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Licenciatura em Gestão
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Docente:
1
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.
© Elisabete Félix. 1
Universidade de Évora – ECS - Departamento de Gestão
Análise de Investimentos
Índice
Índice ...................................................................................................................................... 2
• Método do Equivalente-Certo..................................................................... 6
• Aproximação da Taxa de Desconto Ajustada ao Risco............... 9
• Capital Asset Pricing Model (CAPM) .................................................... 12
• Intertemporal Capital Asset Pricing Model ...................................... 17
2. Métodos de Simulação: ............................................................................... 18
Risco e Rendibilidade........................................................................................... 26
Valor Esperado: ................................................................................................... 26
Desvio Padrão (Variância) ............................................................................. 27
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 27
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Análise de Investimentos
breve referência
2. têm a ver com a própria actividade da empresa, risco inerente à laboração normal e não
adaptação às alterações provocadas pela concretização de um projecto de investimento.
Existem vários impactos impossíveis de prever que podem ter efeitos – positivos ou negativos
– nos valores reais dos meios libertos líquidos futuros do investimento em análise.
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Convém, antes demais, efectuar uma breve distinção entre incerteza e risco.
Assim, por incerteza considera-se a imprevisibilidade associada ao resultado futuro de um
acontecimento. Este conceito encontra-se próximo do que entendemos por variância
matemática de uma variável.
Por sua vez o risco encontra-se associado à probabilidade de um fluxo financeiro futuro ocorrer
ou não num valor diferente do que era esperado.
1. Métodos Empíricos:
• Método do Equivalente-Certo
• Aproximação da Taxa de Desconto Ajustada ao Risco
• Capital Asset Pricing Model (CAPM)
• Intertemporal Capital Asset Pricing Model
2. Métodos de Simulação:
• Análise de Sensibilidade
• Análise de Cenários
• Simulação de Monte-Carlo
• Árvores de Decisão (Árvores de Decisão Estocásticas)
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Estes métodos possuem uma série de limitações de definição de base e não estão adaptados à
possibilidade de se alterar a decisão inicial de investir ou não.
Assim surgem as Opções Reais.
1. Métodos Empíricos
incertos em cada período Ft , pelos seus montantes em equivalente certo, Ft - i.é., os meios
libertos líquidos certos do período t que possuem o mesmo valor actual que os meios libertos
líquidos incertos desse período. Assim, o VAL em condições de incerteza poderá ser escrito da
seguinte forma (Trigeorgis, 1996):
T
Ft
VAL = ∑ −I (1)
(1 + r )
t
t =1
com,
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• Método do Equivalente-Certo
A ideia base deste método é que, em contextos de risco, existe um coeficiente a, compreendido
entre 0 e 1, que permite transformar fluxos aleatórios, por definição com risco, em fluxos certos,
para qualquer período t dado (Quintart e Zisswiller, 1994):
at Ft = Ft (2 )
em que:
Os fluxos de liquidez aleatórios devem ser actualizados a uma taxa k que compreende um
prémio de risco, enquanto os fluxos certos, ou tornados certos pela aplicação do coeficiente a,
devem ser actualizados a uma taxa sem risco i. Consegue-se assim deduzir a seguinte relação
(Quintart e Zisswiller, 1994):
n
Fˆt n
Ft n
at Fˆt
VAL = ∑ =∑ =∑ (3)
(1 + k ) (1 + i ) (1 + i )
t t t
t =0 t =0 t =0
da qual resultará:
(1 + i ) (4 )
t
at =
(1 + k )
t
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em que:
em que:
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Mas este método ainda acarreta alguns inconvenientes e logo não nos solucionará o problema
identificado com o método do VAL. Para além da fixação do coeficiente ser subjectiva, um
desses inconvenientes reside no facto de o mesmo desagregar o efeito temporal (o valor do
tempo do dinheiro em condições de certeza) e o da incerteza (aversão ao risco) no VAL de um
investimento, ao descontar pelo valor temporal do dinheiro à taxa de juro sem risco no
denominador e ao se ter em conta a aversão ao risco através do equivalente certo, Ft , no
Exemplo:
0 1 2 3 4 5
Investimento (€) -75000
Meios libertos líquidos (€) 8500 25000 30000 30000 30000
Coeficientes de Equivalente-certo 1,00 0,95 0,90 0,85 0,80 0,75
Solução:
a) VAL 10% = 15045,92 €, TIR = 16,48%, PRI = 3 anos, 4 meses e 18 dias, PRI act.= 4 anos, 2 meses e 9 dias, IRP
= 1,201.
b) VAL 10% = 457,53 €, TIR = 10,21%, PRI = 3 anos, 9 meses e 14 dias, PRI act.= 4 anos, 11 meses e 18 dias, IRP
= 1,006.
