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EXERCÍCIO 15 – 23/05/2022

Turma Eng. Civil – 2022.1


Disciplina: ESTRUTURAS DE MADEIRA

Prof. Vinícius Hanser de Souza

EXERCÍCIO 15: Peça Curta (Compressão Simples)


Verificar a condição de segurança da peça comprimida de madeira, medindo 5x5cm, indicada na figura, quanto à
compressão simples.

Dados:

• Dicotiledônea C-30, 2ª categoria;


• Dimensões em centímetros;
• Cargas:
o R Gk = 2 kN (permanente);
o R Qk = 15 kN (sobrecarga de longa duração).
• Umidade do ar: 62%.

Pede-se também para verificar a tensão de esmagamento da viga que apoia sobre a coluna de madeira. (Trechos
da solução que estejam em azul claro são devido a essa verificação de tensão de esmagamento, e que será vista
na aula de vigas sujeitas à flexão simples).

Solução:

1) PROPRIEDADES MECÂNICAS DA Para o cálculo da resistência de compressão


perpendicular às fibras, usamos a equação:
MADEIRA
fc90d = 0,25 . fc0d . αn
De acordo com o enunciado, basta obter as
resistências de cálculo quanto à compressão paralela Como o apoio tem 5cm de largura (c = 5cm), logo:
às fibras (fc0d) e perpendicular às fibras (fc90d).
Tabela → αn = 1,30
C30 → fc0k = 30 MPa = 3,0 kN/cm²
fc90d = 0,25 . 1,2 . 1,3
Para obter a resistência de cálculo:
→ 𝐟𝐜𝟗𝟎𝐝 = 𝟎, 𝟑𝟗 𝐤𝐍/𝐜𝐦²
fk
fd = k mod .
γw
Por ser compressão: 2) PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DOS
ELEMENTOS A SEREM VERIFICADOS
γwc = 1,4
Devemos calcular o índice de esbeltez em relação aos
fc0k = 3,0 kN/cm²
eixos da seção transversal que está submetida à
k mod1 = 0,7 → longa duração compressão. Por ser uma peça quadrada de 5x5cm, a
inércia em relação aos dois eixos será igual (Iz = Iy ).
k mod2 = 1,0 → Uar < 75%
Deste modo, ocorre a implicação de que os raios de
k mod3 = 0,8 → 2ª categoria giração também serão iguais (iz = iy ). No entanto, o
pilar não possui os mesmos comprimentos de
k mod = k mod1 . k mod2 . k mod3 = 0,56
flambagem (Lfl,z ≠ Lfl,y ).
3,0
fc0d = 0,56 . → 𝐟𝐜𝟎𝐝 = 𝟏, 𝟐 𝐤𝐍/𝐜𝐦² b. h3 54
1,4 Iz = = → Iz = 52,083 cm4
12 12
A = b. h = 25 cm2

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Turma Eng. Civil – 2022.1
Disciplina: ESTRUTURAS DE MADEIRA

Prof. Vinícius Hanser de Souza

Lfl,z 35
Iz 52,083 cm4 λz = → λz = → 𝛌𝐳 = 𝟐𝟒, 𝟐𝟓𝟓
iz = √ = √ → 𝐢𝐳 = 𝐢𝐲 = 𝟏, 𝟒𝟒𝟑 𝐜𝐦 iz 1,443
A 25 cm2
→ peça curta em Z (0 < λz ≤ 40)
Lfl,y 100
Lfl λy = → λy = → 𝛌𝐲 = 𝟔𝟗, 𝟑𝟎𝟎
λ= iy 1,443
i
→ peça medianamente esbelta em Y (40 < λy ≤ 80)
Precisamos então analisar o comprimento de
flambagem em relação aos eixos Z e Y: Por ser um exercício proposto para peças curtas,
iremos verificar o eixo Z. No entanto, na prática, por
ser compressão simples (somente há carga centrada),
Plano xy → flambagem em torno de z
o pior caso de flambagem irá ocorrer no eixo com
(eixo Z “saindo da folha”)
maior esbeltez. Deste modo, não seria necessária a
Carga de verificação do eixo Z, e sim somente do eixo Y.
flambagem
Viga →
3) VERIFICAÇÕES ESTRUTURAIS
3.1) Verificação à compressão simples no pilar,
50 cm quanto ao eixo Z
Quanto ao eixo Z, temos peça curta, e a verificação
estrutural quanto à compressão simples é:

