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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ALEX DE ARAÚJO CASTRO SALLES

GESTÃO DE ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA MICROEMPRESA DO RAMO


DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA GRANDE NATAL/RN

Natal, RN
2022
ALEX DE ARAÚJO CASTRO SALLES

GESTÃO DE ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA MICROEMPRESA DO RAMO


DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA GRANDE NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


coordenação do curso de graduação em Administração da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Administração.

Orientadora: Profa. Dra. Anne Emília Costa Carvalho

Natal, RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Salles, Alex de Araújo Castro.


Gestão de estoque: estudo de caso em uma microempresa do ramo de
distribuição de alimentos da grande Natal/RN / Alex de Araújo Castro Salles. -
2022.
52f.: il.

Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Administração.
Natal, RN, 2022.
Orientadora: Profa. Dra. Anne Emília Costa Carvalho.

1. Gestão de estoque - Monografia. 2. Distribuidora de alimentos -


Monografia. 3. Classificação ABC - Monografia. 4. Níveis de estoques -
Monografia. I. Carvalho, Anne Emília Costa. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 658.7

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355


ALEX DE ARAÚJO CASTRO SALLES

GESTÃO DE ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA MICROEMPRESA DO RAMO


DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA GRANDE NATAL/RN

Monografia apresentada e aprovada ao Departamento de Administração (UFRN) em 11


de fevereiro de 2022, pela banca examinadora composta dos seguintes membros:

_________________________________________________________
Profª. Dra. Anne Emília Costa Carvalho
Orientadora

_________________________________________________________
Profª. Dra. Matilde Medeiros de Araújo
Examinadora

_________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos David Cequeira Feitor
Examinador
Dedico a Deus e aos meus pais
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por proporcionar força, por colocar pessoas que
me ajudaram na minha caminhada e guiado meus passos até aqui, concluindo essa fase da minha
vida.
Agradeço a força e a dedicação dos meus pais Fernando e Amélia, que com seu
amor me possibilitaram o alcance desse sonho me apoiando e incentivando meus estudos.
Não posso deixar de colocar minha gratidão a direção e professores da escola
estadual professora Maria Araújo, na qual passei muitos anos da minha vida e de ter contribuído
na minha formação como cidadão, que sem o apoio deles não teria conseguido ingressar na
universidade e realizar esse sonho.
Agradeço aos meus professores que abriram os meus olhos para a maravilha da
administração, que ao longo do curso me passaram conhecimento e experiências, contribuindo
na minha formação como profissional, em especial minha orientadora e professora Dra. Anne
que me auxiliou no desenvolver esta pesquisa, sem ela não seria possível.
Por fim, não posso deixar de agradecer aos meus colegas e amigos que ajudaram ao
longo do curso, que no momento mais difícil onde pensava desistir me incentivaram a continuar.
RESUMO

A crise econômica e a simplificação para abertura de negócios fizeram com que houvesse o
surgimento de diversas novas empresas, mas a maioria delas acaba fechando antes dos cinco
anos (IBGE apud BÔAS, 2017) e a falta de planejamento prévio e de previsão de demanda
estão entre os fatores que acarretam esse problema. Então a presente pesquisa tem como
objetivo analisar alternativas para aplicação de práticas de gestão de estoques presente na
administração de materiais em uma pequena empresa distribuidora de alimentos, por meio do
mapeamento das práticas já usadas pela organização, da identificação de possíveis falhas em
suas práticas e da demonstração de melhorias. Para isso foi adotada uma pesquisa descritiva e
de natureza quantitativa, por meio da coleta de dados documentais e da observação das práticas
utilizadas. Entre os principais resultados, verificou-se que a organização escolhida só utilizava
as práticas produção puxada, o método de avaliação dos estoques PEPS e o modelo de
ressuprimento de revisão contínua, não utilizando nenhum método para definir os níveis ideais
de estoques, produção ou compra, para definir inicialmente o tamanho dos estoques, com base
nos trabalhos do levantamento teórico e da bibliografia empírica, foi desenvolvido inicialmente
uma classificação ABC, os produtos que se enquadram na classe A foi definido um estoque de
segurança e a elaboração de um lote econômico de produção. A aplicação dos métodos
propostos ajudará a organização a definir os níveis de estoque que se adequem a sua demanda.

Palavras-chave: Gestão de estoque. Distribuidora de alimentos. Classificação ABC. Níveis de


estoques.
ABSTRACT

The economic crisis and the simplification for business opening caused the emergence of
several new companies, but most of them end up closing before the age of five (IBGE apud
BÔAS, 2017) and the lack of prior planning and demand forecasting are among the factors that
entail this problem. So this research aims to analyze alternatives for the application of inventory
management practices present in the administration of materials in a small food distribution
company, through the mapping of the practices already used by the organization, identification
of possible flaws in their practices and the demonstration of improvements. For this, a
descriptive and quantitative research was adopted, through the collection of documentary data
and the observation of the practices used. Among the main results, it was found that the chosen
organization only used the pulled production practices, the valuation method of FIFO stocks
and the continuous review resupply model, using no method to define optimal inventory levels,
production or purchase, to initially define the size of inventories, based on the work of the
theoretical survey and empirical bibliography, an ABC rating was initially developed, products
that fall under class A have been defined a safety stock and the preparation of an economic
production lot. Applying the proposed methods will help the organization define the stock levels
that meet its demand.

Keywords: Inventory management. Food distributor. ABC rating. Stock levels.


LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Pontos principais dos estudos selecionados…………………………………….27


Quadro 02 – Síntese da estratégia da pesquisa……………………………………...………..32
Quadro 03 – Lista total de itens presentes no estoque da organização ..………………...…...35
Quadro 04 – Lista de produtos comercializados pela empresa.………………………….…...37
Quadro 05 – Ponto de corte para a categorização dos produtos...……………………….…...41
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Relação dos produtos por quantidade e valor vendido no semestre………….….40


Tabela 02 – Classificação ABC dos produtos………………………………………………...42
Tabela 03 – Estoque de segurança…………………………………….……………………...45
Tabela 04 – Lote econômico de produção………………………………………….………...46
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 12
1.1 Contextualização do problema ..................................................................................................... 12
1.2 Objetivos ........................................................................................................................................ 13
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................................. 13
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................................. 13
1.3 Justificativa .................................................................................................................................... 14
1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO E CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA EMPÍRICA ............ 16
2.1 Administração de materiais.......................................................................................................... 16
2.2 Gestão dos estoques ....................................................................................................................... 17
2.2.1 Estoque de segurança ................................................................................................................. 17
2.2.2 Ponto de pedido .......................................................................................................................... 19
2.2.3 Lote econômico ........................................................................................................................... 20
2.2.3.1 Lote econômico de compras.................................................................................................... 20
2.2.3.2 Lote econômico de produção .................................................................................................. 22
2.2.4 Métodos de ressuprimento......................................................................................................... 22
2.2.4.1 Reposição contínua .................................................................................................................. 23
2.2.4.2 Reposição periódica................................................................................................................. 23
2.2.5 Classificação ABC ...................................................................................................................... 24
2.2.6 Métodos de avaliação dos estoques ........................................................................................... 25
2.2.6.1. PEPS ........................................................................................................................................ 25
2.2.6.2. UEPS........................................................................................................................................ 26
2.2.6.3. Custo médio ............................................................................................................................ 26
2.3 Revisão da literatura sobre gestão de estoques em pequenas empresas no ramo alimentício 27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................................. 32
3.1 Natureza e caracterização da pesquisa ........................................................................................ 32
3.2 Abrangência do estudo e plano de coleta de dados .................................................................... 33
3.3 Plano de análise de dados ............................................................................................................. 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 35
4.1 Avaliação das práticas da organização com base na revisão da literatura empírica .............. 35
4. 2. Propostas de melhorias para o gerenciamento de estoques ..................................................... 40
4.2.1. Classificação ABC .................................................................................................................... 40
4.2.2. Estoque de segurança ................................................................................................................ 44
4.2.3. Lote econômico de produção .................................................................................................... 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 50
APÊNDICE A – Protocolo de revisão da literatura. ........................................................................ 53
12

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema

A crise econômica e as facilidades obtidas pela criação do modelo empresarial do


microempreendedor individual (MEI), acarretaram um grande surgimento de novas empresas
nos últimos anos. Mas, segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE apud BÔAS, 2017), cerca de 60% das empresas fecham as portas antes dos
cinco anos de existência. Alguns dos motivos para acarretar esse nível de mortalidade, estão
ligados à falta de planejamento prévio e a falhas nas previsões de demanda, pois mais da metade
dos empreendedores não elabora o plano de negócios e não define estratégias para evitar
desperdícios (SEBRAE-SP, 2013).
Francischini e Gurgel (2014) relatam que possivelmente existe ligação entre os
problemas financeiros da organização com uma administração de materiais deficitária, pois uma
má gestão dos recursos escassos presentes na empresa acarreta problemas nos setores
produtivos e no nível de atendimento ao cliente. Eles ainda complementam que administração
de materiais tem o interesse de elaborar práticas de planejamento e programação para assegurar
o nível de serviço de 100%, sem a necessidade de sustentar grandes níveis de estoque, o que
demonstra a necessidade da administração de materiais na gestão da organização.
Para o bom funcionamento do sistema se tem a necessidade do uso de modelos presentes
na administração de materiais, pois os insumos podem vir de diversas origens e tendo
particularidades, o controle dessas práticas é baseado na demanda de produtos da organização
(DIAS, 2010).
Fenili (2016) apresenta a gestão de estoques como uma das áreas de atuação da
administração de materiais, pois nesse setor além de outras atividades ocorre a previsão de
demanda, verificação dos custos dos estoques, o uso dos sistemas de reposição e a seleção dos
indicadores.
Para Slack, Chambers e Johnston (2002) o estoque é a retenção de recursos armazenados
em um sistema de transformação. Os estoques possibilitam ter níveis de serviço altos
acarretando a manutenção ou o aumento das vendas, mas as despesas para manter esses
estoques podem chegar a 40% do seu valor em um ano, então o gestor tem que definir os níveis
de estoque de maneira economicamente equilibrada (BALLOU, 2008), o que reforça a
13