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Uma outra alternativa para compensar alguns dos inconvenientes do critério do VAL é o recurso
à chamada Aproximação da Taxa de Desconto Ajustada ao Risco.
Já se demonstrou que, em condições de certeza, o objectivo da maximização do valor de
mercado da empresa é alcançado ao seleccionar projectos de investimento em concordância
com o critério do VAL, ou seja, descontando os meios libertos líquidos futuros ao custo de
oportunidade do capital sem risco ou à taxa de rendimento requerida pela empresa (e pelos
investidores) no mercado da procura de investimentos ditos comparáveis. A mesma ideia
poderá ser utilizada sob condições de incerteza, desde que investimentos comparáveis sejam
interpretados como sendo investimentos que também possuam características de risco similares
(pertencentes à mesma categoria de risco). Este custo de oportunidade do capital de um
projecto, em particular quando em condições de incerteza, pode ser determinado como sendo o
custo dos capitais ou como a taxa de rendimento requerida por investidores de uma empresa
com estrutura de capitais similares e exclusivamente no mesmo tipo de negócios que o projecto
de investimento em consideração. É de reparar que, ao contrário da aproximação do equivalente
certo, a qual separa o efeito do tempo e do risco, a aproximação da taxa de desconto ajustada
ao risco toma em consideração, através da taxa de desconto no denominador, tanto o valor
temporal do dinheiro como a situação de aversão ao risco. Assim, a taxa de desconto ajustada
ao risco, k, será a soma da taxa de juro sem risco r (geralmente aproximada pela yield a três
meses dos BT’s, considerada como sendo livre de risco) utilizada para descontar o valor
temporal do dinheiro (puro desconto) e o prémio de risco, p’, utilizado para realizar o efeito da
compensação do risco associado ao projecto - i.é., k = r + p’.
Se se utilizar uma taxa de desconto, ou custo de oportunidade do capital, constante k, a forma
estática do VAL com recurso à taxa de desconto ajustada ao risco e logo assumindo-se uma
gestão passiva, será:
VAL = ∑
T
( )
E Ft
−I (6 )
(1 + k )
t
t =1
em que:
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desconto ao longo do tempo. Este problema pode ser ultrapassado ao olhar-se para o risco
associado aos meios libertos líquidos anuais de cada projecto individual e determinando
diferentes taxas de desconto ajustadas ao risco com o intuito de se reflectir o respectivo risco
de cada período na extensão do VAL:
VAL = ∑
T E Ft( ) −I
(7 )
t =1 (1 + k )(1 + k )
1 t
onde:
Exemplo:
0 1 2 3 4 5
Investimento -75000
Meios libertos líquidos 8500 25000 30000 30000 30000
Solução:
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a) COC = 14%, VAL 14% = 5285,44 €, TIR = 16,48%, PRI = 3 anos, 4 meses e 18 dias, PRI act.= 4 anos, 7 meses
e 28 dias, IRP = 1,070.
b)
0 1 2 3 4 5
Equivalente-certo 1,00 0,96 0,93 0,90 0,87 0,84
A mensagem básica do CAPM é que o prémio de risco relevante que os investidores pagarão
por um activo com risco em equilíbrio, está directamente relacionado com o risco sistemático
do activo, tal como é dado pelo seu beta ou pela covariância dos seus rendimentos com o
mercado (Trigeorgis, 1996).
A forma do CAPM com o método do VAL é equivalente à forma do VAL com o método do
equivalente-certo (Trigeorgis, 1996).
VAL = ∑
T
( )
E Ft
−I (8)
(1 + E ( R ))
t
t =1
i
onde:
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Contudo o recurso a este tipo de modelos acarreta muitos problemas, colocando muitas reservas
aos resultados obtidos, visto que (Soares, 1995):
• envolvem muitos problemas de estimação estatística;
• pressupõem que o risco do projecto não varia, pelo que a taxa de actualização usada
é constante ao longo do tempo;
• são modelos uniperiódicos; e,
• apresentam pressupostos muito fortes sobre a eficiência dos mercados de capitais.
