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Desplacamento cerâmico na
obra
Thiago Munhoz Fraga
Coordenador de contratos - Especialista no sistema construtivo parede de
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concreto.
Publicado em 1 de jul. de 2020

Desplacamento de revestimento cerâmico no sistema parede de concreto

Msc. Eng. Thiago Munhoz Fraga – Supervisor técnico da SH

PALAVRA CHAVE: Desplacamento de cerâmica, descolamento de cerâmica,

patologia de cerâmica na parede de concreto, problemas com cerâmica e
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patologias na construção civil.

INTRODUÇÃO

Como o Brasil é um grande consumidor dos revestimentos cerâmicos no mundo

podemos analisar uma amostragem maior de patologias provenientes a esse tipo
de material. Como nosso pais consome muito os revestimentos cerâmicos, há no
mercado uma quantidade enorme de tipos que são caracterizados de acordo com a
resistência, qualidade e durabilidade. Escolher o material certo para cada tipo de
solução é um desafio para as construtoras, ainda mais quando se trata de
construções de habitações de baixa renda em sua maioria. A má escolha aliada, ou
não necessariamente, com o mau assentamento pode vir a ser um problema futuro
no que se diz respeito ao desplacamento das peças.

O desplacamento de cerâmica na construção civil é considerado uma das

patologias mais comuns e mais sérias que acontecem, geralmente podem ser
observados quando a adesão entre os elementos do sistema, nesse caso, as placas
cerâmicas, a argamassa e a parede não ocorre como o necessário. Como em outros
aspectos construtivos essa patologia pode estar relacionada a um ou mais tipos de
causas, segundo Bento (2010).  Sendo assim, quando ocorre o desplacamento a
patologia pode ser ocasionada por mais de uma variável. Nesse conteúdo serão
informadas as principais causas desse problema nessa tipologia de construção.

Esse conteúdo teve como apoio materiais didáticos tais como: livros, normas,
artigos e dissertações, todos eles baseados no assunto de desplacamento
cerâmicos, seus motivos e como evitar.

1.    A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS

O Brasil é um dos principais players do mercado mundial de revestimentos

cerâmicos. Ocupa a terceira posição na produção (Anfacer, 2020), atrás somente da
China e Índia. Já no consumo está em segundo lugar, atrás somente da China.
Quando o assunto é exportação o Brasil ocupa o sexto lugar, esse indicador é muito
relevante quando analisado que o consumo interno chega a alcançar quase 88%
(769,2 milhões de metros quadrados) contra pouco menos de 12% (100,5 milhões
de metros quadrados) da produção que é exportado. No ano de 2018, foram
produzidos 871,9 milhões de metros quadrados para uma capacidade instalada de
1.161 milhões de metros quadrados (Anfacer, 2020).

Fonte: ANFACER (2020)

2.    DEFINIÇÕES BÁSICAS

As definições básicas serão importantes para o entendimento correto do assunto e

para isso será usada como base as definições contidas na NBR13754.

2.1. Argamassa colante

Mistura constituída de aglomerantes hidráulicos, agregados minerais e aditivos, que

possibilita, quando preparada em obra com a adição exclusiva de água, a formação
de uma pasta viscosa, plástica e aderente.

2.2. Argamassa de rejuntamento

Argamassa introduzida nas juntas de assentamento, com o fim de preenche-las

2.3. Base

Substrato constituído por superfície plana de paredes, sobre o qual é aplicada a

argamassa colante, para assentamento das placas cerâmicas

2.4. Desempenadeira de aço dentada

Ferramenta utilizada na aplicação da argamassa colante, fabricada em chapa de aço,

com espessura de cerca de 0,5mm (chapa 26) e dimensões aproximadas de 11 cm x
28 cm, tendo reentrâncias (dentes) em dois lados adjacentes, com cabo preso por
rebites no sentido longitudinal e no centro da peça.

2.4.1.Dicas de uso.

Quando os dentes da desempenadeira se desgastarem e sua altura diminuir em

1mm, está deve ser substituída por uma nova.

2.5. Junta

Espaço regular entre duas peças de materiais idênticos ou distintos

2.6. Junta de assentamento

Espaço regular entre duas placas cerâmicas adjacentes

2.7. Junta de movimentação

Espaço regular cuja função é subdividir o revestimento para aliviar as tensões

provocadas pela movimentação da parede ou do próprio revestimento

2.8. Junta de dessolidarização

Espaço regular cuja função é separar o revestimento para aliviar as tensões

provocadas pela movimentação da parede ou do próprio revestimento

2.9. Junta estrutural

Espaço regular cuja a função é aliviar as tensões provocadas pela movimentação da

estrutura de concreto

2.10.              Tardoz

Face da placa cerâmica que fica em contato com a argamassa de assentamento

2.11.              Engobe de proteção

Aplicação de cor branca nas saliências do tardoz das placas cerâmicas, destinadas a
permitir a movimentação das placas dentro do forno, sem aderir sobre os rolos.

3.    PREPARO PARA A APLICAÇÃO

Para correta aplicação das cerâmicas, afim de eliminar o desplacamento devem

serem seguidos as seguintes orientação teóricas e práticas tanto na superfície
quando no revestimento cerâmico e no preparo da argamassa.

