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Resumos de Património Cultural

Capítulo 1: Evolução histórica do Conceito de Património

1. As vertentes semânticas e conceptuais do Património

Património = sentido amplo de cariz económico = propriedade

Património (Cultural) = sentido estrito baseado no valor monumental, histórico,


artístico, simbólico, social ou cultural = “propriedade” coletiva

A “construção” do conceito de património (cultural) é histórica

Significado flutua no tempo = conceito extremamente dinâmico

Património = (Pater + monium)

Património: bens herdados de geração em geração (riquezas, saberes, costumes,


tradições ou valores)

Nota: património não é apenas algo material, mas tudo aquilo que, resultante da
agência humana, permanece ao longo do tempo.

Património Cultural: produto da cultura de povos que vivem num determinado


momento.

As “relíquias” do passado como forma de legitimação política:

• Nabónido, último rei da Babilónia, e a recuperação dos vestígios


paleobabilónicos;
• Os Atálidas de Pérgamo e a recuperação da memória do mundo helénico;
• Alexandre o Grande e a difusão de um “novo” Helenismo

O património serve, também, como forma de expressar valor e prestígio e de legitimar


políticas e ideologias

Idade média:

• Frequência dos espaços da antiguidade


• Reaproveitamento de materiais

Renascimento (séculos XIV/XV):

• Revalorização do mundo clássico (Gregos e Romanos)


• Incremento dos trabalhos de escavação arqueológica;
• Surge o conceito de Antiguidade;
• Monumentos como o cânone ideal de beleza e memória de passados;
• “Património”:
- Valor histórico (antiguidade)
- Valor artístico (modelo ideal)
Séculos XVI – XVIII – consolidação dos impérios coloniais ultramarinos:

• A constituição de Gabinetes de Curiosidades e das coleções de naturalia


• Busca das raízes nacionais

Surge o conceito de Antiguidades Nacionais

Século das Luzes ou o iluminismo (século XVIII):

• O reforço do valor histórico das “Antiguidades”;


• A noção do seu valor educativo.

Revolução Francesa (finais do século XVIII):

• Nacionalização dos bens da igreja e da Coroa (bens móveis e imóveis)


• Vandalismo/pilhagem geram reflexão sobre o destino desses bens;
• Ideia de capitalização para a instrução popular.

Consequências:

- Génese do conceito de Nação e emergência quase simultânea da ideia de


Património Nacional;

- Alargamento cronológico do Património (inclui elementos medievais);

- Valor económico (questão da desamortização), emblemático, educativo e


científico.

Apontamentos da aula:

- O património nem sempre é criado com valor histórico. Tem, também, uma
vertente social. O homem, como um ser social, espelha no património essa,
mesma, vertente social;

- Nunca se sabe a verdade toda sobre um sítio. Cabe a nós tentar passar a
mensagem histórica às pessoas; (Ex: não basta só servir um prato de tripas, cabe
a nós explicar o valor histórico deste prato)

- O novo turista tem um grande poder de influência para como os outros,


influência as suas decisões de ir a um hotel ou restaurante; (Ex: influencers)

- A era digital mudou a forma como a economia funciona, havendo cada vez mais
empresas de venda exclusivamente online. O marketing acaba por ser feito nas
redes socias;

- Devemos tentar dar algo mais em cada experiência ao visitar o património para
também haver boas opiniões ditas a futuros visitantes;

- Nem todos os recursos patrimónios tem a capacidade chamatória (rota das


alminhas)
- Com o património cultural temos de usar a imaginação, conjugar várias
experiências numa. Não ir só a um sitio em específico;

- O turismo sénior é um segmento de futuro pois, a população está a ficar mais


envelhecida. Eles apreciam com mais facilidade o património, é um mercado
exigente, mas com boas experiências, há boa divulgação.

2. “Criação e “evolução” do conceito de património

Os monumentos são, também, “armas” político – ideológicas

Século XIX – Da revolução industrial ao Romantismo:

Revolução Industrial: perda e degradação do ambiente humano

Romantismo:

- Recurso à metáfora escrita para caraterizar os monumentos (“ escrita de


pedra”);

- A sua “leitura”, enquanto objetos- de – conhecimento, permite refazer aceder


ao passado, tornando-os signos de determinado período histórico;

- Preservar é valorizar a História;

- Procura da Identidade Nacional, da Nação;

Criação das primeiras instâncias jurídicas estruturadas de proteção dos


Monumentos.

