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Histologia

Classes ministradas por Dr. David Aguilera


2019/01
sumário

Preparação de Tecido ........................................................................................................................................... 3


Generalidades Celulares....................................................................................................................................... 4
Tecido Epitelial ...................................................................................................................................................... 7
Tecido conjuntivo................................................................................................................................................ 13
Tecido adiposo .................................................................................................................................................... 16
Tecido Cartilaginoso ........................................................................................................................................... 17
Tecido Ósseo ....................................................................................................................................................... 20
Tecido sanguíneo ................................................................................................................................................ 23
Tecido muscular .................................................................................................................................................. 28
Tecido nervoso .................................................................................................................................................... 33
Tecido cardiovascular......................................................................................................................................... 37
sistema tegumentário ......................................................................................................................................... 44
Sistema Linfático ................................................................................................................................................. 49

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Preparação de Tecido

1º PASSO: Obtenção da amostra solventes como xileno ou tolueno são usados para
extrair o álcool 100%.
Através de:
→ Biópsia (tecido vivo);
→ Autópsia (tecido morto); 4º PASSO: Inclusão
→ Necrópsia (tecido podre, necrótico). Emergir a amostra em parafina fundida a 60ºC.
Depois que a parafina esfriar e endurecer, um
bloco será obtido chamado taco. Coloque o taco
2º PASSO: Fixação em uma máquina chamada micrótomo, que será
responsável por fazer cortes de 5 a 15 μm (mi-
Geralmente obtido pelo uso de substâncias quí-
crons) (1 micron equivale a um milésimo de milí-
micas individuais ou misturas destes. O fixador
metro).
mais comumente usado é formalina (solução
aquosa a 37% de formaldeído). Este fixador não re-
age com lipídios, por isso é um mau fixador de 5ª ETAPA: Coloração
membranas;
Depois dos cortes você tem que hidratar a amos-
tra com uma série de soluções álcool em porção
3º PASSO: Desidratação decrescente para que possa ser colorido com he-
matoxilina (cor azul) e, em seguida, novamente de-
Após a fixação, a amostra é lavada e desidratada
sidratar com uma série de soluções alcoólicas na
em uma série de soluções alcoólicas de concentra-
porção crescente para que possa ser colorido com
ção crescente até atingir 100%. Depois disso,
eosina (rosa).

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Generalidades Celulares
Célula Citoplasma
São unidades estruturais e funcionais básicas de ✓ Matriz citoplasmática (citosol): É um gel
todos os organismos multicelulares. aquoso concentrado composto por moléculas
de diferentes formas e tamanhos.
Suas funções são:
Na maior parte das células é um compartimento
✓ Proteção individual maior. É a região onde ocorre os pro-
✓ Ingestão cessos fisiológicos que são fundamentais para
✓ Digestão a vida da célula (síntese de proteínas e degra-
✓ Absorção dação de nutrientes).
✓ Eliminação de dejetos
✓ Movimento ✓ Inclusões: São considerados componentes não
✓ Reprodução vivos da célula, que podem ou não estar rodea-
As células se dividem em dois compartimentos dos por membrana. Se dividem em inclusiones
principais: lipídicas ou inclusiones cristalinas.

✓ Núcleo;
✓ Citoplasma:
▪ Organelas membranosas; Organelas membranosas
▪ Organelas não membranosas;
▪ Inclusões;
▪ Matriz citoplasmática (citosol) ✓ MEMBRANA PLASMÁTICA: É uma estrutura
dinâmica que participa ativamente em muitos
processos bioquímicos e fisiológicos da célula.
Sua organização molecular consiste no chamado
Núcleo modelo do mosaico fluido modificado. Está com-
posto em sua maior parte por moléculas de:
▪ Fosfolipídios;
É um compartimento limitado por membrana que ▪ Colesterol;
contém o genoma nas células eucarióticas. O núcleo ▪ Proteínas
de uma célula que não está se dividindo é chamada
de “célula em interfase” e tem os seguintes compo- Suas moléculas de lipídeos formam um estrato
nentes: duplo (bicapa lipídica) de caráter anfipático
(quer dizer que tem uma parte hidrofóbica, ou
✓ CROMATINA: é um complexo de DNA e proteí- seja, que não absorve água, e outra parte hidró-
nas. As proteínas da cromatina se dividem em fila, que absorve água e está na parte externa da
dois tipos: Histonas e não histonas. membrana).
✓ NUCLÉOLO: É a região onde se sintetiza o RNAr
e se produz o armado inicial dos ribossomos. O Está descrito seis categorias amplas de proteí-
nucléolo é uma estrutura intracelular não mem- nas integrais da membrana:
branosa formada por material fibrilar e granular. ▪ Proteína Bomba: transporta ativamente certos
✓ NUCLEOPLASMA: É todo o conteúdo nuclear íons como Na+ através da membrana;
que não é cromatina e nem nucléolo. ▪ Proteína Canal: cria canal hidrófilo através da
✓ ENVOLTURA NUCLEAR: está formada por duas membrana para que íons e moléculas hidrosso-
membranas, uma interna e outra externa, com lúveis pequenas a atravessem por difusão pas-
um espaço cisternal perinuclear entre estas. A siva, ou seja, tanto para sair como para entrar
envoltura serve para separa o nucleoplasma do na célula.
citoplasma.
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▪ Proteínas Receptoras: Permitem o reconheci- ✓ RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO RUGOSO (RER):
mento e a fixação localizada de ligamentos (mo- O RER associado com os ribossomos foram o
léculas que se unem na superfície externa da sistema que produz a síntese proteica e a modifi-
membrana plasmática); cação das proteínas neosintetizadas através de
▪ Proteínas ligantes: Fixam o citoesqueleto intra- dois processos: transcrição e tradução.
celular a matriz celular;
▪ Enzimas: as ATP desempenham funções espe-
cíficas no bombeamento de íons; ✓ Retículo Endoplasmático Liso (REL): Não se as-
▪ Proteínas estruturais: eles são vistos pelo mé- socia com os ribossomos. Entre suas principais
todo criofratura. funções destacamos as seguintes:
▪ Desintoxicação e conjugação de substancias
nocivas;
O principal mecanismo pelo qual moléculas gran- ▪ Metabolismo dos lipídeos e dos asteroides;
des entram, saem ou se movem dentro da célula se ▪ Metabolismo de glicogênio;
denomina brotação vesicular. Este transporte vesi- ▪ Formação e reciclagem de membranas.
cular pode ser de duas formas:
✓ Endocitose: processo em que as substancias ✓ APARATO DE GOLGI: Se ocupa em modificar,
adentram a célula. Este processo pode ser de classificar e empaquetar proteínas e lipídeos
três formas: para seu transporte intra e extracelular para as
▪ Pinocitose: Incorporação de líquido e pe- seguintes regiões:
quenas moléculas; ▪ Membrana plasmática basolateral;
▪ Endocitose mediada: incorporação de mo- ▪ Membrana plasmática apical:
léculas específicas a célula; ▪ Endossomos ou lisossomos;
▪ Fagocitose: Incorporação de grandes partí- ▪ Citoplasma apical.
culas como bactérias, detritos celulares,
etc.
✓ Exocitose: Processo pela qual as substancias ✓ VESÍCULAS DE TRANSPORTE: Intervém tanto no
saem da célula. Se realiza através de dois me- processo de endocitose como na de exocitose,
canismos: variando de acordo com a forma e tamanho do
▪ Constitutivo; material transportado.
▪ Se secreção regulada.

✓ MITOCÔNDRIAS: São organelas que provém


✓ ENDOSSOMOS: São estruturas formadas por maior parte da energia consumida pela célula,
consequência da endocitose. Estes são chama- através da adenosina trifosfato (ATP), por meio e
dos endossomos prematuros. Logo depois da um processo denominado fosforilação oxidativa.
origem do endossomo prematura, algumas vesí- Tem duas membranas que delineiam comparti-
culas retornam a membrana plasmática e outras mentos bem definidos:
viajam até estruturas mais profundas no cito- ▪ Membrana mitocondrial interna;
plasma, formando o endossomo maduro, que ▪ Membrana mitocondrial externa.
mais tarde se converterá em lisossomo.
São as mitocôndrias que decidem se a célula vive
ou morre. Elas detectam o estresse da célula e
✓ LISOSSOMO: São moléculas digestivas, tem começa a liberar citocromo c no citoplasma celu-
como função a degradação das macromoléculas lar, iniciando assim uma série de reações enzimá-
derivadas da endocitose através de três mecanis- ticas que conduz a célula a apoptose (morte ce-
mos diferentes: lular programada).
▪ Partículas celulares grandes;
▪ Partículas extracelulares pequenas;
▪ Partículas intracelulares. ✓ PEROXISSOMA: Pequenas organelas que con-
tém enzimas oxidativas, como a catalase e outras
peroxidase, que participam na produção e degra-
dação de Peróxido de Hidrogênio (H202 – água

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oxigenada) e na degradação de ácidos graxos por
ser substancias nocivas a célula. ✓ FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS: Eles têm
uma função de apoio. Eles são chamados intermedi-
ários por causa de seu diâmetro, eles estão entre os
Organelas filamentos de actina e o microtúbulos. Suas proteí-
nas são caracterizadas por ter um domínio bastoni-
Não membranosas forme central muito variável com domínios globula-
res estritamente conservados em cada extremidade
e são indispensáveis para a integridade das cone-
✓ MICROTÚBULOS: são tubos proteicos ocos, xões célula-célula e célula-matriz. Os Filamentos In-
rígidos e não ramificados que podem desarmar-se termediários estão agrupados em 4 classes princi-
com rapidez em uma região e rearmar-se em outra. pais:
Eles criam um sistema de conexões dentro da cé- ▪ Queratinas;
lula, que guia o movimento vesicular. Está composto ▪ Filamentos de vimentina;
por tubulina alfa e beta. Se originam dentro do Cen- ▪ Neurofilamentos;
tro Organizador de Microtúbulos (MTOC) perto do ▪ Lâminas;
núcleo. Os microtúbulos possuem múltiplas fun-
ções celulares essenciais:
▪ Transporte vesicular intracelular; ✓ CENTRÍOLOS: São cilindros citoplasmáticos
▪ Movimento de cílios e flagelos; curtos, aos pares, formados por nove tripletos de
▪ Fixação dos cromossomas ao fuso mitótico e microtúbulos. A região da célula onde o centríolo
seu movimento durante a mitose e meiose está localizado é chamada de MTOC ou centros-
(através de proteínas motoras: dineinas e ci- soma, que é a região onde a maioria dos microtúbu-
nesinas). los são formados. O desenvolvimento do MTOC de-
▪ Alargamento e movimento das células; pende da presença de centríolos, se não houver cen-
▪ Manutenção da forma celular. tríolos, MTOC não aparece.
As funções dos centríolos estão organizadas em
✓ MICROFILAMENTOS (FILAMENTOS DE AC- 2 categorias:
TINA): São estruturas polarizadas, estão em quase ▪ Formação de corpos basais
todo tipo de célula. Seu extremo de crescimento rá- ▪ Formação de fusos mitóticos;
pido recebe o nome de extremo plus. Seu extremo
de crescimento lento recebe o nome de extremo mi-
nus. Seu ritmo de polimerização e organização se lo- ✓ CORPOS BÁSICOS: Todo cílio precisa de um
gra pela concentração de Actina G e da interação de corpo basal. Cada corpo basal é derivado de um cen-
proteínas fixadoras de actina (ABP). Participam de tríolo e serve como um centro organizador para o ar-
diversas funções celulares: mado com os microtúbulos do cílio.
▪ Ancoragem e movimento de proteínas de
membrana;
▪ Formação do núcleo estrutural das microvilo- ✓ RIBOSSOMOS: Estruturas compostas de
sidades; RNA ribossômico (RNAr) e proteínas ribossômicas.
▪ Locomoção celular; São indispensáveis para a síntese de proteínas;
▪ Emissão de extensões celulares;

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Tecido Epitelial
O epitélio é um tecido avascular composto de cé-
lulas que:
Classificação do Epitélio
✓ Revestem as superfícies corporais externas;
✓ Revestem cavidades fechadas internas; É baseada em dois fatores: número de camadas ce-
✓ Revestem tubos corporais que se comunicam lulares e formato das células superficiais.
com o exterior (tratos gastrintestinais, respirató-
Sendo assim, pode ser segundo a quantidade de ca-
rio e geniturinário);
madas:
✓ Forma a porção secretora (parênquima) das glân-
dulas e seus ductos; ✓ Simples: Quando a sua espessura é formada por
✓ Algumas células epiteliais especializadas funcio- uma única camada de células;
nam como receptores para sensações especiais ✓ Estratificado: Quando tem duas ou mais camadas
(olfato, paladar, audição e visão). de células.

As células que compõem o epitélio apresentam al- Segundo seu formato, podem ser classificados
gumas características principais: como:
✓ Estão intimamente unidas e aderem uma às outras ✓ Pavimentosa ou planas: quando a largura da cé-
por meio de moléculas de adesão intercelulares, lula e maior que a sua altura;
que formam junções celulares especializadas; ✓ Cúbica: quando a largura, profundidade e altura
✓ Exibem polaridade funcional e morfológica, ou são aproximadamente as mesmas;
seja, apresentam uma região apical, lateral e ba- ✓ Colunar ou Cilíndrica: quando a altura da célula
sal; excede a sua largura.
✓ Sua superfície basal se encontra fixada em uma
membrana basal (cama acelular rica em proteínas Além dessas classificações, ainda existem os epi-
e polissacarídeos). télios especiais:
✓ Pseudoestratificado: parece estratificado, mas
Algumas células epiteliais carecem de uma super- não é. Isso acontece por que algumas células que
fície livre, e são designadas por isso como tecido epi- repousam na superfície basal não alcançam a su-
telióide. Esse tipo de tecido é típico de: perfície livre, dando esse falso aspecto de estrati-
ficado, quando na verdade é epitélio simples.
✓ Glândulas endócrinas;
✓ Epitélio de Transição ou Urotélio: É um epitélio es-
✓ Células intersticiais de Leydig nos testículos;
tratificado com características morfológicas espe-
✓ Células luteínicias do ovário;
cíficas que o permitem se distender. Está presente
✓ Ilhotas de Langerhans no pâncreas;
nas paredes das vias urinárias.
✓ Parênquima da glândula suprarrenal;
✓ Lobo anterior da hipófise;
✓ Células reticulo epiteliais do timo. Em localizações específicas, o epitélio pode rece-
ber um nome diferenciado, como:
✓ Endotélio: revestimento epitelial dos vasos san-
guíneos e linfáticos;
✓ Endocárdio: revestimento epitelial dos ventrícu-
los e átrios do coração;
✓ Mesotélio: revestimento das paredes e cobre o
conteúdo das cavidades fechadas do corpo (como
cavidade abdominal, pericárdica e pleural).
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A função da lâmina basal é:
Função do tecido epitelial
✓ Adesão estrutural;
✓ Compartimentalização;
São as funções do tecido epitelial: ✓ Filtração;
✓ Indução de polaridade;
✓ Barreira de proteção: Como os epitélios da epi-
✓ Suporte tecidual.
derme (estratificado plano queratinizado) ou o epi-
télio da bexiga (de transição).
✓ Secreção: Como o epitélio cilíndrico do estomago
e das glândulas gástricas; Região Apical
✓ Absorção: Como o epitélio cilíndrico do intestino
e dos túbulos contornados proximais dos rins;
✓ Transporte: Como no transporte de materiais ou Na região apical, muitas células epiteliais podem
células ao longo da superfície de um epitélio pelos apresentar modificações estruturais especiais em
cílios móveis ou no transporte de materiais por sua superfície. Essas alterações são:
meio de um epitélio para dentro e para fora do te- ✓ Microvilosidades: São prolongações citoplasmáti-
cido conjuntivo;
✓ Proteção Mecânica: Como no epitélio estratificado
plano da pele (epiderme) e o epitélio de transição
da bexiga urinária;
✓ Função receptora: para receber e traduzir os estí-
mulos externos, como nos botões gustativos da
língua, no epitélio olfatório da mucosa nasal e na cas digitiformes na superfície apical da maioria
retina do olho. das células epiteliais;

Polaridade do epitélio
Membrana basal
É a membrana que está localizada junto com a su-
perfície basal das células epiteliais. Está composta
por: ✓ Estereocílios: São microvilosidades imóveis de
✓ Lâmina Lúcida: É o espaço que está entre a lâmina uma longitude extraordinária que facilita a absor-
basal e as células; ção;
✓ Lâmina basal: está localizada entre o epitélio e o
tecido conjuntivo adjacente. A lâmina basal é a re-
gião de adesão estrutural para as células que es-
tão acima e o tecido conjuntivo que está abaixo.

