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O Reino de Deus em primeiro lugar

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de


Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes se-
rão acrescentadas. (Mateus 6.33)

Para que possamos observar esta ordem de Jesus, é necessário que


saibamos o significado e as implicações práticas da expressão “Reino de
Deus” em nossa vida, bem como, os seus critérios de priorização.

O Reino de Deus

Algumas informações muito importantes podemos encontrar no en-


sino do apóstolo Paulo, conforme alguns textos transcritos a seguir.
Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo; aquele que assim serve a Cristo é agradável
a Deus e aprovado pelos homens. Por isso, esforcemo-nos em promo-
ver tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua. (Romanos 14.17-
19)

Deste texto, obtemos como primeira informação importante, que o


Reino de Deus prima por justiça, paz e alegria no Espírito Santo, visando
edificação mútua. Isto é, que consiste em valores espirituais, portanto, vir-
tuosos, cujo propósito é alcançar e manter a unidade saudável e dura-
doura do povo de Deus.

Pois o Reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder. (1Co-


ríntios 4.20)

Com esta informação entendemos que, apesar de a nossa fé ser fir-


mada na Palavra de Deus, a qual deve ser nosso suficiente e exclusivo ma-
nual de vida cristã, o Reino de Deus requer que a mensagem que ela re-
vela, seja praticada, observando, dentre outros, os princípios espirituais
apontados em Romanos 14.17-19, texto acima transcrito, pondo em ação o
poder transformador que ela carrega. A Palavra sem sua prática, assim
como a fé sem obras, é morta, conforme ensina o apóstolo Tiago, no capí-
tulo 2 de sua epístola.

A fonte por excelência para falar sobre o que significa “Reino de


Deus” é o próprio Jesus, o Rei dos reis, que veio implantá-lo entre nós.
Então, vejamos algumas informações preciosas, transmitidas de forma
ilustrada, diretamente do Seu ensino:

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Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o
Reino de Deus, Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem de modo
visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de
Deus está entre vocês". (Lucas 17.20,21)

Neste texto, somos informados por Jesus de que o Reino de Deus é


invisível aos nossos olhos. Com isso entendemos que quem anda pelo que
vê, não conseguirá vê-lo. E apesar de não poder ser visto, está entre nós,
apontando para a pessoa Dele mesmo, como governante desse reino, cuja
mensagem por Ele pregada deve ser o nosso estilo de vida.

Ainda mais preciosas são as informações sobre o Reino de Deus que


Jesus reuniu em sete parábolas que Ele elaborou e transmitiu ao povo com
elementos por este conhecidos.

Em Mateus 13.3-23, Jesus compara o Reino de Deus com um semea-


dor que lançou sementes em solos diferentes. O melhor deles foi o que
permitiu que a semente germinasse e produzisse muito, indicando que o
que Ele quer é que busquemos ser receptíveis à sua mensagem e a vivamos
firmemente, sendo frutíferos.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar de frutificação.

Em Mateus 13.24-30, Jesus compara o Reino de Deus a um homem


que semeou trigo e algum inimigo à noite semeou joio junto com o trigo.
Ambos são semelhantes em muitos aspectos, mas o joio não tem grãos
como o trigo. Aquele homem não permitiu aos seus empregados que ar-
rancassem o joio, indicando que o que Deus quer é que não julguemos a

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ninguém, até que no momento da colheita, o próprio Deus fará a separa-
ção. Cabe-nos agir com firmeza misericordiosa.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar de uso prudente da verdade.

Em Mateus 13.31,32, Jesus compara o Reino de Deus a um grão de


mostarda, que, embora seja pequeno, torna-se a maior das hortaliças, in-
dicando que em Seu reino, mesmo as pequenas coisas são poderosas, por-
que nelas, e não em nós, está a capacidade de germinação e de grande
crescimento, cabendo-nos colocar a nossa esperança no poder de Deus.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar em que devemos valorizar as pequenas coisas ou os pequenos co-
meços que Deus coloca ao nosso dispor.

