhecimento, o qual deverá chegar
a uma prova ou à refutação dessa premissa, demonstrando o processo
de inferência por ele utilizado.
• Delineamento de objetos: é uma técnica baseada no registro do uso ou
localização de um objeto em algum processo, sendo também utilizada
para registrar a carreira de um objeto, inclusão de detalhes de sua cria-
ção, as mudanças ocorridas, seu armazenamento e destruição.
• Descoberta de conhecimento em texto: é uma técnica de aquisição do
conhecimento baseada na recuperação do conhecimento existente em
textos, por meio de técnicas, como, por exemplo, associação, sumariza-
ção, clusterização, entre outras.
• Discussão dirigida: é uma técnica considerada de natureza introspec-
tiva, baseada em uma estratégia de perguntas e respostas entre um
entrevistado, um entrevistador e contando com a participação de um me-
diador, sendo utilizada para esclarecer um ponto preciso de dúvida.
• Elicitação construtiva: é uma técnica que busca destacar atributos im-
portantes do domínio em estudo e promove a atualização e a modifica-
ção das convicções do especialista do domínio sobre o mundo que o
cerca, por meio da comparação entre similaridades e diferenças entre
entidades previamente selecionadas.
• Entrevista: é uma técnica de aquisição do conhecimento bastante inte-
rativa, baseada em uma estratégia de perguntas e respostas, na qual
o engenheiro ou profissional questiona a um especialista do conheci-
mento sobre como ele desempenha as tarefas relacionadas ao domínio
em estudo. Os dois tipos mais comuns de entrevistas são estruturadas
(dirigidas) e não estruturadas (naturais).
• Desempenho de papéis: é uma técnica baseada na discussão em torno
de uma situação real de domínio do especialista em um grupo consti-
tuído por pessoas de diferentes percepções e opiniões, permitindo ao
especialista do domínio a observação da situação de uma perspectiva
diferente e facilitando a revelação de informações não disponibilizadas
quando abordadas anteriormente.
• Documentos: é uma técnica de aquisição de conhecimento existente
em documentos, que consiste em cortar e copiar originais de documen-
152 tos para produzir material sobre temas particulares.
• Escalonamento: é uma técnica de aquisição do conhecimento tácito, ba-
seada na hierarquização de conceitos, que vai desde conceitos superiores
(por que...?), passando por conceitos subordinados (como...?) e chegan-
do a questionar conceitos do mesmo nível (exemplos alternativos de...).
• Estudo de caso: é a técnica que busca conhecer como um problema
foi solucionado no passado, utilizando-se de casos conhecidos ou até
mesmo desconhecidos do especialista. Utiliza dois tipos de abordagem:
retrospectiva, recomendada na busca de conhecimento por meio de re-
visão de uma solução bem-sucedida de um caso antigo, familiar ou não;
e observacional, recomendada na busca de conhecimento por meio de
observação do procedimento de um especialista durante a solução de um
problema antigo ou atual, seja familiar ou não.
• Geração de matriz: é uma técnica de aquisição do conhecimento utili-
zada para a organização de informações, baseada na tabulação, cruza-
mento e análise de dados.
• JRP (Joint Requirements Planning): é uma técnica orientada ao tra-
balho em grupo que busca extrair informações e ideias de alta qualidade
sobre determinado tema ou assunto, em curto espaço de tempo, por
meio de reuniões estruturadas que buscam decisões por consenso.
• Indução automática de regras: é uma técnica baseada em métodos de
tradução de linguagem natural e análise e entendimento de textos, dada
uma classe de documentos textuais (já previamente agrupados) e uma
categoria associada a essa classe (por exemplo, tema ou assunto dos
textos), que, por meio de regras definidas, procura encontrar as caracte-
rísticas principais da classe escolhida.
• Julgamento: é a técnica que permite a identificação de alternativas em
domínios em que há vários modos de realizar coisas, por meio da discus-
são dos prós e dos contras da abordagem proposta, a partir da percep-
ção dos julgamentos em confronto com critérios preestabelecidos.