A lâmina basal possui pelo menos quatro grupos de


moléculas:
✓ Colágeno IV;
✓ Laminina; ✓ Cílios: São estruturas citoplasmáticas móveis ca-
✓ Fibronectina; pazes de mover líquido e partículas sobre as su-
✓ Entactina; perfícies epiteliais.
✓ Proteoglucanos;
✓ Integrinas.

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variáveis. Sua organização estrutural permite
Região Lateral sub classificá-las segundo a disposição das
células secretoras ou segundo a ramificação
dos condutos excretores em:
A região lateral das células epiteliais está em íntimo
contato com as regiões laterais opostas das células
- Simples: Conduto excretor não ramificado;
vizinhas. Esta região se caracteriza por ter proteínas
- Composta: conduto excretor ramificado;
exclusivas (moléculas de adesão). As uniões laterais
- Tubular: A porção secretora tem forma de
são de três tipos:
um tubo;
✓ União oclusiva; - Alveolar ou acinosa: porção secretora é ar-
✓ União aderente; redondada com uma luz pequena;
✓ União comunicante. - Tubuloalveolar: característica mista.

Classificação das glându-


Região Basal las exócrinas - segundo seu
Se caracteriza por vários elementos:
mecanismo de secreção
✓ Membrana basal: que está localizada junto a su-
perfície basal das células epiteliais; ✓ Merócrina: O produto de secreção é enviado a su-
✓ Uniões célula-matriz extracelular: que fixam a cé- perfície apical (membrana plasmática) da célula
lula a matriz extracelular; em vesículas limitadas por membrana. Este é o
✓ Pregueamentos da membrana basal: aumentam a método mais comum de secreção. Exemplo: Célu-
área de superfície e facilitam as interações morfo- las pancreáticas.
lógicas entre células adjacentes e as proteínas da ✓ Apócrinas: O produto de secreção se libera na
matriz extracelular. porção apical da célula, dentro de uma envoltura
de membrana plasmática que está rodeada por
uma fina camada de citoplasma. Exemplo: Glân-
dula mamária de uma gestante.
Classificação das glându- ✓ Holócrina: O produto de secreção se acumula
las segundo o destino dos seus dentro da célula madura e ao mesmo tempo sofre
uma morte celular programada. Exemplo: Glân-
produtos dula sebácea da pele.
✓ parácrina: Seu produto de excreção não chega à
corrente sanguínea, ficando no tecido conjuntivo,
✓ ENDÓCRINAS: São as glândulas que carecem de ocasionando assim a destruição de células vizi-
sistema de condutos excretores. Secretam seus nhas.
produtos no tecido conjuntivo, onde se introdu-
zem na corrente sanguínea para alcançar as célu-
las diana. Seus produtos são as hormonas. Classificação das glându-
✓ EXÓCRINAS: São as glândulas que secretam seus las exócrinas - segundo o
produtos até a superfície em forma direta ou atra-
vés de tubos ou condutos epiteliais. Estas glându- tipo de secreção
las podem ser:
▪ Unicelulares: São as estruturas mais simples.
O componente secretor consiste em células in- ✓ Mucosas: É consequência de uma grande glicosi-
dividuais distribuídas entre outras células não lação das proteínas constitutivas com oligossaca-
secretoras. (Exemplo: células caliciformes). rídeos aniônicos.
▪ Multicelulares: Estão compostas por mais de ✓ Serosas: Em contraste com as células secretoras
uma célula e exibem graus de complexidade de muco, as células serosas produzem secreções

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✓ proteicas não glicosiladas ou com escassa glico-
silação.
Classificação das glându-
✓ Mistas. las segundo sua forma
✓ Retas;
✓ Ramificadas;
✓ Enroladas;
✓ Compostas.
CLASSIFICAÇÃO ESQUEMA LOCALIZAÇÕES
Sistema circulatório;
Cavidades Corporais;
Simples plano Cápsula de Bowman (rim);
Espaços respiratórios no pulmão.

Pequenos dutos das glândulas exócrinas;


Superfície do ovário (epitélio germinativo);
Simples cuboide Túbulos uriníferos;
Folículos tireoidianos.

Intestino delgado e cólon;


Simples colunar Revestimento do estomago e glândulas gástricas;
Vesícula biliar.

Traqueia e árvore brônquica;


Pseudoestratificado Duto deferente;
Dutulos eferente do epidídimo.

Epiderme;
Estratificado plano Cavidade oral e esôfago;
Vagina.

Dutos das glândulas sudoríparas;


Estratificado cuboide Grandes dutos das glândulas exócrinas;
Junção anorretal.

Dutos maiores das glândulas exócrinas;


Estratificado colunar Junção anorretal.

Cálices renais;
Ureteres;
De transição (Urotélio) Bexiga;
Uretra.

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CLASSIFICAÇÃO ESQUEMA LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

Intestino grosso: A porção secretora da glândula é um tubo


Tubular sim-
glândulas intesti- reto formado pelas células secretoras (célu-
ples
nais do cólon. las caliciformes)

Tubular
A estrutura tubular espiralada é composta
Pele: glândula su-
Espiralada pela porção secretora localizada profunda-
dorípara écrina
mente na derme.
simples

Estômago: Glân-
Tubular dulas secretoras do As glândulas tubulares ramificadas com
uma ampla porção secretora são formadas
Glândulas simples

Ramificada piloro.
pelas células secretoras e produzem uma se-
simples Útero: Glândulas creção mucosa viscosa
endometriais,

As glândulas acinosas simples desenvol-


Acinosa Uretra: Glândulas
vem-se como uma dilatação sacular do epité-
parauretrais e periu-
simples lio de transição e são formadas por uma
retrais.
única camada de células secretoras

Estômago: Glân-
dulas secretoras de As glândulas acinosas ramificadas com
Acinosa porções secretoras são formadas por células
muco da cárdia.
ramificada secretoras de mico; a porção com ducto sim-
Pele: Glândulas ples abre-se diretamente no lúmen
sebáceas

Tubular Duodeno: Glându- As glândulas tubulares compostas com


las submucosas de porções secretoras espiraladas localizam-se
composta Brunner profundamente na submucosa do duodeno

As glândulas acinosas compostas com uni-


Acinosa Pâncreas: Porção dades secretoras de formato alveolar são
Glândulas compostas

composta exócrina constituídas por células piramidais de secre-


ção serosa

As glândulas tubuloacinosas compostas


Tubuloaci- podem apresentar unidades secretoras tanto
nosa Glândula salivar
tubulares ramificadas mucosas quanto aci-
submandibular
composta nosas ramificadas serosas; apresentam re-
vestimentos terminais serosos (meias-luas).

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Células caliciformes (setas) dispersas entre as células absortivas. Cada célula caliciforme pode ser considerada como uma
glândula unicelular – o tipo mais simples de glândula exócrina

Glândula Serosa
Glândula mucosa

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Tecido conjuntivo
O tecido conjuntivo é aquele que mantém a forma das outras e assemelham-se muito a fibroblastos. As
do corpo, dando forma aos órgãos. O tecido conjun- fibras colágenas são finas e delicadas.
tivo consiste em:
❖ Células;
Tecido Conjuntivo Adulto
❖ Matriz extracelular, que por sua vez está composta
de:
Também chamado de tecido conjuntivo propria-
▪ Fibras proteicas;
mente dito, apresenta grandes quantidades de colá-
▪ Substância fundamental;
geno tipo I e pode ser classificado de dois subtipos:
▪ Líquido tissular.
❖ Tecido conjuntivo frouxo ou “laxo”: Se carac-
Ele pode se classificar de três maneiras: teriza por ter muitas células e poucas fibras de colá-
geno. Sua substancia fundamental é abundante e
❖ Tecido conjuntivo embrionário;
ocupa maior volume que as fibras. Se encontra prin-
❖ Tecido conjuntivo adulto;
cipalmente embaixo dos epitélios que revestem as
❖ Tecido conjuntivo especializado.
superfícies externas do corpo e cavidades internas.
É muito vascularizado.
❖ Tecido conjuntivo denso: por sua vez, pode
Tecido Conjuntivo Embrioná- ser subclassificados de duas maneiras:
rio ▪ Tecido conjuntivo denso irregular: Contém
muitas fibras colágenas, que estão dispostas de
maneira desordenadas e em várias direções distin-
O tecido conjuntivo embrionário é originado da ca- tas. As células são dispersas e predominantemente
mada germinativa média, chamada mesoderma. Por representadas por fibroblastos. Contém certa quan-
meio da proliferação e migração das células meso- tidade de substancia fundamental. Por conta de sua
dérmicas, surge um tecido conjuntivo primitivo, cha- proporção de fibras colágenas, o tecido conjuntivo
mado mesênquima. denso irregular proporciona grande resistência fí-
O tecido conjuntivo embrionário está presente no sica exercidas em órgãos ou estruturas. Podemos
embrião e no interior do cordão umbilical, podendo encontrar esse tipo de tecido na camada reticular
ser classificado de dois subtipos: de derme ou na submucosa dos órgãos ocos.
❖ Tecido Conjuntivo Mesenquimatoso: Se en-
▪ Tecido conjuntivo denso regular: Possui mui-
contra principalmente no embrião, contém células
tas fibras e escassas células. As fibras e células
pequenas e fusiformes, cujo aspecto é relativamente
desse tecido estão muito juntas e alinhadas para
uniforme. Seu espaço extracelular é ocupado por
proporcionar máxima resistência. Por isso, esse
uma substancia fundamental viscosa, na qual se ob-
tipo de tecido se encontra em tendões, ligamentos
servam fibras colágenas e reticulares, ambas muito
e aponeuroses.
finas e esparsas. Possui escassez de fibras coláge-
nas por conta de seu pouco estresse físico.

❖ Tecido Conjuntivo Mucoso: Se encontra no


cordão umbilical e se compõe de matriz extracelular
(MEC) especializada, semelhante a uma gelatina,
composta principalmente de ácido hialurônico. Sua
substancia fundamental é chamada de gelatina de
Wharton. As células fusiformes estão afastadas uma
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lâmina própria do tubo digestivo e nas vias respirató-
Tecido conjuntivo especiali- rios. Se dividem em células T, B e NK.
zado ❖ Plasmócitos: São células produtoras de anti-
corpos derivados dos clones de linfócitos B.
❖ Neutrófilos e Monócitos: Migram com grande
Podem ser adiposo, cartilaginoso, hematopoiético, rapidez desde o sangue até um tecido conjuntivo que
linfácito, ósseo e sanguíneo. tenha sido lesionado. Sua presença indica em geral
uma reação inflamatória aguda.
Células do Tecido Conjun- ❖ Eosinófilos: Intervém nas reações alérgicas e
em infestações parasitárias.
tivo ❖ Basófilos.

Matriz Extracelular
Podem ser classificadas de duas maneiras, residen-
tes (fixas) e errantes (livres).
É uma rede estrutural complexa que inclui proteínas
As células residentes são relativamente estáveis,
fibrosas, proteoglucanos e várias glicoproteínas.
com muito pouco movimento. Podem se classificar
em:
❖ Fibroblastos: Tem como função a síntese de
carboidrato e de fibras de colágeno, reticular e elás-
Fibras do tecido conjuntivo
tica.
❖ Macrófago: São células fagocíticas derivas
Podem ser de três tipos principais:
dos monócitos. Contém um grande aparato de Golgi,
retículo endoplasmático rugoso e liso, mitocôndrias, ❖ Fibras colágenas: São o tipo de fibras mais
vesículas de secreção e lisossomos. Quando encon- abundantes do tecido conjuntivo. São fibras flexíveis
tram corpos estranhos grandes, os macrófagos se e com uma notável resistência tensora. Apresenta su-
unem formando uma enorme célula de até 100 nú- bunidades denominadas fibrilas. Se conhecem até
cleos para fagocitar esse material. agora 19 tipos de colágenos. Sua síntese compre-
❖ Mastócitos: Possui várias substancias vaso- ende acontecimentos intra e extracelular.
ativas e imunorreativas que são liberadas al ser esti-
mulado em forma adequada por algum antígeno pela ❖ Fibras reticulares: Se organizam em redes ou
qual já está sensibilizado. A secreção desses grânu- malhas, promovendo um quadro de apoio para os
los pode trazer como consequência reações de hiper- constituintes celulares de diversos tecidos e órgãos.
sensibilidade imediata, alergia e anafilaxia. Estão compostas de colágeno tipo III.
❖ Adipócitos: É uma célula do tecido conjuntivo
que armazena lipídeos neutros em seu citoplasma. ❖ Fibras elásticas: Se organizam em um modelo
Se diferenciam a partir de células mesenquimatosas ramificado para formar uma rede tridimensional, per-
indiferenciadas. Se encontram em todo o tecido con- mitindo que os tecidos respondam ao estiramento e
juntivo frouxo. Quando se acumula em grande quan- a distensão. São produzidas pelos fibroblastos e cé-
tidade, formam o que se conhece como tecido adi- lulas musculares lisas. Estão formados por dois com-
poso. ponentes estruturais, chamados elastina e fibrila.
❖ Células mesenquimatosas indiferenciadas:
Acredita-se que estas células dão origem as células
diferencias que atuam na reparação e na formação de
tecido novo, como ocorre na cura das feridas e no Substancia fundamental
desenvolvimento de novos vasos sanguíneos (neu-
rovascularização).
Ocupa o espaço que existe entre as células e as fi-
bras. Está constituído principalmente de:
Como células errantes ou livres, temos:
❖ Proteoglucanos: Principal constituinte da
❖ Linfócitos: São as células livres mais peque- substancia fundamental. É responsável pelas propri-
nas do tecido conjuntivo, participam principalmente edades físicas da substancia fundamental. Por meio
nas respostas imunes. São muito abundantes na de proteínas de enlace especiais, os Proteoglucanos
Tainara Bolsoni – Página 14
se unem de forma indireta as hialuranos para formar
macromoléculas gigantes.
❖ Ácido hialurônico: é uma célula rígida, muito
larga, composta por uma cadeia de carboidrato de
milhares de sacarídeos.

Tecido conjuntivo embrionário mucoso do cordão umbilical

Tecido conjuntivo embrionário mesenquimatoso de um feto.

Tecido conjuntivo frouxo (TCF) e Tecido conjuntivo denso ir- Tecido conjuntivo denso regular
regular (TCDNM)

Tainara Bolsoni – Página 15


Tecido adiposo
O tecido adiposo é um tecido conjuntivo especiali- • Multilocular ou pardo: O tecido adiposo
zado, que desempenha importante papel na homeos- pardo é abundante em recém-nascidos, mas tam-
tasia energética (armazena energia nas gotículas de bém está acentuadamente reduzido nos adultos.
lipídeos, na forma de triglicerídeos) e na produção Os adipócitos pardos são menores que os adipó-
de hormônios (adipocinas). citos brancos, contêm muitas gotículas lipídicas
O tecido adiposo pode se classificar de duas ma- (tecido multilocular) no citoplasma e têm um nú-
neiras: cleo periférico.
Serve como fonte disponível de lipídeos. Ao oxi-
• Unilocular ou branco: Representa pelo me- dar-se aumenta a temperatura do sangue (termogê-
nos 10% do peso corporal de um adulto sadio. nese) que circula através dessa gordura.
As células do tecido adiposo branco são os adipó-
citos brancos, células muito volumosas com uma
única e grande gotícula lipídica (unilocular), uma
borda fina de citoplasma e um núcleo achatado na
periferia da célula.
É o responsável exclusivo pela síntese e a secre-
ção de leptina (hormônio que intervém na regulação
da homeostase energética e proporciona um fator de
saciedade circulante). Tem como funções principais
o armazenamento de energia e isolar e amortecer os
órgãos vitais.