k fl,z = 0,7 σc0d ≤ fc0d


Lg,z = 50 cm
Nd
Lfl,z = k fl,z . Lg,z → Lfl,z = 35 cm σc0d = → compressão simples
A
Para obter o valor de Nd , aplicamos a combinação de
Plano xz → flambagem em torno de y
cargas:
(eixo Y “saindo da folha”)
Nd = γg . R Gk + γq . R Qk → Nd = 1,4 . 2 + 1,4 . 15
 Viga → 𝐍𝐝 = 𝟐𝟑, 𝟖 𝐤𝐍
Carga de
flambagem
Logo:

50 cm 23,8
σc0d = → 𝛔𝐜𝟎𝐝 = 𝟎, 𝟗𝟓𝟐 𝐤𝐍/𝐜𝐦²
25
Quanto à verificação à compressão simples no eixo Z
do pilar:
k fl,y = 2,0
σc0d ≤ fc0d → 𝟎, 𝟗𝟓𝟐 < 𝟏, 𝟐
Lg,y = 50 cm
Lfl,y = k fl,y . Lg,y → Lfl,y = 100 cm → 𝐩𝐞ç𝐚 𝐞𝐬𝐭á 𝐎𝐊 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚 𝐬𝐨𝐥𝐢𝐜𝐢𝐭𝐚çã𝐨 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥
𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐚𝐨 𝐞𝐢𝐱𝐨 𝐙!
Com as duas informações de comprimentos de
flambagem, agora sim podemos calcular o índice de
esbeltez.

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3.2) Verificação à tensão de esmagamento na viga


Para a tensão de esmagamento na viga, temos a Duas alternativas:
verificação:
• Ou deve ser reestudada a área de contato
σc90d ≤ fc90d entre viga e pilar (Acontato = c . t);
• Ou deve ser modificada a madeira que está
Nd 23,8
σc90d = = → 𝛔𝐜𝟗𝟎𝐝 = 𝟎, 𝟗𝟓𝟐 𝐤𝐍/𝐜𝐦² sendo utilizada para dimensionamento (para
c .t 5 .5
alterar a resistência perpendicular às fibras).
Logo, quanto à tensão de esmagamento:

σc90d ≤ fc90d → 𝟎, 𝟗𝟓𝟐 > 𝟎, 𝟑𝟗


→ 𝐏𝐞ç𝐚 𝐧ã𝐨 𝐞𝐬𝐭á 𝐎𝐊!
𝐀 𝐯𝐢𝐠𝐚 𝐝𝐞𝐯𝐞 𝐬𝐞𝐫 𝐫𝐞𝐝𝐢𝐦𝐞𝐧𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐝𝐚.

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EXERCÍCIO 16 – 23/05/2022
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Prof. Vinícius Hanser de Souza

EXERCÍCIO 16: Peça Medianamente Esbelta (Compressão Simples)


Verificar a condição de segurança da peça comprimida de madeira, conforme indicada na figura, quanto
submetida ao esforço de compressão Nk.

Dados:

• Eucalipto dunii, de 2ª categoria;


z
• Dimensões em centímetros;
• Cargas:
o NGk = 8 kN (permanente);
o NQk = 20 kN (sobrecarga de longa duração).
• Umidade do ar: 62%.