importância de adotar práticas gerenciais adequadas nessa área, de acordo com as características
de cada organização.
A maioria dos negócios enfrenta problemas relacionados ao controle de estoques
deficiente e quando a organização apresenta esse tipo de problema o capital vai se perdendo
(SEBRAE, 2016). Trata-se de aspecto relatado também em Santos et al (2019), onde muitas
empresas não dão a importância necessária às práticas de gestão de estoque propostas pela
bibliografia, mesmo sendo evidentes seus benefícios.
Silva (2021) demonstra que os problemas enfrentados em uma organização do ramo
alimentício, conforme identificado em sua pesquisa, como a falta de previsão de demanda,
organização no estoque e controle dos níveis de estoques, colaboram para afirmarmos que esses
pontos atrapalham a sobrevivência da organização.
A partir do exposto se percebeu a necessidade de verificar as técnicas de gerenciamento
de estoques na organização estudada, que se trata de uma empresa tipo MEI que trabalha com
a distribuição e o beneficiamento de produtos naturais na grande Natal-RN. Esse tipo de
organização comercializa produtos com o tempo de validade curto e, sendo assim, o
gerenciamento do estoque se torna essencial para a existência da empresa, então a presente
pesquisa procura compreender: Como as práticas de gestão de estoques podem ser aplicadas
a uma pequena empresa do ramo de distribuição de alimentos?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo geral analisar alternativas para aplicação de
práticas de gestão de estoques em uma pequena empresa distribuidora de alimentos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Mapear os procedimentos de gestão de estoques já utilizados pela organização;

b) Identificar possíveis disfunções nas práticas utilizadas;


14

c) Demonstrar a aplicação de práticas para melhorias no gerenciamento dos estoques.

1.3 Justificativa

Um dos desafios da gestão de estoques é encontrar as técnicas que mais se adequem a


cada tipo de organização, para alcançar um resultado mais eficiente por meio de modelos de
gestão. Esse assunto tem base teórica existente disponível para o embasamento do tema
proposto, mas como averiguado ao realizar o levantamento da literatura empírica utilizando os
critérios presentes no apêndice A, foram encontrados apenas 11 textos, sobre o tema de gestão
de estoque, demonstrando existência de uma carência de pesquisas recentes aplicadas em
organizações varejistas e distribuidoras de pequeno porte, onde por diversas vezes a
administração de materiais é precária e deficitária seja por causa da falta de conhecimento das
práticas de gestão ou pela baixa disponibilidade de recursos disponíveis para colocar em prática
alguns desses modelos. Com isso, verificou-se a necessidade de analisar os processos e práticas
de gestão de estoques em uma pequena organização.
Esse tema foi escolhido também pelo fato do pesquisador ser o gestor da organização
estudada e ter afinidade com a temática, pois vivencia os desafios da aplicação diária dessas
práticas. A partir dessa pesquisa, como contribuição gerencial, pretende-se ainda verificar quais
desses métodos são utilizados por essas organizações e quais podem ser sugeridos em pequenas
empresas, com poucos recursos (financeiros, técnicos, pessoal e de espaço), com o intuito de
melhorar os processos e técnicas da organização, otimizando e melhorando a saúde da empresa.
Por fim, essa pesquisa proporciona uma contribuição acadêmica empírica, na discussão das
práticas de gerenciamento de estoques em pequenas organizações distribuidoras e fabricantes
de produtos alimentícios.

1.4 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está distribuído em cinco capítulos, o primeiro contém a introdução


do trabalho, contextualização do problema, objetivo geral, objetivos específicos e a
justificativa. No segundo capítulo consta o referencial teórico com os principais conceitos dos
métodos presentes na pesquisa e uma revisão empírica de trabalhos semelhantes a esta pesquisa.
O terceiro capítulo contém os procedimentos metodológicos usados no estudo, como a natureza
e a caracterização da pesquisa, sua abrangência e os planos de coleta e análise dos dados.
15

No quarto capítulo, encontram-se os resultados obtidos a partir da coleta e da análise de


dados. Nesta parte está demonstrado o diagnóstico da organização, a comparação das práticas
da organização com a revisão empírica da literatura e as propostas de melhorias.
O quinto e último capítulo se encontra nas considerações finais com as propostas de
melhorias, as principais dificuldades enfrentadas pelo pesquisador e as sugestões para pesquisas
futuras.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO E CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA EMPÍRICA

Neste tópico serão demonstrados os principais conceitos das práticas e métodos que
foram utilizados na pesquisa para alcançar os objetivos propostos.

2.1 Administração de materiais

A administração de materiais está vinculada ao planejamento, execução e controle do


fluxo de material da forma mais eficaz e econômica, iniciando na caracterização dos itens,
passando por sua aquisição até o destino final no cliente (FRANCISCHINI, GURGEL, 2014).
Está diretamente ligada ao gerenciamento dos recursos nas organizações.
Dias (2010, p. 2) entende a administração de materiais como

[...] o agrupamento dos materiais de várias origens, e a coordenação dessa atividade


com a demanda de produtos ou serviços da empresa. Desse modo, soma esforços de
vários setores, que, naturalmente, apresentam visões diferentes. Mesmo assim, pode-se
concluir que uma empresa englobaria todas as atividades relativas aos materiais, exceto
as diretamente vinculadas ao projeto, ou à manutenção dos dispositivos, equipamentos
e ferramentas.

Também inclui o deslocamento de produtos acabados ou semiacabados entre unidades


da fábrica, compreendendo as atividades dos setores de compras, recebimento, planejamento e
controle de produção, despacho, transportes e estoques (DIAS, 2010).
Francischini e Gurgel (2014) afirmam que quando a administração de materiais é bem
aplicada, propicia condições essenciais para a estabilidade econômica e financeira da
organização.
A atuação da administração de materiais pode ser dividida em quatro atividades
principais: a gestão dos estoques, gestão dos centros de distribuição, gestão de compras e a
gestão de recursos patrimoniais (FENILI, 2016).
Os estoques constituem uma das áreas que mais impactam o gerenciamento de riscos e
as vantagens competitivas das organizações (SILVA, 2021). Seu funcionamento ocupa grande
parte dos recursos pessoais, físicos e financeiros da empresa.
Ballou (2006, p. 271) define estoque como:

[...] acumulações de matérias-primas, suprimentos, componentes, materiais em


processo e produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção
e logística das empresas, [...].Estoques figuram normalmente em lugares como
armazéns, pátios, chão de fábrica, equipamentos de transporte e em armazéns das redes
de varejo.
17

Os estoques são comumente descritos também como todo recurso que se encontra
armazenado na organização, como também todo recurso para transformar (SLACK,
CHAMBERS, JOHNSTON, 2002).

2.2 Gestão dos estoques

Para um melhor funcionamento da empresa, é relevante a preocupação sobre o


gerenciamento dos estoques, já que esse setor muitas vezes ocupa grande parte dos recursos
pessoais, físicos e financeiros da organização
A gestão de estoques deve demonstrar os inputs e os outputs dos itens, quando esses
produtos chegaram nos estoques e em que momento foram realizados os pedidos para gerar
dados para os cálculos de estoque mínimo, ponto de pedido, lote econômico de compra e etc.
(CHING, 2010 apud CAVALCANTE et al, 2019).
Uma das funções dos estoques, é agir como reguladores do fluxo de negócio, tendo
como vantagem amenizar as possíveis variações de consumo e do tempo de recebimento dos
produtos. Mesmo tendo essas funções, sua utilização acarreta custos de armazenagem, aluguel
de espaços e uma grande retenção dos ativos da empresa (SANTOS; SANTOS;
CHIQUETANO, 2019).

2.2.1 Estoque de segurança

O estoque de segurança tem a função de contrabalançar as mudanças naturais no período


de fornecimento ou na quantidade consumida dos materiais (PEINADO; GRAEML, 2007).
Dias (2010) acrescenta mais duas possíveis situações que podem se beneficiar com uso
do estoque mínimo, são elas: quando o controle de qualidade rejeita um lote e quando há
divergências no pedido solicitado. Quanto maior for o estoque de segurança, mais elevado será
o custo de estocagem, para encontrar um ponto mais próximo do ideal, o estoque mínimo se
baseia em dois pontos:
a. Pela projeção estimada do consumo
b. E por cálculos com bases estatísticas

Para definir o estoque de segurança, deve-se entender com qual grau de falta do produto
a organização deseja atuar, ou seja, se ela optar por uma margem de falha de 10%, significa que
18

no estoque somente 10% das vezes será aceito a ruptura do atendimento por falta do produto
A.
Dias (2010) apresenta cinco diferentes fórmulas para a elaboração do estoque de
segurança de uma organização sendo elas;
a) Fórmula simples:

E.Mn = C x K
Onde: E.MN = estoque mínimo
C = consumo médio mensal
K = fator de segurança arbitrário com o qual se optar por garantir contra o risco de
ruptura.

b) Método da raiz quadrada

E.Mn = √𝐶 × 𝑇𝑅
Onde: E.MN = estoque mínimo
C = consumo médio mensal
TR = tempo de reposição do produto

c) Método da porcentagem de consumo

E.Mn = (C.Max - C.Médio) x TR


Onde: E.MN = estoque mínimo
C.Max = consumo médio mensal máximo
C.Médio = consumo médio mensal
TR = tempo de reposição do produto
d) Cálculo do estoque mínimo com alteração de consumo e tempo de reposição

E.Mn = 𝑇1 . (𝐶2 − 𝐶1 ) + 𝐶2 − 𝑇4
Onde: E.MN = estoque mínimo
𝐶1 = consumo normal mensal
𝐶2 = consumo maior que o normal mensal
𝑇1 = tempo para o consumo de produtos na velocidade de consumo 𝐶1
19

𝑇4 = Atraso no tempo de reposição

e) Estoque mínimo com grau de atendimento definido


E.Mn= (C.Mx - 𝐶) . TR
Onde: E.MN = estoque mínimo
C.Mx = consumo máximo
C.Médio = consumo médio
TR = tempo de reposição do produto

Dias (2010) afirma que cada uma das fórmulas tem suas características para poderem
ser aplicadas. A fórmula a apresenta o cálculo do estoque mínimo de maneira bastante
simplificada e sem precisões matemáticas, já o método da raiz quadrada se apresenta de forma
descomplicada, mas só poderá ser utilizado se o consumo for menor que 20 unidades durante o
tempo de reposição, o uso de materiais for variável e a quantidade demandada ao estoque for
igual a 1. Por outro lado, o método da porcentagem de consumo só poderá ser aplicado se o
tempo de reposição não for alterável enquanto a fórmula d é sugerida quando há uma
expectativa no aumento de consumo no momento que também ocorre um atraso no TR. Por
fim, o último cálculo apresentado é do estoque mínimo com grau de atendimento definido,
sendo o único modelo que admite o estoque a nível zero e a possibilidade de ruptura por falta
de materiais.