Pós 2º Guerra Mundial

• Destruição e deslocação em massa de património;


• Implicâncias diretas numa reflexão crítica sobre o problema;
• Afirmação das Ciências sociais e Humanas;
• Processo de alargamento do universo abrangido pelo património;
• Consideração de novos parâmetros de caracterização:
- Cronologia
- Tipologia
- Geografia

Proliferação de Cartas e Convenções de organismos internacionais:

• ICOMOS (International Council on Monuments and sites);


• UNESCO (United Nations Educational, Scientific an Cultural Organization);
• Concelho da Europa.
Globalização do
conceito ocidental
de Património

3.Conceito de Património em Portugal

Preocupação precoce para a preservação de Antiguidades Nacionais:

- Alvará Régio de 1721 (D. Afonso V) Atribui à Real Academia da História


competências de levantamento e na preservação das Antiguidades;

O documento preconiza que os monumentos antigos “podem servir para illustrar, e


testificar a verdade da mesma Historia” e servem, também, para manifestar «a gloria
da antiga Lusitânia”

Destruição/Vandalização dos monumentos = Crime contra a História

Terramoto de 1755 (Lisboa):

- Destruição massiva de elementos patrimoniais (Demolição de Ruínas, com


exceção, o Convento do Carmo & Remodelações na cidade genericamente aceites)

Em 1802 O Alvará Régio de D. Afonso foi atualizado:

- Principal novidade: transferência de competências para a Biblioteca


Real de Lisboa;

- Obrigação de inquirir as Câmaras sobre achados.

1820: Revolução Liberal portuguesa:

- Extinção dos privilégios senhoriais e das Ordens Religiosas;

- Nacionalização dos bens eclesiásticos;

- Regresso dos exilados liberais com novos conceitos de Património;

- Desamortização: venda de bens eclesiásticos;

- Valor emblemático do Património na legitimação do “projeto” liberal.

Legislação liberal da década de trinta do século XIX:

• Fértil em debates parlamentares e disposições relativas aos


‘Monumentos Nacionais’
• Visava-se definir as normas e o quadro estrutural de regência e
de gerência do Património

- Necessidade de inventariação e de classificação do Património

- Em 1882: Real Associação dos Arquitetos Civis e Arqueólogos


Portugueses elabora lista de obras a serem consideradas ‘Monumentos
Nacionais’.

Criadas 6 categorias:

1. Monumentos históricos e artísticos e edifícios recomendados pela sua


grandeza construtiva, magnificência ou primores artísticos (Alcobaça, Batalha,
Jerónimos);

2. Edifícios importantes para a História da Arte de Portugal ou edifícios


históricos não grandiosos (arco da Aramenha, cipos romanos de Santarém,
sepulcros romanos de Panóias);

3. Monumentos de arte militar, Castelos e Torres;

4. Monumentos erguidos em lugares públicos por reconhecimento


nacional (estátua de D. José, Arco da Rua Augusta, estátuas régias);

5. Padrões de diferentes géneros importantes para as artes e para a


História (monumentos anteriores à monarquia – Cetóbriga, Ossonoba);

6. Monumentos pré-históricos (dólmens ou antas, menires, mamôas);

Legislação liberal levanta outras questões na forma de “conceber” os


“monumentos”:

- A nacionalização de bens da coroa e do clero passa a integrar o


património do Estado;

- Utilização de monumentos com fins diferentes dos seus propósitos


históricos;

- Hipotética perda de “identidade histórica” por parte dos monumentos.

Romantismo:

- Novo conceito: Monumento Nacional (sob influência de Alexandre Herculano);

- Valorização dos monumentos medievais

• Construção/afirmação da nacionalidade

- Valorização económica do monumento

• Deve ser rentabilizado


- Monumentos como meio de prova inserível no discurso historiográfico;

- Vertente historicista: devolver a originalidade aos monumentos.

Muito património = Adaptação de património (monumentos) a novas funções =


“Intrusão” (necessária) do presente = Desvalorização do ‘valor histórico’ do património

Fontismo (Fontes Pereira de Melo):

- Margem de ação do Ministério das Obras Públicas;

- Empreendimento de obras de restauro segundo princípios que respeitavam a


história dos monumentos;

Joaquim Possidónio da Silva (1806-1896):

- Primeiro esforço de levantamento e registo do Património Nacional;

- Cria as Comissões de Monumentos Nacionais;

1880:

- Ministério das Obras Públicas solicita uma lista de monumentos a classificar.

1910:

- Classificada uma primeira leva de monumentos.

