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3ª e 4ª Aulas 06/12/2002 e 13/12/2012 – Geração de 1790

COLECIONISMO, CÂMARAS DE MARAVILHA E GABINETES DE


CURIOSIDADES

“Colecionar não foi prerrogativa do homem moderno. É prática antiga desenvolvida principalmente pelos
grandes impérios. Aristóteles e o romano Plínio são considerados dois grandes colecionadores e suas obras
deram um rosto à natureza que prevaleceu no Ocidente até os séculos XVI, XVII. O colecionismo moderno, no
entanto, deve seu maior impulso à erudição do Renascimento italiano. O studiolo foi o lugar onde a coleção
desempenhou papel ativo, ambiente onde ainda confundiam-se as fronteiras entre magia e ciência; precursor das
chambres de merveilles, dos Wunderkammer, dos gabinetes de curiosidade do século XVII, que dariam lugar
aos museus do século XVIII e XIX. Os Descobrimentos, a Revolução Científica e Filosófica e as profundas
transformações impostas às relações até então existentes entre o homem e a natureza foram determinando novos
alvos de interesses e alargando aqueles já existentes. Da curiosidade e da erudição renascentista que
impulsionavam um acumular de antiqualhas, às coleções de obras de arte, à medalhística, à numismática, ao
acumular de livros das grandes bibliotecas, à conchiologia, aos produtos dos três reinos da natureza, as coleções
enciclopédicas modernas foram formadas de acordo com critérios que orientavam mudanças mas também
permanências, ditadas pelos interesses e escolhas de colecionadores privados e depois também públicos e
orientadas pelos avanços do saber.
Acumular tudo o que foi fabricado pelo homem e produzido pela natureza, constituir uma coleção enciclopédica
significava tentar criar a seu redor um microcosmos passível de ser controlado, medido e dominado. Ser um
colecionador era possuir um instrumento não só para compreender a realidade como para agir concretamente
sobre ela, empreitada para a qual o homem moderno sentia-se cada vez mais capacitado. Com a conquista e
exploração do Novo Mundo muitas portas se abriram, particularmente no que diz respeito à compreensão do
mundo físico, permitindo que o colecionador transpusesse para seu pequeno gabinete um pequeno universo que
lhe possibilitava antever o acalentado sonho de desvendar toda a natureza. Sua coleção representava muitas
vezes a sua própria visão de mundo”. CAMARGO, Téa. Colecionismo, ciência e Império.

1
Frans Francken - Eine Kunstkammer /Gabinete de Curiosidades - 1618.

“O artigo trata de uma época em que a ideia da coleção especializada não existia (séculos
VI e XVII), quando escrita e imagem, forma e conteúdo encontravam‑se reunidos em
um mesmo conjunto. Nas Câmaras de Maravilhas e Gabinetes de Curiosidades da Alta
Idade Moderna, objetos exóticos, animais empalhados, pinturas, gravuras, impressos e
manuscritos ocupavam o mesmo espaço como forma de apreensão do conhecimento do
mundo. Homens como Manoel Severim de Faria, em Portugal, e Jerônimo de
Mascarenhas, na Espanha, ambos contemporâneos da União Ibérica, estão entre esses
possuidores de livrarias privadas; representantes de um tipo de letrado nos moldes do
Renascimento que desapareceram com o surgimento dos métodos classificatórios e
científicos do “colecionismo”, difundidos a partir da segunda metade do século XVII”.
MEGIANI, Ana Paula Torres. Memória e conhecimento do mundo. Coleções de
objetos, impressos e manuscritos nas livrarias de Portugal e Espanha, séculos XV-XVII.
Annais do Museu Paulista. v. 17. n.1, jan. – Jun. 2009.

2
Johann Georg Hainz - Gabinete de curiosidades - 1666.

DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Aspectos da ilustração no Brasil. In: A interiorização da
metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.

I. A geração de 1790: pragmatismo e especulação interessada

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1. Estudo de “aspectos da mentalidade de uma geração que participou da Independência
e que tem raízes nas primeiras tentativas dos brasileiros de adaptar às condições de seu
meio, a cultura ‘ilustrada’ da Europa no século XVIII adentro”, p.39.