2.2.2 Ponto de pedido

O ponto de pedido é o indicador que demonstra o momento para o ressuprimento de


determinado item do estoque, para encontrá-lo deve-se saber o consumo médio mensal, o tempo
para que esse produto chegue ao armazém e o estoque mínimo, como mostra a fórmula abaixo
(DIAS, 2010):
𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑀𝑛

Onde: PP = Ponto de Pedido


TR = Tempo de Reposição
C = Consumo Médio Mensal
20

E.Mn = Estoque Mínimo

Segundo Dias (2010), quando o estoque alcançar o ponto de pedido, deverá ser
restituído o material, sendo necessário que a organização tenha no estoque do item uma
quantidade suficiente para suprir a demanda até a chegada do novo pedido.
Para determinar o ponto de pedido se pressupõe que tanto o tempo de reposição quanto
a demanda sejam calculados com precisão, porém, na maioria dos casos isso acaba não
ocorrendo, então, nesse sentido, o ponto de pedido trabalha em conjunto com o estoque de
segurança para evitar rupturas (SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON, 2002).

2.2.3 Lote econômico

Para elaboração do lote econômico é necessário considerar se a organização deve ou


não estocar um produto. Para determinar o tamanho do lote, o gestor avalia se é econômico
armazenar produtos ou se, mesmo quando não for vantajoso financeiramente para a
organização, ter o estoque impacta positivamente na relação com o cliente (DIAS, 2010).
Lotes maiores acarretam em maior custo de estocagem, mas diminuem os números das
entregas, reduzindo os custos de pedido. Por outro lado, lotes de compra menores diminuem os
custos de estocagem, mas aumentam a quantidade de pedidos gerando um acréscimo nos custos
dos pedidos (PEINADO; GRAEML, 2007).
Slack, Chambers e Johnston (2002) afirmam que o problema da abordagem dos lotes
econômicos são os pressupostos de demanda constante, custo fixo ao realizar o pedido e custo
de armazenagem já identificados pela organização, os autores ainda acrescentam que apesar de
serem de fácil identificação por parte dos gestores devem ser descritos de acordo com a
realidade da empresa, apesar dessas ressalvas erros ou imprecisões pequenas não alteram muito
os resultados.

2.2.3.1 Lote econômico de compras

O lote econômico de compra é a fórmula matemática que busca o ponto ideal da


continuidade dos estoques, sua utilização possibilita a redução dos custos totais dentro da
organização, para sua aplicação são usados os valores obtidos pelos níveis de consumo, além
21

dos custos do pedido e do armazenamento, com ela é possível definir o lote mais vantajoso para
a organização no que se refere à minimização de custos (SANTOS; SANTOS; CHIQUETANO,
2019).
O cálculo para encontrar um lote econômico de compras se apresenta de duas formas,
uma que não tolera faltas no estoque e outra que aceita (DIAS, 2010).

Fórmula do lote econômico de compras (sem faltas)


2 .𝐵 .𝐶
𝑄= √
𝐼

sendo: Q = Quantidade do lote


B = Custo do pedido
C = Consumo do item
I = Custo de armazenamento
Dias (2010) ainda explica que para utilizar esse sistema é necessário que se considere
dois pontos cruciais que devem ser atendidos, o primeiro sendo o ressuprimento imediato
quando o estoque chega ao seu fim e o segundo que o consumo mensal dos produtos é
determinístico e com uma porcentagem estável.

Fórmula do lote econômico de compras (com faltas).


2 .𝐵 .𝐶
𝑄= √ . √𝐼+𝐶𝐹
𝐶𝐹
𝐼

sendo: Q = Quantidade do lote


B = Custo do pedido
C = Consumo do item
I = Custo de armazenamento
CF = Custo de falta no período
Dias (2010) apresenta esse modelo que aceita não atender 100% dos pedidos dos
clientes, para isso a fórmula agora considera também o custo da falta deste produto. Por sua
vez, esse modelo se torna um pouco mais complexo que o anterior, porém mais preciso.
22

2.2.3.2 Lote econômico de produção

O lote econômico de produção segue a mesma lógica do lote econômico de compra,


podendo considerar ou não faltas no processo, a diferenciação que esse modelo apresenta é que
ele considera o custo de preparação ao invés do custo do pedido da fórmula anterior e também
a taxa de produção que é encontrada multiplicando a capacidade de produção pelo período
considerado no cálculo (DIAS, 2010).

Fórmula do lote econômico de produção (sem faltas)

2 .𝐴 .𝐶
𝑄= √ 𝐶
𝐼 [1 − ] 𝑊

sendo: Q = Quantidade do lote


A = Custo de preparação
C = Consumo do item
I = Custo de armazenamento
W = Taxa de produção

Fórmula do lote econômico de produção ( com faltas)

2 .𝐴 .𝐶
𝐼+𝐶𝐹
𝑄= √ 𝐶 . √ 𝐶𝐹
𝐼 [1 − ]
𝑊

sendo: Q = Quantidade do lote


A = Custo de preparação
C = Consumo do item
I = Custo de armazenamento
W = Taxa de produção
CF = Custo de falta no período

2.2.4 Métodos de ressuprimento

Para Peinado e Graeml (2007) os métodos de ressuprimentos são utilizados pela


organização para determinar como os itens presentes nos estoques serão supridos. Para tanto,
23

existem algumas práticas como sistema de revisão contínua, o sistema de revisão periódica,
sistema de duas gavetas e o sistema kanban, logo, a escolha do método impacta nos estoques
cíclicos e nos estoques mínimos. Os autores ainda afirmam que dessas práticas, as mais
utilizadas para o abastecimento dos níveis dos estoques são os sistemas de revisão contínua e
periódica.

2.2.4.1 Reposição contínua

Slack, Chambers e Johnston (2002) entendem que o modelo de revisão contínua é o


processo de ressuprimento que os gerentes responsáveis pelos estoques são obrigados a ficar
acompanhando constantemente a quantidade dos produtos e quando eles percebem a
necessidade dos produtos, realizam os pedidos.
O sistema de reposição contínua pode demandar muito tempo e recursos se caso houver
muita demanda. Peinado e Graeml (2007) acrescentam que esse modelo pode utilizar um nível
pré-determinado para o ressuprimento dos produtos, ou seja, quando o estoque alcança o ponto
de pedido dos produtos é realizado o requerimento de um lote de compras com um volume já
pré-estabelecido, a quantidade de produtos presentes nesse requerimento é estabelecida pelo
método de lote econômico de compras ou por outra estratégia definida pela organização.

2.2.4.2 Reposição periódica

O modelo de reposição periódica leva em consideração as datas em que ocorrem o


ressuprimento dos itens, para sua aplicação os intervalos dessas datas sempre serão iguais. Para
determinar o tamanho do pedido, é analisada a quantidade de estoque que está presente na
organização, o consumo, o tempo de reposição e a quantidade do pedido no fornecedor (DIAS,
2010).
Slack, Chambers e Johnston (2002) apresentam esse modelo como o sistema de
ressuprimento mais simples, mas que não trabalha com lotes de compras fixo e com um nível
de estoque voltado para um nível de suprimento e não no ponto de pedido, ou seja, as compras
são realizadas para ressuprir os estoques até o nível máximo já estabelecido. Peinado e Graeml
(2007) definem a fórmula do nível de suprimento da seguinte forma:
24

̅ × (𝐼𝑅 + 𝑇𝑅) + 𝐸𝑆
𝑁𝑆 = 𝐷

Onde: NS = nível de suprimento


̅ = demanda média
𝐷
IR = intervalo de ressuprimento
TR = tempo de ressuprimento
ES = estoque de segurança

O sistema de revisão periódica usa o nível de suprimento para determinar a quantidade


máxima de itens presentes no estoque, levando em consideração o consumo desses materiais
durante o período de ressuprimento mais o estoque de segurança (PEINADO; GRAEML,
2007).

2.2.5 Classificação ABC

A classificação de materiais ABC, é utilizada para facilitar e evidenciar, a gestão de


insumos dentro da organização, categorizando, por seu impacto financeiro e estratégico dentro
da empresa.
Segundo Peinado e Graeml (2007, p. 645)

A classificação ABC de materiais consiste em atribuir uma importância relativa a um


item de estoque. A importância relativa, via de regra se resume ao valor financeiro do
item para gerenciamento dos custos do capital representado pelo inventário.

Para essa classificação, pode ser levada em consideração a vantagem estratégica de


determinado item, a margem de lucro, e os insumos que são imprescindíveis para o
funcionamento da organização (BALLOU, 2008).
Os produtos são classificados em três grupos, levando em consideração o impacto
financeiro em relação à quantidade de itens, a porcentagem de cada tipo, pode variar de acordo
com cada organização, mas é comum a relação de 20% dos itens representando 80% do valor,
como mostrado por Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 402)

Itens classe A são os 20% de itens de alto valor que representam cerca de 80% do valor
total do estoque.
Itens classe B são aqueles de valor médio, usualmente os seguintes 30% dos itens que
representam cerca de 10% do valor total.
Itens classe C são os itens de baixo valor que, apesar de compreender cerca de 50% do
total de tipos de itens estocados, provavelmente representam somente cerca de 10% do
valor total de itens estocados.
25

Martins e Alt (2009) relatam que não existe consenso sobre o ponto de corte para
classificar os produtos entre as classes A, B e C. Os percentuais utilizados para categorizar um
produto classe A variam entre 10% a 20% do total de itens no estoque e impactam 35% a 70%
do faturamento da organização, os itens da classe B oscilam entre 30% a 40% do total do
produtos e seu efeito no valor movimentado do armazém variam entre 10% a 45% e por fim os
produtos presentes na classe C seriam o valor restante dos produtos do estoque.
A classificação ABC pode trazer vantagens para a organização, por diferenciar e
priorizar os produtos dentro dos estoques, mas ao levar em consideração única e exclusivamente
os impactos desses itens no valor movimentado dos estoques, pode causar problemas na gestão
da empresa, pois essa análise não examina os efeitos desses itens no funcionamento da empresa,
para corrigir essa possível deficiência da classificação ABC, podem ser utilizados métodos de
análises cruzadas com base no conceito de criticidade dos itens de estoque em conjunto ao
modelo tradicional de classificação ABC (MARTINS; ALT, 2009).

