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Caso 2 - Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

contra as Mulheres, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 18 de


dezembro de 1979, em vigor desde 3 de setembro de 1981

Estrutura:
1. Artigos e declarações na redação original, em língua inglesa;
2. Artigos e declarações traduzidos para o português; e
3. Perguntas a serem respondidas, em português.

Entre as diversas reservas apresentadas a essa Convenção, destacam-se quatro para


discussão no presente caso, quais sejam: por parte da República das Maldivas, do Reino
da Arábia Saudita, da República do Iraque e da República do Maláui.

1. Artigos e declarações na redação original, em língua inglesa:


A) Reserva da República das Maldivas, de 23 de junho de 1989: “[...] 2. The
Government of the Republic of Maldives reserves its right to apply article 16 of the
Convention concerning the equality of men and women in all matters relating to
marriage and family relations without prejudice to the provisions of the Islamic Sharia,
which govern all marital and family relations of the 100 percent Muslim population of
the Maldives.”

(i) Declaração, de 25 de outubro de 1994, do Canadá sobre a reserva acima: “In


the view of the Government of Canada, this reservation is incompatible with the
object and purpose of the Convention (article 28, paragraph 2). The Government
of Canada therefore enters its formal objection to this reservation. This
objection shall not preclude the entry into force of the Convention as between
Canada and the Republic of Maldives.”
(ii) Declaração, de 26 de outubro de 1994, da Áustria sobre a reserva acima:
“The reservation made by the Maldives is incompatible with the object and
purpose of the Convention and is therefore inadmissible under article 19 (c) of
the Vienna Convention on the Law of Treaties and shall not be permitted,
in accordance with article 28 (2) of the Convention on the Elimination of All
Forms of Discrimination Against Women. Austria therefore states that this
reservation cannot alter or modify in any respect the obligations arising from
the Convention for any State Party thereto.”

B) Reserva do Reino da Arábia Saudita, feita quando da assinatura e ratificação,


em 7 de setembro de 2000: “1. In case of contradiction between any term of the
Convention and the norms of islamic law, the Kingdom is not under obligation to
observe the contradictory terms of the Convention. 2. The Kingdom does not consider
itself bound by paragraph 2 of article 9 of the Convention and paragraph 1 of article 29
of the Convention.”

(i) Declaração da Áustria, de 21 de agosto de 2001, sobre a reserva acima:


“Austria has examined the reservations to the Convention on the Elimination of
All Forms of Discrimination against Women made by the Government of the
Kingdom of Saudi Arabia in its note to the Secretary-General of 7 September
2
2000. The fact that the reservation concerning any interpretation of the
provisions of the Convention that is incompatible with the norms of Islamic law
does not clearly specify the provisions of the Convention to which it applies and
the extent of the derogation therefrom raises doubts as to the commitment of the
Kingdom of Saudi Arabia to the Convention.
Given the general character of this reservation a final assessment as to its
admissibility under international law cannot be made without further
clarification. Until the scope of the legal effects of this reservation is sufficiently
specified by the Government of Saudi Arabia, Austria considers the reservation
as not affecting any provision the implementation of which is essential to
fulfilling the object and purpose of the Convention. In Austria’s view, however,
the reservation in question is inadmissible to the extent that its application
negatively affects the compliance by Saudi Arabia with its obligations under the
Convention, essential for the fulfillment of its object and purpose. Austria does
not consider the reservation made by the Government of Saudi Arabia as
admissible unless the Government of Saudi Arabia, by providing additional
information or through subsequent practice, ensures that the reservation is
compatible with the provisions essential for the implementation of the object
and purpose of the Convention. As to the reservation to Paragraph 2 of Article
9 of the Convention Austria is of the view that the exclusion of such an
important provision of non-discrimination is not compatible with object and
purpose of the Convention. Austria therefore objects to this reservation. This
position, however, does not preclude the entry into force in its entirety of the
Convention between Saudi Arabia and Austria.”

C)Reserva da República do Iraque, feita quando da adesão, em 13 de agosto de


1986: “1. Approval of and accession to this Convention shall not mean that the
Republic of Iraq is bound by the provisions of article 2, paragraphs (f) and (g), of article
9, paragraphs 1 and 2, nor of article 16 of the Convention. The reservation to this last-
mentioned article shall be without prejudice to the provisions of the Islamic
Shariah according women rights equivalent to the rights of their spouses so as to ensure
a just balance between them. Iraq also enters a reservation to article 29, paragraph 1, of
this Convention with regard to the principle of international arbitration in connection
with the interpretation or application of this Convention. 2. This approval in no way
implies recognition of or entry into any relations with Israel.”

