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Patrimônio Cultural Material e Imaterial

Profa. Dra. Raquel Fernandes de Macedo


Data: 09/09/2022
Patrimônio Cultural

 É um conceito que nasce na França nos inícios da década


de 1980 e que redefine os conceitos de folclore e cultura
popular.

 O patrimônio pode também ser a representação simbólica


das identidades dos grupos humanos.
- Assim, o patrimônio é considerado um emblema da
comunidade que reforça identidades, promove solidariedade,
cria limites sociais, encobre diferenças internas e conflitos e
constrói imagens da comunidade.
Diferenças entre Patrimônio e Patrimônio Cultural

 Patrimônio: É uma noção que define todos os recursos


que se herdam, bens mobiliários e imobiliários, capitais e
outros.
- O objetivo do patrimônio é garantir a sobrevivência dos
grupos sociais e também interligar umas gerações com as
outras.

 Patrimônio cultural: se manifesta na representação da


cultura em objetos materiais e imateriais através da
transformação do valor dos elementos culturais.
Posturas que incidem sobre os processos de
interpretação, recuperação e conservação do
patrimônio cultural
 Tradicionalista ou folclorista: o patrimônio cultural é aqui
reduzido a um conjunto de bens materiais e imateriais que
representam a cultura popular pré-industrial.
- Os defensores desta postura consideram o patrimônio
cultural como objeto e apenas como um lugar para guardar
relíquias do passado.

- Os critérios de preservação de artefatos e edifícios do


passado devem ser os de época e beleza.

- Reificam assim os bens culturais e negam memórias


críticas.
Posturas que incidem sobre os processos de
interpretação, recuperação e conservação do
patrimônio cultural
 Construtivista: o patrimônio cultural é entendido como o
conjunto de bens culturais fruto de um processo de
construção social.
- Segundo as épocas e os grupos sociais dominantes,
valorizam-se, legitimam-se e conservam-se determinados
bens patrimoniais e não outros.

- Em cada época, e pela influência de certos grupos, criam-


se critérios de seleção do valor do patrimônio cultural.
Exemplo: No caso do Brasil houve uma tendência para não
patrimonializar o legado africano e indígena.
Posturas que incidem sobre os processos de
interpretação, recuperação e conservação do
patrimônio cultural
 Patrimonialista: O patrimônio cultural é a recuperação das
memórias do passado, a partir de uma perspectiva
presente, para explicar a mudança dos modos de vida.
- O patrimônio cultural está integrado por elementos
culturais que adquirem um novo valor e uma nova vida
através de um processo de “patrimonialização”.

-No seguimento desta óptica, o Estado e as


administrações públicas legislam, administram e
regulamentam o patrimônio cultural e os seus usos
enquanto legado e herança.
Posturas que incidem sobre os processos de
interpretação, recuperação e conservação do
patrimônio cultural
 Produtivista ou mercantilista: O patrimônio cultural é
entendido nesta posição como uma nova forma de
produção cultural para “os outros” (ex.: turistas, mercado),
que pode ajudar a solucionar o desemprego, a revitalizar
o consumo e a atrair turismo cultural.
 Participacionista: Nesta abordagem, a recuperação e a
conservação do patrimônio cultural deve relacionar-se
com as necessidades sociais presentes e com um
processo democrático de seleção do que se conserva.
- O participacionismo defende uma política do patrimônio
cultural que tenha em conta primeiro o artesão e depois o
artesanato.
Critérios que costumam ser seguidos no processo
de Patrimonialização

 A inutilidade do bem cultural ou o abandono das suas


funcionalidades utilitárias habituais.

 Os valores afetados, isto é, os bens culturais


patrimonializados adquirem um sentido sagrado, quase de
relíquia, condensando simbolicamente a identidade e
etnicidade. Centro Histórico de Olinda
Valores atribuídos ao patrimônio cultural
 O valor histórico radicaria na rememoração que esse
elemento faz de uma época, no estímulo da nossa
memória sobre o passado um tempo distinto da nossa vida
cotidiana.

 O valor estético ou artístico procura uma definição do


“bonito” unida à rentabilidade política e socioeconômica.