2.2.6 Métodos de avaliação dos estoques

Para se ter uma gestão de estoques eficiente, utiliza-se de métodos de avaliação de


estoques, se destacando os três mais utilizados no mercado: PEPS (Primeiro a Entrar Primeiro
a Sair), UEPS (Último a Entrar Primeiro a Sair) e Custo Médio.
Segundo Oliveira et al (2003 apud DANTAS, 2015, p. 25), essa avaliação se dá

Para a apuração do custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas


consumidas, o contribuinte deverá utilizar-se de registros permanentes de estoques ou
do valor dos estoques existentes, de acordo com o livro inventário, no fim do exercício
social.

A aplicação desses métodos, contribui para a gestão financeira da organização, além de


facilitar o gerenciamento dos espaços do armazém, as operações diárias de manipulação e de
deslocamento de produtos (DIAS, 2010).

2.2.6.1. PEPS

Esse método de avaliação de estoques tem como princípio, de que o primeiro produto a
entrar na empresa, deverá sair primeiro, essa distribuição de forma cronológica, permite que as
26

variações de custos sejam distribuídas em todas as entradas dos produtos, somente sendo
vantajoso para a organização, se essas oscilações forem habituais e esperadas, podendo ser
atenuadas entre os produtos (DIAS, 2010).
Segundo Fenili (2016) outra vantagem adquirida por esse modelo, é que pode ser usado
para os produtos que tenham um grande nível de perecibilidade, sendo assim esse método
possibilita ter itens mais frescos, garantindo assim a qualidade desses produtos.
Numa abordagem não contábil, mas logística, os produtos com alta perecibilidade
podem adotar a prática de movimentação de estoque FEFO (First Expire, First Out), ou seja, a
ordem em que os produtos sairão do estoque será definida pelo prazo de validade, os produtos
que vencerem primeiro serão os primeiros a sair, esse modelo é recomendado quando a
organização trabalha com produtos com alto giro e prazo de validade curto (DUARTE, 2016).

2.2.6.2. UEPS

O último a entrar, primeiro a sair é a definição desse método que classifica a ordem de
distribuição de produtos, o UEPS tem como característica, o repasse imediato dos custos para
o cliente, ou seja, os preços são estabelecidos a partir da última entrada constatada no estoque.
Para Dias (2010 p. 134), “É o método mais adequado em períodos inflacionários, pois
uniformiza o preço dos produtos em estoque para venda no mercado consumidor.”. Mas, no
Brasil, no CPC 16, não se reconhece esse tipo de avaliação de estoque.

2.2.6.3. Custo médio

O método de custo médio é mais comum pois é o método mais simples de avaliação de
estoque e de definição de seus custos.
Para Dias (2010, p.132), o seu uso é justificado porque:
A avaliação feita através do custo médio é a mais frequente. Tem por base o preço de
todas as retiradas, ao preço médio do suprimento total do item em estoque. Esse
método age como um estabilizador, pois equilibra as flutuações de preços; e, a longo
prazo, reflete os custos reais das compras de material.

Outro benefício que o custo médio possibilita é a valorização dos produtos tanto aqueles
que são adquiridos, quanto aqueles que são fabricados pela empresa (2010, ALMEIDA apud
DANTAS, 2015).
27

2.3 Revisão da literatura sobre gestão de estoques em pequenas empresas no ramo


alimentício

Para realização do presente trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico de


artigos e monografias sobre a gestão de estoques em pequenas empresas que atuam no segmento
de alimentos. A pesquisa levou em consideração trabalhos aplicados que tenham sido
publicados nos últimos 6 anos. Ao final das pesquisas, foram selecionados 11 trabalhos, que
atenderam aos critérios estabelecidos no protocolo de revisão disponível no apêndice A. O
quadro 01, apresenta os resultados com os pontos mais relevantes de cada estudo.

Quadro 01 – Pontos principais dos estudos selecionados.


Autores Título Práticas de gestão Principais Resultados
de estoque

NAKAHARA, 2016 Estudo da gestão de Revisão contínua e Foi identificada uma


estoque e o desempenho periódica, estoque de organização resistente a
em uma organização de segurança, ABC, mudanças, o ressuprimento
pequeno porte Médias móveis era feito quando um produto
(simples e faltava, a pesquisa elaborou
ponderadas), giro de uma curva ABC, giro de
estoque e nível de estoque, estoque de
serviço. segurança e nível de serviço,
para a organização.

SOUSA, et al, 2017 Utilização de ferramentas Just-in-time, PEPS, A empresa utiliza o método
gerenciais para o controle custo dos estoques, de controle de validade
de estoques: um estudo de curva ABC PEPS, mas no controle do
caso de uma empresa do inventário não há uma
setor alimentício padronização. A partir da
análise dos dados, foi
sugerido que as decisões
sejam baseadas no PEPS, no
acompanhamento e controle
de estoque.

CORVELLO; Análise descritiva da Controle de estoque A partir das análises de


HERMOSILLA; implantação da gestão da por meio da previsão demanda e o histórico de
PIRATELLI, 2018 demanda em uma de demanda, compra vendas, foi possível
empresa de pequeno porte mínima, reposição desenvolver um ponto de
do setor supermercadista periódica e estoque de equilíbrio entre a demanda e
segurança oferta de produtos. Foi feita
uma reavaliação dos
processos de suprimento,
para melhorar os
indicadores de vendas,
lucratividade e desperdícios
da organização.

PALOMINO Aplicação da curva abc na Curva ABC e o custo A elaboração da curva ABC,
et, al, 2018 gestão de estoque de uma do volume médio traz informações sobre os
microempresa de anual itens mais relevantes, com
28

Autores Título Práticas de gestão Principais Resultados


de estoque

Aracaju-se. relação ao custo total, para


saber quais itens devem ter
mais atenção tanto
financeira, quanto gestão da
armazenagem.

CUTRIM, et al, 2019 Gestão de estoque: a Média móvel simples, Apesar que teoricamente as
previsão amortecimento técnicas de previsão de
de demanda aplicada em exponencial e demanda conseguirem
uma regressão linear prever a demanda da
distribuidora de frangos organização, ao aplicado a
organização estudada,
houve um erro entre a
previsão e a realidade,
acarretados pela falta de
dados históricos mais
profundos que os
disponibilizados. O erro
entre a realidade e o previsto
ficou entre -12,3% a -4,7%.
Os autores sugerem para
corrigir esse problema, ter
pelo menos dados de 24
meses para determinar a
previsão de demanda.

GONÇALVES; SILVA, Administração de métodos PEPS, Foi concluído que o


2019 estoque: estudo de caso UEPS, Custo médio e desenvolvimento da gestão
em uma empresa varejista classificação ABC de estoque e operacional, vai
de comércio de alimentos desenvolver uma vantagem
competitiva por causa da
diferenciação gerada, pela
eficiência do
estabelecimento.

SANTOS; SANTOS; Aplicação das Curva ABC, estoque Ao aplicar a curva ABC se
ferramentas da gestão de de segurança e LEC descobre quais os itens
CHIQUETANO, 2019
estoques em uma loja de impactam mais o
produtos naturais no faturamento da organização,
interior de são paulo os itens do grupo A devem
ter um nível alto de controle.
Para evitar perdas e
prejuízos, desenvolver um
estoque de segurança e LEC,
evita que a organização
tenha gastos excessivos com
armazenamento ou com
pedidos

SANTOS, et al, 2019 Os desafios para a gestão giro de estoques, Ao fim das análises dos
de estoques em empresas classificação ABC, métodos das duas
de doces artesanais. agregação de riscos, organizações estudadas,
ciclo PDCA, Lote chegou se aos seguintes
Econômico de resultados: em ambas
Compra (LEC), empresas o armazenamento
tem pouca relevância para as
gestoras; a função do
29

Autores Título Práticas de gestão Principais Resultados


de estoque

estoque é prevenir rupturas;


a organização do estoque é
distinta entre as
entrevistadas, mas com
categorias de divisão de
tipos de produtos e data de
vencimento; o planejamento
de compra só ocorre em
datas atípicas, como festas e
feriados; o registro é feito
em planilhas simples e
básicas;e em ambas
organizações têm
dificuldade em gerenciar os
estoques, por falta de
ferramentas para auxiliar os
processos de seu
planejamento.

LEITES; MATTA; 2020 Gestão de estoques e o Estoque de segurança, A partir das análises,
processo de compras no ponto de pedido, constatou-se que a
varejo: estudo de caso da tempo de reposição de organização possui
empresa casa do sorvete, materiais, estoque processos manuais no
localizada no município médio, lote gerenciamento de estoques
de santana do livramento econômico de como anotações e planilhas
– rs compras (LEC) e físicas em papel para esse
previsão de demanda. controle, contando com a
experiência de mercado da
gestora, como também se
constatou a utilização de
métodos de gestão de
estoque como o lote
econômico de compra,
estoque de segurança, ponto
de pedido e ect. mesmo sem
o conhecimento teórico
dessas práticas pela gestora.

