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Início (https://jornal.usp.br) > Artigos (https://jornal.usp.br/editorias/artigos/) > Artes e democracia em questão (https://jornal.usp.br/artigos/artes-e-democracia-em-questao/)
Artes e democracia em questão 
(https://pt-
br.facebook.com/usponline)
Por Christiane Wagner, professora pesquisadora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) (https://twitter.com/usponline)
da USP (https://www.youtube.com/canal
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 Artigos (https://jornal.usp.br/editorias/artigos/) -  https://jornal.usp.br/?p=415022 (https://jornal.usp.br/?p=415022) (https://pt.linkedin.com/school/u
 niversidade-de-s-o-paulo/)
  13/05/2021 - Publicado há 2 anos  Atualizado: 17/05/2021 as 19:24
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20das%20artes.%20Sem%20isso%2C%20nada%20%C3%A9%20poss%C3%ADvel%20ser%20democratizado%2C%20especialmente%20a%20arte%20e%20a%20cultura.%0D%0A%
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A
questão não é apenas pensar sobre os media, o acesso à \\ PODCASTS
internet e as formas pelas quais a imagem é disseminada ou o De Papo Pro Ar #85: Marce
papel das artes em todas as suas formas como imagem ao Brandão lança sua nova m
“Espécies Raras”
alcance de um público crescente e mais diversificado e em seus (https://jornal.usp.br/podc
(https://jorn papo-pro-ar-85-marcia-br
efeitos culturais. Uma audiência diferenciada pela sua formação e
Christiane Wagner
al.usp.br/pod lanca-sua-nova-musica-
gostos assiste aos canais on-line de cinema, concertos, teatro e, cast/de- especies-raras/)
– Foto: Acervo
também, visita virtualmente monumentos históricos e acervos de papo-pro-ar-
pessoal 85-marcia-
museus de artes, mesmo que parcialmente, sem a experiência
brandao-
estética do momento presencial com a obra original, apenas para lanca-sua-
lembrar o conceito da aura benjaminiana. No entanto, vale registrar nova-
musica-
ainda que a maioria está interessada nas experiências imediatas
especies-
apenas pela informação. A questão também não é sobre a história da raras/)
imagem em sua evolução técnica, reprodução e o papel ambíguo dos
media se favorecem o sistema ou as grandes audiências e as Panorama Paulista #1: Env
demográfico avança no te
celebridades. (https://jornal.usp.br/podc
paulista-1-envelhecimento
(https://jorn avanca-no-territorio-pauli
Atualmente, essa questão não tem mais sentido, assim como também al.usp.br/pod
não tinha mais para Walter Benjamin ao revisar seu ensaio de 1936, A cast/panora
ma-paulista-
obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, última versão 1-
publicada em 1939, percebendo que o declínio da aura não ofereceria envelhecime
a “democratização” da arte e da cultura. Em sociedades constituídas nto-
demografico
pelas diferenças e injustas em sua formação, organização
-avanca-no-
sociopolítica e comportamentos, o próprio sistema democrático é territorio-
colocado em dúvida. Contudo, a priori, a questão central é saber como paulista/)