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Segundo o CAPM:
( ) ( ( ) )
E Ri = R f + β i E Rm − R f = R f + Pr (9)
Em que:
( )
E Ri = Valor esperado do rendimento do projecto i ou taxa de rendibilidade mínima exigida
para o projecto i.
( )
E Rm = Taxa de rendibilidade esperada do mercado
β i = Beta do projecto i
Pr = Prémio de risco global
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sc
Risco
Específico
p Risco
Sistemático
1. Risco Específico – Não afecta todas as empresas, mas apenas uma ou um número
identificável de empresas.
2. Risco Sistemático (ou de mercado) – factores que alteram (com maior ou menor
intensidade) a rendibilidade de todas as acções no mercado (inflação; taxa de juro;
política económica, financeira ou fiscal do governo; conjuntura política nacional ou
internacional). Aqui também incluímos o risco económico e financeiro.
O que interessa então não é medir o risco sistemático absoluto, mas sim o seu contributo
(positivo ou negativo) no risco global de uma carteira diversificada.
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( )
Surge então o Coeficiente Beta β , este é uma medida de risco relativa, ou seja a contribuição
Quanto maior é o Beta, mais arriscado é o projecto e mais elevada é a taxa de rendibilidade
exigida para o projecto.
(
Dt + Vt − Vt −1 )
ri t =
Vt −1
(10)
I t − I t −1
rm t =
I t −1 (11)
Em que:
ri t = rendibilidade do investimento i no momento t
σim (
Co var iância ri t − r f t ;rm t − r f t )
βi m =
σ m2
=
(
var iância rm t − r f t ) (12)
∑ ⎡⎣( r ) ( ) ( ) ( )
n
− r f t − ri t − r f t ⎤ ⎡ rm t − r f t − rm t − r f t ⎤
it ⎦⎣ ⎦
βi m = i=1
2 (13)
∑ ⎡⎣( r ) ( )
n
− r f t − rm t − r f t ⎤
i=1
mt ⎦
O método do CAPM apresenta vantagens e desvantagens. Como vantagens temos que permite:
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Exemplo:
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Investimento -75000
Meios libertos líquidos 8500 25000 30000 30000 30000
Sabe ainda que a rendibilidade dos títulos sem risco é igual a 10%, que a rendibilidade esperado
do mercado é de 13% e que o Beta de acções de empresas cotadas em Bolsa semelhantes a este
projecto é igual a 1,25.
Solução: COC = 13,75%, VAL 13,75% = 5848,93 €, TIR = 16,48%, PRI = 3 anos, 4 meses e 18 dias, PRI act.= 4
anos, 7 meses e 16 dias, IRP = 1,078.
O Modelo de Merton (1973) - Intertemporal Capital Asset Pricing Model - vem ultrapassar a
questão do ajustamento da taxa de actualização a uma estrutura de risco intertemporal, mas a
complexidade da sua estrutura matemática é demasiado grande para ser possível uma aplicação
prática acessível, para não citar o vasto leque de condições ideais pressupostas no modelo
(Soares, 1995).
Para um conhecimento mais aprofundado veja-se o artigo original de Merton (1973).
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2. Métodos de Simulação:
De qualquer forma, depois de todas estas tentativas de resolução do problema, da não reflexão
da flexibilidade na avaliação de investimentos e de tantas barreiras encontradas; a análise
convencional optou por ignorar os problemas envolvidos, limitando-se a considerar o Custo
Médio Ponderado de Capital, ou seja insistindo numa taxa de actualização constante e igual
para todos os projectos da empresa (Soares, 1995).
Para a análise destas caixas negras os métodos de simulação mais comuns são (Soares, 1995):
• a análise de sensibilidade;
• a análise de cenários;
• a simulação; e,
• as árvores de decisão.
• Análise de Sensibilidade
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Esta análise tem por objectivo verificar de que forma a rendibilidade de um projecto de
investimento varia em função da alteração de um ou vários pressupostos do projecto. Ao estudar
apenas a variação de um pressuposto está-se perante uma Análise de Sensibilidade Univariada,
por outro lado ao se analisarem vários pressupostos em simultâneo está-se perante a Análise de
Sensibilidade Multivariada.