Transdiferenciação do tecido adiposo


Os adipócitos são capazes de sofrer transformação (transdiferenciação) de adipócitos brancos em adipó-
citos pardos, e vice-e-versa, em resposta às necessidades termogênicas do corpo. A exposição ao frio e a
atividade física induzem a transdiferenciação dos adipócitos brancos em adipócitos pardos.

Tainara Bolsoni – Página 16


Tecido Cartilaginoso
O tecido cartilaginoso é avascular, composto por desenvolvimento, a cartilagem hialina permite o
condrócitos e uma abundante matriz extracelular crescimento do osso, através do disco epifisário
(mais de 95% do volume da cartilagem), cuja pro- de crescimento. Quando a pessoa alcança seu
dução e manutenção é feita pelos condrócitos. crescimento máximo (por volta dos 20 anos), a pro-
liferação de nova cartilagem se finaliza e o disco
A matriz extracelular constitui o elemento funcio-
epifisário desaparece dando origem a linha epifisá-
nal desse tecido. Ela é sólida e firme, mas ligeira-
ria. Esse desaparecimento do disco epifisário se
mente maleável, o que explica sua elasticidade.
conhece como fechamento epifisário (“cierre epifi-
A grande proporção de glicosaminoglicanos sário”).
(GAG) e as fibras colágenas tipo II, permite a pro-
No adulto, os únicos exemplos de cartilagem hia-
pagação de substancias entre os vasos sanguí-
neos do tecido conjuntivo e os condrócitos. E a lina que restam são as articulações, caixa torácica,
traqueia, brônquios, laringe e nariz.
grande presença de ácido hialurônico o capacita
para suportar peso. As células do tecido hialino são os condroblas-
tos, condrócitos (originados dos condroblastos) e
Podemos classificar o tecido cartilaginoso de
três maneiras de acordo com as características da condroclastos.
sua matriz extracelular, o que difere sua aparência A matriz extracelular da cartilagem hialina é pro-
e propriedades mecânicas: duzida pelos condrócitos e está muito hidratada
(sendo de 60 a 80% de água intercelular) para per-
 Cartilagem Hialina: caracteriza-se por ma-
triz que contém fibras colágenas tipo II, GAG, pro- mitir a elasticidade a difusão de metabólitos. Con-
tém três classes principais de moléculas:
teoglicanos e glicoproteínas multiadesivas;
 Cartilagem Elástica: Caracteriza-se por fi-  MOLÉCULAS DE COLÁGENO: é a principal
bras elásticas e lamelas elásticas, além de compo- proteína da matriz, se divide em colágenos condo-
nentes similares aos da matriz da cartilagem hia- específicos (tipo II corresponde a 90% do total. Há
lina; também tipo IX, X, XI) e colágenos periféricos (tipo
 Fibrocartilagem: Caracteriza-se por fibras VI, se localiza na periferia dos condrócitos).
colágenas tipo I em quantidades abundantes, bem
como por componentes similares aos da matriz da  PROTEOGLICANOS: É a substancia funda-
cartilagem hialina. mental da cartilagem hialina e se divide em três
classes:
▪ Condroitim sulfato e Queratam sulfato: os
Cartilagem Hialina que se unem a uma proteína central formando 1
monômero de proteoglicano.
▪ Ácido Hialurônico: cada molécula de hialu-
A matriz da cartilagem hialina tem aspecto vítreo. rônico se associa ao redor de 80 monômeros de
Em toda a matriz cartilaginosa há espaços denomi- Proteoglucanos, através de proteínas de enlace,
nados lacunas. Dentro das lacunas se encontram para formar agregados de proteoglicanos de hia-
os condrócitos. lurônico.
A cartilagem hialina proporciona uma superfície ▪ Glicoproteínas multiadesivas: são tipos de
de baixo atrito, participa na lubrificação de articu- proteoglicanos que não formam agregados e
lações sinoviais e distribui forças aplicadas ao atuam sobre as interações entre os condrócitos e
osso subjacente. a matriz. São de três tipos: ancorina, tenascina,
fibrotectina.
A cartilagem hialina é a precursora do tecido ós-
seo que se origina pelo processo de ossificação
endocondral. Durante o processo de
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PERICÔNDRIO: É formado por tecido me-

senquimatoso que fica ao redor do blastema. É um
Crescimento
tecido conjuntivo denso que serve como fonte de
novas células cartilaginosas. Está em toda a super-
A cartilagem apresenta dois tipos de cresci-
fície da cartilagem hialina, exceto nas articulações
mento:
sinoviais e disco hipofisário. Apresenta capa in-
terna, que produz as novas células cartilaginosas  Por oposição: É quando uma nova cartila-
e logo o crescimento por oposição, e a capa ex- gem se forma sobre a superfície de uma cartilagem
terna, que é fibrosa. pré-existente. Suas células são produzidas pela
capa interna do pericôndrio. Estas células produ-
zem colágenos tipo I, mas quando a cartilagem ini-
Cartilagem Elástica cia seu crescimento, estas células produzidas pela
capa interna do pericôndrio se convertem em con-
droblastos. Os condroblastos irão produzir a ma-
triz cartilaginosa e células colágenas tipo II.
Além dos componentes normais da cartilagem hi-
 Crescimento Intersticial: É quando uma
alina, a cartilagem elástica contem também fibras
nova cartilagem se forma dentro de uma cartilagem
elásticas e lâminas anastomosadas de material
pré-existente. É produzido através de divisões mi-
elástico que o proporciona características de resi-
tóticas dos condrócitos dentro de suas lagunas.
liência e maleabilidade. A cartilagem elástica tam-
bém está rodeada por pericôndrio. Em geral, a es-
trutura da cartilagem elástica é a mesma da cartila-
gem hialina, a diferença é que a sua matriz não se Calcificação
calcifica com o passar dos anos, como ocorre na
cartilagem hialina. Se encontra cartilagem elástica
na orelha, paredes do conduto auditivo externo, A cartilagem hialina se calcifica em três situações
trompa de Eustáquio e epiglote da laringe. bem definidas:
 Quando está em contato com o osso em
crescimento (pessoas jovens);
Cartilagem Fibrosa  Quando está em processo de envelheci-
mentos (pessoas adultas)
 Quando está por ser substituído por tecido
É uma combinação de cartilagem hialina com te- ósseo (ossificação endocondral).
cido conjuntivo denso regular. Não está rodeado
de pericôndrio. Encontramos cartilagem fibrosa
nos discos intervertebrais, sínfise púbica, articula-
ções esternoclavicular e temporomaxilar, menis-
cos do joelho e regiões onde os tendões se inser-
tam nos ossos. A cartilagem fibrosa atua como um
amortecedor.

Tainara Bolsoni – Página 18


Cartilagem Elástica - E indica as fibras elásticas, Ch indica
os condrócitos.
Cartilagem Hialina – As flechas indicam as cápsulas, onde
dentro delas se encontram as lagunas (parte mais esbranqui-
çada) e os condrócitos. P indica pericôndrio.

Fibrocartilagem - F indica os núcleos de fibroblastos, que


aparecem como pequenos corpúsculos alargados. Tem pou-
cos fibroblastos presentes, como característica do tecido
conjuntivo denso. Os condrócitos (Ch) são mais abundantes
e agrupados muito unidos.

Tainara Bolsoni – Página 19


Tecido Ósseo

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo que se ca-


racteriza por ter uma matriz extracelular minerali-
Células do tecido ósseo
zada, que produz um tecido muito duro capaz de pro-
mover sustentação e proteção. O mineral é fosfato de
O tecido ósseo está composto por células e matriz
cálcio.
óssea. As células são:
O tecido ósseo também serve como local de arma-
❖ Células osteoprogenitoras: Está localizada
zenamento de cálcio e fosfato, e ajuda na regulação
na superfície externa dos ossos. Tem origem mesen-
homeostática da calcemia (concentração normal de
quimatosa e pode se diferenciar em outros tipos de
cálcio no sangue, que pode variar entre 8.9 a 10.1
células, como osteoblastos (e vão), adipócitos, con-
mg/Dl). Essa regulação é dada por substancias:
droblastos e fibroblastos.
❖ A PTH (secretada pelas glândulas paratireoi-
des), atua sobre o osso para elevar o núcleo de ❖ Osteoblastos: São células derivadas das cé-
calcemia que se encontra baixo. lulas osteoprogenitoras e são encarregadas de se-
❖ A calcitonina (secretada pela glândula tiroides) cretar matriz óssea não mineralizada inicialmente
atua para baixar o nível de calcemia que se en- (osteóide) e depois a mineralizar, a partir de secreção
contra alto. de vesículas matriciais que contem uma grande
Toda a espessura dos ossos está coberta por uma quantidade de fosfatase alcalina, ocasionando assim
capsula de tecido conjuntivo denso, denominado pe- sua calcificação. Essa secreção vesicular somente
riósteo (exceto a superfície articular que está coberta ocorre no período em que a célula produz matriz ós-
por cartilagem). O periósteo se divide em duas capas: sea.
A media que deposita matriz óssea (não minerali-
❖ Interna, que contém as células osteoprogenito- zada), o osteoblasto vai ficando rodeado por ela.
ras; Quando termina incluído por completo, o osteóide
❖ Externa. passa a se chamar osteócito. O osteócito agora será
O ponto de união entre as fibras de colágeno dos o responsável por manter a matriz óssea.
tendões e as fibras de colágeno da matriz óssea se
denomina Fibras de Sharpey. ❖ Osteócitos: Derivado dos osteoblastos, os
osteócitos podem sintetizar nova matriz e também a
Enquanto a superfície externa dos ossos está co- reabastecer, esses dois processos contribuem de
berta por periósteo, as cavidades ósseas estão re- maneira importante na calcemia.
vestidas de endósteo, uma capa de células de tecido A morte dos osteócitos, causada por traumatis-
conjuntivo que contém células progenitoras (os- mos, traz como consequência a reabsorção da matriz
teoblastos). Esses espaços e cavidades do osso es- (por atividade dos osteoclastos) e reparação do te-
ponjoso, possui a medula óssea, a qual pode ser de cido (por atividade dos osteoblastos).
dois tipos: Existem 3 estados funcionais para os osteócitos:
❖ Medula óssea vermelha: Está presente nos os- latentes, formativos, reabsortivos.
sos das crianças (osso imaturo);
❖ Medula óssea amarela: Presente nos ossos das ❖ Osteoclastos: Derivados de células progeni-
pessoas adultas (osso maduro). toras hematopoiéticas mononucleares (monócitos
do sangue). Estão intimamente relacionados com os
O osso não possui linfa, mas o periósteo sim.
macrófagos. Aparecem nos locais onde produzem re-
modelado ósseo. Sua função é a reabsorção óssea
através de lagunas de reabsorção, chamadas de

Tainara Bolsoni – Página 20


lagunas de Howship, mediante a liberação de hidro-
lases lisossômicas até o espaço extracelular.
Classificação do tecido ósseo
A porção da célula em contato direto com o osso
pode dividir-se em duas partes: borda recortada e
O tecido pode ósseo pode ser classificado segundo
zona clara (que é a borda em contato direto com a
sua estrutura em osso compacto e osso esponjoso.
superfície de reabsorção).
Pode também ser classificado segundo sua forma
em longo, curto, plano e irregular.
Matriz extracelular ou osteóide E por fim pode ser classificado segundo sua evolu-
ção em osso maduro e imaturo.

A matriz extracelular óssea é constituída de matéria


orgânica e inorgânica. Osso maduro
A matéria inorgânica forma a matriz mineral, sendo
50% da matriz óssea. É constituída de:
Esse tipo de osso é típico em adultos. Pode ser
❖ Cálcio;
classificado em dois tipos:
❖ Fósforo;
❖ Sódio; ❖ Osso maduro compacto: Está composto por
❖ Potássio; unidades estruturais chamadas osteonas ou siste-
❖ Magnésio; mas de Havers. As osteonas consistem em lamelas
❖ Bicarbonato. concêntricas localizadas ao redor de um conduto
central denominado conduto de Havers.
O cálcio e o fósforo são os íons mais encontrados
Possuem dois tipos de condutos:
e formam cristais com estrutura de hidroxiapatita. Os
▪ Conduto de Havers propriamente dito, que
íons da superfície do cristal são hidratados, exis-
serve para nutrir os osteócitos;
tindo, portanto, uma cada de água e íons em volta do
▪ Condutos de Volkman, que serve para comu-
cristal, chamada de capa de hidratação.
nicar os condutos de Havers entre si. Sua caracterís-
Essa capa de hidratação facilita a troca de íons en-
tica histológica principal é que não está envolto por
tre o cristal e o líquido intersticial do tecido conjun-
lamelas concêntricas.
tivo circundante.
Entre as osteonas existem restos de lamelas con-
cêntricas antigas, que não formam um círculo com-
A matéria orgânica da matriz é formada por: pleto ao redor de um conduto, denominado lamelas
❖ fibras colágenas (95%), constituídas de colá- intersticiais.
geno do tipo I;
❖ proteoglicanos; ❖ Osso maduro esponjoso: Possui uma estru-
❖ glicoproteínas. tura similar à do osso compacto, mas possui trabé-
culas com abundantes espaços modulares interco-
A associação de hidroxiapatita com fibras coláge- municados entre si. Também apresentam osteonas.
nas é responsável pela dureza e resistência do tecido
ósseo. Após a remoção do cálcio, os ossos mantêm
sua forma intacta, porém tornam-se tão flexíveis
quanto os tendões.
Osso imaturo
A destruição da parte orgânica, que é principal-
mente colágeno, pode ser realizada por incineração, É o tecido ósseo que se forma no esqueleto de um
e também deixa o osso com sua forma intacta, porém feto em desenvolvimento. Se difere do osso maduro
tão quebradiço que dificilmente pode ser manipulado nos seguintes aspectos:
sem se partir. ❖ Não exibem um aspecto lamelar organizado.
Por causa da disposição das suas fibras, é chamado
Osteoplastos: São espaços na matriz óssea, os de não lamelar;
quais contém os osteócitos. Dos osteócitos se esten- ❖ Contém uma quantidade relativamente maior
dem prolongações denominadas canalículos, que irá de células e substancia fundamental que o osso ma-
conectar com os osteócitos vizinhos. duro;

Tainara Bolsoni – Página 21


❖ Suas células se distribuem ao azar, enquanto
que no osso maduro se orientam ao redor de um eixo;
❖ Sua matriz se tinge melhor com hematoxilina,
e a matriz do osso maduro com eosina;
❖ O osso imaturo não se mineraliza completa-
mente desde o princípio, consequentemente os sis-
temas de Havers mais jovens são menos mineraliza-
dos que os mais antigos.
❖ É um tipo de osso típico em fetos em desen-
volvimento, mas também se encontra nos alvéolos
dentários dos adultos e nos tendões que se insertam
nos ossos.

Tipos de ossificação
O tecido ósseo apresenta dois tipos de ossificação:

❖ Endocondral: O osso se forma com a inter-


venção de uma cartilagem precursora. Se forma com
a diferenciação de células mesenquimatosa em con-
droblastos, que por sua vez produzem a matriz carti-
laginosa.
Uma vez estabelecido, o modelo cartilaginoso expe-
rimenta crescimento intersticial e por aposição. O pri-
meiro sinal de ossificação endocondral é quando as
células do pericôndrio deixam de produzir con-
droblastos e passam a produzir células formadoras
de tecido ósseo (os osteoblastos). Agora o tecido
conjuntivo que rodeava a cartilagem hialina já não se
chama pericôndrio e sim periósteo.
Como consequência destas modificações, se forma
uma fina camada de tecido ósseo ao redor do modelo
cartilaginoso, chamado “callarete” ósseo. Com a for-
mação desse “callarete” ósseo, os condrócitos se hi-
pertrofiam e começam a sintetizar fosfatase alcalina,
ocasionando assim a calcificação da matriz.

❖ Intramembranosa: O osso se forma sem a in-


tervenção de uma cartilagem precursora. Se forma
com a diferenciação de células mesenquimatosas em
osteoblastos, que por sua vez secretam colágenos e
outros componentes da matriz óssea (osteóide).

