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Normas, Atitudes
e Comportamento
Social
Cícero Roberto Pereira
Rui Costa-Lopes
(organizadores)
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www.ics.ul.pt/imprensa
E-mail: imprensa@ics.ul.pt
Índice
Os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Introdução
A normatividade das atitudes e do comportamento social . . . . . . 15
Rui Costa-Lopes e Cícero Roberto Pereira
Capítulo 1
Normas formais e informais vs. normas explícitas e implícitas:
uma tipologia de normas alternativas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
José-Miguel Fernández-Dols
Capítulo 2
Focalização normativa, reacções ao desvio e identidade social:
a perspectiva da dinâmica de grupos subjectiva sobre
os mecanismos de controlo social nos grupos. . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Isabel R. Pinto, José M. Marques e Miguel Cameira
Capítulo 3
Sobre a descoberta da normatividade injuntiva da expressão
da crença no mundo justo – uma aventura em psicologia social . . 73
Hélder Alves
Capítulo 4
Votar ou não votar: eis a questão. As normas sociais
e o direito-dever de voto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Mónica Brito Vieira
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Capítulo 5
Cada cabeça, duas sentenças: reconhecimento e saliência
de normas sociais conflituantes e expressão de avaliações
raciais na infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Ricardo B. Rodrigues, Maria Benedicta Monteiro e Adam Rutland
Capítulo 6
Normas sociais e legitimação da discriminação . . . . . . . . . . . . . . . 171
Cícero Roberto Pereira
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
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Quadros
2.1 Características das focalizações normativas descritiva
e prescritiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.1 Médias (e desvios-padrão) de desejabilidade social por esfera e grau
de CMJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
3.2 Médias (e desvios-padrão) do grau de CMJ expresso nas quatro
variáveis dependentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figuras
2.1 Dinâmica de grupos subjectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.1 Médias das pontuações em CMJ pessoal e geral por valência
de imagem (Estudo 2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.2 Normatividade percebida por esfera e grau de CMJ . . . . . . . . . . . . . 93
3.3 Mediação da adequabilidade do discurso às expectativas
da sociedade entre o grau de CMJ expresso e os julgamentos
de merecimento de estatuto do alvo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.1 Média e intervalo de confiança de 95% do reconhecimento
da norma anti-racista, por grupo etário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.2 Coeficientes de regressão normalizados do modelo de mediação
da relação entre a idade e a percepção da norma anti-racista
pelo raciocínio metacognitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.3 Média e intervalo de confiança de 95% do reconhecimento
das normas anti-racista e da lealdade endogrupal, por grupo etário . . 160
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Os autores
Adam Rutland
Unidade de Desenvolvimento da Criança, Centro para o Estudo dos Pro-
cessos Grupais, Escola de Psicologia, Universidade de Kent, Reino Unido.
Professor catedrático na Universidade de Kent, tem-se dedicado ao estudo
do preconceito e das identidades sociais na infância. Co-autor do livro
Children and Social Exclusion: Morality, Prejudice, and Group Identity, publi-
cou vários artigos científicos sobre os processos de exclusão, desenvolvi-
mento e redução do preconceito na infância.
Helder Alves
Doutorado em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE-IUL.
Actualmente é investigador em pós-doutoramento no CIS-IUL e na Uni-
versidade Autónoma de Madrid. É também docente do ensino superior.
A sua investigação centra-se no estudo da crença no mundo justo como
uma motivação e na sua expressão como uma norma social enquanto
mecanismo legitimador do status quo.
Isabel R. Pinto
Professora auxiliar da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
da Universidade do Porto. Doutorada em Psicologia Social (FPCEUP,
2006). Investigadora do Centro de Psicologia da Universidade do Porto
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José M. Marques
Psicólogo social, professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação-Universidade do Porto (FPCEUP), investiga-
dor Associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
A sua investigação centra-se no domínio das relações entre grupos e dos
processos intragrupais associados ao desvio no seio dos grupos, nomea-
damente no quadro da teoria da dinâmica de grupos subjectiva, da qual
é proponente.
José-Miguel Fernández-Dols
Professor catedrático de Psicologia Social na Universidade Autónoma de
Madrid (Espanha). As suas linhas de investigação focam o estudo das
emoções, das normas sociais e da conduta moral. Mais informação em
www.fernandez-dols.com.
Miguel Cameira
Professor auxiliar da FPCE-UP. Doutorado em Psicologia Social pela
FPCE-UP (2005). Tem desenvolvido investigação sobre processos intra
e intergrupais, nomeadamente, reacções ao desvio, influência das normas,
e discriminação social.
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Os autores
Rui Costa-Lopes
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Dou-
torado em Psicologia Social (ISCTE-IUL, 2009). Colabora com o ICS-
-UL desde 2004 no âmbito de projectos na temática do preconceito, dis-
criminação e atitudes face à imigração. Desde 2009, desenvolve investi-
gação pós-doutoral no ICS-UL em colaboração com a Radboud Univer-
sity Nijmegen (Países Baixos) sobre a temática das normas sociais e o
preconceito implícito.
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Rui Costa-Lopes
Cícero Roberto Pereira
Introdução
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acções das pessoas num grupo tendem a seguir um padrão diferente das
pessoas de outro grupo) e funcional a nível ideológico (i. e., a acção dos
diferentes grupos sociais tem a função de conferir legitimidade à forma
como a sociedade está organizada). Essas ideias reflectem o que já se po-
pularizou como níveis de análise do objecto de estudo da psicologia so-
cial (Doise 1980) no qual destacamos a função reguladora das normas
sociais nos quatro níveis de análise. Especificamente, as funções da norma
nesses processos são definir a organização das instituições, regular o pen-
samento de senso comum e especificar as situações sociais em que estão
envolvidas, principalmente em contextos de incerteza.
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Introdução
valor, outras vezes como uma regra, ou mesmo como costume social,
convenção ou tradição (v. Dubois 2003). Este problema definicional traduz,
na concepção de Cialdini e colegas (1990), o facto de o conceito ser po-
lissémico, vago, demasiado geral, contraditório e, portanto, de difícil ope-
racionalização (para uma revisão, v. Rodrigues 2011). A polissemia re-
flecte-se também na completa falta de consenso sobre a pertinência do
conceito de normas como variável explicativa do comportamento social
e do funcionamento da sociedade. Para alguns investigadores (e. g., Latané
e Darley 1970), a noção de normas sociais é demasiado vaga e abstracta
para que se possa identificar o seu impacto no comportamento. Outros
autores têm opinião contrária a esta, pelo que acreditam no conceito de
normas como categoria analítica central para que se possa alcançar uma
compreensão profunda sobre a natureza e a função social das atitudes e
acções humanas (e.g., Deutsch e Gerard 1955). Apesar da polissemia e
da ausência de clareza e precisão do conceito de norma, a literatura tem-
-se concentrado em tentar especificar a função normativa dos fenómenos
sociais, muitas das vezes alimentando a indefinição conceptual ao con-
fundir função do fenómeno com o seu conceito. De facto, a sua função
reguladora das atitudes sociais (e. g., Asch 1952; Berkowitz 1972) e das re-
lações que os grupos mantêm entre si (e. g., Turner, Hogg, Oakes, Reicher
e Wetherell 1987) tem sido amplamente demonstrada na investigação
empírica sobre o tema (para uma revisão, v. Moscovici 1985), o que nos
alerta para o facto de a análise do pensamento e da acção dos actores so-
ciais enquanto fenómenos colectivos necessitar que se considere a pos-
sibilidade de existir uma função normativa nesses fenómenos.
Embora a falta de consenso sobre o que é uma norma tipifique a li-
teratura neste domínio, podem-se identificar duas características dos fe-
nómenos normativos, as quais têm sido apontadas como centrais para
que se especifique com precisão a natureza conceptual de uma norma:
a descriptividade e a prescriptividade. Isto é, a polissemia do conceito
de norma assenta na distinção entre o que é mais tipicamente feito (ou o
que se pensa que é mais frequentemente feito na sociedade), e o que é ti-
picamente aprovado (ou o que se pensa que é mais valorizado pela socie-
dade). A maioria das definições sobre normas podem ser organizadas
nessas duas categorias. A primeira categoria define o que se convencio-
nou designar normas descritivas. A segunda categoria designa as normas
prescritivas. Um exemplo desta tentativa de diferenciação entre normas
descritivas e prescritivas pode ser encontrado em Sumner (1906) e na
sua distinção entre folkways – costumes habituais expressos por um
grupo motivados pela satisfação de necessidades básicas dos indivíduos
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e cujo desvio comportamental não suscita sanções severas (e. g., código
de vestuário) – e mores – costumes habituais que ascendem a um plano
de valor social superior por se considerar que incorporam princípios
éticos fundamentais à organização da sociedade (e. g., respeito pela pro-
priedade).
O termo normas descritivas é empregue actualmente para designar o
conjunto de pensamentos, atitudes ou comportamentos que é mais fre-
quentemente realizado pelos membros de um grupo social. Por exemplo,
Pepitone (1976, 642) referiu que «by normative it means that such social
behavior is more characteristic (e. g., more uniform) of some sociocultural
collective unit than of individuals observed at random». Norma é aqui
referida como um conceito usado para descrever aquilo que a maioria
dos membros do grupo faz, isto é, são os eventos mais frequentes. Em
outras palavras, «normative events are events that occur in the majority
of the cases; they are statistically the most prevalent» (Dubois 2003, 1).
Isto é, são os eventos modais. Ser normal significa «estar na moda». Por
analogia, os comportamentos não normativos, ou antinormativos, são
aqueles raramente executados ou mesmo não executados. É, designada-
mente, «estar fora da moda».
Por sua vez, o termo normas prescritivas caracteriza tanto os eventos
modais como aqueles cuja ocorrência seja valorizada ou desejada. Esse
tipo de norma remete-nos para a noção de valor, isto é, um fenómeno
será normativo na medida em que for valorizado no grupo. Esta ideia
de norma segue a proposta feita por Sherif (1936) segundo a qual estudar
normas sociais implica analisar valores. Nessa perspectiva, a norma pres-
creve o que «deve ser» e proscreve o que «não deve ser» pensado, sentido
e executado. O motivo pelo qual as pessoas seguem uma prescrição nor-
mativa seria, de acordo com Cialdini e Trost (1998), a necessidade de
estarem em conformidade com os valores sociais que prescrevem as re-
compensas para o seu cumprimento.
Em síntese, as definições sobre a natureza das normas reconhecem,
implícita ou explicitamente, a distinção entre essas classes de eventos fre-
quentemente observáveis e eventos socialmente valorizados. Assim, uma
norma social pode ser definida como um atributo grupal que é conside-
rado simultaneamente descritivo e prescritivo numa determinada colec-
tividade (v. Miller e Prentice 1996).
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Introdução
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Introdução
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Organização do livro
A organização deste volume corresponde, em certa medida, à mesma
estrutura segundo a qual acabámos de descrever os trabalhos teóricos e
empíricos fulcrais na história das normas sociais. Assim, cada um dos seis
capítulos deste livro enquadra-se num dos três eixos fundamentais desta
literatura ainda que não formalmente distribuídos desse modo.
Os dois primeiros capítulos inserem-se no primeiro eixo que inclui
trabalho sobre a origem e formação das normas. O primeiro capítulo, da
autoria de José-Miguel Fernández-Dols, intitula-se «Normas formais e in-
formais vs. normas explícitas e implícitas: uma tipologia de normas al-
ternativa». Apesar de não se tratar de um trabalho que pensa sobre a ori-
gem das normas, trata-se de uma reflexão que repensa todo o conceito
de normas e que propõe uma nova tipologia para o entendimento deste
conceito. Ao apresentar esta nova tipologia, o autor avança a sugestão
de que o estudo psicossociológico das normas possa passar a focar-se em
todos os tipos de normas alargando a anterior perspectiva reducionista
que considerava irrelevante o enfoque nas normas formais e que se limi-
tava, por isso, ao estudo das normas informais.
Isabel Pinto, José Marques e Miguel Cameira são os autores do se-
gundo capítulo intitulado «Focalização normativa, reacções ao desvio e
identidade social: a perspectiva da dinâmica de grupos subjectiva sobre
os mecanismos de controlo social nos grupos». Ao identificar as dimen-
sões das normas sociais, nomeadamente a sua natureza, a sua extensão e
as suas funções, os autores apresentam uma reflexão teórica mas também
empiricamente suportada sobre a origem das normas. Na segunda parte
deste capítulo, os autores procuram aplicar a sua própria perspectiva aos
fenómenos intergrupais. Através desta perspectiva, que resulta de uma
articulação da visão da Dinâmica de Grupos Subjectiva (Marques, Paez e
Abrams 1998) com as reflexões anteriores sobre a origem e natureza das
normas, é analisado o comportamento desviante e as razões para a sua
punição ou promoção num contexto intergrupal.
Tal como referimos acima, o segundo eixo inclui trabalho que procura
averiguar se um dado fenómeno se reveste de normatividade. Incluímos
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Introdução
neste eixo o terceiro capítulo deste livro, da autoria de Hélder Alves, que
se intitula: «Sobre a descoberta da normatividade injuntiva da expressão
da crença no mundo justo – uma aventura em psicologia social». Como
o título deixa adivinhar, neste capítulo, o autor apresenta, numa perspec-
tiva que articula questões científicas com episódios do seu percurso pes-
soal, uma série de estudos que averiguaram a eventual normatividade da
Crença no Mundo Justo (CMJ). A teoria da CMJ defende que as pessoas
necessitam de percepcionar o mundo como um lugar onde os indivíduos
têm o que merecem e merecem aquilo que têm (Lerner e Simmons,
1966). Com este trabalho, o autor procurou saber se esta crença é vista
como socialmente relevante e normativa. O autor conclui que a CMJ é,
efectivamente, um fenómeno com valor social e que se reveste de nor-
matividade tanto a nível prescritivo como injuntivo (Cialdini et al. 1991).
Ainda neste eixo, incluímos aqui o capítulo de Mónica Brito Vieira
intitulado «Votar ou não votar. As normas sociais e o direito-dever de
voto». No âmbito de uma perspectiva mais enraizada noutra tradição dis-
ciplinar (história do pensamento político e social), a autora, que desde
cedo reflectiu profundamente sobre o conceito em análise, discute em
profundidade sobre em que medida o acto de votar pode ser compreen-
dido a partir de diferentes perspectivas e de como essas nos permitem
perceber se o acto de votar se reveste ou não de normatividade.