tornar viável os valores democráticos por meio das artes. Sem isso,
Rádio TUSP: desvenda os p
nada é possível ser democratizado, especialmente a arte e a cultura. de criação de “Um Memori
Antígona”
(https://jornal.usp.br/podc
Nesse sentido, este texto tem como principal objetivo aproximar o (https://jorn tusp-desvenda-os-proces
leitor do assunto estética e política, ou seja, a correspondência das al.usp.br/pod criacao-de-um-memorial-
cast/radio- antigona/)
imagens da arte com a vida pública no que diz respeito aos ideais de tusp-
organização de uma cidade, estado ou nação. Portanto, pensar sobre desvenda-
o objeto de reflexão estética – a arte – é pensar sobre a recepção das os-processo-
de-criacao-
formas de arte e seus assuntos na contemporaneidade interagindo
de-um-
com o cotidiano social e seus ideais democráticos. O sentido estaria memorial-
para uma estética social, em que a reflexão sobre as artes está para-
antigona/)
vinculada aos aspectos político-culturais. Assim, entre muitas formas
pelas quais a arte se manifesta, a experiência e o efeito de maior Todos os podcasts
(https://jornal.usp.br/podcasts/)
percepção global são vistos neste artigo em questão pela arte
cinematográfica e, consequentemente, pela imagem em movimento. \\ ARTIGOS
No entanto, especificamente sobre o assunto política, o foco está na O jogar na escola em horár
reflexão sobre as artes, nesse caso o cinema, e os efeitos pelos quais nobre
(https://jornal.usp.br/artigo
possibilitam politização, consciência cidadã em sua diversidade jogar-na-escola-em-horario
(https://jorn
cultural e diferenças. nobre/)
al.usp.br/arti 26/04/2023
gos/o-jogar- Por Humberto Felipe da Silva
É nesse ponto que priorizo a análise sobre a obra de Morton na-escola- professor da Escola de
Schoolman A Democratic Enlightenment: The Reconciliation Image, Aesthetic Education, em-horario- Engenharia de Lorena da USP
nobre/)
Possible Politics (https://www.dukeupress.edu/a-democratic-enlightenment) (“O
esclarecimento democrático: a imagem de reconciliação, educação Questionário mapeia exper
estética, possível política”), publicada pela Duke University Press, em comunidade universitária
(https://jornal.usp.br/artigo
2020, que faz uma aproximação entre a política e a estética para o mapeia-experiencias-da-co
(https://jorn
esclarecimento democrático, nesse processo de politização por meio universitaria/)
al.usp.br/arti 25/04/2023
principalmente da arte do cinema, mas não só. Portanto, discutir os gos/question Por Cibele Maria Russo Nove
ario-mapeia- Felipe de Souza Tarabola e R
valores essenciais da democracia é também entender a complexidade Teixeira, da Pró-Reitoria de In
experiencias
Pertencimento da USP
de seu ideal de respeito pelas diferenças. O ideal democrático é o -da-
principal desafio a ser superado no combate à violência contra a comunidade-
universitaria
diferença. Para isso, Schoolman entende que uma das formas está no
/)
ideal de reconciliação de identidade e diferença pela “imagem de
reconciliação”, por meio da educação estética ao encontro do Letramento acadêmico é es
uma universidade de pesqu
esclarecimento democrático. Com o propósito de me aprofundar nesse (https://jornal.usp.br/artigo
assunto, iniciei uma correspondência com o professor Schoolman para (https://jorn
academico-e-essencial-par
universidade-de-pesquisa/)
melhor entender a sua obra e a manutenção dos valores democráticos al.usp.br/arti 24/04/2023
por meio da arte, especificamente o cinema. Os temas principais que gos/letrame Por Malyina Ono Leal, doutor
nto- Faculdade de Filosofia, Letra
pautam as discussões em busca de soluções para uma sociedade Humanas (FFLCH) da USP, M
academico-
mais inclusiva parecem depender essencialmente de um e-essencial- Ferreira, professora da FFLCH
Osvaldo N. Oliveira Jr., profes
esclarecimento democrático. Para isso, sem dúvida, a educação é para-uma-
do Instituto de Física de São
universidade da USP
essencial. Mas por que uma educação estética? Quais valores
-de-
primordiais teriam as artes – a imagem em movimento, a pesquisa/)
cinematografia – para essa educação e esclarecimento?
Todos os Artigos
(https://jornal.usp.br/editorias/artigos/)
Recentemente, entre muitas leituras e insights encontrados na
extensa bibliografia disponível, a leitura desta obra de Schoolman me \\ MAIS LIDAS
possibilitou maior aproximação da relação estética e política. Com a (https://jornal.usp.br/universidade
/quer-mudar-de-faculdade-ou-de-
leitura desta obra e a resenha crítica que escrevi para o Visual Studies
curso-usp-tem-mais-de-800-
Journal (https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/1472586X.2020.1845101), Routledge vagas-para-transferencia/) Quer
(2020), pude me aproximar melhor dessa discussão com o autor, mudar de faculdade ou de curso? USP tem mais de
800 vagas para transferência
Morton Schoolman, professor do Departamento de Ciências Políticas
(https://jornal.usp.br/universidade/quer-mudar-de-
do Rockefeller College of Public Affairs & Policy, State University of faculdade-ou-de-curso-usp-tem-mais-de-800-
New York. Schoolman tem suas pesquisas e docência focadas na vagas-para-transferencia/)

teoria política e social modernas, incluindo o pensamento político (https://jornal.usp.br/radio-


