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Capitulo 1 –

Está nublado. Mais que porcaria. Como se não me bastasse tudo o que
aconteceu hoje. E não são nem sete horas da manhã ainda! Sei disso porque não
paro de checar meu celular. Mas isso incrivelmente não faz com que o empo
passe mais rápido, como é possível? Digo rindo sozinha enquanto me jogo na
cadeira de plástico desconfortável da sala de espera, uma das enfermeiras passa
por mim, ela me olha como se eu você maluca, e talvez até estivesse certa. Eu
apenas meneio com a cabeça e aceno para ela, que aumenta o ritmo e dobra no
corredor, me ignorando completamente, que bela forma de começar o dia. Ergo a
mão como se fizesse um brinde.
Olho ao redor e percebo que o lugar começa a encher, o melhor agora é
dar uma volta, não quero ficar vendo essas expressões sofridas, não quero saber
de suas histórias e nem pensar nelas quando estou sozinha. Não. Já tenho
problemas o suficiente na minha vida para absorver o dos outros. Me levanto, e
em passos largos me afasto das cadeiras de plástico e de todas aquelas vozes.
Sete horas ainda seriam sete horas lá fora.
Quando passo pela enorme porta de vidro e meus pés tocam o granito eu
me permito relaxar pela primeira vez. Primeiro os meus ombros relaxam e me
deixo cair de joelhos. Depois vem a respiração descompassada. E, para uma
perfeita finalização da minha miséria, as malditas lagrimas, elas fazem minha
garganta doer e meus olhos queimarem. Cubro meu rosto tentando abafar o som,
mas não tenho certeza se tenho sucesso, apenas deixo todo aquele sentimento me
consumir. Tardiamente me lembro de conferir se tem alguém por perto, mas não
tem, ou talvez a minha ceninha tenha feito alguém dar a volta.
Sento-me no chão e tento e tento voltar ao controle, mas não é nada fácil.
A voz daquele homem me tira a paz, eu fico repassando nossa conversa várias e
várias vezes, minha respiração volta a se descontrolar, mas não posso evitar, e
então retorno para o corredor frio...
-Você veio com a senhora Garcia

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