Os últimos dois capítulos apresentam estudos sobre o impacto das
normas nas atitudes e nos comportamentos dos indivíduos em contextos
intergrupais. O quarto capítulo, da autoria de Ricardo Rodrigues, Maria
Benedicta Monteiro e Adam Rutland, intitula-se «Cada cabeça, duas sen-
tenças: reconhecimento e saliência de normas sociais conflituantes e ex-
pressão de avaliações raciais na infância». Neste capítulo, os autores es-
tudam o desenvolvimento da norma anti-racista nas crianças e analisam
de que forma esta aprendizagem da norma tem impacto nas atitudes ra-
ciais que essas crianças expressam. A perspectiva desenvolvimentista
adoptada pelos autores permite perceber que a aprendizagem das normas
e a sua consequente «utilização» na regulação das atitudes e nos compor-
tamentos dos indivíduos em contextos públicos depende da idade. De
facto, é mostrado que é o desenvolvimento intelectual das crianças a par-
tir de uma certa idade que permite o desenvolvimento do raciocínio me-
tacognitivo que, por sua vez, permite o reconhecimento de normas so-
ciais que condenam a expressão de atitudes preconceituosas.
O último capítulo deste livro é da autoria de Cícero Roberto Pereira
e intitula-se «Normas sociais e legitimação da discriminação». Neste tra-
balho, o autor analisa o impacto das normas na relação entre preconceito
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Esta obra foi parcialmente financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
ao abrigo do projecto com a referência PTDC/PSI-PSO/114159/2009.
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José-Miguel Fernández-Dols
Capítulo 1
The social norms I am talking about are not formal, prescriptive or pros-
criptive rules designed, imposed and enforced by an exogenous authority
through the administration of selective incentives. I rather discuss informal
norms that emerge through decentralized interactions of agents within a col-
lective and are not imposed or designed by an authority [Bicchieri 2006, X].
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José-Miguel Fernández-Dols
para as condutas e por essa via uniformizam a acção social (conduta com
significado partilhado) de forma mais ou menos flexível. Não são, pois,
normas prescritivas, mas podem dar lugar (e muitas vezes dão-no efecti-
vamente) a normas explícitas. Não podem ser facilmente formalizadas e
– o que é mais interessante – não são passíveis de incumprimento (ou me-
lhor, a antinomia cumprimento vs. incumprimento é, neste caso, um con-
ceito logicamente irrelevante). As normas implícitas identificam-se sobre-
tudo com intuições morais. O seu interesse psicossocial radica, do meu
ponto de vista, nas condutas e emoções geradoras daquelas situações «for-
tes» que estão associadas a características de tais esquemas cognitivos.
Existem interacções interessantes entre normas explícitas e normas
implícitas (marcos de referência) – e ambos os conceitos podem até aju-
dar a descrever o mesmo fenómeno (como, por exemplo, as leis). A sua
natureza psicológica é, porém, diferente. Por exemplo, as normas explí-
citas podem dar lugar a normas implícitas; e podem ter mais ou menos
poder coercivo consoante a norma implícita que for mais relevante para
os indivíduos regulados. Pode também acontecer que diferentes normas
explícitas entrem em conflito umas com as outras; assim como diversos
indivíduos podem, numa mesma situação, utilizar diferentes normas im-
plícitas para dar significado à sua conduta – o que pode gerar mal-enten-
didos e conflitos relevantes.
Voltemos à nossa praia de nudistas. É indiferente classificarmos a
norma «não olhar fixamente as desconhecidas» como informal ou formal.
O que verdadeiramente interessa para o bom funcionamento do local é
que «não olhar…» constitui uma norma explícita que não só pode facil-
mente ser formalizada – isto é, transformada num enunciado prescritivo
traduzível em qualquer língua – como, independentemente de ser escrita
em tom mais ou menos pedagógico ou policial, tem um significado muito
claro, pelo menos em termos pragmáticos. Podemos verificar a existência
da norma ao observarmos que os homens, na sua esmagadora maioria,
não detêm o olhar nas mulheres que não conhecem – embora alguns pos-
sam ceder à tentação de transgredi-la, sujeitando-se, no caso de serem sur-
preendidos, a sofrer sanções mais ou menos severas, aplicadas por qual-
quer, ou quaisquer, dos outros indivíduos (expulsão do «clube» ou do
lugar, multa, olhares reprovadores, insultos, agressões físicas).
Já a norma implícita de «companheirismo naturista» é mais difusa nas
suas consequências condutais, mas confere significado às condutas que
ocorrem na praia. Na nossa sociedade, ficar nu à beira-mar, diante de
crianças e pessoas do sexo oposto, não é exibicionismo doentio, escân-
dalo público ou agressão sexual. É uma actividade com conotações mo-
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Conclusão
A distinção entre normas implícitas e normas explícitas não se refere
apenas a fenómenos relevantes que foram já objecto de estudo sob outras
ópticas. Assinala também a existência de lacunas importantes na investi-
gação, que devem ser preenchidas sem demora. Talvez um debate orien-
tado nesta direcção nos permita partir de uma nova perspectiva e com-
preender por que razão nós, seres humanos, temos normas, porque
podem estas causar grande sofrimento, e porque são as normas implícitas
e as normas explícitas duas realidades correlacionadas mas muito dife-
rentes. Normas implícitas e normas explícitas, tal como as normas for-
mais e as informais, são «faux amis» a nível conceptual e empírico. Isto
não significa, porém, que tenham de ser inimigas umas das outras, ou
do psicólogo social.
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José M. Marques
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1992 e 1996; Hogg e McGarty 1990; Oakes, Haslam e Turner 1994; Tur-
ner et al. 1987).
O metacontraste decorreria da detecção de uma adequação comparativa,
ou associação entre um padrão de estimulação saliente no contexto per-
ceptivo (por exemplo, a cor da pele, o comprimento do cabelo, ou as opi-
niões expressas num debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado)
e uma dimensão de categorização cognitivamente acessível ao indivíduo
(por exemplo, «etnia», «sexo», ou a «afiliação partidária»). Em cada con-
texto perceptivo particular, esta associação conduziria o observador a pro-
curar assegurar-se de que, em média, as diferenças intragrupais são infe-
riores às diferenças intergrupais – o princípio de metacontraste (por
exemplo, Hogg e McGarty 1990). Se tal for o caso, as características sa-
lientes na situação revelar-se-ão heurísticas. Essas características fornecerão
ao observador um critério de interpretação da situação em termos de uma
diferenciação clara entre grupos (Oakes, Haslam e Turner 1994; Oakes e
Turner 1990). Os protótipos categoriais corresponderão às duas posições
que melhor conciliam as diferenças intergrupais e as semelhanças intra-
grupais em termos do critério (ou dimensão) de categorização utilizado.
Neste contexto, os protótipos definem expectativas sobre as características
dos membros dos grupos evocados e a adequação normativa desses mem-
bros às suas categorias respectivas (por exemplo, Hogg 1992; Turner,
Wetherell e Hogg 1989). Assim, o limiar do desvio corresponderá ao
ponto a partir do qual a posição adoptada por um membro o torna mais
semelhante ao protótipo do outro grupo (Hogg 1992 e 1996). Um défice
de adequação normativa (ou seja, uma fraca correspondência entre as ca-
racterísticas ou comportamentos dos membros e as expectativas associadas
aos protótipos categoriais activados na situação) conduzirá o observador
a evocar uma nova dimensão intergrupal. Por exemplo, num debate sobre
a regionalização, em que existissem divisões no seio, quer de um partido
de Direita, quer de um partido de Esquerda, os participantes no debate
deixariam de ser vistos como «de Direita» e «de Esquerda», para passarem
a ser vistos como «pró-regionalização» e «anti-regionalização».
52
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1
A tipologia das formas de desvio apresentada por Pitts (1965, 702) (o erro, a doença,
o crime e o pecado) é ilustrativa desta diferença: «o erro [...] é devido à ignorância ou à
ausência de controlo sobre os elementos da acção. A doença é também uma ausência de
controlo [...] sobre o corpo e o espírito que torna o indivíduo incapaz de cumprir os
seus compromissos e de preencher a sua parte de obrigações de solidariedade [...].
O crime e o pecado estão relacionados com faltas de cooperação com o colectivo ou
com faltas de demonstração de empenho em relação a valores societais. Estes são mais
severamente punidos do que o erro e a doença porque a sua probabilidade de prejudicar
a sociedade é geralmente maior. Existe um gradiente de desvio no qual o pecador ocupa
o escalão superior».
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Nível intergrupos
Focalização descritiva
• metacontraste
Adequação • autocategorização
comparativa • identificação social
• favoritismo pró-endogrupal
não Saliência de
Crença na diferenciação membros
positiva do endogrupo desviantes no
endogrupo
sim
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2
É importante dizer que a praxe académica era, na altura, apoiada pela maioria dos
estudantes das faculdades onde o estudo foi conduzido. Este facto fora verificado num
estudo-piloto.
61
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de pleno direito. Com efeito, este é o membro que maior ameaça pode
causar à representação que os indivíduos têm de uma imagem positiva
sobre o seu grupo. No entanto, a reacção a este alvo foi diferenciada,
dependendo da existência ou da ausência de um suporte normativo forte
(membro normativo e representativo do grupo). Quando este suporte
estava presente, observámos um efeito ovelha negra, e um consequente
reforço da posição normativa dos participantes. Estes, após derrogarem
o desviante e enaltecerem o normativo do endogrupo, passaram a con-
cordar mais com a opinião normativa e, simultaneamente, a discordar
ainda mais da opinião desviante. Este efeito foi tanto mais forte, quanto
mais os participantes estavam identificados com o seu grupo. Pelo con-
trário, quando o suporte normativo disponível na situação era fraco
(membro marginal), os participantes não derrogaram o alvo desviante,
e consequentemente desinvestiram da posição normativa; ou seja, en-
fraqueceram o seu acordo com a opinião normativa e discordaram
menos da opinião desviante. No conjunto, estes resultados sugerem que
a reacção punitiva sobre os membros desviantes permite aos grupos pro-
mover o empenho dos membros com as normas grupais. No entanto,
também sugerem que apenas quando o grupo dispõe de determinadas
condições importantes para a implementação dos seus mecanismos re-
guladores dos comportamentos dos membros (neste caso, quando os
grupos dispõem de suportes normativos internos) é que este fenómeno
ocorre, caso contrário, os membros enfraquecem os laços com a norma
grupal.
Com base nestes resultados, parece que, assim, podemos concluir que
uma atitude punitiva em relação aos desviantes endogrupais favorece o
maior empenho por parte dos membros grupais para com as normas de-
fendidas pelo endogrupo.
No entanto, os resultados quanto às consequências da punitividade
dos desviantes encontrados na investigação levada a cabo no âmbito da
teoria da dinâmica de grupos subjectiva não se ficam por aqui. Com
efeito, mais do que o reforço normativo, temos ainda indicadores de que
o fenómeno parece efectivamente reforçar a solidariedade dos indivíduos
com o endogrupo. Marques e colegas (1998, Estudo 4), focalizaram a
atenção dos participantes sobre o carácter prescritivo da norma com base
na qual teriam de avaliar membros normativos e desviantes do endo-
grupo (seu estilo cognitivo) ou do exogrupo (estilo cognitivo oposto). Pe-
diram ainda aos participantes que exprimissem o seu grau de identificação
com esses grupos, antes e depois de julgarem os membros-alvo. Obser-
varam correlações mais fortes entre a identificação dos participantes com
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Conclusão
É verdade que os mecanismos reguladores dos comportamentos dos
indivíduos que os grupos possuem por excelência são as normas sociais.
No entanto, parece-nos heurístico considerar estas normas não apenas
como representações prescritivas e proscritivas supra-individuais, garantes
de estabilidade contra a mudança social (Durkheim 1930 [1912]; cf. tam-
bém Sherif 1936), ou apenas como instrumentos de redução de incertezas
e determinantes da autodefinição e da consequente acção dos indivíduos
no sentido da realização de objectivos psicológicos (a definição de uma
identidade social positiva), ou de objectivos colectivos do grupo, no sen-
tido em que Festinger (1950) definia o conceito de «locomoção de
grupo». Concebemo-las, para além de mecanismos preventivos orienta-
dores e reguladores comportamentais, também como processos dinâmi-
cos emergentes da constante negociação entre desvio no seio de um
grupo e a necessidade de validação subjectiva da identidade social, ou de
legitimização da diferenciação positiva do endogrupo em relação a um
exogrupo relevante. Neste sentido, as normas constituem um guia para
o comportamento dos indivíduos, tanto com carácter denotativo, como
prescritivo.
Contudo, as normas sociais per se não são mecanismos de controlo
social suficientes para eliminar o desvio nos grupos (Beccaria 1996).
A regulação do comportamento dos membros do grupo é controlada
não só pelo exercício das normas grupais, mas também pelas sanções a
elas associadas, em caso de violação das mesmas (Becker 1963; Erikson
1964, 1966). Ao reagirem de forma apropriada aos membros desviantes,
os grupos garantem o seu restabelecimento e até o seu fortalecimento.
Com efeito, ao louvarem os membros reforçadores das normas e ao rea-
girem aos membros que ameaçam as mesmas normas grupais, os grupos
criam uma diferenciação intergrupal com o objectivo de garantir uma
identidade social positiva. Este processo pode ser visto como o equiva-
lente psicológico dos actos públicos de imposição de normas, tais como
os que mencionámos anteriormente (cf. Ben-Yehuda 1980; Marques e
Páez 2008).
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Capítulo 3
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justiça, mas que de alguma forma possa ajudá-lo a ver que os acasos, as
dúvidas, os sustos, o inesperado não são fenómenos raros que só acon-
tecem no seu doutoramento, mas antes a norma – e, afinal, de normas
trata este volume.
