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A novidade estava aí, falada por todo o lado, um documentário que expunha os crimes mais
terríveis da pesca comercial e o seu impacto no ecossistema marinho.
Depois de tanto ouvir falar nele – refiro-me, claro, ao documentário Seaspiracy – lá investi
uma hora e meia do meu tempo para perceber do que se tratava.
Fiquei preocupado! Não pelo conteúdo do documentário (já lá vamos) mas por ver que a
muita gente podia estar a escapar algo que, para mim, me parecia tão óbvio: Seaspiracy não
é um documentário, é propaganda ativista radical para defender uma tese…
E que tese é essa? Durante todo o documentário, se estiverem atentos, ela vai aparecendo
aqui e acolá: reduzam ou eliminem o consumo de peixe…
E porquê? A verdadeira razão a que os autores procuram chegar vem mesmo no final. Os
peixes são animais sencientes, logo não temos o direito de lhes causar sofrimento e de os
explorar. Por isso não os devemos consumir, temos que nos converter ao vegetarianismo…
Pelo meio vão apresentando vários argumentos. Eles são o plástico no oceano composto na
sua maioria por material de pesca, os crimes da pesca comercial e o correspondente impacto
nos stocks de peixe, o criminoso comércio das barbatanas de tubarão, a pesca de cetáceos
A dado ponto estranhei e comecei a prestar mais atenção! Não há soluções perfeitas, mas
todos sabemos que, com algum esforço, é possível ter soluções viáveis do ponto de vista
ambiental, servindo aquilo que são as necessidades do consumo humano. Mas para estes
indivíduos tudo era mau e não havia solução possível. A não ser uma, reduzir ou eliminar o
consumo de peixe…
Começando a prestar maior atenção, voltando atrás algumas vezes, procurando compreender
o ponto de vista apresentado e ler nas entrelinhas, comecei a aperceber-me de uma coisa.
Este suposto “documentário” (a partir deste ponto passo a usar aspas propositadamente) faz
muitas alegações com base em provas muito superficiais – meia dúzia de conversas – e sem
ser profundamente factual, nomeadamente recorrendo aos estudos da comunidade científica
e falando com os peritos na matéria.
É também curioso que vinte e quatro dos testemunhos, nos quais se incluem os cinco
cientistas, são favoráveis ou corroboram argumentos que suportam a tese apresentada. Não
há contraditório:
Neste “documentário” há seis pessoas que são usadas para um verdadeiro “roast”, sendo
apresentados como hipócritas, corruptos e um sanguinário. Curiosamente estas são pessoas
que trabalham com a indústria, procurando soluções para uma pesca sustentável:
No fundo, como peça de investigação jornalística pareceu-me muito fraca, muito pouco
sustentada. Acabei por concluir que eram ativistas que estavam a dialogar comigo, para me
convencerem que tenho que reduzir ou eliminar o consumo de peixe.
E sou só eu a pensar assim? Por momentos pensei que podia estar a ser paranoico. Mas meia
dúzia de pesquisas deixaram-me mais descansado. Posso ser paranoico, mas não sou o único
no mundo a ter esta opinião sobre este “documentário”:
Já agora, para quem queira ver algum contraditório, podem ler as seguintes respostas ao
“documentário”:
Com isto eu não estou a dizer que não há problemas de poluição e sobrepesca, e que tudo
seja uma maravilha na aquicultura, etc. De facto, há problemas, o ecossistema marinho está
ameaçado e devem ser procuradas soluções no sentido de tornar a pesca sustentável a nível
global.
A minha preocupação vai para a comunidade dos pescadores lúdicos, porque vejo muitos a
darem este “documentário” como bom e a fazerem publicidade do mesmo. É preciso ter
consciência que estão a alinhar ombro-com-ombro com o ativismo vegan. E o ativismo vegan
não gosta da pesca lúdica. Seja ela a caça submarina, a pesca à linha apeada ou a pesca à linha
embarcada.
Por isso deixo um alerta: handle with care! Não devemos dar força a este movimento vegan,
se queremos lutar pela sustentabilidade da pesca, procuremos outras formas. Escolham bem
os vossos aliados!