Tainara Bolsoni – Página 22


Tecido sanguíneo
O sangue é um tecido conjuntivo que circula
pelo sistema cardiovascular.
Plasma
Volume total em um adulto é de aproximada-
mente 6l ou 7 a 8% do peso corporal total. Seu Ph É uma solução aquosa que contém células, pla-
é 7.4 e sua cor varia de vermelho vibrante a escuro. quetas, compostos orgânicos e eletrólitos.
→ Funções do sangue: Mais de 90% do peso do plasma consiste em
→ Transporte de nutrientes e dejetos; água, que serve de solvente para vários solutos (in-
cluindo proteínas, gases, eletrólitos, nutrientes,
→ Meio de distribuição de hormônios;
substancias reguladoras e materiais de degrada-
→ Termorregulador; Ajudam a manter a ção). Além disso, possui 9% do seu peso constitu-
→ Equilíbrio osmótico; homeostasia = equilíbrio ído de proteínas (albumina, globulinas e fibrinogê-
→ Equilíbrio ácido-básico; nio) e 1% de outros componentes (sais, íon, com-
→ Mecanismos de defesa; postos nitrogenados, nutrientes e gases).
→ Coagulação.

Proteínas plasmáticas
Consiste em células e seus derivados (eritróci-
tos/ hemácias, leucócitos, plaquetas/trombócitos),
e um componente extracelular líquido (plasma), o A albumina é a principal e menor proteína do
qual confere ao sangue sua propriedade líquida. O plasma. Produzida no fígado, é responsável por
volume de células no sangue (especificamente eri- manter a pressão osmótica do sangue e também
trócitos/hemácias) é de aproximadamente 45% e atua como proteína carreadora (liga-se a hormô-
de plasma 55%. Já o volume de leucócitos e pla- nios, metabólitos e fármacos e os transporta).
quetas corresponde a aproximadamente 1% do vo-
lume do sangue.
OSMOSE: é a passagem de água de um
meio menos concentrado de substâncias (hi-
potônico) para outro mais concentrado (hiper-
tônico), até que atinja um equilíbrio. Ocorre
sempre quando há diferença de concentração
entre o meio intracelular e o meio extracelular.
As proteínas facilitam essa passagem de água
e substancias pela membrana.
PRESSÃO OSMÓTICA: é a pressão que
possibilita a movimentação da água, fazendo
com que ela atravesse a membrana.

As globulinas são secretadas pelo fígado e tam-


bém ajudam a manter a pressão osmótica dentro
do sistema circulatório e atuam como proteínas
carreadoras para várias substancias (cobre, ferro,
hemoglobina). Existem as globulinas tipo alfa, beta
e gama (anticorpos chamados imunoglobulinas).

Tainara Bolsoni – Página 23


O fibrinogênio é a maior proteína e também é → Hemoglobina HbF: 1% da hemoglobina total
produzida no fígado. Essa proteína é necessária nos adultos. Possui 2 cadeias α (alfa) e 2 ca-
para a formação da fibrina na etapa final da coagu- deias γ (gama). Representa a principal forma
lação. Diminuem a perda de sangue em um local de hemoglobina nos fetos.
lesionado, transformação o fibrinogênio em fi-
brina.

Eritrócitos = hemácias
São as células mais pequenas e numerosas do
sangue. São anucleadas, em formato de discos bi-
côncavos e extremamente deformáveis (sendo as-
sim, eles passam pelos capilares mais estreitos,
dobrando-se sobre si mesmos). A forma do eritró-
cito é mantida por proteínas da membrana (proteí- Molécula de hemoglobina
nas integrais, como banda 3 e glucoforinas, e as
proteínas periféricas, como espectrina, banda 4,
aducina, actina, tropomiosina) associadas com o
citoesqueleto, o que confere sua propriedade elás- Leucócitos
tica e a estabilidade da membrana. Sua vida útil é
de aproximadamente 120 dias, porém a medula ós-
sea produz continuamente novos eritrócitos. Os leucócitos são subclassificados em dois
grupos gerais, sendo determinado pela existência
ou não de grânulos no citoplasma. São eles os gra-
nulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e os
agranulócitos (linfócitos e monócitos).

A função dos eritrócitos é o transporte de O2


para dentro dos tecidos e CO2 para fora dos teci-
dos. Além disso, os eritrócitos contêm uma prote- → NEUTRÓFILOS: são os leucócitos mais nu-
ína especializada, chamada hemoglobina, que se merosos e maiores que os eritrócitos. Seu núcleo
liga a moléculas de oxigênio no pulmão, e, em se- é multilobular e por isso são também chamados de
guida, após transportá-las pelo sistema circulató- neutrófilos polimorfonucleares ou polimorfos. Os
rio, liberá-las nos tecidos. Da mesma maneira, núcleos dos neutrófilos maduros contém dois a
transporta as moléculas de dióxido de carbono quatro lobos unidos por filamentos de cromatina.
(CO2) para fora dos pulmões. Em mulheres, o núcleo apresenta um
A hemoglobina possui quatro cadeias polipep- apêndice pequeno, em forma de ba-
tídicas α (alfa), β (beta), δ (delta), γ (gama), todas queta de tambor, que contem o cro-
elas unidas por um grupo heme que contém ferro. mossoma x inativo e condensado, co-
nhecido como Corpúsculo de Barr ou
A hemoglobina pode se distinguir de diferentes cromossoma sexual).
tipos:
Os neutrófilos possuem 3 tipos de grânulos:
→ Hemoglobina HbA: mais prevalente nos
adultos, sendo 96% da hemoglobina total. o Grânulos azurófilos (primários): São os
Possui 2 cadeias α (alfa) e 2 cadeias β (beta); maiores. São lisossomos que contem hidrolases
acidas, mieloperoxidase, proteína bactericida,
→ Hemoglobina HbA2: 1,5 a 3% da hemoglo- elastasa e colagenasa.
bina total nos adultos. Possui 2 cadeias α
(alfa) e 2 cadeias δ (delta);
Tainara Bolsoni – Página 24
o Grânulos específicos (secundários): São → BASÓFILOS: Tem aproximadamente as
os menores e pelo menos 2x mais numerosos que mesmas dimensões que os neu-
os grânulos azurófilos. São enzimas e agentes far- trófilos e foram assim denomina-
macológicos que ajudam a realizar suas funções dos por que em seu citoplasma
antimicrobianas. possui números grânulos que se
o Grânulos terciários: pode ser do tipo fos- coram com corantes básicos. Re-
fassomo (que contém fosfatases) ou pode ser do presentam 0,5% do número total
tipo que contém metaloproteínas, como gelatina- de leucócitos. São células redon-
ses e colagenases. das e seu núcleo é em formato de S lobular.
Os neutrófilos realizam fagocitose, que é o en- Possui dois tipos de grânulos em seu cito-
globamento de partículas sólidas. No interior das plasma:
células, as partículas ficam envolvidas numa bolsa
chamada fagossomo. Sendo assim, os neutrófilos o Grânulos azurófios (primários): são
englobam corpos estranhos, como bactérias e ví- lisossomos similares as do neutrófilos e contém
rus, digerindo-as em seguida, numa forma de de- varias hidrolases ácidas lisossomicas.
fesa ao corpo. o Grânulos específicos (secundários):
contém heparina, histamina, proteasas e
peroxidasa.
Os basófilos possuem função na indução do
processo inflamatório.

→ LINFÓCITOS: Constituem as principais cé-


lulas funcionais do sistema lin-
fático ou imune. Constitui 30%
do volume total de leucócitos.
Seu núcleo é arredonda e
grande. Seu citoplasma contém
alguns grânulos azurófilos.
São células imunocompetentes
→ EOSINÓFILOS: tem aproximadamente as (células que desenvolveram a
mesmas dimensões dos neutrófilos, capacidade de reconhecer e de
e seus núcleos são bilobulados. respondes a antígenos e que es-
Constituem 4% do total de leucóci- tão em trânsito de um tecido lin-
tos e são células redondas. Sua fático para outro). Os linfócitos
membrana tem receptores IgG e IgE. são capazes de sofrer divisão e diferenciação em
O citoplasma dos eosinófilos possui outros tipos de células e são capazes de se desen-
dois tipos de grânulos: volver fora da medula óssea.
o Grânulos azurófilos (primários): são lisos-
Os linfócitos se classificam de três maneiras,
somos que funcionam na destruição dos parasitos
conforme sua função:
e na hidrolise de complexos de antígeno-anticorpo
incorporados nos eosinófilos. o Linfócitos T: denominados assim por que a
o Grânulos específicos (secundários): na re- diferenciação ocorre no timo. Apresentam longo
gião interna, contém proteína eosinofílica catiônica tempo de sobrevivência e estão envolvidas na imu-
e neurotoxina derivada do eosinófilo, altamente efi- nidade celular. 80% dos linfócitos.
caz para combater parasitos.
As funções dos eosinófilos se baseiam em des-
granular sua proteína básica na superfície dos ver-
mes parasitários e os destruírem; formar poros em
suas cutículas, o que facilita o acesso de agentes
no interior do parasito; ajudam a eliminar comple-
xos antígeno-anticorpo.

Tainara Bolsoni – Página 25


o Linfócito B: são assim denominadas pelo
fato de terem sido reconhecidas pela primeira vez
como uma população isolada na Bursa de Fabri-
cius em aves ou órgãos equivalentes da Bursa nos
mamíferos (como na medula óssea). Apresentam
tempo de sobrevivência variável e estão envolvi-
das na produção de anticorpos circulantes. 20%
dos linfócitos.
o Células NK (natural killer): são assim deno- segunda semana formada no saco vitelino, aos
minadas por serem programadas para matar certos três meses no fígado, depois parte o baço e por
tipos de células infectadas por vírus e alguns tipos fim, na ultima metade da vida fetal até o restante da
de células tumorais. São maiores que as células B vida adulta, é produzida pela medula óssea.
e T e tem um núcleo reniforme. As células sanguíneas tem um período de vida
curto e devem ser substituídas continuamente.
Cada dia se produzem 1011 células sanguíneas.
→ MONÓCITOS: São os mai-
ores leucócitos identificados em Existem algumas teorias diferentes da hemato-
um esfregaço sanguíneo. Se dife- poese:
renciam em macrófagos. Corres-
→ Teoria Monofilética: todas as células san-
pondem a 3 a 8% dos leucócitos. guíneas derivam de uma célula-tronco comum.
Seu núcleo é grande, acêntrico e
em forma de rim. Seu citoplasma → Teoria Polifilética: As células sanguíneas
é cinza azulado e tem grânulos derivam de células-troncos distintas.
azurófilos. A função dos monóci-
tos é a fagocitose e destruir célu-
las mortas, antígenos e bactérias.
Sua vida útil é de 3 dias.
Medula óssea
A medula óssea consiste em vasos sanguíneos
Plaquetas ou trombócitos comuns, unidades de vasos sanguíneos especiali-
zados, denominados sinusoides, e uma rede es-
ponjosa de células hematopoiéticas. Nos sinusoi-
São fragmentos celulares pequenos sem núcleo des são liberadas as células sanguíneas recém-de-
derivados de megacariócitos da medula óssea. Es- senvolvidas e as plaquetas.
truturas discoides com vida útil de 10 dias. Prove- Se encarrega de formar as células sanguíneas e
nientes da medula óssea. As plaquetas estão en- leva-las ao sistema circulatório. Essa função é de-
volvidas em vários aspectos da hemostasia (con- sempenhada desde o 5º mês de vida pré-natal e
trole do sangramento), vigiam o revestimento en- dura até a morte. Temos a medula óssea vermelha
dotelial dos vasos sanguíneos à procura de lacu- e a amarela (é a medula óssea não ativa na hema-
nas ou rupturas, e quando as encontram, traba- topoese e contem adipócitos).
lham para criar um coágulo sanguíneo e estaquear
a perda de sangue.
A troca de componentes entre a medula óssea
e a circulação só tem lugar através das paredes
dos sinusoides.
Hematopoese
Nos adultos, as células-tronco hematopoiéticas
residem na medula óssea. Sob a influência de cito-
Consiste na formação das células do sangue. cinas e fatores de crescimento, essas células dife-
Ela inclui a eritropoese (desenvolvimento de eritró- renciam-se em células progenitoras mieloides co-
citos), leucopoese (desenvolvimento de leucóci- muns (que dão origem aos megacariócitos, eritró-
tos) e a trombopoese (desenvolvimento de plaque- citos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e/ou mas-
tas). O processo de hematopoese se inicia nas pri- tócitos e monócitos) e nas células progenitoras
meiras semanas de vida intrauterina, sendo na
Tainara Bolsoni – Página 26
linfáticas comuns (que dão origem as células T, cé- a partir das mesmas células-tronco dos eritoblas-
lulas B e células NK). tos.

Granulocitopoese
Eritropoese
Os granulócitos originam-se da célula-tronco
CMP que se diferencia em células progenitoras de
Os eritrócitos em desenvolvimento tornam-se
granulócitos/monócitos. As células-tronco CMP
menores, modificam a sua aparência citoplasmá-
também dão origem aos monócitos.
tica, em virtude do acumulo intenso de hemoglo-
bina e eliminam seus núcleos.

Linfocitopoese
Trombocitopoese
Os linfócitos desenvolvem-se a partir da célula-
tronco CLP e dependem da expressão de fatores
As plaquetas são produzidas na medula óssea
de transcrição específicos. Diferenciam-se na me-
pelo megacariócitos (grandes células poliploides
dula óssea e em outros tecidos linfáticos.
da medula óssea vermelha) que se desenvolveram

Tainara Bolsoni – Página 27


Tecido muscular
O tecido muscular é responsável pelo movi- pequenas células muscula- Sincício: massa multinu-
mento do corpo e de suas partes, por mudanças no res, denominadas mioblas- cleada de citoplasma
formada pela fusão de
tamanho e formato dos órgãos. Sua principal fun- tos. células originalmente
ção é a contração. Os núcleos de uma fibra separadas.
Para realizar as contrações, é necessário a inte- muscular esquelética estão
ração dos miofilamentos. Existem dois tipos: localizados no citoplasma, imediatamente abaixo
da membrana plasmática. No tecido muscular, a
▪ Filamentos finos: compostos pela proteína membrana plasmática também é denominada sar-
actina F.
colema e consiste em uma lâmina externa e uma
▪ Filamentos grossos: compostos pela prote- lâmina interna reticular circundante. Sendo assim,
ína miosina II. podemos dizer que o núcleo é periférico subsarco-
Os dois tipos de filamentos ocupam a maior lémico.
parte do citoplasma, que nas células do tecido As fibras musculares são mantidas unidas pelo
muscular são chamadas sarcoplasma. tecido conjuntivo, o qual também une o músculo
O músculo é classificado de acordo com o as- ao osso. Além disso, existe uma abundância de va-
pecto de suas células: sos sanguíneos e nervos no tecido conjuntivo que
circunda as fibras musculares.
▪ Músculo estriado: as células exibem estria-
ções transversais. Ele ainda pode ser classificado O tecido conjuntivo acompanhante do músculo
de acordo com a sua localização: é designado de acordo com a sua relação com as
▪ Músculo esquelético: está inserido nos os- fibras musculares:
sos e é responsável pelo movimento do esqueleto, ▪ Endomísio: É a camada delicada de fibras
da posição e da postura do corpo. Além disso, os reticulares que cerca cada fibra muscular. Apenas
músculos esqueléticos do olho permitem o movi- vasos sanguíneos de pequeno diâmetro e os ra-
mento preciso dos olhos (músculo extrínsecos do mos neuronais mais finos são encontrados no en-
olho). domísio.
▪ Músculo visceral: é morfologicamente ▪ Perimísio: é uma camada de tecido conjun-
igual ao músculo esquelético, mas está restrito aos tivo mais espessa, que cerca um grupo de fibras
tecidos moles, ou seja, a língua, faringe, parte lom- musculares, e assim forma um fascículo muscular.
bar do diafragma e parte superior do esôfago. Eles Os fascículos são as unidades funcionais das fi-
desempenham papel essencial na fala, respiração bras musculares, constituindo o músculo. No peri-
e deglutição; mísio são encontrados vasos sanguíneos e nervos
▪ Músculo cardíaco: encontrado na parede de maior calibre.
do coração e em um pequeno trecho da parede das
veias pulmonares que desembocam no coração.
▪ Músculo liso: as células não exibem estria-
ções transversais.