1ª República:

- Conflito latente entre o Ministério da Instrução Nacional e Ministério das


Obras Públicas;

- Desacordo entre Arquitetos e Engenheiros.

1920:

- Criação da Administração Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.

Estado Novo:

- Política centralizadora;

- DGEMN com vastos poderes;

- Política de salvaguarda = afirmação da Identidade Nacional.

Pós 25 de Abril e entrada na U.E.:

- Políticas comuns atingindo os estados membros;

- Legislação e políticas de salvaguarda mais abrangentes e protecionistas;


- Interesse pela diversidade cultural e pelos símbolos da Humanidade
(Património Mundial);

- Crescente valorização do Património Imaterial;

- Portugal: parte da UE (desde 1986) e do ICOMOS (1982);

Capítulo 2 – Património Cultural, Turismo e Sociedade

2.1 Conceitos Operatórios:

Recursos Turísticos: São a base para o desenvolvimento posterior da atração e, por


consequência, do produto turístico.

Os recursos não encerram valor turístico a não ser que se transformem num produto.

Tipologia de Recursos:

• Naturais;

• Culturais;

• Divertidos;

• Atividades Desportivas;

• Infraestruturas.

Há recursos originais e recursos complementares

• Devem saber gerir e potenciar o património mas tornando-o seguro,


acessível e sustentável.

Potenciar Recursos Turísticos:

• Inventário (Deve-se preencher uma ficha com, Identificação do Recurso,


Caracterização do Recurso, Valorização do recurso, Características
desejáveis)

• Observação Direta: Avaliação na primeira pessoa (estar presente). É


importante perceber certos pré-requisitos, se tens bons acessos, é
seguro, etc)

• Observação Indireta: Avalia-se por artigos, fotos, vídeos, midia, etc

Pode-se potenciar a reutilizar recursos inutilizáveis, como transformar um


caminho ferroviário numa ecovia.
Informação “a mais” pode ser sempre usada mais tarde.

Então….

Recursos Turísticos + Infraestruturas+ equipamentos e serviços = Produto


Turístico.

Turista

• Todo o visitante que viaja para um país ou região diferente daquele em que
tem a sua residência habitual e que efetua uma estadia de, pelo menos, uma
noite. O motivo principal da visita não será o de exercer qualquer atividade
renumerada. (Não vai trabalhar). De acordo com Coopere t al. os turistas são
visitantes cujo propósito da visita é o negócio, a saúde ou a visita a amigos e
parentes (por mais de 24 horas) Os turistas são um grupo heterogéneo.

Turismo

• Movimentação temporária de pessoas para destinos fora dos seus locais


habituais de trabalho e de residência.

• Conjunto de atividades praticadas por indivíduos durante viagens e


permanência em locais fora do seu ambiente habitual, por um período contínuo
menor de um ano, por lazer, negócios e outros.

Categorias de Turismo

• étnico

• cultural

• histórico

• ambiental

• de lazer

• de negócios

• de saúde ...

Dez conceitos que diferenciam as culturas (Maletzke 1996: 42):

1. Caráter nacional/personalidade base;

2. Perceção;

3. Conceito de tempo;

4. Conceito de Espaço;

5. Pensamento;
6. Língua (ir para fora e ser obrigado a aprender a língua/ Cultura);

7. Comunicação não-verbal;

8. Valores;

9. Comportamento;

10. Agrupamentos e relações socias.

Apontamentos da Aula:

- Posso ser turista no meu país;

- Quanto maior a distância da deslocação (de um turista fora de casa), maior o impacto
da diferença de culturas;

- Se não tivermos cuidado, não gerirmos e não planearmos bem, o património pode ser
estragado e trazer o turismo em massa;

- Cada região tem uma noção cultural distinta de ver as coisas.

Turismo Cultural

Cobre todos os aspetos pelos quais é possível conhecer e aprender as formas de


vida e o pensamento dos povos

• Importante meio para a promoção de relações culturais e cooperação


intercultural;

• O desenvolvimento de fatores culturais dentro de um determinado povo visa


aprimorar os recursos para atrair visitantes;

• Mais do que um cartão-de-visita de uma região, de um povo ou de uma nação,


serve para favorecer a imagem desse país, povo ou região.

Turista cultural

“(...) ser um turista cultural é tentar (...) ir para além do lazer idílico e voltar
enriquecido pelo conhecimento de outras pessoas e de outros lugares”

A designação “outras pessoas” sugere uma tendência crescente de procura do


património intangível (festas, costumes, etc.).

Não é homogéneo, já que o grau de interesse e de envolvimento é variável.

