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Aula 1 (6/2/23)

Capital de mobilidade: conjunto de experiências de mobilidade, que vamos ter ao longo da vida, e que nos
dá um conjunto de capacidades
Teste (50%): 8 de maio, com consulta
Visita de estudo (25%): mouraria, Lisboa – migrantour (renovar mouraria) 12 de abril
Entrevista (25%): contactar com alguém que seja imigrante ou emigrante, com uma análise crítica a partir de
conceitos da disciplina
17/05: submissão de trabalhos
10/02: aulas das 9h à 13h
Bibliografia: doc.5 (importante)
Aula 2 (8/2/23)
Preparar o olhar sobre os migrantes e as migrações:
- Perguntar e entender a partir da empatia
- Quem é o imigrante?
- A importância de se pensar sobre a cultura e sobre os territórios
- Gerir expectativas nas migrações – o projeto migratório e a imagem territorial
Empatia: próximo de simpatia; capacidade que as pessoas têm de se colocar no lugar do outro; permite
perceber comportamentos e decisões; entender pensamentos divergentes, sendo uma forma de flexibilidade;
ajuda a perceber as decisões que são tomadas.
Compaixão (ação) – tem a ver com a solidariedade
Simpatia – forma de compreensão
Cultura: manifestação de um conjunto de práticas diárias esporádicas. Manifestam-se através da língua, das
tradições ligadas ao calendário e das crenças (questão da dieta alimentar e calendário escolar). É um sistema
complexo que inclui elementos culturais muito variados como o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,
os costumes e a lei. Permite a um grupo conhecer-se como tendo uma identidade própria, por exemplo, o
futebol liga os portugueses, a bandeira é vista como um elemento.
A simpatia tem a ver com o conceito de compreensão, ou seja, reside na compreensão das necessidades do
outro, que é muito superficial e imediata. A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar da outra
pessoa, ou seja, é o posicionamento. Perceber o porquê de que a outra pessoa fez aquilo consiste nas
“decisões”, que podem ser irracionais, por exemplo, a travessia por mar, sem quaisquer condições de
segurança. Podem também ser decisões mal-intencionadas, por exemplo, a recolocação de refugiados. A
compaixão tem a ver com a ação, isto é, as pessoas atuam com o intuito de ajudar, por exemplo, a ajuda à
Ucrânia.
Segundo a OIM (Organização Internacional de Migrações), um migrante é alguém que se desloca do seu
local de origem até ao seu local de destino – deslocação internacional. Esta deslocação pode durar por 1 ou
mais anos. Esta deslocação pode ter diversos propósitos, sendo o trabalho o dos mais comuns, para além
disso, há ainda o estudo, o acompanhamento familiar. Existem também migrações que são inferiores a um
ano, como por exemplo, as migrações académicas – os programas de mobilidade. Há ainda as migrações
sazonais, por exemplo, as desportivas, as da agricultura, as multinacionais (deslocam capital humano para
fazer um estágio, por exemplo), as de lazer, as dos transportes (pessoas que trabalham em empresas de
camionagem) e as da pesca.
Os migrantes de facto são aqueles que escolhem conscientemente fazer a migração. No entanto, nem todas
as pessoas escolhem migrar, são os migrantes virtuais, ou seja, são pessoas que se adaptam a uma dimensão
que não sejam a delas, são as que acompanham, como é o caso dos menores de idade, tendo em conta que
não têm capacidade de decidir por si mesmos.
Quando se fala de migrações, fala-se uma população com uma diversidade cultural muito extensa. A cultura
é um conjunto de aspetos que compõem a vida de um indivíduo, que podem ser visíveis e materiais
(vestuário, manifestações culturais – dança ou canto, a alimentação) ou ser invisíveis e imateriais (valores,
perceções, que podem causar estranheza a pessoas com culturas diferentes.
Multiculturalismo significa que existem vários grupos diversos num território, mas que não interagem. A
interculturalidade reside na interação entre os vários grupos de um determinado território. O acrescento do
“Ismo” tem a ver com as políticas públicas (por exemplo, o migrantour, que se insere no interculturalismo,
no qual, as pessoas de dentro do bairro levam as pessoas de fora a conhecer o seu bairro).
A assimilação consiste na perda voluntária ou involuntária das características do local de origem, com o
objetivo de se integrarem no local de destino, por exemplo, a proibição do véu islâmico na França em locais
da administração pública ou a questão da língua – Marine Le Pen defende que os imigrantes deveriam falar e
aprender a língua do país de destino. Implica uma reformulação profunda daquilo que é a identidade
individual dos migrantes. O abandono vem de pressão estatal ou de forma voluntária/sobrevivência (tornar
invisível e integrar).
A aculturação é uma perda de características do local de origem, mas é mais suave, tendo em conta que
continua a existir a manutenção de algumas das características do local de origem. Assim, tenta-se cumprir
os padrões culturais do país de destino, manter os padrões do país de origem.
A integração tem a ver com a questão da manutenção, ou seja, é permitido que a pessoa mantenha
características da sua cultura de origem, no entanto, essa manutenção é feita numa lógica muito separatista
(dentro do grupo). Assim, a integração resulta da incorporação de um grupo num grupo de acolhimento, não
se perdendo a matriz original, está ligada à multiculturalidade, dado que os grupos coexistem no mesmo
espaço, tendo dinâmicas diferentes.
Já a inclusão implica que haja uma interação do todo, ou seja, a pessoa já é integrada numa totalidade. Desta
forma, a inclusão implica uma incorporação com participação e envolvimento, estando ligada à questão da
interculturalidade, pois implica uma interação entre a sociedade que está em torno do migrante.
A Imagem Territorial está muito ligada ao projeto migratório, que é o plano que está associado à própria
migração, isto é, onde é que vou, onde vou ficar, quantos dias vou ficar, etc. Assim, a Imagem Territorial é o
conjunto de expectativas do local de destino, sendo a construção dos locais imaginários que se opõem aos
locais reais. Estas expectativas são construídas através da perceção que as pessoas têm do seu local de
origem, da cultura migratória, há comunidades em que migrar faz parte do plano de vida das pessoas e das
redes, que têm a ver com o “passa palavra”, isto é, ouve-se a opinião de alguém que já imigrou para esse
local de destino.
Aula 3 (10/2/23)
A des(necessária) normatividade nas migrações:
- O tempo, o espaço e a forma: as imperfeições
- Trabalho, migrações e “elegibilidade”
- Política, migrações e “elegibilidade”
A territorialização dos migrantes:
- A resiliência
- A topofilia e a busca por lugares de segurança ontológica
- Da desterritorialização à territorialização
- Génese e continuidade dos sistemas migratórios
- A importância da diáspora
Relativamente ao espaço, existem três escalas: a escala do continente (escala I); a escala do país (escala II);
a escala nacional (escala III). A escala do continente e do país têm uma dimensão internacional, migração
entre países. A escala nacional é também importante quando falamos em movimentos que ocorrem em
períodos mais ou menos longos, por exemplo, os movimentos pendulares. Diariamente, todos realizamos as
migrações pendulares, que são sistemáticas, ou seja, ocorrem de uma forma muito repetida, e ocorrem
durante um período muito curto. Dentro da nacional há ainda o êxodo rural foi um movimento migratório
muito importante, porque implicou o processo de urbanização, ou seja, a deslocação de pessoas das áreas
rurais para as áreas urbanas. Com o covid-19, surgiu o teletrabalho, ou seja, as pessoas ficaram num
determinado sítio a trabalhar, sem necessitarem de deslocação, levando a que os movimentos pendulares
diminuíssem drasticamente.
Manuel Casttels tem um livro “A Galáxia da Internet”, no qual fala sobre a questão dos fluxos pendulares,
referindo que num futuro próximo, mesmo que haja a necessidade de trabalho, as pessoas irão migrar para as
cidades, por exemplo, no caso de Lisboa, as pessoas atraem-se pela cidade não só pelo trabalho, mas
também pela própria dinâmica da cidade, maior oferta cultural, de lazer, de serviços, etc.
Relativamente à forma, existem dois grandes episódios, que são as voluntárias e as forçadas. As voluntárias
resultam de uma decisão que é encarada de uma forma objetiva e tomada com tempo, que resulta de uma
estratégia, que tem como grande objetivo a melhoria do nível de vida, podendo ser a nível laboral,
académico, etc. As forçadas por norma incluem aquilo que são situações em que as pessoas se encontram em
perigo, a pessoa é forçada a sair do local onde se encontra. Assim, as forçadas incluem os
deslocados/refugiados, a pessoa sente que está em risco, incluindo certos fatores de risco, como a guerra, as
crises políticas, os desastres naturais, as crises económicas, a pobreza. As crises económicas e a pobreza não
estão incluídas no estatuto de refugiado, isto é, há fatores que não são lineares.
Relativamente ao tempo, as migrações podem ser permanentes ou temporais. No caso das permanentes,
existe uma fixação num local de destino evidente. Cada vez mais, assistimos a processos migratórios cada
vez mais complexos. Quantos às temporais, estas podem ser sazonais ou períodos definidos. Há o fator da
intenção, ou seja, por exemplo, a pessoa vai para a Suíça e diz que vai durante a vida ativa, no entanto,
depois os filhos nascem lá e depois têm netos e acabam por criar lá as raízes. Assim, a questão do
permanente e do temporário, não é muito fácil de delimitar. Há ainda outra questão que são os retornos
sazonais, como é o caso das férias, isto envolve a questão da diáspora.
A questão do trabalho pode advir os movimentos livres ou espontâneos e os movimentos formais. Os
movimentos formais são organizados, que podem ser realizados por empresas de trabalho, pelo próprio
Estado e por redes de tráfico humano. Na questão do Estado, há justamente a figura do trabalhador
convidado, que começa a partir de um acordo firmado entre os EUA e o México, no qual os EUA
reconhecem a necessidade de recrutar mão de obra, em diversos setores agrícolas e nos transportes,
nomeadamente no transporte ferroviário. Isto porque têm dificuldade em recrutar trabalhadores para esta
área e vão buscá-los ao México, dado o interesse de milhares de pessoas em irem para os Estados Unidos.
Este recrutamento é individual, sendo que, por norma, tem como objetivo fazer com que seja um
recrutamento temporário, mas quando se torna um recrutamento familiar, tem-se como objetivo a fixação.
Este é o programa BRACER, que tem aspetos positivos significativos, como o controlo dos fluxos
migratórios, a proteção dos trabalhadores, as condições do próprio trabalho em si, ou seja, sendo o Estado o
contratador, dá-se mais segurança no trabalho que se vai fazer, há ainda a questão fiscal, ou seja, as pessoas
dão a sua contribuição fiscal.
Existiu uma continuidade deste programa na Europa, onde se vai recrutar trabalhadores da Europa do Sul,
para irem trabalhar para países do centro e do norte da Europa, aqui surge a figura do Gastarbeiter, isto é,
após a II Guerra Mundial, os países que ficaram mais destruídos recrutaram trabalhadores convidados para
reconstruir as infraestruturas e a economia, que vão trabalhar sobretudo em três setores, como a agricultura,
a indústria e a construção civil. Em termos de vantagens, estas vão ao encontro do que aconteceu no
programa BRACER, no entanto, existiu desvantagens, tais como a segregação, isto é, existiram
trabalhadores que iam como trabalhadores convidados ficavam geograficamente confinados da parte urbana.
O refugiado tem um estatuto que é concedido pelo ACNUR, ou seja, um refugiado começa por ser um
deslocado, mas nem todos os deslocados são refugiados. O refugiado é um asilado e imigra devido a uma
questão humanitária, familiar – reunificação familiar e económica, ou seja, a pessoa tem o direito e o dever
de trabalhar. Há ainda a figura do retornado, que é aquele que regressa ao país de origem. No caso
português, o estatuto de retornado pertence a pessoas que estiveram na Angola, em Moçambique e na Guiné,
que voltaram à metrópole após o 25 de abril, isto é, está relacionado com o processo da descolonização.
Aula 4 (10/02/23)
- As descontinuidades e as rugosidades espaciais
  -Ninguém é ilegal (!)
  -Os territórios da espera