Há que ter algum cuidado na selecção dos pressupostos que se irão fazer variar, pois um dos
objectivos é que esses pressupostos sejam variáveis críticas para o projecto, portanto
determinantes para o maior ou menor sucesso deste.
Com esta análise consegue-se então saber quais as variáveis mais sensíveis do projecto, bem
como identificar os pontos críticos de variação das variáveis por forma a que a rendibilidade
mínima se mantenha.
O resultado final desta análise de sensibilidade, para cada uma das variáveis críticas, pode ser
representado num gráfico cartesiano. Quanto mais inclinada for a curva, maior será a
sensibilidade do critério de análise a essa variável.
Esta análise poderá reduzir o falso sentimento de segurança que se possuía anteriormente.
Suponha-se que o VAL é positivo quando a previsão esperada para cada variável é utilizada.
Suponha-se também, que cada número na coluna pessimista é largamente negativo e que todos
os números da coluna optimista são altamente positivos. Mesmo um simples erro nesta previsão
altera muito a estimativa, realizando uma aproximação do cálculo do VAL muito errada.
a) o carácter ambíguo dos seus resultados. Cada um dos componentes dos meios libertos
líquidos de um projecto pode suscitar uma interpretação diferente, mesmo que rotulado de
pessimista ou optimista;
b) a análise de sensibilidade pode inconscientemente aumentar o falso sentido de segurança
entre os gestores. Suponha-se que todas as previsões pessimistas conduzem a VAL
positivos. Um gestor pode sentir que não existe qualquer hipótese de perder dinheiro com
o projecto. Claro que quem se encontra a realizar a estimativa pode simplesmente possuir
uma visão optimista da previsão pessimista. Para combater isto algumas empresas não
tratam as previsões optimistas e pessimistas de forma subjectiva. A sua previsão pessimista
é sempre (por exemplo) 20% menos do que a esperada. Infelizmente esta atitude não é das
melhores, porque um desvio numa percentagem fixa ignora o facto de que algumas variáveis
são mais facilmente previsíveis do que outras (Ross et al., 1996);
c) o ignorar da interdependência das variáveis relevantes, talvez a questão mais grave. É óbvio
que a definição de variáveis relevantes, relativamente independentes, apenas possibilitarão
uma análise de sensibilidade muito pobre;
d) o risco do projecto não depende apenas da sua sensibilidade a variações em algumas das
variáveis, mas também da probabilidade de ocorrência associada a essas variações.
Exemplo:
Ver exercício nº 27 do Módulo 3 de exercícios.
• Análise de Cenários
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Caso se atribuam probabilidades de ocorrência a cada cenário pode-se calcular o valor esperado
e o desvio padrão para cada um dos critérios que se tenha utilizado no estudo de viabilidade
(VAL, TIR, IRP ou PRI). E em caso de a distribuição de probabilidades dos cenários ser a
Normal (ou aproximada) podemos apurar a probabilidade associada à ocorrência de um certo
valor para esses critérios (Soares et al., 2007).
Esta análise é uma variante da análise de sensibilidade multivariada e vem minimizar alguns
problemas associados com a mesma.
Outra análise que também se realiza como complemento da análise de sensibilidade é a Análise
Break-Even, uma vez que cobre as previsões incorrectas. Esta aproximação determina as vendas
necessárias para a queda. Calcula-se o ponto de quebra quer em termos de lucro contabilístico
quer em valor actual (Ross et al., 1996).
Exemplo:
Admita que pretende implementar um novo negócio e que da avaliação económica e financeira
que realizou concluiu que este apresenta um VAL de 150000,00€.
Entendeu que seria bom efectuar vários cenários alternativos de evolução futura do negócio,
tendo definido três cenários optimistas e três pessimistas, para os quais recalculou a viabilidade
económica e financeira do negócio e atribuiu probabilidades de ocorrência.
Os valores resumo foram os seguintes:
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A Simulação de Monte Carlo, introduzida por D. Hertz (1964) é um instrumento que permite
considerar todas as combinações possíveis e portanto, examinar a distribuição completa dos
resultados do projecto, já que leva o analista do projecto ou o gestor a analisar a incerteza e as
interdependências.
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os meios libertos líquidos do projecto ou para o VAL, possa ser gerada (conjuntamente com
o seu valor esperado, desvio padrão e outras estatísticas).