Músculo esquelético
No músculo esquelético, cada célula muscular,
também chamada de fibra muscular, representa
um sincício multinucleado. A fibra muscular é for-
mada durante o desenvolvimento pela fusão de

Tainara Bolsoni – Página 28


▪ Epimísio: é a bainha de tecido conjuntivo Possuem pouco glicogênio e são unidades moto-
que rodeia os fascículos, constituindo o músculo. ras de contração espasmódica lenta. Possuem
No epimísio são encontrados os principais vasos grande resistência a fadiga, mas geram menos ten-
sanguíneos e nervos. são que outras fibras. São os músculos longos da
espinha do dorso (espinha dorsal), mantendo a po-
sição ereta do corpo.
▪ Fibras tipo IIa (oxidativas rápidas): são as
fibras intermediárias, de tamanho médio, com nu-
merosas mitocôndrias e alto conteúdo de mioglo-
bina. Contém grande quantidade de glicogênio e
são capazes de realizar a glicólise anaeróbica. São
unidades motoras de contração espasmódica rá-
pida, resistentes a fadiga e provocam alta tensão
muscular.

As fibras musculares esqueléticas podem ser


classificadas segundo o seu diâmetro e sua cor in
vivo: fibras vermelhas, brancas e intermediárias.
As fibras musculares ainda podem ser classifi-
cadas segundo sua velocidade de contração (velo-
cidade com a qual a fibra é capaz de se contrair e
de relaxar), a velocidade enzimática da reação da
miosina ATPase da fibra (determina a taxa com que
essa enzima é capaz de degradar as moléculas de ▪ Fibras do tipo IIb (glicolíticas rápidas): são
ATP durante o ciclo de contração) e o perfil meta- fibras grandes que apresentam coloração rosada.
bólico (indica a capacidade de produção de ATP Contém menor quantidade de mioglobina e um me-
por fosforilação oxidativa ou glicólise). nor número de mitocôndrias. Baixo nível de enzi-
mas oxidativas, mas exibem alta atividade enzimá-
As fibras caracterizadas por metabolismo oxidativo
contêm grandes quantidades de mioglobina e um nú- tica anaeróbica e armazenam quantidade conside-
mero maior de mitocôndrias. rável de glicogênio. São unidades motoras de con-
tração espasmódica rápida, propensa a fadiga, que
Existem três tipos de fibras musculares esque- provocam alta tensão muscular. Sua fadiga está re-
léticas: lacionada pela produção de ácido láctico. Fazem
parte dos movimentos de contração rápida e movi-
▪ Fibras tipo I (oxidativas lentas): são peque- mentos finos e precisos.
nas e em cor vermelha. Contém muitas mitocôn-
drias e grandes quantidades de mioglobina.

Tainara Bolsoni – Página 29


longitude do filamento de actina) e desmina (forma
Miofibrilas enlaces cruzados estabilizadores entre miofibrilas
vizinhas).
A fibra muscular é preenchida com subunida- Quando um músculo se contrai, cada
des estruturais e sarcomero se encurta e aumento a sua grossura,
funcionais chama- mas a longitude dos miofiolamentos não se
das miofibrilas. São modifica.
polímeros filamento-
Filamentos finos: contem Actina G, tropomiosina, tropomodu-
sos individuais de lina e troponina.
miosina II, actina e Filamentos Grossos: só miosina.
suas proteínas asso-
ciadas. Os feixes de
miofilamentos que Ciclo de contração
constituem a miofi-
brila são circunda-
dos por um retículo endoplasmático liso bem de- Quando um músculo se contrai, cada sarcô-
senvolvido, também chamado retículo sarcoplas- mero se encurta e aumenta sua grossura, mas a
mático. longitude dos miofilamentos não se modifica.
As estriações transversais são a característica A contração muscular compreendo a locomo-
histológica principal do músculo estriado. No mi- ção dos filamentos finos sobre os grossos. Possui
croscópio, as estriações aparecem como bandas: 5 passos:
▪ Banda A e banda I: filamentos de miosina. ▪ Adesão: a cabeça de miosina está forte-
▪ Banda M: filamentos grossos. mente unida a molécula de actina. É também cha-
▪ Banda H: no meio da banda M, bem visível. mada de configuração de rigidez;
▪ Separação: A cabeça de miosina se desa-
copla do filamento fino. O ATP se une a cabeça de
miosina e induz trocas de conformação e reduz sua
afinidade com a actina.
▪ Flexão: a cabeça de miosina, por hidrólise
de ATP, avança uma distancia curta em relação
com o filamento fino.
▪ Geração de força: A cabeça de miosina li-
bera o fosfato inorgânico e ocorre o golpe de força;
▪ Readesão: A cabeça de miosina se une
com firmeza a uma nova molécula de actina.
Para a reação entre a miosina e a actina, precisa
haver cálcio disponível. Com a contração do mús-
culo, o cálcio deve ser eliminado. Esse processo
se deve graças a combinação de retículo sarco-
A unidade contrátil da miofibrila do músculo es- plasmático e o sistema de túbulos T;
triado é o sarcômero, e está entre as linhas Z. O reticulo sarcoplasmático compreende uma
As PROTEÍNAS PRIMÁRIAS do aparato contrá- série de redes ao redor das miofibrilas. Cada rede
til são a Actina F, Troponina dos filamentos finos e rodeia uma parte do sarcômero, uma rodeia a
a Miosina II dos filamentos grossos. banda A (que corresponde a filamentos grossos) e
outra rodeia a banda I (que corresponde a filamen-
As PROTEÍNAS ACESSÓRIAS são essenciais tos finos). Na união das redes, apresenta duas es-
para regular o espaçamento, a fixação e o alinha- truturas:
mento dos miofilamentos. Incluem a titina (impede
o estiramento excessivo do sarcômero), actinina α ▪ Cisterna terminal: que serve se reservató-
(fixadora de actina, organiza os filamentos em rio de cálcio para ser liberado até o sarcolema atra-
forma paralela) tropomodulina (mantem e regula a vés de canais com comporta para liberação de

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cálcio, fazendo com que comece a contração mus- extremo pelos discos intercalares, enquanto que o
cular. outro está composto por células individuais com
▪ Túbulos T: se localizam entre as cisternas vários núcleos periféricos.
terminais contidas, a altura da união A-I. Contêm As células cardíacas possuem núcleo central.
proteínas sensoriais de voltagem que abre as com- Os discos intercalares são regiões de adesão entre
portas para a liberação de cálcio das cisternas ter- as células próximas. Esta adesão célula-célula pro-
minais. duz fibras de longitude variável.
O complexo formado por um túbulo T e a das Ao analisar o disco intercalar, se observa dois
cisternas terminais adjacentes se denomina tríada. componentes: Componente transversal e compo-
nente lateral.
Ambos os componentes apresentam uniões cé-
Inervação motora lula-célua que se diferencia da seguinte forma:
▪ “Fascia” aderente: que sustenta as células
As fibras musculares esqueléticas estão inerva- cardíacas a seus extremos.
das por neuronas motoras. O ponto de contato en- ▪ “Maculae” aderente: que unem as células
tre as ramificações terminais do axón com o mús- individuais entre si, impedindo que se separem di-
culo se denomina união neuromuscular ou placa ante de contrações repetidas.
motora terminal. ▪ Uniões comunicantes (hendidura): que pro-
vem continuidade iônica entre as células cardíacas
A liberação de Acetilcolina na hendidura sináp-
próximas e também protege as superficiais laterais
tica inicia a despolarização da membrana plasmá-
contra forças geradas durante a contração.
tica, o qual conduz a contração muscular. Uma
neurona, junto com as fibras musculares específi-
cas que inerva, recebe o nome de unidade motora.
Uma só neurona pode inervar centenas de fi-
bras musculares, mas se é um musculo mais deli-
cado, as neuronas inervam muito menos quanti-
dade de fibras motoras.

Inervação sensitiva
O tecido muscular cardíaco se repara mediante
Apresenta receptores sensitivos encapsulados, a formação de tecido conjuntivo denso. Em conse-
denominados “huso muscular”, que proveem de quência, a função se interrompe na região da lesão.
informação sobre o grau de tensão e posição de
um músculo. É composto por “células fusales” e
terminações nervosas.
Tecido muscular liso
Músculo cardíaco Os núcleos das células musculares lisas estão
no centro e com frequência mostram um aspecto
de saca-rolhas nos cortes longitudinais.
Possui os mesmos tipos e organizações de fila-
As células musculares lisas possuem um apa-
mentos contráteis que o músculo esquelético.
rato contrátil composto por:
Mas, além disso, exibem estriações transversais,
chamadas discos intercalares, que atravessam as ▪ Filamento finos: que contem actina, tro-
fibras em forma lineal. pomiosina e caldesmona;
▪ Filamentos grossos: que contem miosina
A diferença entre a fibra do músculo esquelé-
II;
tico é que a fibra do músculo cardíaco está com-
▪ Filamentos intermédios.
posta por várias células cilíndricas unidas no seu
Tainara Bolsoni – Página 31
Outras proteínas do aparato contrátil são as ci-
nasa das cadeias levianas de miosina alfa-actinina
e calmodulina.
As células musculares lisas têm um sistema de
invaginação sarcolemicas, vesículas e ser, mas
não possuem túbulos T.
A contração do músculo liso está regulada por
neuronas do sistema nervoso autônomo, mas tem
uma atividade contrátil espontânea em ausência de
estímulos nervosos.
As células musculares lisas são capazes de di-
vidir-se para manter ou aumentar sua quantidade.

Tainara Bolsoni – Página 32


Tecido nervoso
Visão geral do sistema ner- Composição do tecido ner-
voso voso
O sistema nervoso controla e integra as ativida- O tecido nervoso consiste em dois tipos principal
des funcionais dos órgãos e dos sistemas orgâni- de células: os neurônios e as células de sustenta-
cos. Ele pode ser dividido de duas maneiras: do ção.
ponto de visto anatômico e do ponto de vista fun- O neurônio ou a célula nervosa é a unidade fun-
cional. cional do sistema nervoso. Consiste em um corpo
O ponto de vista anatômico possui duas sub- celular, que contém núcleo, e vários prolongamen-
classificações: tos de comprimento variável. As células nervosas
são especializadas em receber estímulos de outras
✓ SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC): for-
células e em conduzir impulsos elétricos para ou-
mado pelo encéfalo e medula espinhal.
tras partes do sistema por meio de seus prolonga-
✓ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP): for-
mentos. Esse contato especializado de neurônio
mado pelos nervos cranianos, espinais e periféri-
com neurônio que possibilita a transmissão de in-
cos, que conduzem impulsos a partir do SNC (ner-
formação, é chamada sinapse.
vos motores ou eferentes) e de volta para ele (ner-
vos sensitivos ou aferentes); por conjuntos de cor- As células de sustentação são as células não
pos celulares nervosos fora do SNC, denominados condutoras, localizadas próximo aos neurônios.
gânglios; e por terminações nervosas especializa- São designadas como células neurogliais ou glia.
das (tanto motoras quanto sensitivas). O SNC contém quatro tipos de células gliais: oligo-
dendrócitos, astrócitos, micróglia e células epen-
Do ponto de vista funcional, existem também
dimárias. Em conjunto, essas células são chama-
duas subclassificações:
das neuróglia central.
✓ SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO (SNS): con-
Já no SNP, as células de sustentação são desig-
siste nas partes somáticas do SNC e do SNP. Con-
nadas como neuróglia periférica e incluem as célu-
trola as funções que estão sob controle voluntário
las de Schwann, células-satélites e uma variedade
consciente, com a exceção dos arcos reflexos. For-
de outras células associadas a estruturas periféri-
nece inervação sensitiva e motora a todas as par-
cas.
tes do corpo, com exceção das vísceras, dos mús-
culos liso e cardíaco e das glândulas. A função dos vários tipos de células neurogliais
✓ SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): For- inclui:
nece inervação motora involuntária eferente para o
músculo isso, o sistema de condução do coração  Suporte físico (proteção) para os neurônios;
e as glândulas. Fornece também inervação sensi-  Isolamentos dos corpos e prolongamentos
tiva aferente a partir das vísceras (dor e reflexos das células nervosas, facilitando a rápida
autônomos). É formado por duas partes anatômi- transmissão dos impulsos nervosos;
cas e funcionalmente distintas: os sistemas simpá-  Reparo de lesão neuronal;
tico e parassimpático. E uma terceira divisão, a di-  Regulação do meio líquido interno do SNC;
visão entérica, serve ao canal alimentar.
 Depuração dos neurotransmissores das fen-
das sinápticas;
 Troca metabólica entre o sistema circulatório
e os neurônios do sistema nervoso.

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Neurônio SEGUNDO O TIPO DE PROLONGAÇÕES:
i. Homópodas: um só tipo de prolongação;
ii. Heterópodas: os dois tipos de prolongação
O neurônio é a unidade estrutural e funcional do (axón e dendritas);
sistema nervoso. Possuem diâmetro de 5-150mm,
com forma poligonais e superfície côncava. Devido DE ACORDO COM O NÚMERO DE PROLONGA-
ao seu alto grau de diferenciação, os neurônios ÇÕES:
são incapazes de dividir-se. i. Neuronas Unipolares: tem uma só prolonga-
ção, o axón. Só se encontra em embriões
Os componentes funcionais de um neurônio in- precoces.
cluem: o corpo celular, o axón, dendritos e junções
sinápticas. ii. Neuronas bipolares: Com uma prolongação
em cada extremo do corpo celular, ambas se
Os neurônios podem ser classificados de várias consideram “axónes” desde o ponto de vista
maneiras. A primeira classificação é em três cate- estrutura e funcional.
gorias gerais:
iii. Neuronas multipolares: Com mais de duas
I. NEURÔNIOS SENSITIVOS: transmitem impul- prolongações: um axón e dezenas de dendri-
sos dos receptores para o SNC. Os prolongamen- tas.
tos desses neurônios estão envoltos por fibras
nervosas aferentes somáticas e aferentes visce- SEGUNDO SUA MORFOLOGIA
i. Piramidais e fusiformes: No córtex cerebral;
rais. As fibras aferentes somáticas transmitem as
sensações de dor, temperatura, tato e pressão a ii. Piriformes: células de Purkinje no córtex ce-
partir da superfície corporal. Além disso, essas fi- rebral;
bras transmitem a sensação de dor e a propriocep- iii. Estreladas: No tálamo e prolongação anteri-
ção (sensação não consciente) originadas de es- ores da medula espinal;
truturas internas do corpo (músculos, tendões e iv. Globosas: nos gânglios espinais e de Gas-
articulações), fornecendo ao cérebro informações ser.
relacionadas com a orientação do corpo e dos SEGUNDO A LONGITUDE DO AXÓN
membros. As fibras aferentes viscerais transmitem i. Tipo Golgi I: possuem o axón comprido.
impulsos de dor e outras sensações a partir dos Ex.: neuronas piramidais;
órgãos internos, das mucosas, das glândulas e va- ii. Tipo Golgi II: Com axón curto. Ex.: neuro-
sos sanguíneos. nas retinianas.
II. NEURÔNIOS MOTORES: transmitem impul-
sos do SNC ou dos gânglios para as células efeto-
ras. Os prolongamentos desses neurônios estão Corpo celular ou “ soma ”
envoltos por fibras nervosas eferentes somáticas
e eferentes viscerais. Os neurônios eferentes so-
máticos enviam impulsos voluntários para os mús- A soma é a região dilatada do neurônio que con-
culos esqueléticos. Os neurônios eferentes visce- tém um grande núcleo, nucléolo e citoplasma peri-
nuclear. A soma apresenta características de uma
rais transmitem impulsos involuntários para mús-
célula produtora de proteína.
culo liso, células de condição cardíaca (células de
Purkinje) e glândulas. O núcleo é grande, esférico a ovoide, vesiculoso,
central e pálido. Sua cromatina é fina e está unifor-
III. INTERNEURÔNIOS: também denominados
memente dispersa e seu nucléolo é grande e cen-
neurônios intercalados, formam uma rede de co- tral.
municação e de integração entre os neurônios sen-
O citoplasma que rodeia a soma, também deno-
sitivos e motores.
minado “pericárion”, possui ribossomos. No M.O.,
os ribossomos são vistos como pequenos corpús-
Podem ser classificadas ainda: culos, denominados assim de Corpúsculos de

Tainara Bolsoni – Página 34


Nissl. O citoplasma que rodeia o axón é chamado  AXOAXÔNICAS: essas sinapses ocorrem entre
de “axoplasma”. dois axônios.

