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l~~~NCIA
11111 LTDA.
Ruo Ve-rnotl,oga1hôes.66 - Tel.: 281-7495
ConsolaçóO • 20 710 Rio de Janeito. &mil

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CLASSIFICAÇÃO -
ABORDAGEM PARA ESTUDANTES
DE BIBLIOTECONOMIA
DEREK LANGRIDGE
Esse é um livro completamente novo, elaborado de forma original.
.Descreve o papel da classificação em todas as esferas da vida,
assim como seu uso específico em biblioteconomia .
. Oerek Langridge é Conferencista Titular da School of Librarianship,
i Polytechnic of North London, e é considerado uma das maiores
autoridades nos problemas relacionados com a organização
, do conhecimento.
E'Sse trabalho é uma prova evidente desta afirmação e se tornará
uma introdução essencial ao assunto.
O autor dedicou esse livro à turma de mestrado de 1971 do
Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação do
Rio de Janeiro.
M~AºREQUIÃO
PIEDADE

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Introdução
à Teoria da
ClaSsificacão

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Introdueão
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à Teoria da
Classifieaeão
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M.A. Requião Piedade
Mestre em Biblioteconomia - 1880/UFRJ
Professora Titular de Catalogação e Classificação
da Universidade Santa Úrsula
Decana do Centro de Documentação e Letras
da Universidade Santa Úrsula
Bibliotecária da Assembléia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro

2~EDIÇAO
Revista e
Aumentada

Ili
EDITORA INTERCll:NCIA LTDA.
Copyright © 1977 by Maria Antonieta Requião Piedade
2'! Edição Revista e Aumentada, 1983
Rio de Janeiro, Brasil

Direitos Reservados em 1977 por


Editora lnterciência Ltda.
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CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

Piedade, Maria Antonieta Requião.


P668i Introdução à teoria da classificação/Maria Antonieta
Requião Piedade. - 2'! ed. rev. e áum. - Rio de Janeiro:
lnterciência, 1983.

Bibliografia

1. Classificação - Livros 2. Classificação - Bibliografia


1. Título
CDD - 025.4
83-0890 CDU - 025.4

~ proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios,


sem autorização por escrito da editora,

EDITORA INTERCl~NCIA L TDA.

Ili Rua Vema Magalhães, 66 - Tel.: 281.7495


CEP 20710 - Rio de Janeiro - Brasil
Sumário
Prefácio , . . . . . . . . . . . , , , . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1. Linguagem de Indexação 9
2. Conceitos Fundamentais . . . . . . . . . . . , , . , . , ........ , , , 16
3. Notação , ... , , , , , . , ..... , . , . , . . . . . . . . . . . . . , , , . . 38
4. i'ndice . , , . , ........ , , . , , , ....... , , .. , .. , . . . . . . 49
5. Sistemas de Classificação . , , .. , ......... , , . , , , ...... , 60
6. Classificações Facetadas , , , , . , ...... , .... , ........ , , 78
7, Classificação Decimal de Dewey 87
8. Classificação Decimal Universal 115
9." Classificação de Cutter .... , ... , . . . . . . . . . . , , , , . . . . . . 146
10. Classificação da Biblioteca do Congresso , . . . . . . . . . . , , , .. , 153
11. Classificação de Brown ..... , . , ......... , , , , . , ... , , , 173
12. Classificação de Bliss . . . . . . . . . . . , , . . . . . . . . . . . , . , ... 182
13. Classificação de Ranganathan .... , , ......... , , , ..... , , 192
14. Questionários para Verificação da Aprendizagem ..... , . . . . . . 216
Prefáeio
O presente trabalho destina-se aos alunos dos cursos de graduação em
Biblioteconomia e Documentação, pretendendo preencher uma lacuna da lite·
ratura biblioteconômica em língua portuguesa, especialmente sentida por
estar esgotado o excelente livro de Alice Príncipe Barbosa, Teoria e Prática
dos Sistemas de Classificação Bibliográfica.
Nos primeiros capítulos apresentaram-se noções básicas e princípios
fundamentais de classificação, definiu-se e explicou-se a terminologia.
Abordou-se, a seguir, a classificação facetada, incluindo noções sobre a
técnica da sua construção, e fez-se um ligeiro estudo hisiórico das classifica·
ções filosóficas e bibliográficas.
Os capítulos seguintes foram dedicados ao estudo dos principais siste·
mas de classificação bibliográfica - Classificação Decimal de Dewey, Classifi·
cação Decimal Universal, Classificação da Biblioteca do Congresso dos Esta·
dos Unidos, Classificação de Dois Pontos, Classificação de Cutter, Classifica·
ção de Brown e Classificação de Bliss.
Estudaram-se em maior detalhe os quatro primeiros sistemas, porque a
Classificação de Dewey ainda é a mais utilizada, a Classificação Decimal Uni·
versai é largamente aplicada no Brasil, a Classificação da Biblioteca do Con·
gresso vem tendo grande aceitação nas b'ibliotecas norte-americanas e a Classi-
ficação de Ranganathan é importante para a evolução das classificações face·
tadas.
Indicamos com asteriscos, nas bibliografi_as, os textos que podem ser
encontrados, no todo ou em parte, traduzidos para o português, na Universi-
dade Santa Úrsula, Departamento de Biblioteconomia.
A matéria exposta reflete, em parte, o estudo feito na· literatura estran-
geira, especialmente os ensinamentos dos Professores Berwick Sayers, Jack
Mills e Derek Langridge.
Espera'·se que este livro seja útil aos estudantes brasileiros de Classifi·
cação.
M.A. R. P.

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1
"Um Sistema de Recuperação da Informação (SAI) é uma organização
para armazenar e tornar disponível a informação. Esta pode ser a definição de
uma biblioteca convencional, mas espera-se que um SRI explore a informação
de modo positivo e ofereça outros serviços, como pessoal capaz de avaliar a
informação antes de a passar ao consulente. Espera-se, também, que possua
um índice de assunto dos documentos existentes na coleção, sendo o índice o
equipamento físico que permite a recuperação de referências" (Cleverdon) 1 •
IÍ1dice é um nome genérico, que abrange catálogos, bibliografias, índices
de artigos de periódicos, índices de livros etc.
O registro de cada documento num índice inclui o cabeçalho (nome do
autor, cabeçalho de assunto, símbolo de classificação etc.), uma descrição
.do documento (autor, título, edição, editor, paginação etc.) e a localização do
'documento na coleção.
Os índices podem ser encabeçados e ordenados pelos autores, pelos tí·
tulos, pelos lugares de publicação etc., mas, freqüentemente, a idéia de re-
cuperação da informação está ligada à recuperação de documentos pelos as•
suntos de que tratam.
O ato de incluir o registro de·um documento num repositório de infor-
/ mações (índice) tem o.nome geral de indexar.
1ndexar abrange tarefas tais como identificação de um documento,
determinação do assunto de que trata e seleção dos termos a empregar para o
representar nos índices.
A linguagem empregada para descrever os assuntos dos documentos é
chamada linguagem de indexação, linguagem documentária, linguagem de in-
formação ou linguagem descri tora.
Há dois métodos fundamentais de indexar o tema de documentos:
( 1) indexação por palavra;
(2) indexação por conceito.
A indexação por palavra utiliza os mesmos termos empregados pelo
autor na apresentação das suas idéias, isto é, as palavras encontradas nos títu-
los ou nos textos dos documentos.

9
A palavra tangerina traduz uma determinada idéia, um dado conceito,
que também pode ser expresso pelas palavras mexerica, bergamota ou laranja-
cravo.
Uma indexação por palavras registrará os documentos pelos vocábulos
·utilizados pelos autores, indexará um documento sobre Tangerina e outro so-
bre Bergamota.
O exemplo típico de indexação por palavra é o índice KWIC, que utiliza
os títulos dos documentos.
Ao indexar empregando palavras encontradas no próprio documento,
usa-se uma linguagem natural (natural language), faz-se uma indexação por pa-
lavra.
A indexação por conceito pressupõe a análise do conteúdo temático do
documento (análise conceituai), a decisão sobre os conceitos presentes no tex-
to e a tradução do observado em linguagem apropriada, com a qual rotulam-se
os documentos e os seus registros bibliográficos.
Na indexação por conceito determinam-se os cabeçalhos a empregar,
distinguem-se homônimos, controlam-se sinônimos, prevêem-se ligações hie-
rárquicas e colaterais etc., emprega-se uma linguagem artificial ou umã lingua-
gem controlada.
As linguagens artificiaisr segundo o modo como apresentam os concei·
tos compostos, são divididtls em dois grandes grupos: pré-coordenadas e pós-
coordenadas.
Os sistemas que fazem a indexação à base de conceitos compostos, isto
é, assuntos que consistem em dois ou mais conceitos simples combinados, são
chamados sistemas pré-coordenados.
Nestes sistemas, os vários conceitos que compõem o assunto são coffibi-
nados no ato da indexaçâ'o para a formação dos cabeçalhos, sobre os quais os
documentos são descritos nos índices.
São deste tipo os índices baseados em listas de cabeçalhos de assunto e
sistemas de classificação.
Os sistemas pós-coordenados utilizam conceitos simples na ihdexação, e
a combinação ou coordenação de conceitos para obtenção de conceitos com·
postos é feita no momento da recuperação.
O exemplo clássico deste tipo de indexação é o sistema unitermo de
Mortimer Taube.
Na avaliação da ,eficiência de um serviço de recuperação da informação,
duas medidas estão diretamente ligadas aos seus índices, o coeficiente de re·
vocação e o coeficiente de precisão.
A habilidade de um SRI em recuperar documentos existentes na cole·
--\~ão é conhecida como sua capacidade de revocação (Recai/).

10
A revocação é a relação entre os documentos relevantes recuperados e o
número total de documentos relevantes sabidamente existentes na coleção.
Mede-se o coeficiente da revocação (recai/ ratio) pela fórmula

100 X R
e

em que R é o número de documentos relevantes recuperados e C, o número


total de documentos relevantes existentes na coleção.
A precisão é a relação entre os documentos relevantes recuperados e o
número total de documentos recuperados.
O coeficiente de precisão ou o coeficiente de relevância (precision ratio
ou relevance ratio) é obtido através da fórmula

100 X R
L

em que R são os documentos relevantes revocados e L, o total de documentos


recuperados.
Os dois fatores mais importantes que governam a revocação e a precisão
são:.·
(1) a exaustividade (exhaustivity);
(2) a especificidade (specificity).
A exaustividade é a extensão com que determinado documento• é'
indexado, isto é, o número de conceitos contidos nos documentos utilizados
na indexação.
~ possível limitar a indexação ao assunto geral ou salientar também os
vários conceitos tratados em maior ou menor profundidade no documento.
Quanto maior for o número de conceitos selecionados para indexação, tanto
maior será a exaustividade da indexação.
Indexando um documento sobre o PRODASEN, o serviço de indexação
automatizado do Senado Federal, pode-se limitar a indexação a uma entrada,
em Brasil-Legislação-Indexação, ou levar adiante a análise. do.-documento,
indexando-o também pelo tipo de computador empregado, o programa'
utilizado etc.
O grau de profundidade variará com as possibilidades da entidade e a
finalidade do índice.
As bibliotecas gerais costumam indexar só pelos assuntos globais, reco·
nhecendo só os temas dominantes, fazendo em média uma entrada e meia por
rlocumento, praticando o que se denomina sumarização (summarization).

11
As bibliotecas especializadas procuram indexar mais detalhadamente,
indexando todos os assuntos que sabem ter interesse para seus usuários. Ouan·
dó um número relativamente alto de conceitos é indexado por documento,
pratica-se uma política de indexação em profundidade (depth indexing}.
Os índices alfabéticos dos livros procuram incluir todos os conceitos
neles tratados, indexando-os em grande profundidade.
Indexando em profundidade, a revocação será elevada, mas alguns do-
cumentos recuperados tratarão superficialmente do assunto e a pre~isão será
baixa.· ·
Trabalhando com baixo grau de exaustividade, indexando só pelos as-
suntos principais, a capacidade de revocação do sistema será baixa, mas todos
os documentos recuperados serão relevantes para o tema procurado, havendo,
portanto, alto grau de precisão.
A determinação do grau de exaustividade a ser aplicado à indexação é
uma decisão administrativa, uma política da biblioteca.
A especificidade é a exatidão com que os descritores utilizados repre·
sentam o conteúdo temático dos documentos.
A especificidade está na dependência da linguagem de indexação utili-
zada na compilação dos índices e dela deriva a precisão.
A Classificação Decimal Universal (Ed. abreviada) só apresenta o sím-
bolo 634.31 para Cultivo de Laranjas. Ao tentar a recuperação de documen-
tos sobre Cultivo de Tangerina, num índice que utilize a CDU, obteremos
documentos sobre outros tipos de laranjas, que não interessam à pesquisa. O
coeficiente de precisão será baixo, porque a linguagem de index~ção empre-
gada não foi suficientemente específica.
Nem sempre a especificidade é uma vantagem, pois dificulta a recupera-
ção de toda a documentação existente no -acervo sobre determinado assunto.
É possível que algum trabalho sobre Cultivo de Laranjas traga um capí-
tulo dedicado ao Cultivo de Tangerinas, mas, se a indexação não tiver atingido
o capítulo, se o grau de exaustividade na indexação tiver sido baixo, não será
revocado, mesmo que a linguagem de indexação permita a especificidade ne·
cessária.
Utilizando uma linguagem hierárquica, como a CDU, é fácil alargar a
pesquisa, procurando nos assuntos mais gerais, mas utilizando outras lin-
guagens de indexação, cabeçalhos de assunto, por exemplô, que não prevêem
remissivas ascendentes, isto não poderá ser feito automaticamente.
O coeficiente de revocação e o coeficiente de precisão estão estreita-
mente relacionados com a especificidade e a exaustividade. A exaustividade
aumenta a revocação e diminui a precisão. Maior especificidade leva a menor
revocação e a maior precisão.

12
Tesauros, listas de cabeçalhos de assunto e sistemas de classificação são
linguagens de indexação.
As linguagens de indexação possuem vocabulário e sintaxe.
O vocabulário é a coleção de termos de indexação utilizáveis para repre-
sentar Ó conteúdo temático dos documentos, que podem ser cabeçalhos de
assuntos, descritores ou símbolos de classificação.
Meadow2 define descritores como "às palavras de uma linguagem de
indexaçâ'o" e Lancaster 3 os vê como "os termos atribuídos por um indexador
a um documento para descrever seu assunto".
Os bibliotecários brasileiros geralmente reservam a palavra descritor pa-
ra os termos de indexação pertencentes a um tesauro.
Utilizaremos aqui a palavra descritor no sentido lato, seguindo Meadow
e Lancaster,
Símbolos de sistemas de classificação e cabeçalhos de assunto são des-
critores e os conjuntos de descritores dos tesauros e das listas de cabeçalhos
de assunto-ou a totalidade dos símbolos de classificação oferecidos por deter-
minado sistema de classificação constituem vocabulários de indexação.
Cada descritor constitui uma classe, reunindo os documentos que tra-
tam do conceito que representa.
A sintaxe, em linguagem de indexação, inclui o conjunto de artifícios
empregados para revelar as relações entre os conceitos e as regras para estabe·
lecer os descritores e determinar a ordem em que devem ser citados. Inclui os
elementos promotores da revocaçâ'o e da precisão,
Os elementos promotores da revocação são aqueles que levam a aumen-
tar o número de documentos de uma classe, alargando a definição do descri-
tor e reduzindo o tamanho do vocabulário, Pertencem a este grupo:
controle de sinônimos;
controle de quase-sinônimos;
agrupamento de várias formas de uma palavra (palavras com o mes-
mo radical, singular e plural etc.);
agrupamento de conceitos semelhantes ou relacionados;
elos hierárquicos.
Os elementos que promovem a precisão reduzem o tamanho das classes,
restringem a definição dos descritores e aumentam o tamanho do vocabulário.
São elementos de precisão:
- coordenação;
- distinção de homônimos;
ponderação;
elos (links);
papéis ou funções (roles).

13
"Uma linguagem de indexação que controla o vocabulário e tenta indi·
car as relações entre os termos deste vocabulário é dita estruturada" (Rams•
den) 4 •
Os sistemas de classificação, as listas de cabeçalhos de assunto e os te·
sauros são linguagens estruturadas.
Os sistemas de classificação são, basicamente, sistemas pré-coordenados,
são linguagens de indexação artificiais, variando quanto à especificidade que
possibilitam.
A Classificação Decimal Universal (CDU). por exemplo, permite, em
geral, maior especificidade do que a Classificação Decimal de Dewey (COO).
· Os sistemas de classificação agrupam conceitos semelhantes ou relacio·
nados, permitem, em maior ou menor escala, a coordenação de assuntos e
apresentam elos hierárquicos, mas separam os vários aspectos de um assunto,
os chamados assuntos relacionados dispersos. Reúnem os temas de uma
mesma disciplina, mas separam os fenômenos relacionados.
Os índices alfabéticos, que acompanham os sistemas de classificação,
reúnem os assuntos relacionados dispersos.
Os sistemas de classificação oferecem dois tipos de abordagem do as·
sunto:
(1). por disciplinas, através dos símbolos de classificação;
(2) por assuntos relacionados dispersos, por meio dos seus índices.
Sistemas de classificação que possuem símbolos expressivos, que indi·
cam a subordinação hierárquica dos conceitos, como a COO e a COU, faclli·
tam o alargamento das classes, mas aqueles que não possuem símbolos com
esta qualidade, como a Classificação da Biblioteca do Congresso, dificultam
esta tarefa.
Na escolha de uma linguagem de indexação, devem ser levados em con·
sideração a especificidade desejada, o tipo de símbolos oferecidos e as possi·
bilidadas de coordenação de conceitos e alargamento das classes que permite.
Ao decidir por determinado sistema, deve-se considerar as garantias de
atualizações futuras que oferece.
Um sistema pertencente a uma entidade oferece mais garantia de sobre-
vivência do que um sistema mantido por pessoa física.
Os sistemas de classificação são útilizados nos Serviços de Armazenagem
e Recuperação da Informação, ou Serviços de Recuperação da Informação,
com duas finalidades:
(1) ordenação dos próprios documentos pelos assuntos de que tratam;
(2) ordenação, nos índices, das referências bibliográficas ou das fichas
catalográficas que representam os documentos.