O capítulo foi estruturado da forma que passo a enunciar. Começarei
por apresentar a definição clássica de CMJ e estudos que testaram pres-
supostos centrais da teoria, situando-os nos respectivos níveis de análise
em Psicologia Social, tal como identificados por Doise (1982). Seguida-
mente, apresentarei o ponto de partida da minha pesquisa e em que sen-
tido difere da maior parte da investigação nesta área. Mostrarei a origem
dos paradigmas experimentais a que recorri e o raciocínio por detrás da
sua adequação para investigar a normatividade de um objecto social.
Apresentarei, depois, alguns dos estudos constantes na tese de doutora-
mento (e um último, realizado posteriormente), pela ordem por que
foram realizados, de modo a reflectir o processo de descoberta. Final-
mente, passarei à discussão dos mesmos e das suas implicações, apresen-
tando propostas para investigação futura.
Enquadrando a aventura
De acordo com a teoria da CMJ, as pessoas necessitam de percepcio-
nar o mundo como um lugar onde os indivíduos têm o que merecem e
merecem aquilo que têm (Lerner e Simmons 1966). Nas palavras de Ler-
ner (1980), trata-se de uma «ilusão fundamental» (fundamental delusion) –
«ilusão» porque não resiste ao teste da realidade e «fundamental» porque
é essencial para o funcionamento equilibrado dos indivíduos.
Tal como afirmar que a justiça é crucial na vida das pessoas constitui
um truísmo, o mesmo poderá ser escrito relativamente à afirmação de
que o acaso e o aleatório (e. g., encontrar alguém que não conhecemos e
que será decisivo nas nossas vidas; estar no lugar certo na hora certa ou
no lugar errado na hora errada) têm um papel importante na vida dos
indivíduos. No entanto, estes factores estão relativamente ausentes nas
explicações explícitas dos indivíduos comuns para o que lhes sucede,
pelo menos nas sociedades ocidentais, onde são valorizadas as explica-
ções internas (Dubois 1994) e controláveis, como o esforço (Dompnier
e Pansu 2007; Pansu e Gilibert 2002). De facto, a própria investigação
em Psicologia Social raramente se tem debruçado sobre estes aspectos
(Bandura 2001; Krantz 1998). Todavia, e recorrendo a outro truísmo, os
indivíduos sabem, a um nível explícito, que a injustiça, o acaso e o alea-
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1
Por esse motivo, actualmente é proposto que a teoria seja denominada teoria da
motivação para a justiça (justice motive theory) ou teoria do mundo justo (just world theory)
(Hafer e Bègue 2005).
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mente, Hafer e Olson 1989 e 1993); reagir com menor afecto negativo a
esses acontecimentos, como a violência (Dzuka e Dalbert 2007); ou ru-
minar menos sobre esses acontecimentos, como o facto de se encontra-
rem desempregados (Dalbert 1999). Lipkus, Siegler e Dalbert (1996) mos-
traram que a associação com o bem-estar subjectivo é mais forte e
consistente relativamente à CMJ pessoal do que geral. De facto, consti-
tuem duas esferas distintas de CMJ, mas correlacionadas positivamente,
cada uma sendo melhor preditora do que a outra de fenómenos diferen-
tes (Bègue e Bastounis 2003; Sutton e Douglas 2005) – enquanto a CMJ
pessoal prediz melhor fenómenos como os apresentados anteriormente
(e. g., bem-estar subjectivo), a CMJ geral prediz melhor as reacções a ví-
timas, como apresentarei de seguida. Para finalizar, de salientar que Cor-
reia, Batista e Lima (2009) mostraram experimentalmente que a relação
de causalidade entre CMJ e bem-estar se opera em ambos os sentidos,
isto é, tanto a CMJ dos indivíduos é maior porque se sentem bem, como
se sentem melhor porque acreditam que o mundo é justo.
A nível interpessoal, a investigação paradigmática nesta área tem en-
volvido o estudo das reacções às vítimas, sobretudo a sua «vitimização
secundária» (Brickman et al. 1982), isto é, as reacções que têm repercussão
negativa no seu bem-estar. Destas reacções, a literatura tem focado prin-
cipalmente a culpabilização/responsabilização das vítimas e/ou a desva-
lorização do seu carácter (Correia e Vala 2003; Correia, Vala e Aguiar
2001; Hafer 2000a; Hafer 2000b; Lerner e Simmons 1966) e, em menor
grau, a sua evitação (e. g., Furnham e Procter 1992) ou o comportamento
de ajuda (Bierhoff, Klein e Kramp 1991). O maior interesse desta inves-
tigação recai sobre estas reacções relativamente às chamadas «vítimas ino-
centes»,2 isto é, aquelas que não contribuíram objectivamente para a sua
condição e que, numa análise meramente racional, não deveriam ser, por
exemplo, culpabilizadas/responsabilizadas pelo seu sofrimento. Todavia,
a literatura tem mostrado que os observadores de sofrimento recorrem à
vitimização secundária de vítimas inocentes num grau surpreendente-
mente usual (e. g., a sua desvalorização; para revisões, v. Correia 2000 e
2
O recurso às etiquetas «inocente/não inocente» não é, já de si, inocente. De facto,
a literatura adoptou esta dicotomia para reflectir o facto de os indivíduos comummente
julgarem outros (cf. a metáfora da vida social como um tribunal, Weiner 1993 e 1995).
Encontra-se subjacente a ideia de que os indivíduos consideram, mesmo não o admitindo
abertamente, que há sofrimento que é merecido («vítima não inocente», e. g., alguém que
tem um acidente de viação porque conduziu em estado de embriaguez) e sofrimento
que não o é («vítima inocente», e. g., alguém que tem um acidente de viação resultante
da má condução de terceiros).
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2003; Hafer e Bègue 2005; Lerner 1980; Lerner e Miller 1978), ainda que
se trate de um conjunto de reacções reprovado socialmente, especial-
mente quando dirigido a este tipo de vítimas (Alves e Correia 2009). No
entanto, é de salientar a inexistência de resultados a indicar que estas
reacções são, pelo menos, tão recorrentes relativamente às vítimas ino-
centes como em relação às vítimas não inocentes. A questão não é que
as vítimas inocentes sejam, por exemplo, tão ou mais culpabilizadas ou
desvalorizadas do que as vítimas não inocentes; de facto, estas últimas
são-no mais do que as vítimas inocentes (Weiner, Perry e Magnusson
1988). Assim, embora as vítimas inocentes sejam, por exemplo, culpabi-
lizadas/responsabilizadas pelo seu sofrimento em menor grau do que as
vítimas não inocentes, são-no em grau superior ao que os dados objecti-
vos permitiriam indicar, caso o processo fosse puramente racional e, desse
modo, nenhuma culpa lhes fosse atribuída (Correia e Vala 2003; Lerner
1980). No entanto, neste contexto, estão envolvidas emoções.
De facto, a explicação que a teoria da CMJ apresenta para estas reac-
ções interpessoais é tipicamente de nível intra-individual. Nesta perspec-
tiva, as vítimas inocentes constituem uma ameaça à percepção de que o
mundo é justo (Lerner 1980); logo, uma ameaça ao contrato pessoal dos
observadores, directos ou indirectos, desse sofrimento não merecido, es-
pecialmente quando este não pode ser terminado (Correia et al. 2001).
A vitimização secundária será uma tentativa inconsciente e motivada
emocionalmente por parte dos observadores em proteger e/ou repor a
sua CMJ face a esta ameaça à sua «ilusão fundamental» (Lerner 1980 e
2003). No processo, os indivíduos encetam uma distorção inconsciente
da informação, recorrendo a esquemas de atribuição pouco sofisticados,
supostamente ausentes no raciocínio abstracto, através dos quais os re-
sultados negativos de alguém (e. g., um acidente) são explicados por ra-
zões internas a essa pessoa (para demonstrações do raciocínio de justiça
imanente nos adultos, v. Callan, Ellard e Nicol 2006).
A influência destes esquemas de atribuição, conscientes na infância,
mas normalmente inconscientes nos adultos, conduz a que os observado-
res os apliquem de forma automática, perante uma situação com forte carga
emotiva, como é o caso do testemunho de um sofrimento não merecido
e não possível de ser finalizado (Hafer e Bègue 2005; Lerner 2003; Lerner
e Goldberg 1999). De facto, a investigação tem demonstrado recorrente-
mente que, neste tipo de situação, os observadores atribuem algum grau
de responsabilidade à vítima inocente pelo que lhe sucedeu («sofre porque
fez por isso») ou/e desvalorizam o seu carácter («é o tipo de pessoa que
merece sofrer») (Correia e Vala 2003; Correia et al. 2001). Desta forma, os
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Acrescento aqui que a sua aplicação decorreu em duas fases distintas por uma razão
prosaica: não tinha acesso ao número suficiente de participantes que me permitisse re-
colher dados para os três estudos simultaneamente. Assim, ficou decidido que primeira-
mente recolheria dados para dois estudos (que acabaram por ser os Estudos 1 e 2 da tese)
e, caso obtivesse resultados consistentes, eventualmente avançaria para o terceiro (como
referi anteriormente, o objecto da minha tese era outro nesta fase). A designação por Es-
tudos 1 e 2 deve-se à ordem por que surgem na tese, sendo que esta foi determinada pelo
facto de os resultados irem em «crescendo», favorecendo a argumentação, ou como esta
é familiarmente denominada no meio académico, a «estória que se pretende contar».
O facto de ter sido o estudo com o paradigma dos juízes a ser adiado – o que veio a ser
o Estudo 3 – deve-se a outra razão prosaica: a manipulação das variáveis independentes
era mais difícil do que as dos outros paradigmas, pelo menos para um recém-iniciado
nestas aventuras científicas, e também porque, para a selecção das medidas dependentes
desse estudo, era necessário realizar pré-testagem. Em retrospectiva, é irónico que tenha
exactamente adiado o estudo com o paradigma considerado mais importante na abor-
dagem sociocognitiva, mas em 2003 ainda não tinha tido contacto com o capítulo de
Gilibert e Cambon publicado igualmente nesse ano, onde essa ideia é claramente exposta.
4
Exemplos de itens são, no caso da escala de CMJ pessoal, «Em geral eu mereço o
que me acontece»; «As decisões que os outros tomam em relação a mim são justas» e, no
caso da escala de CMJ geral; «Basicamente o mundo em que vivemos é justo»; «As pes-
soas tentam ser justas quando tomam decisões importantes».
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Figura 3.1 – Médias das pontuações em CMJ pessoal e geral por valência
de imagem (Estudo 2)
6
5
4,75
4,06
4
3,4
3
2,07
2
1
Imagem positiva Imagem negativa
Nota: As pontuações podiam variar de 1 a 6. Os quatro valores médios são significativamente dife-
rentes uns dos outros, tal como testado através de testes post-hoc de Duncan (p’s < 0,05).
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5
A propósito desta operacionalização, e sobretudo do comentário relativamente à
suposta CMJ moderada (e. g., «A pessoa pensa que as coisas que lhe sucedem por vezes
são justas e outras vezes não são justas»), ocorre-me contar um episódio. Estava a ultimar
o artigo que saiu na Social Justice Research (Alves e Correia 2008) que incluiu os Estudos 2
e 3, quando, a poucos dias do prazo para o envio do manuscrito, o olhar de fora do Pro-
fessor Jorge Vala verifica que aquilo que eu entendia como «CMJ moderada» podia ser
interpretado como «crença num mundo aleatório» (cf. Furnham 2003). Nunca tal me
tinha passado pela cabeça – para mim tinha sido óbvio até àquele momento que os pon-
tos 3 e 4 e o comentário adicional operacionalizavam um CMJ moderada – e, no entanto,
aquela objecção fazia todo o sentido! Dado que a manipulação das variáveis indepen-
dentes foi entre sujeitos, a eliminação destas condições não era problemática, já que não
influenciaram as respostas às outras condições experimentais. No entanto, por um mo-
mento, não me lembrei disso e senti algo próximo do pânico – para mais quando já
tinha recolhido dados para o que vieram a ser os Estudos 4 e 5. Só me conseguia imaginar
sem três estudos numa penada! Depois de mais calmo, e como não havia tempo para
realizar um estudo que verificasse qual o sentido que os indivíduos atribuíam ao que eu
denominava como CMJ moderada, até ao prazo do envio do artigo, optou-se por elimi-
nar essa condição. Acabei por realizar esse estudo posteriormente, através do qual verifi-
quei que os participantes interpretavam a operacionalização tal como pretendido, ou
seja, como CMJ moderada e não como crença num mundo aleatório. O alívio, por fim!
Por isso, na tese e neste capítulo apresento os resultados com a (agora sim!) CMJ mode-
rada, não o podendo ter feito no artigo. Lição aprendida: há que ter sempre um olhar
crítico no que fazemos, mesmo quando algo nos parece óbvio, pedir a opinião de pessoas
de fora em quem, naturalmente, confiamos, e pré-testar o material.
6
A selecção recaiu naqueles itens que, num pré-teste, apresentaram os seis valores
médios mais baixos ou mais altos em positividade. Foram seleccionados de uma lista
maior que englobava 37 adjectivos gerados por outros participantes que tiveram contacto
com as mesmas manipulações e, de seguida, descreviam o alvo com adjectivos seus.
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DP = 0,79; ambos os p’s < 0,01). Os resultados deste estudo foram, por-
tanto, consistentes com os anteriores, no sentido de uma maior valori-
zação de graus mais elevados de CMJ, tendo sido possível verificar que
tanto a CMJ moderada como a alta o são de modo equivalente.
O novelo fora encontrado. Havia agora que o ir desfiando. Poderia a
maior valorização dos graus moderado e alto de CMJ dever-se ao facto
de estes serem percepcionados como reflectindo uma verdade, ou seriam
estes dois julgamentos independentes? Além disso, a ausência de um
efeito de interacção significativo no Estudo 3 ia contra a interpretação
dos resultados dos estudos 1 e 2, segundo a qual a normatividade da
CMJ pessoal seria mais forte do que a da CMJ geral. Teria, então, o no-
velo uma cor diferente não só daquela que eu esperara antes de realizar
qualquer estudo, mas também daquela que eu esperava após os dois pri-
meiros? Havia que averiguar. Os dois próximos estudos foram desenvol-
vidos com esse objectivo.