 O valor de antiguidade é, pelo contrário, uma pretensão de


valor subjetivo, que salienta o prazer, o sabor do antigo e
da vivência. É este um valor do que é velho convertido em
antigo.
Valores atribuídos ao patrimônio cultural
 O valor de atualidade ou contemporaneidade salienta a
utilidade dos elementos do patrimônio cultural, para servir
as necessidades do presente.

 O valor documental pode ser atribuído àqueles bens que


registram o conhecimento com o objetivo de o preservar,
seja por meios sonoros, bibliográficos, audiovisuais,
informáticos ou outros.

 O valor etnográfico expressa a relevância de um bem


cultural na hora de representar modos de vida passados
e presentes, e também expressa os significados
simbólicos das identidades culturais dos grupos
humanos.
Patrimônio Cultural Material

 Patrimônio Cultural Material: é o conjunto de bens culturais


móveis e imóveis existentes por sua vinculação a fatos
memoráveis da história ou por excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

 Exemplos: Igrejas, prédios de valor histórico, pirâmides do


Egito, Cristo Redentor, esculturas, bibliotecas e museus.
O que as imagens representam?
A Esfinge
 Era um monstro alado com corpo de mulher e leão que
afligia a cidade de Tebas.
 Apresentava aos homens o seguinte enigma: “Que animal
anda pela manhã sobre quatro patas, a tarde sobre duas
e a noite sobre três?” Nenhum homem conseguia decifrar
tal enigma e a esfinge os devorava.
 Isso ocorreu até que Édipo, filho de Laio enfrentou a
esfinge e conseguiu decifrar seu enigma respondendo: “O
homem, pois engatinha na infância, anda ereto na idade
adulta e necessita de bengala na velhice.”
 Com seu enigma decifrado, a esfinge sofreu uma grande
frustração, jogou-se num precipício e pereceu.
Partenon

 O Paternon foi um templo dedicado à deusa grega Atena,


construído no século V a.C. na Acrópole de Atenas,
na Grécia Antiga, por iniciativa de Péricles, governante da
cidade.

 O Partenon é o mais conhecido dos


edifícios remanescentes da Grécia Antiga e foi ornado
com o melhor da arquitetura grega.

 O Partenon é um símbolo duradouro da Grécia e da


democracia , e é visto como um dos maiores monumentos
culturais da história da humanidade.
Coliseu Romano

 Mundialmente conhecido, o Coliseu, construído por ordem


do imperador Vespasiano e concluído, durante o governo
de seu filho Tito, é um dos mais grandiosos monumentos
da Roma Antiga.
 Conta a história que os gladiadores lutavam na arena e
que o Coliseu, era o lugar onde os cristãos eram lançados
aos leões.
 Para evitar problemas nas saídas dos espetáculos, os
arquitetos projetaram oitenta escadarias de saída. Em
menos de três minutos, o Coliseu podia ser totalmente
evacuado. Suas arquibancadas tinham capacidade para
80 mil pessoas.
Machu Picchu

 Um dos centros mais importante da antiga civilização inca.

 Machu Picchu, que significa “velha montanha”, foi


construído por volta do século XV pelo líder
inca Pachacuti.

 A montanha na qual sua estrutura foi erguida fica próxima


a Cuzco, no atual Peru, portanto, perto do centro do
império.
Machu Picchu

 Em Machu Picchu foram construídas pirâmides em


degraus, templos, calendários solares e diversas outras
construções em pedra e adobe.

 Por muito tempo Machu Picchu foi considerada a “cidade


perdida dos incas”, pois até 1911 não se sabia com
precisão qual era a sua localização.

 Sabia-se que sua montanha estava no circuito do chamado


“Caminho Inca”, isto é, um caminho de túneis perfurados
em rochas que ligava todo o império inca por cerca de 40
mil quilômetros.
Patrimônio Cultural Material no Brasil

 Os conjuntos arquitetônicos como Ouro Preto (MG) e


Olinda (PE) são considerados bens que compõem o
patrimônio material brasileiro.