2. “Referimo-nos às atividades dos brasileiros formados nas principais universidades


europeias, principalmente em Coimbra, a partir de 1772, e também em Montpelier, Paris
e Edimburgo. (...) [com] acentuada tendência para os estudos científicos (...) que também
procuraram ocupar-se dos problemas de sua terra e nela introduzir reformas”, p.39.

3. Discutir: “seus estudos, de natureza empírica e objetiva, refletiram tão de perto a


realidade brasileira, que constituem valor documental mais acessível para o historiador do
que a simbologia da obra dos poetas e oradores da mesma época, adstritos ao formalismo
dos moldes do classicismo francês e do arcadismo italiano, sob cujo arcabouço devem ser
desvendadas as imagens da terra e as primeiras manifestações nativistas”, p.40.

4. Polêmica: “Suas atividades de pesquisa e exploração, desvendando o interior do Brasil


e procurando inovações para o seu progresso material, tem um cunho prático muito
peculiar do meio e do momento histórico em que viviam e, por isso, oferecem um
interesse mais específico para o estudo das origens de uma cultura brasileira do que a
análise das primeiras manifestações revolucionárias e republicanas da colônia, das quais, é
certo, muitos dentre eles participaram, mas que refletem a ideologia da Independência
norte-americana e da Revolução Francesa, formas generalizadas de um movimento
cosmopolita e universal, simbolizado nas lojas maçônicas”, p.40.

5. Brasileiros influenciados pelos enciclopedistas “profetas do movimento científico”


afeitos ao “incremento da ciência natural, da anatomia, da química e da física
experimental”, p.41.

6. “entre os 568 estudantes formados em Direito (maioria – 65,6% – significativa no total


de 866 brasileiros formados em Coimbra) de 1772 a 1822, 281 [32,4% formaram-se]
simultaneamente em Leis e Matemática ou Ciências Naturais”, p.42.

4
7. “a maioria dos que deixaram obras escritas voltaram-se de preferência para as Ciências
Naturais e a Medicina, predominando, pois, na literatura ‘científica’ desse período, os
estudos de Ciências Naturais, em detrimento de pesquisas nas Ciências Puras ou Exatas”,
p.42.

● Os protagonistas:
1. Baltazar da Silva Lisboa;
2. Alexandre Rodrigues Ferreira.
3. José Bonifácio de Andrada e Silva.
4. Frei José Mariano da Conceição Veloso.
5. Joaquim Veloso de Miranda.
6. João da Silva Feijó.
7. Alexandre Gomes Ferrão.
8. Manuel Luiz Vieira de Abreu.
9. Jacinto José da Silva Quintão.
10. Dr. José Henrique Ferreira.
11. João Manso Pereira.
12. Marechal José Arouche de Toledo Rondon.
13. Martim Francisco Ribeiro de Andrade.
14. Ignácio Accioli de Cerqueira e Silva.
15. Manuel de Arruda Câmara.
16. José de Sá Bittencourt.
17. Basílio Teixeira de Saavedra Freire.
18. José Elói Ottoni
19. Francisco José de Lacerda e Almeida.
20. José Vitório da Costa.
21. Filipe José Nogueira Coelho.
22. João José Teixeira Coelho.
23. Manuel José D’Oliveira Bastos.
24. Manuel Ayres de Casal.

5
26. José Manuel da Frota.
27. Lucas José Alvarenga
28. Dr. José Pinto de Azeredo.
29. João Pereira Ramos.
30. Bernardino Antônio Gomes.
31. Hipólito José da Costa.
32. Baltazar da Silva.
33. José Vieira Couto.
34. Joaquim José Leite
35. Bernardino Antônio Gomes.
36. Hipólito José da Costa.
37. Baltazar da Silva.

8. Antônio Nunes Ribeiro Sanches, português, já em 1759 exaltava em suas Cartas sobre a
educação da mocidade os “valores chãos da burguesia, o trabalho, a indústria e o comércio
ante o predomínio, extemporâneo em Portugal, do culto às tradições heroicas, dos
valores aristocráticos da espada e da honra, voltando-se contra os privilégios dos nobres e
eclesiásticos; queria promover o progresso da agricultura contra as leis ‘góticas’ do reino,
que a destruíam. Para ele, os verdadeiros filósofos deveriam ser pragmáticos”.