CARRIJO; LONGHINI; Proposta de gestão e Estoque de segurança, A pesquisa aplicou na


2020 dimensionamento de ponto de pedido, lote empresa a curva ABC onde
estoques em uma econômico de foram identificados quais
mercearia de pequeno compras e eram os produtos que mais
porte classificação ABC impactavam os lucros da
mercearia, com os produtos
identificados foi aplicado os
métodos de lote econômico
de compra, estoque mínimo
e o ponto de pedido nos
produtos mais importantes,
para nortear as decisões da
organização.

SILVA, 2021 Proposta e aplicação de Inventário, A Partir das análises, foi


um modelo de gestão de codificação, curva sugerido para a organização
estoques com base em ABC, Acurácia, lead a aplicação de ferramentas
ferramentas e indicadores time, estoque de como curva ABC, lead time,
de desempenho: um segurança, ponto de estoque de segurança e
30

Autores Título Práticas de gestão Principais Resultados


de estoque

estudo de caso no setor reposição, previsão de ponto de ressuprimento.


alimentício. demanda e média
móvel
Fonte: Elaboração própria, 2021.

Os onze trabalhos presentes nesta revisão da literatura empírica, demonstraram como


ocorre a gestão de estoques em pequenas organizações. Vários métodos de gerenciamento,
foram usados tanto pelas empresas analisadas nos estudos, quanto pelos pesquisadores, para
alcançar seus resultados. Todos os pesquisadores, relataram a importância desse setor para a
saúde da organização, seu impacto na eficiência da gestão e no processo da diferenciação das
empresas, pois foi relatado que uma organização com boa gerência de seus produtos, evita
falhas nos processos.
A prática mais presente nos trabalhos foi o método de classificação ABC, que esteve
presente em 8 das pesquisas selecionadas (NAKAHARA, 2016; SOUZA, 2017; PALOMINO
et al, 2018; GONÇALVES; SILVA, 2019; SANTOS, SANTOS, CHIQUETANO, 2019;
SANTOS et al, 2019; CARRIJO, LONGHINI, 2020; SILVA, 2021). Esses autores relataram
que essa ferramenta é a mais adequada para definir qual o grau de prioridade dos produtos no
gerenciamento de estoques.
A segunda prática, mais presente nos textos foi o estoque de segurança, estando
presente em 6 das pesquisas (NAKAHARA, 2016; CORVELLO, HERMOSILLA,
PIRATELLI, 2018; SANTOS, SANTOS, CHIQUETANO, 2019; LEITES, MATTA, 2020;
CARRIJO, LONGHINI, 2020; SILVA, 2021), relatando sua importância, para controle do
estoque, evitando faltas de produtos. Nesse sentido, o artigo de Santos, Santos e Chiquetano
(2019) desenvolve o estoque de segurança com base na classificação ABC, pois, os itens
considerados classe A têm uma maior importância, pois são imprescindíveis para o
funcionamento da empresa, resultando em maior relevância na criação do estoque de segurança
de forma mais confiável para esses itens. Por outro lado, os produtos B, com uma média
importância e os itens C, com pouca importância, podem ter parâmetros de controle menos
precisos, pois possíveis faltas destes produtos resultam pouquíssimo impacto na saúde
financeira da organização.
Tanto o texto de Santos, Santos e Chiquetano (2019), como o de Santos et al (2019) e o
de Leites, Matta (2020), apresentam o modelo de lote econômico de compra, como meio de
evitar gastos excessivos com armazenamentos de produtos e com o custo dos pedidos.
31

No texto de Santos et al (2019), os autores relatam que as empresas que foram usadas
na pesquisa, não dão importância para a forma em que os produtos estão dispostos no
armazenamento, então não são classificados ou dispostos de acordo com o tipo dos itens no
almoxarifado.
No artigo de Leites e Matta (2020) foi identificado que a organização apresenta algumas
práticas de gestão de estoque mesmo sem conhecimento teórico dessas práticas por parte da
gestora, como o ponto de pedido e o lote econômico de compras, baseados na experiência de
mercado da gestora.
O estudo de Cutrim et al (2019) foi o único artigo que não conseguiu resultados para
atender os objetivos propostos, os autores relataram a dificuldade de prever a demanda, por
causa das sazonalidades acarretadas pela variação de preços dos produtos (no caso, frango), que
ocasionou a procura atípica pelo produto. Outro ponto que foi relatado que causou o erro entre
a previsão da demanda e a realidade, foi o tempo disponível dos dados históricos de vendas da
organização. Os autores sugeriram que as pesquisas tivessem um maior período de análise ou
base de dados com uma série histórica maior.
Com base na análise da literatura empírica foi possível verificar quais abordagens
seriam necessárias para identificar as práticas de gestão dos estoques dentro de uma pequena
organização do ramo de alimentos e sugerir mudanças para melhoramento da administração de
materiais dessa organização, com dados presentes no levantamento da literatura empírica foi
definido que deveria haver uma diferenciação dos produtos vendidos pela empresa usando o
método de classificação ABC e com isso criar um estoque de segurança e um lote econômico
para os produtos que mais impactam no faturamento da organização.
32

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste tópico, será apresentada a estratégia metodológica empregada na elaboração desta


pesquisa contendo a natureza e a caracterização da pesquisa, a abrangência do estudo, o plano
de coleta de dados e o plano de análise dos dados. Como mostrado a seguir, o quadro 02
apresenta a síntese da estratégia da pesquisa.

Quadro 02 – Síntese da estratégia da pesquisa.


GESTÃO DE ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA MICROEMPRESA
Título DO RAMO DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA GRANDE
NATAL/RN

Problema de pesquisa Como as práticas de gestão de estoques podem ser aplicadas a uma pequena
empresa do ramo de distribuição de alimentos?

Objetivo geral

Analisar alternativas para aplicação de práticas de gestão de estoques em uma pequena empresa distribuidora
de alimentos.

Objetivos específicos Coleta de dados Análise de dados

a) Mapear os procedimentos de gestão ▪ Coleta de dados primários


▪ Análise observacional
de estoques já utilizados pela disponíveis na empresa e
e documental da
organização; observação dos processos da
organização.
organização

▪ Por meio da coleta de ▪ Análise comparativa


b) Identificar possíveis disfunções nas informações da revisão entre as práticas
práticas utilizadas; bibliográfica e mapeamento utilizadas pela
das técnicas que a empresa e os métodos
organização utiliza. descritos na literatura.

▪ Aplicação de técnicas
c) Demonstrar a aplicação de práticas selecionadas, a partir
▪ Coleta de dados primários
dos resultados da
para melhorias no gerenciamento dos disponíveis, por meio do
análise comparativa,
estoques histórico de vendas da
para melhorar o
organização
gerenciamento da
organização.
Fonte: Elaboração própria (2021).

3.1 Natureza e caracterização da pesquisa

Para realização do presente estudo, por se tratar de um estudo de caso real, optou-se por
uma pesquisa de natureza aplicada, pois busca gerar soluções para problemas práticos
(PRODANOV; FREITAS, 2013).
33

Quanto aos objetivos, trata-se de pesquisa descritiva, por meio da qual, segundo
Prodanov e Freitas (2013), o pesquisador registra e descreve os fatos observados sem interferir
neles, com o objetivo de demonstrar as características de determinada população, fenômeno ou
estabelecendo relações entre variáveis. No mesmo sentido, Gil (2002) relata que a pesquisa
descritiva se utiliza de métodos padronizados de coleta de dados, como observações
sistemáticas.
A abordagem de análise escolhida foi a quantitativa, pois verificou-se que os dados
quantitativos possibilitam evidenciar e solucionar o problema da pesquisa e encontrar as
particularidades necessárias para sua realização.
De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 69), a abordagem quantitativa
[...] considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de
técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente
de correlação, análise de regressão etc.).

Por fim, quanto aos procedimentos técnicos aplicados, a pesquisa utilizou-se de


pesquisa bibliográfica, para construção do referencial teórico e revisão da literatura recente,
pesquisa documental e estudo de caso, ao explorar o caso específico da gestão de estoques em
uma pequena empresa.

3.2 Abrangência do estudo e plano de coleta de dados

Como a pesquisa em questão foi realizada como um estudo de caso, o público-alvo foi
uma empresa de distribuição e beneficiamento de alimentos, participante da modalidade MEI
(microempreendedor individual), localizada na grande Natal-RN.
O método que foi utilizado para a coleta primária de dados, foi a pesquisa de campo na
própria organização, por meio de uma análise visual da organização (pesquisa observacional) e
na análise dos documentos, dados e materiais disponibilizados.
Segundo Gil (2002 p.46), a pesquisa documental consiste em uma “fonte rica e estável
de dados”.
Sendo seguida por um levantamento bibliográfico, para auxiliar o desenvolvimento
desse projeto, no tocante a coleta dos dados secundários.
34

3.3 Plano de análise de dados

A análise dos dados primários foi feita a partir da análise observacional e análise
documental. Para garantir o sigilo das informações da empresa foi utilizado um multiplicador
nos valores. A partir dos dados obtidos foi realizada uma análise comparativa das práticas de
gestão de estoques da organização, com as informações levantadas na revisão da literatura
empírica.
Na comparação, se entendeu quais práticas seriam mais adequadas para a organização,
quais sejam: o desenvolvimento da classificação ABC, para entender quais eram os itens de
maior peso na saúde financeira da organização, o estoque de segurança e o lote econômico de
produção. Portanto, a última etapa da análise dos dados consistiu na aplicação dessas técnicas
de gerenciamento de estoques, identificadas como adequadas à realidade da empresa estudada.
35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse tópico tem como objetivo verificar os resultados da coleta de dados dentro da
organização. No item 4.1 encontra-se a análise das práticas já utilizadas pela organização e a
comparação com as práticas e resultados presentes em trabalhos levantados na revisão da
literatura, para atendimento dos objetivos específicos a e b. Por sua vez, no tópico 4.2, foram
demonstradas as aplicações de técnicas que solucionem problemas enfrentados pela empresa,
conforme proposto no objetivo específico c.