As sinapses também podem ser classificadas de-


Dendritos pendendo do mecanismo de condução dos impul-
sos nervosos e do modo pelo qual o potencial de
ação é gerado nas células-alvo. Sendo assim, po-
Os dendritos são prolongamentos citoplasmá- dem ser:
tico, que recebem estímulos de outros neurônios e
do ambiente externo. Sendo assim, sua principal  SINAPSES QUÍMICAS: a condução dos impul-
função é receber informações de outros neurônios sos é realizada pela liberação de substancias químicas
ou do ambiente externo e em transportar essa in- (neurotransmissores) pelo neurônio pré-sináptico.
formação até o corpo celular.  SINAPSES ELÉTRICAS: contem junções comu-
Em geral, estão localizados perto da soma e seu nicantes que possibilitam o movimento de íons entre as
diâmetro é maior que a do axón. Porém, são mais células, e consequentemente, a propagação direta da
curtos e são afunilados. Formam ramificações, corrente elétrica de uma célula para a outra. Não neces-
chamadas “arborizaciones dendríticas”. sitam de neurotransmissores para a sua função.

NEUROTRANSMISSORES

Axón Acetilcolina
Catecolaminas
Serotonina

Os axónes são prolongamentos efetores que


transmitem estímulos a outros neurônios ou a cé-
lulas efetoras. Sendo assim, sua principal função é
transmitir a informação da soma para outro neurô- células de sustentação do
nio ou para a célula efetora tal como uma célula
muscular. sn (neuróglia)
O axón não possui corpúsculos de Nissl.

neuróglia periférica
Sinapses
A neuróglia periférica inclui as células de
Schwann, células-satélites e uma variedade de ou-
Os neurônios comunicam-se com outros neurô-
tras células associadas a órgãos ou tecidos espe-
nios e com células efetoras por meio de sinapses.
cíficos (como a neuróglia terminal, telóglia, associ-
As sinapses são junções especializadas entre neu-
ada a placa motora; ou a neuróglia entérica, asso-
rônios, que facilitam a transmissão de impulsos de
ciada aos gânglios da parede do trato gastrintesti-
um neurônio (pré-sináptico) para outro neurônio
nal; ou as células de Muller na retina).
(pós-sináptico).
As sinapses também podem ocorrer entre axô-  CÉLULAS DE SCHWANN
nios e células efetoras (células-alvo), como as cé- No sistema nervoso periférico, as células de
lulas musculares e as células glandulares. Schwann produzem a bainha de mielina. Sendo as-
sim, a principal função consiste em sustentar as fi-
As sinapses entre os neurônios podem ser clas- bras das células nervosas mielinizadas e não mie-
sificadas, morfologicamente, da seguinte maneira: linizadas.
 AXODENDRÍTICAS: essas sinapses ocorrem As células de Schwann são aplanadas, com um
entre axônios e dendritos; núcleo aplanado, um pequeno aparato de Golgi e
 AXOSSOMÁTICAS: essas sinapses ocorrem algumas mitocôndrias. As interrupções entre as
entre axônios e a soma; envolturas de mielina são os “nodos de Ranvier”.

Tainara Bolsoni – Página 35


A mielinização (formação da bainha de mielina) escasso citoplasma, núcleo oval a triangular e prolonga-
começa quando uma célula de Schwann circunda ções irregulares curtas. Protegem o sistema nervoso de
o axônio, e a sua membrana celular torna-se pola- vírus, microrganismos e formação de tumores.
rizada, em dois domínios: a que é exposta ao meio  CÉLULAS EPENDIMÁRIAS: formam o revesti-
externo chama-se membrana plasmática abaxó- mento epitelial dos ventrículos do encéfalo e do conduto
nica; a que está em contato direto com o axón se central da medula. São células cúbicas e cilíndricas dis-
chama membrana plasmática adaxónica ou peria- postas em uma só capa. Carecem de lâmina basal.
xónica. Posteriormente, um terceiro domínio é cri-
ado conectando as duas membranas anteriores.
Chama-se membrana plasmática mesaxónica.
Os nodos de Ranvier é a junção entre duas célu- Resumo Incompleto.
las de Schwann adjacentes. A condução rápida do
potencial de ação se deve a esses nodos. Os im-
pulsos nervosos “saltam de um nodo ao outro”.
Esse processo de chama “condução saltatória ou
descontínua”.
 CÉLULAS SATÉLITES
Estas células ajudam a estabelecer e a manter um
microambiente controlado em torno do corpo neu-
ral do gânglio, proporcionando um isolamento elé-
trico, bem como uma via para trocas metabólicas.

neuróglia central
Existem quatro tipos de neuróglia central:
 ASTRÓCITOS: fornecem suporte físico e meta-
bólico aos neurônios do sistema nervoso central. Sua
morfologia é heterogênea. Eliminam íons e neurotrans-
missores do espaço extracelular. Conservam a barreira
hematocefálica. Existem os astrócitos protoplasmáticos
(células estelares, com abundante citoplasma, núcleo
grande e muitas prolongações curtas) e os astrócitos fi-
brosos (citoplasma eucromático, poucas organelas, pro-
longações compridas e não-ramificadas).
 OLIGODENDRÓCITOS: atuam no isolamento
elétrico e na formação e manutenção da mielina do sis-
tema nervoso central. São menores que os astrócitos e
com menos prolongações ramificadas. Podem envolver
vários axônios de uma vez, o que os diferencia das célu-
las de schwann. Se localizam tanto na substancia cinza
como na branca.
 CÉLULAS MICRÓGLIAS: são fagócitos que eli-
minam dejetos e estruturas danificadas. Células com

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Tecido cardiovascular
O sistema cardiovascular é um sistema de A parede do coração é formada por três cama-
transporte que leva o sangue e a linfa para os teci- das:
dos do corpo e a partir deles. Inclui o coração, os
vasos sanguíneos e os vasos linfáticos.
 EPICÁRDIO: também conhecido como ca-
mada visceral do pericárdio seroso. Consiste em
O coração é órgão que bombeia sangue. Nos va- uma única camada de células mesoteliais e tecidos
sos sanguíneos (capilares) ocorre uma troca bidi- conjuntivo e adiposo subjacentes.
recional de líquido entre o sangue e os demais te-
cidos. O líquido, chamado filtrado sanguíneo, que
leva oxigênio e metabolitos aos tecidos, passa por
uma troca de nutrientes nos tecidos. A maior parte
do líquido volta ao sangue através das veias pós-
capilares. O líquido que resta volta pelos capilares
linfáticos em forma de linfa.
Em conjunto, as arteríolas, a rede capilar asso-
ciada e as vênulas pós-capilares foram uma uni-
dade funcional conhecida como leito microcircula-
tório ou microvascular.
O sangue circula em nosso organismo através
de duas vias de circulação: a circulação pulmonar
(transporta o sangue do coração aos pulmões e re-
torno) e a circulação sistêmica (transporta sangue
do coração aos demais tecidos e retorno).
O coração contém os seguintes elementos:
 Uma musculatura provida do músculo es-
triado cardíaco, que impulsiona o sangue;
 Um esqueleto fibroso, que consiste em
quatro anéis fibrosos que circundam os orifícios
das valvas, formados por tecido conjuntivo denso
irregular;
 Um sistema de condução de impulsos ner-
vosos, para início e a propagação das despolariza-
ções rítmicas, que resulta em contrações rítmicas
do músculo cardíaco. Esse sistema é formado por
células musculares cardíacas modificadas (fibras
de Purkinje).
 Uma vascularização coronária, que con-
siste em duas artérias coronárias e duas veias car-
díacas.

Tainara Bolsoni – Página 37


 MIOCÁRDIO: consiste em músculo cardí-
aco (ver resumo de tecido muscular, igual o mús-
culo esquelético, mas com discos intercalares e
com núcleo central), é o principal componente do
coração.

Válvulas do coração
As válvulas do coração são compostas de te-
cido conjuntivo com endocárdio subjacente. Elas
são formadas por três capas:

 FIBROSA: forma o núcleo da valva e contém


extensões fibrosas a partir do tecido conjun-
tivo denso irregular dos anéis esqueléticos
do coração;
 ESPONJOSA: Consiste no tecido conjuntivo
laxo localizado no lado auricular ou dos va-
sos sanguíneos de cada valva. É composta
por fibras colágenas e elásticas dispostas
 ENDOCÁRDIO: consiste em uma camada frouxamente, imersas em grande quantidade
interna de endotélio e de tecido conjuntivo suben- de proteoglicanos.
dotelial, uma camada média de tecido conjuntivo e  VENTRICULAR: É imediatamente adjacente à
células musculares lisas e uma camada mais pro- superfície ventricular ou auricular de cada
valva e é recoberta com endotélio. Contém
funda de tecido conjuntivo, também chamada de
tecido conjuntivo denso com muitas cama-
camada subendocárdica (contínua com o tecido das de fibras elásticas.
conjuntivo do miocárdio).
Regularização intrínseca da
frequência cardíaca
A contração do coração é sincronizada por cé-
lulas de condução cardíaca especializada, sem um
estímulo direto do sistema nervoso. Os impulsos
são iniciados e propagados pelo sistema de con-
dução do coração (marcapasso do coração).
O sistema de condução do coração consiste
em:
 Nódulo Sinusal;
Tainara Bolsoni – Página 38
 Fibras Internodales; vasculares dispostas cicunferencialmente, elas-
 Nódulo auriculoventricular; tina, fibras reticulares e proteoglicanos. Está entre
 Haz de His; a túnica íntima e a adventícia. Se estende da mem-
 Ramas direita e esquerda; brana elástica interna até a externa. As membranas
elásticas são fenestradas e apresenta maior espes-
 Fibras de Purkinje.
sura nas artérias.
- TÚNICA ADVENTÍCIA: É a capa mais ex-
A regulação sistêmica da frequência cardíaca terna de tecido conjuntivo. É composta principal-
está dada por duas divisões do sistema nervoso mente de fibras colágenas e de algumas fibras
autônomo: elásticas dispostas longitudinalmente. Sua espes-
sura varia de relativamente fina na maior parte do
- FIBRAS SIMPÁTICAS: tem como função sistema arterial, até bem espessa nas veias e vênu-
aumentar a frequência de contração; las. As veias e artérias grandes contém um sis-
- FIBRAS PARASSIMPÁTICAS: tem como tema de vasos, denominado “vaso dos vasos”
função diminuir a frequência de contração. (vasa vasorum) e uma rede de nervos autônomos,
Nas paredes dos grandes vasos sanguíneos denominados “nervos dos vasos” (nervi vascula-
existem receptores nervosos especializados que ris).
participam nos reflexos fisiológicos: IMPORTANTE!
DO PONTO DE VISTA HISTOLÓGICO, OS DIVERSOS TIPOS DE
- BARRACEPTORES: que percebem a ten- ARTÉRIAS E VEIAS SE DISTINGUEM UM DOS OUTROS PELA ES-
são arterial geral; PESSURA DAS PAREDES DAS TÚNICAS.
A CONTRAÇÃO E O RELAXAMENTO DAS CÉLULAS MUSCU-
- QUIMIORRECEPTORES: que detectam alte- LARES LISAS NA TÚNICA MÉDIA INFLUENCIAM SOBRE O
rações na tensão de oxigênio, dióxido de carbono Artérias
FLUXO E A PRESSÃO DO SANGUE.
e pH.
Ambos os receptores se encontram na bifurca-
ção das carótidas e no cajado aórtico e intervém
em reflexos nervosos que permitem o ajuste do vo-
lume cardíaco e da frequência respiratória.

Características gerais das


artérias e veias
As paredes das artérias e veias estão compos-
tas por três camadas, denominadas túnicas. São
elas, em ordem do lúmen para fora:
- TÚNICA ÍNTIMA: é a camada mais interna
do vaso, e possui três componentes. (1) uma única
camada de epitélio simples plano (endotélio); (2)
uma lâmina basal das células endoteliais (fina ca-
mada extracelular, formada principalmente de co-
lágeno, proteoglicanos e glicoproteínas); (3) e a
capa subendotelial (tecido conjuntivo frouxo). A
camada subendotelial da túnica íntima das artérias
e das arteríolas contém uma camada semelhante a
um folheto ou lamela fenestrada (que contém espa-
ços irregulares) de material elástico, denominada
lâmina elástica interna.
- TÚNICA MÉDIA: consiste principalmente
em camadas de células musculares lisas
Tainara Bolsoni – Página 39
Artérias
As artérias se classificam segundo seu tama-
nho e as características da túnica média. Podem
ser artérias grandes ou elásticas, artérias médias
ou musculares, artérias pequenas e arteríolas.
 ARTÉRIAS GRANDES OU ELÁSTICAS
São, por exemplo, a artéria pulmonar, artéria
aorta, ramas do cajado aórtico e as artérias ilíacas.
Se caracterizam por possuir uma grande elasti-
cidade por possuírem múltiplas camadas fibras
elásticas em suas capas. Porém, essa caracterís-
tica está limitada pelas redes de fibras colágenas
localizadas em sua túnica média e adventícia. Se
encarrega de manter e regular a pressão arterial.
As paredes das artérias elásticas estão dividi-
das em três túnicas:
- Túnica íntima: composta por endotélio de
revestimento, membrana basal, capa subendotelial
e uma elástica interna. É relativamente grossa.  ARTÉRIAS MEDIAS OU MUSCULARES
AS CÉLULAS ENDOTELIAIS SÃO RESPONSÁVEIS PELAS - TÚNICA ÍNTIMA: A túnica intima é mais fina
SEGUINTES PROPRIEDADES DOS VASOS:
nas artérias musculares e contém um revestimento
• MANUTENÇÃO DE UMA BARREIRA DE PERMEABILIDADE endotelial, uma escassa capa subendotelial e uma
SELETIVA; membrana elástica interna proeminente;
• MANUTENÇÃO DE UMA BARREIRA NÃO TROMBOGÊNICA;
- TÚNICA MEDIA: Ao contrário das artérias
• MODULAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO E DA RESISTENCIA
elásticas, a túnica media das artérias musculares
VASCULAR;
• REGULAÇÃO E MODULAÇÃO DAS RESPOSTAS IMUNES;
estão compostas quase em sua totalidade por te-
• SÍNTESE HORMONAL E OUTRAS ATIVIDADES METABÓLI- cido muscular liso e escasso material elástico.
CAS; Está separada das túnicas adventícia e íntima por
• MODIFICAÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS. duas membranas elásticas, uma externa e outra in-
terna;
- Túnica média: é a túnica mais grossa e está - TÚNICA ADVENTÍCIA: é relativamente
composta por elastina, células musculares lisas, fi- grossa e com a membrana elástica interna e ex-
bras de colágeno e substancias amorfas. Consiste terna evidente. Apresentam vasa vasorum e nervi
em capas múltiplas de células musculares lisas se- vascularis.
paradas por lâminas elásticas. Artéria muscular. As fibras elásticas estão tingidas em preto.
- Túnica adventícia: é a capa mais fina, está
composta por fibras colágenas, fibras elásticas, fi-
broblastos, macrófagos, vasos sanguíneos que ir-
rigam a própria parede arterial (vasa vasorum) e
nervos que inervam a própria parede arterial (nervi
vascularis).

Tainara Bolsoni – Página 40


 ARTÉRIAS PEQUENAS E ARTERÍOLAS
ARTERIOLA
As artérias pequenas e as arteríolas se distin-
guem uma das outras pela quantidade de capas de
células musculares lisas na túnica média. As arte-
ríolas possuem 1 ou 2 capas, e as artérias peque-
nas possuem até 8 capas.
Também possui 3 túnicas, íntima, media e ad-
ventícia, sendo esta última uma fina camada con-
juntiva mal definida que se confunde com o tecido
conjuntivo adjacente.
As arteríolas controlam o fluxo de sangue até os
capilares através do esfíncter pré-capilar (engros-
samento do músculo liso na origem do leito capi-
lar), direcionando o sangue até a região onde mais
ARTÉRIA PEQUENA
se necessite. Por exemplo, até os músculos se a
pessoa estiver fazendo exercícios ou até o intes-
tino, se a pessoa estiver se alimentando.