3.1. Parede (Base)

A parede que irá receber o revestimento cerâmicos deve estar com as seguintes
características:

·       Limpa

·       Isenta de qualquer material estranho (Poeira, Óleo, tintas e entre outros)

·       Qualquer composição que possa impedir a boa aderência da argamassa

·       Alinhada em todas as direções, já que a espessura da argamassa não é

suficiente para alinhar a parede

·       O desvio de planicidade da parede não pode ser superior a 3mm a cada 2
metros medidos horizontalmente e verticalmente

Na base precisa ter uma atenção especial antes da concretagem da parede. No

momento da montagem das formas ao aplicar o desmoldante o montador não
pode aplicar em pequenas nem em muita quantidade. A SH orienta que o valor
médio de uso para essa aplicação seja de 130 ml por metro quadrado de forma
(130ml/m²).

3.2. Revestimento cerâmico

As placas cerâmicas devem estar com as seguintes características:

·       Limpa

·       Isenta de qualquer material estranho (Poeira, englobe pulverentos, partículas

soltas e entre outros)

·       Qualquer composição que possa impedir a boa aderência da argamassa

As placas cerâmicas só devem ser desembaladas momentos antes da sua utilização.

Não retirar da embalagem e não deixar nas intemperes é uma característica muito
importante para o bom adensamento da placa na sua base, nesse caso a parede de
concreto moldada in loco.

3.3. ARGAMASSA COLANTE

O preparo da argamassa colante deve obedecer às seguintes características:

·       Usar a quantidade de água indicada pelo fornecedor na mistura

·       Misturar a argamassa até obter uma argamassa sem grumos, pastosa e

aderente

·       Para aplicar aditivos os fornecedores indicam a quantidade de tempo que a

argamassa precisa ficar em repouso até ser novamente reamassada

·       Usar a argamassa somente até duas horas e meia após o preparo. Depois
desse tempo descartar a argamassa

·       O prepara deve ser feito em um ambiente protegido do sol, chuva e vento

Para uma boa aderência das placas cerâmicas é indicado analisar em qual ambiente
e quais intemperes o revestimento cerâmico estará sujeitado. Há no mercado vários
tipos com diferentes características mecânicas e químicas, cada uma para uma
solução diferente. Compre a argamassa colante certa e com qualidade. O custo do
retrabalho é maior do que o investimento inicial em um produto de qualidade e
para o ambiente adequado.

4.     APLICAÇÃO

Após seguir as orientações no preparo da base, da peça cerâmica e na preparação

da argamassa, seguir os passos abaixo no momento da aplicação.

4.1. Estrutura

·       Garantir que as instalações elétricas e hidráulicas estejam devidamente

posicionadas e funcionais de acordo com o projeto

·       Garantir que a limpeza da base esteja de acordo com as orientações

informadas no preparo para aplicação (Item 3.1)

·       Que tenha no mínimo 21 dias após a concretagem sendo desejável 28 dias

·       As paredes devem estar alinhadas e no prumo de acordo com as orientações

informadas no preparo para aplicação (Item 3.1)

4.2. Peça cerâmica

·       Usar peças de guia para o assentamento de todos as peças no cômodo. Para

isso será necessário esticar uma linha entre as peças que devem ser posicionadas
nas extremidades da parede a ser assentada

Fonte: NBR 13754

·       Garantir que as peças guias estejam no mesmo nível e no prumo

·       Emassar um metro quadrado (1m²) na base aplicando a argamassa colante

com a parte lisa da desempenadeira, após passar novamente a desempenadeira
com a parte dentada

·       Aplicar a argamassa colante na peça cerâmica usando primeiro a parte lisa da

desempenadeira e após passar a parte dentada, conforme a orientação acima.
Porém no momento da colagem o traçado da massa na peça deve estar
perpendicular ao traçado da base. Garantindo assim uma dupla colagem com
traçado amarrado

Fonte: Foto do próprio autor

Desplacamento causado por falta da dupla colagem

·       Não usar a argamassa vencida de acordo com as orientações informadas no

preparo para aplicação (Item 3.3)

·       Seguir o preparado da massa de acordo com o informado pelo fabricante

·       Usar a desempenadeira correta para a dimensão da placa cerâmica

Fonte: NBR 13754

·       Retirar todo o ar no momento do adensamento utilizando o martelo de

borracha

5.     CONCLUSÃO

Quando utilizado os critérios da norma NBR 13754 aliados ao preparo e seguindo

os passos de aplicação o resultado tende a ser satisfatório mitigando e/ou
eliminando o problema que acontece em todos os sistemas construtivos.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Revestimento de paredes internas

com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento:
NBR13754. 1996a.

ANFACER, Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos,

Louças Sanitárias e Congêneres. O mercado mundial. Acesso em: 17/04/2020.

BENTO, João José Jorge. Patologias em revestimentos cerâmicos colocados em

paredes interiores de edifícios. 164f. Dissertação. 2010. (Mestrado) – Universidade
do Porto, Porto, 2010.

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