Em Mateus 13.33, Jesus compara o Reino de Deus ao fermento que


uma mulher misturou uma pequena medida a uma grande quantidade de
farinha que ficou toda fermentada, indicando sua poderosa capacidade de
espalhar sua influência transformadora a partir das nossas pequenas in-
tervenções.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar que requer de nós, ação cuidadosa, atitude prudente.

Em Mateus 13.44, Jesus compara o Reino de Deus a um tesouro es-


condido num campo, que alguém o tendo encontrado, escondeu-o e se
desfez alegremente de tudo o que possuía, para o adquirir, indicando que
quem encontra o Reino de Deus fica extasiado e profundamente feliz, haja

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vista ser incomparavelmente melhor do que qualquer bem ou riqueza que
possamos ter.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar surpreendentemente desejável por seu extremo valor.

Em Mateus 13.45,46, Jesus compara o Reino de Deus a um negoci-


ante que procura pérolas preciosas, já conhecendo previamente seu ines-
timável valor, e quando encontra uma pérola de grande valor, de imediato
sabe que tudo o que ele possui, inclusive outras pérolas de menor valor,
vale menos que a que acaba de encontrar, e não hesita em se desfazer de
tudo o que possui, para adquirir o novo e verdadeiro tesouro.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar que quem o conhece, se empenha ao máximo para permanecer e se
envolver cada vez mais nele.

Em Mateus 13.47-50, Jesus compara o Reino de Deus a uma rede lan-


çada ao mar para apanhar peixes, que recolhe muitos peixes, dentre os
quais, bons e ruins, aproveitando aqueles e jogando fora estes.

Nesta parábola, aprendemos claramente que o Reino de Deus é um


lugar que tem prazer em dar oportunidades para beneficiar a todos, não
fazendo acepção de pessoas, no entanto, não renuncia aos seus santos cri-
térios, que devem ser observados no estilo de vida dos que dele fazem
parte, assim como dos que dele se aproximarem para isto. De forma direta
e objetiva, é lugar de santidade.

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Em primeiro lugar

Quanto aos critérios de priorização que nos permitam classificar o


grau de importância de tudo o que se nos apresenta, e em relação aos quais
precisamos escolher entre aceitar ou não, leiamos atentamente os textos
bíblicos a seguir.

Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê,
pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. (2 Coríntios
4.18)

Deste texto e do princípio contido no seu ensino, extraímos o critério


espiritual da eternidade como sendo mais valioso do que tudo o que é
transitório ou temporal.

Cegos insensatos! Cegos insensatos! Que é mais importante: o ouro


ou o santuário que santifica o ouro? Vocês também dizem: ‘Se alguém
jurar pelo altar, isto nada significa; mas se alguém jurar pela oferta
que está sobre ele, está obrigado por seu juramento’. Cegos! Que é
mais importante: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? Portanto,
aquele que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele.
E o que jurar pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita.
E aquele que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que
nele se assenta. "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vo-
cês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negli-
genciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia
e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.
Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. "Ai de
vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior do

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copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça.
Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo e do prato, para que
o exterior também fique limpo. (Mateus 23.17-26)

Deste longo texto extraímos alguns preciosos critérios que nos aju-
darão a classificar corretamente e a definir o que é mais importante para o
Reino de Deus, e que igualmente deve ser para nós.

Um desses critérios é que um símbolo material perecível, de algo


muito importante e eterno, não deve ser considerado mais importante do
que este, no qual reside a poderosa e eterna realidade.

Alinhado com esse critério, somos conduzidos a entender que mais


importante é o eterno do que o temporal; que o propósito ou o espírito da
lei é mais importante do que a letra da lei; que o invisível é mais impor-
tante do que o visível; que o objeto é mais importante do que sua sombra;
que o interior é mais importante do que o exterior, isto porque as coisas
visíveis, o tempo, os símbolos, não necessariamente estão conectados em
nosso conhecimento ou nossa memória, com a realidade invisível, inclu-
sive a realidade eterna, ou dela dependem para existir.