• Listagem: é uma técnica de aquisição do conhecimento existente nas
conversações humanas ou em sons ambientes. É sistematizada por
meio de registro escrito ou de gravação de áudio e utilizada na busca de
frequência, natureza, extensão e sequência de sons.
• Mapas cognitivos: é uma técnica que se utiliza de uma representa-
ção gráfica de uma representação mental que o pesquisador (facilitador)
faz aparecer de uma representação discursiva formulada pelo sujeito
(ator) sobre um objeto (problema) obtido de sua reserva de representa-
ção mental, de forma que conceba as ideias do especialista no domínio
acerca de conceitos primários e inter-relações nesse domínio. 153
• Modelo causal para inferência: é uma técnica de aquisição do conhe-
cimento baseada no estabelecimento de uma relação causa-efeito para
a utilização na geração de informações sobre as regras e procedimentos
existentes na organização.
• Observação de ambientes: é baseada na percepção e no registro de
características de situações naturalmente ocorridas em ambientes físi-
cos ou sociais.
• Observação do especialista em seu trabalho: é uma técnica baseada
no registro de características de situações naturalmente ocorridas no am-
biente de trabalho do especialista, permitindo ao engenheiro ou profis-
sional confirmar as informações colhidas anteriormente nas entrevistas
e sessões de gravação.
• Observação inquisitiva: é uma técnica de aquisição do conhecimento tá-
cito baseada no registro de características de situações naturalmente ocor-
ridas no ambiente de trabalho, com o especialista executando suas tarefas
e, ao mesmo tempo, explicando sua metodologia e as heurísticas utilizadas,
ou seja, o especialista pensa alto, podendo o engenheiro ou profissional
interrompê-lo quando achar necessário.
• Programação neurolinguística: é baseada na captura de sinais verbais
e não verbais do sistema representacional humano, em um ou mais dos
cinco sentidos, por meio do estudo da estrutura da experiência subjetiva
do ser humano, utilizada em atividades já internalizadas.
• Protocolos: é uma técnica de aquisição do conhecimento, baseada na
captura de registros, em tempo real ou retrospectivamente, obtidos da
observação do especialista executando alguma atividade, cujo resultado
pode ser a descrição padrão de uma tarefa, a realização da tarefa, o que
foi dito durante a realização da tarefa, os artefatos que são utilizados
na execução de tarefas. Existem quatro modos de geração de protoco-
los: pensamento alto, falando alto (relata conversas internas), redução
comportamental (baseando-se em observações) e registro retrospectivo
(relatando aspectos lembrados de uma atividade).
• Questionário: é uma técnica utilizada quando se pretende obter um pri-
meiro nível de conhecimento, baseada em um questionário com pergun-
tas a serem respondidas por um especialista do domínio, podendo as per-
guntas serem encadeadas e/ou complementares, abertas e/ou fechadas.
• Repertory grid (grade de repertório): é baseada na descrição e carac-
terização de atividades executadas por um especialista do conhecimen-
to, buscando identificar entidades e os seus atributos e relacionamentos
154 entre entidades.
• Sessão de gravação: é uma técnica de aquisição do conhecimento
baseada na filmagem do especialista falando para outras pessoas so-
bre a sua área de domínio.
• Simulação de cenários: é baseada na descrição dos procedimentos
e no processo de raciocínio de um especialista durante a realização de
tarefas ou resolução de problemas, com o modo de raciocínio sendo
previamente enunciado pelo especialista em uma situação que, embora
sendo artificial, é tratada de modo real.
• Sistemas existentes: é uma técnica de aquisição dos conhecimentos já
existentes em sistemas de computador por meio da análise inicial do es-
pecialista do domínio e, na sequência, do engenheiro ou profissional do
conhecimento, em um processo que produz material considerado como
vindo de especialista.
• Tach back: é uma técnica de aquisição do conhecimento baseada no
feedback que o engenheiro ou profissional do conhecimento fornece ao
especialista do domínio em assunto que tem sido elicitado, e, em segui-
da, verifica a manifestação do especialista com a de outros especialis-
tas, buscando-se atingir ampla compreensão do domínio em questão.