14
BIBLIOGRAFIA
* LANCASTER, F, W., lnformation retrieval systems: characterlstics, testing and evalua•
tlon. New York, J. Willey, 1968.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CLEVERDON, C, & MILLS, J, "The testing of index language devlces". Aslib


Proceedings. London, 15(4}: 106·130, Apr. 1963.
2. MEADOW. C. t. The analysis of information systems. New York, J. Wiley, 1967.
•3. LANCASTER, F. W. Vocabulary contri:,/ for information retrieval. Washington,
lnformation Resources Press, 1972.
4. RAMSOEN, M. J. An lntroduction to index /anguage construction. London, C.
Bingley, 1974.

15
2
2.1 CLASSIFICAR

Classificar é dividir em grupos ou classes, segundo as diferenças e seme-


lhanças. É dispor os conceitos, segundo suas semelhanças e diferenças, em cer-
to número de grupos metodicamente distribuídos.
É um processo mental habitual ao homem, pois vivemos automatica-
mente classificando coisas e idéias, a fim de as compreender e conhecer.
"A classificação, entendida como processo mental de agrupamento de
elementos portadores de características comuns e capazes de ser reconhecidos
como uma entidade ou conceito, constitui uma das fases fundamentais do
pensar humano" (Astério de Campos) 1 •
Quando separamos os seres vivos em vegetais e animais, os animais em
racionais e irracionais, aqueles em homens e mulheres, estamos classificando.
Ao divisar uma Pessoa, imediatamente reconhecemos que se trata de um.;
homem ou de uma mulher -'estamos classificando.
"Nenhuma teoria do conhecimento - e, conseqüentemente, nenhuma
ordenação de conceitos - é possível, sem levar em conta essa habilidade fun•
damental do espírito humano, de formar conceitos e de perceber, além deles,
as categorias fundamentais que impregnam um número quase infinito de con•
ceitos específicos possíveis" (Shera) 1 .
Berwick Sayers3 apresenta as seguintes definições de classificar:
1. o processo mental de reconhecimento e agrupamento;
2. o ato de orderar grupos ou classes em determinada ordem;
3. o ato ou a arte de determinar o lugar no qual uma coisa (objeto,
idéia, documento etc.) deve ser enquadrada num sistema de classifi-
cação.
Merrill 4 define classificar como "a arte de dar aos livros um l4gar exato
num sistema de classificação, no qual os vários ramos do saber ou a descrição
da vida humana, em seus vários aspectos, estão agrupados conforme suas se-
melhanças ou suas relações recíprocas",

16
Segundo Ranganathan classificar consiste em traduzir o nome dos as•
suntos dos documentos da linguagem natural para a linguagem artificial utili·
zada pelos sistemas de classificação bibliográfica.
A definição de Merrill, assim como a última de Sayers, representam bem
a acepção usual entre os bibliotecários da palavra classificar, isto é, o ato de
determinar o assunto de um documento e a arte de encontrar seu lugar num
determinado sistema de classificação.
A palavra classificar vem do latim e/assis, que designava os grupos em
que se dividia o povo romano. Foi cunhada por Zedler, em 1733, no Universal
Lexicon, combinando as palavras latinas classis e facere, para apresentar uma
divisão de apelações de Direito Civil e, só no fim do século XVIII, passou a
ser empregada para a ordenação das ciências 5 ,

2.2 CARACTERfSTJCA

A qualidade ou o atributo escolhido para servir de base à classificação


ou à divisão chama-se caracrerfstica ou principio da classificação ou principio
da divisão.
Existem tantas classificações quan1as forem as caract"er(sticas possíveis
de ser empregadas como base da divisão.
Há tantas possibilidades de classificar quantas torem as semelhanças e
diferenças existentes entre os objetos ou as idéias a classificar.
Tomando uma coleção de Livros e dividindo-a pela característica Tama-
nho, poderemos ter:
Livros de 20 centímetros;
- Livros de 30 centímetros;
- Livros de 40 centímetros etc.
Se tomarmos a Cor por característica, podere.mos ter:
Livros azuis;
- Livros vermelhos;
- Livros marrons etc.
Tomando por característica a Lfngua do texto, teremos:
Livros em inglês;
._ Livros em francês;
- Livros em português etc.
Dividindo os Livros pela característica Assunto de que tratam, podere-
remos ter:
Livros sobre Matemática;
Livros sobre Física;
Livros sobre Química etc.

17
A característica Pode ser natural oll artificial.
t natural, quando é inerente ou inseparável do objeto a classificar. t
artificial, quando é ocasional, acidental e variável.
Se dividirmos os Animais Racionais em Homens e Mulheres, teremos
tomado como característica o Sexo, que é uma característica natural, pois é
imutável, Inseparável, dos objetos a classificar.
Dividindo as Mulheres em Pesadas (gordas) e Leves (magras), teremos
tomado por caracter(stica o Peso, que, no caso, é ocasional e variável, sendo,
portantO, uma característica artfftcial.
Uma classificação artificial baseia-se em características superficiais e fá-
ceis de observar, mas que não representam relações verdadeiras e, por estara-
zão, é uma classificação menos perene ..
Uma classificação será tão mais natural quanto maior for o número dos
atributos e das qualidades imutáveis comuns aos membros de suas classes.
O emprego de uma característica deve ser consistente e exaustivo, antes
que outro principio de divisão possa ser empregado. Em outras palavras, deve·
se aplicar uma só característica de cada vez para subdividir todos os membros
de uma classe, sem omissão de nenhum deles, antes de pensar numa segunda
característica.
Pode-se classificar utilizando várias características, mas empregando
uma de cada vez e aplicando-a a todos os membros da classe.
Se resolvermos dividir uma coleção de livros tomando por característica
o Tamanho, não poderemos separá-los ao mesmo tempo pela Cor. Poderemos
empregar as duas características, porém uma depois da outra.
Se usarmos a característica Sexo par'a dividir os Animais Racionais, não
poderemos empregar, ao mesmo tempo, a caracter (stica Faixa Etária. A divi-
são correta seria:

Animais Racionais

Homens Mulheres

Crianças Adolescentes Adultos Crianças Adolescentes Adultos

O emprego simultâneo de mais de uma característica resulta no que se.


denomina classificação cruzada, quando as classes não são mutuamente exclu•
sivas e geram confusão.
Dividindo a Literatura, empregando ao mesmo tempo as caracter(sticas
L/ngua e Lugar, obter/amos a classificação cruzada seguinte:

18
Literatura

Em língua Do De Em língua Da Do Em língua etc,


portuguesa Brasil Portugal espanhola Espanha· Oiile inglesa

Onde classificar uma obra literária brasileira, escrita em português?


Uma classificação cruzada, que oferece mais de um lugar para um assun-
to específico e deixa de indicar claramente como devem ser empregadas as
suas divisões, apresenta um dos mais sérios defeitos, porque destrói a principal
finalidade da classificação, isto é, reunir as "coisas" semelhantes. No caso de
classificações destinadas a agrupar documentos, classificações cruzadas não
permitem localizar a informação procurada _de modo rápido e exato.
A escolha das características a servirem de base ã divisão está na depen-
dência da finalidade da classificação.
Uma classificação de Zoologia incluirá a Baleia entre os Mamíferos, de-
vido ã sua constituição física, mas uma classificação de Pesca a incluirá com
os Peixes, levando em consideração o habitat e a forma de captura.
Estabelecidas as várias características úteis ã subdivisão de um assunto,
é necessário determinar a ordem em que serão empregadas.

2.3 CLASSE

Classe é um conjunto de coisas ou idéias que possuem um ou vários atri-


butos, predicados ou qualidades em comum. Ex.: Mamíferos, Vertebrados,
Canários, Animais.

2.4 CATEGORIAS

Categorias são as maiores class~s de fenômenos, as classes mais gerais


que podem ser formadas.
"Em classificação reserva-se o termo categoria pai'a as classes mais gerais
de fenômenos" (Langridge) 6 ,
As categorias são, portanto, as grandes classes, os grandes tipos de fenô-
menos presentes no conhecimento em geral ou numa de suas partes.
Jack Mills 7 d_;f,iàne categoria como "um conceito de alta generalização e
de grande aplicagão, q e pode ser empregado para reunir outros conceitos.
Ex.: na categori\ Lugar podemos distinguir as facetas: Lugar Físico, Lugar
Político, Orientação (n rte, sul etc.)",

19
Aristóteles deu o nome de categorias ou predicáveis (depraedícare = atri•
buir) ãs classes gerais em que, segundo ele, podemos situar, ordenadamente, as
idéias que ten:ios das coisas e que constituem os dez gêneros supremos, as dez
essências mais gerais, e são:
Substância (homem, cachorro, pedra, casa etc.);
Qualidade (azul, virtuoso etc.);
Quantidade (grande, comprido, dois quilos etc.);
Relação (mais pesado, escravo, duplo, mais barulhento etc.);
Duração (ontem, 1970, de manhã etc.);
Lugar (aqui, Brasil, no pátio etc.);
Ação (correndo, cortando, falando etc.);
Paixão ou Sofrimento (derrotado, cortado etc.);
Maneira de ser (saudável, febril etc,);
Posição (horizontal, sentado etc.).
De acordo com Aristóteles, a Substância é a categoria básica, pois se in-
dagarmos o que é determinada coisa, a resposta será em termos de Substância
(homem, cavalo, pedra etc.). As outras categorias são decorrentes da Substân-
cia, pois se não houvesse o objeto não haveria cor ou tamanho, se não houves·
se o animal não haveria a febre, se não houvesse a faca não haveria o corte
nem o cortado.
Aristóteles considerou que ainda poderia agrupar estas dez categorias,
indicando melhor as últimas articulações, e as reduziu a três:
Substância;
- Modo;
- Relação.
Subst§ncia é o ser que existe.
Modo ou acldente é o que existe na Substância, os modos de ser da
substância.
Relação é o que liga um ser a outro.
As categorias aristotélicas são, segundo o Padre Leme e Lopes 8 , a base
das categorias gramaticais, assim:
- substantivo, sujeito substância;
- adjetivo qualitativo qualidade;
- adjetivo quantitativo quantidade;
pronome relativo, adjunto adnominal relação;
verbo na voz ativa ação;
verbo na voz passiva paixão;
advérbio de lugar lugar;
advérbio de tempo duração;
- advérbio de modo maneira de ser.

20
Exemplo:
O grande quantidade adjetivo quantitativo
cavalo substância substantivo
castanho qualidade adjetivo qualitativo
do cavaleiro relação adjunto adnominal
está ação verbo ativo
arreiado maneira de ser advérbio de modo
de manhã tempo advérbio de tempo
no pátio lugar advérbio de lugar.

Ranganathan estabeleceu cinco categorias fundamentais: Personalidade,


Matéria, Energia, Espaço (Space) e Tempo, conhecidas pela sigla ~MEST.
Personalidade, na definição de Grolier 9 , são os "objetos de estudo de
uma determinada disciplina, que servem comumente de base à sua divisão tra-
dicional ou à divisão que a Co/on C/assifícation considerou a mais prática".
"Personalidade é usada para desc'rever as facetas de um assunto, que re·
presentam sua essência" (Mills) 10 ,
Para Astério de Campos 11 a "Personalidade é constituída de entidades,
seus tipos ou espécies e respectivas partes ou órgãos";
Personalidade engloba, por exemplo, bibliotecas, organismos, colheitas,
religiões, estilos, línguas, literaturas, grupos sociais; estados etc.
Personalidade~ na Medicina, são os _órgãos; na Zoologia, os ~nimais; na
Botânica, os vegetais; na Religião, as várias religiões; na Lingüística e na Lite·
ratura, as várias línguas; na Engenharia Civil, os edifícios, a1 pontes etc.; na
Biblioteconomia, as bibliotecas públicas, as bibliotecas universitárias etc.
Energia abrange as ações, as reações, as ativJdades, as operações, os
processos, as técnicas, os tratamentos, os problemas etc. Na Biologia, na Bo·
tânica e na Zoologia é representada pela Morfologia, pela Fisiologia, pela Pa•
tologia, pela Ecologia, pela Genética e pela Ontologia e sua manifestação.
Na Biblioteconomia, serão Energia a catalogação, a classificação, a referência,
o empréstimo etc.
Matéria .consiste em todos os tipos de materiais e substâncias de que são
feitas as coisas. Na Engenharia Civil, serão os tijolos, as telhas, as pedras etc.;
na Biblioteconomia, serão os manuscritos, os livros, os discos etc.
Espaço corresponde às divisões geográficas e Tempo ~s divisões crono·
lógicas.
Um mesmo conceito. pode pertencer a uma categoria num contexto e a
outra em contexto diverso.
Astério de Campos apresenta como exemplo deste fato o Algodão, que_

21
pertence â categoria Personalidade em Agricultura ou em Botânica, mas per-
tence ã categoria Matéria, quando se trata da Indústria Têxtil.
Jesse Shera e Margaret Egan 2 sugerem as seguintes categorias: Agente,
Ação (Atol, Meio (Instrumental), Objeto da Ação, Tempo, Espaço e Produto.
Grolier9 preferiu categorias constantes (Tempo, Espaço e Ação) e cate·
gorias variáveis (Substâncias, Órgâ'os, Análise, Síntese, Propriedade, Forma e
Organização).
O C!assification Research Group (um grupo de estudiosos de classifica·
ção da Inglaterra, do qual fazem parte Mills, Foskett, Farradane, Vickery e
Langridge) apresentou uma nova versão do PMEST de Ranganathan, mais de·
talhada, empregando uma terminologia mais fácil de compreender, que ,parece
ser devida a Vickery.
As categorias do C!assification Research Group (CRG) são: Tipos de
Produto Final, Partes, Materiais, Propriedades, Processos, Operações, Agentes,
Espaço, Tempo, Forma de Apresentação.
A razão de ser do estudo do assunto a classificar é o seu produto final.
A pessoa educada é o produto final da Educação. O edifício é o produto final
da Edificação. A biblioteca é o produto final da Biblioteconomia.
Os tipos de produto final são os vários tipos do objeto da classificação.
Na Construção e na Arquitetura, são casas, escolas, hotéis, pontes etc. Na Bi•
blioteconomia, são bibliotecas públicas, bibliotecas escolares, bibliotecas uni·
versitárias etc.
As partes são as divisões do produto final. Na Construção, são cozinhas,
quartos, janelas, portas etc.
Os prndutos finais e as suas partes correspondem ã Personalidade de
Ranganathan e ã Substância de Aristóteles.
Materiais são os constituintes do produto final, ou de suas partes~ tais
como metal, madeira, pedra etc., mas também podem ser livros, discos, mapas
etc., que constituem a biblioteca.
Propriedades são as qualidades do produto final e das suas partes. O ter·
ro é um metal duro, a dureza é, pois, uma propriedade do ferro.
Processos são as ações ou reações das próprias coisas. Respiração, con-
densação são processos. Ém "ferro enferrujado", enferrujar é um processo do
ferro.
Operações são as ações sofridas pelas coisas, sfio as ações que irão criar o
produto final, oomo Planejar, Construir, Desenhar, Catalogar, Classificar etc.
Agentes são os responsáveis pelas ações, incluindo pessoas, instrumen-
tos, equipan:,entos etc,, que executam um processo ou uma operação. O pro·
fessor e o quadro-negro são agentes da Educação. O guindaste, o andaime e o
pedreiro sfio agentes na Construção.

22
O esJ)aço e o tempo têm as mesmas acepções usuais, o lugar onde se pas-
sou o fato e a época da sua realização.
Forma de apresentação corresponde ao tipo de documento - periódi-
cos, bibliografias, desenhos, mapas, maquetes,_filmes etc.
Em diferentes contextos, as coisas se enquadram de modo diverso nas
categorias. Um computador é um agente na compilação de bibliografias e um
tipo de produto final no estudo de máquinas automáticas. ,
Convém lembrar que nem todas as categorias estão, obrigatoriamente,
presentes em todos os assuntos.

2.5 GÊNERO E ESP~CIE

Porfírio, filósofo grego do século IV, apresentou na sua obra /sogoge ou


Introdução ~s Categorias princípios para regerem as subdivisões das classifica•
ções, denominados predicávels ou categoremas, que são os cinco seguintes: Gê·
nero, Espécie, Diferença, Propriedade e Acidente. Os predicáveis estudados na
Lógica orientam as classificações científicas e, em parte, as classificações bi·
bliográficas. ·
GUnero é um conjunto de coisas ou idéias que podem ser divididas em
dois ou mais grupos ou espécies.
Espécies são os vários grupos resultantes da divisão de um gênéro por
determinada característica. ·
Os animais são seres vivos dotados de sensibilidade e movimento. Divi-
dem-se em vertebrados e invertebrados. Animais é gênero e vertebrados e in•
vertebrados são espécies.
As espécies também podem subdividir-se, funcionando então como gê-
nero, em relação às suas subdivisões ou às suas espécies.
Uma idéia pode ser .espécie em relação a outra e gênero em., relação a
uma terceira.
Eduardo Carlos Pereira (Gramática Histórica. 8~ ed. 1933) explica gê·
nero e espécie do seguinte modo: "Nas idéias gerais expressas pelos substanti·
vos devemos distinguir as classes e as subclasses, isto é, o gênero e a espécie. O
gênero é uma classe maior e a espécie é uma classe menor, incluída na maior,
é uma subclasse ou subgêner_p; assim, árvore, laranjeira e tangerina são três
substantivos que indicam três classes de seres; árv.ore é a classe maior, é o gê-
nero; laranjeira é a classe menor e está incluída na primeira, é subgênero ou
subclasse, isto é, a espécie; tangerina está na mesma relação para com laranjei~
ra, que laranjeira para com árvore, é uma espécie de laranja como laranja é
uma espécie em relação à árvore; logo, laranjeira é uma espécie em relação à
árvore e gênero em relação à tangerina".

23
Vejamos como isto acontece na classificaçâ'o seguinte:
Animais ( %"'''"'º' J
~---9.------+----,
l _Ç·,\>&(/V .u) Vertebrados Invertebrados

r,----~,-~f-·_c_11!_~,__º_,1_-~ ,
Mamíferos Aves Répteis etc, ( .9-::,'pt-0-':>)

Colibris Pardais Canários etc.