Quando nos deslocamos para o local de destino, vamos para um local desconhecido, que é um conceito
muito relativo, tendo em conta que os migrantes quando vão para um determinado destino, informam-se
sobre o mesmo. A manutenção das características originais faz com que a pessoa se integre no local de
destino, sem impacto nas características da pessoa, no entanto, estas acabam por mudaram a sua forma de
ser.
A resiliência tem a ver com a adaptação da pessoa no novo país. É uma forma de integração que implica a
adaptação dos indivíduos e do grupo. A resiliência individual tem a ver com processos próprios que a pessoa
arranja para se conseguir adaptar. A resiliência coletiva implica que a pessoa se tenha de se relacionar com
os outros, pode ser dentro ou fora do mesmo grupo de migrantes, por exemplo, o associativismo de
migrantes, ou seja, associações que fazem representar os migrantes nos locais de destino e também facilitar a
transição.
O conceito de topofilia significa que há decisões que tomamos do ponto de vista geográfico que não são
propriamente decisões muito racionais, por exemplo, a deslocação casa-trabalho deveria ser pelo local mais
rápido, no entanto, às vezes tomamos o caminho mais longo para ouvir uma música, por exemplo. Assim, a
topofilia é a relação afetiva que as pessoas estabelecem com os territórios. Esta relação está na origem da
decisão de migrar. Para além disso, ela permite que, entre outros aspetos, nos permita desenvolver aspetos
da nossa identidade, sendo que a nossa identidade está muito moldada pelo sítio onde nos situamos. A
topofilia é uma meta ou um elemento de processo de territorialização dos migrantes, para além disso, está
infimamente relacionada com o conceito de adagica. Existem vários tipos de segurança, como a segurança
física, económica, emocional, etc. A segurança ontológica é importante para perceber os migrantes, porque
esta intervém na adaptação dos migrantes, porque nós vivemos na relação com os outros e o sucesso do
movimento migratório tem muito a ver com o acolhimento migratório. Esta segurança determina a decisão
das pessoas migrarem, a de se integrar e de permanecer no local de destino. A topofilia e a segurança
ontológica estão intimamente relacionadas com a adaptação e a integração.
Todos nós temos uma determinada territorialidade, que é a nossa identidade territorial, geográfica, também
inclui a topofilia e a segurança ontológica. Consiste na identificação com um território, por norma o
território com o qual estabelecemos mais laços de topofilia e passamos o quotidiano (ex: residência oficial).
Quando ocorre a migração, ocorre a desterritorialização, que consiste na perda da identidade territorial, de
referências territoriais. Esta perda leva a que as pessoas, num primeiro impacto, tenham uma leve
negatividade sobre o local de destino. A síndrome de Ulisses é depressiva, justamente pela perda de
território. A questão da resiliência entra aqui como a capacidade de integração e de adaptação do migrante.
O processo de reterritorialização tem a ver com o ganho de novas referências territoriais no local de destino,
que podem ser aspetos simples como um simples café no qual o migrante se sinta confortável. Assim, a
reterritorialização tem a ver com o processo de integração ou até mesmo de inclusão.
Desta forma, a pessoa integra-se numa nova territorialidade, o que conduz à multiterritorialidade, ou seja, é a
capacidade das pessoas de se mover em vários territórios ao mesmo tempo, operar com vários territórios ao
mesmo tempo, a pessoa é capaz de conhecer tao bem o local de origem como o local de destino.
O sistema migratório implica que haja um fluxo contínuo de migrantes num determinado tempo e espaço.
Relativamente ao conceito de espaço, este está relacionado com o local de origem e com o local de destino.
Estes sistemas migratórios dão origem à diáspora resulta de uma consolidação de uma comunidade de
migrantes no local de destino. A diáspora é caracterizada pela identidade, ou seja, o sentimento de
identidade coletiva e de pertença, as mudan sentem que pertencem ao local de destino. A mesma é muito
importante no associativismo de migrantes e nos contactos afetivos com o local de origem, por exemplo, as
férias, a ida a casa, as remessas, etc. A questão do desejo refere-se ao retorno, a questão de solidariedade tem
a ver com o sentimento de entreajuda dentro da própria comunidade, há ainda a dimensão da memória, ou
seja, a intenção de manter viva a memoria de uma identidade.
Assim, a diáspora dá-se quando há uma consolidação do sistema migratório. É um conceito que ganha força
na década de 1970, em especial, devido à diáspora de judeus nos EUA. No fundo, diz respeito a um grupo de
migrantes, consolidado no país de destino, que tem como principal objetivo promover e fazer a manutenção
da matriz identitária e cultural do país de origem dos indivíduos que integram o grupo. As diásporas têm
várias características: sentimento de identidade coletiva e de pertença a uma matriz cultural; elevada
organização do ponto de vista interno, pois tem como base o associativismo, que liga os migrantes aos
indivíduos que ficaram no país de origem, nomeadamente, ao nível do desporto, expressão de dança/rancho
folclórico e da dimensão religiosa; mantém contactos efetivos com o país de origem, em férias e para o
envio de remessas, de forma a manter o nível de vida da família.
A encenação do centro é a recriação de memórias que não ocorre propriamente da mesma forma que
acontecem no local de origem, assim, é uma replicação territorial que tem a ver com as características do
local de origem. Esta encenação está muito ligada com os mapas mentais, ou seja, a imagem territorial do
local de origem. Assim, é uma forma de a diáspora manter as características culturais e identitárias no
destino migratório, pode não ser uma realidade igual aquela que se dá no país de origem, daí a encenação, ou
seja, aquilo que ocorre fora do cerne da diáspora já é uma encenação e interpretação da diáspora.
A migração irregular ou regular tem a ver com a documentação e não com a pessoa em si (legal ou ilegal).
Os migrantes indocumentados podem se integrar na clandestinidade, ou seja, sem registo, não tem qualquer
documento ou na irregularidade, isto é, têm documentos inválidos.
Aula 5 (20/02/23)
Explicar as migrações a partir de teorias e modelos:
- O pioneirismo de Ravenstein e o contributo de Lee
Quanto ao espaço, as migrações podem ser internas ou externas. Se forem internas, têm a ver com o êxodo
rural. Se forem externas, são internacionais.
Quanto ao tempo, podem ser temporárias ou permanentes. São permanentes, quando há mudança de
residência, nas temporárias, também pode existir mudança de residência. O que difere é que nas temporárias
é um projeto com um fim definido. Nas permanentes existe uma mudança total, sendo definitiva, com um
corte com o país de origem. É aqui que surge o conceito da diáspora, na qual a pessoa fica conectada com o
país de origem, a nível sentimental, material, etc. – como é o caso das férias. O conceito de
multiterritorialidade está ligado às migrações permanentes.
Quanto à forma, existem duas dimensões: a voluntária e a forçada. As forçadas, por norma, estão
relacionadas com situações de deslocados, que podem, mais tarde, tornar-se refugiados, estão ligadas a
causas que põem a pessoa em risco, por exemplo, a guerra, o risco político, social, a pobreza, etc.
Oficialmente, as migrações forçadas estão ligadas aos deslocados/refugiados, mas o caso da pobreza tem
sido cada vez mais relevante. As voluntárias implicam que haja uma decisão consciente e com tempo.
O trabalhador convidado foi uma figura jurídica instituída nos pós segunda guerra mundial, foi uma figura
muito presente na Alemanha e na França, tendo sido muito importante na mão de obra migrante. Eram mão
de obra que se deslocava do sul da Europa para o centro e norte da Europa. Este trabalhador baseava-se num
sistema de recrutamento sobretudo pelo Estado. O primeiro programa de recrutamento ocorreu entre os EUA
e o México, na primeira metade do séc. – programa BRACER – trabalhavam na agricultura e nos
transportes, nomeadamente nos caminhos de ferro. É um programa que recrutava sobretudo o sexo
masculino e que tinha também o objetivo do controlo dos fluxos migratórios, que tem a ver com quem e
quando é que entrava e quando saia, onde estava e o que faz. Há um vetor que não é controlável – o quando
saia.
O trabalho é uma das razões fundamentais de migrações à escala mundial e há ainda a questão da fuga ao
risco, no qual há sobretudo os deslocados, que podem ser formalizados em refugiados. Há ainda a figura do
retornado é uma figura que se institui com o processo de descolonização.
O conceito de topofilia foi desenvolvido por Yi-fu Tuan, quer dizer que as decisões que nós tomamos, nem
