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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA

DISCIPLINA: TEORIA REGIONAL E REGIONALIZAÇÃO

RESENHA: O CONCEITO DE REGIÃO E SUA DISCUSSÃO

BELÉM
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA

DISCIPLINA: TEORIA REGIONAL E REGIONALIZAÇÃO

DISCENTE

Mauro Lima Valente Rodrigues

Estudo dirigido à disciplina de Teoria


Regional e Regionalização, ministrada
pelo professor Luiz de Jesus Pacheco de
Almeida, como requisito avaliativo.

BELÉM
2022
CASTRO, Iná E.; GOMES, Paulo C.; CORRÊA, Roberto L. Geografia: conceitos e temas.
Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1995. P.49-76

O CONCEITO DE REGIÃO E SUA DISCUSSÃO

Mauro Lima Valente Rodrigues

Este capítulo do livro Conceitos e Temas de Gomes nos traz a ideia do conceito de
área, mas não responde explicitamente à questão, a fim de desconstruir as ideias criadas até
então sobre essa questão e construir uma base para profissionais prioritariamente em
geografia. O levantamento ali feito traz uma gama de ideias baseadas nos fundamentos
teóricos dos principais pesquisadores sobre o tema, como La Blache, Claval, Hettner,
Hartshorne, Humboldt, Ritter, Milton Santos, etc.
O conceito de região é um conceito-chave na geografia, por isso é importante
reconectar esses significados a diferentes contextos que são elementos-chave de sistemas de
interpretação, contextos políticos, econômicos e culturais, até porque através da reconstrução
histórica podemos ver três consequências principais na discussão política, dinâmica nacional,
organização cultural e regulação da diversidade espacial.
Gomez aponta que alguns filósofos interpretaram o surgimento do conceito como a
necessidade de um momento histórico em que a relação entre a concentração de poder em um
lugar e sua extensão em uma região socialmente diversa emergiu pela primeira vez nas
amplas vias, culturas e espaços. A centralização do poder devido ao surgimento do Estado
moderno na Europa desencadeou o resgate do problema político territorial da manutenção do
poder a partir de um centro, geralmente distante de sua periferia, nas diversas regiões que
formam um território.
O autor aponta que o nome região remonta aos tempos do Império Romano, quando a
palavra regione era usada para denotar uma região subordinada ao império, independente ou
não. Com a queda do Império Romano e o fortalecimento da Igreja, intensificaram-se as
divisões locais, seguidas de um processo de subdivisão territorial, que intensificou o poder
feudal. Gomez mencionou que, neste caso, também há uma manifestação da concentração de
poder.
Na Europa, o autor aponta que a centralização ainda existe, mas está associada ao
conceito clássico de área e remete à “relação entre centralização, uniformização
administrativa e a diversidade espacial, diversidade física, cultural, econômica e política,
sobre a qual este poder centralizado deve ser exercido”.
Os autores aprenderam através da discussão histórica que como debates sobre os
conceitos de áreas naturais e áreas geográficas e a ponderação das áreas naturais como áreas
quantificadas e analisadas, existem três debates principais que contribuem para a discussão
geográfica sobre o tema e o papel das áreas como realidade auto evidente e a possibilidade de
mudar o padrão que define o espaço.
Nos últimos dois séculos, conceitos como áreas naturais, áreas geográficas, áreas
homogêneas, etc, formaram-se gradualmente. A discussão que se iniciou sobre eles acabou
levando a um debate em que o tema principal passou a ser “a natureza, o alcance e o estatuto
do conhecimento geográfico”.
Os autores também apontam que é preciso compreender no discurso sobre os direitos
da diferença, que fornece diversos movimentos e fundamentos para as ideologias
democráticas demandadas por grupos minoritários, segundo Castro, 1988, o discurso regional
pode ser uma forma de preservação das elites reafirmou sua posição de liderança e controle do
espaço.
Enfatiza-se que, conforme Gomes, a “globalização parece concretamente não ter
conseguido suprimir a diversidade espacial, talvez nem tenha diminuído”. E ainda que “o
mais provável nesta nova relação espacial entre centros hegemônicos e as áreas sob suas
influências tenham surgido novas regiões ou ainda se renovado algumas já antigas”.
De acordo com Hartshorne, ponto chave da geografia é a localização e distinção das
regiões, pois é a partir dela que se cria a epistemologia no campo da geografia. O que
distingue Hartshorne de outras escolas francesas é que, para ele, a região não é uma realidade
óbvia que só pode ser descrita pelos geógrafos, mas sim um produto psicológico, uma
maneira de olhar o espaço e a maneira de lançar as bases.
Geógrafos influenciados pela análise marxista procuram estabelecer uma estreita
relação entre o conceito de área e o conceito de economia política e forma socioeconômica.
Conclui-se, então, que o conceito de região é aquele que incorpora a reflexão política
de base territorial, se possibilita o funcionamento de uma comunidade de interesses
identificada em uma região e, finalmente, entre os constrangimentos da autonomia face ao
poder central que esses elementos devem fazer parte dessa nova definição, ao invés de
assumir plena concordância com o senso comum, que neste caso na região pode obscurecer
um dado essencial: a base política, o controle e a dominação do território.

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