91
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uma relação directa entre o que os indivíduos exprimem (as suas respostas
às escalas) e os julgamentos que fazem de outros que exprimem uma ideia
equivalente, algo que Dubois (2000) mostrou nem sempre se verificar no
caso da norma da internalidade. Dentro destas limitações, no entanto,
seria possível prever que o grau moderado da CMJ pessoal seria conside-
rado como o mais verdadeiro, dado que as pontuações médias nas escalas
deste constructo costumam situar-se à volta do seu ponto médio. Relati-
vamente à CMJ geral seria de prever que a expressão do seu grau baixo
fosse considerada como a mais verdadeira, dado que as pontuações médias
às escalas deste constructo costumam situar-se abaixo do seu ponto médio.
O desenho experimental do Estudo 4 foi igual ao do Estudo 3, dis-
tinguindo-se, porém, na operacionalização das variáveis independentes.
Neste estudo, em vez de apresentar as escalas de CMJ já preenchidas, dei
a ler pequenos textos a que chamei «excertos de entrevistas», dado que
alguns participantes do estudo anterior referiram que a tarefa de avaliar
alguém, através das respostas às escalas, era «demasiado abstracta». Cada
participante leu um «excerto», havendo seis versões que manipulavam a
esfera e o grau de CMJ, baseadas nos itens da escala de CMJ pessoal
(Dalbert 1999). Foram acrescentadas algumas expressões típicas de lin-
guagem oral (e. g., «é isso») e indicações temporais (e. g., «minuto 10») que
pretendiam reforçar a ideia de os textos serem realmente excertos de en-
trevistas (cf. Anexo). Os «excertos de entrevista» eram seguidos pelos res-
pectivos comentários, iguais aos do Estudo 3.7
Relativamente à verdade percebida, os resultados indicaram que, glo-
balmente, o grau moderado foi considerado mais verdadeiro (M = 4,81,
DP = 1,03) do que os graus alto (M = 3,38, DP = 1,47) e baixo
(M = 2,89, DP = 1,45; p’s < 0,001). Estes últimos não se distinguiram
significativamente entre si (p = 0,21), nem se verificou uma distinção sig-
nificativa entre as duas esferas de CMJ. No respeitante à normatividade
percebida, tal como esperado, o grau de CMJ baixo foi considerado glo-
balmente como menos normativo (M = 2,21, DP = 1,14) do que os graus
moderado (M = 4,61, DP = 1,14) e alto (M = 4,06, DP = 1,12;
p’s < 0,001), sendo que estes últimos não se distinguiram significativa-
mente (p = 0,13). O efeito de interacção, representado na figura 3.2, qua-
7
As medidas dependentes foram a normatividade percebida dos excertos («Em que
grau você aprova que se tenha esta opinião?»; «Quanto acha desejável ter esta opinião?»;
α = 0,79) e a verdade percebida («Quão realista é acreditar nesta opinião?»; «Quanto con-
corda você com esta opinião?»; α = 0,88), em escalas do tipo Likert de sete pontos
(1 = nada; 7 = muitíssimo).
92
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5
4,46 4,5
4 4,31
3,39
3
2,87
2
1,45
1
CMJ baixa CMJ moderada CMJ alta
Nota: As pontuações podiam variar de 1 a 7, sendo que a pontuações mais elevadas correspondem
julgamentos mais elevados de normatividade.
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8
Não se deve interpretar o termo «ancoragem» no mesmo sentido em que o faz a
teoria das representações sociais (Moscovici 1976). Nesta, trata-se de um mecanismo pelo
qual os indivíduos ligam noções novas a outras já existentes, de modo a que as primeiras
possam ser inteligíveis. Na abordagem sociocognitiva uma ancoragem refere-se ao tipo
de valor social associado a uma norma de julgamento.
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9
Utilidade social (competente, confiante, independente, trabalhador(a), competi-
tivo(a), inteligente, determinado(a); α = 0,86) e desejabilidade social (de quem se gosta
[likable], prestável; sincero(a), caloroso(a); bem-educado(a), boa pessoa, tolerante;
α = 0,78), adjectivos retirados de Fiske et al. (1999).
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10
O leitor poderá estar neste momento a questionar-se por que razão não recorri à
tradução de adjectivos de um estudo directamente ligado à abordagem sociocognitiva,
tendo optado pelos adjectivos incluídos no artigo seminal do modelo do conteúdo dos
estereótipos. Tratou-se de um mero acaso – o facto de não ter disponíveis referências da
abordagem sociocognitiva em que constassem esses adjectivos. Os dados para este estudo
foram recolhidos em 2005, mas os estudos de Laurent Cambon, que testaram directa-
mente o modelo de Beauvois, só foram publicados em 2006 (Cambon 2006; Cambon,
Djouari e Beauvois 2006). Sabia da equivalência empírica entre os adjectivos de um e
outro modelo, através do capítulo de Beauvois (2003) que apresentava alguns dos prin-
cipais resultados da tese de doutoramento de Laurent Cambon, e onde eram apresentados
em tabela, numa tradução inglesa, adjectivos a que este autor recorrera. No entanto, esse
capítulo não indica se estes foram usados num ou em vários estudos. Ademais, se tivesse
recorrido a esses adjectivos estaria a traduzir de uma tradução (Francês-Inglês-Português),
pelo que optei pelos constantes em Fiske et al. (1999). Tal como estes autores, apresentá-
mos adjectivos de valência positiva e negativa mas, igualmente como eles, tivemos de
eliminar estes últimos, dado não apresentarem consistência interna adequada.
Outra limitação, mais prosaica, revela que não só é a aventura que continua após o
doutoramento, mas também os seus percalços. De facto, também a questão do acesso a
participantes me levou a conceber um estudo simples (para ser rigoroso, foram dois) que
fosse de rápida aplicação em contexto de sala de aula, numa altura tipicamente difícil
para o efeito (final de Novembro, princípio de Dezembro de 2009). Por isso, restringi o
número de itens para cada constructo que pretendi medir (percepção do estatuto e de
merecimento de estatuto do alvo e percepção da adequação do seu discurso às expecta-
tivas sociais). Esta restrição conduziu a uma situação em que dois constructos (mereci-
mento de estatuto e adequação do discurso) acabaram por ser medidos apenas por um
item, aquele que apresentou o maior peso numa análise factorial exploratória, dado que
a inclusão de outro(s) revelaria valores de alfa de Cronbach demasiado baixos (inferiores
a 60). O número reduzido de participantes e as limitações das medidas poderão explicar
o facto de nem todas as hipóteses terem recebido apoio empírico. Assim, este estudo de-
verá ser entendido mais como um pré-estudo que apresenta resultados suficientemente
interessantes para serem apresentados no capítulo e que, na sua maioria, vão ao encontro
das hipóteses. O leitor poderá perguntar: «Se é tão difícil recolher dados nesse período,
porque não o fizeste antes?» Resposta (mais uma vez) prosaica: «Porque só tive a ideia
para o(s) estudo(s) a meio de Novembro.»
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Nota: Os valores podiam variar entre 1 e 7, sendo que valores mais elevados indicam maior concor-
dância.
11
Apesar da apresentação brevíssima deste estudo, gostaria de ter mais um aparte, em
especial para o leitor que ainda se encontra no doutoramento ou pensa iniciar o processo.
Este estudo foi realizado quando já me encontrava em fase adiantada de escrita da tese.
Ao escrever o capítulo sobre auto-apresentação/gestão de impressões, li referências sobre
o «slime effect» (Vonk 1998). Resumidamente, este constructo capta um padrão compor-
tamental de alvos avaliados de forma extremamente negativa pelos observadores, que se
caracteriza pela simultaneidade de comportamentos agradáveis para com os indivíduos
de estatuto superior e de comportamentos desagradáveis relativamente aos indivíduos
de estatuto inferior – «licking upward and kicking downwards» (p. 850). Enquanto actor
social, parecia-me ser uma característica dos indivíduos «graxistas» e reconheci o padrão
em algumas pessoas concretas que ficaram altamente activadas em memória – tanto que,
ainda hoje, quando penso nesse capítulo da tese e neste estudo em particular, penso igual-
mente nelas. Nesse sentido, e malgré eux, devo-lhes um agradecimento pela «inspiração»
que me motivou a fazer este estudo, numa altura que, normalmente, é dedicada à escrita.
No entanto, intuí que, obtendo os resultados que esperava, poderia ter um belo comple-
mento ao argumento que estava a desenvolver, especificamente o uso estratégico da ex-
pressão da CMJ (v. outro caso em Alves 2008b, Estudo 6; Alves e Correia 2010b, Estudo
2). Posto isto, não estou a encorajar que os doutorandos esperem por alguma ideia que
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surja já em fase da escrita da tese para que a «estória» possa surgir. De facto, naquele mo-
mento já a tinha, mas percebi que a poderia complementar (não reformular, nesta fase)
com um estudo de fácil aplicação e análise. A «mensagem» é que não ponham de parte
ideias «só» porque surgiram numa fase em que, parece-me, as pessoas acham que não é
suposto fazer alterações (ou neste caso, complementos) a um plano preestabelecido. Ob-
viamente, menos ainda encorajo que no início ou até meio do processo, se excluam ideias
que não estavam no plano inicial – afinal, foi isso que fiz ao descobrir um «novelo» de
uma cor e de um tamanho inesperados. Muitas vezes, mas não necessariamente, são as
descobertas acidentais as que acabam por se revelar mais interessantes e importantes –
veja-se o caso clássico da penicilina.
12
Estatuto do alvo («Trata-se de uma pessoa bem-posicionada na vida», «É alguém ha-
bituado(a) a viajar em 1.ª classe»; α = 0,77); merecimento de estatuto («Esta pessoa merece
ter um estatuto elevado»); adequabilidade do discurso às expectativas da sociedade («A socie-
dade actual espera que as pessoas tenham este tipo de discurso»).
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Adequabilidade
do discurso
b = 0,32* b = 0,42**
Grau de Merecimento
CMJ (b = 0,52)** b = 0,17, n. s.
de estatuto
* p = 0,05
** p < 0,01
Sobel Z = 1,90, p = 0,057.
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não o faz. Assim, é de esperar que a CMJ pessoal seja o que Pansu et al.
(2003) designam «critério de excelência», no sentido em que a expressão
de um discurso valorizado transmite a ideia aos avaliadores de que o
emissor é alguém que tem as características exigidas para fazer o jogo es-
perado num determinado contexto, nomeadamente onde impera o libe-
ralismo económico.
De facto, Pansu e Gilibert (2002) verificaram que os responsáveis pelas
avaliações de desempenho em várias organizações consideravam que um
candidato que exprimia alta internalidade (e. g., mostrar-se responsável pelo
que lhe acontece), mas tinha um desempenho profissional apenas médio,
era tão merecedor de uma promoção quanto um candidato que, embora
mostrasse um desempenho profissional acima da média, exprimia exter-
nalidade. Um padrão equivalente foi descoberto recentemente relativa-
mente à CMJ pessoal em estudantes do ensino superior, independente-
mente da sua idade (entre os 18 e os 53 anos) e de terem ou não experiência
profissional (Alves et al. 2010, Estudo 3). Tal indica que esta valorização
não depende da entrada no mercado de trabalho (embora possa ser refor-
çada nesse contexto), sendo-lhe anterior. Muito provavelmente, esta valo-
rização resulta na socialização nas práticas avaliativas, aprendidas durante
a escolarização, tal como ocorre com a norma da internalidade (Dubois
1994). Estudos futuros deveriam investigar directamente esta ideia e veri-
ficar em que grau e tipo de ensino essa aprendizagem é privilegiada. Tam-
bém à imagem da norma da internalidade, a performance da CMJ parece
ser fulcral na lógica da economia liberal, sendo um seu mecanismo legiti-
mador, como sugerem Jost e Hunyady (2005).
Dois pontos merecem ainda investigação: a categorização e o estatuto
social do alvo que exprime CMJ, e o papel da adesão à CMJ por parte
dos indivíduos que avaliam a sua normatividade. Relativamente ao pri-
meiro aspecto, será que é suposto que mesmo um alvo de baixo estatuto
(e. g., um imigrante) participe na performance? Intuitivamente dir-se-á que
não, pois objectivamente a sua condição não deverá ser justa. Porém,
como vimos, a verdade não é um critério de uma norma de julgamento,
como a CMJ. Recorrendo a investigação que tem mostrado que alvos
de racismo (Kaiser e Miller 2001), ou de sexismo (Garcia, Horstman
Reser, Amo, Redersdorff e Branscombe 2005) são avaliados negativa-
mente quando se queixam, mesmo que se lhes reconheça razão, é de es-
perar que seja suposto que mesmo alvos de baixo estatuto exprimam a
ideia de que têm o que merecem. Ironicamente, tal poderá ser tanto mais
forte quanto mais os indivíduos aderirem a uma ideologia aparentemente
benigna, como o luso-tropicalismo (Alves 2008a).
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Para finalizar, uma pequena provocação: será que o que a minha in-
vestigação tem mostrado é a normatividade da CMJ, ou a valorização
de algo mais geral como «os discursos sobre justiça», uma expressão a
que tenho recorrido nesta discussão? Ainda que não afecte a normativi-
dade do fenómeno, este alargamento conceptual poderá permitir que se
espere a valorização social da expressão de julgamentos de justiça distri-
butiva (e. g., Walster, Walster, e Berscheid 1978) e procedimental (e. g.,
Thibaut e Walker 1975). Por outras palavras, será mais valorizada a ex-
pressão da ideia de que se é alvo de equidade e de um tratamento justo
do que a expressão do seu oposto, independentemente de tal correspon-
der à realidade.
Como se vê a aventura está longe de ter terminado. De facto, ela mal
começou. Por isso, para finalizar, só posso dizer: to be continued...
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Anexo
(Minuto 10) «Acho que geralmente obtenho o que mereço [as pessoas
obtêm o que merecem]: de um modo geral os acontecimentos da minha
vida [na vida das pessoas] são justos... É isso: acho que a maior parte do
que me acontece [acontece às pessoas] é justo, que em geral eu mereço
o que me acontece [merecem o que lhes acontece].» [...]
(Minuto 26) «Geralmente os outros tratam-me [as pessoas tratam os ou-
tros] de uma maneira justa, por exemplo, a maior parte das decisões que
os outros tomam em relação a mim [que se tomam em relação aos ou-
tros] são justas.» [...]