sempre são racionais, por exemplo, quando vamos trabalhar, nem sempre vamos pelo local mais curto, para
acabar de ouvir um programa de rádio, por exemplo. Assim, a topofilia é a relação afetiva que
estabelecemos com os territórios. Esta relação afetiva tem muito a ver com a segurança ontológica, que diz
respeito à segurança total do indivíduo, que pode ser física, económica e emocional. Estes fatores de
segurança interfere muito com a decisão de a pessoa ficar ou não no local onde se encontra. Este processo de
segurança ontológica está muito ligado ao conceito de territorialização e de desterritorialização.
A identidade territorial é a territorialização, ou seja, todos temos referências territoriais, muitas vezes,
quando mudamos de território, perdemos essa identidade territorial (desterritorialização), que está afeta a
alguns fatores negativos. A determinado momento do processo de desterritorialização, dá se o processo de
resiliência, a construção de uma nova identidade, levando à reterritorialização, que implica uma nova
territorialização, tem a ver com questões de apreensão do lugar.
Quando há uma continuidade territorial e espacial, cuja migração se verifica de uma forma sistemática. Os
sistemas migratórios tem a ver com a teoria das redes sociais, que diz respeito a essa dimensão de
entreajuda, no entanto, muitas vezes é de exploração. Estes sistemas migratórios dão origem à diáspora, que
diz respeito a esta consolidação dos sistemas migratórios, ou seja, tem de haver um canal que permita a
circulação de migrantes. Esta consolidação ocorre naquilo que é a constituição de grupos, que estão ligados
a elementos comuns, nos termos da identidade e da memória, as pessoas sentem que pertencem
identitariamente ao mesmo grupo. Muitas vezes esta memória vem de gerações anteriores. As diásporas
estão também muito ligadas ao associativismo migrante, ou seja, para manter viva a identidade do país de
origem, integram estas associações para se integrarem e adaptarem. Estão ainda ligadas ao contacto, ou seja,
a pessoa regressa sistematicamente ao país de origem, isso pode ser feito através das remessas e das férias. A
questão do desejo está também muito ligada à diáspora, que tem a ver com o idílio do retorno, isto é, o
desejo de voltar ao sítio de origem, tal como se as pessoas fossem mais felizes nesse sítio, tal como se o
local fosse perfeito, idealizado. Para terminar, há ainda a questão da solidariedade, que é muitas vezes a
própria comunidade da diáspora que ajuda a pessoa com os problemas que tem no local de destino. Muitas
vezes nos países do destino migratório, fazem-se representações baseadas num mapa mental do país de
origem, isto diz respeito à encenação do centro, que está muito ligada ao conceito de diáspora.
A questão do migrante ilegal, não está ligada à pessoa, mas sim à sua documentação. Assim, existe os
migrantes documentados, que têm a sua documentação adequada e válida para ingressar como migrante num
determinado país. A documentação pode ser válida e não ser adequada, por exemplo, o visto turístico, a
pessoa entra com documentação válida, mas não é propriamente adequado, porque a pessoa não vem fazer
turismo, mas sim trabalhar. A pessoa até pode entrar com a documentação válida, mas, por algum motivo,
tornar-se inválida. Relativamente aos indocumentados, que podem ser situações de pessoas que têm
documentos, mas que são inválidos, ou situações de pessoas sem quaisquer documentos.
Os territórios da espera são um conceito que foi desenvolvido por Alain Musset, este autor que refere que
muitos destes processos não são lineares, mas que é um conceito que tem muito a ver com os campos de
refugiados, porque não podem ser territórios definitivos. Podem ser também as áreas das fronteiras, países
temporários, assim, são territórios de transição, que são áreas de tirania de especialidade, fechamento,
saturação e de confinamento, refere-se sobretudo aos campos de refugiados. No entanto, estes territórios são
também territórios de esperança, ou seja, têm a esperança de sair desse local temporário para um definitivo
que lhes garanta segurança. Porém, essa transição pode demorar anos, acabando por existir uma
consolidação de território. As prisões são também um território de espera, espera-se que a pessoa mude após
um determinado tempo na prisão, isto diz respeito a uma dimensão política, às relações de poder. Estes
territórios de espera têm também a ver com as relações de vizinhança, ou seja, ao estar muito tempo com
outras pessoas nesse território, acabam por se relacionar. Para além disso, as pessoas acabam por encontrar
uma identidade naquele território e por desenvolver a economia subterrânea, tem a ver com a venda
ambulante.
Ernst Ravenstein desenvolveu uma teoria, que diz respeito ao facto de, no local de origem, sentirem os
fatores repulsivos e, no local de destino, os fatores atrativos. Os fatores repulsivos estão muito ligadas à
questão do trabalho, que tem a ver com os direitos dos trabalhadores e da ascensão profissional. Nos fatores
atrativos, tem a ver com a questão do trabalho, onde os salários são mais elevados e onde existem outros
fatores que permitam a ascensão profissional. Entre o local de origem e o local de destino, entra o conceito
de imagem territorial, que está associada às expectativas criadas pela população migrante.
Aula 6 (22/02/23)
Visualização do filme “Brooklyn”.
Aula 7 (27/02/23)
Explicar as migrações a partir de teorias e modelos
- As escolhas e os desafios – a inter-relação de fatores
- A TTM de Zelinsky e a imprevisibilidade nas migrações
Análise crítica de Lee do modelo de Raverstein:
 Lee defende que o processo migratório não é assim tão linear como Raverstein afirma, tendo em
conta que este difere de pessoa para pessoa
 Ele afirma que a teoria de atração-repulsão não integra os obstáculos intervenientes e os fatores
pessoais
 Obstáculos intervenientes: condições (leis migratórias) – existem diversas realidades em que
os controlos fronteiriços são bastante rigorosos; custos (distância, barreiras físicas e
transporte) – questão dos custos paradoxal, ou seja, muitas vezes são as populações mais
vulneráveis que pagam custos mais elevados no processo migratório
 Fatores pessoais: alterações no ciclo de vida (fim da escolaridade; entrada no mercado de
trabalho; casamento; idade da reforma) – ele defende que as decisões de migrar são diferentes
de acordo com as diferentes fases da nossa vida; capacidades (sensibilidade e inteligência) –
tem a ver com um conjunto de competências que os indivíduos possuem e que podem ajudar
ou não nas deslocações; contactos e informações (redes) – há pessoas que têm redes de
contactos que lhes pode facilitar no processo de migração
Escola Neoclássica:
 Autores: Lewis e Todaro
 As migrações ocorrem em duas áreas, porque ocorrem diferenças salariais que compensam a
deslocação
 Está ligada ao mercado de trabalho, que regulamenta grande parte das deslocações. Portanto, a partir
do momento em que existisse um equilíbrio salarial, as pessoas voltariam para o local de origem
 Crítica: a decisão de migrar é muito complexa, não dependendo apenas da dimensão laboral
Teoria do Capital Humano:
o Desenvolvida por Becker, nos anos 60
o O princípio que está na base da migração é o investimento em capital humano, sobretudo em jovens.
Os intervenientes têm o objetivo de que a própria geração ou a geração seguinte tenha acesso a
melhores condições de educação. A educação tem a ver com a decisão de migrar, ou seja, está
relacionada com o desejo de acesso a um bom sistema de ensino para os filhos. Os migrantes
deslocam-se para que possam rentabilizar a sua formação académica e profissional, estando na base
das migrações académicas
Teoria do Capital Social (ou das redes sociais):
 Desenvolvida por Loury, Portes, Bordieu e Wacquant
 As migrações ocorrem em determinadas áreas geográficas, porque existem redes de entreajuda que
promovem essas migrações. As redes de entreajuda são materializadas, geralmente nas diásporas.
Muitas vezes os migrantes deslocam-se para determinados destinos migratórios, porque são ajudados
a ir para esses destinos, quer por familiares, compatriotas, amigos, ajudando a mitigar os riscos
iniciais das migrações, nomeadamente a questão dos custos
Teoria dos Sistemas Migratórios:
 Anos 60, 70 e 80
 As migrações ocorrem como consequência do mercado capitalista, ou seja, tendem a seguir as
tendências do mercado laboral, pois migra-se para locais onde as condições de emprego possam ser
mais favoráveis. Os sistemas migratórios explicam muito bem as migrações laborais, mas não
explicam outros tipos de migrações (ex: refugiados)
Os modelos de transição da mobilidade, de Wilbur Zelinski:
o Todas as sociedades passam por um processo de evolução, no que diz respeito a indicadores