4.1 Avaliação das práticas da organização com base na revisão da literatura empírica

A empresa atua no mercado de distribuição e beneficiamento de produtos naturais, na


região metropolitana de Natal-RN, o público-alvo são os pequenos e médios lojistas do setor
de venda de alimentos como mercadinhos e lojas de produtos regionais. A organização está
classificada como microempreendedor individual e diante do tamanho, o gestor agrega todas as
funções administrativas e operacionais, como venda, compra de insumos, entregas, fabricação
e gerenciamento do estoque. O atendimento e a comunicação com os clientes e fornecedores
são realizados de forma presencial ou via Whatsapp. Para auxiliar a gestão de materiais dentro
da organização, o administrador se utiliza de planilhas de Excel, contendo o resumo das vendas
no mês e a definição de custos dos produtos mais vendidos.
O almoxarifado da organização conta com 41 itens, entre esses uma parte é vendida sem
nenhuma alteração; outros são selecionados, pesados, embalados e rotulados, para então serem
comercializados; e uma parte passa por um processo de transformação, onde são moídos e
misturados antes de serem novamente embalados. O quadro 03 a seguir contém todos os itens
presentes no estoque.

Quadro 03- Lista total de itens presentes no estoque da organização.


Item Classificação

Produto Produto acabado Insumos para Itens para


acabado (sem após reembalagem produção (alta embalagem
manipulação) (baixa manipulação) manipulação) e exposição
Açúcar X
36

Item Classificação

Produto Produto acabado Insumos para Itens para


acabado (sem após reembalagem produção (alta embalagem
manipulação) (baixa manipulação) manipulação) e exposição
Amendoim granulado X X

Amendoim s/pele X

Aveia X

Aromatizante X

Boldo X

Camomila X

Castanha doce X

Castanha natural X

Catuaba em pó X

Chá verde X

Conservante X

Corante X

Copo de acrílico 50ml X

Essência X

Farinha de amendoim X X

Farinha de castanha X

Fita adesiva X

Galão pet 5l X

Garrafa pet 1l X
37

Item Classificação

Produto Produto acabado Insumos para Itens para


acabado (sem após reembalagem produção (alta embalagem
manipulação) (baixa manipulação) manipulação) e exposição
Garrafa pet 500ml X

Garrafa pet 200ml X

Ginseng em pó X

Granola X

Guaraná em pó X X

Hibisco X

Lacre de plastico X

Louro X

Marapuama em pó X

Orégano X

Pimenta do reino X

Saco 10x15x0,04 X

Saco 10x15x0,10 X

Saco 12x18x0,10 X

Saco 15x25x0,10 X

Saco 15x45x0,10 X

Saco 25x45x0,10 X

Saco 45x75x0,10 X

Tiras de plástico X

Rótulos* X

*cada produto finalizado tem seu próprio rótulo


Fonte: Elaboração própria (2022).
38

Ao verificar os 41 itens presentes no estoque da organização, somente 3 deles são


comercializados sem nenhuma alteração, são eles o amendoim granulado, a farinha de
amendoim e o guaraná em pó, esses produtos também são insumos usados na composição de
outros produtos comercializados pela empresa, 11 dos itens presentes na empresa são pesados,
embalados e rotulados, 12 dos produtos usados para fabricação de alguns dos produtos
finalizados, acabam passando por um processo de alta manipulação, onde esses itens são
misturados para criação de compostos ou cozinhados para a fabricação do xarope de guaraná e
por fim 18 dos itens são usados na embalagem dos produtos, como no caso do saco 10x15x0,10
ou são utilizados para expor os produtos finalizados como as tiras de plástico.
Todos esses insumos são usados para compor os produtos comercializados pela
organização. No quadro 04, a seguir, consta a lista de todos os produtos finalizados .

Quadro 04- Lista de produtos comercializados pela empresa.


Itens

AMENDOIM FARINHA 5KG GRANOLA 200G LOURO 10G


AMENDOIM GRANULADO 5KG GUARANÁ EM PÓ 1KG ORÉGANO 10G
AMENDOIM S/PELE 40G HIBISCO 50G ORÉGANO 50G
BOLDO 10G KIT BOMBA GRANDE PIMENTA DO MOÍDA 50g
CAMOMILA 10G KIT BOMBA MÉDIO PIMENTA DO REINO 50g
CASTANHA DOCE 50G KIT BOMBA PEQUENO XAROPE 1L
CASTANHA NATURAL 50G KIT SUCO GRANDE XAROPE 5L

CHÁ VERDE 50G KIT SUCO MÉDIO

ERVA DOCE 10G KIT SUCO PEQUENO


Fonte: Elaboração própria (2022).

Atualmente a organização comercializa um total de 25 produtos, a dinâmica de


produção desses produtos dificulta o gestor no seu gerenciamento dos estoques, pois um mesmo
insumo pode ser usado para a fabricação de vários produtos. Quando verificamos o
gerenciamento desses estoques, constatou-se que o gestor praticamente não estabeleceu os
níveis de estoques dos produtos finalizados, sendo as únicas exceções os 3 produtos já
mencionados que são comercializados sem nenhuma manipulação e também usados como
insumos de outros produtos. O gestor não estabeleceu nenhum critério metodológico para os
39

níveis dos estoques dos insumos que compõem os produtos finalizados, acarretando rupturas
nos processos fabris.
Dentro da organização foram identificadas poucas práticas usadas para gerenciar o
almoxarifado, a primeira prática foi do sistema de produção puxada, ou seja, os pedidos que
geram a fabricação. Nenhuma das empresas analisadas nos trabalhos selecionados na revisão
da literatura utilizam a prática de demanda puxada, mas o texto de Souza et al (2017) relata que
pode ter vantagens na aplicação desse sistema como uma filosofia, em que os estoques tendem
a zero, reduz os gastos excessivos com a estocagem, mas que esse sistema não promova faltas.
A segunda metodologia averiguada dentro da empresa foi o sistema de avaliação de
estoques PEPS. Esse modelo era aplicado nos insumos presentes no quadro 03 de maneira que
à medida que a empresa ia fabricando os produtos finalizados, eram sempre escolhidos os
insumos que tinham entrado primeiro no estoque da organização. Dois dos textos encontrados
no levantamento da bibliografia empírica apresentaram esse modelo de avaliação, como uma
prática recomendada em empresas do setor alimentício, pois sua aplicação contribui para
garantir que itens presentes nos estoques não passem do prazo de validade. Souza et al (2017)
constataram a utilização dessa prática no seu estudo de caso e Gonçalves e Silva (2019) não
identificaram essa prática na sua pesquisa, mas sugeriram sua aplicação de método de avaliação
de estoque de acordo com as características e necessidades da organização.
A terceira e última prática identificada na organização foi a utilização do método de
ressuprimento de revisão contínua. Essa prática foi identificada, pois o gestor averigua pelo
menos uma vez na semana os níveis dos insumos presentes nos estoques para serem ressuprido.,
Peinado e Graeml (2007) relataram que para usar o modelo de reposição contínua eram
utilizadas práticas metodológicas para definir quando haveria a reposição e qual seria o tamanho
do lote, o gestor não utiliza nenhum critério baseado em modelos presentes no gerenciamento
dos estoques, mas em sua experiência e intuição. Nenhum dos trabalhos do levantamento
bibliográfico constatou o uso dessa prática nos seus estudos de casos.
Considerando as práticas previamente identificadas na literatura, a gestão dos estoques
da empresa carece de métodos que priorizem os produtos vendidos, como o modelo de
classificação ABC. Esse problema impacta diretamente no acúmulo de atribuições por parte do
gestor, sem saber com precisão quais os itens são mais importantes para a organização, para
que ele possa distribuir sua atenção de maneira mais eficiente. Outra carência enfrentada é de
não haver nenhum critério para estipular a quantidade de insumos e de produtos finalizados,
como um estoque de segurança e falta de uma metodologia que defina a quantidade que irá ser
produzida, como a prática de um lote econômico.
40

Para resolver as dificuldades que se assemelham ao enfrentado pela organização, os


trabalhos anteriores desenvolveram práticas para criar os critérios de administração dos
produtos das organizações, a partir da implementação do método de classificação ABC
(NAKAHARA, 2016; SOUZA, 2017; PALOMINO et al, 2018; GONÇALVE, SILVA, 2018;
SANTOS, SANTOS, CHIQUETANO, 2019; SANTOS et al, 2019; CARRIJO, LONGHINI,
2020; SILVA, 2021), estoque de segurança (NAKAHARA, 2016; CORVELLO,
HERMOSILLA, PIRATELLI, 2018; SANTOS, SANTOS, CHIQUETANO, 2019;LEITES,
MATTA, 2020; CARRIJO, LONGHINI, 2020; SILVA, 2021) e lote econômico (SANTOS,
SANTOS, CHIQUETANO, 2019; SANTOS, 2019) como forma inicial e de fácil
implementação dentro da organização de método de gerenciamento dos estoque, a partir dessas
técnicas seria possível desenvolver práticas mais confiáveis na previsão da demanda, evitando
perdas e faltas dentro da organização.

4. 2. Propostas de melhorias para o gerenciamento de estoques

A partir da análise situacional da organização e da comparação com os trabalhos da


revisão da literatura empírica, foi sugerida a implementação dos métodos de classificação de
estoques ABC, estoque de segurança e lote econômico de produção como práticas de fácil
aderência e implementação por parte do gestor para o auxiliar na administração dos produtos
da empresa.

4.2.1. Classificação ABC

Para o desenvolvimento da classificação ABC foram usados os dados coletados sobre o


relatório de vendas, contendo a demanda anual no período de dezembro de 2020 a novembro
do ano de 2021, contendo a quantidade vendida e o valor de venda. A Tabela 01 foi disposta de
ordem decrescente do valor agregado vendido por produto.

Tabela 01 – Relação dos produtos por quantidade e valor vendido no semestre.