americano, com um interesse particular dentro destes campos na usp/fentanil-e-responsavel-por-
mais-de-70-mil-mortes-anuais-
relação entre política e estética. Pois bem, a partir dessa aproximação
nos-estados-unidos/) Fentanil é
com a obra de Schoolman e estudos visuais, em seus mais diversos responsável por mais de 70 mil mortes anuais nos
meios, em face da polissemia global, primeiramente foquei no Estados Unidos (https://jornal.usp.br/radio-
usp/fentanil-e-responsavel-por-mais-de-70-mil-
entendimento de uma razão estética e, depois, na sua relação com a
mortes-anuais-nos-estados-unidos/)
política. O fato é que, nessa relação, encontramos motivos na
(https://jornal.usp.br/atualidades/
realidade contemporânea com definições objetivas de organização
entenda-mais-sobre-a-sindrome-
dos elementos visuais, pelos quais o sentido da razão está associado de-abstinencia-por-
aos aspectos socioculturais, políticos e econômicos e ao progresso antidepressivos/) Entenda mais
sobre a síndrome de abstinência por antidepressivos
técnico e científico. No entanto, a experiência e a significação
(https://jornal.usp.br/atualidades/entenda-mais-
atribuídas aos diferentes meios de linguagem e comunicação são sobre-a-sindrome-de-abstinencia-por-
diversas, principalmente no aspecto visual. Assim, considera-se a antidepressivos/)

evolução da comunicação e das artes desde o Iluminismo europeu, (https://jornal.usp.br/cultura/as-


através dos tempos modernos, até a história mais recente para esta simplificacoes-sao-perigosas/) “As
simplificações são perigosas”
análise em imagem visual e a sua relação com os aspectos políticos e
(https://jornal.usp.br/cultura/as-
socioculturais do passado, no que diz respeito ao contexto atual de simplificacoes-sao-perigosas/)
uma cultura globalizada que visa aos valores democráticos. (https://jornal.usp.br/radio-
usp/jornal-da-usp-no-ar-2/jornal-
É nesse sentido que se destaca a obra de Morton Schoolman, sobre a da-usp-no-ar/os-caminhos-para-
qual o interesse foi teorizar a “imagem de reconciliação” como o a-sustentabilidade-no-garimpo-
de-ouro-na-amazonia/) Os caminhos para a
veículo pedagógico da educação estética em busca de esclarecimento
sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia
democrático que, por meio de uma releitura das obras de Walt (https://jornal.usp.br/radio-usp/jornal-da-usp-no-ar-
Whitman, Friedrich von Schiller e Theodor Adorno, relaciona o 2/jornal-da-usp-no-ar/os-caminhos-para-a-
sustentabilidade-no-garimpo-de-ouro-na-
contexto histórico-social ao período no qual estas obras estavam
amazonia/)
inseridas. Ao interpretar as respectivas obras poéticas de Whitman,
Schoolman nos apresenta a qualidade estética visual pela qual nos
conduz a uma “reconciliação da imagem” por meio da obra deste
poeta norte-americano, que nos remete a uma configuração visual em
movimento. Essa visualização, por meio das poesias de Whitman, é
significativa independentemente do contexto linguístico, as imagens
visuais assumem formas políticas – inclusão, receptividade e imitação
das diferenças –, que Schoolman considera imagens inclusivas,
receptivas e imitativas.
Além disso, fundamentando-se nas cartas de Schiller sobre a
educação estética e na teoria estética de Adorno, Schoolman
desenvolve sua própria teoria de “reconciliação da imagem” por meio
da “imagem cinematográfica”, da “imagem em movimento”. Esta teoria
é construída sobre o desafio de “superar a construção da identidade
da diferença como alteridade”. O que é entendido como alteridade é a
entidade em contraste com a qual uma identidade é construída.
Compreender e aceitar esta alteridade significa reconhecer pessoas e
culturas diferentes, mas é também essencial entender a importância
do respeito entre diferentes alteridades. Para isso, o autor desenvolve
e atualiza em nosso contexto três conceitos essenciais retirados da
obra de Schiller. Esses conceitos são o aspecto imitativo da
reconciliação pela qual a identidade se contrasta com a “imagem da
diferença”, como processo de “democratização”; o conceito de
educação estética; e o conceito de “imagem de reconciliação” por
meio de uma forma de arte universal, que pode ser contextualizada,
segundo Schoolman, em nossos dias, com o cinema, com a imagem
em movimento, em busca de um esclarecimento democrático.