migratórios
o Segundo Zelinski, as sociedades passam por 5 fases:
 1ºfase: sociedade tradicional ou pré-moderna – têm níveis de natalidade e mortalidade muito
elevados, face a momentos de pouca mobilidade
 2ºfase: sociedade de transição inicial – corresponde ao êxodo rural, sendo o início das
mobilizações nacionais
 3ºfase: sociedade de transição final – corresponde ao abrandamento do crescimento natural e
ao aumento das migrações campo-cidade e das migrações internacionais, no fundo, é o
aumento da tendência de mobilidade da população
 4ºfase: sociedade avançada de nível inicial – crescimento demográfico reduzido ou nulo, com
a estagnação do aumento da população, dá-se a estagnação das mobilidades, exceto ao nível
dos profissionais altamente qualificados
 5ºfase: sociedade avançada a nível posterior, há a manutenção do crescimento demográfico
reduzido, existindo migrações de locais pouco desenvolvidos para locais desenvolvidos
Porque é que as pessoas imigram:
o Jovens recém-licenciados/entrada na vida ativa: motivações – baixos salários, falta de oportunidades
de emprego, custo de vida elevado face ao salário, melhorar ou diversificar as habilitações
académicas
o Pessoas de várias idades com baixas qualificações profissionais: motivações – segurança, acesso a
melhor educação, salários baixos, baixa oferta de emprego
o Pessoas de várias idades com altas qualificações profissionais: motivações – dificuldade de ascensão
profissional, mudança de emprego, falta de investimento em áreas como a cultura, benefícios sociais
associados à profissão, experiência de vida, ineficiência de serviços
Aula 8 (1/03/23)
Participação na "II Conferência sobre a guerra na Ucrânia_ testemunhos reais" (Organização: NAPEEC)
Aula 9 (6/03/23)
Evolução cronotrópica das migrações: da escala mundial à escala europeia
- Uma tentativa de tipificar o tempo, o espaço e a mobilidade
- Tendências atuais num contexto multicultural
Cronotrópico: evolução no tempo e no espaço
Período pré-moderno (até meados do século XIX):
 O ser humano é intrinsecamente migratório: vai desde movimentos pendulares diários (microescala)
até às migrações internacionais (macroescala); nomadismo; migrações forçadas;
Existem quatro linhas de migrações pré-modernas:
 Correntes ecológicas: os grupos de seres humanos viam-se obrigados a migrar entre locais
dependendo da estação do ano (nomadismo), com a prática da agricultura o ser humano consegue
dominar a natura e estes movimentos nómadas acabam por se retrair, embora o nomadismo nunca
deixe de existir. Transoceânicas
 Expansão dos impérios e civilizações: o caso dos gregos, dos Romanos, dos egípcios, dos Persas, dos
Macedónios, são movimentos de expansão que implicaram a deslocação de populações, com o
objetivo de reforçar e alargar fronteiras, povoar regiões inabitadas, aculturar e assimilar
 Expansão religiosa: ligada ao Islão no século VII ao X e às Cruzadas no século XI ao XIV, também
vem influenciar a mobilidade das populações da época entre a Europa, a Ásia-Ocidental e o Norte de
africa, Europa muito influenciada pela expulsão de Mouros e Judeus da Península Ibérica, faz com
que tenha havido uma diáspora com ligações muitas vezes que permanecem até hoje
 Expansão marítima: com o processo de colonização, descobrimentos (sobretudo do império
português em todo o mundo), esta expansão dá origem ao arranque das migrações internacionais e
consequentemente à saída de muitos europeus dos seus locais de origem para novos locais de destino
migratórios
Neste período, migrava: a população indiferenciada; trabalhadores especializados; grupos homiziados –
pessoas que tinham cometido crimes e que podiam optar por cumprir pena na prisão ou irem defender o
território para áreas críticas
Era também um período de muita escravatura, sendo as migrações importantes para a constituição das
economias coloniais e para a mão de obra, daí as migrações serem também forçadas.
Período Moderno I (de meados do séc. XIX até ao final da II GM) – carácter laboral:
o Movimento de saída do continente europeu, fluxo europeu para a América e Oceânia
o Tem como imagem de marca a consolidação do povoamento no continente americano
o Há movimentos migratórios que não param durante vários períodos, é o caso da escravatura, até ao
séc. XIX foram levados de África para a América 15 milhões de escravos, que foram o pilar da
economia dos países emergentes deste continente
o Quando se dá a abolição da escravatura, a população ganha liberdade, mas evidencia uma mobilidade
muito restrita, de qualquer forma começou a ser necessário mão de obra para se trabalhar nos setores
que tinham sido deixados pela população escrava, levando aos recrutamentos forçados
o Reforçado o povoamento europeu, verifica-se a saída da população europeia dos países de origem
para os países de destino, como a Oceânia e a América
o O movimento migratório europeu tem a ver com o êxodo rural e agrícola, o êxodo rural relaciona-se
com a saída da população de áreas rurais para áreas urbanas, saída que se dá sobretudo com a
revolução industrial. Já o êxodo agrícola tem a ver com a saída da população do setor primário para
indústria e para os serviços
o Em termos de mobilidade Intra continental é uma mobilidade muito marcada pelo êxodo rural e
agrícola, e, portanto, este período tem muito a ver com os movimentos estabelecidos entre as
colónias e a metrópole, quer de trabalhadores livres quer de trabalhadores forçados (tráfego de seres
humanos), mas também há um importante corte nesta dimensão europeia que tem a ver com o êxodo
agrícola e êxodo rural
Período Moderno II (Desde o final da II GM até à crise do petróleo)
 Período arcado pelas migrações intraeuropeias (dos países do sul para os países do centro e norte
europeu)
 Intensificação dos movimentos migratórios à escala mundial
 “consolidação ocidental” – intensifica-se a migração europeia, a Europa deixa de ser a emissora e
passa a ser também o foco recetor
 Início do processo de descolonização
 Incorporação dos países em vias de desenvolvimento nas redes migratórias internacionais
 Destaque da figura do “trabalhador-convidado” na imigração europeia para reconstruir a Europa.
Deslocam-se do sul para o centro e norte da Europa
 Problemas com fluxos migratórios irregulares – migrações indocumentadas
 Migrações laborais – as populações deslocam-se com o objetivo de obterem maior rendimento
 Aumento do movimento de indivíduos deslocados e expulsos dos seus países de origem – figura do
refugiado (surge após a II GM)
Período contemporâneo (da crise petrolífera até à atualidade) – migrações laborais/de risco
 Verifica-se a continuidade do incremento do volume de migrantes e a complexificação dos sistemas
migratórios, as pessoas, ao longo da vida, podem ter mais de um momento de movimento
migratórios
 Os principais países recetores forma os EUA, a Arábia Saudita, a Rússia e o Reino Unido
 A migração ajudou a que existisse um equilíbrio demográfico europeu
 A complexificação dos processos migratórios, em parte, ocorre devido à complexificação do
mercado laboral
 Aumento da mobilidade de quadros qualificados e de estudantes em programas académicos
internacionais, assim, à escala europeia tem muita importância o programa Erasmus
 Problemas das redes ilegais, do tráfico de pessoas e das migrações irregulares associadas a conflitos
 Endurecimento fronteiriço= 3 Separação física entre os EUA e o México. Verifica-se relacionado
com a questão das migrações, mas com a mobilidade de uma forma geral
 A crise dos refugiados tem marcado muito o panorama migratório europeu dos últimos anos e veio a
reforçar-se no verão de 2014, no qual existiu um grande fluxo marítimo na região de Itália e da
Grécia
 Quando pensamos na questão da emigração ou imigração, temos tendência a pensar naquilo que os
territórios ganham e perdem. Independentemente do tipo de movimento migratório, à escala europeia
temos sempre de contrapor as vantagens (rejuvenescimento populacional, ganho de população com
formação), os inconvenientes (fricção social)
Aula 10 (8/03/23)
Continuação do sumário da aula anterior: analisar os efeitos das migrações no(s) território(s) de
origem e de destino - proposta de Stalker (2000).
- As especificidades da emigração portuguesa – génese e evolução:
  - A colonização: procurar, assentar e marcar território
  - O ciclo transatlântico e o ciclo europeu
  - A (i)legalidade das saídas ou as idiossincrasias do regime
  - A geografia da diáspora portuguesa
- O perfil das/os emigrantes:
 - Perfil etário, académico e profissional das/os emigrantes
 - As motivações para a mobilidade
  - A importância das remessas para Portugal
- Os locais de partida e os destinos de emigração:
  - A origem: território e teorias
  - Algumas especificidades: América, Europa e África
  - A emigração portuguesa até ao início do séc. XXI