• Think aloud: é uma técnica baseada no registro de situações natural-
mente ocorridas no ambiente de trabalho, com o especialista executando
as suas tarefas, analisando as informações disponíveis no cenário e, ao
mesmo tempo, explicando a sua metodologia e as heurísticas utilizadas,
sem que o engenheiro ou profissional possa interrompê-lo.
• Traits (características): é uma técnica de aquisição do conhecimento
baseada na comparação de características de informações que o espe-
cialista faz de atributos de entidades capazes de diferenciá-los de outras
entidades similares, sendo bastante utilizada em situações que exigem
a seleção de opções.
• Knowledge café: é uma técnica que envolve a integração de equipes de
diferentes gerações em cafés, ou outros estabelecimentos similares, e
acompanhados dos seus laptops.
• Análise dirigida pelo contexto: é baseada na análise ou na simulação
do desempenho de uma tarefa ou na descrição desta por meio da com-
preensão e do estabelecimento de um contexto.
• Backward Chaining (encadeamento para trás): é uma técnica que en-
volve um encadeamento que é realizado a partir de uma hipótese até
aos fatos que a suportam, ou ainda, um alvo que pode ser atingido satis-
fazendo subalvos, sendo o encadeamento o conjunto de várias inferên-
cias que ligam o problema com a sua solução. 155
• Comentários: é baseada na escolha de uma tarefa, e que a seguir é co-
mentada livremente pelo seu responsável e pelos outros envolvidos da
equipe. Busca-se o refinamento e a verificação do conhecimento.
• Introspecção: é a técnica que se aplica quando um caso é resolvido e
relatado, sendo possível interromper o seu raciocínio e solicitar que al-
gumas questões sejam mais aprofundadas, via a introspecção, já que o
processo de aquisição de conhecimento é interativo e auxilia a melhor
compreensão do problema abordado.
• Ordenamento de cartões: é uma técnica útil para explicitação de rela-
cionamentos entre conceitos, como também para identificação dos ní-
veis de abstração utilizados no universo de informações. A técnica con-
siste em distribuir cartões com frases ou palavras para os interessados
(usuários ou clientes) e pedir que, individualmente ou em equipe, eles
formem grupos com os cartões e os nomeiem.
• Prototipação: é baseada em uma abordagem visual orientada ao usu-
ário, também dirigida ao pensamento e capaz de apresentar um modelo
de trabalho totalmente funcional. Integra comunicação, visão, imagem e
pensamento.
• Rastreamento de processo: é a técnica que permite a determinação
do processo de pensar do indivíduo enquanto ele realiza uma determi-
nada tarefa, com verbalização corrente (relato simultâneo à realização
da tarefa) ou verbalização retrospectiva (relato logo após a realização da
tarefa).
• Revisão: é baseada no relato do conhecimento adquirido ao(s)
membro(s) envolvido(s), que deve(m) avaliá-lo.
• Simulações: é a técnica que envolve o uso de simulações para adquirir e
transmitir conhecimento. O conhecimento por simulação é a construção
de um modelo, no qual é possível reproduzir um processo, um ciclo, um
movimento, ou qualquer fato ou situação.
• Walktrough estruturados: é a técnica em que se realiza um checklist
para verificação, ou seja, para a revisão dos fatos ou problemas.
• Mapeamento do portfólio da organização: é a técnica que envolve a
descrição de todas as atividades desenvolvidas pela organização nos
últimos anos, possibilitando análise e avaliações.
• Rotatividade de funções (job rotation): é a técnica que envolve a rota-
tividade de funções entre funcionários e a formação de equipes multidis-
ciplinares, facilitando o compartilhamento do conhecimento.
156
• Repositórios de soluções: é baseada na estruturação de arquivos que
são compostos das soluções desenvolvidas para problemas frequentes
da organização e o(s) responsável(is) por elas.
157
Sobre a autora
159
Este livro foi impresso pelo Departamento de Produção Gráfica – UFSCar.