(i) Declaração, de 12 de dezembro de 1986, de Israel sobre a reserva acima:


“[...] In the view of the Government of the State of Israel, such declaration
which is explicitly of a political character is incompatible with the purposes and
objectives of the Convention and cannot in any way affect whatever obligations
are binding upon Iraq under general international law or under particular
conventions. The Government of the State of Israel will, in so far as concerns
the substance of the matter, adopt towards Iraq an attitude of complete
reciprocity.
(ii) Declaração, de 23 de julho de 1991, dos Países Baixos sobre a reserva acima:
“The Government of the Kingdom of the Netherlands considers that the
reservations made […] by Iraq regarding article 2, sub-paragraphs (f) and (g),
article 9 and article 16 […] are incompatible with the object and purpose of the
Convention (article 28, paragraph 2). These objections shall not preclude the
entry into force of the Convention as between [...] Iraq [...] and the Kingdom of

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the Netherlands.”

D) Reserva da República do Maláui, feita quando da adesão, em 12 de março de


1987: “Owing to the deep-rooted nature of some traditional customs and practices of
Malawians, the Government of the Republic of Malawi shall not, for the time being,
consider itself bound by such of the provisions of the Convention as require immediate
eradication of such traditional customs and practices. […] While the Government of
the Republic of Malawi accepts the principles of article 29, paragraph 2 of the
Convention this acceptance should nonetheless be read in conjunction with [its]
declaration of 12 December 1966, concerning the recognition, by the Government of
the Republic of Malawi, as compulsory the jurisdiction of the International Justice
under article 36, paragraph 2 of the Statute of the Court.”*

(i) Declaração, de 5 de agosto de 1987, do México acerca da reserve acima: “In


respect of the first reservation, the Secretary-General had received, on 5 August
1987, from the Government of Mexico the following communication: The
Government of the United Mexican States hopes that the process of eradication
of traditional customs and practices referred to in the first reservation of the
Republic of Malawi will not be so protracted as to impair fulfillment of the
purpose and intent of the Convention”.
(ii) Declaração, de 23 de julho de 1991, do Reino dos Países Baixos sobre a
reserva acima: “The Government of the Kingdom of the Netherlands considers
[…] the first paragraph of the reservations made by Malawi upon accession [to
be] incompatible with the object and purpose of the Convention (article 28,
paragraph 2). These objections shall not preclude the entry into force of the
Convention as between [...] Malawi and the Kingdom of the Netherlands.”
* Em 24 de outubro de 1991, a República do Maláui enviou uma notificação ao
Secretário-Geral da ONU retirando as reservas previamente mencionadas.

2. Artigos e declarações traduzidos para o português


A) Reserva da República das Maldivas, de 23 de junho de 1999: “[...] 2. O Governo
da República das Maldivas se reserva ao direito de aplicar o artigo 16 da Convenção
acerca da igualdade entre homens e mulheres em todas as matérias relacionadas a
casamento e relações familiares sem prejuízo das provisões da Xaria Islâmica, a qual
governa todas as relações matrimoniais e familiares da população 100 por cento
muçulmana das Maldivas”

(i) Declaração, de 25 de outubro de 1994, do Canadá, sobre a reserva acima:


“Na visão do Governo do Canadá, essa reserva é incompatível com o objeto e a
finalidade 1 da Convenção (artigo 28, parágrafo 2º). O Governo do Canadá,
dessa forma, apresenta sua objeção formal a essa reserva. Essa objeção não
deverá impedir a entrada em vigor da Convenção entre o Canadá e a República
das Maldivas”
(ii) Declaração, de 26 de outubro de 1994, da Áustria sobre a reserva acima:
“Essa reserva feita pelas Maldivas é incompatível com o objeto e a finalidade
da Convenção, e é, desse modo, inadmissível perante o artigo 19 (c) da
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados e não deve ser permitida, de

1
Conforme versão oficial em Português “contrario ao objeto e a finalidade do tratado”.

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acordo com o artigo 28 (2) da Convenção para a Eleminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra Mulheres. A Áustria, dessa forma, declara que essa
reserva não pode alterar ou modificar, de forma alguma, quaisquer obrigações
da Convenção para todos os Estados-parte. ”

B) Reserva do Reino da Arábia Saudita, feita quando da assinatura e ratificação,


em 7 de setembro de 2000: “1. Em caso de contradição entre qualquer termo da
Convenção e as normas do direito islâmico, o Reino não está obrigado a observar os
termos contraditórios da Convenção. 2. O Reino não se considera vinculado pelo
parágrafo 2º do artigo 9º da Convenção e do parágrafo 1º do artigo 29º da Convenção”