As especificidades da multiculturalidade em Portugal: a emigração


Início dos movimentos migratórios portugueses:
 Primeiros fluxos migratórios pré-modernos ocorreram nos descobrimentos, com as colonizações
 Os primeiros registos de portugueses que saíram do país datam 1425 pela ocupação efetiva da ilha da
Madeira
Análise dos casos referentes ao destino migratório: temos uma presença muito forte na Europa, em África,
sobretudo em Angola e Moçambique. No início do séc. XXI, havia um grande aumento das saídas para
setores como a construção civil e as telecomunicações e, em África do Sul, uma diáspora alimentada pelo
processo de descolonização. O continente americano é marcado por uma diáspora portuguesa sobretudo nos
EUA, Canadá e Brasil.
Existiram dois grandes ciclos de emigração portuguesa no séc. XX: 1º ciclo transatlântico (1850-2ªGuerra
Mundial) – para a América (Brasil, EUA, Canadá); 2º ciclo europeu – dos pós 2ªGuerra Mundial (1950-
1990), ocorreu sobretudo nos anos 60 e 70.
1ºciclo: emigração legal/documentada, migra sobretudo população jovem analfabeta masculina, é uma
migração laboral, com a intenção de melhorar as condições de vida, de “fazer fortuna”. Muitos eram
emigrantes que retornavam a Portugal, chamam-se os brasileiros torna viagem, que eram sobretudo
investidores
Livro “Emigrantes”, de Ferreira de Castro
2ºciclo: migração clandestina/indocumentada, muitas vezes era feita a salto com passadores para a França e
a Alemanha principalmente, sendo que iam com o estatuto de trabalhadores convidados. Migra sobretudo
população jovem com educação básica ou analfabeta, sobretudo masculina, mas já começa a existir uma
maior predominância das mulheres. A motivação é laboral, devido ao facto de se viver uma grande pobreza
em Portugal, política, devido à guerra colonial
Remessas dos emigrantes: verba enviada para os países de origem, tinham várias funções, uma tinha a ver
com a questão da poupança, ou seja, faziam questão de ter uma poupança no país de origem, outra tinha a
ver com a questão da casa, outra tinha a ver com o investimento no agregado familiar que fica no país, que
pode ser feito na educação, na saúde, nas festividades locais, que podem ser comunitárias ou familiares
(casamentos), no património.
A emigração integra diversos custos, associados a empréstimos, que tinham a ver com garantias de terras.
Nota: quem migra não é a população mais pobre, que não tem condições económicas para emigrar. Assim, a
população do Alentejo não tinha condições para sair.
A rede da cultura migratória que é uma predisposição social para migrar.
Características do migrante português:
 População jovem, em especial, fluxos masculinizados, com posterior reunificação familiar
 Poucas habilitações académicas
 População que trabalha na agricultura, com alguns bens (terras)
Perfil laboral:
o 1ºciclo: sobretudo pessoas que vão desenvolver atividades na agricultura, transitam de território, mas
não transitam de setor; a construção civil é uma das áreas mais associadas à comunidade portuguesa,
existindo um conjunto de atividades que se podem exercer, muita população em cargos de gestão;
serviços de limpeza e cuidado com crianças e idosos;
Quer na primeira, quer na segunda fase, há regiões geográficas onde a emigração é um fenómeno muito
intenso, nomeadamente, no centro e norte. A região Tejo tem uma maior pretensão migratória. A Teoria das
Redes Sociais é um dos pressupostos que explica com maior exatidão que o fenómeno migratório continua a
ocorrer em determinadas áreas graças à ajuda dada pelas redes. A teoria da cultura migratória refere que
existem comunidades onde emigrar faz parte do projeto de vida, sendo relativamente comum no centro e
norte do país, já no sul a cultura migratória internacional é muito menos vincada
Séc. XXI – 3ºfase de emigração em Portugal:
 Ciclo mais cosmopolita, com diversificação nos destinos migratórios
 Motivação essencialmente económica e laboral, devido à crise da zona euro
 Portugal estava nos 50 países com maior nível de emigração
 Neste momento, Portugal atingiu um patamar de estabilidade no qual se verificam cerca de 75 mil
saídas em média por ano, sendo que em 2018 existiu um pico relativo de crescimento, que se deveu
ao Brexit, por um lado, os que estavam a pensar em emigrar para o RU aceleraram o processo, por
outro, muitos britânicos aceleraram o processo de emigração para Portugal e outros países da Europa
Há uma tendência para o envelhecimento da população portuguesa, isto deve-se ao facto de os fluxos de
saída de população jovem ainda não terem compensado as saídas que ocorreram nos anos 60 e 70, assim, a
diáspora portuguesa está a ficar envelhecida, apesar de ser alimentada por população jovem.
A população migrante procura melhorar o seu nível de vida quando faz o seu movimento migratório, mas a
melhoria dos níveis de vida reflete-se também no país de origem. A emigração reflete nas famílias que
ficaram uma melhoria significativa do nível de vida.
Aula 11 (13/03/23)
 A emigração em Portugal na contemporaneidade:
  - Portugal face a um novo ciclo emigratório?
  -  A mudança no perfil e nos destinos
  - O Observatório da Emigração
- A imigração num país de emigrantes:
  - A presença histórica de estrangeiros em Portugal: uma geografia
  - A presença no mercado-de-trabalho
  - Uma proposta de ciclos imigratórios para Portugal
- A geografia da imigração em Portugal
  - As origens: da permanência à diversidade
 - O destino: tendência para a dispersão

Documentário: lisboetas de sergio trefaut


A emigração no séc. XXI reflete o ciclo transatlântico e o ciclo europeu.
Em 1975, com a instauração da democracia no país e, em 1986, com a entrada na CEE, vai existir uma
melhoria das condições de vida da população, sendo isso visível no mercado de trabalho, com salários mais
elevados, uma maior mão de obra, uma melhor educação e existindo também uma maior diversidade de
empregos. Assim, os níveis de pobreza são diminuídos.
O ciclo contemporâneo (2005- ): o auge do pico de emigração foi em 2010. Os dados deste ciclo são
projeções, porque, a partir de 1992, com o acordo Schengen, as pessoas não tinham de declarar a sua saída
do país. No entanto, os dados vêm precisamente dos consulados. Nesta altura, a motivação da emigração era
muito económica, tinha a ver com o mercado de trabalho, devido aos salários baixos e com a dificuldade de
ascensão profissional existente no país. Os destinos da emigração têm várias tendências, uma delas é o
reforço da diáspora (teoria das redes sociais), ou seja, as pessoas vão para destinos onde já há pessoas
familiares, da mesma região, etc. Outra tendência diz respeito aos destinos diferenciados (Ásia e Norte da
Europa), que têm a ver sobretudo com a questão do mercado de recrutamento no mercado de trabalho em
empresas, para pessoas com qualificações superiores, com a questão dos programas de mobilidade
académica e com a questão das infraestruturas e equipamentos, ou seja, pessoas que são contratadas para a
construção civil, telecomunicações e energia para destinos como a Angola e Moçambique. As características
deste ciclo migratório: igualdade de género; grupo etário – população jovem ativa, população com a
qualificação finalizada (ensino básico completo ou ensino secundário completo ou ensino universitário
completo – a pessoa migra no fim do ciclo escolar) e população mais velha com 50 ou mais anos, por
exemplo, empresas de construção civil que se deslocam para onde há emprego; grau de instrução –
população com o 9ºano ou 12ºano, prevalência do ensino básico (9ºano), aumento da população que migra
com o ensino secundário ou superior; população sobretudo empregada, mas não tinham um salário digno e
não conseguiam ascender profissionalmente; metade da população que migra está em quadros intermédios,
ou seja, já tem uma formação específica.
Imigração: até aos anos 60 do séc. XX, Portugal tinha, mais ou menos, 120000 migrantes, oriundos do Reino
Unido e da Alemanha, com qualificação ou quadros superiores da indústria, de Espanha, devido à
proximidade geográfica e aos deslocados da guerra civil espanhola, eram analfabetos e sem qualificações.
Existia uma maior concentração em Lisboa e Porto.
Nos anos 60, era um contingente extraeuropeu, sendo que vinha trabalhadores convidados, oriundos de Cabo
Verde, do sexo masculino, para trabalhar na construção civil e para as obras públicas. Este recrutamento
decorre da falta de população masculina, que está recrutada para a guerra colonial.
Em 1974/1975 é uma época muito relevante, devido aos retornados, que vão representar 5% da população
total de Portugal, é uma população que fala a mesma língua, mas há uma diferenciação daqueles que são os
referenciais sociais e culturais, com qualificações médias e superiores. Há dois grupos de retornados,
aqueles que nasceram em Portugal e aqueles que nasceram em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, etc.
Existiu uma tentativa de descentralização de Lisboa e Porto nesta migração, existindo uma concentração da
população retornada na região centro e norte superiores, mas existe à mesma uma concentração significativa
em Lisboa e Porto.
Assim, relativamente à imigração, existe uma 1ªfase, até aos anos 60, que é europeia e extraeuropeia, uma
2ªfase, nos anos 74/75, relativa à questão dos retornados, uma 3ªfase, anos 80 e 90 (1986), com um grupo
significativo africano, oriundo de Cabo Verde, de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, etc., que vem
trabalhar em áreas da construção civil e serviço doméstico, um grupo do continente americano, oriundo do
Brasil, que vem na década de 90, qualificado, da área da saúde oral, com baixas qualificações, que vieram
trabalhar na área da restauração, com os restaurantes de rodízio e nos serviços de estética, um grupo do leste
europeu, oriundos da Ucrânia, da Moldávia, da Roménia, da Rússia, etc., era uma população altamente
qualificada, que vinha desempenhar funções completamente fora daquilo em que se formaram, na área das
limpezas, da construção civil, etc.
Aula 12 (15/03/23)
Conferência "O grafitti como proposta metodológica de ensino no Brasil e em Portugal: diálogos
multiculturais", pela Professora Tatiana Moreira, do Instituto Federal do Espírito Santo (Brasil).
Aula 13 (20/03/23)
O perfil das/os imigrantes: alguns aspetos sociodemográficos
 - Distribuição das nacionalidades por sexo e idade
  - Comparação da pirâmide etária autóctone e alóctone
  - A natalidade, a mortalidade e o envelhecimento: efeitos demográficos na sociedade portuguesa
  - A nupcialidade
- Inserção laboral da população imigrada:  
  - A população ativa: enquadramento demográfico na UE
  - Trabalho por conta própria e por conta de outrem
  - Desemprego e encargos sociais
1) "Lisboetas", de Sérgio Trefaut (2006). Acedido a 13-3-2023 em: https://www.youtube.com/watch?
v=b3ORZr_s710&t=9s / https://www.youtube.com/watch?v=5pZhh047ibU&list=PLF3A51E13AA3BA3FB
2) “Terra Prometida”, Linha da Frente, RTP 1 (2017). Acedido a 13-3-2023
em://www.rtp.pt/play/p3032/e297506/linha-da-frente
3) "Um Ramadão em Lisboa", de Amaya Sumpsi, Carlos Lima, Catarina Alves Costa, Joana Lucas, Raquel
Carvalheira e Teresa Costa (2021). Acedido a 13-3-2023 em: https://www.rtp.pt/play/p8838/um-ramadao-
em-lisboa