Tipos de turista cultural segundo Mckercher & Du Cros (2002) :

• Intencional: centrado na cultura, procura experiências intensas;

• Sightseeing: centrado na cultura mas busca experiências superficiais;

• Informal: pouco centrado na cultura, a cultura não é relevante;


• Acidental: pouco centrado na cultura, participa superficialmente; (vai porque
os amigos vão)

• Casual: pouco centrado na cultura mas tira partido com profundidade; ~

Tipos de turista cultural segundo Erik Cohen (1972):

Viajantes não institucionalizados:

• drifter (errante,” mochileiro”, peregrinação a santiago)

• Explorador (planifica a viagem)

Viajantes institucionalizados:

• Turista de massa individual (itinerários fixos, destinos de prestígio)

• Turista de massa organizado (itinerários fixos, paragens planificadas,


cruzeiros, excursões)

Tipos de turista cultural segundo Valene Smith (1989):

• exploradores

• elites

• excêntricos

• inusuais

• massa incipiente

• massa

• charter

Outros critérios para definir turista cultural segundo Brito (2013):

• Nacionalidade

• Número

• Idade

• Género

Visitante

• Pessoa que viaja por período inferior a um ano para um país ou local
diferente do da sua residência habitual.

• O motivo principal da visita (em negócios, em lazer, etc.) não é o de exercer


qualquer atividade remunerada.
Excursionista

• Todo o visitante que viaja para um país/local diferente da sua residência


habitual por um período inferior a 24 horas.

• Não pernoita no país/local visitado e o motivo principal de visita não é o de


exercer qualquer atividade remunerada.

• Pressupõe (pelo menos) uma paragem para visita turística.

Residente

Toda a pessoa que vive num local por um período superior a seis meses.

Sustentabilidade

Comissão Brundtland (1987) defende que o desenvolvimento sustentável “satisfaz as


necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir as suas próprias necessidades”

Apontamentos da aula:

- Recente na área do turismo;

- Está na moda (ainda bem);

- Turismo sustentável é preocupar-se com os recursos ecológicos;

- Menos destruição do ambiente (fauna e flora)

- Mais ser aventureiro e respeitar o meio ambiente;

- O turismo é bom para o lazer mas também pode ser cultural e


servir para ensinar a preservar os ambientes, explicar como o
ecossistema numa região funciona.

- O turismo sénior é bom para combater a sazonalidade (estão sempre de férias)

- Só se pode minimizar os impactos, não anulá-los por completo.

- Mesmo tentando ser ecológico, é um ciclo sempre com algo negativo (exemplo:
substituir plástico por papel – como fazer papel reciclado? – gastando energia
com os combustíveis fósseis mais provavelmente)

Itinerário

Caminho especificando os lugares de passagem e propondo uma série de


atividades e serviços durante a sua duração:

- Circuitos

- Visitas
Circuito

Viagem combinada com vários serviços:

- Transportes

- Alojamento

- Guia

Pode ser…..

• Cumpre um itinerário programado (preferencialmente circular)

• Conjunto de caminhos e visitas complementares formando itinerário fechado


(inicio e término comuns)

Visita: Reconhecimento, exame ou inspeção de uma paragem do itinerário. Representa


cada uma das paragens que compõem um itinerário

Rota: pontos de saída e de chegada não são coincidentes. Associada a uma direção, a
um percurso dirigido, linear.

Roteiro: (quase sempre) associado a uma descrição, mais ou menos detalhada,


dos aspetos mais relevantes e, especialmente, dos principais pontos de interesse
turístico.

Rota ou Itinerário cultural: percurso ou caminho articulando diferentes conteúdos de


património cultural naturalmente objetivos e fisicamente identificáveis. Têm a
capacidade de atingir uma dimensão que ultrapassa a escala local ou regional,
podendo atingir o contexto internacional.

Tipos de itinerários turísticos:

- Variam conforme o critério utilizado.

Classificação de itinerário segundo:

- Motivação subjacente

- Tipo de produto turístico

- Tipo de transporte utilizado

- Variam conforme o critério utilizado

Outro tipo de classificação:

- Forma de organização.

Tipos de itinerários turísticos:

- Desportivos
- Culturais

- Ecológicos ou da natureza

- Religiosos

- Saúde

- Aventura

- Social

- Férias ou lazer

Património material:

Tudo aquilo que existe fisicamente e que representa determinada cultura,


região, nação ou povo.

Património imaterial:

Tudo aquilo que, sem existir sob a forma física, é um reflexo cultural de uma
cultura, região, nação ou povo.