Solução:

1) PROPRIEDADES MECÂNICAS DA Para obter o módulo de elasticidade efetivo,


fazemos:
MADEIRA
Ec0ef = k mod . Ec0m → Ec0ef = 0,56 . 1802,900
Por ser uma madeira tabelada, iremos obter as
informações conforme a NBR 7190 (1997). → 𝐄𝐜𝟎𝐞𝐟 = 𝟏𝟎𝟎𝟗, 𝟔𝟐𝟒 𝐤𝐍/𝐜𝐦²

fc0m = 48,9 MPa = 4,890 kN/cm² 2) PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DOS


Ec0m = 18029 MPa = 1802,900 kN/cm² ELEMENTOS A SEREM VERIFICADOS
Por se tratar de resistência média, temos que Devemos calcular o índice de esbeltez em relação aos
transformá-la para resistência característica e daí em eixos da seção transversal submetida à compressão.
seguida para resistência de cálculo. Por ser uma peça retangular, devemos calcular a
inércia em relação aos dois eixos (Iz ≠ Iy ). Deste
fk = 0,70 . fm → tração e compressão
modo, ocorre a implicação de que os raios de giração
fc0k = 0,70 . 4,890 → fc0k = 3,423 kN/cm² também não serão iguais (iz ≠ iy ). No entanto, o
elemento estrutural possui os mesmos comprimentos
fk
fd = k mod . de flambagem (Lfl,z = Lfl,y ).
γw
Por ser compressão: b. h3 7,5 . 103
Iz = = → Iz = 625,000 cm4
12 12
γwc = 1,4
b. h3 10 . 7,53
fc0k = 3,423 kN/cm² Iy = = → Iy = 351,563 cm4
12 12
k mod1 = 0,7 → longa duração A = b. h = 7,5 . 10 = 75 cm2

k mod2 = 1,0 → Uar < 75%


Iz 625,000 cm4
iz = √ = √ → 𝐢𝐳 = 𝟐, 𝟖𝟖𝟕 𝐜𝐦
k mod3 = 0,8 → 2ª categoria A 75 cm2
k mod = k mod1 . k mod2 . k mod3 = 0,56
Iy 351,563 cm4
3,423 iy = √ = √ → 𝐢𝐲 = 𝟐, 𝟏𝟔𝟓 𝐜𝐦
fc0d = 0,56 . → 𝐟𝐜𝟎𝐝 = 𝟏, 𝟑𝟔𝟗 𝐤𝐍/𝐜𝐦² A 75 cm2
1,4

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Lfl 4) VERIFICAÇÕES ESTRUTURAIS


λ=
i
Para a verificação de peças medianamente esbeltas,
Precisamos então analisar o comprimento de
temos que garantir a segurança conforme a equação:
flambagem em relação aos eixos Z e Y. Por se tratar
de uma estrutura treliçada, os nós são rotulados em σNd σMd,fl
+ ≤ 1,0
relação a ambos os eixos, de modo que: fc0d fc0d

