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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA


LITERATURA PORTUGUESA II

CRISTÓVIA FERREIRA DA SILVA GÓIS


SUZYANE QUEIROZ VITORINO FERREIRA
VALQUIRIA KALINI DA SILVA CORDEIRO

ENSAIO DA OBRA: A RELÍQUIA


DE EÇA DE QUEIRÓS

SERRA TALHADA - PE
2023
CRISTÓVIA FERREIRA DA SILVA GÓIS
SUZYANE QUEIROZ VITORINO FERREIRA
VALQUIRIA KALINI DA SILVA CORDEIRO

ENSAIO DA OBRA: A RELÍQUIA


DE EÇA DE QUEIRÓS

Trabalho solicitado pela professora Andreia de


Lima Andrade, da disciplina de Literatura
Portuguesa II, do Curso de Letras
Português/Inglês, turno da Noite, da Universidade
Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica
de Serra Talhada, como pré-requisito para a
obtenção de nota semestral.

SERRA TALHADA - PE
2023
Aos tombos e aos socos, ora destroçado, ora
reflorido, o mundo avança irresistivelmente. (Eça de Queirós)
Resumo

A Relíquia é uma obra que que trata e que associa a uma narrativa de viagem
um olhar bem-humorado sobre a condição de adaptação humana, com interesses de
posse de Teodorico e suas ilusões sociais e afetivas, por meio de negociações por
vezes conflituosas, entre o sacrifício e a recompensa. Assim, o autor desenvolve as
reflexões do personagem Teodorico em um constante diálogo entre a verdade e a
mentira.
Introdução

O romance “A Relíquia” que foi escrito em 1887, por Eça de Queirós na


cidade do Porto em Portugal. O Eça como é comum entre outros escritores do
realismo e naturalismo começaram a sua produção literária dentro do
romantismo. Nesta obra o autor se permite usar uma certa fantasia na qual
diminui em parte a análise realista. Pois na obra temos um realismo
tradicional marcado por uma objetividade, com uma postura pessimista
fazendo relação ao comportamento, a natureza humana e social. A obra foi
inspirada a partir de uma viagem a Terra Santa, feita pelo autor. Durante a
leitura do livro percebemos uma postura hipócrita do narrador em relação ao
que ele sente, e ao que ele realmente gosta e deseja. Sempre escondendo os
seus desejos e suas vontades e aquele papel que ele representa na
sociedade. O Teodorico é dominado por instinto sexual dominante que ele
não consegue controlar.
Elementos da Narrativa

O romance é narrado em primeira pessoa. Por Teodorico Raposo, o narrador,


nos mostra suas intenções ao nos contar sobre um período específico de sua vida e
como esses eventos influenciaram sua trajetória. A narração é feita em ordem
cronológica.
A história pega um longo período que conta desde o nascimento do
Teodorico, até a sua fase adulta. Em um tempo psicológico que recupera os fatos de
sua infância, com o pai, da adolescência, já órfão, sob os cuidados da tia da
juventude, em Lisboa, tendo passado pela faculdade de Coimbra e, depois, a sua
viagem a Jerusalém. Porém a narrativa central se concentra no ano de 1875 quando
ele faz a viagem à Terra Santa em Jerusalém e traz” a Relíquia”.
A trama se passa ao redor do conflito entre duas personalidades. A primeira,
a poderosa Dona Maria do Patrocínio, cujo nome faz referência ao fato dela
patrocinar a vida do sobrinho que ficou aos seus cuidados. Uma senhora que é
excessiva na riqueza e na entrega aos ritos religiosos, católica das coisas da igreja.
Do outro lado, seu sobrinho Teodorico Raposo, narrador de suas próprias aventuras,
órfão logo cedo, entregue aos cuidados da tia, em Lisboa, e logo Raposão percebe
que a única condição para ter boas condições é agradar a Titi, por isso sempre faz
as recomendações e princípios religiosos que ela ordena, com uma dedicação
forjada.
A crítica a religiosidade Cristã é destacada em todo livro, as relíquias
recolhidas pelo personagem tornam a crítica voltada para idolatria e retrata o caráter
mal intencionado de Teodorico, que reflete uma cobiça camuflada por seu lado
religioso, em evidência apenas para agradar a sua Titi

“Um dia enfim cheguei a Lisboa, com as minhas cartas de doutor


metidas num canudo de lata. A Titi examinou-as reverente, achando um
sabor eclesiástico as linhas em latim, à paramentosas fitas vermelhas, e ao
selo dentro do seu relicário.” (QUEIRÓS, 1887, p. 21)