(i) Declaração da Áustria, de 21 de agosto de 2001, sobre a reserva acima: “A


Áustria examinou todas as reservas à Convenção sobre Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Contra a Mulher feitas pelo Reino da Arábia Saudita
em sua nota ao Secretário-Geral datada de 07 de setembro de 2000. O fato de
que a reserva relativa a qualquer interpretação das provisões da Convenção que
sejam incompatíveis com as normas de Direito Islâmico não especificar
claramente a quais provisões da Convenção se aplica ou tampouco esclarecer
o escopo da derrogação, levanta dúvidas acerca do comprometimento do Reino
da Arábia Saudita com a Convenção.
Dado o caráter geral dessa reserva, uma última avaliação acerca de sua
admissibilidade sob o Direito Internacional não pode ser feita sem
maioresesclarecimentos. Até que o escopo dos efeitos legais dessa reserva seja
suficientemente explicado pelo Governo da Arábia Saudita, a Áustria considera
que essa reserva não afeta quaisquer provisões cuja implementação seja
essencial para atingir o objetivo ea finalidade da Convenção. Na visão da
Áustria, entretanto, a reserva em questão é inadmissível no sentido que sua
aplicação afeta negativamente o cumprimento, por parte da Arábia Saudita, de
suas obrigações perante a Convenção. A Áustria não considera a reserva feita
pelo Governo da Arábia Saudita como sendo admissível a não ser que o
Governo da Arábia Saudita, ao prover informações adicionais ou por meio de
práticas subsequentes, garanta que a reserva é compatível com as provisões
essenciais para a implementação do objeto da finalidade da Convenção. No que
tange a reserva ao Parágrafo 2º do Artigo 9º da Convenção, a Áustria entende
que a exclusão de uma regra tão importante de não-discriminação não é
compatível com o objeto e finalidade da Convenção. A Áustria, dessa forma,
faz objeção a essa reserva. Esse posicionamento, entretanto, não deverá impedir
a entrada em vigor da Convenção entre a Áustria e o Reino da Arábia Saudita.

C) Reserva da República do Iraque, feita quando da adesão, em 13 de agosto de


1986: “1. Aprovação e adesão a essa Convenção não deverá significar que a República
do Iraque está vinculada às provisões do artigo 2º, parágrafos (f) e (g), do artigo 9º,
parágrafos 1º e 2º, ou do artigo 16 da Convenção. A reserva a este últimoartigo deverá
ocorrer sem prejuízo às provisões da Xaria Islâmica, que considera os direitos das
mulheres equivalentes aos de seus cônjuges a fim de assegurar um equilíbrio justo entre
eles. O Iraque também apresenta reserva ao artigo 29, parágrafo 1º, desta Convenção
relativo ao princípio de arbitragem internacional na interpretação ou aplicação desta
Convenção. 2. Esta aprovação de forma alguma implica o reconhecimentoou
estabelecimento de relações de qualquer natureza com Israel.

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(i) Declaração, de 12 de dezembro de 1986, de Israel sobre a reserva acima:
“[...] Na visão do Governo do Estado de Israel, uma declaração que é
explicitamente de caráter político é incompatível com os propósitos e objetivos
da Convenção e não pode de forma alguma afetar de qualquer maneira
quaisquer obrigações de direito internacional decorrentes de convenções a que
se submeta o Iraque. O Governo do Estado de Israel irá, no que diz respeito à
substância da matéria, adotar uma atitude de completa reciprocidade.”
(ii) Declaração, de 23 de julho de 1991, dos Países Baixos sobre a reserva
acima: “O Governo do Reino dos Países Baixos considera que as reservas feitas
pelo Iraque no que tange o artigo 2º, subparágrafos (f) e (g), o artigo 9º e o artigo
16 são incompatíveis com o objeto e a finalidade da Convenção (artigo 28,
parágrafo 2º). Essas objeções não deverão impedir a entrada em vigor da
Convenção entre o Iraque e o Reino dos Países Baixos”

D) Reserva da República do Maláui, feita quando da adesão, em 12 de março de


1987: “Devido à natureza arraigada de alguns costumes e práticas tradicionais dos
malauianos, o Governo da República do Maláui não se deverá considerar vinculado,
por enquanto, pelas provisões da Convenção que requeiram erradicação imediata
dessescostumes e práticas tradicionais. Apesar o Governo da República do Maláui
aceitar os princípios do artigo 29, parágrafo 2º desta Convenção, tal aceitação deve ser
lida juntamente com sua declaração de 12 de dezembro de 1966, que versa sobre o
reconhecimento, pelo Governo da República do Maláui, da jurisdição da Corte
Internacional de Justiça como compulsória, segundo o artigo 36, parágrafo 2º do
Estatuto da Corte.” **

(i) Declaração, de 5 de agosto de 1987, do México acerca da reserve acima: “A


respeito da primeira reserva, o Secretário-Geral recebeu, no dia 5 de agosto de
1987, o seguinte comunicado do Governo do México: O Governo dos Estados
Unidos Mexicanos espera que o processo de erradicação de costumes e práticas
tradicionais mencionados na primeira reserva da República do Maláui não será
tão prolongado a fim de impedir o cumprimento do propósito e da intenção da
Convenção”
(ii) Declaração, de 23 de julho de 1991, do Reino dos Países Baixos sobre a
reserva acima: “O Governo do Reino dos Países Baixos considera que o
primeiro parágrafo das reservas feitas pelo Maláui no ato de adesão é
incompatível com o objeto e a finalidade da Convenção (artigo 28, parágrafo
2º). Essa objeção não deverá impedir a entrada em vigor da Convenção entre o
Maláui e o Reino dos Países Baixos.”
** Em 24 de outubro de 1991, a República do Maláui enviou uma notificação
ao Secretário-Geral da ONU retirando as reservas previamente mencionadas.

3. PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS:

Em que medida a Convenção está em vigor:


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