(Minuto 43) «É como já disse, na minha vida [na vida] a injustiça é a ex-
cepção e não a regra.»
(Minuto 10) «Acho que por vezes obtenho o que mereço [as pessoas
obtêm o que merecem]: por vezes os acontecimentos da minha vida [na
vida das pessoas] são justos... É isso: acho que parte do que me acontece
[acontece às pessoas] é justo, que por vezes eu mereço o que me acontece
[merecem o que lhes acontece], mas nem sempre.» [...]
(Minuto 26) «Há vezes em que os outros me tratam [as pessoas tratam
os outros] de uma maneira justa, por exemplo, certas decisões que os ou-
tros tomam em relação a mim [que se tomam em relação aos outros] são
justas, embora não todas.» [...]
(Minuto 43) «É como já disse, na minha vida [na vida] tanto a justiça
como a injustiça são a regra. Tenho tido [as pessoas têm] tanto duma
como doutra.»
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(Minuto 10) «Acho que de um modo geral não obtenho o que mereço
[as pessoas não obtêm o que merecem]: de um modo geral os aconteci-
mentos da minha vida [na vida das pessoas] não são justos... É isso: acho
que a maior parte do que me acontece [acontece às pessoas] não é justo,
que em geral eu não mereço o que me acontece [não merecem o que
lhes acontece].» [...]
(Minuto 26) «Geralmente os outros não me tratam [as pessoas não tra-
tam os outros] de uma maneira justa, por exemplo, a maior parte das de-
cisões que os outros tomam em relação a mim [que se tomam em relação
aos outros] não são justas.» [...]
(Minuto 43) «É como já disse, na minha vida [na vida] a justiça é a ex-
cepção e não a regra.»
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Capítulo 4
Apelo para que não deixem de fazer aquilo que estiver ao vosso alcance
para que todos compareçam no dia 23. É uma responsabilidade perante vós,
perante os vossos filhos, perante os vossos descendentes. Portugal merece
mais do que o comodismo daqueles que querem ficar em casa. Não deixe-
mos a escolha na mão dos outros.
Estas foram as palavras dirigidas aos eleitores em 2011 pelo então pre-
sidente da República em exercício, Cavaco Silva, na campanha para as
presidenciais, em que era um dos candidatos.
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Para uma discussão do conceito de «norma social», v. o capítulo 1 deste volume.
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são literalmente votos perdidos. Há quem remeta estes votos para a ca-
tegoria de votos expressivos, em que pouco importa se o candidato ganha
ou perde a eleição – o que mais importa é a afirmação da identidade po-
lítica e, muitas das vezes também social, do eleitor. Ainda que hoje mais
esbatidas, as questões ideológicas são certamente uma explicação forte
para este tipo de voto, como o é também a ideia de que, mais cedo ou
mais tarde, a minha persistência em votar em X há-de convencer outros
a fazê-lo. Afinal, de grão a grão, pode vir a ser possível chegar, de futuro,
a alguma forma de vitória.
O argumento avançado por Tuck tem aspectos convincentes, na me-
dida em que põe a tónica na interdependência entre eleitores e lhes dá
boas razões para cooperar na produção de resultados eleitorais, senão
mesmo para tentar convencer activamente os demais a votarem com eles,
através de um maior envolvimento no processo político (que não apenas
o eleitoral). No entanto, e como seria de esperar, o argumento aduzido
por Tuck a favor do voto tem sido contestado por vários autores, muitos
dos quais constroem as suas objecções com os instrumentos que a teoria
da acção racional lhes proporciona.
Jason Brennan, em particular, alertou para a necessidade de distinguir
entre dois tipos de eleitores: 1. aqueles que desejam não apenas que um
bom resultado eleitoral ocorra, mas que também querem ser agentes cau-
salmente responsáveis pelo resultado da eleição; 2. aqueles que somente
se preocupam com o bom resultado eleitoral do seu candidato (Brennan
2009).
No caso dos eleitores do tipo 1., Brennan chama a atenção para o
facto de ser errado concluir pela racionalidade do voto quando os votos
dos eleitores em causa façam parte do grupo de votos causalmente efica-
zes. É que, no entender de Brennan, a probabilidade de os votos fazerem
parte desse grupo tem ainda de ser multiplicada pelo valor atribuído por
cada potencial eleitor ao facto de o seu voto nele se encontrar, um valor
que pode variar muito de indivíduo para indivíduo. Mais, Brennan acusa
Tuck de ignorar os custos de oportunidade do exercício do acto de votar.
No entanto, Brennan insiste, só será racional votar, se a utilidade espe-
rada, pelos eleitores de tipo 1., for superior à utilidade de outro tipo de
acção que lhes esteja igualmente disponível – por exemplo, passar o dia
da eleição na praia ou no conforto do sofá.
Brennan vai mais longe porém, e desafia a racionalidade do voto
mesmo para eleitores do tipo 2., que têm preferência quanto ao resultado
eleitoral, mas não atribuem um valor particular a serem os agentes cau-
sadores desse mesmo resultado. Para Tuck, é racional para este tipo de
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Segundo esta doutrina, os pequenos produtores não conseguem influenciar os pre-
ços do mercado aumentando ou baixando o seu próprio nível de produção. Portanto,
qualquer acordo entre esses produtores para fixar o preço entrará em colapso a longo
prazo. Isto acontece porque os produtores individuais poderão sempre optar por tirar
vantagem do grupo, por exemplo, produzindo mais do que o limite acordado para ma-
ximizar os seus lucros individuais. Desta conclusão era usualmente derivado um vaticínio
sombrio para o futuro de grupos como cartéis ou sindicatos.
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Desta tese parece decorrer uma outra, a saber, que uma norma social,
como «votar», resistirá quando a sua sobrevivência seja capaz de promo-
ver ganho económico e/ou aceitação social (note-se, porém, que estes
interesses podem, em determinados casos, ter de ser pesados um contra
o outro). Isto não quer dizer que cada indivíduo efectivamente pese o
ganho ou a aceitação social expectável da obediência à norma antes de
agir. Mas antes que a obediência à norma tenha resultados contrários a
um ou a ambos os interesses, os indivíduos terão razão suficiente para
parar para pensar (ou mesmo para deixar de aderir à norma). Assim, de
acordo com esta visão das normas sociais, um comportamento tenderá
a ver-se reproduzido numa sociedade quando seja no interesse próprio
directo dos indivíduos – em particular se esse for também um interesse
a que seja atribuível um valor monetário que exceda o custo do cumpri-
mento da norma; e/ou onde seja no interesse social dos indivíduos res-
peitar a norma, porque isso promove a estima e a afeição com que o in-
divíduo é olhado pelos demais. Para que seja racional votar, o interesse
próprio indirecto que desta segunda forma se satisfaz deve igualmente
exceder os custos inerentes à obediência. Só assim é expectável que a
norma se reproduza.
Mas as explicações instrumentais das normas sociais encerram conhe-
cidos problemas. Desde logo, a passagem do ganho económico à aceita-
ção social que, por vezes, na teoria da acção racional indelevelmente se
faz, poderá não ser tão facilmente justificável quanto parece à primeira
vista. É que, a menos que a aceitação social seja concebida em termos
exclusivamente estratégicos e os comportamentos que a atraem como
necessariamente hipócritas, podemos estar aqui a transitar de uma con-
cepção do indivíduo para outra significativamente distinta, sem qualquer
explicação para o facto, e sobretudo sem exploração das dificuldades que
a conciliação entre estas duas concepções do indivíduo (e os comporta-
mentos delas decorrentes), por vezes, levanta.
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de dever também o nosso eleitor pode ver-se obrigado a dar boleia até à
assembleia de voto a um vizinho de que, na verdade, gosta muito pouco.
Em resumo, os diferentes tipos de motivação e as funções motivacionais
distintas que eles tipificam não podem ser reduzidos uns aos outros, sob
pena de convertermos o que é diferente numa massa indiferenciada que
nada explica e que obnubila potenciais conflitos entre motivações. É isto
que parece estar a suceder quando, por exemplo, a satisfação individual
pelo cumprimento de um dever cívico, como votar, é apelidada de «be-
nefício de consumo», a ser somado ao cálculo de utilidade individual do
voto, para assim lhe encontrar uma «racionalidade perdida». Reduzir mo-
tivações muito diferentes a um denominador economicista comum para
efeitos de um cálculo utilitarista que tudo tritura e que faz confluir siste-
mas motivacionais distintos num só faz-nos perder de vista coisas tão
simples quanto o facto de nos relacionarmos de forma diferente com
«preferências» e com «valores» (que a norma social muitas vezes corpo-
riza). Coisas aparentemente simples, realmente, mas essenciais à com-
preensão do que, sempre, nalguns casos, ou em contextos e situações es-
pecíficos, noutros, nos leva, ou não, a sair à rua para votar.
Da mesma forma que é necessário distinguir entre diferentes tipos de
motivação, é preciso distinguir o comportamento ditado por uma racio-
nalidade instrumental do comportamento ditado por uma norma (o que
não quer dizer que ambos não possam estar envolvidos numa mesma
acção ou que o comportamento ditado pela norma não possa fazer sen-
tido em termos de interesse próprio também: por vezes faz, mas nem sem-
pre). O eleitor atomizado da teoria da escolha racional está sobretudo
preocupado com o resultado do seu voto. Para ele a desejabilidade desse
acto é condicional ao resultado esperado. As perguntas com que se con-
fronta são pois: «Tenho algum benefício líquido em ir votar? Muda este
benefício caso chova ou faça sol?» O eleitor que ao votar se vê como cum-
prindo essencialmente um dever cívico não encara o voto como um im-
perativo hipotético, isto é, dependente de resultados futuros ou de con-
dições meteorológicas. Antes tenderá a dizer-se «mesmo que as alternativas
não me agradem particularmente, e que chova copiosamente no do-
mingo, tenho de ir votar». E se, por alguma razão, não puder ir votar, sen-
tir-se-á mal consigo, mesmo na ausência de sanções ou atitudes reprova-
doras por parte de outrem. Este aspecto emocional da norma é, aliás,
crucial e, sendo interno, não tem vulgarmente lugar no cálculo utilitário
do valor do voto. Mas se as normas diferem de facto da acção racional,
concebida em termos estritamente instrumentais, há também que distin-
guir entre uma obediência à norma por incentivos externos à normativi-
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3
Dentro da teoria da acção racional têm sido vários os defensores de que a sanção
pode não ter custos para o sancionador – i. e., ser automática, e de que o candidato ideal
a este tipo de sanções são precisamente os sentimentos de aprovação/desaprovação sen-
tidos perante alguém que observa/viola a norma. Esta busca de sanções «gratuitas» acon-
tece porque a tese de que a sanção é a razão de obediência à norma só é compatível com
os modelo da escolha racional se: 1) as pessoas aprovarem/desaprovarem os demais pela
obediência/desobediência à norma; 2) esses sentimentos não tiverem custos, sendo au-
tomáticos ou não intencionais; 3) as pessoas desejarem a aprovação dos demais. V. Pettit
(1990).
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norma. Por esta mesma razão, nestes casos, a sanção não parece oferecer
a razão fundamental para a obediência à norma. Finalmente, a força
emocional que dá à norma um domínio sobre o agente coloca-o geral-
mente sob um considerável imperativo de consistência na acção. Vários
estudos empíricos confirmam, por exemplo, que os indivíduos imbuídos
de um forte sentido de dever cívico tendem também a votar mais (Knack
1992).
Temos assim no dever cívico de votar uma norma que apela sobretudo
ao entendimento do indivíduo enquanto cidadão e já não directamente
ao seu interesse próprio. Assim, em razão da aceitação conjunta do prin-
cípio de acção inerente à norma – e veja-se como a noção de «dever cí-
vico» está historicamente ligada a noções de autogoverno e à valorização
da vita activa sobre a vita contemplativa –, cada membro da comunidade
política vê-se obrigado a «fazer a sua parte» ou desempenhar o seu «papel»
(no dia da eleição), para dessa forma assegurar a realização do princípio
e do bem colectivo que a norma protege (neste caso, a vida comum em
democracia). É por isso que quem contesta a obrigatoriedade do voto
começa geralmente por oferecer uma descrição normativa alternativa da
acção política, designadamente, da acção que a norma exclui. Assim, a
abstenção aparece tratada não como uma forma de inacção ou alhea-
mento, mas antes como uma forma igualmente legítima de participação
política democrática. Mais concretamente, como uma forma de protesto,
que realiza o dever cívico de demonstrar desagrado com as alternativas
que as diferentes forças políticas consubstanciam, e que, dessa forma,
instiga a discussão, com vista à reforma do sistema político democrático.
Vimos que muito regularmente as pessoas obedecem a normas inde-
pendentemente dos benefícios imediatos que daí retirem ou do vigor
e/ou eficácia das sanções que os seus pares estejam dispostos a aplicar
em caso de violação. Ainda assim, a concepção do voto em termos de
custos e benefícios continua a dominar muita da investigação sobre o
comportamento eleitoral. Este domínio tem consequências práticas tan-
gíveis, designadamente em termos de medidas políticas tomadas em di-
ferentes países em combate à abstenção. É que quanto falamos do voto,
pensá-lo exclusivamente em termos de custos e benefícios, sanções e re-
compensas permite facilmente cogitar duas possíveis vias para a inversão
da actual tendência de decréscimo da participação eleitoral. Por um lado,
podemos tentar aumentar os custos da não-participação, por exemplo,
pela imposição da participação eleitoral obrigatória (o chamado «voto
obrigatório»). Por outro lado, podemos optar por diminuir os custos da
participação, por exemplo, através da admissão do uso do voto postal
129
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4
Na Suíça, esta redução foi especialmente significativa, dada a simplicidade do voto
postal introduzido. O eleitor suíço recebe automaticamente em casa o boletim de voto
com um envelope para a devolução, que pode pôr em qualquer caixa de correio.