Imigração em Portugal
Largo de S. Domingos (em Lisboa) é ponto de encontro entre imigrantes.
1960: número de estrangeiros era cerca de 21000 (alemães, britânicos e espanhóis).
Os primeiros imigrantes não europeus a entrarem em Portugal foram os cabo-verdianos, em 1960.
 Construção civil – Obras públicas
Década de 70 (nomeadamente 1974: chegam os “retornados” – pais e filhos) – declínio da presença europeia
1980: imigração africana (Cabo Verde, Angola, Moçambique).
1990: imigrantes de Leste (nomeadamente Ucrânia), continuando a ver africanos, e do Brasil
(nomeadamente dentistas: laboral – teoria do mercado de trabalho segmentado – o migrante é passivo nas
escolhas uma vez que é recrutado por outro).
2000/01: chineses. 2001 e para a frente: Brasil, China, Cabo Verde, Ucrânia, Roménia, Angola, Reino
Unido, Guiné-Bissau, Espanha, São Tomé e Príncipe, India, Paquistão, Bangladesh.
Europa:
o “jubilados” (pessoas a caminho da reforma);
o 2º e 3º geração;
Perfil demográfico dos imigrantes:
 Mais homens do que mulheres (tem a ver com a decisão familiar individual);
 A presença de emigrantes é muito importante para aumentar a população ativa;
Perfil académico e laboral:
 Europeus – idade: mais de quarenta anos – elevadas habilitações literárias;
 Brasileiros – elevadas habilitações literárias – serviços domésticos/restauração;
 África: serviços domésticos; construção civil;
 Europeus de Leste (pessoas com mais de 30 anos) – desfasamento laboral: limpeza; construção civil;
transportes;
 Chineses (comércio);
Em termos de distribuição geográfica, os estrangeiros seguem um padrão parecido com o nacional.
Aspetos particulares da imigração: a criminalidade e tráfico de seres humanos:
o Documentário “Portugal, Um Retrato Social – Nós E Os Outros” Núcleo de continentes – concelho

Dinâmica laboral:
 Entre os anos 70 e 90, existia mão-de-obra imigrante pouco qualificada, que ocupava funções pouco
valorizadas no mercado de trabalho, sendo que a maior parte da população estrangeira concentrava-
se sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa e na Área Metropolitana do Porto, que ofereciam mais
e melhores condições de emprego
 Antes da década de 70, existiam poucos estrangeiros em Portugal. Os que cá residiam dividiam-se
em dois grupos: o grupo da população quase exclusivamente europeia, que se dividia em britânicos e
alemães ligados à indústria e ao comércio (população com poder económico e com elevada
qualificações literárias) e espanhóis (população mais pobre e pouco qualificada)
Aula 14 (22/03/23)
As migrações “Lifestyle” no contexto europeu:
  - Sun-seekers versus lifestyle migrants?
  - Complexidade da definição de “lifestyle migrant” e a tentativa de estabelecimento de perfil/perfis
  - A importância da dimensão geográfica
- A dimensão territorial das migrações lifestyle:
- urbanofobia ---» ruralofilia
- Hedonismo -------» imagem territorial “idílio rural”
- naturbanização
- Impactes territoriais da presença dos LSM em países da Europa do Sul:
- Paisagem natural e património edificado
- Economia e mercado-de-trabalho local
- Cultura e território (diversidade cultural)

Em primeiro lugar, os migrantes lifestyle não são os migrantes laborais típicos, ou seja, procuram ter uma
melhor qualidade de vida, mas não passa propriamente pelo emprego, carreira, condições económicas, mas
passa por ir para lugares de fuga ao stress da cidade. É, assim, a procura por um estilo de vida que seja
saudável, que passa pela natureza, insere-se na questão do desacelerar.
A dimensão territorial das migrações lifestyle:
Busca por uma qualidade de vida, que esteja ligada a uma realização pessoal, que se liga a uma repulsão às
áreas urbanas e por aquilo que as caracteriza (urbanofobia), existindo uma atração a áreas rurais. Muitos
destes migrantes procuram ir para lugares onde exista uma legislação que proteja a vida natureza, sentindo-
se protegidos por uma existir uma proteção à natureza e à vida rural.
No caso europeu, temos migrantes sobretudo do centro e norte da Europa, que têm um índice de
desenvolvimento humano elevado, e estas populações procuram países do Sul da Europa, como Portugal,
Grécia, Espanha e Itália.
Migração hedonista: forma de vida onde se procura viver a vida com o máximo de prazer pela mesma,
procurando um idílio rural
Urbanofobia e ruralofilia: pessoas com estilos de vida com responsabilidades profissionais significativas,
que começam a ganhar repulsão à área urbana, por haver uma perceção negativa das áreas urbanas, ao as
associarem ao stress diário e à poluição. Este fator de repulsão contrapõe-se com a perceção de atração pelo
estabelecimento e vivência em áreas rurais
Naturbanização: reabilitação do património habitacional com a reconstrução de casas e a requalificação de
pequenas quintas, requalificação da paisagem, revitalização e desenvolvimento de setores de atividade
Impactes territoriais da presença de LSM em países da Europa do Sul:
O sul da Europa caracteriza-se pelo seu clima, com verões quentes e invernos não muito rigorosos. A
facilidade de entrada nestes países, a dimensão da segurança, a fuga ao stress e atração pelo clima são os
principais fatores que levam à procura dos LSM pelos países da Europa do Sul. Assomam-se o custo da
habitação, a qualidade de vida e a existência de condições favoráveis ao estabelecimento de negócio.
Como é que a presença desta comunidade migrante ajuda nas regiões de baixa densidade: reabilitação do
património habitacional – reconstrução de casas e requalificação de pequenas quintas, requalificação da
paisagem, dotação dos lugares de infraestruturas; dinamização do mercado local – como produtores de bens
e serviços, atraem novos segmentos de consumidores, como consumidores; revitalização e desenvolvimento
de setores de atividade – agricultura e turismo; troca de experiências culturais.
Em suma, o projeto migratório (idílio rural) resulta da imagem territorial e da fuga ao urbano. A dimensão
do ambiente e a procura de comunidades mais pequenas inserem-se na procura pelo rural. Assomando-se
ainda a tranquilidade, o contacto com a natureza, a segurança e áreas rurais de baixas densidades. No
entanto, há obstáculos como a língua, a burocracia, a distância e o isolamento – isolam-se um pouco face às
comunidades locais.
Ver vídeo: “Cidadãos do Reino Unido são já a maior comunidade estrangeira em Penamacor”
Bibliografia: migrações lifestyle – the future of the population area
Aula 15 (27/03/23)
Guião para a entrevista.
Aula 16 (29/03/23)
A habitação e as migrações: uma questão de risco?
  - A realidade: análise de dois documentos jornalísticos
    - Etimologia de “concentrar” versus “dispersar” e o ato de diferenciar
- A habitação e as migrações: uma questão de risco?
  - Potencialidades e limitações da concentração e da dispersão em contexto urbano
  - As teorias de localização residencial
  - A posição dos migrantes no desenvolvimento de padrões geográficos de concentração e dispersão

Concentração e dispersão urbana – reflexos espaciais da multiculturalidade europeia:


 A grande questão tem a ver com a forma como os governos encaram esta dimensão quanto à
organização do tecido urbano e à forma de pensar e repensar as localizações de comunidades
específicas. Os migrantes não são um todo e há diferenças estruturais no que respeita as
nacionalidades, grupos étnicos e religiosos
 A concentração e a dispersão estão muito relacionadas com a própria dinâmica dos grupos dos
migrantes. No que diz respeito à localização residencial, existem situações de concentração espacial
e de dispersão residencial – existem vantagens e desvantagens em cada uma, embora, não possam ser
aplicadas da mesma forma a todos os grupos.
Vantagens da concentração:
o Tem a ver com a segurança ontológica, ou seja, em princípio, quando na mesma área de residência
vivem pessoas da mesma nacionalidade, com os mesmos referenciais culturais, existe um sentimento
de segurança ontológica, porque estão com pessoas do mesmo grupo, com a mesma base cultural e
língua em comum
o Desenvolvimento das economias étnicas, que, por conseguinte, gera oportunidades de emprego
ligadas a estas economias
Desvantagens da concentração:
 A concentração impede que as pessoas se sintam motivadas a se integrarem e a aprenderem a língua
do país onde se encontram, sendo que a comunicação é fulcral na integração dos migrantes
 O padrão geográfico pode gerar isolamento do grupo migrante face à população autóctone
Vantagens da dispersão:
 Estimula a necessidade de aprendizagem da língua do país para onde se migra
 Facilidade de estabelecer diálogo com a comunidade recetora
Desvantagens da dispersão:
o Perigo de um determinado nível de assimilação cultural, que pode estar relacionada com o conjunto
de formas de estar no seu quotidiano que leva a que, progressivamente, as integre na sua identidade,
esquecendo as práticas do local de origem
Parece existir uma relação entre a endogamia e a concentração residencial, ou seja, muitas vezes,
comunidades migrantes com o padrão de concentração, acabam por manifestar a endogamia
(estabelecimento de relações matrimoniais dentro do mesmo grupo). Pelo contrário, a dispersão está
associada à exogamia, isto é, inter-relações matrimoniais fora do grupo de origem.
Concentração – reunir num centro; convergir; condensar. Controlo. Quando se associa esta palavra a
migrantes pode adquirir um carácter negativo.
Vantagens da concentração: preservar a cultura de origem; manutenção do ideário do indivíduo; manter o
ideário simbólico das comunidades (diáspora); favorável às redes de entreajuda; segurança ontológica – as
pessoas encontram-se mais seguras do ponto de vista físico e emocional, porque está com pessoas da sua
nacionalidade; desenvolvimento de economias étnicas; gera comunidades étnicas; segregação social.
Desvantagens: guetização – as áreas ficam como uma conotação negativa, porque são áreas adormecidas
onde os problemas se vão perpetuando, como a criminalidade; questão do isolamento.
Dispersão: separar; espalhar; dissipar. Perda do controlo.
Vantagens da dispersão: integração mais efetiva e rápida – ajuda na reterritorialização; aprendizagem da
língua do país de destino.
Desvantagens da dispersão: perda de referenciais identitários e simbólicos do país de origem (estrutura-se
uma nova identidade do indivíduo, dando-se mais valor aos referenciais do país de destino); perda da língua
original; gentrificação das áreas tradicionais da concentração, ou seja, aumento do preço do solo das áreas
menos nobres das cidades.
Aula 17 (12/04/23)
- Os valores e os modelos políticos europeus para a interculturalidade:
 - Uma perspetiva territorial e demográfica
 - A visão da UE: perspetiva de inclusão
 - A visão da UNESCO: investir no diálogo intercultural
 - As políticas educativas europeias para a multiculturalidade, a várias escalas (Erasmus, Escolhas,
Migrantour

Os valores e os modelos políticos europeus para a interculturalidade:


Uma perspetiva geográfica e demográfica:
 Relatório Mundial da UNESCO – “investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural”. A
União Europeia está a tornar-se um espaço cada vez mais cosmopolita e diversos em termos culturais
e tem investido na procura pela diversidade cultural e diálogo intercultural, encontrando mecanismos
que servem de base à constituição de uma sociedade europeia tolerante
Há dois grandes modelos políticos que se relacionam com a presença de comunidades migratórios no
território europeu:
o Modelo político multicultural: promove aquilo que são as ações políticas centradas nas comunidades
migrantes e para as comunidades migrantes. No entanto, não existe uma evidente intenção em inter-
relacionar as comunidades migrantes e as comunidades autóctones
o Modelo político intercultural: tem como principal objetivo a promoção destas ações que integram as
comunidades autóctones e as comunidades migrantes, tendo em conta as necessidades imediatas
o Não há um modelo melhor que o outro. A escolha deste tipo de políticas pode ter influência interna
(ser a própria comunidade a demandar) ou influência externa
As políticas multiculturais acabam por dar resposta aos processos de reterritorialização, ou seja, muitas
vezes, tem de existir uma ajuda para que haja um investimento no processo de integração e inclusão dos
indivíduos nas comunidades recetoras, que se pode fazer tendo em conta três esferas:
 A esfera individual – os próprios indivíduos encontram motivos para dar sentido á sua integração
 A esfera da diáspora – desenvolvimento de relações afetivas com os territórios onde a pessoa se
encontra
 A esfera do Estado – o Estado pode criar mecanismos multiculturais, relacionados com políticas
migratórias e questões de regularização, por exemplo, ajudando o processo de integração
A visão da Comissão Europeia:
 A perspetiva política tem-se focado sobretudo em cinco grandes planos: a educação, o emprego, a
habitação, a saúde e a receção. São planos básicos que se focam não só na população europeia e
autóctone, mas que o objetivo da União Europeia é que se estabeleçam políticas, a longo prazo, de
inclusão e de não-segregação
 Relativamente à receção, a UE tem uma visão mais específica, que é a dimensão dos serviços aos
grupos vulneráveis, por exemplo, dos refugiados
A comunidade europeia defende que deve existir um conjunto de domínios nos quais é muito importante
apostar nas políticas públicas de estímulo à diversidade cultural:
o A comunicação, é fulcral que o migrante possa expressar as suas ideias e compreender as
informações que lhe são dadas
o Lutar contra a discriminação
o Formação profissional, tem a ver com a questão das equivalências dos diplomas – reconhecimento
das qualificações
o Integração, a UE aposta em setores como a habitação (concentração e dispersão urbanas), serviços de
saúde e no acesso à justiça
o Educação, com a construção de instrumentos pedagógicos de apoio às diferentes necessidades de
alunos de diferentes culturas. Reside na questão de não segregar as crianças dentro do espaço escolar
A educação como resposta política à multiculturalidade:
 “investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural” como linha política da UNESCO: vem
valorizando cada vez mais a necessidade de encontrar uma interligação entre a diversidade de
culturas, visto que o desafio europeu passa por compreender as diferenças de valores, atitudes e
comportamentos (primeiro objetivo da UNESCO); convencer os decisores acerca da importância de
se investir na diversidade cultural, nomeadamente, na questão do diálogo, liberdade, coesão social e
democracia (segundo objetivo da UNESCO)
 Para trabalhar a diversidade cultural, é necessário entender a base da cultura, dos elementos que a
constituem e da necessidade de políticas que protejam as culturas. É importante trabalhar a
diversidade cultural por ser preciso identificar estereótipos e desmontar preconceitos, encontrar
formas de interação cultural e montar estratégias à escala regional e local
 Os vetores integrantes da diversidade cultural que, no fundo, tem como principal objetivo integrar a
diversidade cultural através da educação, isso tem sido feito, por exemplo, através das metas
curriculares escolares
Políticas educativas para a multiculturalidade (escala europeia) – o programa ERASMUS:
 O programa ERASMUS teve como principal objetivo a promoção de conhecimento da diversidade
cultural
 Teve o seu início em 1918
 Trata-se de um programa cujo grande objetivo é desenvolvimento da Europa do conhecimento, ou
seja, a promoção do desenvolvimento da Europa a todos os níveis da educação e formação. Por outro
lado, pretende internacionalizar e apoiar a inteligência
 Objetivos:
 Conexão entre os diversos jovens europeus
 Promoção de uma cultura de mobilidade na Europa
 Promoção do capital de mobilidade individual
 Harmonização da formação universitária na Europa
Os valores e os modelos políticos europeus para a interculturalidade:
 Europa: multicultural (grupos diferentes; fixação social); intercultural (ex: exogamia, escala –
relação entre as pessoas); cosmopolita (diversidade cultural – de diferentes origens)
Movimento associativista:
o Teoria das redes sociais – dimensão política informal
 Individual: políticas públicas; associativismo
Registo populacional – oportunidade: aumento da natalidade
Migrações Europa:
 Utilitária/funcional
 Humanista – liberdade de circulação; melhoria do nível de vida
Aula 18 (17/04/23)
Os valores e os modelos políticos europeus para a interculturalidade:
- O ACM como caso singular na Europa
- Discussão em torno do conceito de “Refugiado”:
  - A Convenção de 1951 como ponto de partida
  - Da dimensão concetual clássica a novas formas de refúgio
  - Trilogia epistemológica deste tipo de migração: humanitária, familiar, laboral
- Alguns dados gerais sobre Refugiados no mundo:
  - A dimensão estatística “incompleta”
- A deslocação: dimensão geográfica
 - Estrutura demográfica dos Refugiados