Outras modalidades de património material...

• Património industrial: tudo aquilo que representa a componente industrial de


uma região, nação ou povo.

• Sítio arqueológico: todo o lugar com vestígios de ocupação antiga que ficaram
soterrados ou em ruínas.

• Património subaquático: Todos os vestígios antigos que se encontrem debaixo


de água (Titanic).

2.2. Avaliação do Valor turístico- patrimonial e impacto socioeconómico

Panorama atual

• Património pode ser:

- arquitetónico

- histórico

- artístico

- natural

- industrial

- cinematográfico

- arquivístico
- imaterial

- digital…

Crescimento exponencial dos públicos-alvo com interesse no Património

• Três correntes (convergentes mas dissonantes):

- Corrente de democratização do Património: o património deve


ser acessível a toda a gente porém, há arte em mão privada que não se
encontra em acesso ao público mas, a maior parte está.

- Corrente de massificação do Património: é usufruída em massa.


Quantas mais pessoas tem acesso mais massivo essa atividade vai ser.
(Passadiços do Paiva – excesso de pessoas leva a falta de segurança)

- Corrente de mercantilização do Património: Para gerires a


gestão do património em mãos de privados é melhor do que pelo estado.
Não podemos ter um negócio sem custos. Os patrimónios desgastam-se
muito por isso, precisam de estar em constante manutenção, o que tem
um custo elevado. As entradas pagas permitem manter o bom
funcionamento do património e ao mesmo tempo dá para pagar aos
funcionários e em consequência obter lucro.

Património

• Legado a conservar: É preciso manter a manutenção dos patrimónios.

• Recurso a explorar e a potenciar

Necessária postura crítica que analise as lógicas da sua valorização.

Património = ativo económico (Podemos ter benefícios económicos)

- Recurso para o desenvolvimento sustentável

Património = ativo social (conseguimos criar empregos)

- Espaço de intervenção cívica

Património = ativo cultural (ensinar o que os nossos antepassados tanto


lutaram para permanecer na história)

- Projetos educativos inovadores;

- Elevar o capital cultural.


Turismo & Sustentabilidade:

- Minimizar os impactos negativos do Turismo; (exemplo, reabrir


Altamira é um “perigo”. O respirar afeta este sítio – pinturas rupestres. Neste
momento encontra-se visitável mas fizeram uma réplica para manter o original
intacto).

- Permitir ao setor funcionar com um critério de rentabilidade a longo


prazo, não às custas dos recursos (naturais, culturais ou ecológicos).

- É tão importante promover o desenvolvimento do turismo como


colocar-lhes limites e torna-lo atrativo.

Objetivos primordiais do Turismo Sustentável:

-Fornecer um meio de vida seguro e durável;

- Ser capaz de minimizar o esgotamento dos recursos;

- Ser capaz de minimizar a degradação ambiental;

- Ser capaz de minimizar a rutura cultural;

- Ser capaz de minimizar a instabilidade social;

Premissas:

- Crescimento e desenvolvimento económico e qualidade


ambiental são compatíveis;

- Utilização dos recursos de forma limitada não compromete o seu


uso futuro.

Tripla dimensão do turismo sustentável:

1. Preservação dos recursos (sustentabilidade ambiental) = benefícios


para o Meio ambiente e para o Homem;

2. Desenvolvimento local/ dinamismo económico (sustentabilidade


económica) = benefícios para as comunidades locais;

3. Ética-retorno/partilha-igualdade de oportunidades (sustentabilidade


sociocultural) = benefícios sociais para as comunidades locais.

Atividade económica do momento:

- Tem suplantado muitas outras atividades económicas

- Incremento do PIB nacional e mundial

- Gerador de emprego
Planeamento e desenvolvimento do Turismo

- Fenómeno multifacetado e interdisciplinar interrelacionando produtos


turísticos, atividades e serviços de entidades públicas e privadas.

- Necessidade de investigação cuidadosa ao nível dos efeitos não


económicos;

- Planeamento deve garantir o desenvolvimento sustentado do destino


turístico.

