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LEI DE EXECUÇÃO PENAL – Nº 7210, de 1984: § 1º - CONSELHO

NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA

Nilton Rafael Leandro de Sousa

Lays Garcia da Silva**

Kauana Natalia A da Silva***

RESUMO
Este trabalho intenta realizar uma análise sistêmica do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciaria - CNPCP órgão criado com atribuições prevista no art. 61 e
64 da Lei de Execução Penal – LEP (Lei 7210, de 1984). Para aproximar a análise
será apresentado as características deste importante órgão, qual a sua função e se
sua efetividade está comprometida mediantes a maciças violações de direitos huma-
nos em presídios. Para contribuir com as interpretações será analisado jurisprudên-
cias e casos reais do cotidiano.

1. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciaria – CNPCP é um ór-
gão praticamente desconhecido por aqueles que não são operadores do direito. O
conselho foi criado em meados de 1980 e é responsável por propor diretrizes da po-
lítica criminal, em termos prevenção quanto de administração da Justiça criminal e
execução das penas e medidas de segurança. O colegiado é composto por 13 mem-
bros titulares e 13 suplentes, integrados por profissionais da área jurídica, professores
e representantes da sociedade civil nomeados pelo Ministro da Justiça. O mandato

 RA: 2241. Graduando em Direito do Centro Universitário da UniFatecie. Graduado em Sistemas para Internet.
**
RA: 17575. Graduando em Direito do Centro Universitário da UniFatecie.
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RA:17521. Graduando em Direito do Centro Universitário da UniFatecie.
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dos conselheiros é de dois anos e pode ser renovado. Todos os anos, um terço do
Conselho é renovado, com a posse de novos membros. O colegiado se reúne uma
vez por mês em Brasília e a atividade não é remunerada. (KELLI KADANUS, 2019)
A LEP – Lei Execução Penal, Nº 7210 de 1984, em seu Art. 64, apresenta as
funções políticos-institucionais desse órgão em seus subsequentes incisos que são:
(I) - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração
da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança; (II) - contribuir
na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e priori-
dades da política criminal e penitenciária; (III) - promover a avaliação periódica do
sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País; (IV) - estimular e
promover a pesquisa criminológica; (V) - elaborar programa nacional penitenciário de
formação e aperfeiçoamento do servidor; (VI) - estabelecer regras sobre a arquitetura
e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados; (VII) - estabelecer
os critérios para a elaboração da estatística criminal; (VIII) - inspecionar e fiscalizar os
estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho
Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da exe-
cução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela
incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento; (IX) - representar ao Juiz
da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou pro-
cedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução pe-
nal; (X) - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte,
de estabelecimento penal. (BRASIL, 1984).
Em suma o papel do CNPCP e prestar consultoria técnica ao gestor do sistema
penitenciário nacional, propondo diretrizes político-criminais quanto a prevenção de
delitos, administração da justiça criminal e execução de penas e medidas de segu-
rança, inspecionar e fiscalizar as unidades do sistema penitenciário. Essas diretrizes
apresentadas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciaria ao ministro
da justiça não possui natureza jurídica vinculante, ou seja, ela não tem força de lei,
serve somente de forma opinativa. Não cabe ao CNPCP fazer o papel de gestor do
sistema penitenciário nacional, esta atividade é de competência administrativa atribu-
ída ao ministro da justiça. Os membros do conselho devem ter atuação apartidária,
independente, discreta e técnica, embate político-partidário como forma de utilização

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do cargo para militar em prol de partido ou candidato político não são aceitos, o con-
selho deve estar focado na construção de um sistema penal e penitenciário mais justo
e humano, garantindo assim os direitos fundamentais, destacando-se liberdade, dig-
nidade e segurança. (MALAN; VILARES, 2017)
De forma exemplificativa, em fevereiro de 2021, o CNPCP emitiu uma resolução
no diário oficial recomendando que os governos estaduais viabilizem a vacinação de
agentes penitenciário e a população carcerária, justificando que quanto maior fosse a
demora na imunização dos presos e dos servidores que atuam dentro dos presídios,
maiores seriam os gastos na prevenção da doença. (NELSON LIN, 2021)
Conforme a jurisprudência abaixo o Conselho Nacional Política Criminal e Peni-
tenciaria e invocado como forca de proteção a dignidade da pessoa humana e a invi-
olabilidade da intimidade e das honras das pessoas, vedando expressamente quais-
quer formas de revista vexatória desumana ou degradante:
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL TRÁFICO DE DROGAS. INGRESSO EM ES-
TABELECIMENTO PRISIONAL. REVISTA VEXATÓRIA. ILICITUDE DA PROVA MA-
TERIAL. Conforme se extrai da denúncia, a droga (38g de Cannabis sativa, vulgar-
mente conhecida como maconha), foi apreendida quando a acusada, ao pretender
ingressar no Presídio para visitar seu filho, J.M.D.O., quando foi flagrada pelas polici-
ais militares ao ser submetida à revista pessoal. A Resolução nº 05/2014 do Conse-
lho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão vinculado ao Ministério da
Justiça, considerando a proteção dada à dignidade da pessoa humana e a inviolabili-
dade da intimidade e da honra das pessoas, veda expressamente “quaisquer formas
de revista vexatória, desumana ou degradante”, citando, dentre elas, o desnudamento
parcial ou total, que implique introdução de objetos nas cavidades corporais, ou que
exija da visitante a realização de agachamentos ou saltos. No caso dos autos, as po-
liciais militares confirmaram, de modo uníssona, que no momento da revista pessoal
foi localizada droga no interior da vagina da acusada. Nestes termos, aparentemente
o procedimento de revista foi realizado em desconformidade à proteção constitucional
da intimidade e da dignidade, pois efetuado de maneira manual, através de revista
pessoal íntima. Assim, em conjugação dos artigos 5º, incisos X e LVI, da Constituição
Federal e 157 do Código de Processo Penal, depreende-se que as provas materiais
contidas nos autos foram obtidas por meio ilícito, pois com violação à norma constitu-
cional, o que contamina todos os demais atos praticados e conduz, necessariamente,