k fl,z = k fl,y = 1,0 Logo, temos que efetuar o passo-a-passo conforme o


formulário, para o eixo em que ocorre a flambagem.
Lfl,z = k fl,z . Lg,z Neste caso, é o eixo Y.
→ Lfl,z = 1,0 . 150 → Lfl,z = 150 cm Iremos calcular primeiramente a excentricidade
inicial. Devemos lembrar que para compressão
Lfl,y = 150 cm
simples, M1yd = 0 (não há momento aplicado na
Com as duas informações de comprimentos de peça).
flambagem, agora sim podemos calcular o índice de
M1yd 0
esbeltez.
Nd 39,2 0
eiy = máx = máx { } = máx { }
Lfl,z 150 hy 7,5 0,25
λz = → λz = → λz = 51,957
iz 2,887 { 30 } 30
→ peça medianamente esbelta em Z (40 < λz ≤ 80) → eiy = 0,25 cm
Lfl,y 150 Cálculo da excentricidade acidental em relação ao
λy = → λy = → λy = 69,284
iy 2,165 eixo Y:
→ peça medianamente esbelta em Y (40 < λy ≤ 80) Lfl,y 150
eay = = → eay = 0,5 cm
300 300
Na prática, por ser compressão simples (somente há
carga centrada), o pior caso de flambagem irá ocorrer Somando as duas excentricidades obtidas para obter
no eixo com maior esbeltez. Deste modo, iremos a excentricidade de 1ª ordem:
verificar somente o eixo Y. e1y = eiy + eay = 0,25 + 0,5 → e1y = 0,75 cm
3) COMBINAÇÃO DE AÇÕES Calculando a carga crítica de flambagem para o eixo
Y:
Vamos fazer a combinação de ações dos esforços
internos. Para duas cargas (sendo uma permanente e π2 Ec0,ef Iy π2 . 1009,624 . 351,563
a outra variável): Fcr,y = =
Lfl,y 2 1502
Nd = γg . NGk + γq . NQk → Nd = 1,4 . 8 + 1,4 . 20
→ 𝐅𝐜𝐫,𝐲 = 𝟏𝟓𝟓, 𝟔𝟗𝟕 𝐤𝐍
→ 𝐍𝐝 = 𝟑𝟗, 𝟐 𝐤𝐍
Podemos agora calcular a excentricidade de cálculo
Originalmente, por ser compressão simples, não há do eixo Y:
momento fletor aplicado inicialmente em relação a
Fcr,y 155,697
ambos os eixos da seção transversal: edy = e1y ( ) = 0,75 . ( )
Fcr,y − Nd 155,697 − 39,2
Mzd = 0
→ 𝐞𝐝𝐲 = 𝟏, 𝟎𝟎𝟐 𝐜𝐦
Myd = 0

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Desta forma, calculamos o momento de flambagem Logo, agora sim podemos fazer a verificação de
do eixo Y: estabilidade quanto à flambagem no eixo Y:

Myd,fl = Nd . edy = 39,2 . 1,002 σNd σMd,fl 0,523 0,419


+ ≤ 1,0 → + ≤ 1,0
fc0d fc0d 1,369 1,369
→ 𝐌𝐲𝐝,𝐟𝐥 = 𝟑𝟗, 𝟐𝟕𝟖 𝐤𝐍. 𝐜𝐦
→ 0,382 + 0,306 ≤ 1,0 ***
Calculamos agora as tensões normais causadas pela
carga centrada e também pelo momento de → 𝟎, 𝟔𝟖𝟖 < 𝟏, 𝟎 → 𝐚 𝐩𝐞ç𝐚 𝐞𝐬𝐭á 𝐎𝐊!
flambagem no eixo Y.
Nd 39,2
σNd = = → 𝛔𝐍𝐝 = 𝟎, 𝟓𝟐𝟑 𝐤𝐍/𝐜𝐦²
A 75
7,5
Myd,fl . z 39,278 . ( 2 )
σMyd,fl = =
Iy 351,563

→ 𝛔𝐌𝐲𝐝,𝐟𝐥 = 𝟎, 𝟒𝟏𝟗 𝐤𝐍/𝐜𝐦²

Nota (1):
✓ Importante notar que na equação destacada com ***, a interpretação é de que a carga centrada (sozinha)
iria representar (ou utilizar) 38,2% da resistência total da madeira.
✓ No entanto, devido às condições de contorno (apoios, propriedades geométricas, e existência de
flambagem) a peça acaba perdendo resistência, em torno de 30,6%, que é o segundo termo da equação
(momento fletor de flambagem).

Nota (2):

Dedução da equação de verificação de resistência para peças medianamente esbeltas:

Sd ≤ R d → σc0d ≤ fc0d

σc0d = σNd + σMfl,d → por sobreposição dos efeitos

Substituindo na equação inicial do ELU:

𝛔𝐍𝐝 𝛔𝐌𝐳𝐝
(σNd + σMfl,d ) ≤ fc0d . 1 → + ≤𝟏
𝐟𝐜𝟎𝐝 𝐟𝐜𝟎𝐝

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