Animais é um gênero. Vertebrados é uma espécie do gênero Animais,


mas é, também, um gênero, pois se subdivide em espécies (Mamíferos, Aves
etc.). Aves é uma espécie do gênero Vertebrados e um gênero em relação a
Colibris, Pardais, Canários etc.
O universo do conhecimento, o objeto da classificação, a primeira classe
da qual derivam todas as demais, denomina-se summum genus (gênero supre·
mo) e a última subdivisão denomina-se intima especie (espécie inferior).
No exemplo acima, Animais é o summum genus e Colibris é uma ínfima
especie.
Diferença é a qualidade que distingue as espécies, qualidade ou atributo
que, somado aos próprios ao gênero, distingue as espécies.
Vertebrados e invertebrados têm as mesmas qualidades comuns a .todos
os animais - são seres vivos dotados de sensibilidade e movimento-, porém,·
os animais vertebrados têm uma qualidade que os outros não poss1:1em - vér-
tebras. As vértebras são a diferença que distingue a espécie vertebrados.
Propriedade ou próprio é a qualidade comum a todos os membros de
um gênero, porém que não lhes é exclusiva. Todos os animais respiram, mas
não s6 os animais o fazem, pois os vegetais também respiram. Respiração é,
portanto, uma propriedade dos animais.
Acidente é uma qualidade que pode ou não se _manifestar nos vários
membros de um mesmo gênero e aparece acidentalmente. Todos os animais
racionais possuem olhos, roas alguns os têm azuis. Olhos azuis é um acidente.

2.6 FACETAS, FOCOS E ISOLADOS

Os modernos estudiosos da classificação bibliográfica vêm empregando


uma nova terminologia, criada por Ranganathan, para exprimir os vários pro-
cessos de divisão.

24
Em substituição às palavras categoria, gênero e espécie Ranganathan
· oferece faceta, foco e isolado.
Ao examinarmos um assunto, devemos começar por estabelecer os con-
ceitos que encerra. "Os conceitos, nesta forma desorganizada, são, freqüente-
mente, chamados isolados, A soma total dos isolados resultantes da divisão de
um assunto por uma característica chama-se face.ta. Denominam-se focos os
isolados que compõem uma faceta, para distingui-los dos conceitos desorgani-
zados chamados isolados (Needham) 12 •
Facetas são manifestações das categorias fundamentais em cada campo
do conhecimento, reunindo conceitos que têm determinada característica em
comum.
A palavra faceta (facet) é empregada com acepção P.ouco segura nos vá-
rios livros de classificação.
Verifica-se que a palavra faceta às vezes é empregada no sentido aristo-
télico de categoria, para designar as categorias fundamentais, as classes gerais
de fenômenos ou os grandes grupos de fatos que podem ser constatados no
exame de um assunto. São facetas, neste sentido, os componentes do PMEST
de Ranganathan, quando empregadas nas expressões Faceta Personalidade,
· Faceta Energia etc.
Encontramos o termo com esta acepção em C/assificatlon and lndexing
in Sc/ence de B.C. Vickery 13 , quando afirma que a Classificação de Dois Pon-
tos apresenta, desde o princípio, uma divisão em facetas ou categorias, ou, na
seguinte frase de Lancaster 14 "Na base desta análise são determinadas as cate-
gorias principais ou 'facetas' do asSunto",
Faceta é empregada com o sentido de gênero, quando usada para repre-
sentar o conjunto de membros de uma mesma classe, como, por exemplo, a
Faceta Transporte, compreendendo Transporte Aéreo, Transporte Marítimo
e Transporte Terrestre.
Com este sentido, temos a definição de faceta apresentada por A.C.
Brown 15 • "Uma faceta é um grupo de isolados que têm alguma característica
em comum".
A palavra faceta é empregada indiretamente com o sentido de caracte-
rística, porque a base do agrupamento em classes resulta <la divisão por detér-
minada qualidade ou característica e, muitas vezes, o nome desta qualidade é
usado para designar a faceta.
Mills 10 diz que: "O primeiro problema ao dividir-se um assunto é: Qual
a característica a empregar? Desde que a aplicação de uma característica pro-
duz uma faceta, outro modo de expressar a pergunta é indagar quais as facetas
presentes num assunto -daí a expressão análise em facetas!'.

25
No exemplo seguinte

{.;.~_--_azul ____ amarei;---~,~ __ pre - b f O C.,<_') $

diz-se que a Faceta Cor compõe-se de branco, azul, amarelo e verde (focos) e
o princípio de divisão ou a característica usada foi a Cor,
Langridge 6 , utilizando uma terminologia precisa, diz: "usa-se Catego·
ria quando se refere ã estrutura geral de um sistema de classificação; faceta,
quando se refere ãs manifestações das categorias nas diferentes classes; e o
princípio usado para definir uma faceta é conhecido como característica da
divisão".
Outro termo ranganatiano é isolado {lso/ate).
Isolados são os vários conceitos presentes nos assuntos antes de serem
reunidos em facetas.·
"Um único componente (ingrediente) de um assunto composto e, tam-
bém, um termo genérico, que indica uma idéia isolada, um termo isolado e
um número isolado, manifestações de um isolado no plano Idéia, no plano
verbal e no plano notacional", é um isolado (Campbell).
O conceito Mármore é uma idéia isolada, no plano idéia, a palavra Már•
more representa o conceito isolado no plano verbal e o símbolo de Mármore
:--- 553.51 -, na Classificação Décimal de Dewey, é um Isolado, no plano no•
tacional. O conceito Mármore, a palavra Mármore e 553.61 são isolados, no
plano da idéia, no plano verbal e no plano notacional, respectivamente.
Emprega-se a palavra Isolado quando se refere isoladamente a um con·
ceita, mas, ao se tratar das subclasses de uma faceta, prefere-se a palavra Foco.
Os isolados, após serem agrupados em facetas, são denominados focos,
"Numa faceta cada membro ou subclasse é denominado foco" (Mills) 1º,
Os focos são, pois, as subdivisões de uma faceta e correspondem ãs espé-
cies de um gênero.
No exemplo ante_rior, Branco, Azul, Amarelo, Verde e Preto são os fo•
cos da Faceta Cor.
A palavra foco é trad~ção da palavra latina focus (singular focus, plural
toei). empregada por Ranganathan e utilizada pelos autores de língua inglesa,
vinda de focalizar a atenção em determinado tópico.
Na classificação bibliográfica, gêneros e espécies não são suficientes para
expressar todos os tipos de relacionamentos encontrados na literatura.
Encontramos relacionamentos outros que não aqueles entre gêneros e
suas e·spécies, como os existentes entre o todo e a parte, a açá'o e o agente ou
o paciente, a coisa e suas propriedades etc. A roda não é uma espécie de bici-
26
cleta, é uma parte; a destilaç[o é uma aç[o sofrida pelo petróleo; a tempera-
tura de 38 graus é uma propriedade dos cães; o pedreiro é. um agente da cons·
trução etc.

2.7 DIVISÃO EM CADEIA

~ Uma série de classes, na qual uma é subdivisão d~ ,precedent;j denomi•


na-se, segundo Ranganathan, chain, traduzido por cadeia.
Cadeia é uma linha de classes, geradas por subdivisões sucessivas, que se
move passo a passo de um assunto geral para um assunto específico. i;: uma
série de divisões formadas pelos gêneros e espécies, partindo do summum ge-
nus até a intima especie. (,odJ,:o-
Formam uma cadeia:
Ciências Puras
Matemática
Aritmética ·····, -] /l ('__,.,-y) O,:.rt/e__.,,
Números Decimais. - '\)
__c:::;_l--/_·'._1_1...j_~··--·1
j;:::

2.8 DIVISÃO EM FILEIRA


t.J LJt1 C.J

Outra palavra ranganatiana importante é array.


Antônio Houaiss, ao traduzir o vocabulário de Mack e Taylor 16 , pro-
pôs "classeio" para tradução da palavra array, mas este vo~cábulo não vem sen·
do empregado. Examinando o significado da palavra em inglês, poderemos
traduzi-la por fileira, linha ou renque, palavra sugerida por Astério de Cam-
pos, que nos parece a melhor tradução, porém fileira é a forma mais usual.
~ Renque é o conjunto de classes resultante da aplicaç[o de ~ma única
característica.
Mills define renque como uma série de_ classes coordenadas, baseadas
no mesmo princípio de divisão. Sayers 11 define-o como "uma fileira de tópi 4

cos ou-focos coordenados em importância e da mesma ordem ou hierarquia".-


No exemplo a seguir, Matemática, Física, Química, Botânica e Zoologia
representam uma divisão em fileira ou renque.

Ciências Puras

Matemática F/sica Ou/mica Botânica Zoologia

27
A Biblioteconomia antiga denominava as subdivisões resultantes da apli·
cação de uma mesma característica de assuntos correlatos.

2.9 EXTENSÃO E COMPREENSÃO

Extensão {extension ou denotation) é o conjunto de gêneros ou espé·


cies possuidores das mesmas qualidades.
A extensâ'o de um gênero é a soma de todos os membros que fazem
parte de todas as suas espécies. A extensão de uma classe é o conjunto dos
membros que possui. . _ (---~
Compreensão ou complexidade' (intention ou connotation) é o número
de qualidades que distinguem as espécies, a -/ama de todas as propriedades
comuns aos membros da classe.
Examinemos o esquema de classifica~ã'o seguinte:-;::,
1:1-/⇒ -~o r><í \:';'"' SP
'íl (jJ 1-" I' 0 i- ' T ç_,)(,'í(
Í <:J '<, Seres Vivos
~u (b tA 1

(vegetais Animais

1 (s~ :º~'.~~,~~ (com movimento)

Fanerógamo, Criptógamos
(com flores) (sem flores)
1
1
v Ginos,
permos
Ang_inos•
permos
lalófitos Musc{neos 0-iptó-
gamos
(semen· (semen- Vascu,
te nua) te envol- lares
C,OM ~ t, f-_, 1 1 1) ~F vida pelo
fruto)
(JJ M ~r-f--Gf--J s Â{))
+ "''" r; r,; Sf"l) ~- r" 1 rJ, 1> v Y(J.s
Vegetal é um ser vivo, geralmente sem movimento, porém um anginos·
permo é um ser vivo, um vegetal, que possui flores e tem a semente envolta
pelo fruto. Exige-se, portanto, maior número de qualidades ou atributos a um
anginospermo do que a um vegetal. O conjunto de qualidades exigidas é a
compreensão ou complexidade da espécie anginospermo. O termo Anginos-
permo tem, portanto, maior compreensã'o do que o termo Vegetal.
O termo ~ftal inclui os Fanerógamos (Ginospermos e Anginosper•
mos) e os Cri~tó~aros (Talófitos, Musclneos e Criptógamos Vasculares). Está
claro que ~ng_"J11uito maior número de membros do que o termo Anginos•
28 --
permo. Diz-se que Vegetal é uma classe de í!1aior extensão do que Anginos-

*
permo.
Quanto maior é a compreensão, menor é a extensão de uma classe e
vice-versa.

2.10 MODULAÇÃO

Na divisão de uma classe em subdivisões menores e sucessivas, nenhum


nível deve ser omitido, nenhuma característica importante deve ser esquecida
de ser tomada para base de subdivisão.
Entende-se por modulação a apresentação gradativa dos vários níveis de
subdivisão.
A própria literatura do assunto determina os níveis de subdivisão neces•
sários a cada assunto.

í"-:~ 2.1) TERMO

A palavra ou as palavras que expressam as idéias num sistema de classifi·


cação denominam-se termos.
São termos de Classificação de Dewey Pure Science, Mathematics,
Arithmetics.

2.12 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO

"Um mapa completo de qualquer área do conhecimento, mostrando


todos os seus conceitos e suas relações; é chamado de tabela ou sistema de
classificação" ( Langridge) 6 •
Sistema de Classificação ou Tabela de Classificação é um conjunto de
classes apresentado em ordem sistemática: ~ uma distribuição de um conjun-
to de idéias por um certo número de conjuntos parciais, coordenados e subor•
dinados.
Um sistema de classificação inclui disciplinas e fenômenos.
As disciplinas são ramos do conhecimento, ou formas de conhecimento,
que estudam um conjunto de fenômenos relacionados ou correlatos. As disci-
plinas podem ser disciplinas fundamentais ou subdisciplinas.
As disciplinas fundamentais constituem as mais importantes e inclusivas
divisões do conhecimento, como Religião, História, Ciências Sociais, Ciências
Puras, Ciências Aplicadas etc.

29
As subdisciplinas são áreas de especialização das discipJinas fundamen·
tais, representando aplicações destas a grupos de fenômenos, tais como Eco-
nomia, Sociologia, Música, Zoologia, Botânica etc.
Fenômeno é tudo que é percebido pelos sentidos ou pela consciência,
tudo que se observa, Fenômenos são fatos de natureza moral, social ou f (sica,
isto é, coisas, ações, idéias, reações, agentes etc., estudados pelas várias disci·
plinas. Os fenômenos são os várlbs temas estudados pelas disciplinas e subdis·
ciplinas.
Os fenômenos podem ser entidades concretas, tais como Homem, Café,
Mar, Erosão, ou entidades abstratas, tais como Amor, Ódio, Beleza, Fé.
Os sistemas de classificação bibliográfica se baseiam em três conceitos
básicos: categorias, divisão lógica !gênero/espécie) e relacionamento.
Os sistemas tradicionais foram elaborados segundo o processo de divisão
lógica, incluindo neste desdobramento todos os tipos de relaclonamem,_.., com
poucas previsões possibilitando ligações entre conceitos de diferentes hierar·
quias, como as propiciadas pela CDU, por meio do sinal dois pontos.
Os sistemas modernos, os ditos sistemas em facetas, são elaQorados a
base de conceitos simples e dão grande preponderância aos relacionamentos,
atribuindo ao ato de classificar a tarefa de construir os símbolos de classifica-
ção pelo relacionamento de conceitos originários de diversas facetas.
Os bibliotecários empregam a palavra classificaçaõ para designar siste·
mas de classificação ou símbolos de classificação (descritores codificados),
Assim, dizem: a Classificação de Dewey, uma classificação facetada, a classifi·
caçâ'o de literatura alemã é 830,
Um sistema de classificação pode ser criado dedutiva ou indutivamente.
O método dedutivo parte do assunto geral, do todo, e o vai subdividin·
do nas partes componéntes. Parte-se de Animais para chegar aos Vertebrados
e Invertebrados.
A classificação indutiva toma inicialmente conhecimento dos fenôme·
nos e os vai reunindo suces$iVamente em classes maiores possuidoras das mes-
mas qualidades. Constata-se a existência e as caracter{sitcas dos pardais, coli·
bris, canários etc. e forma-se a classe de Pássaros.
;,,, Na classificação bibliográfica três ordens são objeto de estudo: a ordem
de apresentação das tabelas, a ordem de citação e a ordem de Intercalação.

2,13 ORDEM DAS TABELAS

~ A ordem de apresentação dos conceitos nas tabelas de um sistema de


classificação segue, primordialmente, a ordem de dependência e a ordem do
geral ao especifico.

30
Envolve a ordem das várias disciplinas, a ordem de precedência de cate·
gorias, gêneros (facetas) e espécies (focos).
A ordem das várias áreas do conhecimento ou das disciplinas depende,
em grande parte, de conjecturas filosóficas sobre o surgimento e a dependên·
eia das várias ciências. Dewey tirou a ordem das suas classes principais da in-
versão da classificação de Francis Bacon feita por William T. Harris. Ranga•
nathan reconheceu a necessidade de classes tradicionais, mas a interdisciplina-
ridade do conhecimento atual põe em evidência a desvantagem deste particio-
namento.
Brown procurou criar um sistema em que cada assunto tivesse uma úni~
ca localização, reunindo os aspectos teóricos e práticos na ciência em que sur-
ge inicialmente o conceito. Admitiu, ainda, que todo o conhecimento deriva
de quatro grupos fundamentais: Matéria e Força, Vida, Razão e Registro.
Bliss optoU p'or apresentar os asSuntos segundo o "consenso científico e
educacional", isto é, a ordem aceita pelos cientistas e professores, mas permi-
tiu as classificações alternativas.
Nos últimos anos vem crescendo o interesse pelo estudo da estrutura do _
conhecimen,o e a teoria de níveis de integração.
Ranganathan estabeleceu a ordem das categorias, o PMEST, e nove prin·
cípios para determinar a ordem de facetas (gêneros) e focos (espécies), que
reduziremos as sete seguinte:
1. Extensão decrescente (o mais geral precedendo o mais específico);
2. Concreção crescente (o mais abstrato precedendo o mais concreto};
3. Complexidade crescente (o mais simples precedendo o mais com·
plexo);
4. Ordem cronológica, incluindo a ordem evolutiva;
5. Ordem de proximidade;
6. Ordem tradicional;
7. Ordem alfabética (quando nenhuma das outras se impõe).

2.14 ORDEM DE CITAÇÃO

A ordem de aplicação das várias características utilizadas na classifica·


ção denomina-se ordem de citação (cítation order), tambémfhamada de fór-
mula-de-faceta /facet formula/, ordem preferida (preferred order), ordem de
combinação (combination order/, ordem significativa (significance order) ou
ordem de construção /built-up-order).
,t A ordem de citação determina a seqüência em que serão citados os vá·
rios conceitos presentes nos assuntos, na construção dos símbolos de classi·
ficação.

31
Estudando a lingü(stica, verificamos que apresenta a caracter(stica l(n•
gua !português, francês, inglês etc.) e a característica Problema Lingüístico
(etimologia, sintaxe, morfologia etc.).
Será necessário decidir qual das duas caracter(sticas - L(ngua ou Pro-
blema Lingüístico - será utilizada ·em primeiro lugar, qual o principio de divi•
são que será mais útil na subdivisão primeira do assunto lingü(stica.
A decisão tomada resultará numa das classificações seguintes:

LINGÜISTICA

PORTUGUtS FRANCtS INGLtS

1
Etimo· Sin- Morfo· Etimo• Sin• Morfo• Etimo· Sin- Morfo-
logia taxe logia logla taxe logfa logia taxe logia

LINGÜISTICA

ETIMOLOGIA SINTAXE MORFOLOGIA

1
Pon. Franc,
1
lngf,
1
Pon.
1
Frene,
1 1
lngl, Port. Franc.
1
lngl,

A importância da ordem de citação advém do fato de que as caracterís-


ticas que não forem citadas em primeiro lugar ficarão dispersas no acervo elas•
sificado e quanto mais tarde forem citadas mais dispersas ficarão.
Consideremos as duas ordens seguintes:
1. Discos - Catalogação;
Discos - Classificação;
Mapas - Catalogação;
Mapas - Classificação.
2. Catalogação - Discos; •
Catalogação - Mapas;
Classificação - Discos;
Classificação - Mapas.
No exemplo anterior, utilizamos duas ordens de citação diferentes:
1. Materiais Especiais - Processos Técnicos;
2. Processos Técnicos - Materiais Especiais.