9. P.48: Excerto de Sérgio Buarque referindo-se ao pragmatismo do português “avesso à


especulação desinteressada e raramente avesso a preocupações utilitaristas”.

II. Elites rurais, Estado e o papel dos cientistas da natureza

1. Os interesses desses estudiosos, de acordo com a autora, se identificavam aos


interesses materiais da elite rural brasileira. Além disso, “O papel da política de Estado
nesse movimento de estudiosos, dedicados às ciências naturais, merece realce...”, p.48.

2. “A publicação de memórias patrocinadas pela Coroa, sobretudo a partir de 1777, é


fruto de uma política consciente e preocupada em fomentar a produção de matérias

6
primas para a industrialização de Portugal, em promover um renascimento da agricultura
para compensar as oscilações dos rendimentos do ‘quinto’, os inconvenientes de um
sistema fiscal sobrecarregado e a baixa do preço do açúcar, em virtude da concorrência
estrangeira e, sobretudo, a partir do último quartel do século em aproveitar as novas
perspectivas que a conjuntura internacional parecia apresentar para o Brasil em razão de
desajustes ocasionados pela Revolução Francesa e pelas guerras napoleônicas”, p.49.

3. “Os pedidos de estudo de exemplares da flora brasileira e de se levantarem produtos


interessantes e comerciáveis, até então ignorados ou inexplorados, que Pombal dirigiu aos
governadores e capitães-generais das principais capitanias foram o estímulo inicial para as
ciências naturais no Brasil”, p.50.

4. “Em troca de promessas de privilégios ficais, de monopólios e preços especiais,


apareceram de início memórias de cunho estritamente técnicos”, p.51. *** Remete ao
episódio reconstituído no texto de István, envolvendo Torrezão e Veiga.

5. Importância da reforma da Universidade de Coimbra, preconizada desde 1761, por


Ribeiro Sanches e Luís Antônio Verney:

7
Maxwell, Kenneth. Pombal: paradoxo do iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996,
p.104.

In: Maxwell, Kenneth. Pombal: paradoxo do iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996, p.111.

8
*Irmão de Pombal: Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Governador Geral do
Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1759).

Universidade de Coimbra, 2010.

6. Busca de institucionalização da ciência no Brasil:

6.1. 1772: fundação da Academia Científica do Rio (1772-1779).


6.2 1779: criação da Sociedade literária do Rio de Janeiro (1779-1794).
6.3. 1798: criação do Seminário de Olinda, pelo bispo D. José Joaquim de Azeredo
Coutinho.
6.4. Fins do século XVIII: criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
6.4. 1818: criação do Museu Nacional.

7. “A Coroa tratou de incentivar e de aproveitar os bacharéis brasileiros: em 1799,


conferia bolsas para a formação de dois engenheiros topográficos, dois hidráulicos, um
contador e dois médicos”, p.55.

8. Importância de D. Rodrigo de Sousa Coutinho:

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10
D. Rodrigo de Sousa Coutinho, conde de Linhares, s. d. Sequeira, D. A. (pintor); Almeida, F. T.
(grav.) Gravura. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, Iconografia. Foto Roberto Jesus Oscar e
Vinícius Pequeno.

Passagem tese de Cláudia Chaves: “Resultado, principalmente, da atuação de D. Rodrigo


de Sousa Coutinho, Ministro e Secretário de Estado da Marinha e dos Domínios
Ultramarinos a partir de 1796, o pensamento reformista predomina nos escritos
memorialistas. O chamado reformismo ilustrado é a tática da Geração de 90 ou dos bacharéis e
cientistas brasileiros, muitos deles discípulos de Domingos Vandelli. Esse período,
segundo Maxwell e Silva (1986), caracterizou-se por uma reação metropolitana aos
intuitos separatistas coloniais, que, por um lado, recrutava a elite intelectual brasileira para
o levantamento das riquezas naturais e elaboração de propostas para melhorar as
produções coloniais, inclusive aqueles envolvidos nas conjurações – como foi o caso de
José Álvares Maciel e dos membros da Sociedade Literária do Rio de Janeiro -; por outro
lado, procurava identificar os interesses materiais de uma elite rural brasileira. Ao agir
dessa maneira, esperava-se combater as ideias de revolução e introduzir o pensamento
reformista e ilustrado, que, com propostas racionais e científicas, sanariam os problemas
econômicos e políticos da colônia, integrando os interesses dos colonos aos interesses
metropolitanos”. CHAVES, Cláudia Maria das Graças. “Melhoramentos no Brazil":
integração e mercado na América portuguesa. Niterói: UFF, 2001, p.94.