Perspetivas e tendências do Turismo

- O ecoturismo e sustentabilidade: principais estudos que têm


influenciando o desenvolvimento do planeamento no campo do ambiente

- Turismo sustentado: imperativo - uma das principais forças que


conduzem ao tão desejado planeamento em turismo

Diferentes tipos de sustentabilidade

• Sustentabilidade social: Conduzir a um padrão estável de crescimento,


com uma redução das diferenças sociais;

• Sustentabilidade cultural: procurar soluções de âmbito local através das


potencialidades das culturas específica;

• Sustentabilidade ecológica: desenvolvimento turístico deve limitar o


consumo dos recursos naturais;

• Sustentabilidade económica: possibilitar o crescimento económico para


as gerações atuais e satisfazer as necessidades das gerações futuras;

• Sustentabilidade espacial: distribuição geográfica mais equilibrada dos


assentamentos turísticos;

• Sustentabilidade política: negociação da diversidade de interesses


envolvidos do âmbito local ao global.

2.3. A arte de interpretar o Património

O turismo é uma indústria de experiências. O não haver licenças para guias,


pode levar a um inventar de informação. Haver guias é necessário para potenciar um
património senão não se destaca.

Informar é organizar conteúdos.

Processamento, manuseamento e organização de dados a apresentar a um


recetor.

• Impessoal:
• Útil: orienta, instrui, dá a conhecer (Com data, função, elementos, etc do
património; Explica as etapas de construção e uso do património; Enriquecer a
experiência a ensinar algo.)

• Fluxo de comunicação (Ter um fio condutor no discurso ou seja, uma ordem


cronológica)

• Colmatar/minimizar uma necessidade (É a forma como as experiências podem


ser passadas. Se for má, a recomendação vai ser má. – mouth to mouth)

O Turismo é um negócio baseado na informação. (Quando temos dinheiro para


viajar, coleto informações, seja horários, etc. Queremos informação coerente)

Parâmetros a considerar:

• Relevância ou adequação da informação: Uma placa é diferente de um


guia. A placa não permite explorar outro tipo de informação. Enquanto
o guia vai ter um discurso muito diferente, o guia adequa a forma como
fala – pode falar diferente para crianças e adultos;

• Exaustividade e Detalhe: Se tem tempo pode abusar dele, senão tenho


tempo tenho de controlar a informação;

• Localização e Precisão: A informação tem de estar associada ao


espaço/localização e a informação ser correta e precisa – pouca mas boa;

• Adequação temporal: adequar a informação no tempo e histórica em


questão – tecnologia para cativar;

• Formato apropriado: Ver o que funciona melhor, de mãos dadas com o


orçamento que se tem mas não só. Até que ponto a informação em
placas não descaracteriza o monumento.

Perigo real da manipulação (exemplo, lápis azul. Só é divulgado aquilo que o


estado quer que as populações saibam. Eu posso apresentar a informação de acordo
com as minhas ideologias e o visitante vai acreditar) e da isenção da informação (Não
havendo, os visitantes pensam o que querem).

Interpretar:

Processo complexo através do qual os conhecimentos devem chegar de forma


objetiva e relevante aos clientes. A interpretação não nega a aproximação – um mito
cativa as pessoas a visitar determinado monumento.

O património imaterial tem uma importância e deve engrandecer o processo de


interpretação.
Aprender a interpretar:

• Formação que o intérprete tem.

• Origem de cada um pode enriquecer mais ou menos a


interpretação;

• Experiência pessoal adquirida no terreno.

Objetivos:

• Respeitar o património;

• Proteger os turistas com a informação que temos acesso


(Expectativa);

• Servir de ponte entre o Património e o Turista;

• Cooperação de Skateholders (Todos os agentes associados à


industria do turismo) para incremento do setor: Procurar a
cooperação entre comerciantes ou donos de estabelecimentos
turísticos. Exemplo, o meu estabelecimento só alberga 20
pessoas, eu não posso querer os turistas todos quando não tenho
capacidade para tal. Então teria de cooperar com outros
estabelecimentos e melhorar as experiências das pessoas;

• Satisfação do turista.

Interpretar obriga a:

• Conhecimentos variados;

• Mediar entre o Património e o turista;

• Proteger o Património e os turistas;

Interpretar será dar significado a uma significante.

Os 6 princípios de Freeman Tilden:

1. A interpretar deve ligar o que está a ser mostrado/ descrito com a


personalidade ou experiência do recetor;

2. Interpretar com base com algo que existe e não algo criado.

3. Usar outras coisas, lendas, geografia etc na interpretação é legítimo;

4. A interpretação deve provocar para cativar para estarem atentos;

5. A interpretação deve ver e falar das escolhas de uma forma global;

6. Adaptar o discurso à faixa etária;


Diferença entre informar e interpretar:

Capítulo III – Legislação e Organizações tutelares do património

3.1 Instrumentos legais

- Convenções e Cartas internacionais: UNESCO, ICOMOS, CONCELHO DA


EUROPA, COMUNIDADE EUROPEIA.