 Em Ouro Preto (MG): cidade histórica de Ouro Preto


originou-se do processo de agregação de diversos arraiais
de garimpo de ouro.
- Além de ter sido o berço de artistas, responsáveis pelas
mais significativas obras do barroco brasileiro, foi também o
cenário do movimento pela independência do Brasil em
relação a Portugal, chamado de Inconfidência Mineira.
Patrimônio Cultural Material no Brasil

 Em Olinda (PE): remete ao início da colonização


portuguesa no Brasil, no século XVI, quando se
consolidou como sede da Capitania de Pernambuco, no
período áureo da economia de cana de açúcar.
- As características de sua arquitetura herdada de
Portugal e adaptada ao meio, e assimilada a ponto de
adquirir sua própria personalidade e mantê-la ao longo dos
tempos.
Patrimônio Cultural Material do Rio Grande do
Norte

 Forte dos Reis Magos (em Natal): é uma das mais


importantes edificações da arquitetura militar e o principal
exemplar do Estado.

 Capela de Nossa Senhora das Candeias (em


Canguaretama): que é um raro exemplar da arquitetura
barroca no Rio Grande do Norte.
Patrimônio Cultural Imaterial

 Patrimônio Cultural Imaterial: são criações culturais de


caráter dinâmico e processual, fundadas na tradição e
manifestadas por indivíduos ou grupos de indivíduos como
expressão de sua identidade cultural e social.
- Toma-se tradição como um significado práticas
produtivas, rituais e simbólicas, que são constantemente
reiteradas, transformadas e atualizadas, mantendo, para o
grupo, um vínculo do presente com seu passado.
Grupos de Bens Culturais Imateriais

Gêneros de literatura oral tradicional

• Cancioneiros, romanceiros, contos populares e rezas.

Expressões e manifestações

• Ligados suportes físicos (lugares de memória) ou a


referenciais histórico-religiosos: rituais festivos, crenças
do sobrenatural, lendas e mitos e histórias de vida.
Manifestações artísticas

Manifestações Qualquer forma de expressão das ideias,


artísticas podendo ser feita através de música,
pintura, escultura e literatura.
Modos de Manifestação Artística

Quando conseguimos expressas por


Musical meio de música. Ex.: Cantando; e
tocando instrumento.

Quando conseguimos expressar usando


o nosso corpo. Ex.: No teatro, através de
Corporal peças e das encenações; e na dança
através de espetáculos dos mais
variados estilos de dança.

Conseguimos nos expressar pelo uso de


Visual imagens. Ex.: Fotografia, pintura,
colagem, desenho e gravura.
Manifestações religiosas

Expressões que significam a


Manifestações religação com o divino através de
religiosas sistemas culturais e de crenças,
além de visões de mundo.

Estabelece símbolos que relacionam a humanidade


com a espiritualidade e os valores morais.
Festas Populares

É a demonstração de aspectos culturais de


Festas
uma região com a participação de um
Populares
número maior de pessoas.

Acontecem ao ar livre, nas ruas, praças ou estádios, envolvendo muitas


vezes uma cidade inteira.

São marcadas também pela demonstração de tradições regionais,


rituais religiosos, comidas, músicas, danças e roupas típicas.
Culinária Regional

É a arte de cozinhar com métodos de


Culinária culinária que variam de região para
Regional região, não só nos ingredientes como
também as técnicas culinárias e os
próprios utensílios.

A cozinha reflete aspectos da cultura.


Saberes Populares

Conhecimentos elaborados por pequenos


Saberes grupos (famílias, comunidades),
Populares fundamentados em experiências ou em
crenças e superstições, e transmitidos de um
indivíduo para outro, principalmente por meio
de linguagem oral e dos gestos

Saberes populares manifestados como chás medicinais, artesanatos,


mandingas, culinária, dentre outros, que fazem parte da prática cultural
de determinado local ou grupo coletivo.
Unesco e suas posições recentes sobre
patrimônio cultural imaterial

 Na 32° Conferência da UNESCO realizada em Paris, em


2003 foi aprovada a Convenção para Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial.