Capilares
Os capilares são os vasos sanguíneos de me-
nor diâmetro, com frequência mais pequeno que o
de um eritrócito.
É composto por uma só capa de células endo-
teliais e sua membrana basal. A parede dos capila-
res não possui músculo liso, mas em sua origem
existe um esfíncter muscular liso chamado esfínc-
ter pré-capilar, que tem a função de controlar a
quantidade de sangue que passa pelo leito capilar.

Tainara Bolsoni – Página 41


Os capilares se classificam segundo sua morfo-
logia em três tipos distintos.
Veias
 CAPILARES CONTÍNUOS: são típicos dos
músculos, dos pulmões e do sistema nervoso cen- As túnicas das veias não estão bem definidas
tral. Apresentam uniões oclusivas e pericitos (cé- como as túnicas das artérias.
lulas de Rouger); As veias se classificam em:
 CAPILARES FENESTRADOS: São típicos  VEIA PEQUENA OU VÊNULA: elas são sub-
nas glândulas endócrinas, na vesícula biliar/regi- classificados em vênulas pós-capilares e vênulas
ões de absorção de líquidos e no tubo digestivo. musculares.
Podem apresentar diafragmas em suas paredes. As vênulas pós-capilares recebem o sangue
 CAPILARES DESCONTÍNUOS: São também dos capilares. Seu endotélio é a principal região de
chamadas de sinusoides. São típicos no fígado, no agentes vasoativos (histamina e serotonina). Nos
baço e na medula óssea. Tem um tamanho maior e gânglios linfáticos, essas vênulas são conhecidas
uma forma mais irregular que os demais capilares. como vênulas de endotélio alto. Elas carecem de
Apresentam células de Krupffer e células de Ito. A túnica media e adventícia. Tem diâmetro de
lâmina basal subendotelial pode ser parcialmente 0,02mm. É composta de endotélio, lamina basal e
ou totalmente ausente. pericitos.
As vênulas musculares são uma continuação
das vênulas pós-capilares e possuem túnicas ín-
tima, média e adventícia. Seu diâmetro pode ser de
até 0,1mm.

 VEIA MEDIANA: Apresentam válvulas na


extremidade inferior do vaso. Possuem as três tú-
nicas, íntima (lâmina basal + células musculares li-
sas + tecido conjuntivo + membrana elástica in-
terna), média mais fina (células musculares lisas +
fibras colágenas e elásticas) e adventícia mais
grossa (fibras colágenas + redes elásticas). Tem
diâmetro de até 10mm.
 VEIAS GRANDES: As veias grandes tem
uma túnica media fina e uma túnica adventista
mais grossa. Também apresenta as três túnicas
Anastomose arteriovenosa bem definidas. A íntima (endotélio + lamina basal +
tecido conjuntivo + células musculares lisas), a
média (células musculares lisas + fibras colágenas
Em geral, as artérias transportam o sangue dos
+ fibroblastos) e a adventícia (células musculares
capilares e das veias e os drenam. Porém, nem
lisas + fibras elásticas + fibras colágenas + fi-
todo sangue passa diretamente desde as artérias
broblastos). Seu diâmetro é superior a 10mm.
até os capilares e desde estes até as veias. Existem
caminhos que o sangue passa diretamente das ar-
térias até as veias. Estes caminhos são chamados
anastomose arteriovenosa.
As anastomoses arteriovenosas são comuns na
ponta dos dedos, no nariz, nos lábios, tecido erétil
do pênis e clitóris, etc. A função das anastomoses
é intervir na termorregulação da superfície corpo-
ral.

Tainara Bolsoni – Página 42


Vasos linfáticos
Os vasos linfáticos transportam líquidos desde
os tecidos até a corrente sanguínea. São de calibre
menor e se chamam capilares linfáticos. Se iniciam
em “fondos de sacos ciegos”. Possuem a linfa e
são unidirecionais e apresentam valvas.
Unem-se formando os vasos linfáticos que ter-
minam no Conduto Torácico a direita e na Veia Áci-
gos na esquerda.
São mais permeáveis que os capilares sanguí-
neos e recorrem ao excesso de liquido com prote-
ínas abundantes que existe nos tecidos.
Antes de chegar no sangue, a linfa passa pelos
gânglios linfáticos, onde é exposta a células do sis-
tema imune.
Constam de endotélio e carecem de membrana
basal continua.

VEIA DE GRANDE CALIBRE

Tainara Bolsoni – Página 43


sistema tegumentário

A pele e seus derivados constituem o sistema te- corpo e quase toda a sua espessura está coberta por
gumentário. A pele forma a cobertura externa do folículos pilosos.
corpo e representa o seu maior órgão, constituindo
15 a 20% da massa total. Epiderme
Consiste em duas camadas principais:
i. Epiderme: é composta de um epitélio plano A epiderme é composta de epitélio plano estratifi-
estratificado queratinizado, que cresce continua- cado queratinizado e tecido laxo. Ela está dividida,
mente, mas que mantém a sua espessura normal geralmente, em cinco camadas:
pelo processo de descamação. A pele origina-se do
ectoderma.  ESTRATO BASAL
ii. Derme: é composta de tecido conjuntivo O estrato basal é composto por uma única camada
denso, que proporciona suporte mecânico, resistên- de células que repousa sobre a lâmina basal. Exis-
cia e espessura a pele. A derme origina-se do meso- tem dois tipos gerais de células nessa camada: os
derma. queratinócitos e os melanócitos.

Ainda temos a hipoderme, que contém uma quan- Os queratinócitos são as células originadas da cé-
tidade variável de tecido adiposo disposto em lóbu- lula-tronco que se encontra nesta camada, através
los limitados por tecido conjuntivo. da divisão mitótica, realizando constantemente a re-
novação da das células epidérmicas. Os queratinó-
citos são células pequenas, com formato variando
Além das três camadas, a pele possui seus deriva- entre cuboide a cilíndricas baixas. Apresentam me-
dos epidérmicos, que são anexos a ela: nos citoplasma e este é basófilo, além de que os nú-
cleos são pouco espaçados.
i. Folículos pilosos e pelo;
ii. Glândulas Sudoríparas; Os melanócitos são células basais que possuem
iii. Glândulas Sebáceas; quantidades variáveis de melanina no seu cito-
iv. Unhas; plasma, sendo a célula responsável pela pigmenta-
v. Glândulas mamárias. ção da pele.

As principais funções da pele são:  ESTRATO ESPINHOSO


i. Barreira contra agentes externos; O estrato espinhoso é formado por várias células
ii. Fornece informações imunológicas; de queratinócitos, que nesta camada é chamada de
iii. Participa da homeostasia; espinócitos. Recebe esse nome por que as células
iv. Transmite a informação sensorial; exibem prolongações citoplasmáticas em formato
v. Desempenha funções endócrinas; de espinhas.
vi. Realiza excreção através das glândulas. A prolongação de uma célula se une a prolongação
de outra célula vizinha através de desmossomos. A
região onde se localiza essa união se denomina
A pele pode ser dividida conforme sua espessura. Nodo de Bizzozero.
A pele grossa está localizada na palma das mãos e
na planta dos pés, não possui folículos pilosos. E a Conforme mais superficial é a célula, sua forma al-
pele fina está localizada nas demais regiões do tera-se de cuboide para levemente aplanada.

Tainara Bolsoni – Página 44


 ESTRATO GRANULOSO queratina que se formam neste processo de querati-
nização são de queratina “blanda”.
É a camada mais superficial da porção não quera-
tinizada. A espessura dessa camada varia de uma a ii. Ajudar na barreira contra a água: Esta bar-
três células. Nessa camada, os queratinócitos con- reira epidérmica contra a água se compõe basica-
tém numerosos grânulos de querato-hialina. Esses mente de dois elementos estruturais: uma envoltura
grânulos tem formato irregular e tamanho variável. celular e outra lipídica.
Na envoltura celular uma capa de proteínas insolú-
veis é depositada sobre a superfície interna da mem-
 ESTRATO CÓRNEO brana plasmática.
Na envoltura lipídica uma capa de lipídeos se adere
São células anucleada, desidratas e achatadas. De-
na superfície externa da membrana plasmática.
pois que perdem o seu núcleo e organelas citoplas-
máticas, ficam preenchidas de filamentos de quera-
tina. Estas células queratinizadas cornificadas estão
 MELANÓCITOS
cobertas por uma capa extracelular de lipídeos que
formam o componente principal da barreira contra a Os melanócitos epidérmicos estão dispersos entre
água da epiderme. as células do estrato basal, mas não estabelecem
uniões desmossomicas com os queratinócitos vizi-
O estrato córneo é a camada com espessura mais
nhos.
variável, sendo mais espessa na pele grossa e mais
delgada na pele fina. Os melanócitos produzem melanina e a distribuem
aos queratinócitos vizinhos por meio de doação pig-
mentária.
 ESTRATO LÚCIDO A função da melanina é proteger o organismo con-
O estrato lúcido geralmente só é bem identificado tra os efeitos da irradiação ultravioleta e fornecer cor
na pele grossa e é considerado uma subdivisão do à pele. Sua produção é através da oxidação de tiro-
estrato córneo. Assim como os queratinócitos do sina, por influência da enzima tirosinase, conver-
estrato córneo, as células perdem o seu núcleo e or- tendo-se em DOPA, que, por sua vez, converte-se em
ganelas citoplásticas, e se preenchem de filamentos melanina.
de queratina.

 CÉLULAS DE LANGERHANS
Células da epiderme As células de Langerhans formam parte do sistema
fagocítico mononuclear. Elas apresentam antígenos
da epiderme e derivam da célula-tronco CD34 da me-
 QUERATINÓCITOS dula óssea.
É o tipo celular predominante na epiderme e se ori- Fazem parte da reação de hipersensibilidade re-
gina do estrato basal. Elas têm duas funções princi- tarda. São células individuais, ou seja, não apresen-
pais: tam uniões com os queratinócitos vizinhos.
i. Produção de queratina: a queratina é a prin-
cipal proteína da epiderme e se obtém da seguinte  CÉLULAS DE MERKEL
da maneira. No estrato espinhoso, os ribossomos li-
vres dentro dos queratinócitos começam a sintetizar São células epidérmicas que estão no estrato ba-
grânulos de querato-hialina. Estes contêm duas pro- sal. São muito abundantes nas regiões de percepção
teínas principais que estão associadas aos filamen- sensorial aguda (como nas pontas dos dedos).
tos intermédios. São elas a filagrina e tricohialina. Estão intimamente associadas com fibras nervo-
Elas são responsáveis pela aglomeração dos fila- sas não encapsuladas. Esta combinação entre fibra
mentos de queratina em tonofibrilas. nervosa e célula epidérmica recebe o nome de Cor-
As tonofibrilas começam a transição das células púsculo de Merkel.
granulosas em células cornificadas. Esse processo Estão unidas aos queratinócitos vizinhos através
recebe o nome de queratinização. As fibrilas de de uniões de desmossomos e contem filamentos in-
termédios de queratina em seu citoplasma.
Tainara Bolsoni – Página 45
Se caracterizam por seu conteúdo de grânulos de As células do tipo encapsuladas possuem três
neurosecreção de centro denso. classificações:
i. Corpúsculos de Pacini: captam pressões
mecânicas e vibratórias;
Derme ii. Corpúsculos de Meissner: localizadas nas
papilas dérmicas e funcionam como receptores do
tato;
A derme é composta por tecido conjuntivo denso iii. Corpúsculos de Ruffini: respondem ao des-
irregular, que garante sustento mecânico, resistên- locamento mecânico das fibras colágenas adjacen-
cia e espessura. tes. Respondem ao estiramento e torção.
A derme está composta por duas capas:
i. Derme papilar: está composta por tecido As células de inervação não encapsulada se finali-
conjuntivo laxo e localizada logo abaixo da epi- zam no estrato granuloso e carecem de uma cober-
derme. Contém fibras elásticas delicada e moléculas tura de células de Schwann. Tem como função a per-
de colágeno tipo I e II, organizadas de forma irregu- cepção do tato, frio e calor.
lar. A derme papilar corresponde as papilas e cres-
tas dérmicas.
ii. Derme reticular: É mais grossa, profunda e
contem menos células que a derme papilar. Contém
moléculas de colágeno tipo I e fibras elásticas resis- Anexos cutâneos da pele
tentes bem orientadas, formando linhas regulares de
tensão, chamadas de linhas de Langer.
 FOLÍCULOS PILOSOS
Tem como função a produção e crescimento da
A derme e a epiderme estão aderidas uma a outra pele. Possui três segmentos: infundíbulo, istmo e
por: segmento inferior.
i. Papilas dérmicas: que são evaginações de
tecido conjuntivo da derme na epiderme (corres-
ponde a derme papilar).
 PELOS
ii. Crestas epidérmicas: são projeções simila- Estão compostos de queratina dura. Possuem três
res as pápulas dérmicas que se fundem na derme capas: medula, córtex e cutícula do pelo.
(corresponde ao estrato basal da epiderme).
iii. Hemidesmossomos e adesões focais: ser-
vem para fortalecer a união entre a epiderme com o  GLÂNDULAS SEBÁCEAS
tecido conjuntivo. As glândulas sebáceas secretam uma substancia
chamada sebo, através de um processo de secreção
holócrina. O sebo, desde o momento de sua produ-
Hipoderme ção até o momento da sua secreção dura aproxima-
damente oito dias.

Corresponde ao tecido celular subcutâneo locali-


zado abaixo da derme reticular. Constituída de te-  GLÂNDULAS SUDORÍPARAS
cido adiposo, importante para a reserva de energia. Podem ser classificadas segundo a sua estrutura
em:
i. Glândulas sudoríparas écrinas: Estão por
Inervação da pele toda a superfície do nosso corpo, exceto nos lábios
e nas genitais externas. Não estão associadas com
os folículos pilosos. Se compõe de dois seguimen-
As células que garantem a inervação da pele po-
tos, um secretor e outro canicular.
dem ser do tipo encapsulada e não-encapsulada.