32
No primeiro grupo, ficará reunido tudo sobre o tratamento de Discos
ou de Mapas, mas aparecerão separados os tipos de tratãmento, os processos
técnicos ..
No segundo grupo, citando antes o Processo Técnico, reuniremos tudo
sobre Catalogação e Classificação, mas separaremos a documentação sobre
cada uma das formas de documentos - Discos, Mapas etc.
As prinieiras preocupações dos bibliotecários corn a ordem de citação
surgiram no campo dos cabeçalhos-de-assunto.
Cutter, em 1876, no seu Rufes for a Printed Dictionary Catalog, pro·
curou estabelecer regras para a determinação da ordem de apresentação de
vários conceitos num cabeçalho composto. Segundo suas determinações, Tem·
po e Forma de Apresentação devem seguir o objeto de estudo e o Lugar segue
os temas das Ciêni:ias Puras e APiicadas, mas precede aqueles das Ciências So·
ciais.
Em 1911, Kayser, em Systematic lndexing, propôs a análise dos assun-
tos compostos em Concretos e Processos, determinando a precedência dos pri·
meiros aos segundos.
Mais modernamente, E. J. Coates (Subject Catalogues) sugeriu, basica-
mente, a ordem: Coisa - Parte - Material - Ação.
Ranganathan procurou estabelecer uma ordem geral de citação para as
categorias fundamentais, a ordem do PMEST (Personalidade, Matéria, Ener-
gia, Espaço e Tempo), que o autor descreve como sendo uma ordem que se
move do mais concreto para o mais abstrato.
Ranganathan, porém, não seguiu rigorosamente a ordem do PMEST,
pois admitiu a existência de mais de uma: das suas categorias, 9correndo suces-
sivamente ou voltando a aparecer depois de ter passado a outra categoria.
Reconhecendo a dificuldade, Ranganathan apresentou uma idéia mais
fundamental a que chamou de principio do mural (wa//-picture principie/, ex-
plicando que um quadro só pode ser pendurado se existir uma parede. 1: o
conceito da dependência. Um conceito que depende de outro deve segui-lo na
ordem de citação. A doença para existir precisa do corpo, o tratamento só
ocorre após a instalação da doença.
Apesar de ser o princípio mais útil já exposto, não é universalmente apli-
cável, pois há temas em que não se aplica.
Discute-se se será possível estabelecer uma ordem geral de citação, ad·
mitindo•se que esta possa variar de uma disciplina para outra e mesmo em
uma mesma disciplina em diferentes contextos.
O C/assification Research Group (CRG) aconselha como Ordem-Stan-
dard de Citação (Standard Citation Order): Produto Final, Partes, Materiais,

33
Propriedades, Processos, Operações, Agentes, Espaço, Tempo e Forma de
Apresentação.
A Classificação Decimal Universal apresenta uma ordem de citação ao
subdividir as classes e a completa determinando a ordem de aplicação das sub-
divisões auxiliares, a chamada "ordem horizontal", que é, basicamente, As·
sunto, Ponto de Vista, Lugar, Tempo, Forma e L/ngua.

2.16 ORDEM-DE-INTERCALAÇÃO

f A ordem-de-citação refere-se ã seqüência seguida ao se classificar, mas


há outra ordem importante para bibliotecários e documentalistas, a seqüência
de ordenação de documentos ou referências bibliográficas, a ordem-de-inter-
calação (filing arder) ou ordem de arquivamento.
•7/ A ordem-de-intercalação é, de modo geral, a inversão da ordem-de-cita·

ção, para que os assuntos gerais apareçam antes dos específicos.


Esta inversão é uma prática generalizada nos sistemas de classificação
e geralmente é chamada de princlpio da inversão. .
Ser\/em de exemplo de ordem-de-citação e ordem-de-intercalação a "or-
dem horizontal" e a "ordem vertical" da Classificação Decimal Universal, que
são as seguintes:

ORDEM-DE-CITAÇÃO ORDEM-DE-INTERCALAÇÃO
(ordem horizontal) (ordem vertical)

Assunto Assunto
Ponto de vista L/ngua
Lugar Forma
Raça Tempo
Tempo Raça
Forma Lugar
L/ngua Ponto de vista

O princípio básico na ordem-de-int~rcalação é do geral ao especifico, os


temas mais.gerais, aparecendo antes dos mais específicos. Direito é mais geral
do que Direito Tributário, Diréito Tributário é mais geral do que Direito Tri-
butário no Século XX ou Direito Tributário Brasileiro.

34
2.16 CONCEITO E ASSUNTO

Conceito é a operação da inteligência através da qual se apreendem os


caracteres essenciais daquilo que se conhece. É a representação mental do que
se sabe, uma idéia, uma coisa, um julgamento etc.
Os conceitos podem ser expressos por palavras, sinais ou símbolos. O
conceito "cavalo", a idéia mental que temos de um cavalo, pode ser expresso
pelas palavras cavalo, cheval ou horse, conforme a língua utilizada, bem como
pelo símbolo de classificação 599.725, encontrado na Classificação Oecimal
de Oewey.
Os conceitos presentes em um documento são os assuntos de que trata.
Geralmente emprega-se a palavra assunto para designar a disciplina ou subdis·
ciplina a que pertence um documento ou o fenômeno de que trata.
Os livros de Biblioteconomia modernos diferenciam entre assunto bási-
co (basic svbject), assvnto simples (simple svbject), assunto composto /com•
pound subject), assunto complexo (complex subject) e assunto compósito
(composite subject).
Assuntos básicos são as disciplinas e subdisciplinas em que se encaixam
os fenômenos.
Assuntos simples são temas que pertencem a um único foco de uma
única faceta, de uma só diséiplina. Exemplo: Literatura Inglesa, Metais.
Assuntos compostos são assuntos que encerram duas ou r:nais facetas de.
uma mesma classe básica. Exemplo: Poesia aa Literatura Francesa (faceta L(n-
gua e faceta Gênero Literário da disciplina Literatura).
Assuntos complexos são temas que incluem conceitos de duas ou mais
facetas de classes básicas diversas. Exemplo: Influência da Bíblia no Romance
Inglês (facetas tiradas das disciplinas Religião e Literatura).
Assunto compósito não é propriamente um tipo de assunto. A expres-
são é empregada com referência a um documento que trata de vários assuntos.
"Deve-se ter cuidado em não confundir assunto composto com dq-
cumentos compósitos. Documentos compósitos são dóéumentos que contêm
dois ou mais assuntos distintos. Assim, compósito refere-se à natureza do do-
15
cumento; composto, à natureza do assunto do documento" (Brown) •
Os assuntos ainda podem ser assuntos centrais ou assuntos do núcleo
(core subjects) e assuntos marginais /fringe subjects) ou periféricos.
Assuntos centrais são aqueles diretamente ·relacionados com o tema
de uma classificação especializada e assuntos marginais são temas de outros
campos de conhecimento, que interessam àqueles que estudam os assuntos
centrais.
O mesmo fenômeno pode ser estudado em várias disciplinas.

35
O Café, por exemplo, será tratado na Botânica {características da planta
e do fruto), na Agricultura (peculiaridades do seu cultivo), na Produção, na
Indústria e no Comércio. Essas várias localizações do tema Café numa classi•
ficação são consideradas assuntos relacionados dispersos.
Savage denominou relacionados dispersos (distríbuted relatives) os vá-
rios aspectos de um fenômeno disperso por diferentes disciplinas, num siste•
ma da classificação.

BIBLIOGRAFIA

BROWN, A. G.; LANGRIOGE, D.; MILLS, J, An introduction to sub/ect index/ng; a pro-


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OAHLBERG, lngetraud. Teoria da classificaçâ'o, ontem e hoJe. ln CONGRESSO BRASI-
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2. SHEAA, ~- H. &EGAN, M. E. Catálogo sistemAtico; princípios básicos e utilização.
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4. MEAAIL, W. S. Código para clasificadores. Buenos Aires, Kapelusz, 1958.
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36
6. LANGRIDGE, O. Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia.
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8. LOPES, F. L. Introdução A Filosofia. Rio de Janeiro, Agir, 1956.
9. GROLIER, E. êtude sur les catégories gémJrafes applicab/es aux classifications et
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10. MILLS, J. A modem outline of library cfassification. London, Chapman & Hall,
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11. CAMPOS, A. "A teoria das classificações anaUtico-sintáticas, ou facetadas e a sua
influência sobre a reforma da Classificação Decimal Universal (CDU). R. Bibliote-
con. Sras/lia, 3(1) :23-36, jan./jun. 1975.
12. NEEOHAM, C. D. Organizing know/edge in fibraries: an introduction to catalo-
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13. VICKERY, B. C. Classification and indexing in science. 3. ed. London, Butter-
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14. LANCASTER, F. W. lnformation retrieval systems: characteristics, testing and
evaluation, New York, J. Wiley, 1963.
15. BROWN, A. G.; LANGRIOGE, D.; MILLS, J. An introduction to subject índex·
ing: a programmed text. Volume 1: Subject analysis and practical classification.
London, C. Bingley, 1976.
16. MARK, J. D. & TAYLOR, A. S. Um sistema de terminologia da documentação.
Rio de Janeiro. C.E.M.A., 1957.
17. SAYEAS, W. C. A manual of classification for líbrarians and bibliographers. Lon•
don, Grafton, 1955. ·

37
3
Estabelecida a ordem das classes e as possibilidades de combinação dos
assuntos, é indispensável a um sistema de classificação um método para indi-
car esta ordem e estas combinações, isto é, um código ou uma notação.
Notação é o conjunto de símbolos destinados a representar os termos
da classificação, traduzindo em linguagem codificada o assunto dos documen-
tos, e permitindo sua localização nas estantes, nos catálogos e nas tabelas de
classificação.
Uma boa notação não torna um sistema de classificação bom, mas a má
notação pode arruinar um bom sistema, já advertiu Henry Bliss. 1: um comple-
mento ao sistema de classificação, mas é indispensável à sua aplicação.

3.1 CARACTERES OU DIGITO

Os ingleses denominavam digit cada letra, número ou sinal gráfico em-


pregado para representar um termo da classificação. "Digit" po~e ser ~raduzi-
do por caracter ou digito. Nesta acepção 3, 2, 7 são os caracteres que com·
põem 327. H055 compõe-se dos caracteres H, D, 5 e 32(81) de 3,2, ( ), B, 1.
Vickery informa que C. N, Mooers denomina caracter "os elementos de
uma linguagem de pesquisa, isto é, os símbolos que podem ser utilizados inde·
pendentemente para a pesquisa de documentos, que não podem se decompor
em dois ou mais símbolos independentes e que provêm de uma lista finita de
símbolos."

3.2 SIMBOLOS DE CLASSIFICAÇÃO

Sfmbolo de classificação é o conjunto de caracteres que representam


um determinado assunto em um sistema de classificação.
Freqüentemente denomina-se número de classificação ao slmbolo de
classificação.

38
Esta terminologia não é adequada quando a notação inclui letras.
Os franceses e os portugueses preferem a palavra (ndice, que foi usada
por Laura Maia de Figueiredo e Edson Nery da Fonseca na tradução brasileira
2
do trabalho de E. Jacquemin •
Os bibliotecários empregam freqüentemente a palavra Classificação para
designar símbolo de classificação.

3.3 BASE DA NOTAÇÃO


/.-.._Q.,
o"
Entende-se por base da notação o conjunto d¼racteres empregados na
formação dos símbolos de classificação. '
Os caracteres possíveis de ser empregados são números (na ordem deci·
mal ou aritmética), letras (maiúsculas e minúsculas) e sinais gráficos (ponto,
vírgula, apóstrofe etc.).
As classificações, para serem utilizadas por máquinas, poderão contar
com outros meios para repres!;!ntar .os assuntos, como perfurações, porém
não abordaremos esta parte.
Chama-se notação pura a que apresenta caracteres de um único tipo -
só número ou só letras, por exemplo.
Denomina-se notação mista a que emprega caracteres de mais de uma
qualidade.
A Classificação de Dewey possui uma notação pura, porque só emprega
algarismos arábicos (o ponto não tem função, só serve para facilitar a leitura).
Exemplo: 726.7710222 Desenhos arquitetônicos de abadias beneditinas.
A notação da Classificação Decimal Universal é uma notação mista, pois
emprega algarismos decimais, sinais g·ráf_icos e, algumas vezes, letras e palavras.
Exemplo: 336.2(816.12Campinas) "1970"(042.3) Conferência sobre impos-
tos do município de Campinas, em 1970.
As notações constituídas de letras e números são denomiría~as alfanu-
méricas, constituídas só de letras de alfabéticas e só de números de numéricas.

3.4 FINALIDADES DA NOTAÇÃO

A principal finalidade da notação é localizar os assuntos na coleção,


oferecendo um meio para remeter do índice ãs tabelas do sistema de classifi-
cação e das fichas do catálogo aos documentos, além de possibilitar a ordena-
ção dos próprios documentos pelos assuntos de que tratam.
Se localizarmos no índice da classificação de Dewey "Political Parties",
a simples indicação 329 nos levará ao assunto procurado. Do mesmo modo, se

39
as fichas das obras sobre partidos políticos indicarem 329, Poderemos, ime·
diatamente, encontrar as obras sobre o assunto.
A notação oferece, ainda, símbolos que podem ser combinados com ou-
tros para indicar os assuntos complexos e compostos.
A notação pode, também, mostrar a subordinação e a relação entre os
assuntos, isto é, ser expressiva. Se tomarmos o número 327 (~olitica Exterior),
na Classificação de Dewey ou na CDU, saberemos, imediatamente, que é um
assunto de "Política" (32) e de "Ciêncis,s Sociais" (3) e que é relacionado
com 323 (Política Interna), Esta última finalidade é, atualmente, considerada
dispensável, pelos modernos teoristas de classificação bibliográfica.
Resumindo, podemos dizer que as funções ou finalidades da notação
são: o0 Qa'<'.-IQ,'<, •A:,~"(\'\eJ
1. traduzir em símbolos o assunto dos documentos;
2. localizar, através do índice, a posição de um conceito nas tabelas de
classificação;
3. indicar, no catálogo, onde se encontra determinado documento;
4. permitir a ordenação lógica dos documentos~ segundo o~ assuntos de
que tratam;
5. permitir a síntese;
6. mostra a hierarquia ou a estrutura do sistema de classificação.
3.4.1. Síntese
A combinação de símbolos de várias tabelas para a construção de núme-
ros de classificação denomina-se slntese.
Quase todos os sistemas de classificação praticam a síntese para formar
símbolos que representem os assuntos compostos ou complexos.
O símbolo 329.81, da Classificação de Dewey, apresenta uma síntese, is-
to é, com.bina 329 (Partidos Políticos) com 81 (notação de área para o Brasil).
A utilização do processo de síntese evita a necessidade de apresentar,
sob cada assunto, todas as subdivisões possíveis, o que representa uma econo-
mia incalculável na extensão das tabelas de classificação e aumenta a capaci-
dade do sistema de oferecer classificação detalhada, pois é praticamente im-
possível prever todas as subdivisões que irão ser necessárias.
Os sistemas de classificação em facetas fazem largo uso da síntese.

3.5 QUALIDADES DA NOTAÇÃO

A notação deve possuir as seguintes qualidades:


1. indicar a ordem dos assuntos de modo claro e automático, a fim de
permitir a localização da informação procurada;
40
2. permitir revelar integralmente o assunto do documento (especifici-
dade);

1/ e 3. ser hospitaleira, .isto é, permhir o número de subdivisões necessárias


a cada assunto;
4. ser flexível ou expansiva, isto é, permitir a inclusão de novos assun-
6. tos nas posições mais convenientes;
5. ser fácil de lembrar, falar e escrever;
6. ser breve e simples;
7. revelar a estrutura da classificação, a sua hierarquia, isto é, mostrar as
classes relacionadas e as classes sybordinadas (expressividade);
8. ser mnemônica. ( fbS.OcAf\cíP."".) \)f r---1 f:: r--1,\?,, r-~ ,·-/J )
Estas qualidades são ideais, mas dificilmente uma notação reúne todas
elas.

3.5.1 Ordem

Localizar o assunto procurado é a principal função da notação, canse·


qüen·temente a sua principal qualidade é indicar a ordem de forma clara, pre-
cisa e facilmente reconhecível.
Para os povos ocidentais, s6 duas ordens são conhecidas a priori: a or-
dem numérica e a ordem do alfabeto latino, embora haja pequenas diferenças
nesta ordem, nas diversas línguas, como no espanhol.
A notação que emprega càracteres de vários tipos, como letras e núme·
ros, tem diminuída sua qualidade de indicar automaticamente a ordem dos
assuntos, principalmente quando utiliza também sinais gráficos.
A utilização de uma notação deste tipo obriga ao estabelecimento de
regras de precedência, difíceis de ser apreendidas pelos leitores e pelos funcio-
nários burocráticos,

3,6.2 Especificidade

A especificidade ê a exatidão com que os símbolos de classificação per-


mitem representar o assunto dos documentos.
A notação deve permitir a especificidade desejada, possibilitando a for-
mação de símbolos para representar os conceitos simples, bem como os assun-
tos compostos e complexos. Deve oferecer s(mbolos próprios, exclusivos e in-
confund (veis, a cada conceito.
A notação precisa possibilitar a classificação detalhada, se o usuário as-
sim o desejar, e a classificação mais geral, se por ela optar.