Também este método possui uma série de limitações a ele associadas, vejamos:
• a dificuldade de estimação das inter-relações entre as variáveis e das distribuições de
probabilidades subjacentes;
• ser muito trabalhoso e de difícil interpretação, quando o gestor não tem conhecimentos
suficientes de Teoria das Probabilidades;
• o facto de se obterem as distribuições dos VAL’s e não as distribuições dos meios libertos
líquidos, o que carece de racionalidade económica;
• no caso em que a taxa de actualização utilizada para o cálculo dos VAL’s for uma taxa
ajustada ao risco, há uma duplicação na consideração do mesmo. Em contrapartida, se a taxa
de actualização utilizada for livre de risco, então surge uma contradição, já que se faria a
actualização dos meios libertos líquidos esperados e incertos, como se toda a incerteza
surgisse num determinado momento. Ora, isso é manifestamente contrário ao que a realidade
nos demonstra: a incerteza vai-se revelando ao longo da vida útil do projecto. E mesmo na
hipótese do risco poder ser considerado pela simulação, as limitações subsistiriam;
• mesmo que a administração pretenda basear a sua decisão na distribuição de probabilidades
ou no perfil de risco do VAL, continua a não possuir nenhuma regra de transporte desse
perfil para uma decisão de selecção clara com vista à tomada de acções; somente pode olhar
para o falso VAL esperado (descontado a uma taxa de juro sem risco) e para a sua variância,
até receber ordens de cima de como deverá transaccionar os projectos (Trigeorgis, 1996);
• os utilizadores da simulação podem ver-se tentados a utilizar como medida relevante de risco
a variação dos resultados do projecto (i.é., o próprio risco do projecto ou risco total) em vez
do seu risco sistemático; que vimos ser o risco relevante do ponto de vista dos accionistas
da empresa, que por sua vez possuem oportunidades de diversificar parte desse risco ao
comprar outras acções no mercado. Mais, ao utilizar a variância total da distribuição do VAL
viola a propriedade da aditividade de valores e permite aos gestores promover em grupo,
com sucesso, projectos sem qualquer relação, quando cada projecto isolado poderia não ser
aceite (Trigeorgis, 1996);
• Myers (1977), aponta o problema dos outputs da simulação, tal como a falta de confiança de
valores extremos das distribuições de probabilidades simuladas (Trigeorgis, 1996);
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• a Simulação de Monte Carlo é uma técnica de previsão do futuro. Esta é baseada numa
estratégia de operações pré-determinada, oferecendo distribuições de probabilidades
aproximadamente simétricas. Como tal poderá ser um modelo apropriado para problemas de
trajectória-dependente ou história-dependente. Não consegue, no entanto, tratar como deve
ser as assimetrias nas distribuições (introduzidas pela flexibilidade da administração na
revisão das estratégias de operações pré-concebidas). À medida que a incerteza for sendo
resolvida ao longo do tempo, a realização dos meios libertos líquidos difere
significativamente das expectativas iniciais (Trigeorgis, 1996).
Assim, a simulação deverá ser utilizada não em vez de, mas como uma ajuda na implementação
do VAL. Quando opções reais estão envolvidas, a simulação poderá ser uma poderosa
ferramenta para determinar o equivalente-certo relevante ou as distribuições de probabilidade
neutrais ao risco dentro de um processo de avaliação risco neutral atrasado.
• As Árvores de Decisão
Por fim quanto às Árvores de Decisão. Uma Árvore de Decisão consiste num conjunto de
ramos que partem de pontos de decisão ou nós de decisão e nós de acontecimento. A esses
acontecimentos estão associadas probabilidades de ocorrência. Em cada nó o gestor efectua
uma escolha. Novos nós estão associados a cada uma das alternativas que está ao alcance do
gestor e a cada possível realização das variáveis aleatórias. A árvore começa com um nó inicial,
associado a um conjunto de condições iniciais e cresce à medida que o tempo passa (Moyen et.
al., 1996).
Uma vez gerada a árvore, o problema do gestor é resolvido recursivamente, começando no
último período, T. No período T, o gestor efectua uma escolha óptima em cada nó terminal. No
penúltimo período, T-1, o gestor toma uma decisão óptima em cada nó, em função das decisões
tomadas no período terminal. No período T-2, efectua decisões óptimas em cada nó, em função
das decisões efectuadas nos períodos T-1 e T, e assim sucessivamente. Finalmente, no período
inicial, o gestor efectua uma escolha óptima ao longo de todo o horizonte temporal (Moyen et.
al., 1996).