Na prática, entendemos que buscar em primeiro lugar o Reino de


Deus e sua justiça, pode ser demonstrado nas seguintes escolhas:

Colocar o corpo acima das vestes, pois, estas só existem em função


daquele (Mateus 6.25). A partir das vestes, não temos como chegar à exis-
tência do corpo, ao passo que, a partir do corpo, as vestes, de alguma
forma, serão providenciadas e supridas. E a depender da cultura, até po-
dem ser desnecessárias.

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Colocar a vida acima do alimento, pois, o alimento passou a existir
em função da vida. O alimento foi feito para a vida e não a vida para o
alimento (Lucas 12.23).

Colocar Jesus acima dos pobres, como Ele mesmo disse em Mateus
26.11, “Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre
terão.” Isto porque, nem sempre as ações realizadas para os pobres são
acompanhadas de verdadeiro amor e compaixão, como foi o caso de Judas
Iscariotes, que tinha como interesse roubar o dinheiro equivalente ao
frasco de perfume, se este fosse vendido como ele propôs.

Colocar a árvore acima dos frutos, pois, embora seja verdade que
pelos frutos é que se torna conhecida a árvore, é também verdade que não
são os frutos bons que fazem com que a árvore se torne boa. Embora des-
conhecida enquanto os frutos não forem conhecidos e apreciados, ela já é
boa árvore e com certeza seus frutos serão bons. Assim como a boca fala
do que o coração está cheio, só a árvore boa pode dar bons frutos (Mateus
7.17,18).

Colocar o invisível acima do visível, pois, o visível é temporário, en-


quanto o invisível é eterno, conforme 2 Coríntios 4.18.

Colocar o Espírito acima da carne, pois, militam permanentemente


um contra o outro, e a inclinação da carne é morte, enquanto a inclinação
do Espírito é vida, conforme Romanos 8.6.

Isso, na prática, consiste em que nos certifiquemos se em nosso ín-


timo, o que estamos pensando, dizendo ou realizando, reflete amor, ale-
gria, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e

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domínio próprio, que são marcas evidenciadoras do Espírito Santo e de
quem por Ele é movido e Nele anda.

Colocar a adoração acima da salvação, isto é, o desejo de glorificar e


honrar a Deus e de buscar o céu, acima do medo de não ser salvo e de ir
para o inferno, pois, todo aquele que é nascido de novo, portanto, selado
com o Espírito Santo para a salvação, tem, como consequência, prazer em
adorar a Deus, enquanto, nem sempre os que adoram a Deus, o fazem em
Espírito e em verdade, mas, apenas com os lábios, conforme Mateus 15.8.

Evidentemente, a salvação é ou deve ser um objetivo fervorosa-


mente desejado por quem se perceba ou se reconheça encontrar-se em pe-
rigo fatal. É o caso de toda a humanidade que não reconhece a Jesus como
salvador, permanecendo debaixo da ira de Deus, conforme João 3.36.

Sabendo que em Jesus, que é Deus, está a garantia da nossa salvação,


muitos O buscam, não porque O desejem e O adorem, mas, tão somente
por medo da eterna condenação ao inferno. Esta busca é inútil, vez que
não observa a condição de que O amemos de todo o nosso coração, de toda
a nossa alma, de toda a nossa força e de todo o nosso entendimento, con-
forme os registros de Lucas 10.27.

Por sua vez, aquele que busca a Deus para adorá-lo em Espírito e em
verdade, não tendo a salvação como objetivo final, embora a deseje, ao
encontrá-lo, a terá imediata e necessariamente encontrado. Por isso Jesus
declarou:

Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida
por minha causa e pelo evangelho, a salvará. (Marcos 8.35)

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Colocar a fé acima da visão, de modo a não tomar, por exemplo, as
emoções como bons indicadores para avaliar a intimidade com Deus. As
emoções não necessariamente nos conduzem à intimidade com Deus, en-
quanto a intimidade, ao nos dar segurança, gratidão, esperança, submis-
são reverente e desejada, produz emoções e convicções verdadeiras.