41
3.5,3 Hospitalidade e Flexibilidade

Outra qualidade indispensável ã notação é a hospitalidade, isto é, a ca·


pacidade de permitir as divisões necessárias.
A hospitalidade pode ser de dois tipos:
1. Hospitalidade em cadeia, isto é, quanto à subdivisão do mais geral ao
mais específico, do summum genus à intima especie. Exemplo:
5 Ciências Puras
51 Matemática
511 Aritmética
511.1 Teoria dos Números,
2. Hospitalidade em fileira, isto é, permitir a representação dos vários
assuntos correlatos, resultantes da subdivisão de um assunto mais ge·
ral por determinada característica, as várias espécies de um mesmo
gênero ou os vários focos de uma mesma faceta. Exemplo:
Filologia

Inglesa Francesa Alemã Italiana Espanhola etc.


A hospitalidade em cadeia é mais fácil de ser obtidaj~ que a hospitali·
dado em fileira. / ç . 1, (o'<
A hospitalidade está intimamente ligadfã basi)da notação.
As notações decimais só contam cq_m •10 algarismos para formar os sím·
bolos, têm, portanto, como base só 10 carà~éres (O, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).
As notações alfabéticas contam coffi 26 letras, têm maior base. As 26
letras subdivididas por outras 26 oferecem 676 símbolos, que subdivididos
cada um pelas 26 letras fornecem 17576 símbolos.
As notações que tomam por base algarismos na ordem aritmética não
têm limites, mas não têm expressividade, não indicam a estrutura da classifi-
cação. A Classificação da Biblioteca do Congresso (EEUU), após empregar le·
tras para suas duas primeiras ordens de subdivisão, emprega algarismos de 1 a
9999. Exemplo:
HG201 - 1490 Dinheiro
HG201 Periódicos
HG216 Dicionários
HG231 História
HG261 Metais preciosos
HG289 Ouro
HG301 Prata
HG321 Casas de Moedas
HG335 Dinheiro falsificado.

42
Letras ou números decimais podem ser empregados em subdivisões em
cadeia mantendo a hierarquia, isto é, revelando perfeitamente a estrutura da
classificação, com expressividade.
A notação decimal é bem hospitaleira em cadeia, mas muito pouco em
fileira., pois só conta com nove subdivisões. Para aumentar a hospitalidade
em fileira, quando a notação é decimal, Ranganathan propôs o chamado prin-
cipio da oitava, isto é, a utilização, na divisão, dos algarismos de 1 a 8 e a
transformação do 9 em 91 até 98 e do 99 em 991 e assim sucessivamente.
Empregando o princípio da oitava para dividir a Filologia pela caracte-
rística Língua, teríamos os seguintes assuntos correlacionados ou, em outras
palavras, a faceta língua se comporia dos seguintes focos:
4 Filologia
41 Língua portuguesa 491 Língua finlandesa
42 Língua inglesa 492 Língua russa
43 Língua alemã 493 Língua norueguesa
44 Língua francesa 494 Língua irlandesa
45 Língua italiana 495 Língua flamenga
46 Língua espanhola 496 Língua africaander
47 Língua latina 497 Língua provençal
48 Língua grega 498 Língua sãnscrita
4991 Língua tupi.
Dewey empregou, em certos pontos da sua classificação, o princípio da i
oitava - é o que acontece quando reserva o número 9 para "outros" - mas o
fez inconsistentemente e não o formulou.
Outro meio para aumentar a hospitalidade em fileira é subdividir pela
centena ou pelo milhar em lugar da dezena, como a CDU faz em 329, que se
subdivide em:
329. 11
. 329.12
329.13

329.21
329.23
etc.
Na maioria dos casos, a notação decimal e, principalmente, a alfabética
será ·suficiente, se for feita uma divisão hierárquica perfeita, mas resultará em
números muito longos. Empregando uma notação mista -;-- letras, números de-
cimais ou não etc. -, poderemos obter símbolos que indiquem a hierarquia,
mas sejam relativamente curtos.

43
Alguns autores não distinguem entre hospitalidade e flexibilidade, mas
outros reservam flexibilidade ou expansibilidade para a capacidade da notação
de permitir a inserção de novos assuntos nos pontos adequados, sem alterar a
ordem existente.
A flexibilidade de uma notação, no sentido restrito de inclusão de no-
vos assuntos, pode exigir essa inclusã'o no infoio, no fim ou no meio de uma
seqüência, Nos dois primeiros casos, teremos o que se denomina extrapolação
e no terceiro uma interpolação.
A flexibilidade pode ser obtida:
1. deixando-se s/mbolos vagos. Apresenta, porém, o problema de não
ser poss(vel antecipar os pontos da classificação onde o desenvolvi-
mento do conhecimento levará ao aparecimento de novos assuntos.
Exemplo:
AB12 s/mbolosvagos;
AB16
AB17
2. utilizando caracteres de novo tipo (letras, números decimais etc.).
Exemplos:
353
354
354B novo assunto
355

347
347.1 novo assunto
348

AB13
AB13.2 novo assunto.
O segundo processo pode resultar em dar tratamento diferente a assun-
tos correlatos, levando-os ã posição de subdivisão, como é o caso dos números
seguintes, tirados do Oewey:
460 L/ngua espanhola
469 L/ngua portuguesa
469.9 Llngua galega.
Isto resulta em prejuízo da expressividade da notação.
As classificações, para obterem subdivisões perfeitas, utilizam, às vezes,
um indicador de faceta, isto é, empregam um caracter para indicar que está
sendo feita subdivisão ao assunto, segundo determinada característica.

44

'--./
!: h.--~,a~(j (\f:t,., f'i/V~(A/:\-"Y), " 1 t ~ 1 _,· />r";
O indicador de faceta poderá ser constituído de números, letras ou si-
nais gráficos reservados para esta finalidade.
Vários dos sisiemas tradicionais de classificação utilizaram o indicador
de faceta.
Dewey empregou o zero para indicar a faceta Forma e a CDU emprega
sinais gráficos tais como:
...
( ) para indicar a faceta Lugar
( =) para indicar a faceta Raça
para indicar a faceta Tempo
= para indicar a faceta .língua.
A classificação de Ranganathan utiliza vários sinais gráficos, como dois
pontos, ponto e vírgula, vírgula, apóstrofe, como indicadores de faceta.
Os membros do C/assificatjon .Research Group empregam, freqüente-
mente, letras maiúsculas para representar B;S facetas e letras minúsculas ou
números para representar as subdivisões, os focos, e, assim procedendo, não
necessitam do indicador de faceta.
Evitando-se o indicador de faceta diminui-se a extensão dos símbolos
de classificação.
Algumas vezes um documento apresenta uma relação entre focos de ·
uma mesma faceta, fato que se denomina relações intrafaceta. Para permitir a
combinação de focos de uma mesma faceta surge, algumas vezes, o indicador
de intrafaceta.
A hospitalidade da notação depende, também, em permitir a classifica•
ção alternativa, isto é, permitir a classificação de um mesmo assunto em vários
lugares.
A classificação alternativa pode ser relativa à localização ou ao trata-
mento.
Localização alternativa é a reserva de vários lugares no sistema de classi•
ficação para um mesmo assunto.
Tratamento alternativo significa que foram previstas várias ordens para
aplicação das características, isto é, podemos empregar várias fórmulas de fa-
ceta.
Na classificação de Dewey, podemos classificar biografia·em 920, ou no
assunto em que o biografado se destacou, empregando 092 (subdivisão stan•
dard), exemplificando localização alternativa. Exemplo:
Biografia de botânicos 925.B ou 580.92.
A CDU, se bem que apresente uma fórmula aconselhável, possibilita vá·
rias combinações ou fórmulas de faceta diferentes, para serem usadas a crité-
rio do usuário. Exemplo:

45
331.215(44)"1910'':663.2
331 .215:663.2(44) "191 O"
(44)331.215:663.2"191 O"
"1910"331.215:663.2(44).
Para a ordenação dos livros nas estantes, não é possível utilizar ao mes•
mo tempo várias fórmulas de faceta para um mesmo assunto, mas isto pode
ser feito nos catálogos, fazendo-se várias fichas para um mesmo assunto, em-
pregando várias combinações diferentes ou várias fórmulas de faceta dife-
rentes . .
Notação retroativa consiste na inversão da ordem normal dos caracteres,
isto é, na utilização das últimas letras ou números para os assuntos mais gerais
e dos primeiros para os assuntos mais específicos e para indicadores de faceta.
O surgimento de letra alfabeticamente anterior ã precedente indica a
modificação dá faceta, a subdivisão.
A notação deste último tipo exige grande engenhosidade que, acredita-
mos, só poderá ter sucesso em classificações especializadas.

3.6.4 Facilidade e Brevidade

. Examinaremos agora as qualidades:


ser fácil de lembrar, falar e escrever;
- ser breve e simples;
- ser mnemônica.
Símbolos de classificação curtos e simples são, naturalmente, mais fá-
ceis de lembrar, falar e escrever. .
A simplicidade tem estreitas relações com a brevidade, mas não é exata-
mente a mesma coisa. Uma notação mista é menos simples do que uma pura,
da mesma extensão, porém uma notação mista curta será ma ls fácil de lem-
brar do que uma pura longa.
E. J. Coates 14 compara os símbolos
33.847(621.48)
33847K62148
33847262148
3384U2k21 PS
e prefere os dois primeiros,-advogando a limitação de indicadores de faceta e a
sua representação por sinais gráficos.
O emprego de símbolos pouco conhecidos e que não constam das má-
quinas de escrever comuns, tais como as letras gregas empregadas por Ranga-
nathan, são, sem dúvida, um fator contrário à notação.

46
A extensão dos símbolos de classificação está na razão inversa da base
da notação. Quanto maior for a base, mais curtos serão os símbolos.
Uma classificação hierárquica levará a símbolos mais longos do que uma
ordinal. Por outro lado, a classificação hierárquica possibilita símbolos mais
fáceis de guardar. Needham acha que o emprego da síntese leva à formação de
símbolos extensos.
Para obter-se símbolos de notação curtos, segundo Needham, é neces•
sário: ·
1. base grande;
2. destinação de números variáveis de símbolos básicos conforme a ex-
tensão do assunto;
3. desistir da expressividade;
4. não empregar a síntese.
S(mbolos de classificação longos são, todavia, muitas vezes necessários à
classificação detalhada, mas são, sem dúvida, um empecilho à memorização e
levam a erros na transcrição.

3.5.5 Mnemônica
Entende-se por mnemônica a qualidade da notação de utilizar, para re-
presentar vários assuntos relacionados, símbolos que possibilitem a associação
de idéias, facilitando a memorização.
As mnemônicas podem ser sistemáticas, quando o mesmo símbolo é uti-
lizado para representar idéias iguais ou semelhantes, que, pela associação, faci-
litam guardar e compreender. Dewey usou largamente este tipo de mnemôni-
ca. Exemplo:
440 Língua francesa
840 Literatura francesa
944 História da França
313.4 Estatística da França.
As mnemônicas_ literais aparecem quando, em notações alfabéticas, é
utilizada a letra, OI_J as letras, iniciais dos termos para símbolos da classifica-
ção. Exemplo:
A para Arte
AP para Pintura
AE para Escultura.
Esta qualidade só terá significado nos países que falam a 1/ngua em que foi
concebida a classificação.
Não há notação perfeita. O autor do sistema de classificação deve esco·
lher aquela que melhor se adapte ao seu público e à utilização que este faz da
notação.

47
"Elle/la notation/doit assumer ces fonctions avec élégance, de maniàre ã
ne pas être trop lourde pour l'utilisateur" (Vicke·ry) 4 •

BIBLIOGRAFIA

MILLS, J. A modem out/ine of líbrary classification. London, Chapman & Hall, 1960.
p. 37-52,
SA YERS, W. C. 8. Arr· introduction to 1/brary c/assif/cation. 9. ed. London, Grafton,
1955. p. 53-68.
- - . A manual of c/assification for 1/brar/ans and bibliographers. 3.ed. London, Graf.
ton, 1955. p, 69-74.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de recherche de documents. Paris, Dunod, 1962.
2. JACQUEMIN, E.A Classificação Decimal Universal. Rio de Janeiro, 1880, 1960.
3. CONFER~NCIA INTERNACIONAL DE ESTUDOS SOBRE CLASSIFICAÇÃO
PARA A RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO, Dorking, 1957. Proceedings.
London, Aslib, 1957.
•4, VICKERY, B. C. La classlficatlon A lacettes; guide pour la constructlon et l'utill-
satlon de schàmas speciaux. Paris, Gauthler-Villars, 1963.

48
4
O /ndice de um sistema de classificação é uma lista alfabética dos seus
termos e respectivos sinônimos, indicando os símbolos de classificação que
os representam.
O índice alfabético não indica qualquer documento que trate dos as•
suntos indexados, serve, tão somente, para indicar o símbolo de classificação
de determinado assunto.
Um sistema de classificação bibliográfica deve vir acompanhado de um
(ndice, que inclua todos os seus termos e respectivos sinônimos, para facili-
tar ao classificador a localização dos assuntos nas tabelas de classificação.
Uma biblioteca que utilize um catálogo sistemático necessita compilar
um índice para indicar aos usuários, partindo do dado qu~ conhecem - o
nome dos assuntos -, os símbolos que representam esses assuntos no catálogo.
Uma bibliografia em forma sistemática, isto é, trazendo os documentos
relacionados segundo s/mbolos de classificação, deve ser completada com um
índice alfabético dos assuntos.
A compilação de um índice para uma classificação tem, portanto, duas
finalidades:
1. localizar os assuntos nas tabelas do sistema de classificação;
2. localizar os assuntos em catálogos classificados ou em bibliografias
sistemáticas.
O /ndice alfabético ainda pode servir como guia das estantes, quando o
acervo é ordenado por um sistema de classificação.
Os sistemas de classificação não reúnem todos os aspectos de um mes-
mo assunto, porque pertencem, muitas vezes, a vários ramos do saber. CAFÉ,
por exemplo, é uma planta cujas características são tema da Botânica; existe
uma técnica para o seu cultivo, estudada em Agricultura; os aspectos comer-
ciais e industriais serão çlassificados em Comércio e em Tecnologia.
As funções do índice alfabético são:
1. traduzir a linguagem natural em símbolos de classificação;
2. reunir os assuntos relacionados dispersos, oferecendo como que
uma outra classificação, sob bases diferentes.

49
O índice ainda auxilia a manutenção da uniformidade e da consistência
no classificar, evitando classificações diferentes para um mesmo assunto.
Uma biblioteca poderá entregar à consulta dos usuários o índice impres-
so que acompanha o sistema de classificação, mas este recurso, além da im-
perfeição apresentada pela maioria dos índices impressos, terá, ainda, os se-
guintes inconvenientes:
1. incluirá assuntos sobre os quais a biblioteca não possui documenta-
ção, levando o usuário a buscas infrutíferas;
2. não estará atualizado em relação ã terminologia e não apresentará o
vocábulo empregado por determinado grupo de usuários;
3, não indicará os assuntos compostos por síntese ou por processos de
relacionamento.
Sayers divide os (ndices em dois tipos: específicos e relativos.
lndice especifico é aquele que só relaciona uma entrada para cada as-
sunto. Só poderá funcionar com sistemas de classificação que ofereçam uma
ónica localização para cada assunto.
O índice da Subject Classification de James Duff Brown é um exemplo
de índice específico, mas deixa de indicar as combinações feitas com auxílio
das "Categorical Tables",
Mills acha que um índice específico não é uma forma de índice, mas
sim um índice incompleto, pois nenhum sistema pode oferecer só uma loca-
lização para cada tema.
i'ndice relativo é aquele que indica para cada fenômeno todos os pontos
do sistema em que aparecem os seus vários aspectos.
O mais famoso índice relativo é o da Classificação Decimal de Dewey e
o próprio nome - índice relativo - deve-se a Melvil Dewey.
Este tipo de (ndice pressupõe entradas diretas para assuntos espec(fj.
cos, fazendo-as acompanhar de qualificativos, que indicam os vários aspectos
visualizados por cada símbolo de classificação. ·
A classificação de Dewey emprega margens diferentes para indicar a
subordinação dos assuntos. Ex.:
RENDA
Economia 331.2
Finanças 336
Impostos 336.24
Pessoas físicas 336.242
Pessoas jurídicas 336.243
Jesse Shera e Margaret Egan sugerem outro formato para as entradas do
índice:

50
BALNEÁRIOS 613.12 (Higiene)
725.75 (Arquitetura)
Outras disposições dos dizeres nas fichas são perfeitamente aceitáveis,
uma vez que não existe normalização neste setor.
Ranganathan sistematizou o processo de compilação de índices relati•
vos, criando o chamado lndíce em Cadeia, que, além de ser um método de
compilação sistemático e automático, ainda apresenta a vantagem de evitar
o esquecimento de entradas neces5'irias,
O processo de Ranganathan é considerado econômico, pelos autores
ingleses, porque, possibilitando evitar entradas múltiplas, reduz o número de
entradas para cada documento, sem diminuir a eficiência do catálogo ou da
bibliografia.

