Você está na página 1de 9

CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

Canto, Arranjo e Regência Coral

Professor(a): Paulo Baptista

TDE 5.
Allanys Gonçalves

R.A.: 74769-6

Artur Souza Pereira Junior

R.A.: 73332-6

Caio Henrique Dalan

R.A.: 73857-3

Esdras Procópio Saturnino

R.A.: 73523-1

Natan do Nascimento Franca

R.A.: 73526-4

Vitor Hugo Oliveira da Silva

R.A: 75314-8

SÃO PAULO

Novembro/ 2018
INTERAÇÃO MUSICAL.

É importante definir um conceito geral de interação para entendermos bem o que ele
significa e como se relaciona com a área musical.

Poderemos separar a palavra interação em duas: inter e ação; e definir os conceitos


dessas duas palavras. A primeira, inter, de acordo com um dicionário da Folha da Tarde,
datado no ano de 1994 significa: "entre, dentro de, no meio de". Enquanto ação, segundo o
mesmo dicionário, significa:

"1. Ato ou efeito de atuar; ato, feito, obra. 2. Resultado de uma força física ou moral.
3. Faculdade ou possibilidade de executar alguma coisa. Então com isso poderíamos deduzir
que o termo interação, em geral, poderia significar algo que é feito em conjunto com partes
diferentes, ou uma ação mutúa. Relacionando o conceito de interação com interface, no livro
Design e Avaliação de Interfaces Humano-Computador, é explicado a palavra interface,
relacionada neste caso à área da informática:

"Primariamente, como já dissemos, se visualiza uma


interface como um lugar onde o contato entre duas entidades ocorre.
Podemos entender que interação seria o contato entre duas entidades e
interface seria o lugar em que o contato entre essas duas ocorre”.
(ROCHA; BARANAUSKAS, p. 08, 2003).

Para concluir nossa definição geral, vimos que interação é a ação mutúa entre duas
partes e que o lugar desse contato é a interface. Para ilustrar essa explicação:

"A forma das interfaces reflete as qualidades físicas das


partes na interação. A maçaneta de uma porta é projetada para se
adequar à natureza da mão que irá usá-la, o mesmo acontece com o
câmbio de um carro (observe que a localização do câmbio dentro do
carro sugere o uso por uma pessoa destra). Existem tesouras de dois
tipos uma para pessoas destras e outra para pessoas canhotas."
(ROCHA; BARANAUSKAS, p. 08, 2003)

A música, até pouco tempo, sempre foi uma arte interativa, seja pela execução e
apreciação em conjunto seja pela interação entre o sujeito e seu instrumento. Em relação a
essa interação entre instrumento e humano, podemos relacionar isso a um campo de estudo na
área da informática chamada IHC. Conforme As autoras Heloísa e Maria Cecília explicam em
seu livro IHC é:

“...é a disciplina preocupada com o design, avaliação e


implementação de sistemas computacionais interativos para uso
humano e com o estudo dos principais fenômenos ao redor deles.”

(ROCHA; BARANAUSKAS, p. 14, 2003).

Quando consideramos a interação entre o músico e seu instrumento, estamos nos


referindo ao ato de tocar esse instrumento. Essa interação se refere a pratica de controlar os
sons que são produzidos pelo instrumento, ou seja, para o domínio das possibilidades
timbrísticas deste instrumento. E essa pratica nos obriga a dominar a interface do instrumento,
e essa, no caso dos instrumentos tradicionais, influenciam totalmente na produção sonora.

O termo interface que utilizamos acima, quando é estudada pela IHC, aponta como
afirma o autor Lazzetta, que ela é eficaz quando é de fácil interação. (LAZZETTA, [s./d.]).

Mas no campo da musica eletrônica e digital isso nem sempre é verdade, até mesmo,
uma interface simples, poderia limitar as possibilidades de expressão musical.

Um ótimo exemplo que o autor nos mostra é o que Tod Machover escreve:

“Se o músico pode aprender um instrumento inteiro em 20


minutos, então nós não produzimos um instrumento, mas um
brinquedo. Assim, um instrumento deve ser facilmente

compreendido conceitualmente, mas interessante e compensador


para ser praticado de modo que o músico possa se aprimorar com o
passar do tempo.” (MACHOVER. 1992).
De acordo com o exemplo acima, podemos entender que a interação entre porta e a
mão de uma pessoa se da através de uma interface, que no caso da porta é a maçaneta.
Dependendo do tipo de porta, se ela abre puxando ou deslizando, a interface dela
muda, ou seja, se a interação muda, a interface também muda.
Assim, como será explicado mais detalhadamente adiante, um meta-instrumento tem
como algumas diferenças a independência entre a interface e o gerador de som.