PRODUTO QUANTIDADE PREÇO VALOR


VENDIDA VENDIDO

CASTANHA NATURAL 50G 1920 R$ 6,00 R$ 11.520,00


KIT BOMBA GRANDE 226 R$ 46,00 R$ 10.396,00
KIT SUCO GRANDE 224 R$ 42,00 R$ 9.408,00
41

PRODUTO QUANTIDADE PREÇO VALOR


VENDIDA VENDIDO

GUARANÁ EM PÓ 1KG 106 R$ 64,00 R$ 6.784,00


KIT BOMBA MÉDIO 200 R$ 30,00 R$ 6.000,00
KIT SUCO PEQUENO 428 R$ 14,00 R$ 5.992,00
XAROPE 5L 96 R$ 60,00 R$ 5.760,00

KIT SUCO MÉDIO 200 R$ 28,00 R$ 5.600,00


KIT BOMBA PEQUENO 230 R$ 16,00 R$ 3.680,00
GRANOLA 200G 548 R$ 6,00 R$ 3.288,00
PIMENTA DO MOÍDA 50g 630 R$ 4,00 R$ 2.520,00
XAROPE 1L 152 R$ 14,00 R$ 2.128,00
AMENDOIM FARINHA 5KG 14 R$ 120,00 R$ 1.680,00
AMENDOIM GRANULADO 5KG 12 R$ 130,00 R$ 1.560,00
CASTANHA DOCE 50G 240 R$ 5,00 R$ 1.200,00
PIMENTA DO REINO 50g 280 R$ 4,00 R$ 1.120,00
AMENDOIM S/PELE 40G 312 R$ 3,00 R$ 936,00
ORÉGANO 50G 70 R$ 8,00 R$ 560,00
ORÉGANO 10G 216 R$ 2,00 R$ 432,00
CAMOMILA 10G 168 R$ 2,00 R$ 336,00
LOURO 10G 120 R$ 2,00 R$ 240,00
BOLDO 10G 96 R$ 2,00 R$ 192,00
ERVA DOCE 10G 96 R$ 2,00 R$ 192,00
CHÁ VERDE 50G 20 R$ 8,00 R$ 160,00
HIBISCO 50G 20 R$ 8,00 R$ 160,00
TOTAL VENDIDO: R$ 81.844,00
Fonte: Elaboração própria, 2022.

Com os dados do acumulado anual de vendas, foi calculada a porcentagem individual


de cada item sobre o total e a porcentagem acumulada desses produtos, para poder elaborar a
classificação ABC. Os critérios de corte utilizados na categorização dos produtos estão postos
no Quadro 04 a seguir.

Quadro 05– Ponto de corte para a categorização dos produtos.


CLASSE CORTE

A 65%

B 95%

C 100%
Fonte: Elaboração própria, 2021.
42

Os produtos foram divididos nas classes A, B e C, sendo os itens que o compõem a


classificação A com aproximadamente 65% do faturamento, os de categoria B são responsáveis
por de volta de 30% das receitas e os outros 5 % compõem os produtos tipo C . Slack, Chambers
e Johnston (2002) apresentam que é mais comum a divisão 20/80 para os produtos tipo A,
Martins e Alt (2005) apresentam que esse valor pode variar entre 35% e 70% do impacto desses
produtos no faturamento da empresa, desde que a quantidade desses produtos represente 20%
do total do estoque, relatam ainda que diversos autores divergem sobre qual seriam as
porcentagens ideais usadas para classificar os produtos e quando aplicada na realidade
dificilmente atenderia esses percentuais.
Nos textos presentes na revisão da literatura empírica, que abordaram o método de
classificação ABC de forma prática, os autores utilizaram diferentes porcentagens para dividir
os produtos entre as classes. Silva (2021) usou em sua pesquisa o critério de corte de 80% do
faturamento como ponto para definir a classe A, esse critério representou aproximadamente
31% do número de produtos vendidos pela organização e os demais produtos foram divididos
entre B e C, já Gonçalves e Silva (2018) apresentaram que produtos presentes na classe A, com
30% dos produtos totais, seriam responsáveis por 70% dos custos totais. Santos, Santos e
Chiquetano (2019) colocaram a classe A com 15% dos produtos representando
aproximadamente 70% do valor faturado pela a empresa, já Carrijo Longhini (2020) utilizou
uma divisão menos marcante entre as classes dos produtos, os de classe A formavam 19% dos
itens e 44% dos lucros, a classe B com 30% dos itens e 32% do lucros e a classe C com 50%
dos itens responsavel 25% dos lucros. Então, no presente estudo adotou-se que a definição do
ideal dos pontos de cortes da classificação deve se adequar de acordo com a necessidade da
organização e de seus produtos, mas sempre com objetivo de criar essa priorização dos
produtos. Na tabela 02 a seguir está presente a aplicação dos critérios de corte da classificação
ABC.

Tabela 02 – Classificação ABC dos produtos.


PRODUTO QUANTID PREÇO VALOR % % CLASSI
ADE VENDIDO INDIVI ACUM FICAÇ
VENDIDA DUAL ULADA ÃO
CASTANHA NATURAL
50G 1920 R$ 6,00 R$ 11.520,00 14,08 14,08 A
KIT BOMBA GRANDE 226 R$ 46,00 R$ 10.396,00 12,70 26,78 A
KIT SUCO GRANDE 224 R$ 42,00 R$ 9.408,00 11,50 38,27 A
GUARANA EM PO 1KG 106 R$ 64,00 R$ 6.784,00 8,29 46,56 A
KIT BOMBA MÉDIO 200 R$ 30,00 R$ 6.000,00 7,33 53,89 A
43

PRODUTO QUANTID PREÇO VALOR % % CLASSI


ADE VENDIDO INDIVI ACUM FICAÇ
VENDIDA DUAL ULADA ÃO
KIT SUCO PEQUENO 428 R$ 14,00 R$ 5.992,00 7,32 61,21 A
XAROPE 5L 96 R$ 60,00 R$ 5.760,00 7,04 68,25 B

KIT SUCO MÉDIO 200 R$ 28,00 R$ 5.600,00 6,84 75,09 B


KIT BOMBA PEQUENO 230 R$ 16,00 R$ 3.680,00 4,50 79,59 B
GRANOLA 200G 548 R$ 6,00 R$ 3.288,00 4,02 83,61 B
PIMENTA DO MOÍDA 50g 630 R$ 4,00 R$ 2.520,00 3,08 86,69 B
XAROPE 1L 152 R$ 14,00 R$ 2.128,00 2,60 89,29 B
AMENDOIM FARINHA
5KG 14 R$ 120,00 R$ 1.680,00 2,05 91,34 B
AMENDOIM GRANULADO
5KG 12 R$ 130,00 R$ 1.560,00 1,91 93,25 B
CASTANHA DOCE 50G 240 R$ 5,00 R$ 1.200,00 1,47 94,71 B
PIMENTA DO REINO 50g 280 R$ 4,00 R$ 1.120,00 1,37 96,08 C
AMENDOIM S/PELE 40G 312 R$ 3,00 R$ 936,00 1,14 97,22 C
ORÉGANO 50G 70 R$ 8,00 R$ 560,00 0,68 97,91 C
ORÉGANO 10G 216 R$ 2,00 R$ 432,00 0,53 98,44 C
CAMOMILA 10G 168 R$ 2,00 R$ 336,00 0,41 98,85 C
LOURO 10G 120 R$ 2,00 R$ 240,00 0,29 99,14 C
BOLDO 10G 96 R$ 2,00 R$ 192,00 0,23 99,37 C
ERVA DOCE 10G 96 R$ 2,00 R$ 192,00 0,23 99,61 C
CHÁ VERDE 50G 20 R$ 8,00 R$ 160,00 0,20 99,80 C
HIBISCO 50G 20 R$ 8,00 R$ 160,00 0,20 100,00 C
Fonte: Elaboração própria, 2021.

Ao aplicar o método de classificação ABC com base nos pontos de cortes estabelecidos,
foram encontrados 6 produtos pertencentes a classe A, esses são responsáveis por
aproximadamente 65% das receitas da empresa, tendo uma maior importância na saúde da
organização e representam 24% dos produtos comercializados por ela, esse resultado mostra
para o gestor da empresa que esses produtos demandam mais de sua atenção, os produtos tipo
B e C têm um menor impacto dentro da empresa, mas não significa que devem ser
desconsiderados, mas como tem uma menor relevância sobre o faturamento comparados com
os produtos classificados como A, demandam uma menor atenção no gerenciamento do
estoque.
A escolha desse ponto levou em consideração o impacto dos produtos no faturamento
da organização, essa divisão tem que se mostra clara quando verificamos a porcentagem
individual de vendas de cada produto, podemos ver que entre os itens que estão na classe A
variam entre 14,08% a 7,32%, ou seja, em média cada um desses produtos impacta cerca de
44

10% o faturamento, já quando verificamos a classe B a porcentagem oscila entre 6,84% a


1,47%, então significa que o faturamento de cada um desses produtos acabam não impactando
a organização, isso fica mais evidente quando vemos que em média cada produto é responsável
por 3,85% do faturamento, por fim quando vemos o restante dos itens que se encontram na
classe C, esse impacto fica quase irrelevante para organização no ponto de vista do faturamento,
pois são 10 produtos com valores percentuais que variam entre 1,37% a 0,20% do faturamento
e em média cada um deles representa 0,52% do valor das vendas.
A inclusão dessa prática auxilia a gestão dos estoques dentro de uma organização em
que o gestor acumula funções, como o caso da empresa objeto do estudo, os produtos
pertencentes à classe A como têm uma maior importância no faturamento da organização, foram
aplicados os métodos de estoque de segurança e de lote econômico de produção.

4.2.2. Estoque de segurança

Para definir o estoque de segurança, foi utilizada a média de vendas no mês e o tempo
de reposição de cada produto classificado como A no período de dezembro de 2020 a novembro
de 2021. Os trabalhos presentes na revisão da literatura que aplicaram esse método de
gerenciamento de estoque (NAKAHARA, 2016; CORVELLO, HERMOSILLA, PIRATELLI,
2018; SANTOS, SANTOS, CHIQUETANO, 2019; LEITES, MATTA, 2020; CARRIJO,
LONGHINI, 2020; SILVA, 2021), se utilizaram de outras fórmulas para encontrar os níveis
ideais de estoque de segurança, mas reforçaram a ideia que a utilização dessa prática é essencial
para manter um alto nível de serviço.
O modelo escolhido para organização foi o método de raiz quadrada, que pode ser
utilizado quando o consumo dos produtos for pequeno no período da reposição (DIAS, 2010).
A Tabela 03, apresenta os produtos designados como A pelo modelo de classificação ABC,
para definir o estoque de segurança desses itens foi calculado a média de vendas mensal desses
produtos, a última informação necessária para determinar o estoque mínimo foi o tempo de
reposição, que foi definido com base no período necessário para o produto finalizado entrar no
estoque da organização, seja por causa do tempo de entrega ou no caso dos produtos
beneficiados pela organização o tempo de fabricação.
45

Tabela 03 – Estoque de segurança.