4.1 COMPILAÇÃO DE i'NDICE EM CADEIA

1. Para fazer um índice em cadeia, o primeiro passo é reproduzir a cadeia


de subdivisões do sistema de classificação, desde a classe inicial até o símbolo
de classificação que está sendo indexado.
Para indexar 726.7 (ARQUITETURA DE MOSTEIROS) reproduz-se a
cadeia
CADEIA
7 ARTES. DIVERTIMENTOS, DESPORTOS
2 ARQUITETURA
6 EDIFfCIOS RELIGIOSOS
7 MOSTEIROS, ABADIAS
2. Inicia-se a indexação pela base da cadeia. Indexam-se todos os elos sucessi-
vamente, do último ao primeiro. A primeira entrada do (ndice, para a cadeia
acima, será em MOSTEIROS.
3. Cada entrada do (ndice consta de um termo para representar o elo, acom·
panhado por qualificativos, tirados dos elos anteriores, para precisar o sentido
oom que está sendo tomado o termo-entrada. Ex.:
MOSTEIROS: EOIF(CIOS RELIGIOSOS: ARQUITETURA 726,7
4. Indexam-se os elos superiores da cadeia, na ordem em que aparecem. Ex.:
EOIF(CIOS RELIGIOSOS: ARQUITETURA 726
ARQUITETURA 72
ARTES 7
5. Indexam-se também os sinônimos e, quando conveniente, os quase-sinô-
nimos. Ex.:
BELAS-ARTES 7
ABADIAS: EOIF(CIOS RELIGIOSOS: ARQUITETURA 726,7

51
6. Não são indexados os termos encontrados nas tabelas que não se aplicam
ao assunto tratado no documento objeto da classificação, portanto não serão
indexados DIVERTIMENTOS e DESPORTOS, que não s/l'o relacionados com
MOSTEIROS.
7. Vamos indexar 338.85 (TRUSTES)
CADEIA
3 CIÊNCIAS SOCIAIS
3 ECONOMIA
8 PRODUÇÃO
.8 MONOPÓLIOS
5 TRUHES. CARTÉIS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
TRUSTES: MONOPÓLIOS: PRODUÇÃO: ECONOMIA 338.85
MONOPÓLIOS: PRODUÇÃO: ECONOMIA 338.8
PRODUÇÃO: ECONOMIA 338
ECONOMIA 33
CIÊNCIAS SOCIAIS 3
Não foi indexado CARTÉIS, porque o livro trata de TRUSTES,
8. Vamos indexar 546.22 (ENXOFRE)
CADEIA
5 CIÊNCIAS PURAS
4 OU!'MICA
6 OUIMICA INORGÂNICA
,2 METALÓIDES
2 ENXOFRE
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
ENXOFRE: METALÓIDES: aui'MICA INORGÂNICA 546.22
METALÓIDES: aui'MICA INORGÂNICA 546.2
OUIMICÁ INORGÂNICA 546
OUl'MICA 54
CIÊNCIAS PURAS 5
9. Não é necessário incluir, como qualificativos, todos os elos superiores da
cadeia. É permitido suprimir aqueles que não fazem falta à boa compreensão
do contexto em que o assunto está sendo tratado. No exemplo acima não
foram incluídos CIÊNCIAS PURAS e QUIMICA.
Geralmente as grandes divisões do conhecimento não são necessárias,
porque o nome da disciplina já indica o grande ramo do conhecimento.
-10. Cada elo da cadeia só é indexado uma vez da mesma forma.
11. Vamos indexar 546.33 (SÓDIO)
CADEIA
5 CIÊNCIAS PURAS
4 OUIMICA
6 OUi'MICA INORGÂNICA
,3 METAIS
3 SÓDIO

52
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
SÓDIO: METAIS: OU(MICA INORGÂNICA 546.33
METAIS: QU(MICA INORGÂNICA 546.3
Não há necessid~de de indexar novamente OUIMICA INORGÂNICA e
QUÍMICA, porque já foram indãxadas anteriormente.
Podem ser suprimidos qualificativos desnecessários, da( a supressão de OUfMICA
12. Vamos indexar 820-1 (POESIAS INGLESAS)
CADEIA
82 LITERATURA
O LITERATURA INGLESA
-1 POESIA
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
POESIAS: LITERATURA INGLESA 82
LITERATURA INGLESA 820
LITERATURA 820-1
13. Vamos indexar 614.532 (CONTROLE HIGIÉNICO DA MALÁRIA)
CADEIA
6 CIENCIAS APLICADAS. TECNOLOGIA
1 MEDICINA
4 HIGIENE
,5 CONTROLE OE DOENÇAS INFECCIOSAS
3 DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
2 MALÁRIA
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
MALÁRIA: CONTROLE DE DOENÇAS INFECCIOSAS: HIGIENE:
MEDICINA 614.532
DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS:CONTROLE DE DOENÇAS
INFECCIOSAS: HIGIENE: MEDICINA 614,53
HIGIENE: MEDICINA 614
MEDICINA 61
CIENCIAS APLICADAS 6
Não foi indexado TECNOLOGIA, porque MEDICINA não se enquadra no
termo.
14. Não é obrigatório utilizar os termos encontrados na tabela, é possível
acrescentar sinônimos que lá não se encontram.
15. Vamos indexar 633.1 (CULTIVO DE ÇEREAIS)
CADEIA
6 CIÊNCIAS APLICADAS. TECNOLOGIA
3 AGRICULTURA
(633/635) PRODUTOS VEGETAIS
3 TIPOS DE CULTURA
1 CEREAIS. GRÃOS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
CEREAIS: CULTIVO: AGRICÚL TURA 633,1
GRÃOS: CULTIVO: AGRICULTURA 633.1
CULTIVOS: AGRICULTURA 633/635

53
CULTURAS:AGRICULTURA 633/635
LAVOURAS: AGRICULTURA 633/635
PLANTI\ÇÕES: AGRICULTURA 633/635
PRODUTOS VEGETAIS: AGRICULTURA 633/635
PRODUTOS AGRltOLAS:AGRICULTURA 633/635
AGRICULTURA 63
TECNOLOGIA 6
CIENCIAS APLICADAS já foi indexado anteriormente,
16, Indexam-se os assuntos mais específicos inclu(dos em símbolos de classi•
ficação mais gerais, indicando-se a classificação que receberam.
17. Vamos indexar CULTIVO DO ARROZ, para o qual não há símbolo es-
pecífico no sistema de classificação, que foi classificado em 633.1, tendo,
portanto, a mesma cadeia acima.
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
ARROZ: CULTIVO: AGRICULTURA 633,1
RIZICULTURA 633.1
Os demais elos da cadeia já foram indexados,

18. Nas subdivisões obtidas rx>r síntese Ou relacionamento de assuntos tra·


tam-se os símbolos acrescentados como se fossem subdivisões cómuns do
assunto, tomando-as como um todo.

19. Vamos indexar 622.3:338.85 (TRUSTES PARA EXPLORAÇÃO DE MI-


NÉRIOS)
CADEIA
6 CIÊNCIAS APLICADAS. T~CNOLOGIA
2 ENGENHARIA
2 MINÉRIOS
,3 EXPLORAÇÃO
: 338.85 TRUSTES. CARTÉIS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
TRUSTES: EXPLORAÇÃO: MINÉRIOS: ENGENHARIA 622.3:338,85
EXPLORAÇÃO: MINÉRIOS: ENGENHARIA 622.3
MINÉRIOS: ENGENHARIA 622
ENGENHARIA 62
Cll:NCIAS APLICADAS e TECNOLOGIA já foram indexadas.
20. Vamos indexar 338.85:622.3 (TRUSTES PARA EXPLORAÇÃO DE
MINÉRIOS)
CADEIA
3 CIÊNCIAS SOCIAIS
3 ECONOMIA
8 PRODUÇÃO

·ª 5
MONOPÕLIO
TRUSTES. CARTÉIS
:622,3 MINÉRIOS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
MINÉRIOS: TRUSTES: PRODUÇÃO: ECONOMIA 338.85:622.3
Já foi indexado 338,85, portanto não necessitamos voltar a indexar os
elos superiores desta cadeia, ·

21. As subdivisões geográficas também são objeto de indexação.


22. Vamos indexar 338:633.73 (81) (PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL)
CADEIA
3 CltNCIAS SOCIAIS
3 ECONOMIA
8 PRODUÇÃO
:633,73 CAFÉ
(8 AMÉRICA DO SUL
1) BRASIL
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
BRASIL: CAFÉ: PRODUÇÃO: ECONOMIA 338:633,73 (81)
AMÉRICA DO SUL: CAFÉ: PRODUÇÃO; ECONOMIA 338:633, 73 (8)
CAFÉ: PRODUÇÃO: ECONOMIA 33B;633,73
Os demais elos da cadela já foram indexados.
23. Vamos indexar 31 :338:633.73 (81) (ESTATISTICA DA PRODUÇÃO
DE CAFÉ NO BRASIL)
CADEIA
3 CltNCIAS SOCIAIS
1 ESTATISTICA
:33B PRODUÇÃO
:633,73 CAFÉ
(8 AMÉRICA DO SUL
1) BRASIL
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
BRASIL: CAFÉ; PRODUÇÃO: ESTATlllTICA 31,338:633.73(811
AMÉRICA DOSUL:CAFÉ: PRODUÇÃO:ESTATlllTICA 31 :338 ;633,73(8)
CAFÉ; PRODUÇÃO: ESTATlllTICA 31 :338:633.73
PRODUÇÃO: ESTATlllTICA 31 :338
ESTAT1llTICA 31
CltNCIAS SOCIAIS já foi indexado
24. Excepcionalmente fazem-se remissivas, em lugar de indexar diretamente
os sinônimos, quando há probabilidade de grande duplicàção de entradas.
25. Vamos indexar 336.266:629222 (TAXA DE IMPORTAÇÃO SOBRE
AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS)
CADEIA
3 CIÊNCIAS SOCIAIS
3 ECONOMIA
6 FINANÇAS PÚBLICAS
.2 TAXAS E TAXAÇÃO
6 TAXAS ALFANDEGARIAS

55
6 TAXAS DE IMPORTAÇÃO
Subdividir pela inercadoria de 000-999
:629.2~2 AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
AUTOMÓVEIS: IMPOSTOS OE IMPORTAÇÃO:
ECONOMIA 336,266:629222
TAXAS wr IMPOSTOS
IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO: FINANÇAS PÚBLICAS:
ECONOMIA 336.266
IMPOSTOS ALFANDEGÁRIOS: FINANÇAS PÚBLICAS:
ECONOMIA 336.26
IMPOSTOS ADUANEIROS: FINANÇAS PÚBLICAS:
ECONOMIA 336,26
IMPOSTOS: FINANÇAS PÚBLICAS: ECONOMIA 336,2
FINANÇAS PÚBLICAS: ECONOMIA 336
ECONOMIA e Cll:NCIAS SOCIAIS já foram inc~exadas

26. Corrigem-se os erros e as falhas na hierarquia, porventura encontradas no


sistema de classificação, criam-se elos necessários e nã'o são indexados os elos:
falsos ou improváveis de serem procurados.
27. Vamos indexar 830-3 (ROMANCE ALEMÃO)
CADEIA
82 LITERATURA
830 LITERATURA ALEMÃ .
-3 FICÇÃO. ROMANCE, NOVELA, CONT0°
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
FICÇÃO: LITERATURA ALEMÃ 830-3
ROMANCES: LITERATURA ALEMÃ 830-3
LITERATURA ALEMÃ 830
Não há necessidade de voltar a Indexar LITERATURA
Não foram Indexados CONTOS e NOVELAS, o que será feito quando forem
classificados contos e novelas,
28. Vamos indexar 599.82 (MACACOS)
CADEIA
5 Cl~NCIAS PURAS
9 ZOOLOGIA
(596/599) VERTEBRADOS
2 MAMl°FEROS
,8 PRIMATAS
·2 SIMIOS. MACACOS
RESULTADO DA INDEXAÇÃO
MACACOS: ZOOLOGIA 599,82
SIMIOS: ZOOLOGI.\ 699.82
PRIMATAS: ZOOLOGIA 599.8
MAMl°FEROS: ZOOLOGIA 599
VERTEBRADOS: ZOOLOGIA 696/599

56
ANIMAIS VERTEBRADOS: ZOOLOGIA 596/699
ZOOLOGIA 69
CIÊNCIAS PURAS já estd Indexado
29. Normalmente nâ'o são indexados as subdivisões de tempo, mas, excepcio•
nalmente, podem ser indexadas, quando têm nome. Ex.:
1DADE MÉDIA: EUROPA: EDUCAÇÃO 37 (4) "04/14"
30. Geralmente não são indexadas as subdivisões de forma, para as_ quais
sâ'o feitas remissivas gerais. Ex.:
REVISTAS
Procure pelo símbolo do assunto, seguido da subdivisão (05). Ex.: Revista
de Química 54 (061
31. Não existe formato normalizado para as entradas do índice alfabético.
Um formato possível será:

PRODUÇÃO: ECONOMIA
338

TRUSTES: MONOPÓLIOS: PRODUÇÃO: ECONOMIA


338,85

32. O índice alfabético será ordenado alfabeticamente, palavra por palavra,


pela entrada.

REVISÃO
1. Reproduz-se a cadeia de subdivisões do sistema de classificaçâ'o, desde a
classe geral até o símbolo que está sendo Indexado.
2. Suprimem-se os elos (níveis) hierárquicos errados (elos falsos) e criam-se
os elos necessários, mas não expressos pela notação.
3. Inicia-se a indexação.pela base da cadeia.
4. Indexam-se todos os níveis significativos da cadeia, partindo da base, até
atingir o ápice.
5. Não são indexados os elos falsos.
6. Não são indexados os elos improváveis de serem procurados (unthought
links).
7. Indexam-se diretamente os sinônimos, exceto quando este procedimento
acarretará muitas entradas duplicadas.
8. Indexam-se os assuntos mais específicos incluídos em símbolos de clas-
sificação mais gerais (extensão verbal).

57
9. Indexam-se só termos que representam assuntos dos documentos que es-
tão sendo catalogados. Não são indexados outros assuntos encontrados no
mesmo símbolo de classificação.
10. Tratam-se como subdivisões comuns os s/mbolos resultantes de relacio-
namento ou s(ntese.
11. Acrescentam-se qualificativos ã entrada, para precisar o contexto que está
sendo representado, mas os qualificativos devem ser:
a) tirados de níveis superiores da cadeia;
b) mantidos no mini mo necessário.
12. Indexa-se cada nível da cadeia, da mesma forma, só uma vez.
13. Não são indexadas as subdivisões de tempo, exceto quando têm nome.
14. As subdivisões de forma geralmente são objeto de remissivas gerais.
15. Deve-se procurar normalizar as entradas do lndice (uso de maiúsculas e
minúsculas, pontuação, emprego do singular ou do plural, disposição dos dize-
res na ficha, margens, etc.)
4.2 INDICE NUMÉRICO
O Indica alfabético do catálogo sistemático deve ser acompanhado por
um catálogo auxiliar, denominado por $hera de fndice numérico. Mills o
chama de "Authority File", Veiga e Jakobson preferem Indico de rubricas
e há quem o intitule de fndice do fndice.
O índice numérico é uma inversão do índice alfabético, destinada a
registrar as várias entradas feitas neste índice, remetendo para determinado
s/mbolo de classificação.
Cada símbolo de classificação incluído no índice alfabético dá origem a
uma ficha do índice numérico, na qual são registradas todas as entradas que
a ele remetem.
Caso tenham sido feitas, para o índice alfabético, as entradas seguintes
Ceifa: Equipamentos: Cereais: Agricultura 633.1-135
Ceifeiras: Cereais: Agricultura 633.1-135
Colheita: Equipamentos: Cereais: Agricultura 633.1-135
o (ndice numérico terá a seguinte composição:

633.1-135
Ceifa: Equipamentos: Cereais: Agricultura
Ceifeiras: Cereais: Agricultura
Colheita: Equipamentos: Cereais: Agricultura

Este instrumento auxiliar, destinado ao uso do indexador, é ordenado


pelos slmbolos de classificação.

58
O (ndice numérico facilita a revisão e a retirada de entradas existentes
no índice alfabético, quando ocorrem modífícações na classificação ou quan-
00 a biblioteca deixa de possuir documentos sobre determinado assunto.

BIBLIOGRAFIA

BRITISH STANDARDS INSTITUTION. Guide to the Universal Decimal Classification


(UDC/. London, 1963. p. 33-46. ,
DUBUC, A. la Classífication DAcimale Universelle. Paris, Gauthier•Villars, 1965. p.
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MILLS, J. Chain indexing and the classified catalogue, líbrary Associatíon Record,
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- - . A modem outlíne of library classificatíon. London, Chapman & Hall, 1960, p.
63•54, 68- 71, 84-87, 169-171.
SHEAA, J. H. & EGAN, M. E. Catálogo sistemático. Brasma, Ed. Univ. de Brasília,
1969. p. 99-104, 134-137.
VEIGA, E, A. & JAKOBSON, S. A. fodice em cadeia. Cilncia da Informação, 3(1):
69- 78, 1974.
WILSON, T. D. An introduction to chain indexíng. London, C. Bingley, 1971.

59
5
5.1 TIPOS DE SISTEMAS

Os sistemas de classificação podem ser classificados de vários modos, con-


forme a característica tomada por base da divisão.
Segundo o tipo de característica ou qualidade escolhida para base da clas•
sificaçá'o, as classificações podem ser: naturais, quando derivadas da aplicação
de característica natural, ou inseparável do objeto, e artificiais, quando origi-
nárias de aplicação de características artificiais ou mutáveis.
Segundo o modo como foi compilado, podem ser dedutivos ou indutivos,
subdividindo um todo nas suas partes ou reunindo os fenômenos em classes
maiores até atingir a totalidade. ~
Segundo a finalidade a·que se destinam podem ser: sistemas de classifica-
ção filosóficos ou sistemas de classificação bibliográficos.
As classificações filosóficas são as criadas pelos filósofos, com a finalida·
de de definir, esquematizar e hierarquizar o conhecimento, preocupados com
a ordem das ciências ou a ordem das coisas.
As classificações bibliográficas slío sistemas destinados a servir de base ã
organização de documentos nas estantes, em catálogos, em bibliografias etc.
Segundo o campo do conhecimento que abrangem, os conceitos incluí-
dos, as classificações podem ser divididas ell) classificações gerais ou encic/o•
pédias e classificaç(Jes especializadas.
As classificações gerais apresentam a ordenação de todo o conhecimento
1

humano e as especializa.das ocupam-se de um ramo deste conhecimento.


As classificações gerais podem ser filosóficas, como as de Bacon, Comte
etc., ou bibliográficas, como aquelas de Dewey, Bliss, Cutter, Ranganathan
etc.
As classificações especializadas podem ser científicas, como a classifica·
çá'o das plantas, feita pelo naturalista sueco Carl von Linné, ou bibliográficas,
como a Classification for Medical Librories, de Eileen R. Cunningham.

60
6.1.1 Classificações Filosóficas

Denominam-se classificações filosóficas, classificações do conhecimento,


classificações metafisicas ou classificações das ciências as criadas pelos filóso-
fos com a finalidade de definir e hierarquizar o conhecimento. Surgiram quan-
do os sábios compreenderam que o Universo é um sistema harmônico, cujas
partes estão dispostas em relação ao todo, que há uma hierarquia das causas e
dos princ(pios e, portanto, uma hierarquia e uma relação entre as ciências que
os estudam, e resolveram esquematizar estas hierarquias, criando as classifica-
ções filosóficas.
Ernest Cushing Richardson' admite que. a classificação teve início quan-
do o homem começou a dar nome às coisas. O "ato de classificar", diz ele,
"fez do macaco um homem".