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à sua absolvição. Diante desse contexto, violada a dignidade humana da ré e sua
intimidade pela determinação de desnudamento total para realização de revista ín-
tima, impõe-se reconhecer como ilícita a prova material obtida, o que impede a con-
denação, embora a acusada tenha confessado em juízo o transporte da droga. (APE-
LAÇÃO DEFENSIVA PROVIDA, POR MAIORIA, VENCIDO O RELATOR. ABSOLVI-
ÇÃO. Apelação Criminal, Nº 70084546357, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Redator: Rinez da Trindade, Julgado
em: 29-09-2021) (BRASIL, 2021).
Através de diversas pesquisas para a composição deste trabalho, entende-
se que podemos alçar o CNPCP como o principal órgão de execução penal do país,
o último relatório de inspeção em presídios realizados pelo CNPCP em 2020 no es-
tado do Espirito Santo, demonstra de forma clara a importância do conselho, todos os
estabelecimentos prisionais que foram inspecionados estavam com superlotação.

Após os diálogos com os atores da execução penal do estado, é criado o


relatório de SUGESTÕES / RECOMENDAÇÕES com base nas auditorias que foram
realizadas, no intuito de adequar e aprimorar as condições de detenção aos parâme-
tros elencados na Constituição Federal/88, normativas internacionais de Direitos Hu-
manos e na Lei de Execução Penal. Veja abaixo alguns dos itens que foram reco-
mendados ao estado do Espirito Santo:

À Secretaria de Justiça do Espírito Santo: A) Criação das Gerências de


Execuções Penais dentro do Sistema Prisional para gestão de processos e realização

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de pedidos diretamente no processo, pois a Defensoria Pública não possui núcleo de
atendimento local, mas apenas na Capital do Estado.
Ao Ministério Público - Barra de São Francisco e Colatina: A). Fomentar
a geração de trabalho do preso internamente, remunerado, e não só de manutenção
da Unidade Prisional, de forma a qualificar o preso e prepará-lo para o trabalho na
saída e gerar dinheiro para sua manutenção fora do Ergástulo.
Ao Conselho da Comunidade de Colatina: A). Encaminhar sugestões e
denúncias ao canal da Ouvidoria Nacional informando os problemas para que sejam
resolvidas algumas questões pendentes e relatadas; (GUSTAVO EMELAU MARCHI-
ORI, 2020)

REFERÊNCIAS

KELLI KADANUS (Brasília). Gazeta do Povo (ed.). O que faz o conselho que está
no centro da revolta direitista contra nomeada por Moro. 2019. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/o-que-faz-o-conselho-que-esta-
no-centro-da-revolta-direitista-contra-nomeada-por-moro-7ec7t4kz5kizftvphlqfwvs7i/.
Acesso em: 01 jul. 2022.

BRASIL. Lei nº Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984., de 11 de junho de 1984. Lei


de Execução Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 01 jul. 2022.

MALAN, Diogo; VILARES, Fernanda. O Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP). 2017. IBCCRIM. Disponível em: https://www.ib-
ccrim.org.br/noticias/exibir/6657/. Acesso em: 01 jul. 2022.

NELSON LIN (São Paulo). Agência Brasil. CNPCP recomenda a governos estadu-
ais vacinação de detentos e agentes. 2021. Disponível em: https://agenciabra-
sil.ebc.com.br/fr/node/1400955. Acesso em: 01 jul. 2022.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Rs. Apelação Criminal nº 70084546357. Relator: Re-


lator: Roberto Carvalho Fraga. Palmeira das Missões, RS, 29 de setembro de 2021.

GUSTAVO EMELAU MARCHIORI (Espírito Santo). Ministério da Justiça e Segurança


Pública Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (org.). RELATÓRIO
DE VISITA DE INSPEÇÃO EM ESTABELECIMENTOS PENAIS DO ESPÍRITO
SANTO. Colatina, 2020. 192 p. Disponível em: https://www.gov.br/depen/pt-br/com-
posicao/cnpcp/relatorios-de-inspecao/relatorios-de-inspecao-2020/relatorio-de-visita-
de-inspecao-em-estabelecimentos-penais-do-espirito-santo.pdf/view. Acesso em: 01
jul. 2022.

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