O INSTRUMENTO MUSICAL.

A história dos instrumentos musicais está estreitamente ligada à história da


linguagem musical. Cada período da história tem uma forma de tocar e com o que tocar. Os
instrumentos nunca desaparecem ou deixam de ser usados, apenas surgem novas
possibilidades sonoras e outros contextos para serem usados.
Existe bastante diferença dos instrumentos tradicionais de orquestra para os
eletrônicos, segue algumas delas:
1 ) conformação física: tamanho, forma e modo de conexão entre as partes
influenciam diretamente no tipo de som produzido. Por exemplo, instrumentos de uma mesma
família, (Cordas) como o violino, violoncelo, viola e baixo, variam o timbre basicamente em
função de suas dimensões e encordoamento.
2 ) materiais empregados: os instrumentos musicais da orquestra tradicional estão tão
associados ao tipo de material de que são feitos que são agrupados em função disso: fala-se
constantemente em instrumentos de cordas, madeiras e metais. Do mesmo modo,
instrumentos de percussão são agrupados por termos como peles ou metais. Um mesmo
instrumento pode soar completamente diferente em função dos materiais empregados em seus
componentes, daí a constante preocupação dos músicos com a qualidade dos materiais
utilizados para produzir cada detalhe desses instrumentos, das "canas" de que são feitas as
palhetas de um oboé ou clarinete, ao ratan usado como cabo para baquetas de um vibrafone ou
marimba.
3) modo de acionamento: todo instrumento acústico age de modo semelhante: recebe
algum estímulo mecânico, um sopro de ar, a fricção de um arco, o pinçar de uma corda e por
meio desse estímulo produz ondas vibrantes que deslocam o ar à sua volta. O tipo de estímulo
aplicado vai influir diretamente no som produzido. Um contrabaixo tocado com um arco e o
mesmo instrumento tocado com pizzicato, por exemplo, produzem sonoridades diferentes
embora provenientes da vibração da mesma corda.
Já Para os instrumentos digitais, entretanto, esses parâmetros influenciam muito
pouco, ou nada, no tipo de som produzido. Guitarras eletrônicas Teclados, Sintetizadores,
Peds e Midis podem soar como tambores e tambores podem reproduzir os sons de uma
orquestra inteira. Os instrumentos eletrônicos simplesmente rompem com as limitações físicas
que caracterizam os instrumentos mecânicos. De fato, os instrumentos digitais são formados
por dois âmbitos distintos. Um deles é o controlador, ou seja, a interface que irá disparar e
controlar o comportamento do som. Outro é o sistema de geração sonora, quer dizer, os
componentes que irão produzir o som propriamente dito. Com isso, os gestos que acionam um
controlador, não guardam necessariamente uma relação direta e identificável com o tipo de
som gerado.
Um sintetizador, porém, tocando emitindo sons como os de um saxofone é uma
espécie de instrumento sem corpo. O som é processado por meio de seus circuitos eletrônicos
independentemente do dispositivo que dispara esses processos. Um sintetizador pode ser
acionado e controlado por qualquer processo capaz de gerar um código que faça parte de seu
“vocabulário”. Esse processo pode ser o movimento de uma tecla, sinais digitais enviados por
um computador, ou o movimento dos olhos de um indivíduo, captados por algum dispositivo
óptico. O que interessa é que esses processos possam ser codificados e compreendidos pelo
sintetizador. E o elemento que executa essa tarefa não é o instrumento em si, mas uma
interface.
Por outro lado, os instrumentos digitais apesar da facilidade de reprodução de
inúmeros timbres diferentes perdem em muitos aspectos como: dinâmica, articulação,
ornamentos e afins...
META-INSTRUMENTOS

O meta-instrumento é uma interface músico-mecânica e transdutor de gestos com o


intuito de criar música eletroacústica, trabalhos de multimídia e, no geral, controlar algoritmos
em tempo real. Ele é plugado a uma interface MIDI, criando determinados sons a partir dos
gestos do músico que está executando. Há sensores que captam cada gesto do performer. Ao
vivo, são usados tanto elementos visuais, usando luzes ou imagens que interagem com os
sons, e também elementos periféricos sonoros, onde o auditório é rodeado por alto-falantes,
criando uma sensação multidimensional para os ouvintes.