130
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131
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134
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5
Por exemplo, em Inglaterra, o declínio do voto é muito mais pronunciado entre os
mais jovens. Em 1998, 36% dos jovens reconheciam a existência do dever de votar; em
2003, esse número cairia para os 31% (Park et al. 2004). Esta convicção é também sensível
ao rendimento e/ou classe dos eleitores e muito especialmente dos eleitores jovens: 44%
dos jovens que vivem nos agregados familiares situados no quartil de rendimentos mais
elevado (acima das 50 000 libras) crêem ter o dever de votar, comparado com apenas
21% daqueles do quartil mais pobre (abaixo das 150 00 libras). Park et al. sugerem que
isto pode dever-se mais ao cepticismo dos jovens perante a noção de «dever» do que pro-
priamente face ao voto, mas não é certo que assim seja. No entanto, é de salientar que a
maioria dos jovens ingleses pensa que é importante «ter voz» e «exercer influência» sobre
as decisões políticas, não havendo pois indícios de um declínio dos valores democráticos
entre eles.
135
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Ricardo B. Rodrigues
Maria Benedicta Monteiro
Adam Rutland
Capítulo 5
* A pesquisa apresentada neste capítulo foi financiada pela Fundação para a Ciência
e Tecnologia (FCT), designadamente por uma Bolsa de Doutoramento atribuída ao pri-
meiro autor (referência: SFRH/BD/16834/2004) e pelo Projecto «Modelos Sociocogni-
tivos de Inclusão Social e Prevenção da Discriminação Interétnica», coordenado pela se-
gunda autora (referência: PTDC/PSI/71271/2006). Agradecemos às crianças que
participaram nesta pesquisa, e aos seus pais, professores e directores de escola por nos fa-
cilitarem as condições necessárias à condução dos estudos. Agradecemos ainda aos bol-
seiros auxiliares do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE-IUL, desig-
nadamente Rita Morais, Nuno Cebola, Ana Elias e Maria Lopes, pela colaboração na
recolha dos dados. Os nossos agradecimentos estendem-se ainda aos investigadores e co-
legas do Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa (ICS-UL), Cícero Pereira
e Rui Costa Lopes, pela organização do seminário «Normas e Comportamento Social»
e pela coordenação do presente livro. A correspondência sobre este capítulo deverá ser
enviada ao cuidado de Ricardo B. Rodrigues, para o endereço electrónico ricardo.rodri-
gues @iscte.pt, ou em alternativa, para o endereço postal do Centro de Investigação e
Intervenção Social (CIS, ISCTE-IUL), Avenida das Forças Armadas, Edifício ISCTE-
-IUL, 1649-026, Lisboa, Portugal.
137
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1
O termo «raça» e outros conceitos derivados deste conceito (e. g., grupos raciais) de-
signam, estritamente, uma categoria socialmente construída, portanto, sem qualquer acepção bio-
lógica. No senso comum, esta categoria apoia-se na crença de que existem diferenças ge-
néticas fundamentais entre grupos humanos, e que diferenças explicariam, quer as
variações fenotípicas (e. g., cor da pele), quer as variações nas práticas culturais (para uma
discussão e comparação dos processos de hetero-racialização e hetero-etnicização, v. Vala,
Brito e Lopes 1999). Esta teoria do senso comum é refutada pela comunidade científica
(v. American Anthropological Association 1998), designadamente, pela biologia, que de-
monstrou serem maiores as diferenças genéticas entre indivíduos do mesmo «grupo ra-
cial», que aquelas registadas entre «grupos raciais» distintos (Long e Kittles 2003). Parale-
lamente, encontram-se amplamente estudados pela Psicologia Social os processos e as
dinâmicas psicossociais que estão na origem da emergência destas crenças, designada-
mente, as dinâmicas intergrupais no contexto das relações de poder assimétricas (v. Vala
et al. 1999).
138
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139
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2
De acordo com a tipologia de normas proposta por Cialdini e colegas (e. g., Cialdini
et al. 1991; Cialdini e Trost 1998) que distingue entre normas injuntivas, descritivas e pes-
soais, a norma anti-racista é uma norma injuntiva, isto é, uma norma impositiva, obri-
gatória cujo desvio suscita, portanto, a aplicação de sanções sociais.
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144
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Participantes e procedimento
3
As frequências absolutas e relativas, por ano de idade, são as seguintes: 5 anos
(n = 2; 1,7%), 6 anos (n = 37; 4%), 7 anos (n = 19; 16,1%), 8 anos (n = 2; 1,7%), 9 anos
(n = 55; 46,6%), e 10 anos (n = 3; 2,5%). A idade média é 7,7 (DP = 1,4). As escolas que
participaram no estudo tinham 80-85% de crianças portuguesas brancas, e 15 tinham
20% de crianças portuguesas negras.
145
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Instrumentos
Raciocínio metacognitivo
Com o objectivo de avaliar o raciocínio metacognitivo de 2.ª ordem
dos participantes, aplicou-se uma adaptação de Banerjee e Yuill (1999)
do paradigma de falsa-crença de 2.ª ordem desenvolvido por Sullivan e
colaboradores (1994). Este tipo de raciocínio consiste no reconheci-
mento, distinção e correcta coordenação pelo indivíduo de duas pers-
pectivas psicológicas externas à sua própria perspectiva. No discurso,
pode ser observado em afirmações tais como «a Ilda sabe que o Luís
sabe...» (Sullivan, Zaitchik e Tager-Flusberg 1994).
O instrumento utilizado apresentou ao participante uma história em
que o João (uma criança) descobre, inadvertidamente e sem o conheci-
mento da sua mãe, a prenda de aniversário que vai receber (um gato).
Foi dito ao participante que a mãe pretendia fazer-lhe uma surpresa, razão
pela qual tinha escondido o gato na garagem, e quando questionada,
disse ao João que iria receber um brinquedo. Até aqui, para compreender
a história, o participante deveria ser capaz de distinguir a perspectiva do
João da perspectiva da mãe, ou seja, que o João sabe que vai receber um
gato, mas que a mãe não sabe que o João sabe, ou seja, que a mãe tem
uma falsa crença relativamente ao real conhecimento do João. De se-
guida, a história introduziu uma terceira personagem, a avó do João,
acompanhada da informação de que a avó, em conversa com a mãe do
João, lhe pergunta se o João sabe que prenda de aniversário vai receber.
Neste ponto, avaliou-se a capacidade do participante em coordenar cor-
rectamente a perspectiva da mãe e da avó, em concreto, se reconhece
que a mãe veiculará necessariamente a falsa crença de que o João não
sabe que prenda de aniversário vai receber. Foram apresentadas ao parti-
cipante três perguntas de teste.4 Atribuiu-se 1 ponto a cada pergunta de
teste respondida correctamente, e criou-se um índice (α = 0,75) indicativo
do número de respostas respondidas correctamente, que podia variar
entre «0» (nenhuma resposta correcta/baixo raciocínio metacognitivo de
4
Pergunta 1) «A avó pergunta à mãe: – O João sabe o que lhe compraste como prenda
de aniversário? O que é que a mãe responde à avó? R.1) Que o João sabe, ou R.2) que o
João não sabe?» Pergunta 2) «A avó pergunta à mãe: – O que é que o João pensa que lhe
vais oferecer? O que é que a mãe responde à avó? R.1) Que o João pensa que vai receber
um brinquedo, ou R.2) que o João pensa que vai receber um gato?» Pergunta 3) «Porque
é que a mãe responde isso?» Uma vez que a Pergunta 3 é uma pergunta aberta, as respostas
respectivas foram classificadas como «correctas» ou «incorrectas», por dois juízes inde-
pendentes (K de Cohen = 0,65).
146
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Resultados
5
Os pontos da escala de resposta foram ilustrados pictoricamente por «√» verdes
(dois de maior dimensão para a resposta «muito, mesmo muito certo» e um de menor
dimensão para a resposta «certo») e «X» encarnados (dois de maior dimensão para a re-
posta «muito, mesmo muito errado» e um de menor dimensão para a resposta «errado»).
147
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1
5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos
5-6 anos (n = 39, 33,1%), 7-8 anos (n = 21, 17,8%) e 9-10 anos (n = 58,
49,2%), e calculou-se, em cada um, a média da percepção da norma anti-
-racista, e o respectivo Intervalo de Confiança (IC) de 95%.
Os resultados são apresentados na figura 5.1 e confirmam a Hipóte-
se 1, uma vez que as médias dos três grupos etários se situam acima do
ponto de médio da escala, e os respectivos IC excluem o ponto médio
da escala e incluem o ponto «3».6
De seguida, analisámos a relação entre a idade dos participantes e a
percepção da norma anti-racista, de forma a testar a Hipótese 2. De
acordo com esta hipótese, a percepção do grau de oposição do endo-
grupo à expressão de discriminação racial deverá aumentar com a idade
dos participantes. Consistente com a hipótese, os resultados obtidos re-
velaram uma associação significativa e positiva entre a idade 7 e a percep-
ção da norma anti-racista (figura 5.2).
6
5-6 anos: M = 2,80, DP = 0,85, IC 95% [2,52; 3,08]; 7-8 anos: M = 2,80,
DP = 0,57, IC 95% [2,54; 3.06]; 9-10 anos: M = 3,08, DP = 0,60, IC 95% [2,92; 3,24 ].
7
Uma vez que esta análise tem como objectivo avaliar a relação entre as variáveis (e
não as médias dessas variáveis), a variável «idade» reflecte a idade original dos participantes
e não grupos etários. Este procedimento foi adoptado, uma vez que preserva as diferenças
individuais e, de acordo com vários estudos, previne a perda de poder estatístico
(v. Cohen 1983).
148
05 Normas, Atitudes Cap. 5_Layout 1 10/24/12 4:55 PM Page 149
0,13
(0,21**)
Norma
Idade
anti-racista
0,23***
0,34**** Meta-
cognição
149
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Conclusões do Estudo 1
150
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151
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152
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155
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rejection. By this age the prejudices have finally affected conduct, even
while the verbal democratic norms are beginning to take effect» (p. 310).
As evidências apresentadas são também compatíveis com a hipótese
avançada por Monteiro e colaboradores (2009) no que se refere à relação
entre as percepções das normas e as avaliações raciais. De acordo com
esta hipótese, as alterações que ocorrem ao longo do primeiro ciclo de
escolaridade na expressão pública das avaliações raciais, nomeadamente
o decréscimo dos níveis de enviesamento racial, resultam da influência
etária diferencial das normas conflituantes anti-racista e da lealdade en-
dogrupal. Em linha com esta hipótese, propomos que as crianças mais
novas expressam níveis superiores de enviesamento nas avaliações raciais
uma vez que, apesar de reconhecerem as normas anti-racista e da lealdade
endogrupal, tomam como mais apropriada para efeitos de regulação do
comportamento a norma que favorece a diferenciação intergrupal (Mon-
teiro et al. 2009; Nesdale et al. 2005), enquanto as crianças mais velhas re-
conhecem e, em consonância, regulam o comportamento apenas pela
norma anti-racista.
Com o objectivo de testar esta hipótese, realizámos um segundo es-
tudo onde analisámos, em crianças portuguesas brancas com idades entre
os 6 e os 11 anos, a evolução das percepções das normas anti-racista e da
lealdade endogrupal, e a relação entre estas percepções e a expressão das
atitudes raciais, num contexto de controlo endogrupal. Concretamente,
testámos a hipótese de que as percepções das duas normas estão negati-
vamente associadas e são empiricamente diferenciáveis (H.1). Aferimos
novamente a hipótese segundo a qual todos os grupos etários reconhe-
cem uma norma anti-racista (H.2), e testámos a hipótese de que apenas
as crianças de 6 anos reconhecem uma norma da lealdade endogrupal
(H.3). Quanto ao perfil de desenvolvimento da expressão das atitudes ra-
ciais entre os 6 e os 11 anos, antecipámos um decréscimo no enviesa-
mento das atitudes raciais com o aumento da idade (H.4). Especifica-
mente, prevemos que esta redução resulte do efeito mediador das duas
normas, designadamente, da combinação de dois efeitos (H9): 1) conso-
lidação do reconhecimento de uma norma anti-racista com o aumento
da idade (H.5); e activação exclusiva dessa norma pelas crianças de 9-11
anos (H.6); 2) reconhecimento de uma norma da lealdade endogrupal
apenas pelas crianças de 6 anos (H.7), e activação exclusiva dessa norma
por este grupo etário (H.8).
156
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Participantes e procedimento
Instrumentos
8
As frequências absolutas e relativas, por ano de idade, são as seguintes: 6 anos
(n = 36, 27,1%), 7 anos (n = 26 19,5%), 8 anos (n = 11, 8,3%), 9 anos (n = 39, 27,8%),
10 anos (n = 17, 12,8%), e 11 anos (n = 6, 4,5%). A média de idades é 7,9 e o desvio-
-padrão 1,6. As escolas participantes tinham 80-85% de crianças portuguesas brancas, e
15-20% de crianças portuguesas negras.
9
Inverteram-se as respostas dos(as) participantes às afirmações positivas da norma
anti-racista e às duas afirmações da norma da lealdade endogrupal, de forma a que valores
mais elevados nos índices indicassem, respectivamente, oposição percebida do endogrupo
à discriminação dos negros, e apoio percebido do endogrupo à expressão de lealdade en-
dogrupal.
157
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Resultados
10
Traços positivos: «boas», «ajudantes», «inteligentes», «limpas», «divertidas», «simpá-
ticas» e «amigas». Traços negativos: «más», «cruéis», «estúpidas», «sujas», «doentes», «egoís-
tas» e «chatas».
11
Este índice subtrai à diferença entre o número de traços positivos e negativos atri-
buídos aos brancos, a diferença entre o número de traços positivos e negativos atribuídos
aos negros. Este índice podia variar entre «-14» (valor máximo de enviesamento intergru-
pal favorável aos negros), e «14» (valor máximo de enviesamento intergrupal favorável
aos brancos), indicando o valor «0» ausência de enviesamento na avaliação intergrupal.
12
A modelização de equações estruturais permite avaliar em que medida o nosso
modelo teórico, que estipula a diferenciação das normas anti-racista e da lealdade endo-
grupal, se ajusta às respostas dos participantes.