ESTOQUE MÍNIMO
MÉDIA DE (MÉTODO DA RAIZ
VENDAS MÊS TEMPO DE REPOSIÇÃO QUADRADA)
PRODUTO (C) (TR) E.Mn = √𝐶 × 𝑇𝑅
CASTANHA NATURAL 50G 160 2 18
KIT BOMBA GRANDE 19 7 11
KIT SUCO GRANDE 19 2 6
GUARANA EM PO 1KG 9 1 3
KIT BOMBA MÉDIO 17 7 11
KIT SUCO PEQUENO 36 7 16
Fonte: Elaboração própria, 2021.

Com base nos resultados da tabela é recomendado que a organização adote esses níveis
de estoque segurança a fim de evitar possíveis rupturas e perdas, no caso dos insumos que são
utilizados nos produtos fabricados é sugerido que mantenham um estoque mínimo necessário
para produzir a quantidade definida pela tabela 03 acima.

4.2.3. Lote econômico de produção

Com o resultado da classificação ABC, se evidenciou que os produtos tidos como A têm
grande impacto no faturamento da organização, com exceção do guaraná em pó, os demais
produtos são fabricados ou beneficiados pela organização, então se entendeu que o método de
elaboração de lote econômico de produção (sem faltas) seria o mais adequado para a determinar
o tamanho dos lotes dos itens.
Nos textos levantados na revisão da literatura empírica, alguns relataram o uso do lote
econômico como prática usada no gerenciamento dos estoques, Santos, Santos e Chiquetano,
(2019) foi o único trabalho que elaborou um lote econômico de compra, utilizando a fórmula
que não admite faltas.
O lote econômico de produção tem similaridade ao modelo de lote econômico de
compra, a diferença é que o custo de pedido do LEC é substituído pelo custo de preparação
(DIAS, 2010).
Para a elaboração do lote econômico de produção foi utilizada a quantidade vendida de
dezembro 2020 a novembro 2021, o custo de preparação foi desenvolvido a partir da despesa
da empresa em iniciar a produção, o custo de armazenagem foi delineado usando custo unitário
46

multiplicado pela taxa selic de 9,25%1, para estipular uma perda do gestor por ter o produto no
estoque e a taxa de produção é a capacidade máxima de produção que a organização pode
fabricar cada item.
A Tabela 05 a seguir, mostra o lote econômico de produção de cada produto que é
fabricado pela organização que está marcado como tipo A.

Tabela 04 – lote econômico de produção (sem faltas).

PRODUTO QUANTID
2 .𝐴 .𝐶 ADE
CUSTO
CUSTO DE CUSTO DE TAXA DE
LEP
𝑄= √ VENDIDA
UNITÁRIO
PREPARA ARMAZE PRODUÇÃO
(Q)
𝐶 AGREGA ÇÃO (A) NAGEM (I) (W)
𝐼 [1 − ] DA (C)
𝑊
CASTANHA NATURAL
50G 1920 R$ 4,80 6,5 R$ 0,44 1276 112
KIT BOMBA GRANDE 226 R$ 32,37 6,5 R$ 2,99 56 23
KIT SUCO GRANDE 224 R$ 29,30 6,5 R$ 2,71 60 22
KIT BOMBA MÉDIO 200 R$ 15,36 6,5 R$ 1,42 58 27
KIT SUCO PEQUENO 428 R$ 9,00 6,5 R$ 0,83 114 54
Fonte: Elaboração própria, 2022.

A tabela 05 calculou usando a fórmula de lote econômico de produção que não admite
faltas. A principal vantagem da definição do lote econômico é a diminuição dos custos
relacionados armazenagem, fabricação e perda, isso se dá, pois a aplicação do LEP otimiza a
fabricação dos itens presentes na organização pois determina uma quantidade de produção de
itens que se adequem às vendas da empresa, esse sistema determina uma quantidade ideal para
fabricação dos produtos da organização, tendo com objetivo diminuir ao máximo as
possibilidades de ocorrerem faltas ou excessos de produtos dentro do estoque. Um ponto
positivo que Santos, Santos e Chiquetano, (2019) relatam que a criação de um lote econômico,
é recomendada em empresas que trabalham com produtos com prazos de validade curto, pois
todo o lote é elaborado com base no consumo dos produtos.
Outro ponto que a aplicação do LEP proporciona é na sua contribuição na gestão do
tempo do gestor, por causa de dois pontos: a primeira vantagem é alcançada quando o LEP é
utilizado em conjunto com o estoque de segurança, pois possibilita prever com antecedência o
momento em que se iniciará a fabricação, a segunda vantagem se origina quando o gestor tem

1
BCB Taxas de juros básicas – Histórico Disponível em:<https://www.bcb.gov.br/controleinflacao
/historicotaxasjuros>. Acesso em: 18 dez. 2021.
47

o conhecimento do tamanho ideal do lote a ser fabricado, seu tempo dedicado a esse processo
é também otimizado pois está fabricando a quantidade ideal para suprir a demanda da
organização.
48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As organizações que trabalham no ramo de alimentos deveriam ter maior preocupação


com os níveis de estoques, pois esses produtos têm por diversas vezes prazos de validade curtos,
o que dificulta a estipulação das quantidades de itens no armazém. Dessa forma, se a empresa
adotar um estoque em excesso podem ocorrer perdas por produtos estragados ou ativos parados
e se adotar um estoque menor pode ocorrer falta dos produtos, isso pode ocorrer se as decisões
forem tomadas sem o uso de métodos consolidados da administração de materiais. É essencial
que as práticas de gestão de estoques dentro da empresa estejam pautadas em métodos seguros
para garantir a qualidade dos itens evitando perdas.
A administração de materiais dentro de empresas de pequeno porte apresenta um grande
desafio, pois, como no caso da organização objeto deste estudo, o gestor por diversas vezes
acumula as funções administrativas e operacionais, isso acarreta dificuldades em executar
modelos administrativos, por diversas vezes o gestor acaba tomando decisões dentro da
organização pautadas por sua experiência, que não precisa ser desconsiderada, mas ter o auxílio
de métodos presentes na administração aumenta as possibilidades de acerto, perpetuação e
crescimento da empresa.
Com base nos resultados dos pesquisadores levantados na revisão empírica, em casos
que se assemelham a esta pesquisa, a ferramenta de classificação ABC se mostrou mais
adequada para definir os níveis de importância dos produtos, mostrando onde as práticas de
gestão seriam mais necessárias e causariam mais impacto na saúde da organização.
A construção da classificação ABC possibilitou a identificação dos produtos com maior
faturamento, estabelecendo políticas de controle mais precisas como estoque de segurança e o
desenvolvimento do lote econômico de produção.
Por meio da aplicação do método de classificação ABC, foi evidenciado que com a
exceção de um único produto, a maioria dos produtos presentes na classe A eram fabricados
pela própria organização, isso foi tomado como base para a escolha do modelo de lote
econômico de fabricação
Para auxiliar o gestor, a classificação ABC deverá ser atualizada, para verificar quais
produtos podem mudar de categoria e incluir nos métodos de gestão. A escolha de determinar
que os produtos tipo A passariam pelos métodos de gerenciamento de estoque foi baseada nas
pesquisas presentes na revisão, mas não impossibilita inclusão dos demais itens nesses modelos
pelo gestor
49

As maiores dificuldades enfrentadas pelo pesquisador, foram a falta de dados sobre os


níveis de estoques e o consumo dos insumos que formam os produtos finalizados presentes na
organização, o que possibilitaria a criação de lote econômico de compras. Outro ponto
enfrentado pelo pesquisador foi a presença de poucas pesquisas recentes sobre o assunto e com
organizações que se assemelham a da pesquisa.
Em pesquisas futuras, recomenda-se ter dados de compras com a abrangência de pelo
menos um ano para a construção do lote econômico de compra, análise dos níveis dos estoques
das matérias-primas e a aplicação de técnicas de planejamento de recursos de produção (MRP)
para auxiliar no controle da produção desse tipo de organização.
50

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Ceará, Russas, 2021.

SLACK. Nigel, CHAMBERS. Stuart, JOHNSTON. Administração da produção. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

SOUSA, D. C. F.; CLAUDINO, C. N. Q.; AQUINO, J. T.; MELO, F. J. C. Utilização de


Ferramentas Gerenciais para o Controle de Estoques: Um Estudo de Caso de uma
Empresa do Setor Alimentício. GESTÃO.Org - Revista Eletrônica de Gestão Organizacional,
v. 15, n. 2, p. 546-563, 2017.
53

APÊNDICE A – Protocolo de revisão da literatura.

Objetivo da revisão

O objetivo dessa revisão, foi identificar os artigos recentes com aplicações sobre gestão
de estoques em empresas de pequeno porte do ramo alimentício e com mapeamento dessas
práticas nas organizações.

Fontes primárias:

1) Anais do ENEGEP (2020, 2019, 2018, 2017,2016 )


2) Google Acadêmico
3) SPELL

Strings de busca:

▪ "Gestão de estoques” (ENEGEP)


o área “01.Gestão da produção” para os anos de 2016 a 2018;
o área “02.2Gestão de estoques” para os anos 2019 e 2020.
▪ "gestão de estoques" AND "empresa de pequeno porte" AND“distribuidora”
AND“alimentos” (Google Acadêmico)
▪ “gestão de estoques” AND “Empresa do Setor Alimentício” (SPELL)
o campo de pesquisa: Resumo.

Critérios de inclusão:

▪ Últimos 6 anos
▪ Trabalho aplicado
▪ Aderência temática a partir da leitura do título e do resumo
o Aplicações em empresa de pequeno porte
o Ramo alimentício

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