Richardson, apoiado por Berwick Sayers, considera que o primeiro filóso-


fo a se preocupar em classificar as ciências foi Platão (428-347 a.C.). que, na
República, dividiu o conhecimento em: Física, ~tica e Lógica.
3
Outros autores, como Lahr 2 e lngetraut Dahlberg , preferem iniciar a
história das classificações filosóficas com Aristóteles (384-322 a.C.). A ele se
deve a divisão dicotômica (divisão em dois) das coisas, a divisão tritônica do
conhecimento e a origem dos predicáveis de Porfírio.
Aristóteles tomou por base de sua classifícação o fim ao qual se propõem
as ciências e as dividiu em ciências teóricas, ciências práticas e ciências poéti·
cas, conforme as três operações principais: pensar, agir e produzir.

As ciências teóricas, limit_ando-se a constatar a verdade, são a Matemática,


a Física e a Teologia.

As ciências práticas, determinando as regras que devem dirigir nossos


atos, são a Moral ou a ttica, a Economia _e a Pai (tica.

As ciências poéticas, indicando os meios a usar na produção de obras ex-


teriores, são a Retórica, a Poética e a Dialética.
Porfírio, filósofo grego do século IV, aplicando o princípio de oposição
de Platão e Aristóteles, apresentou uma classificação dicotômica, citada em
todos os compêndios de classificação bibliográfica, para explicar o processo
de divisão das classes, chamada ''Árvore de Porffrio'', mas também conhecida
como "Árvore de Remée", porque foi divulgada no século XVI pelo filósofo
francês Pierre de la Remée. Segue-se a Árvore de Porfírio.

61

!
1
Arvore de Porfírio

Substância

Corpórea incorpórea

animada inanimada

sensível insensível

racional irracional

Platão Sócrates Aristóteles .etc.

A substância corresponde ao gênero cuja característica é a "existência".


Dividindo-se pela característica ."corporalidade'', obtêm-se as espécie~ "corpó-
rea" e "incorpórea", A classe "corpórea", transformada em gênero, dividida
pela característica "vida", resulta nos corpos "animados" e "inanimados". O
gênero orgânico, dividido pela característica "sensibilidade", resulta nas espé-
cies "sensível" {animais} e ·"insensível" (vegetais). Dividindo a primeira pela
característica "razão", teremos "racionais" e "irracionais". No último nível,
Porffrio reconhece as diferenças pessoais.
Matianus Capella (c. 439) escreveu a obra literária "De Nuptíí~ Phílolo•
giae et Mercurii", citada em livros de Biblioteconomia com o título de Satyri•
con, sobre o casamento de Mercúrio com a Filologia, presenciado pelas outras
ciências que seriam:
Gramática
Dialética
Retórica
Geometria
Astronomia
Música.

Estas ciências, na versão de Cassiodoro (468-575), filósofo e educador


dos godos, foram agrupadas em
Artes ou Ciências Sermoniais (ciências da palavra)
Gramática
Dialética
Retórica

62
Ciências Reais (ciências das coisas)
Geometria
Aritmética
Astronomia
Música.

O ensino nas escolas da Idade Média (395-1453) baseou-se nos concei-


:os da Trilogia Grega e na divisão das ciências apresentada por Cassiodoro.
As disciplinas estudadas naquela época dividiam-se em dois grupos, o
rrivium e o Quadrivium, assim constituídos:
Trivium: Artes ou Ciências Sermoniais
Gramática
Dialética
Retórica
Quadrivium: Ciências Reais
Geometria
Aritmética
Astronomia
Música.
Estas sete disciplinas constitüíam os estudos preparatórios para os estu-
:los superiores, isto é,
Teologia
Metafísica
~tica
História.
O Trivium e o Quadrivium influenciaram a classificação bibliográfica
empregada por Konrad von Gesner (1516-65), na segunda parte de sua obra
Bíblíotheca Universalís (Zurich, 1545-48), denominada Pandectarum.
Entre as classificações filosóficas, a mais importante para os bibliotecá•
rios, porque influenciou várias classificações bibliográficas, é a do filósofo in-
glês, Francis Bacon (1561-1626), Partítíones Scíentíarum, publicada primeira-
mente na sua obra Advancement of Learníng (1605) e, mais tarde, na De
4ugmentis Scientiarum, parte da sUa grande obra filosófica lnstauratio Mag-
r,a, Bacon divide as ciências segundo as faculdades humanas em jogo: a m~mó-
ria, a imaginação e a razão·.
A memória dá origem ã História, que está dividida em História Natural,
História Civil e História Sagrada. A imaginação produz a Poesia, dividida em
Narrativa, Dramática e Parabólica. A razão cria a Filosofia, subdividida em Di-
vina, Natural, Humana e Teologia.

63
Deste sistema, sofreram influência, entre outras, as classificações biblio·
gráficas de Harris (1870), Dewey (1876), Classificação Decimal Universal
(1905) e Classificação da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
Até chegarmos ao século XIX, encontramos ocupados com classificação
das ciências o francês Descartes (1596-1650), os ingleses Hobbes (1588-1679)
e Locke (1632-1704) e o alemão Leibnitz (1646-1715).
No século XIX, as classificações tomam um cunho mais positivo, funda·
montando-se na natureza dos fenômenos. Surgem as obras de Bentham (1748·
1832), Coleridge, Hegel (1770-1831), Ampere (1775-1836), Comte (1798-
1857), Stuart Mil! (1806-1873), Spencer (1820-1903) e Wundt (1832-1920).
As mais importantes classificações deste período são as de Augusto Comte e
Wundt.
Augusto Comte dividiu as ciências em: abstratas (fundamentais) e con-
cretas (derivadas). As abstratas estudando as leis gerais, independente,dos se•
res concretos em que se realizam, e as concretas estudando estes seres, consi-
derados em sua complexibilidade concreta. COfl1te parte das ciências mais sim•
pies, abstratas e independentes, para as mais complexas e dependentes, divi-
dindo-as em:
Matemática Química
Astronomia Biologia
Física Sociologia
e uma sétima ciência suprema, a Moral.
Wilhelm Max Wundt, filósofo alemão, apresentou a seguinte classificação:
Ciências formais (que tratam de relações abstratas)
Ciências reais
Ciências da natureza
fenomenológicas
genéticas
sistemáticas
Ciências do espfrito
fenomenológicas
genéticas
sistemáticas.

As fenomenológicas investigam os fenômenos e são:


da natureza: F(sica, Química, Fisiologia
do espírito: Psicologia.
As sistemáticas tratam dos objetos
da natureza: Mineralogia, Botânica, Zoologia etc.
do espírito: Direito, Economia, Política etc.
64
As genéticas, nascidas dos grupos anteriores são:
da natureza: Cosmologia, Geologia e História da Evolução Orgânica
do espírito: História.

5.1.2 Classificações Bibliográficas

As classificações bibliográficas procuram estabelecer as relações entre


documentos para facilitar sua localização. As finalidades das classificações bi·
bliográficas são:
1. a ordenação dos documentos ·nas estantes ou nos arquivos;
2. a ordenação das referências nas bibliografias ou das fichas nos catá-
logos.
Os documentos podem ser ordenados segundo os mais variados crité-
rios, como o tamanho ou a cor da encadernação, mas a característica mais útil
ã classificação de documentos é a idéia apresentada, pois a sua finalidade é fa-
cilitar a localização de informações.
Na realidade, quando.nos referimos ã classificação bibliográfica, suben-
tendemos uma classificação que tem por base os assuntos tratados nos do·
cumentos.
As classificações bibliográficas podem ter base filosófica ou não a terem,
quando são denominadas classificações utilitárias.
Alguns bibliotecários admitem que uma classificação bibliográfica deve
ser uma classificação filosófica acrescida de certas particularidades, tais como
notação, classe de forma e índice. Outros crêem que ela é inteiramente dife-
rente das classificações filosóficas e apresentam os-seguintes argumentos para
defender seus pontos de vista:
1. documentos não são assuntos e não podem ser tratados do mesmo
modo;
2. um livro, por mais simples que seja, interessa a vários setores de uma
classificação;
3. uma classificação do conhecimento é subdividida demais para as ne·
cessidades bibliográficas, obrigando a símbolos de classificação mui-
to longos.
Na opinião de Mills "para as finalidades da classificação de bibliotecas, a
distinção entre conhecimento e conhecimento na literatura é desnecessária. O
conhecimento é essencialmente conhecimento comunicável e até que seja re-
gistrado em algum meio de comunicação (na maioria dos casos em algum re·
gistro literário). nâ'o pode ser reconhecido como conhecimento. A maneira
como esse conhecimento é apresentado na literatura reflete, inevitavelmente,

65
a estrutura do conhecimento como os especialistas em cada campo o vêem.
Nâ'o haverá, geralmente, nenhuma inconsistência entre os padrões de conheci·
mento como os homens o sabem e como sobre eles escrevem".
"Em geral, quanto mais próxima uma classificaçâ'o chega da verdadeira
ordem das ciências e quanto mais próxima se mantém dela, melhor será o sis•
tema e mais longa será sua existência" (E. C. Richardson)'".
"Acredito que o autor de um sistema para ordenação de livros terá mais
probabilidade de produzir um trabalho de valor permanente se tiver sempre
em mente uma classificação do conhecimento" (C. A. Cutter),
"Deve-se ter claro em mente que a classificação do conhecimento deve
ser a base da classificação de livros; que a última obedece em geral às mesmas
leis, segue a mesma seqüência ... Uma classificação de livros, nâ'o posso repe-
tir mais enfaticamente, é uma classificação do conhecimento" (Berwick Sayers).
"A distinção feita tâ'o freqüentemente entre classificação do conheci-
mento e classificação de livros nâ'o deve nos levar a conclusões negativas ...
Há, ·na verdade, dois tipos de classificação, de um lado a lógica, natural e cien-
tifica, de outro lado a prática, arbitrária e utilitária;_,~•• na classificação de bi-
bliotecas, devemos unir estas duas, as duas final ida~ devem ser combinadas"
(H. E. Bliss). , ·
Nem a classificação filosófica, nem a classificação cientifica "é remota·
mente adequada para classificar a vasta variedade de informações apresentada
na literatura e a classificação bibliográfica constitui um tipo bem diferente de
clássificação do conhecimento" (J, Mills).
"O melhor pensamento atualmente acredita que uma classificação bi·
bliográfica é idêntica a uma classificação do conhecimento, com alguns ajus-
tes, devidos ao modo pelo qual os assuntos são apresentados em livros, mas
considera que devemos procurar outros princípios, além daqueles próprios das
classificações científicas e lógicas, pois "classificações científicas de fenôme-
nos naturais, baseadas em relações gênero/espécie são só uma parte da classifi·
cação bibliográfica. Há muitas outras relações nos assuntos dos documentos,
relações da parte com o todo, da propriedade com seu possuidor, da ação com
seu paciente ou agente, e assim por diante" {Langridge) 4 •
As classificações bibliográficas, em virtude das características próprias
aos documentos, além das divisões do cónhecimento, exigem:
1. uma classe que reúna as obras sobre todos os assuntos, subdividida
pela forma do documento;
2. subdivisões de torma, aplicáveis aos vários assuntos;
3. uma notação, isto é, um conjunto de s(mbolos para representarem os
assuntos e permitir a ordenação lógica dos documentos;
4. um índice, para facilitar a consulta.

66
Segundo o modo de apresentação dos assuntos, a estrutura da classifica-
ção, as classificações bibliográficas podem ser: enumerativas, analltico-sintéti·
cas ou semi-enumerativas.
As classificações enumerativas procuram indicar 1odos os assuntos e to-
das as combinações possíveis entre eles e apresentar os símbolos que os repre-
sentam prontos para serem empregados.
As classificações analítico-sintéticas apresentam listas dos conceitos (fa•
cetas), acompanhadas de símbolos, e deixam· ao classificador a tarefa de com-
binar os símbolos para representar os assuntos compostos. São também deno·
minadas classificações em facetas ou classificações facetadas (faceted classifi-
cation}.
Classificações semi-enumerativas são aquelas que recorrem em parte à
síntese (combinação de símbolos) para a construção dos símbolos destinados
a representar os assuntos compostos, mas outras vezes apresentam símbolos
prontos para estes assuntos.
Todas as classificações bibliográficas gerais existentes são enumerativas
ou semi-enumerativas, com exceção da Classificação de Dois Pontos (Co/on
C/assification} de Ran'ganathan, que é analítico-sintética ou facetada.
Note-se, entretanto, que nenhum dos sistemas, exceto o de Rider, é to·
talmente enumerativo, todos recorrem em maior ou menor escala à síntese,
mas os sistemas classificados como semi-enumerativos apresentam maior em-
prego da síntese e melhor análise dos assuntos.
A maioria dos autores sobre Biblioteconomia considera os sistemas de
Oewey e da Library of Congress como enumerativos, mas a Classificação Deci•
mal Universal. valendo-se em maior escala da síntese e apres~ntando a possibi-
lidade de relacionamento de assuntos, é enquadrada como sistema semi-enu•
merativo.
Ranganathan 5 distingue cinco tipos de sistemas de classificações biblio-
gráficas:
1. sistemas enumerativos;
2. sistemas quase-enumerativos;
3. sistemas quase-facetados;
4. sistemas rigidamente facetados;
5. sistemas livremente facetados ou analítico-sintéticos.

Os sistemas enumerativos consistem numa única tabela, que relaciona


todos os assuntos passados, presentes e futuros. São exemplificados pelos sis•
temas da Library of Congress e de Rider (/nternational Classification).
Os sistemas quase-enumerativos constam de longas tabelas enumerativas
para a maioria dos assuntos, acompanhadas de algumas tabelas de subdivisões

67
comuns. São exemplos deste tipo, a Classificação Decimal de Dewey e a Sub-
ject C/assification, de J. D. Brown.
Os sistemas quase-facetados compõem-se de tab~las enumerativas de
assuntos, completadas por tabelas de subdivisões comuns e tabelas de subdivi-
sões especiais. Fazem parte deste grupo a Classificação Decimal Universal e a
Bibliographic C/assification, de H. E. Bliss.
Os sistemas rigidamente facetados são constitu (dos de tabelas contendo
assuntos básicos, tabelas de subdivisões comuns, tabelas auxiliares especiais e
determinações rígidas sobre a seqüência em que devem ser combinados os vá-
rios conceitos (fórmula-de-facetas).
Os sistemas livremente facetados ou analítico-sintéticos apresentam as
mesmas partes que o tipo anterior, mas não determinam a ordem para a com•
binação dos vários conceitos, passando esta combinação a ser guiada por prin-
cípios, possibilitando ao classificador criar novas subdivisões, segundo normas
estabelecidas.
Na opinião de Ranganathan, a Co/on C/assification foi rigidamente face-
tada até a 3~ edição (1950), mas passou à livremente facetada ou analítico-
sintética nas edições posteriores.
As classificações tradicionais, os sistemas hierárquicos e enumerativos,
constituem uma grande árvore do conhecimento e o distribuem em gêneros e
espécies, conforme os predicáveis de Porfírio. Reconhecem as categorias' aris·
totélicas, mas não fazem delas um emprego deliberado, conscientà e constan-
te. Apresentam, às vezes, segundo Vickery, divisões confusas e inconsistentes
e, segundo Mills, aplicam as características sem a necessária firmeza, o que'r8-
sulta em análise defeituosa dos assuntos e em enumeração parcial dos assuntos
compostos.
Grolier, em La C/assification et /e C/assement (Prob/emes de Documen-
tation de Bibliotheques et d'Archives), divid~ as classificações em dois tipos:
1. lineares, hierárquicas ou de classes entrosadas;
2. de coordenadas múltiplas.
No primeiro grupo, temos classificações perfeitas na hierarquia e na es-
colha da característica, porém em desacord9 com a apresentação das idéias
em documentos.
No segundo grupo, estão incluídas as classificações que procuram dis-
tinguir os diferentes pontos de vista, sob os quais se apresentam as idéias, e
formar símbolos de classificação pela combinação de símbolos simples, re-
presentativos de diferentes pontos de vista.
A divisão de Grolier corresponde à distinção entre classificações enume-
rativas e sintéticas.
Richardson 1 considera que as classificações podem ser:

68
1. lógicas, partindo dos assuntos mais complexos para os mais simples;
2. geométricas, de acordo com a posição das coisas no espaço;
3. cronológicas, de acordo com a posição das coisas no tempo;
4. genéticas, de acordo com a origem 1 a raça ou as "fam li ias";
5. históricas, combinando posição no espaço, tempo e origem;
6. evolutivas, partindo do assunto simples para o composto;
7. dinâmicas, conforme a força;
8. alfabéticas, de acordo com a ordem alfabética dos termos;
9. matemática, de acordo com a ordem numérica dos símbolos.

5.2 HISTÓRIA

As primeiras notícias que temos de pseudo classificações de bibliotecas


datam de antes da era cristã. Consta que os tabletes de argila (os livros da épo-
ca) da Biblioteca de Assurbanipal, rei da Assíria entre 669 e 626 a.e., estavam
divididos em dois grandes grupos: Ciências da Terra e Ciências do Céu.
Entre os anos de 260 e 240 a.e., o chefe da Biblioteca de Alexandria,
Calimacus, poeta e sábio grego, considerado o primeiro bibliotecário de que se
tem notícia, publicou um catálogo, o Pinakes, no qual os livros aparecem divi-
didos segundo o tipo de escritores em:
Poetas:
Épicos
Cômicos
Trágicos
Oitirambos
Legisladores
Filósofos:
Geométricos
Matemáticos
Historiadores
Oradores
Escritores de tópicos diversos.
A prática de dividir os documentos pelo tipo dos autores foi freqüente·
mente encontrada em bibliotecas antigas.
Pouco ou nada se sabe sobre a organização das bibliotecas gregas e ro·
manas, mas Sayers considera que um povo que contou com uma mente tão in-
clinada para a classificação como a de Aristóteles, não poderia deixar de orde-
nar suas bibliotecas, e Estrabão parece confirmar este pensar, pois, referin-
do-se a Aristóteles, teria afirmado: "foi o primeiro a possuir uma coleção de
livros e ensinou aos reis do Egito como ordenar uma biblioteca".