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O segmento secretor está localizado na derme pro- Seu conduto excretor está revestido por epitélio
funda ou na hipoderme superficial. Possuem células estratificado cúbico e carece de células mioepiteli-
mioepiteliais que ajudam a expelir o produto de se- ais.
creção. A função das glândulas apócrinas é produzir uma
O segmento canicular é uma continuação do seg- secreção rica em proteínas e feromonas.
mento secretor. Desemboca na superfície epidér-
mica e está revestido por um epitélio bi estratificado
cúbico e carece de células mioepiteliais. Unhas
A função das células écrinas consiste na regulação
da temperatura corporal, funcionam como órgão ex-
cretor. São placas de células queratinizadas que contem
queratina dura, diferente da queratina da epiderme
que é mais mole.
ii. Glândulas sudoríparas apócrinas: São glân-
A principal função da unha é a proteção dos dedos.
dulas que estão associadas com os folículos pilo-
sas. Também se compõem de dois segmentos.
Seu conduto secretor tem uma luz mais ampla que
das glândulas écrinas, e está revestido por um epi-
télio simples cúbico e células mioepiteliais que aju-
dam a expulsar o produto de secreção para fora da
glândula.
Estrato espinoso e basal

Pele fina

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Células de Pacini

Glândula sudorípara écrina

Células de Meissner

Glândula sudorípara apócrina

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Sistema Linfático
O sistema linfático consiste em grupos de célu- ▪ Células epiteliais ou reticulo epiteliais;
las (linfócitos), tecidos e órgãos que monitoram ▪ Células de Langerhans: estes são encontra-
superfícies do corpo e compartimentos de líquido dos apenas nos estratos intermediários da
e reagem à presença de substâncias potencial- epiderme.
mente nocivas.
Linfócitos e uma ampla variedade de células de
suporte que circulam no sangue (através da linfa)
Órgãos Linfáticos
constituem as células do sistema imunológico. Existem dois tipos de órgãos linfáticos:
Essas células são compostas principalmente de ▪ Órgãos linfáticos primários: constituído
linfócitos T, que têm uma vida longa. Um antígeno pela medula óssea e pelo GALT, sua função é dife-
é qualquer substância que possa induzir uma res- renciar linfócitos em células imunocompetentes,
posta imune específica dos linfócitos. programadas para reconhecer um único antígeno;
▪ Órgãos linfáticos secundários: são os gân-
glios linfáticos, gânglios linfáticos, amígdalas e
Linfócitos baço. Nestes locais é onde os linfócitos T e B so-
frem ativação dependente de antígeno tornando-se
3 tipos de linfócitos são descritos: linfócitos eferentes e de memória.
▪ Linfócitos T: eles diferem no timo e possuem Os linfócitos imunocompetentes são organi-
uma vida longa. Participam de imunidade me- zados em torno de células reticulares e suas fibras,
diada por células. Os linfócitos circulantes re- para formar os órgãos linfáticos secundários.
presentam cerca de 60 a 80%;
▪ Linfócitos B: eles diferem na medula óssea e
no tecido linfático associado ao intestino Identificação de linfócitos
(GALT). Possuem uma vida variável e partici- Diferentes tipos de células de tecido linfoide
pam da imunidade humoral. Eles representam são identificados através de marcadores de dife-
20 a 30% dos linfócitos circulantes; renciação cumulo (CD) que está na superfície dos
▪ Linfócitos NK: originam-se das mesmas célu- linfócitos. Esses CDs são designados com núme-
las precursoras dos linfócitos B e T. Tem ca- ros de acordo com suas relações com os antíge-
pacidade para destruir células infectadas e re- nos. Os mais comuns são:
presentam cerca de 5 a 10% dos linfócitos cir- ▪ Linfócitos T: apresentam marcadores CD2, CD3,
culantes. Essas células são programadas para CD7, além do CD4 adjuvante e CD8 citotóxico;
reconhecer células transformadas. Então, ▪ Linfócitos B: apresentam marcadores CD9,
após o reconhecimento, as células NK liberam CD19, CD20 e CD24;
perforans e fragmentinas, substâncias que ▪ Linfócitos NK: apresentam marcadores CD16,
criam canais na membrana plasmática e no ci- CD56 e CD94;
toplasma celular causando apoptose celular.

Respostas imunes a
Células de Suporte antígenos
As células de suporte incluem:
Eles são divididos em dois tipos:
▪ Macrófagos;
▪ Células reticulares;
▪ Células foliculares;
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Específicos Linfócitos tcd4 e tcd8
Respostas imunológicas específicas podem Os linfócitos T CD4 adjuvantes e as células T
ser: CD8 citotóxicas atuam como patrulhas do sistema
imune. Ambos os tipos de linfócitos têm um recep-
tor de células T (TCR).
▪ Primária, que corresponderá à imunidade ume-
O receptor de células T (TCR) é uma proteína
ral:
que reconhece antígenos em circulação no nosso
Ocorre no primeiro contato do organismo com
corpo, mas só faz isso se:
o antígeno. Caracteriza-se por ter um período de
lactância de vários dias antes de poder detectar um ▪ O antígeno estiver aderido a moléculas de iden-
anticorpo. Este tipo de imunidade corresponderá à tificação (MHC);
imunidade umeral (mediada por anticorpo). Eles ▪ O antígeno é apresentado por células apresen-
são caracterizados pela presença de linfócitos B, tadoras de antígenos (APC);
que após ativado por qualquer antigênico, tornar-
se imunoblastos, os quais por sua vez se prolife- As moléculas de identificação (MHC) se diferem
ram e diferenciam-se em: em:
 Plasmócitos: sintetizam e secretam um an- ▪ MCH I (restrito a linfócitos T CD8 citotóxicos);
ticorpo específico para combater o antí- ▪ MCH II (restrita a linfócitos T CD4 adjuvantes).
geno. Deve-se levar em conta que estes em si não
destroem o antígeno, mas o sinaliza para ser des-
truído por outros células do sistema imune. As células apresentadoras de antígeno APC são
 Linfócitos B, com memória: são aqueles classificadas de acordo com o fato de pertencerem
que permanecem em circulação para responder ou não ao sistema mononuclear fagocitário.
com maior velocidade antes do próximo encontro As APCs que pertencem ao sistema fagocítico
com o mesmo antígeno. mononuclear são:
▪ Macrófagos;
▪ Secundário, que corresponderá à imunidade ▪ Células de Kupffer, do fígado;
mediada por células: ▪ Células de Langerhans, da pele;
Geralmente é mais rápido e mais intenso por- ▪ Células reticulares dendríticas, do baço;
que já tem linfócitos B com memória em circulação ▪ Gânglios linfáticos.
e programados para responder a esse antí-
geno, marcando-os para ser destruídos por linfóci-
tos específicos. Esta é a principal resposta em imu- Os APCs que não pertencem ao sistema fagocí-
nizações contra infecções virais. tico mononuclear são:

Este tipo de imunidade corresponderá à imuni- ▪ Linfócitos B;


dade mediada por células, onde linfócitos T espe- ▪ Células epitélio reticulares do tipo II e III.
cíficos atacam e destroem as células infectadas
por vírus e que foram marcados por linfócitos B Quando os receptores de células T (TCR) dos
com memória; linfócitos T CD4 adjuvantes reconhecem um antí-
Esta imunidade mediada por células é a princi- geno ligado a uma molécula de identificação (MHC
pal responsável pelas rejeições de transplantes. II), eles se ligam a ele. A ligação do TCR ao com-
plexo antígeno-MHC II faz com que esses linfócitos
TCD4 se liberem uma substância específica cha-
não específicos mada citocina. A citocina é um complexo proteico
composto por interleucinas. As interleucinas são
proteínas que estimulam a proliferação e diferenci-
É a resposta inicial do organismo contra a inva-
ação de outros linfócitos T, B e NK.
são de um antígeno e recebe o nome da resposta
inflamatória. Na resposta inflamatória, os antíge- Quando os receptores de células T (TCR) dos
nos podem ser sequestrados por neutrófilos ou fa- linfócitos TCD 8 citotóxicos reconhecem um antí-
gocitados por macrófagos. Consiste em barreiras geno ligado a uma molécula de identificação (MHC
físicas da pele e membranas mucosas. I), eles se ligam a ele. A ligação do TCR ao
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complexo antígeno-MHC I, fazem com que os linfó- outros são processados por macrófagos e linfóci-
citos TCD 8 liberem citocinas que estimularão sua tos B, levando à ativação e diferenciação de linfó-
proliferação. Então os novos linfócitos procurarão citos B em plasmócitos (produtores de anticorpos)
e destruirão as células anormais. e linfócitos B com memória.
Os linfócitos T CD8 citotóxicos só reconhecem No linfonodo há três tipos de ductos linfáticos
antígenos em células anormais do organismo (isto responsáveis por filtrar a linfa, denominados se-
é, células que foram transformadas por um vírus nos:
ou câncer) e não o próprio vírus. ▪ Seno Subcapsular: é onde os vasos linfáticos
aferentes fluem;
▪ Senos trabeculares: surge do seio subcapsular e
Tecidos e órgãos linfáticos deságua no seio medular;
▪ Senos Medulares.

Vasos linfáticos Além da linfa, os linfócitos também circulam
pelo linfonodo, que entram por meio de vênulas en-
Os vasos linfáticos extraem substâncias e flui- doteliais altas (HEV) e o abandonam entrando nos
dos dos espaços extracelulares do tecido conjun- seios linfáticos, que por sua vez desembocam em
tivo para formar a linfa. Os vasos linfáticos são di- vasos linfáticos eferentes.
vididos em dois tipos (em relação aos gânglios lin- Nos gânglios linfáticos, os linfócitos respon-
fáticos): dem frequentemente a antígenos (como os do pes-
▪ Aferente: que leva a linfa aos gânglios linfáti- coço), podendo aumentar de tamanho. Este au-
cos; mento de gânglio é chamado de adenomegalia e
▪ Eferente: que deixa os gânglios linfáticos. ocorre devido à diferenciação de linfócitos e for-
mação de centro germinativo.

Tecido linfático difuso e nódulos Os elementos de suporte do linfonodo são:


linfáticos ▪ Cápsula;
▪ Trabéculas;
Tecido linfático difuso ou nódulos linfáticos são ▪ Tecido Reticular.
o local da resposta imune inicial.
O trato digestivo, trato respiratório e sistema As células do nódulo linfático são:
urogenital são protegidos por acumulações de te- ▪ Células reticulares: sintetizam e secretam colá-
cido linfático no tecido subepitelial (mucosa). Esta geno e substância fundamental.
forma de tecido linfático é chamada de tecido linfá- ▪ Células foliculares dendríticas: não são apre-
tico difuso. sentadoras antígenos (por falta de MHC II), pode
O tecido linfático difuso é subclassificado em: então reter um antígeno por semanas ou meses.
▪ GALT, falando sobre o trato digestivo;
▪ BALT, falando do trato respiratório (brôn- Timo
quios);
▪ SAL, falando do revestimento da pele (pele); Localizado no mediastino antero-superior. As
▪ MALT, falando sobre GALT e BALT juntos. No Células-tronco linfoides multipotenciais (UFC-L)
MALT há uma presença habitual de plasmóci- invadem o timo para se tornarem linfócitos T imu-
tos e eosinófilos; nocompostos (através do processo denominado
▪ educação timocítica), transformando o timo em um
Gânglios linfáticos (linfonodo) órgão linfo epitelial.
O timo persiste como um órgão ativo até a pu-
Eles estão localizados ao longo dos vasos linfá- berdade. Neste momento a diferenciação dos linfó-
ticos e servem como filtros para a linfa. A linfa ao citos T é reduzida e o tecido linfático é substituído
atravessar o linfonodo é filtrada nos seios, nesse por tecido adiposo. Mas não está inativo por toda
processo alguns antígenos são aprisionados por a vida, pode ser reestimulado caso o organismo
suas células foliculares dendríticas, enquanto precise de uma rápida proliferação de linfócitos T.
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O timo apresenta: barreira hematotímica
▪ Cápsula: tecido conjuntivo que envolve o pa-
rênquima tímico; O desenvolvimento de linfócitos que atinjam o
▪ Trabéculas: partições que se estendem para o córtex tímico é impedido de entrar em contato com
parênquima tímico; os antígenos, através de uma barreira conhecida
▪ Lóbulos tímicos: corresponde à região paren- hematotímica.
quimatosa dividida pelas trabéculas. Os componentes da barreira hematotímica são:
▪ Endotélio;
Cada lóbulo tímico apresenta: ▪ Macrófagos;
▪ Córtex; ▪ Células do tipo epitelial tipo I.
▪ Medula.
educação timocítica
O parênquima tímico desenvolve linfócitos T
através de uma malha formada por células epitélio- É o processo pelo qual as células-tronco linfoi-
reticular que pode ser de 6 tipos: des multipotenciais, derivadas da medula óssea,
tornam-se linfócitos T imunocompetente.
▪ Células epitélio-reticulares tipo I: com suas
zonas oclusas, está localizado entre a córtex e Isso é feito da seguinte maneira:
a cápsula, separando a parênquima renal do ▪ Estágio duplo negativo (inicial): onde as molé-
tecido conjuntivo que o envolve. culas CD2 e CD7 são expressas na sua super-
▪ Células epitélio-reticulares tipo II: localizado fície;
no próprio córtex, criando regiões isoladas ▪ Etapa intermediária: a molécula CD1 é ex-
para o desenvolvimento de Linfócitos T. Eles pressa na sua superfície;
também expressam moléculas MCH I e II que ▪ duplo estágio positivo: se expressa TCR, CD3
participam da educação de linfócitos; em sua superfície e moléculas CD4 e CD8 tam-
▪ células epitélio-reticulares tipo III: Localizado bém são expressas;
entre a córtex e a medula. Com o MET você ▪ Seleção positiva: moléculas epitélio-reticula-
pode notar uniões “ocluyentes” entre suas res tipo II e III presentes nessas células, pos-
próprias células do tipo III e também com o suem antígenos próprios e não próprios. Se
tipo IV. Também expressam moléculas MCH I eles reconhecem o MHC e o antígeno, o linfó-
e II que participam na educação de linfócitos; cito sobreviverá a essa fase e se isso não
▪ Células epitélio-reticulares tipo IV: estão loca- acontecer, morrerá.
lizadas entre o córtex e a medula, e também ▪ Seleção negativa: os linfócitos que aprovaram
exibe junções oclusas entre as células do pró- o teste positivo, deixam o córtex e entram na
prio tipo IV e as células tipo III. Juntas, as cé- medula. Aqui as moléculas do MHC se apre-
lulas epitélio-reticulares tipo III e IV formam sentarão aos linfócitos antígenos próprios. Se
uma barreira funcional entre o córtex e a me- eles reconhecerem esse antígeno, será elimi-
dula; nado; se eles não reconhecerem, sobreviverá.
▪ Células epitélio-reticulares tipo V: localizado ▪ Estágio único positivo: nesta etapa, ocorre a
na própria medula, criando regiões isoladas diferenciação dos linfócitos (que sobreviverão
para o desenvolvimento de Linfócitos T; ao estágio anterior) em linfócitos T CD4 coad-
▪ Células Epiteliais do Tipo VI: formam a princi- juvantes e linfócitos T CD8 citotóxicos;
pal característica da medula: os corpúsculos Agora os linfócitos estão prontos para deixar o
de Hassall, os quais produzem hormônios timo e entrar na corrente sanguínea.
de timosina tímicos e Timopoietina;
Além disso, as células epitélio reticulares tam- Estes processos são realizados pelas substân-
bém está presente no córtex do timo, macrófagos, cias secretadas pelas células epitélio-reticular, en-
que são responsáveis pela fagocitose de linfócitos tre as quais estão:
T que não cumprem os requisitos necessários. ▪ Interleucinas;
▪ Estimulando fatores de colônias;
▪ Enterferon γ;
▪ Timosina;
▪ Timopoietina.
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Baço Além de todas as funções importantes que o
baço cumpre, não é indispensável para a vida.
Tem a função de filtrar o sangue, reagindo imu- Suas funções podem ser substituídas pela medula
nologicamente contra antígenos transportados por óssea, fígado e rim.
ele.
O baço é dividido em duas porções:
▪ Polpa branca: consiste em um acúmulo es-
pesso de linfócitos ao redor de uma artéria, que
formam a vaina linfática periaterial ( SAVP ). A
PALS é considerada uma região com timo-depen-
dente. Da polpa branca se estendem prolongamen-
tos chamados nódulos esplênicos.
▪ Polpa vermelha: seu principal papel é a fil-
tragem do sangue. Contém uma grande quantidade
de eritrócitos e corresponde à maior parte do te-
cido conjuntivo esplênico.
Essencialmente, a polpa vermelha consiste nos
sinusoides esplênicos separados por cordões es-
plênicos. Sinusoides esplênicos são envolvidos
por células endoteliais. Entre essas células endo-
teliais existem espaços que permitem que os eri-
trócitos entrem e deixem os sinusoides com
grande facilidade. As extensões de os macrófagos
penetram nesses espaços para detectar antígenos
presentes no sangue circulante.
Os macrófagos dos cordões esplênicos fagoci-
tam e degradam eritrócitos danificados e o ferro na
hemoglobina que continha o eritrócito fagocitado,
o qual será usado na formação de novos eritróci-
tos. Esse processo começa dentro dos macrófa-
gos.
Os macrófagos reconhecem eritrócitos antigos
através de dois mecanismos diferentes:
▪ Mecanismo Inespecífico: os eritrócitos Visão geral das estruturas que constituem o sistema linfático
quando envelhecem tornam-se mais rígidos, sendo
fáceis de ficarem presos pela rede de polpa verme-
lha;
▪ Mecanismo Específico: opsonização da
membrana celular com anticorpos anti-IgG 3.

Assim como o timo, o baço também contém


uma cápsula de tecido conectivo que o rodeia, do
qual partem trabéculas até o parênquima do órgão;
O baço contém dois tipos de funções:
▪ Imune: apresentação de antígenos pela
APC; ativação e proliferação de linfócitos T e B;
eliminação de antígenos do sangue.
▪ Hemopoiético: destruição de antigos eritró-
citos; reciclagem de ferro; formação e armazena-
mento de novos eritrócitos.
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