9. Cabe “assinalar a política de incentivo e o aproveitamento dos estudiosos brasileiros


pela Coroa Portuguesa”, p.61. Esses não se limitavam aos produtos de exportação:
“Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá, o futuro intendente das minas de ouro e
diamantes, voltaria ao Brasil em 1800, encarregado de consolidar o estabelecimento das
nitreiras e zelar pelo aperfeiçoamento da cultura de subsistência, principalmente da
mandioca”, p.66.

III. A Casa Literária do Arco do Cego

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1. A Casa Literária do Arco do Cego foi fundada em 1798, pelo frei José Mariano da
Conceição Veloso, com a “finalidade de divulgar conhecimentos de ciências naturais e de
agricultura (...). Daí a publicação de uma série de traduções e tratados sobre a cana-de-
açúcar, o algodão, as bebidas ‘alimentosas’, as especiarias da Índia e a novas técnicas
agrárias...”, p.59.

2. A Casa Literária do Arco do Cego destinava-se a “divulgar traduções, focalizando


principalmente a agricultura nos Estados Unidos e nas Antilhas inglesas e francesas”,
p.81. “Também editavam estudos de ordem comercial ou econômica sobre a
concorrência das Antilhas, a fim de esclarecer lavradores e negociantes sobre as
oportunidades oferecidas no momento pela situação crítica do mercado europeu”, p.82.

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14
Estampa "Aviario brasilico ou Galleria ornithologica de Aves indígenas do Brasil"

Estampa "Cheiranthus incanus. Goivos carmezins"

15
Estampa "Princípios do desenho, Lição IX, diferentes partes do corpo".

Estampa "Estrella"

3. “Também editavam estudos de ordem comercial ou econômica sobre a concorrência


das Antilhas”, p.82.

4. “também divulgou obras... sobre o uso de plantas medicinais para a cura de lepra seca,
que grassava entre escravos do Suriname e que poderia eventualmente ser útil para o

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tratamento de escravos do Brasil, assim como também o seria o estudo dos males mais
comuns de Angola”, p.89.

IV. A revista O Patriota.

KURY, Lorelai. Apresentação. In: KURY, Lorelai (org.) Iluminismo e Império no Brasil: O
Patriota (1813-1814). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p.9.

17
MOREL, Marco. Pátrias polissêmicas: república das Letras e imprensa na crise do
Império Português na América. In: KURY, Lorelai (org.) Iluminismo e Império no Brasil: O
Patriota (1813-1814). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p.29.

MOREL, Marco. Pátrias polissêmicas: república das Letras e imprensa na crise do


Império Português na América. In: KURY, Lorelai (org.) Iluminismo e Império no Brasil: O
Patriota (1813-1814). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p.22.

1. “A revista O Patriota também refletiria esse espírito inovador, essencialmente


cosmopolita, que caracterizou a mentalidade de muitos brasileiros da época”, p.83.

2. Domingos Borges de Barros traduziu, no número 3 de O Patriota, “os conselhos


contidos no livro de um inglês... sobre ‘os meios empregados pelos chins para a
propagação das árvores frutíferas’ que ele mesmo adotara em suas terras”, p.85.

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*** Borges de Barros era pai da Condessa de Barral.

● Mas Domingos Borges de Barros também cometeu versos como os que se seguem:

“Venturoso o mortal, que ausente vive


Do tumulto enfadonho das cidades,
Que da Flora e de Ceres dado ao culto,
Só nos campestres bens ventura encontra”
(O Patriota, 1813, I, 5, 37).

Sobre a arte de versejar de Domingos Borges de Barros, observa Sérgio Alcides:

ALCIDES, Sérgio. O lado B do neoclassicismo luso-brasileiro: patriotismo no “poderoso


império”. In: KURY, Lorelai (org.) Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota (1813-1814).
Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p.103-140.