As bases da teoria estética e estudos visuais são fundamentais para a


compreensão da obra de Morton Schoolman, somadas às teorias
críticas e estéticas em ciências políticas e de comunicação. Entender
a relação de nossa sociedade, quando o objeto de análise é a imagem
visual, requer um estudo que vai muito além dos aspectos culturais da
relação arte e sociedade. É justamente a partir de sua interpretação
sobre a obra de Adorno, First Bridge: Thinking with Adorno against
Adorno (“Primeira ponte: pensando com Adorno contra Adorno”), que
se vê a necessidade de uma ênfase em teoria crítica e estética, que
abrange, em suas análises, a sociedade moderna, com resultados
teóricos que alcançaram muito significado quando questões
ideológicas eram discutidas sobre a sociedade capitalista durante o
século XX. Entre as teorias estéticas, destaca-se a Teoria Estética, de
Theodor W. Adorno, influenciada pelas obras de Kant, Hegel e Marx,
alcançando grande representatividade para as reflexões estéticas
durante os anos de 1970 até início do século XXI. Entre as quais, as
análises de Jürgen Habermas. Para Adorno, na arte moderna, quanto
mais elaborados fossem os procedimentos técnicos e materiais
utilizados, mais esta arte poderia reverter o sistema de tecnocultura,
resistindo ao domínio de uma cultura de massificação, diferenciando-
se da arte reproduzida e percebida superficialmente, que pelo autor
era denominado pelo termo alemão Kitsch. Reflexões estas
fundamentais aos estudos da Indústria Cultural – expressão criada em
alemão, Kulturindustrie, por Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, e
empregada pela primeira vez em sua obra, Dialética do
Esclarecimento (Dialektik der Aufklärung), publicada em 1947. Essa
obra trata da produção industrial dos bens culturais que encontraram
na América do Norte quando exilados, observando o desenvolvimento
dos media, de uma sociedade pós-Segunda Guerra Mundial, pós-
industrial e massificada. O termo “cultura industrial” tinha o objetivo de
diferenciar a cultura popular da cultura de massa. Os objetivos dessa
linha de estudos eram as análises do desenvolvimento industrial como
cultura. Horkheimer e Adorno analisaram os dois sentidos da razão: o
sentido absoluto em busca da verdade e a faculdade do
conhecimento. Nos dois casos, essa razão é ambígua e dialética. Por
um lado, liberta o homem de uma condição subserviente, oferecendo
o esclarecimento. Por outro, condiciona o homem a uma consciência
tecnocrata a serviço do desenvolvimento capitalista e de uma classe
dominante. A Segunda Guerra Mundial é o exemplo utilizado por
Horkheimer e Adorno para a capacidade autodestrutiva da razão.
Horkheimer e Adorno perceberam que a classe dominante de uma
cultura democrática ou democratizada estava obedecendo, na
realidade, aos imperativos do mercado, beneficiando-se com a difusão
dos mitos de uma cultura tradicional burguesa, denominada por esses
pensadores como “mistificação das massas”. O poder estaria com
aqueles que dominassem a técnica ou com aqueles que dominavam
economicamente a sociedade.

A estética adorniana propunha uma forma de denunciar os efeitos


negativos de uma racionalidade técnica e científica do
desenvolvimento social e econômico de mercado liberal. Portanto,
essa condição paradoxal da razão é determinante para compreensão
da estética adorniana. Ao lidar com a racionalidade inserida no
universo da arte, o objetivo era que esta razão pudesse ser utilizada
para realizar uma obra de arte capaz de reverter o sistema. Para
tanto, Adorno, na sua Teoria Estética, abordou praticamente as obras
de arte já consagradas na literatura, música e pintura ao encontro de
uma estética de alto padrão técnico e hermético. Nas artes plásticas,
porém, em relação às obras de arte que prevaleceram nos anos de
1960, Adorno apenas faz alusão à sua rejeição aos Happenings, Arte
Bruta, Action Painting e Arte Conceitual. Para ele, esse tipo de arte iria
ao encontro de uma destruição do sentido próprio de uma obra de
arte. Contudo, a autonomia estética na teoria de Adorno se caracteriza
pela realização de uma obra hermética em música, literatura e artes.
O que, em contrapartida, torna a compreensão dessas obras muito
difícil. Contudo, a autonomia de sua estética estava voltada a uma
formação, educação (Bildung), em razão do hermetismo que essas
obras oferecem e que tanto Adorno defendia em sua teoria. Essas
obras chamariam a atenção de um público cada vez maior, pela
educação, se fossem compreendidas, formando uma consciência
crítica. Mas no sentido geral, a arte para Adorno seguiria o sentido da
“desestetização” (Entkunstung), um estado em que a arte deixaria de
ser arte, como esclareceu o filósofo francês, especializado em estética
e conhecedor da obra de Adorno, Marc Jimenez, Professor Emérito da
Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne, onde, durante meus estudos
em estética e ciências da arte e uma série de seminários de que
participei, discutimos noções sobre a relação da estética franco-alemã.
Além, claro, de contar com a orientação deste professor na época
para pesquisas que resultaram na minha tese de doutorado sobre
análise crítica da imagem contemporânea.