158
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13
Índices de ajustamento do Modelo 1: χ2(8,135) = 37,83, p < 0,001, CFI = 0,78,
GFI = 0,91, AGFI = 0,76, RMSEA = 0,17, 90% CI RMSEA = [0,12, 0,22], AIC = 63,83;
Índices de ajustamento do Modelo 2: χ2(9,135) = 60,90, p < 0,001, CFI = 0,62,
GFI = 0,85, AGFI = 0,66, RMSEA = 21, 90% CI RMSEA = [0,16, 0,26], AIC = 84,90;
Modelo 1 vs. Modelo 2: ∆χ2[1,135] = 23,07, p < 0,001.
14
Este Modelo 1 redesenhado conceptualiza a norma anti-racista como um factor
latente de 2.ª ordem, que explica, por sua vez, dois factores latentes de 1.ª ordem: um
factor positivo que dá conta dos indicadores positivos da norma anti-racista, e um factor
negativo que dá conta dos indicadores negativos da norma anti-racista. Quanto à norma
da lealdade endogrupal, o factor latente mantém-se o mesmo do Modelo 1 original.
15
Índices de ajustamento do Modelo 1 após redefinição: χ2 (7,135) = 10,23,
p = 0,18, CFI = 0,98, GFI = 0,98, AGFI = 0,93, RMSEA = 0,06, 90% CI RMSEA = [0,00,
0,13], AIC = 38,23; Modelo 1 redefinido vs. Modelo 1 original: ∆χ2[1,135] = 27,06,
p < 0,001; Modelo 1 redefinido vs. Modelo 2: ∆χ2[2,135) = 50,67, p < 0,001.
159
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1
6 anos 7-8 anos 9-11 anos
16
Os participantes foram agrupados nos seguintes grupos etários: 6 anos: n = 36,
26,7%; 7-8 anos: n = 37, 27,4%; 9-11 anos: n = 62, 45,9%.
17
Norma anti-racista – 6 anos: M = 3,00, DP = 0,57, IC 95% = [2,83, 3,17]; 7-8 anos:
M = 3,22, DP = 0,46, IC 95% = [3,05, 3,38]; 9-11 anos: M = 3,30, DP = 0,51,
IC 95% = [3,17, 3,43]. Norma da lealdade endogrupal – 6 anos: M = 3,04, DP = 0,71,
IC 95% = [2,81, 3,27]; 7-8 anos: M = 2,20, DP = 0,76, IC 95% = [1,97, 2,43]; 9-11 anos:
M = 1,91, DP = 0,67, IC 95% = [1,73, 2,09].
160
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6
Atitude racial intergrupal
–2
6 anos 7-8 anos 9-11 anos
18
6 anos: t contra 0 (35) = 4,75, p = 0,000; 7-8 anos: t contra 0 (36) = 4,36, p = 0,000;
9-11 anos: t contra 0 (61) = 1,76, p = 0,083.
19
Regressão linear 1: Idade-Atitude: (β = –0,27); b = –1,12, SE = 0,35, t (133) = –3,18,
p = ,002, η2 = 0,07.
20
Regressão linear 2: Idade-Norma anti-racista: (β = 0,20), b = 0,07, SE = 0,03,
t (133) = 2,39, p = 0,018, 2 = 0,04. Regressão linear 3: Idade-Norma da lealdade endo-
grupal: (β = –0,51), b = –0,27, SE = 0,04, t (133) = –6,84, p = 0,000, η2 = 0,26.
161
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4
Atitude racial intergrupal
0
– 1 DP + 1 DP – 1 DP + 1 DP
–1
Norma anti-racista Norma da lealdade endogrupal
21
Regressão linear 4: Idade-Atitude – b = –0,72, SE = 0,39, t (129) = –1,86, p = 0,065,
η2 = 0,03; Norma anti-racista-Atitude – (β = –0,20), b = –0,84, SE = 0,35, t (129) = –2,42,
p = ,017, η2 = 0,04; Norma anti-racista x Idade-Atitude – (β = –0,21), b = –0,85, SE = 0,33,
t(129) = –2,59, p = 0,011, η2 = 0,05; Norma lealdade endogrupal x Idade-Atitude –
(β = –0,17), b = –0,74, SE = 0,36, t (129) = –2,07, p = 0,040, η2 = 0,03.
162
05 Normas, Atitudes Cap. 5_Layout 1 10/24/12 4:55 PM Page 163
tese 6), adoptámos o procedimento descrito por Aiken e West (1991) para
a interpretação de efeitos de moderação entre variáveis contínuas no con-
texto da regressão linear.
No gráfico esquerdo da figura 5.5, apresentamos a relação estimada
entre a percepção da norma anti-racista e as avaliações raciais, em três
idades distintas. Os resultados confirmam a Hipótese 6, dado que a rela-
ção entre a norma e as avaliações se revela significativa apenas para as
crianças de 9,5 anos de idade.22 Quanto à Hipótese 8, que previa a acti-
vação da norma da lealdade endogrupal exclusivamente pelas crianças
com 6 anos de idade, os resultados da regressão linear (v. gráfico direito
da figura 5.5) confirmam a nossa hipótese, uma vez que revelam uma as-
sociação significativa e positiva entre o reconhecimento da norma e as
avaliações raciais, apenas aos 6 anos de idade.23
Finalmente testámos a Hipótese 9, de acordo com a qual a redução
do enviesamento das atitudes raciais com o aumento da idade (i. e., H.4)
seria explicada pelo reconhecimento e pela activação etários diferenciais
das normas anti-racista (i. e., H.5 e H.6, respectivamente) e da lealdade
endogrupal (i. e., H.7 e H.8, respectivamente). Como confirmação desta
hipótese, os resultados mostraram que, uma vez controlados os efeitos
implicados no reconhecimento e na activação etários diferenciais das
duas normas, a relação entre a idade das crianças e o grau de enviesa-
mento das atitudes raciais deixou de ser estatisticamente significativa.
Concretamente, isto significa que a expressão de enviesamento nas ava-
liações raciais decresce com a idade, quer porque as crianças mais novas,
apesar de reconhecerem ambas as normas, activam exclusivamente a
norma da lealdade endogrupal, quer porque as crianças mais velhas re-
conhecem e activam, exclusivamente, a norma anti-racista.
Conclusões do Estudo 2
22
Declives estimados relativos a Norma anti-racista x Idade-Atitude: 6 anos – (β = 0,05),
b = 0,12, SE = 0,53, t(129) = 0,40, p = 0,689; 7,5 anos – (β = –0,14), b = –0,60, SE = 0,36,
t(129) = –1,67, p = 0,098; 9,5 anos – (β = –0,40), b = –1,68, SE = 0,48, t (129) = –3,49,
p = 0,001).
23
Declives estimados relativos a Norma da lealdade endogrupal: 6 anos – (β = 0,35),
b = 1,48, SE = 0,54, t (129) = 2,72, p = 0,008; 7,5 anos – (β = 0,18), b = 0,77, SE = 0,40,
t (129) = 1,93, p = 0,056; 9,5 anos – (β = –0,04), b = –0,18, SE = 0,58, t(129) = –0,30,
p = 0,765.
163
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ram por uma norma que condena a discriminação dos negros. Global-
mente, estes resultados são consistentes com os resultados de estudos an-
teriores que registaram uma maior susceptibilidade das crianças mais
novas à activação explícita de normas favoráveis à discriminação, e uma
maior influência de normas desfavoráveis à discriminação nas crianças
mais velhas (Nesdale et al. 2005; Monteiro et al. 2009). O presente estudo
confere validade ecológica acrescida a estas evidências, designadamente
à hipótese da activação etária diferencial das normas grupais conflituan-
tes, uma vez que avaliou o impacto da percepção «real» das normas nas ati-
tudes, e não o efeito da evocação explícita dessas normas (cf. França e
Monteiro 2004; Monteiro et al. 2009; Nesdale et al. 2005).
Conclusões finais
No plano teórico, destacamos as implicações desta pesquisa para as
teorias socionormativas sobre as formas contemporâneas de expressão
do preconceito e de discriminação raciais. Na linha da Teoria Focada da
Conduta Normativa (Cialdini et al. 1991), fica patente o valor acrescentado
de uma abordagem centrada na caracterização do referencial normativo do
grupo para um determinado domínio intergrupal, e identificação dos
contextos que activam cada uma das normas do referencial. Contrapo-
mos esta abordagem àquelas perspectivas que têm apoiado a explicação
das variações na expressão das atitudes raciais na análise exclusiva do
papel de uma norma anti-racista (cf. Dovidio e Gaertner 1986). De facto,
na nossa pesquisa, só a consideração simultânea das normas anti-racista
e da lealdade endogrupal permitiu elucidar o processo dinâmico de mo-
dificação da expressão das atitudes raciais nas crianças.
Concretamente, consideramos que a presente hipótese de um refe-
rencial grupal normativo conflituante complementa as hipóteses da Teo-
ria das Normas Grupais (Sherif e Sherif 1953). Esta teoria explica as ati-
tudes preconceituosas dos indivíduos a partir das normas do grupo de
referência, e as variações contextuais do comportamento, a partir da exis-
tência de múltiplos grupos de referência com normas conflituantes, com
os quais os indivíduos se identificam. Ora, na presente abordagem, pro-
pomos que um único grupo de referência possa, pela inclusão no refe-
rencial normativo de normas sociais conflituantes, promover ele próprio
comportamentos inconsistentes.
Consideramos que a hipótese de um referencial grupal normativo
conflituante tem também implicações para as teorias contemporâneas
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uma norma, a sua eficácia será tanto maior, quanto maior o envolvi-
mento dos alunos, dos vários agentes educativos e da comunidade em
geral.
Considerando que as normas anti-racista e da lealdade endogrupal se
encontram negativamente associadas (v. Estudo 2), isto é, são entendidas
como prescrições normativas contraditórias, podemos supor que o re-
forço da norma anti-racista visado nas actividades acima referidas, con-
tribua, concomitantemente, para a proscrição da norma da lealdade en-
dogrupal. No entanto, a lealdade grupal é explicitamente valorizada em
vários contextos intergrupais que envolvem outro tipo de categorias
(e. g., nas equipas de futebol; v. Tajfel, Billig, Bundy e Flament 1971), e
porventura pelos pais quando «preparam» os filhos para os contactos
com crianças de outros grupo raciais. Para além disto, as suas expressões
são, frequentemente, subtis e de difícil atribuição às categorizações de
raça. Por exemplo, a formação de um grupo de amigos que não integra,
e resiste, à entrada de crianças negras pode não preocupar os adultos, ou,
pelo menos, não tanto quanto a expressão verbal de preconceito incom-
patível com a norma anti-racista. No entanto, constitui um comporta-
mento consistente com a orientação normativa de lealdade ao grupo e,
simultaneamente, uma expressão insidiosa de discriminação racial com
consequências severas para as crianças discriminadas e excluídas. Neste
sentido, é indispensável que a intervenção seja capaz de sinalizar certos
comportamentos de lealdade ao grupo como inadequados e contrários
ao princípio da igualdade subjacente à norma anti-racista.
Em conclusão, a presente pesquisa sustenta que, na infância, a expres-
são de preconceito racial pelas crianças portuguesas brancas num con-
texto público controlado pelo endogrupo é enquadrada por duas normas
sociais conflituantes: uma norma anti-racista que proíbe a discriminação
dos negros, e uma norma da lealdade ao endogrupo que promove o fa-
vorecimento dos brancos. O Estudo 1 demonstrou que a norma anti-ra-
cista é reconhecida entre os 5 e os 10 anos de idade, e que a metacognição
desempenha um papel facilitador na consolidação desse reconhecimento.
Os resultados do Estudo 2 confirmaram o reconhecimento precoce da
norma anti-racista, e revelaram que as crianças mais novas identificam,
paralelamente, a existência de uma norma conflituante que apoia os com-
portamentos de lealdade endogrupal. Este estudo revelou, também, a li-
gação estreita entre estas normas sociais grupais e as atitudes intergrupais,
concretamente, que as normas anti-racista e da lealdade endogrupal mo-
delam a expressão do preconceito racial. Com relevo para a explicação
do decréscimo do preconceito racial que tem sido tipicamente observado
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Capítulo 6
1
Aspas nossas na palavra «raça» para indicar que neste texto ela aparecerá sempre entre
comas porque, objectivamente, «raça» como entidade biológica ou como subtipo ou ca-
tegorias de pessoas não existe (Gould 1991). De acordo com a nossa perspectiva, o argu-
mento que invalida a classificação dos seres humanos em «subtipos raciais» fundamenta-
-se menos na crença de que «somos todos iguais», mas sim no facto de que «somos todos
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igualmente diferentes» (v. Todorov 2000, para um argumento similar elaborado noutra
perspectiva). O nosso ponto de vista é baseado na evidência sobre a existência de mais di-
ferenças entre os indivíduos categorizados em supostos «grupos raciais» do que entre os
supostos «grupos raciais» (v. Dunn 1960). Mesmo assim, na lógica do pensamento de senso
comum, e no sistema jurídico da maioria das sociedades ocidentais, a ideia de «raça» é re-
correntemente usada como uma forma de categorização de pessoas com base na suposição
de que pertencem a populações diferentes. Por isto, o simples uso descritivo ou metafórico
da ideia de «raça» enquanto categoria linguística para referir e identificar pessoas é, per se,
uma das características do pensamento racista. O mesmo princípio aplica-se à ideia de
«etnia» e, portanto, o uso desta palavra também aparecerá entre aspas.
172
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Essa possibilidade foi analisada por Bobocel et al. (1998) num estudo
em que analisaram a relação entre o racismo e a oposição de norte-ame-
ricanos brancos a diversas modalidades de políticas de acção afirmativa.
Os seus resultados confirmaram a hipótese de que a ideia de que as acções
afirmativas são injustas porque desrespeitam os princípios do mérito é
melhor preditora da oposição às acções afirmativas do que o racismo.
No entanto, e de maior importância para a compreensão dos processos
psicossociais que actuam na discriminação, os resultados também mos-
traram que a crença na ideologia do mérito era fortemente predita pelo
racismo. Essa ideologia actuava como mediadora na relação entre o ra-
cismo e a oposição dos participantes às acções afirmativas. Estes resulta-
dos permitem-nos pensar que a discriminação pode estar a reflectir um
processo de legitimação que precisa de ser analisado de forma mais de-
talhada, considerando o papel da norma antipreconceito e da meritocra-
cia nesse processo.