A D. Maria do Patrocínio, apesar de tão religiosa foi capaz de ignorar um


parente de G. Godinho, que recebeu dele por herança 20 mil contos de réis, mas a
D. Patrocínio negou sua herança tendo como justificativa seu envolvimento com saia
e desvirtudes, deixando o parente distante de seu falecido Tio a mercê sem
nenhuma caridade se quer da parte dela. Abandonado e sem dinheiro para sustentar
sua família pede ajuda a Teodorico que também não consegue ajudar pois tudo o
que tem é controlado pela Titi.
Teodorico é enviado a um colégio interno e, em seguida, a Coimbra para
seguir seus estudos na faculdade de Direito. De volta à casa de sua tia Patrocínio
em Lisboa, conhece Adélia, uma moça de quem se torna amante. Após ele ser
traído e abandonado por Adélia, tenta convencer sua tia, de quem já havia
conquistado a confiança, a enviá-lo a Paris. No entanto, tia Patrocínio achava que
Paris não era um ambiente para ele pois era um lugar de intensa devassidão. Então
ela sugere que ele vá à Terra santa, ser seu portador de intenções religiosas em
peregrinação a Jerusalém. Apesar de não gostar do destino, aceita a viagem,
imaginando as possíveis aventuras amorosas nas cidades que conheceria ao longo
da viagem.

“Mas então comecei a considerar que, para chegar a esse solo de


penitência, tinha que atravessar regiões amáveis, femininas e cheias de
festa. Era primeiro essa bela Andaluzia, terra de Maria Santíssima,
perfumada de flor de laranjeira, onde as mulheres só com meter dois cravos
no cabelo, e traçando um xale escarlate, amansam o coração mais rebelde,
bendita seja sua graça.” (QUEIRÓS, 1887, p. 40)

Em Malta, tem amizade com Topsius, estudioso alemão, antropólogo e


historiador, no início da viagem. Em Alexandria conhece também a inglesa Miss
Mary, “comerciante de luvas e flores de cera”, na qual teve um caso amoroso
enquanto estava por lá. Miss Mary, o deu uma camisa como lembrança dos
momentos íntimos do casal, que estará em um embrulho de papel sempre junto de
Teodorico. Observa-se que a figura feminina é construída por uma visão não
idealizada, característica marcante do realismo. E na obra especificamente o autor
transforma a mulher em um desejo momentâneo do personagem.

Ao chegar na Terra Santa Teodorico e Topsius vão missões Jesuítas para


reviverem o tempo de Jesus Cristo, vão a lugares como Galileia, ao rio Jordão, e
durante essas expedições, Teodorico recolhe pequenas relíquias como águas do rio
Jordão, rosário, medalhas, escapulários, e a relíquia de maior valor para que ele
separou para Titi, foi tirada de um arbusto seco, para forjar a coroa de espinhos
usada por Jesus Cristo.

“- Um arbusto de espinhos? - murmurava, espancando o suor. Há


de ser o nabka, banalíssimo em toda a Síria! Halsselquist, o botânico,
pretende que daí se fez a coroa de espinhos...tem unas folhinhas verdes,
muito tocantes, em formato de coração como as da hera.” (QUEIRÓS, 1887,
p. 75)

Teodorico e Topsius, foram para Jerusalém em dia de páscoa, encontraram


legionários, missionários, multidões de pessoas acampadas na entrada para cidade.
Ele passa por todo o momento de julgamento de Cristo e o sepultamento e conversa
com seguidores de jesus que viveram em seu tempo, mas tudo isso não passava de
um sonho. Raposão sempre desinformado de religiosidade estava sempre a indagar
Topsius sobre os acontecimentos da trajetória romana do tempo de Jesus Cristo.

“- Topsius! Topsius! Quem é esse Rabi que pregava em Galileia e faz


milagres e vai ser crucificado?...
- Rabi Jeschoua bar Joseph, que veio de Nazaré em Galileia, a quem
alguns chamam Jesus e outros chamam o Cristo.” (QUEIRÓS, 1887, p. 95)

Em uma parada no Sinai, Teodorico aproveita para organizar as relíquias, e


relembra do embrulho de Miss Mary, quase na saída do Hotel, alguém o chama e
entrega seu embrulho, ele se lembrança de Miss Mary e pensa como seria se sua
Titi soubesse que teve relações com “saias” durante a viagem, isso o desertaria.
“Se soubesse que nesta santa viagem te tinhas metido com saias
escorraçava-te como um cão!” (QUEIRÓS, 1887, p. 142)
Em uma parada em Jafa, Teodorico tem uma surpresa inesperada, ele
encotnra seu amigo que o apresentou a miss Mary, e descobre que ela foi levada
por um Italiano a Tebas na Nubia, ela não era nada mais que uma relação
passageira, mas por um momento ele declarou a amar.