Para entender a obra de Adorno, não basta a ler uma vez (seja no
idioma alemão, seja em qualquer tradução), é preciso lê-la e
relacioná-la ao contexto artístico em questão, teoria crítica, estética e
discuti-la. Quando Adorno redigiu sua Teoria Estética, segundo ele, a
arte permaneceria como “promessa de felicidade” ao refletir sobre o
fato de que, na sociedade da sua época, a arte não teria importância e
que sua existência estaria mesmo ameaçada. Ao tratar de uma
racionalidade inserida no universo das artes, o importante era que
essa razão estivesse sendo empregada para a realização de uma
obra de arte. Essa arte, nesse período, tratava-se de uma arte
moderna considerada “obra de arte”, que, segundo Adorno, trata-se de
uma obra de arte, justamente por se diferenciar de outros produtos.
Adorno afirma que a imitação pela arte moderna da realidade social
predominante, de um universo desencantado, exalta a distância entre
a aparência artística e a realidade social. Se a obra de arte atende
uma causa real com eficácia sobre o público, isso se deve à sua forma
excepcional. A arte moderna apresenta um conteúdo de verdade que
condicionaria a sociedade à resistência. O sentido da arte moderna
para Adorno estaria na negação da realidade social, por isso é que
sua teoria é conhecida como estética da negação.

É a partir dessa Teoria Estética de Adorno que Schoolman encontra as


provas necessárias para uma “imagem de reconciliação” que Adorno
tinha confinado àquela época, com a arte moderna limitada a uma
minoria intelectualizada e, que, nos dias atuais, pode eventualmente
ser encontrada na cinematografia – a “imagem de reconciliação” na
arte moderna e a “imagem de reconciliação” na cinematografia. Artes
visuais e cinematografia seriam análogas esteticamente. Assim,
descobrindo a “imagem de reconciliação” pelo cinema, Schoolman
desenvolve o conceito de razão estética sobre a qual ele estabelece
sua teoria para o esclarecimento positivo em The Reconciliation Image
in Film as Universal Art Form (“A imagem de reconciliação no filme
como forma de arte universal”), exemplificando com análises dos
seguintes filmes: The Help (Histórias cruzadas, 2011), dirigido por Tate
Taylor, e Gentleman’s Agreement (A luz é para todos, 1947), dirigido
por Elia Kazan. Além desses filmes profundamente analisados,
Schoolman esclarece que outros filmes, compartilhados entre o
público em geral, também mostraram as “imagens de reconciliação”
como Pride, Tootsie, Dirty Dancing, Forrest Gump, My Left Foot e The
Soloist.

Essa condição paradoxal da razão é determinante para compreensão


da estética de Adorno nas análises de Schoolman em relação às
considerações desse pensador alemão. É importante perceber em sua
estética a reflexão sobre o conceito de mímesis, assim como a
influência dos filósofos Immanuel Kant e Georg W. F. Hegel, sobretudo
este segundo, para vincular as realizações culturais aos diferentes
contextos, em que cada etapa da história se opera por meio de uma
nova recomposição, oferecendo um progresso da consciência de
liberdade, da afirmação dessa liberdade. Mas não apenas. As obras
de pensadores modernos, com destaque para Henri Bergson e o mais
contemporâneo como Gilles Deleuze, são essenciais. Entende-se,
assim, uma orientação estética na qual a cinematografia apresenta,
por meio de seus recursos técnicos, do domínio e do talento do
cineasta, um resultado no qual se possa perceber o que representa a
nossa realidade de forma universal. Para isso, entende-se que a obra
A Democratic Enlightenment pela The Reconciliation Image and
Aesthetic Education (O esclarecimento democrático: a imagem de
reconciliação, educação estética, possível política) não seria possível
por meio de um conteúdo realista, objetivando uma crítica à realidade
social objetiva e diretamente com um assunto determinado e
pretensão em expressar uma ideologia política, dissimulando uma
propaganda intencionada, mas por meio da possibilidade política da
imagem cinematográfica ou da imagem em movimento, pela
experiência e educação estética. Depois da estética de Adorno, muitos
teóricos da arte mantiveram certa distância crítica a respeito da
concepção artística, principalmente a contemporânea. Alguns
reprovando as posições de Adorno de uma visão negativa daquela
realidade, da ideia de que a arte, herdeira da mímesis arcaica, se
submetia à instrumentalização da racionalidade que domina o mundo.
Alguns pensadores conscientes do limite histórico da teoria de Adorno
reveem a problemática da racionalidade estética considerando a
especificidade da arte atual. Entre eles, cite-se Morton Schoolman ao
demonstrar que o filme resiste ao Entkunstung, ou seja, não perde seu
valor como arte e se torna o avatar positivo da razão estética
adorniana em nossos dias.

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