Agora que reunimos as informações que nos ajudam a pensar sobre


o significado e as implicações da expressão “Reino de Deus” e sobre os
critérios de priorização próprios desse reino, podemos tomar as decisões
adequadas para cumprir a ordem de Jesus de buscar em primeiro lugar o
Reino de Deus e sua justiça.

O primeiro cuidado que se deve tomar para buscar o Reino de Deus


em primeiro lugar é fugir sempre das aparências do mal (1 Tessalonicen-
ses 5.22).

Quem deseja fazê-lo deve demonstrar esse desejo rompendo e se


afastando de tudo o que visivelmente é mau. As estruturas, os ambientes,
as companhias, os hábitos e tudo o que serve para cometer pecado, funci-
onam como fontes alimentadoras que precisam ser desmontadas para não
mais despertarem tentações.

Aquele que se deixa ser levado por tentações, que flerta com situa-
ções que sabe do risco de ser atraído e arrastado para o pecado, dá sinais
de que não está buscando o Reino de Deus em primeiro lugar.

Fugindo sempre das aparências do mal, o segundo cuidado a ser to-


mado por quem se dispõe a buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, é
entregar a Deus o melhor de si, as primícias. Isso pode significar reservar
os primeiros instantes de cada dia para orações, leitura e meditação da

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Palavra de Deus, separar e entregar antes de qualquer investimento ou
despesa, os dízimos, porém, não se limita a isso. Não somente os primeiros
momentos de cada dia, nem a entrega pontual das primícias dos nossos
recursos, são suficientes para caracterizar que buscamos o Reino de Deus
em primeiro lugar, vez que o restante do tempo de cada dia, bem como o
restante dos nossos recursos, que representam muito mais do que a parte
consagrada e entregue, também nos foram dados por Deus, e devemos
prestar contas de como os investimos, ou qual o uso que fizemos deles
(Mateus 6.21).

Em cada atitude ou decisão, precisamos perguntar a nós mesmos,


qual a intenção com que a tomamos, e ser sincero na nossa resposta. Se o
nosso interesse ou a nossa intenção for a satisfação do nosso ego, é sinal
de que não é verdadeiramente a vontade de Deus. Nesse momento, pro-
curando na Bíblia ou com base nela, o que Deus quer que façamos na área
da questão que temos para decidir, devemos ser firmes em seguir Sua di-
reção.

Finalmente, fugindo sempre das aparências do mal e entregando a


Deus o melhor de si, as primícias, buscar o Reino de Deus em primeiro
lugar, requer buscar a direção do Espírito Santo em cada decisão a ser to-
mada, de modo a não satisfazer aos desejos da carne, mas, a vontade do
Espírito, resumida suficientemente no Seu fruto, conforme Gálatas 5.22,23.
Para melhor orientar esse caminho, leiamos com atenção, os textos de He-
breus 12.1-28 e Colossenses 3, que são preciosos.

A fuga constante das aparências do mal, a dedicação do melhor de


nós a Deus, e o andar sob a direção do Espírito Santo, revelando o Seu

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fruto nos pensamentos, palavras e ações, constituem com segurança, a
busca em primeiro lugar do Reino de Deus e de sua justiça.

Oh, Senhor! Que o nosso coração seja profundamente inclinado e


movido pelo teu Espírito Santo, de modo que nossos pensamentos, nossas
palavras e nossas ações sejam testemunhos do Seu fruto, e consigamos
sempre fazer nossas escolhas conforme os santos critérios de priorização.
Amém!

João Pessoa, maio de 2023


Rev. Raimundo Figueiredo

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