As observações me pareceram importantes, em razão dos comentários de Maria Odila de


que a geração de 1790 seria mais representativa do processo de construção da Nação do

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que os poetas Árcades (DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Aspectos da ilustração no
Brasil. In: A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005, p.40).

V. O Correio Braziliense e a Imprensa Régia

1. “As novas invenções mecânicas também vinham constantemente descritas no Correio


Braziliense e em trabalhos mais antigos de Hipólito da Costa, como se quisessem os
brasileiros transmitir à sua terra os progressos da Revolução Industrial, introduzindo a
navegação a vapor para ampliar as comunicações e aumentar o comércio e a mecanização
dos engenhos e das técnicas rurais – um primeiro passo, assim como o incentivo da
imigração europeia, no sentido da libertação dos escravos”, p.86.

2. “a imprensa régia, no Brasil, também refletiria a retomada, embora efêmera, da política


de industrialização, que fora interrompida em 1785”, p.86.

3. “Ocupou-se em particular a Imprensa Régia, de 1809 a 1814, da tradução de manuais e


compêndios de medicina”.

VI. A circulação de experiências científicas no interior do Império Português

1. “Acumularam esses bacharéis dos fins do século XVIII uma literatura de viagens
curiosamente integrada no espírito do que se desenvolvia pela mesma época no resto do
mundo e que tamanha influência exerceria sobre a literatura romântica em geral”, p.70
(***SUSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui. O narrador, a viagem. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990).

2. “A mentalidade pragmática dos iluministas foi-se enraizando entre os brasileiros. O


conceito dos que tinham as artes como hierarquicamente inferior às ciências parecia
refletir o alvitre geral da época”, p.79.

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3. “Francisco José de Lacerda e Almeida... veio a morrer em 1798, tentando ir por terra
de Moçambique a Angola”, p.70.

4. “O naturalista carioca João da Silva Feijó foi secretário do governo em Cabo Verde,
antes de ser enviado para ‘explorações filosóficas na capitania do Ceará. (...) o brasileiro
Lucas José de Alvarenga foi governador de Macau em 1809, onde comandou uma
expedição contra os piratas chineses. (...) O médico brasileiro José Pinto de Azeredo
ocupou-se em Angola do estudo da algumas enfermidades mais comuns naquela
província da África...” , p.75.

5. Os ilustrados brasileiros também “Voltaram-se para a experiência colonial das outras


nações europeias... em busca de uma lição aplicável ao Brasil.”, p.80-81.

VII.
A geração da Independência

1. “A difusão dessas obras do século XVIII, assim como das que se devem aos brasileiros
que foram desvendando o território nacional ao mesmo tempo que os viajantes
estrangeiros, reflete, por um lado... os conhecimentos de que dispunham os homens do
período da independência para manejar a realidade de sua terra e, por outro, mereceria ser
analisada como parte integrante do processo de formação de uma consciência nacional”,
p.74.

2. “Para compreensão de sua mentalidade, não convém nos esquecermos de que os


brasileiros da geração da Independência participaram intensamente de um política da
Coroa portuguesa que abrangia todos os seus domínios ultramarinos”, p .75.

3. Vários brasileiros participaram da ilustração no Reino e “figuraram posteriormente


como professores” da Universidade de Coimbra. P.76-77.

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4. “O despertar da preocupação com a realidade social brasileira é um fruto da ilustração
da época”. Porém, “A definição de uma consciência nacional é fenômenos bem posterior
e só há de refletir-se na literatura, no movimento romântico de meados do século XIX”,
p.77.

5. Síntese: “Aproveitados por uma política de Estado ‘ilustrada’, crentes no poder da


razão, única e universal e na função pragmática da ciência a serviço do progresso material,
procuraram os estudiosos brasileiros dos fins do século XVIII integrar o Brasil na cultura
ocidental, traduzindo, aprendendo e, sobretudo, tentando aplicar”., p.78.

6. P.78, referência ao Areópago de Itambé que teria sido a primeira loja maçônica criada
no Brasil, em 1796. Há autores que defendem que ela não existiu, que teria sido “uma
invenção do historiador paraibano Maximiano Lopes Machado” que jamais apresentou
nenhuma documentação que confirmasse a sua existência, como observa Antônio
Gonsalves de Mello.

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