Séc. XX:
o 1990: brasileiros e outros migrantes estrangeiros (quase todos com ensino superior)
o 1974/75: descolonização, o que levou a que nos anos 80 existissem muitos retornados
o 1996: CIME (Alto Comissariado para a Migração e Minorias Étnicas)
 2002: torna-se um organismo autónomo
 2007: altera a designação para AICIDI (Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo
Intercultural) para assentar a diversidade cultural em Portugal e estabelecer políticas
interculturais
 2011: ACM (Alto Comissariado para as Migrações) – passa a apoiar a imigração e a
emigração (99%)
O conceito de refugiado, segundo a Convenção de 1951
 O conceito de refugiado é na sua essência um estatuto de proteção. Foi criado no contexto do pós-
guerra
 Estatuto de proteção: refugiados são todos aqueles que temendo a sua posição ou dos seus –
dimensão de vulnerabilidade e segurança. Estas dimensões são vistas de forma individual, mas é um
estatuto que permite aquilo que é a dimensão em grupo ou familiar. Alguém que se sente inseguro
face ao território ou a um conjunto de fatores
 Fatores: perseguição política ou guerra (fator que deu origem ao estatuto). Motivos de religião.
Grupo social (relacionada com dimensões culturais específicas – quando alguém é excluído de um
grupo social por não alinhar naquilo que são os preceitos ou características de um grupo social).
Opiniões (falta de liberdade de imprensa leva a que as pessoas procurem noutro país refúgio, onde
possam expressar livremente as suas opiniões)
 Ser refugiado implica a aprovação pelo ACNUR. É necessário fazer um pedido. É preciso ter um
estatuto. Quando as pessoas saem do seu país por insegurança, não são refugiados, mas sim
deslocados. Começam por ser deslocados internos. Após a saída da fronteira são refugiados.
 Há outro estatuto – asilado. É um estatuto que diz respeito a cada país em concreto, cada país tem
regras para receber ou não uma pessoa em situação de asilo. Depende do país, cada país quais são as
regras de aceitação de asilados.
 No caso do refugiado, é um estatuto internacional, sendo as regras todas as mesmas
 A migração de deslocados, asilados ou com estatutos de refugiados, assenta em três pilares. Começa
por ser uma migração humanitária, no sentido de que a pessoa sai por questão de perigo e
vulnerabilidade e o país que está a receber tem esse dever moral de acolher. De seguida, a migração
económica – arranjar emprego, escola para os filhos, habitação, etc. Por fim, a migração familiar,
porque, segundo o estatuto de refugiado e asilado, este protege aquilo que é a família.
 Estima-se que existam 65 milhões de pessoas deslocadas, apenas 21 milhões adquirem o estatuto de
refugiados
 A maior parte das pessoas que estão deslocadas ou pedem refúgio, fazem-no em países perto dos
seus. A dimensão económica não está incluída no estatuto de refugiado, não contempla situações de
pobreza
 Maior parte de deslocados: população ativa e crianças. Não há mais mulheres do que homens, é
praticamente igualitário
 Questão de 2022 – em abril de 2022, segundo o ACNUR, tinham saído 5M de pessoas da Ucrânia
com estatuto de refugiado. Um dos principais acolhedores é a Polónia, devido à sua proximidade
geográfica
Territórios de espera:
o O maior é na Grécia, num campo de refugiados, e o outro é na Jordânia
o Os territórios de espera são territórios de passagem de carácter temporário, no qual se faz uma pausa
para se poder prosseguir viagem
o Na Europa, existem os exteriores – Turquia – ou os interiores, como o caso do campo de refugiados.
São espaços de imobilidade pela própria tirania espacial
o Os territórios de espera têm um paralelo com aquilo que é o estatuto de refugiado, porque, muitas
vezes, o território de espera torna-se num território de refúgio, levando a que as pessoas tenham de
estabelecer um território quotidiano. Começando por construir um sistema para ganhar dinheiro. Por
isso, a dimensão económica vacina na questão da criminalidade e da prostituição
o Por outro lado, a questão social. Estão no mesmo território e estabelecem as redes sociais
o Memória e identidade. As pessoas não têm condições para chegar ao local de destino, mas também
estão desterritorializadas para voltarem para trás. Por isso, estes territórios tornam-se territórios de
memória
Aula 19 (19/04/23)
Os “territórios da espera” - a Europa como esperança
  - O conceito de “espera” em migrações
  - As territorialidades da “espera”
- Os Refugiados e os riscos antropossociais:
  - Enquadrar as migrações na teoria do risco
  - Do risco antrópico ao risco social

Refugiado é um estatuto, consagrado em 1951, atribuído pelo ACNUR, que vai reiterar os seus direitos e
deveres, a nível de direitos, por ser uma migração humanitária, é dever do semelhante ajudar, para além
disso, é uma migração económica e laboral, ou seja, o visto de refugiado dá o direito de ter um trabalho, e
tem ainda direito a reunir a nível familiar.
O perfil de refugiado insere-se na insegurança, motivada pela nacionalidade, raça, religião, político,
opiniões, pobreza, ambiental – alterações climáticas. Esta questão da insegurança é analisado à luz dos
conflitos. Dentro das alterações climáticas pode vir a ser contemplado situações de seca extrema, o aumento
do nível da água do mar.
O número de deslocados (103 M) diminui para 33 M de refugiados. Isto deve-se à prova, à política de
migração assomada à deslocação, à vontade própria (“volta a curto prazo”). Há ainda os deslocados internos,
que representam 50%. Assim, grande parte das pessoas que são deslocadas não são refugiadas. A geografia
dos deslocados é uma migração “limitada” do ponto de vista geográfico, porque procuram países vizinhos.
Estas questão dos países vizinhos está relacionada com a questão dos deslocados internos, que podem não
ter condições financeiras, físicas e psicológicas para se deslocar, para além disso, pode ter a ver com a
capacidade de “retorno”, ou seja, alia-se a possibilidade de voltar o mais rapidamente possível, há ainda as
semelhanças entre países.
Do ponto de vista do perfil demográfico, temos um equilíbrio de género, mas o que é curioso é que existe
uma faixa etária que se destaca um quantitativo mais elevado, que está mais relacionado com a população
adulta ativa. Assim, os adultos ativos + as crianças (0-4 anos) representam a grande faia de migração. Existe
pouca população idosa, tendo em conta que existe uma maior permanência na sua casa, quase como um ato
de resistência. Deu-se um aumento dos deslocados internos, devido a conflitos territoriais, que não são
homogéneos no território, pois há zona mais ou menos conflituosas.
A partir de 2013/2014 há uma chegada sem precedentes daquilo que são os migrantes indocumentados,
daquilo que se chamavam formalmente os migrantes clandestinos. É aqui que surge a FRONTEX, que é um
organismo coletivo da EU, que tem o objetivo de fazer o controlo de fronteiras, em especial, das fronteiras
marítimas. Antes de 2013, vêm sobretudo homens, jovens, africanos, que vêm sobretudo em situações de
pobreza. Um ano depois, já vêm mais crianças e mulheres, em particular, de mulheres grávidas, que vêm em
fuga de uma situação de pobreza, mas em sobretudo de uma situação de guerra. Em 2013/2014 vêm
particularmente de Itália e Grécia e alguns de Espanha.
Características do deslocado ucraniano: agregado familiar; elevada habilitação literária; população ativa
(trabalho à distância); deslocado com vistos permanentes ou temporários.
Relativamente aos refugiados, existem os territórios de espera, como é o caso dos campos de refugiados,
sendo um território em trânsito, ou seja, a pessoa está lá de passagem.
Aula 20 (24/04/23)
Visualização do filme “Welcome”, de Phillipe Lioret (2009)
Trailer disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=t40ANH4Pe14 (acedido a 24/4/2023)

Aula 21 (26/04/23)
Visualização do filme “O Visitante”, de Thomas MacCarthy (2007)
Trailer disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3ODmxTlA6Sw (acedido a 26/4/2023)

Aula 22 (03/05/23)
- Exercício reflexivo comparativo, com base no guião de análise fílmica
- Indicações para o teste e esclarecimento de dúvidas

Filme Welcome: acontece em França (Calais) ---- Gibraltar. 34km até Dover, que era um território de
espera. Tem como personagens principais o Bilal e o Simon. O Bilal foge de uma situação de conflito, sendo
que pretende ir ter com a namorada, que emigrou com os pais para o Reino Unido, onde ia ter um casamento
arranjado. A rede de contactos de Bilal é o Simon e os deslocados. No supermercado há uma negação do
acesso, apesar de ser um espaço público e de não existir uma legislação que proíba as pessoas de exercerem
esse espaço. Assim, existe um abuso de poder, uma desumanização, as pessoas passam a ser números. O
Bilal aprende a nadar. Simon apresenta uma aparência muito descuidada, quer Tarek, quer Simon, ganham a
dimensão da empatia, relacionam-se melhor consigo mesmos e ganham um novo sentido da vida. Ambos
são expulsos, no caso do Tarek, é expulso através de uma deportação, no caso do Simon, morreu afogado,
por influência das autoridades. Quer um, quer outro, não chegam aos seus objetivos.
Filme Visitante: acontece em Nova Iorque, tem como personagens principais o Tarek e o Walter. Nova
Iorque é uma cidade urbana, cosmopolita e multicultural. Tarek sofre perseguição política, mas não é
refugiado, sendo um deslocado, um migrante indocumentado – a polícia aborda-o e ele não tem
documentação. Para além disso, tinha o sonho de infância de jogar no Manchester United. Tarek contactava
com Walker e com músicos. Em ambos os filmes, existe um encontro no espaço privado (apartamento), que
representa a confiança e a amizade e uma insegurança, que têm a ver com a imagem territorial (EUA e UK).
A Imagem Territorial baseia-se na segurança, na qualidade de vida, no emprego, um relativo à música e
outro relativo ao futebol, na dimensão afetiva (companheiras e a mãe do Tarek). O Tarek está numa situação
irregular. No metro transita para um centro de detenção – espaço de confinamento, fechado, as luzes nunca
apagam (sem descanso), existe uma relação de poder (as autoridades não informam nem quem está dentro
do centro de detenção, nem quem está fora do centro de detenção). Walter é um homem clássico, que
aprende a tocar piano por causa da mulher, mas apresenta um estilo mais aberto ao passar de tocar piano
para o tambor. Desenvolve uma relação afetiva com a mãe do Tarek, reaprende a amar após a morte da sua
mulher.
Teste: vai colocar 4 perguntas, escolhemos responder a 3; imprimir os ppts, os sumários – traduzir, ver os
valores, a evolução, porque uma das perguntas vai ser a análise de um documento; vai relacionar o que se
deu numa aula com o que se deu noutra aula; análise de um mapa/gráfico/quadro – explicar a evolução; uma
pergunta com situações hipotéticas, por exemplo, como integrar refugiados que chegam à Camara Municipal
de Coimbra; integrar partes do excerto na resposta que se vai dar.

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