 Nesta convenção surgiu a definição abrangente de


patrimônio cultural imaterial, que posteriormente
influenciou a legislação brasileira.
Unesco e suas posições recentes sobre
patrimônio cultural imaterial

 O patrimônio cultural que se transmite de geração em


geração, é constantemente recriado pelas comunidades e
grupos em função de seu ambiente, de sua interação com
a natureza e de sua história, gerando sentimento de
identidade e continuidade e contribuindo assim para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade
humana.

 É na Convenção de 2003 que foi proposta a salvaguarda


dos bens motivada pelo avanço da globalização e sua
possível devastação.
O que as imagens representam? De onde são as
imagens?
Acarajé, na Bahia

 É um bolinho de feijão-fradinho artesanal, temperado com


cebola e sal, frito em azeite de dendê e depois recheado
com vatapá (leite de coco, castanha de caju, amendoim e
camarão), vinagrete e camarão seco, o acarajé é servido
com muita ou pouca pimenta.

 De onde vem? Difundida no candomblé e ofertada para a


orixá Iansã, a receita chegou ao Brasil vinda do Golfo do
Benim, na África Ocidental, por imigrantes africanos na
época da escravidão.

 Foi considerado patrimônio nacional em 2005 pelo IPHAN.


Araruna, Rio Grande do Norte

 A Araruna, tem sua origem no grupo São João na Roça,


do bairro das Rocas, em Natal, fundado em 1949 pelo
Mestre Cornélio Campina (diretor artístico do grupo) e
amigos, que pretendiam formar um grupo que se
apresentasse durante todo o ano.

 Os dançarinos aos pares, executam passos


característicos das antigas danças de salão do século
passado, catam-se versos alusivos a Araruna, ave
homônima a abundante nos sertões, é dança do cultivo de
cereais, especialmente o arroz.
Vídeo: Bens materiais e imateriais integram o
Patrimônio Cultural Brasileiro

 Link: https://www.youtube.com/watch?v=-Hnu9H7SniM
Questão

1- Do que trata o vídeo?


Referências

ALVES, M. L. B. Religiosidade, turismo e cultura no Rio


Grande do Norte- Brasil. XXVI Congreso de la
Asociación Latinoamericana de Sociología,
Guadalajara, 2007.

ARAÚJO, R. M.; POSENATTO, A. F. G.; NASCIMENTO,


A. C. Cultura e manifestações artísticas como um atrativo
turístico em Natal- RN: um estudo na percepção dos
stakeholders. Holos. V. 3, Ano. 26, 2010.

FALEIRO, A. Desbravando nosso folclore. São Paulo:


Biblioteca 24 horas. 2010.
Referências
 GIMENES, C.E.R. A importância do patrimônio cultural
imaterial na avaliação de impacto ambiental. Monografia
apresentada no MBA de Gestão e Tecnologias Ambientais.
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011, 84f.

 IPHAN. Centro Histórico de Ouro Preto (MG).2014.


Disponível em:<
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/30>Acesso em:
02 jun. 2021.

 IPHAN. Centro Histórico de Olinda (PE). 2014.


Disponível:<
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/33>Acesso em:
02 jun. 2021.
Referências

 IPHAN. Patrimônio Material- RN. 2014. Disponível em:<


http://portal.iphan.gov.br/rn/pagina/detalhes/566>Acesso
em: 02 jun. 2021.

 IPHAN. Celebrações e saberes da cultura popular:


pesquisa, inventário, crítica, perspectivas. Rio de Janeiro:
IPHAN,CNFCP, 2006.

 PARAFITA, Alexandre. Património Imaterial do Douro.


Vols. I e II, Âncora Editora, 2007 e 2010.
Referências

 PÉREZ, X. P. Turismo cultural: uma visão antropológica.


El Sauzal. (Tenerife. España): ACA y PASOS, RTPC. 2009.
307p.

 SANTOS, O. A. C. R.; LAGE, A. C. Educação e saberes


populares: a ancestralidade de mestras e mestres da
oralidade. Rev. Ed. Popular, Uberlândia, Vol. 18, N°1,
2019, p. 209-221.

 XAVIER, P. M. A.; FLÔR, C. C. C. Saberes populares e


educação científica: um olhar a partir da literatura na área
de ensino de ciências. Revista Ensaio. Vol. 17, N° 2,
2015, p. 308-328.

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