174
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2
Este mesmo padrão de resultados foi verificado no contexto português, como mos-
trado num estudo realizado por Vala, Brito e Lopes (1999) com uma amostra represen-
tativa da população de Lisboa.
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não estava definido de forma clara, o que dava aos participantes a possi-
bilidade de justificar a sua acção com argumentos aparentemente «não
preconceituosos» para discriminar. Os participantes nessa situação inter-
pretaram a ambiguidade das qualificações dos candidatos brancos como
indicadora de boas qualificações, enquanto julgaram as qualificações am-
bíguas dos candidatos negros como más qualificações. Resultados simi-
lares foram obtidos por Hodson, Dovidio e Gaertner (2002) num estudo
sobre a admissão de candidatos negros e brancos para a universidade.
Com base nestes resultados, Dovidio e Gaertner (2000) concluíram que
os racistas aversivos discriminam apenas quando o contexto normativo
é suficientemente ambíguo sobre o significado da acção, permitindo às
pessoas justificarem a sua acção recorrendo a critérios não preconceituo-
sos. O problema desta interpretação está no facto de os estudos realizados
no âmbito deste paradigma não terem avaliado directamente se os parti-
cipantes perceberam a discriminação dos candidatos negros como justa
e legítima. Isto é, não é possível saber se a ambiguidade do contexto nor-
mativo activou o uso de justificações para a discriminação.
Para avaliar de forma mais directa o papel das justificações da discri-
minação contra pessoas negras no acesso ao emprego, realizamos um es-
tudo com estudantes universitários no qual apresentamos a participantes
brancos um cenário sobre um processo de selecção para um emprego em
que o gestor de uma loja num centro comercial tinha optado pela con-
tratação de uma candidata de cor branca, discriminando uma de cor
negra, mesmo esta possuindo qualificações para o emprego exactamente
iguais às qualificações da candidata de cor branca. À metade dos estudan-
tes demos a informação de que o gestor não era uma pessoa preconcei-
tuosa. Preferiu contratar a candidata branca «porque a sociedade é pre-
conceituosa, e prefere ser atendida por empregadas brancas. A contratação
de empregadas negras poderia representar uma ameaça para os negócios
da loja». A outra metade dos participantes não recebeu qualquer indicação
sobre os motivos da discriminação. Pretendíamos verificar se a disponi-
bilidade de uma justificação, baseada na ideia de que o gestor seguiu «as
leis do mercado», influenciava a percepção dos participantes sobre a legi-
timidade da discriminação e a decisão que teriam se lhes fosse delegada
a tarefa de decidir sobre a contratação. Os resultado que apresentamos
na figura 6.1 são elucidativos. Os participantes para quem a discriminação
foi justificada com base nas «leis de mercado» perceberam a decisão do
gestor como mais justa e legítima e indicaram que, se estivessem na situa-
ção daquela, também teriam contratado a candidata branca. Os partici-
pantes para quem não oferecemos justificações para a discriminação per-
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5
Valores médios
1
Legitimidade Percepção de justiça Decisão sobre a contratação
Nota: Valores mais elevados indicam maior legitimidade percebida, maior percepção de justiça e
maior intenção de contratar a candidata branca relativamente à candidata negra.
3
O efeito da manipulação da justificação é significativo nas três variáveis dependentes:
F Justiça (1, 117) = 21,44; p < 0,001, η2p = 0,16; F Legitimidade (1,117) = 34,73, η2p = 0,24;
p < 0,001; F Decisão(1,117) = 15,09; p < 0,001, η2p = 0,12.
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4
Jost e Banaji (1994) reconhecem que o conceito de sistema utilizado é vago, mas
foi propositadamente assim definido para incluir todos os «social arrangements such as
those found in families, institutions, organizations, social groups, governments, and na-
ture».
5
Jost et al. (2003, 65) propuseram um modelo sobre as bases motivacionais do con-
servadorismo político e mostraram, nos resultados de uma meta-análise, que as necessi-
dades ideológicas se correlacionavam moderadamente com o conservadorismo político.
183
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Uma resposta para esta questão pode ser encontrada no modelo da jus-
tificação-supressão do preconceito proposto por Crandall e Eshleman
(2003). Esse modelo destaca o papel dos factores justificadores, para explicar
como, e do papel de normas e valores sociais para explicar quando o pre-
conceito genuíno 6 corresponde ao preconceito que as pessoas exprimem
abertamente. Crandall e Eshleman especificaram que: (1) as pessoas inter-
nalizaram o preconceito genuíno com grande força motivacional; (2) as
pessoas integraram, no seu autoconceito, valores e crenças não preconcei-
tuosas que funcionam como supressores da expressão do preconceito;
(3) consequentemente, as pessoas sentem um conflito entre a necessidade
de exprimir o preconceito e, ao mesmo tempo, serem coerentes com a sua
auto-imagem não-preconceituosa; (4) para solucionar o conflito, as pessoas
são altamente motivadas para buscar justificações que permitam exprimir
o preconceito e não serem pública ou pessoalmente censuradas.
O mecanismo psicossocial proposto é o de que os factores sociais,
culturais e cognitivos permitiram que as pessoas internalizassem vários
tipos de preconceito genuíno. Outros factores suprimem esse precon-
ceito, reduzindo a sua expressão pública, sendo que os supressores mais
fortes do preconceito são as normas igualitárias. Como na maioria das
vezes o preconceito é suprimido por esses factores, a sua expressão de-
pende de factores justificadores (e. g., crenças, ideologias, atribuições).
Consequentemente, quando não existem factores supressores, como a
presença da norma antipreconceito, a correspondência entre o precon-
ceito genuíno e o preconceito medido deve ser elevada. Quando existem
factores supressores e não há justificações, a correspondência deve ser
baixa. Assim, o processo de justificação ajuda a promover a correspon-
dência entre o preconceito genuíno e o preconceito expresso pelas pes-
soas. Ainda que Crandall e Eshleman (2003) tenham proposto que a ex-
pressão do preconceito depende de factores justificadores e tenham
apresentado hipóteses plausíveis para explicar os mecanismos sociais e
psicológicos através dos quais o preconceito é expresso, não apresentaram
6
Os autores definem o preconceito genuíno como uma reação motivacional não di-
rectamente mensurável. Especificamente: «by genuine prejudice, we mean «pure, una-
dulterated, original, unmanaged, and unambivalently negative feelings toward members
of a devalued group». Também reconhecem que este conceito «bears a resemblance to
the concept of ‘implicit attitude’. Like genuine prejudice, implicit attitudes are not directly
accessible through self-report, and they play accessible through self-report» (Crandall e
Eshleman 2003, 420).
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Justificações
Contexto
normativo
Preconceito Discriminação
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7
Os indicadores para a medida das variáveis que analisamos neste estudo são os se-
guintes: Preconceito («Em que medida se incomodaria que uma pessoa de uma ‘raça’ ou
‘grupo étnico’ diferente do seu fosse nomeado seu chefe»; «Em que medida se incomo-
daria se essa pessoa se casasse com um familiar próximo»); ameaça realista (e. g., «As pessoas
que vêm viver e trabalhar para cá fazem com que os salários baixem»; «Acha que com a
vinda dessas pessoas a criminalidade aumentou ou diminuiu?»); ameaça simbólica («E acha
que essas pessoas empobrecem ou enriquecem os nossos costumes, tradições e vida cul-
tural?»); na medida de oposição à imigração, o entrevistador solicitava aos participantes
que indicassem em que medida o seu país «deve deixar que pessoas de ‘raça’ ou grupo
‘étnico’ diferente da maioria dos cidadãos nacionais venham e fiquem a viver cá»; e «deve
deixar que pessoas dos países mais pobres fora da Europa venham e fiquem a viver cá».
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0,30
0,23
Efeitos mediados
0,15
0,08
–0,08
Oposição à imigração Oposição à imigração Oposição à naturalização
(Estudo 1) (Estudo 2) (Estudo 2)
192
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(0,61***) Oposição
Preconceito
0,21** à imigração
França
Ameaça
0,52*** realista 0,54***
(0,49***) Oposição
Preconceito
0,18** à imigração
Reino Unido
Ameaça
0,49*** realista 0,58***
(0,53***) Oposição
Preconceito
0,26** à imigração
Nota: Os valores apresentados são coeficientes estandardizados. Os valores entre parênteses repre-
sentam o efeito total do preconceito na oposição à imigração. *p < 0,05; **p < 0,01; ***p < 0,001.
193
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8
Os indicadores usados neste estudo são os seguintes: Preconceito (i. e., «Em que me-
dida teria dificuldade em aceitar que um dos seus filhos tenha filhos de uma pessoa de
cor diferente, quer dizer, imagine ter um neto de cor diferente da sua»); ameaça realista
(i. e., «Os imigrantes contribuem para o aumento da criminalidade»; «Os imigrantes tiram
trabalho aos nacionais»); ameaça simbólica (e. g., «Os imigrantes melhoram a sociedade de
acolhimento ao trazerem novas ideias e culturas»; «A nossa sociedade seria mais rica se
partilhássemos costumes e tradições com os imigrantes»); oposição à imigração (i. e., «Em
que medida acha que actualmente o número de imigrantes deveria aumentar ou diminuir
muito»); oposição à naturalização («As crianças de pais estrangeiros devem ter o direito de
adquirir a nacionalidade do país de acolhimento»; «As crianças nascidas fora do país de
acolhimento devem ter o direito de adquirir a nacionalidade das pessoas do país de aco-
lhimento se, pelo menos um dos pais, for desta nacionalidade»).
194
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Portugal
Ameaça 0,39***
realista
0,29***
–0,09
Oposição
(0,23***) à imigração
0,03
Preconceito
(0,31***)
0,02 Oposição
0,27** à naturalização
0,37*** Ameaça
simbólica 0,41***
Suíça
Ameaça 0,74***
realista
0,30***
0,02
Oposição
(0,22***) à imigração
–0,01
Preconceito
(0,25***)
0,04 Oposição
0,19* à naturalização
0,31*** Ameaça
simbólica 0,50***
Nota: Os valores apresentados são coeficientes estandardizados. Os valores entre parênteses repre-
sentam o efeito total do preconceito na oposição à imigração e à naturalização. *p < 0,05;
**p < 0,01; ***p < 0,001.
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Norma igualitária
Ameaça
simbólica 0,50*
0,71***
(0,33*) Oposição
Infra-humanização
–0,02 à Turquia
Norma meritocrática
Ameaça
simbólica 0,14
0,36*
ZSobel = 0,76, n. s.
(0,72***) Oposição
Infra-humanização
0,67*** à Turquia
Nota: Os valores apresentados são coeficientes de regressão estandardizados. Os valores entre pa-
rênteses representam o efeito total da infra-humanização na oposição à Turquia. *p < 0,05;
**p < 0,01; ***p < 0,001.
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11
Os participantes indicaram em que medida seria provável a ocorrência de cada
uma das seguintes situações caso o gestor decidisse contratar o candidato em questão:
«sucesso nas vendas»; «prejuízo para as expectativas económicas da loja»; «a contratação
do candidato será boa para a economia da loja»; «diminuição na competitividade». As
respostas foram dadas numa escala variando de 0 (nada provável) a 10 (muitíssimo pro-
vável). Calculámos um índice de percepção de ameaça económica da contratação dos
candidatos negros relativamente à contratação dos candidatos brancos (i. e., ameaça-ne-
gros minus ameaça-brancos). Valores mais elevados indicam maior percepção de que a
contratação dos candidatos negros representa uma ameaça para os negócios das lojas
(alfa = 0,80).
12
Esta média é significativamente maior do que zero, t (79) = 3,51, p < 0,001.
204
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Norma igualitária
Ameaça
económica 0,33*
0,51***
(0,32*)
Preconceito Discriminação
0,15
Norma meritocrática
Ameaça
económica 0,42*
0,08
ZSobel = 0,44, n. s.
(0,41*)
Preconceito Discriminação
0,38*
Nota: Os valores apresentados são coeficientes estandardizados. Os valores entre parênteses repre-
sentam o efeito total do preconceito na discriminação. *p < 0,05; **p < 0,01; ***p < 0,001.
205
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Considerações finais
Este capítulo mostrou o papel central das normas sociais no entendi-
mento da relação entre o preconceito e a discriminação. A literatura que
aqui revisámos mostra evidência empírica consistente para a hipótese de
que a discriminação contra grupos minoritários em sociedades democrá-
ticas, assim como em microcontextos onde o antipreconceito é a norma,
está a ser facilitada pelo uso que os actores sociais fazem de justificações
– ou de argumentos que não exprimem preconceito de forma explí-
cita – para conferir legitimação a comportamentos discriminatórios con-
tra grupos minoritários. Sistematizámos no MDJ os pressupostos teóricos
e a evidência empírica apresentada em várias teorias sobre a expressão de
racismo, preconceito e discriminação, especialmente a evidência mos-
trada nos estudos sobre o racismo aversivo (Dovidio e Gaertner 1986),
sobre a necessidade de dominação social (Sidanius e Pratto 1999), a ne-
cessidade de justificação do sistema (Jost e Banaji 1994) e a necessidade
de manutenção da auto-estima (Crandal e Eshleman 2003), e sobre a in-
fluência de justificações na legitimação da discriminação (Pereira et al.
2003).
Central na nossa teorização é o papel fulcral exercido pela norma anti-
preconceito na necessidade dos actores sociais de justificar comporta-
mentos antinormativos. A hipótese dessa norma como factor regulador
da legitimação da relação entre o preconceito e a discriminação encontra
suporte teórico no estudo sobre os processos de influência social realiza-
dos Kelman (1958). De acordo com a nossa perspectiva, o uso de justifi-
cações para legitimar o sistema de desigualdades sociais torna-se necessá-
rio na medida em que há conflito entre a mensagem normativa e o
comportamento motivado por crenças preconceituosas. Realmente, a
evidência empírica que mostrámos confirma as predições do MDJ de
que, em contextos igualitários, a discriminação é o resultado de um pro-
cesso psicossocial no qual o preconceito activa ou facilita o uso (e, em
determinadas circunstâncias, a elaboração) de justificações que fazem a
discriminação ser percebida como legítima e justa. Especificamente, em
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