Principal Desvantagem: Carência na adequação às diferentes legislações


nacionais. Exemplo, não se conseguem adaptar à lei portuguesa.

UNESCO:

Fundada em 1945 sede em Paris, França. Foi criada no fim da 2º guerra mundial.

Objetivos:

• Promover o diálogo entre civilizações, culturas e povos;

• Promover a paz, segurança e colaboração entre nações;

• Proteger e preservar o Património Cultural;

• Realizar convenções e produzir recomendações;

Convenções: Reuniões de onde saem documentos legislativos vinculativos

A unesco fez um convénio para a proteção de bens culturais em caso de conflito


armado. (O estado Islâmico destruiu património arqueológico, para “apagar” o passado
porque eles não se identificam com o que seja anterior a Maomé, em quem acreditam,
ou roubavam obras de arte para vender no mercado negro).

Recomendações: Série de princípios relativos a um tema em debate (também


conhecidas sob a designação de Cartas Internacionais). Documentos que
Icomos: Concelho internacional de Monumentos e sítios

Fundada em 1964 sede em Paris, França

• Organização não governamental (tem capacidade de decisão sem o


governo, como desvantagem tem de viver de favores/ dinheiros, tem de
se governar sozinha – Trata especificamente do património e das suas
renovações;

• Fórum de debate (proteção, conservação, valorização e divulgação do


património histórico) – Trata de como se pode gerir e proteger o
património. Gere-se por especialistas da área;

• Criado através da carta de Veneza;

• Tem 150 países na sua constituição;

• Tem de se considerar a área envolvente do património.

Concelho da Europa

Fundado em 1949, com sede em Estasburgo, França

• Mais antiga instituição europeia;

• Luta pelos direitos humanos, democracia e estabilidade


sociopolítica europeia;

• Promover o direito à educação e à cultura;

• Realiza convenções;

• Produz Recomendações;

• Realiza Conferências;

Revelam o “Estado de Arte” – Definem correntes de atuação

Carta de Malta: definição de património adotado por todo

Comunidade Europeia

Fundada em 1958 é sediada em Bruxelas, Bélgica

• Tem as suas raízes após a 2ºGuerra Mundial;

• Unidade Política e económica em perspetiva;

Principal desvantagem:
- Diretivas propostas pela UE carecem de regulamentação legislativa
adaptada a cada um dos Estados-membros;

- Regulamentos aplicados diretamente nos Estados membros desde a sua


entrada em vigor;

O caso Português: Legislação Nacional – Lei de bases do património ou lei 107/2001

Constituição da República:

• Fazer leis sobre todas as matérias, salvo as reservadas pela constituição do


Governo. (art.161)

Artigo 74, nº 2 “O património arqueológico integra depósitos estratificados, estruturas,


construções, agrupamentos arquitetónicos, sítios valorizados, bens móveis e
monumentos de outra natureza, bem como o respetivo contexto, quer estejam
localizados em meio rural ou urbano, no solo, subsolo ou em meio submerso (...)”.

Artigos 70 e 71 “Do regime geral de valorização dos bens culturais”

Artigos 72 e 73 “Dos regimes especiais de proteção e valorização de bens


culturais”

Carta de Malta, 1992 Artigo 1º, nº 3

- Inclui no património arqueológico estruturas, construções, conjuntos


arquitetónicos, sítios já desenvolvidos, objetos móveis, monumentos com outro
carácter, assim como o seu contexto, situados tanto na terra como debaixo de
água.

Regulamento de Trabalhos Arqueológicos

Decreto-Lei n.º 270/99 de 15 de Julho

“… são considerados trabalhos arqueológicos todas as ações que visem a


deteção, o estudo, a salvaguarda e valorização de bens do património arqueológico
usando métodos e técnicas próprios da arqueologia, independentemente de se
revestirem ou não de natureza intrusiva e perturbadora, nomeadamente prospeções,
ações de registo, levantamentos, estudos de espólios de trabalhos antigos guardados
em depósitos, sondagens e escavações arqueológicas, ações de conservação ou de
valorização em sítios arqueológicos”

Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro:

• Atualização do Decreto anterior

• Componente formativa dos arqueólogos e suas qualificações

3.2 Meios:

1. Inventariação:

• Cartas Arqueológicas: O património deve estar geo gerenciado, os sítios


patrimoniais devem estar marcados neste mapa. Ele permite controlar
as construções que são realizadas em volta da área do património;