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Esta metodologia faz sentido ser aplicada se estivermos perante decisões sequenciais (estas são
decisões futuras que dependem de decisões presentes) inerentes a um projecto de investimento.
Esta é outra aproximação que tenta ter em conta a incerteza e a possibilidade de decisões tardias
pela administração. Aqui o interesse é encontrar estimativas para o VAL dos projectos
propostos. Um problema fundamental na análise do VAL é lidar com resultados futuros
incertos. Existe, normalmente, uma sequência de decisões na análise do VAL de projectos. As
árvores de decisão são introduzidas para identificar as decisões sequenciais da análise do VAL
(Ross et al, 1996).
Relativamente ao problema da incerteza e da flexibilidade. Se é certo que a Teoria das Árvores
de Decisão procura tratar essas questões de modo mais realista que a análise convencional, as
limitações de análise permanecem, já que:
• o número de situações diferentes que o gestor pode encontrar na realidade é
geralmente muito superior ao que é formulado no modelo;
• mesmo num caso simples em que há apenas uma fonte de incerteza dos meios libertos
líquidos, a árvore de decisão aparece bastante complicada, tornando por vezes o
processo de decisão bastante difícil;
• sendo o risco diferente nos vários ramos de decisão, torna-se necessário estimar taxas
de actualização próprias para calcular o VAL. Porém, deparamo-nos com a
inexistência de um método teoricamente correcto que se possa usar no cálculo dessas
taxas de actualização;
• a subjectividade da determinação das probabilidades de ocorrência nos vários ramos
de decisão pode ser ultrapassada com as árvores de decisão estocásticas, mas a
complexidade e subjectividade da análise cresce demasiado na maioria dos casos. De
facto, as árvores estocásticas incorporam a simulação de Monte Carlo nas árvores de
decisão, o que exige o conhecimento da distribuição de probabilidades dos factores
que afectam o investimento.
Como se pôde constatar ao longo deste capítulo, não foi evidenciado nenhum método de
abordagem tradicional, que consiga reflectir de forma adequada, a hipótese da flexibilidade
operacional existente. Sendo assim, qualquer valor que se encontre através destes métodos para
valorizar investimentos, tende sempre a subvalorizá-los e por vezes, a induzir-nos em erro.
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Terá assim que existir outro método alternativo que permita avaliar convenientemente
investimentos em condições de incerteza e flexibilidade. Tal método terá que ser baseado na
teoria de avaliação de opções financeiras e adaptado a esta avaliação.
Exemplo:
Ver exercício nº 28 do Módulo 3 de exercícios.
3. Métodos Probabilísticos:
Risco e Rendibilidade
ocorrência pi .
(14)
n
∑p
i =1
i =1
• Obter informações acerca do nível de risco associado a esse investimento (Desvio Padrão,
Variância).
Valor Esperado:
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(15)
n
Ε (r ) = ∑ pi * ri
i =1
Risco: é definido como a dispersão dos valores em torno da média e representa a variabilidade
dos resultados.
n
σ 2 = ∑ pi (ri − Ε (r )) (16)
2
i =1
σ = σ2 (17 )
Assim, o risco de um investimento é tanto maior quanto mais elevado for o desvio padrão ou a
variância.
Referências Bibliográficas
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Análise de Investimentos
Hertz, D. 1964, Risk analysis in capital investment, Harvard Business Review, 42, January-
February, pp. 95-106.
Merton, R.C. 1973, An intertemporal capital asset princing model, Econometrica, 41 (5), pp.
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Moyen, N., Slade, M. e Uppal, R. 1996, Valuing risk and flexibility, a comparison of methods,
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Ross, S.A., Westerfield, R.W. e Jaffe, J. 1996. Corporate Finance (Editora Irwin, International
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Soares, I., Moreira, J., Pinho, C. e Couto, J. 2012. Decisões de Investimento, Análise Financeira
de Projectos. 3ª Edição, Edições Sílabo, Lisboa, Portugal.
Trigeorgis, L. 1996. Real options, Managerial Flexibility and Strategy in Resource Allocation
(MIT Press , Londres, Inglaterra).
© Elisabete Félix. 28
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