“De certo! Eu a amava. A esperança que em breve na Egito seria


apertado pelos seus braços gordinhos, ainda né fazia espreguiçar com
langor. Mas guardando fielmente a sua imagem no meu coração, não
necessitava trazer perenemente à agrupa a sua camisinha de dormir.”
(QUEIRÓS, 1887, p. 142)

Retornando a Portugal, Teodorico é recebido por sua Titi, que está ansiosa
pelas relíquias, e logo trata de ajeitar um jantar e reunir seus amigos íntimos
religiosos para ouvirem as “desbravações” de Teodorico na terra santa e
desembrulhar as relíquias.
Sua recepção é muito diferente de antes e logo Teodorico suspira só pensar
que será verdadeiramente o único herdeiro de suas posses, pela qual compete
fortemente com a igreja e seus sacerdotes. Desembrulhando as coisas, e
anunciando que a relíquia é a coroa de espinhos, a Titi fica maravilhada, mas uma
surpresa inesperada destrói o sonho de herança de Teodorico, o embrulho de sua
relíquia era verdade a camisa de dormir de Miss Mary, com a dedicatória e
assinatura dela, com isso ele é expulso de casa.
A Titi falece, e preocupado procura logo saber da parte da herança, e mais
decepcionado que antes descobre que a única herança que recebeu foi um óculo e
todas as posse foram distribuídas para os sacerdotes da igreja.
Teodorico passa a vender relíquias forjadas, e de início tem grande sucesso,
mas depois de algum tempo as vendas caíram. Um tempo depois, Teodorico
descobre que sua Titi faleceu, e preocupado e com um pouco de esperança procura
logo saber da parte da herança, e mais decepcionado que antes descobre que a
única herança que recebeu foi um óculo e todas as posse foram distribuídas para os
sacerdotes da igreja, sobrando apenas um amigo a quem recorrer, Crispim, que se
compadece dele e lhe dá um emprego, e apresenta sua Irmã, que casa Teodorico.
O desfecho, torna Teodorico consciente de suas hipocrisias e perdas, que por
sua esperteza se tornou o que foi, e se encontra em uma situação oposta aos seus
ideais luxuosos e de riqueza, sobrou para ele casar com uma mulher zarolha e lutar
por suas pequenas conquistas e imaginar como teria sido sua vida se tivesse feito
outras escolhas.
Na obra existe a crítica a respeito de objetos religiosos que são vendidos pela
igreja, de certo que essa prática reflete abre o personagem que não faz nada além
do que é praticado na igreja, além dessa, há outra crítica aos costumes religiosos.
“Olha Crispim, eu não vou à missa... Tudo isso são patralhas... Eu
não posso acreditar que o corpo do Cristo esteja todos os domingos num
pedaço de hóstia feita de farinha. Deus não tem corpo, nunca teve... Tudo
isso são idolatrias, são carolices... Digo-te isto rasgadamente... Podes fazer
agora comigo o que quiseres. Paciência.” (QUEIRÓS, 1887, p. 172)

Personagens da obra

Teodorico Raposo: Protagonista, homem de duas faces, uma de malandro e


outra de beato (santinho).

Dona Maria do Patrocínio: Tia de Teodorico, rica, católica e muito severa.


Criou o sobrinho seguindo os ensinamentos de um amigo padre. Sempre
incentivava o sobrinho aos estudos e à religiosidade.

Crispim: Melhor amigo de Teodorico desde os tempos da escola.

Adélia: Primeira paixão de Teodorico

Topsius: Outro amigo do Raposão. Este é um estudioso e historiador que


estava em Alexandria quando Teodorico se encaminha para Jerusalém.

Miss Mary: Mulher inglesa e amante de Teodorico enquanto estava na


Alexandria.

Considerações finais

A obra é uma materialização de um momento vivido em uma época,


em que as influências eram fortemente religiosas, e essa escola literária
vigente tornou possível a critica ao caráter, a manifestação dualista de
personalidade, trazendo a personificação de desvirtues nos personagens,
esse último é algo muito marcante da escrita de Eça de Queirós, presente
também nesta obra. Assim como também traz uma linguagem notoriamente
descritiva, embasada por aspectos de leitura mais simples e personagens
desvirtuosos seja por serem de caráter mal intencionado ou ainda se a critica
não sobressai em personagens assim, ela ressalta sobre aqueles que tinham
consciência de suas virtudes, mas a colocaram acima de tudo ignorando
outros papéis fundamentais para execução de uma boa índole.

O que precisa ter no trabalho:


resumo ok
introdução
Elementos da Narrativa
figuras femininas ( como são construídas)
colocar trechos da obra em forma de citação
citar autores
mostrar características do realismo na obra
críticas sociais
considerações finais
bibliografia

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