● A orquestra de Sonocannes: Esse projeto consistiu na criação do Sonocanne, um


longo cabo onde numa ponta havia um microfone de contato e na outra ponta, um pequeno
alto-falante, o objetivo desse projeto foi, a partir dos gestos dos músicos, criar um feedback
onde eles tinham total controle do sinal assim, alterando afinações e controlando notas. O
intuito desse instrumento, é dar o total controle ao músico de “mover o som” num espaço
livremente. No contexto da música eletroacústica, o meta-instrumento nem sempre tem o
controle da parte do músico, muitas vezes o mesmo influencia na criação e vice-versa, tudo é
determinado de acordo com a composição proposta. A intenção é sempre criar uma
metamorfose sonora que se recria ao longo do processo de ambientação criada pelo músico.

● Origens: O theremin foi o primeiro instrumento eletrônico que antecedeu o que


vinha a ser chamado de meta-instrumento, foi criado por Léon Theremin no século XX, e foi
muito utilizado por compositores contemporâneos na época. Ao longo das décadas foi-se
aprimorando a tecnologia e os trabalhos com síntese, criando assim os sintetizadores. Antes
do conhecido Moog, o primeiro sistema a ser utilizado esses módulos foi o Mellotron,
instrumento que utilizava fitas que eram acionadas a partir de teclas como um piano. Essas
fitas haviam diversos efeitos (Como o Pitch shifter, que permite você alterar a afinação do
instrumento) havia também samplers pré-gravados nas fitas que também eram ativados pelas
teclas.
CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS ELETRÔNICOS

Para se classificar os instrumentos eletrônicos e digitais, deve se considerar uma


separação entre eles, essa separação se dá entre, a interface e o sistema responsável pela
geração do som. Outra característica importante é a capacidade de um mesmo sistema
compartilhar diferentes interfaces e fazer uso de diversas formas para fazer a produção
sonora. Com base nessas informações podemos montar um esquema com a classificação dos
instrumentos eletrônicos com a seguinte sequência:

1 - Sistema de geração sonora:


- por transformação
- por síntese
- por amostragem (sampling)

2 - Sistema de controle (interface):


2.1 Físicos
- interfaces geradas a partir de instrumentos acústicos
- interfaces modeladas a partir de instrumentos acústicos
- novas interfaces
2.2 Conceituais
- linhas de comando
- interfaces gráficas
2.3 Biológicas (LAZZETA,[s,d]).

- Sistema de geração sonora: É o modo de produção das ondas acústicas.


O processo se inicia quando um som é transformado em uma representação acústica,
depois passa pela síntese que é a produção de um som artificial com características acústicas
de um instrumento específico. Por fim ela encerra com o sampling onde ocorre o
armazenamento das amostras digitais já transformada e sintetizada pronta para ser produzida.
- Sistema de controle(interface): É um tipo de interface controladora que serve
como substituto de um instrumento musical. Ela é dividida em sistemas de controles físicos,
conceituais e biológicos.
Físicos
Dentro das interfaces físicas temos interfaces baseadas na extensão eletrônica de um
instrumento que é o processo onde as vibrações dos instrumentos são captadas, interfaces
modeladas a partir de um instrumento mecânico que são interfaces inspiradas em
instrumentos tradicionais, porém são usadas para controlar um sistema eletrônico de geração
sonora, exemplo: teclados controladores e por último temos as novas interfaces, onde temos
uma interface com modos de controles ampliados gerando mais opções de controle ao
intérprete e não são baseados nos instrumentos tradicionais.
Conceituais
Interfaces conceituais estão ligadas ao desenvolvimento do computador e dividem o
conceito de instrumento da interface física. Dentro dessa interface encontramos os
instrumentos virtuais e interfaces gráficas que são programas com a finalidade de criar
ambientes gráficos para que possa se fazer uma manipulação sonora.
Biológicas
Essa última é um tipo de interface mais inusitada, que é capaz de captar sinais
biológicos para produzir ou controlar sons, compositores como Alvin Lucier, Richard
Teitelbaum e David Rosenboom vêm trabalhando, desde o final dos anos 60, com o uso de
sensores para captar impulsos provenientes das ondas eletromagnéticas do cérebro, o
batimento do coração ou o ritmo da respiração para usar esses dados como material na criação
de composições musicais (LAZZETA).
Bibliografia
Iazzetta, F. (s.d.). Interação, Interfaces e Instrumentos em Música. pp. 1-9.

Pestana, F. B. (1994). Dicionário Completo da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos.

Rocha, H. V., & Baranaukas, M. C. (2003). Design e Avaliação de Interfaces Humano-Computador.


Campinas: Universidade Estadual de Campinas.

Você também pode gostar