• Base de dados da direção- geral do património cultural

Património Arquitetónico;

Património Arqueológico;

Património Móvel;

Património Imaterial;

Etc

• Corpus virtual de arte rupestre do noroeste português (cvarn)

• DGPC – Monumentos – ideal para sabermos os patrimónios e onde


estão localizados;

Ponto 1 do artigo 79º da lei de bases do património cultural

• Necessidade de elaborar cartas arqueológicas: há sempre sítios a serem


descobertos, então tem de ser constantemente atualizados e mapeados e
incluído no SIGS;

3 Ordenação e planeamento do território:

• Estudos de impacto ambiental;

• Planos de Ordenamento;

• Planos de diretores Municipais: O PDM organiza o território e faz o


diagnóstico das coisas e devem ter a participação de diferentes
especialistas, ter as cartas arqueológicas e determinar as áreas de
proteção para o património.

- Modelos de organização do território;


- Diagnóstico da situação;

- Devem ter a participação de diferentes especialistas;

- Memória descritiva;

- Cartografia de “manchas” de proteção;

-…

4 Classificação:

• Imóveis de interesse municipal: Bens cuja proteção e valorização, no seu


todo ou parcialmente, representem um valor cultural significante para o
município;

• Imóveis de interesse publico: Bem de interesse de valor cultural de


importância nacional cuja classificação de interesse nacional se mostre
desproporcional;

• Imóveis de interesse Nacional: Bem de interesse nacional que


representa valor para a nação;

NOTA: Bens móveis que pertençam a particulares só podem ser


classificados com interesse nacional caso a degradação ou extravio
constituam perda irreparável do Património Cultural;

• Parque Arqueológico;

4.1 Agentes:

Direção Geral do Património Cultural – DGPC

• Instituição que protege o património cultural em Portugal;

• Mudou várias vezes de nome porque as metodologias foram atualizadas


(foram se adaptando também, em parte, por causa das leis)

Antes era Instituto de Gestão do património Arquitetónico e Arqueológico


(igespar) com o passar dos anos modificou para Instituto dos museus e da
conservação (imc) e depois passou a direção-geral de cultura de lisboa e vale do
tejo (DRCLVT) e ficou em Direção-Geral do Património Cultural (dgpc).

1. Organismos do estado:

Decreto de lei 215/2006, artigo 21º, ponto 2

• Criação de Zonas Especiais De Proteção (ZEP): Toda a envolvente do


património seja protegida. Os antepassados não ocuparam só o castelo
mas o envolvente; Zonas que são especialmente criadas para proteger o
• património – para salvaguardar futuros achados nessa zona.

Apontamentos da aula:

Quem faz as leis em Portugal?

R: Parlamento.

Quem faz as leis relacionadas com o património português?

R: De acordo com a direção geral do património cultural quem faz estas leis é o
parlamento em assembleias que depois é publicado em Diário da República
Portuguesa.

Não devemos dar mais atenção ao património mundial do nacional.

E é dada uma atenção especial ao património mundial por causa do turismo e do que
se pode ganhar com ele.

Há património com mais história e importância para a cidade do que para o país em
si, mundo até.

Temos de ver se gera mais impactos positivos que negativos com a introdução de
certos produtos (tuc-tuc, trotinetes)

2. Museus:

Novas Correntes:

• Conservação

• Investigação: Devemos estudar também o monumento para obter


informação para gerar uma experiência mais agradável ao turista;

• Educação: Quanto mais investigamos e informados estivermos, mais


informações podemos transmitir para educar;

• Difusão: O que é mais importante para o turismo.

Museus regionais: Museu D. Diogo de Sousa (braga)

Museus de sítios: Museu Manográfico de Conímbriga (Coimbra)

Museus Nacionais: Museus Nacional de Arqueologia (Lisboa); Museus Nacional


de Arte Antiga (lisboa); Museu nacional soares dos reis (porto)

Museus Temáticos: Museu do traje (viana do castelo); Museu do brinquedo


(Ponte de lima); Museus Ferroviário (Famalicão); Museu do teatro (lisboa).

Casas-Museu: Casa museu Camilo Castelo Branco (Vila Nova de Famalicão);


Casa museu Amália Rodrigues (lisboa)

3. Autarquias (cm)
Gabinetes de Arqueologia:

• Inventariação dos sítios (carta arqueológica)

• Gestão patrimonial (impondo condicionantes)

4. Associações:

Foram criadas como incentivo à defesa do património (exemplo, amigos das


sete fontes).

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