69
As bibliotecas medievais mantinham os livros ordenados por tamanho,
ou em ordem alfabética pelo nome dos autores ou, ainda, em ordem cronoló·
gica.
Sabe-se que o regulamento da biblioteca da Universidade de Oxford, de
1431, estabelecia que os livros sobre as sete a, tes liberais e as três filosofias
fossem conservados separados nas estantes. Seria, então, uma ordenação se-
gundo o trivi um e o quadrívium, a que já nos referimos, quando tratamos de
classificações filosóficas.
Aldus Manutius, editor veneziano, ao publicar, em 1498, o seu catálogo
intitulado Libri Graeci lmpressi, empregou uma classificação rudimentar divi-
dindo-o em:
Gramática
Poética Filosofia
Lógica Escrituras Sagradas. ·
Em 1545-48, Konrad von Gesner, sábio e naturalista suíço, publicou a
célebre Bibliotheca Universalis, uma bibliografia universal, cuja segunda Parte,
denominada Pandectarum sive Partitionum- Universatium Conradi G~sneri Li-
gurini Libri XXI, comumente chamada Pandectarum, ordenando os livros se-
gundo uma classificação considerada por Edward Edwards como a primeira
classificação bibliográfica (Memoires of Libraries. Treubner, 1859).
O sistema de Gesner, baseado no trivium e no quadrívium, considerava a
Filosofia com.o representando a totalidade do conhecimento e apresentava 21
subdivisões, com a seguinte hierarquia:
FILOSOFIA
Ciências Preparatórias Ornamentais
Necessárias 10. Adivinhação e Mágica
Sermoniais 11. Geografia
1. Gramática e Filologia 12. História
2. Dialética 13. Artes Mecânicas
3. Retórica Substanciais
4. Poética 14. Filosofia Natural
15. Metafísica
Matemática 16. Moral
5. Aritmética 17. Economia
6. Geometria, Ótica etc. 18. Polltica Civil e Militar
7. Música 19. Jurisprudência
8. Astronomia 20. Medicina
9. Astrologia 21. Teologia Cristã.
Gabriel Naudé, em sua Bibliothecae Cordesianae Ca/atogus (Paris, 1643),
apresentou um esquema de classificação simples, dividindo as obras em:

70
Teologia Cronologia Direito Canônico
Medicina História Filosofia
Bibliografia Arte Militar Política
Jurisprudência Literatura.
Na mesma época, surgiu na França o chamado Sistema Francis ou Siste•
ma dos livreiros de Paris, cuja autoria é discutível, sendo atribuído ao jesuíta
Jea~ Garnier, ao livreiro Gabriel Martin, que o utilizou em inúmeros catálogos
publicados entre 1705 e 1761, e, com maior convicção, a Ismael Bouilliau,
compilador da Bibliotheca Thuana (1679).
Outros livreiros utilizaram e modificaram o Sistema Francês, como
Prosper Marchand e Guillaume de Bure, mas a principal adaptação foi feita
por Jacques Charles Brunet, para o Manuel du Libraire et d'Amateur de Livres
(Paris, 1810), cujas principais classes são
Teologia Ciências e Artes
Jurisprudência Belas Artes
História
O sistema de Brunet apresentou uma notação mista e complexa, combi·
nando algarismos arábicos e romanos, letras maiúsculas e minúsculas.
Este sistema foi a classificação européia que maior influência exerceu
no continente e serviu de base às classificações utilizadas na Biblioteca Naclo·
nal de Paris, na Biblioteca de Sainte Geneviêve (Paris) e no British Museum
(Londres).
No fim do século XVIII, Diderot e d'Alembert utilizaram a classificação
de Francis Bacon ( 1605) para a Encyclopédie ou Dictionnaire Raisonné des
Sciences, des Arts et des Métiers (1780·82).
A Alemanha foi fértil em sistemas de classificação, os quais, no entre·
tanto, não transpuseram suas fronteiras. Arnim Graesel, em seu Handbuch der
Bibliothekslehre ( 1902), elogia os sistemas de Otto Hartwig (1888) e de Schutz
e Hufeland ( 1785-1800).
Na Itália, destacaram-se os sistemas de Natale Battezzati (Nuova Siste·
ma di Catalogo Bibliographico, Milão, 1871) e G. Bonazzi, que combinou os
sistemas de Hartwig e Dewey, em seu Schema di Catalogo Sistematico per le
Biblioteche (Parma, 1890).
Nathaniel Shurtleff propôs, em seu trabalho A Decimal System for the
Arrangement and Administration of Libraries (Boston, 1856). a utilização de
números-decimais para numerar estantes (não para livros), o que já havia sido
feito na França, por La Croix du Maine, em 1582, e pela biblioteca de Glas•
gow, em 1790.
É nos Estados Unidos que surge a primeira classificação bibliográfica de
grande importância universal, devido ã sua influência em outras classificações

71
e à sua permanência, a Decimal C/assification de Melvil Dewey (1851-1931),
publicada pela primeira vez anonimamente, sob o título: A Classification and
Subject lndex for Cata!oguing and Arranging of Books and Pamphets of a Li-
brary (Amhersts, Mass., 1876). Dewey inspirou-se na divisão do conhecimen-
to humano preconiz~da por William Torrey Harris, utilizada na biblioteca da
escola pública de St. Louis (EEUU) desde 1870, baseada na inversão da clas-
sificação de Bacon.
Apresentamos, a seguir, o quadro das principais divisões das classifica•
ções de Bacon, Harris e Dewey:

Francis Bacon Inversão Harris Dewey


{1605) {1870) {1876)

Faculdades Classes Classes Classes


Mentais

Memória História Filosofia Ciências General.idades


Natural Filosofia Filosofia
Civil Religião Religião
Ciências Sociais e Ciências So-
Políticas clals
Filologia
Ciências Naturais Ciências Puras
Ciências Apli-
cadas
Imaginação Poesia Poesia Artes
Narrativa Belas Artes Belas Artes
Dramática Poesia Literatura
Parabólica
Ficção
Literatura
Miscelânea
Razão Filosofia História História História
Divina Geografia e Geografia e
viagens viagens
Natural Biografia
Humana História Cívil História Civil
Teologia Biografia
Miscelânea-

/
Harris dividiu o conhecimento em 100 divisões, em ordem aritmética e
com distribuição irregular de números para as diferentes classes.

72
O quadro seguinte aprésenta as classes principais e a notação que lhes
foi atribuída por Harris.
Filosofia 2-5
Religião 6-16
Ciências Sociais 17-31
Filologia 32-34
Ciências 1 + 35-31
Tecnologia 52-63
Belas Artes 64-65
Literatura 66-78
História 79-97
Diversos 98-100
O sistema de Dewey foi o primeiro a utilizar números decimais para
símbolos de classificação aplicáveis aos próprios documentos, o primeiro a
empregar largamente divisões paralelas (principalmente em 400, 800 e 900) e
parece ter sido o primeiro a empregar o princ(pio de divisão por transferência,
expressão empregada por Grolier para designar subdivisões do tipo "divida co-
mo" de Dewey.
Já foram publicadas 19 edições da classificação de Dewey, que vem sen-
. do constantemente ampliada e atualizada e é, ainda hoje, a mais adotada nas
bibliotecas de todo o mundo.
Charles Ammi Cutter, outro bibliotecário norte-americano, especial-
mente famoso por seus trabalhos Rufes for a Dictionary Cata/og e Author
Marks, insatisfeito com a notação decimal da classificação de Dewey, apresen-
tou um sistema denominado Expansive C/assification (Boston, 1891-93), no
qual os assuntos são representados por letras.
Cutter utilizou pela primeira vez, num sistema de classificação, as sub-
divisões comuns de forma e geográfic;as.
A Expansive C/assification constitui-se, na verdade, de seis sistemas de
classificação completos e um sétimo deixado por terminar. É baseada na
inversão da classificação de Bacon e influenciou a Classificação da Biblioteca
do Congresso dos Estados Unidos.
Em 1899, quando a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos já pos-'
suía cerca de dois milhões de volumes, tomaram a decisão de criar um novo
sistema de classificação para ser utilizado por essa entidade. Partindo do co-
nhecimento como é apresentado nos livros foi criado um grande sistema de
classificação bibliográfica e iniciada a sua publicação em 1901. Este sistema,
devido, talvez, à falta de boas explicações sobre seu manejo, ficou, durante
certo tempo, restrito à Biblioteca do Congresso, mas, modernamente, sua
aceitação vem aumentando ao ponto de, hoje, ser largamente utilizada nas

73
grandes bibliotecas universitárias americanas; mas sua aplicação fora dos Esta·
dos Unidos é bem limitada.
O segundo sistema de classificação bibliográfica em importância univer·
sal é a Classificação Decimal Universal, devida a Paul Otlet e Henri de La Fon-
taine, publicada pelo Instituto Internacional de Bibliografia, hoje Federação
1nternacional de Documentação, em 1905. Originado do sistema de Dewey,
é um sistema hierárquico, com base filosófica, mas no qual, graças à utiliza•
ção de sinais gráficos, diz•se que surge a tentativa de classificação em facetas,
· cujo primeiro emprego consciente apareceu na Classificação de Dois Pontos,
da autoria de Ranganathan.
James Duff Brown (1816-1914), célebre pela introdução do livre acesso
às estantes nas bibliotecas públicas inglesas, com a primeira experiência feita
na C/erkenwe/1 Public Librarv, é o autor do único sistema de classificação ge·
ral importante da Inglaterra. Em 1890, Brown, em colaboração com John
Henry Ouinn, publicou o Quinn-Brown System. Posteriormente, em 1898,
apresentou um sistema mais aprimorado denominado Adjustable C/assifica-
tion e, em 1906, divulgou o seu importante sistema de classificação, a Subject
C/assification.
Não teve a aceitação da Classificação Decimal de Dewey e a sua utiliza-
ção ficou circunscrita às bibliotecas públicas inglesas pequenas ou médias,
tendendo, devido à falta de atualização - a última edição é de 1939 - a desa-
parecer.
Henry Evelyn Bliss (1870-1955), bibliotecário do College of the Ciry of
New York, elaborou um sistema de classificação que intitulou Bibliographic
C/assification, publicado pela primeira vez no Library Journal, em 1912, e em
última edição (terceira) em 1940-53. A classificação de Bliss é apontada como
perfeita no desenvolvimento, quanto ao escalonamento e à subdivisão dos as-
suntos, mas não sendo muito empregada, tendendo a desaparecer, apesar da
nova revisão feita sob a responsabilidade do Prof. Jack Mills.
O último grande sistema de classificação bibliográfica geral a surgir foi a
Classificação de Dois Pontos de Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972),
bibliotecário indiano, publicado pela primeira vez em 1933 (última edição de
1960). A classificação de Ranganathan é a primeira inteiramente sintética, em
que os assuntos são apresentados em listas de facetas e cabe ao classificador
construir os números de classificação, segundo uma fórmula apresentada no
início da classe.
Ranganathan obrigou a uma reformulação das idéias de classificação.
Tem adeptos fervorosos, principalmente entre os teoristas de classificação da
1nglaterra, e críticos severos, mas seu sistema de classificação é muito pouco
empregado, mesmo na fndia.

74
Em 1961, Fremont Rider apresentou uma nova classificação a que inti-
tulou: lnternationa/ C/ass/fication (Middletown, Conn., 1961). 1: uma classi-
ficação geral do tipo enumerativo, preocupada em oferecer símbolos de clas-
sificação curtos e utilizando letras. Segundo o Manual of C/assification de B.
Sayers (4~ ed.), responde à opinião corrente entre os bibliotecários america-
nos, que advogam classificações pouco detalhadas para bibliotecas gerais, com
símbolos de classificação curtos, apoiados em catálogos e índices detalhados,
e que acreditam que os sistemas sintéticos ainda não estão inteiramente pro·
vados como satisfatórios.
· O Classification Research Group (CRG), da Inglaterra, que data de
1952, do qual fazem parte D. J. Foskett, Barbara Kyle, B. C. Vickery, Derek
Langridge, J, E. L. Farradane, Jack Mills e E. J. Coates, fortemente influen-
ciado por Ranganathan, pretende elaborar um sistema de classificação enciclo-
pédico, em facetas, mas, até agora, só produziu sistemas de classificação espe-
cializados, como o de Vickery, para a ciência do solo, e os de D. J. Foskett
para Food technology e Container manufacture.
Albert Cim, em Le Livre (Paris, 1907), citando Albert Maire, encontra
150 sistemas de classificação diretamente ligados à ordenação de documentos.
Hoje, o número de sistemas de classificação bibliográfica existentes deve ser
muito maior.
Richardson' relaciona 161 sistemas de classificação, desde Platão até
Barthel, em 1910.
A Case Western Reserve University mantém uma coleção de sistemas de
classificação.
Grolier 6 reconhece uma evolução rápida, depois da última guerra, nos
métodos de pesquisa da informação, que leva a transformações nas estruturas
das classificações ou das codificações documentárias, tais como a decomposi-
ção dos assuntos complexos em fatores simples, a passagem das classificações
fortemente hierárquicas para as fracamente hierárquicas e a compreensão da
necessidade de indicar não s6 os assuntos, mas, também, as várias possíveis re·
lações entre eles.
Estas experiências levaram à criação de vários sistemas de classificação
especializados, mas ainda não chegaram à elaboração de uma classificação ge-
ral do conhecimento. Até aqui nem mesmo há acordo universal sobre a sele-
ção das classes principais e Foskett admite que este consenso possa ser atin-
gido em decorrência da teoria dos níveis de integração.
A teoria dos níveis de integração admite que o mundo das coisas evolui
do simples para o complexo pelo acúmulo de propriedades e que, em uma su-
cessão de n(veis, as agregações atingem novos graus de complexidade, tornan-
do-se novos todos, até atingirem as agregações que constituem as ciências.

75
Os átomos combinam-se para constituir as moléculas - unidades de
novo nível de complexidade. As moléculas combinam-se para formar a·s mas-
sas, que constituem formas orgânicas e inorgânicas. A série inorgânica produz
os minerais {Mineralogia). que se constituem nas matérias da superfície terres-
tre (Geologia) e, mais adiante, criam as características e as configurações com
forma (Geografia Física), as matérias e os processos da atmosfera (Meteorolo-
gia), as estrelas, os planetas e outros fenômenos galátlcos (Astronomia).
No documento básico 2.3, preparado por Abner Vicentini, para o
Encontro de Professores de Classificação (Brasília, 1968), foi recomendada
a divisão da história das classificações bibliográficas segundo a proposta de
Ranganathan, no discurso inaugural da Conferência de Elsinore 7 , acrescida de
um item relativo às classificações, da antigüidade até 1875.
Segundo o esquema sugerido, a história das classificações bibliográficas
deve ser dividida em:
1. Da antigüidade até 1875;
2. Período pré-facetado (1876-1896);
3. Transição para o período facetado (1897-1932);
4. Período facetado (1933-1975);
4.1 Período de facetas restritas (1933-1949);
4.2 Período de facetas não-restritas (1950-1956);
4.3 Período de relatividade_(1957-1975);
4.3.1 Período de Dorking ou Período de Postulada e Princípios (1957-
1964);
4.3.2 Período de Ensinore ou Período de Planejamento Cooperativo
(1965-1975).

BIBLIOGRAFIA

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informativos. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1971. p. 89-158.
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76
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dations. Bulletin des Bibliotheque de France. 10(3) :67- 71, mars., 1965.

77
6
Os sistemas de classificação bibliográfica mais conhecidos, como a Clas-
sificação Decimal Universal e a Classificação Decimal de Dewey, seguem os
predicáveis de Porfírio, partem do geral para o espedfico, dividindo o conhe-
cimento consecutivamente por diversas características, tomando por modelo a
Árvore de Porfírio.
As antigas teorias de classificação pressupunham que qualquer área do
conhecimento poderia ser subdividida em classes sucessivas, cada uma m8is es-
pecifica do que a anterior, pelo relacionamento gênero/espécie.
Investigações mais profundas, devidas especialmente a Ranganathan e
ao Classification Resear.ch Group, mostraram que as subdivisões podem origi-
nar-se de diferentes tipos de relacionamentos, tais como gênero/espécie,
todo/parte, propriedade/possuidor, ação/paciente ou agente etc.
Examinando os termos químicos "álcool", "l(quido", volátil", "com·
bustão", "análise", verifica-se que o primeiro é um tipo de substância, o segun-
do é um estado da substância, o terceiro é uma propriedade da substância, o
quarto uma reação e o quinto uma operação efetuada com a substância.
A literatura sobre Aves apresenta estudos sobre espécies de aves (par-
dais, sabiás, canários etc.), partes das aves {plumagem, asas, bico etc.), alimen•
tação das aves (alpiste, farelo, milho etc.), distribuição geográfica das aves
(aves da Amazônia, da Patagônia, do Alasca etc.), operações com aves (cria-
ção, ·caça etc.) etc.
Nota-se no exemplo acima que todos os grupos de temas apresentadós
entre parênteses têm relacionamento com o assunto central (Aves), mas rela•
cionamentos de tipos diferentes.
A necessidade de criar sistemas de classificação que permitissem combi-
nar estas variadas relações, para representar exatamente o assunto dos do·
cumentos, levou à constatação de que as classificações bibliográficàs não po·
d iam seguir só os predicáveis de Porf írio, deviam originar-se de subdivisões em
9tegorlas, mais próximas das teorias de Aristóteles.

78
Surgiu, então, um novo tipo de classificação bibliográfica, idealizado
por Ranganathan, conhecido como Classificação em Facetas, Classificação
Facetada ou, ainda, Classificação Analítico-Sintética.
Estes sistemas são constitu {dos de listas de termos representando con-
ceitos, com o mesmo tipo de relacionamento com o objeto da classificação,
denominadas facetas, combináveis no ato de classificar, para traduzir devida-
mente o tema dos documentos.
Uma classificação de Aves, baseada no exemplo anterior, apresentaria a
seguinte tabela:

AVES
A Pela Distribuição Geográfica
a Amazônia
b Alasca
c Patagônia

B Pela Alimentação C Pelas Partes D Pela Espécie


a 1~lpiste a. Bico· a Canários
b Farelo b Asa b Pardais
c Milho c Plumagem c Sabiás

Utilizando a tabela acima, que foi provida de notação, podem ser com•
binadas os diversos focos, das diferentes facetas, para obter símbolos de clas-
sificação tais como:
Sabiás da Amazônia DcAa
Plumagem dos Canários DaCc
Plumagem dos Canários da Amazônia DaCcAa
Alpiste para Alimentação de Canários DaBa
Influência da Alpiste na Plumagem dos Canários DaCcBa

O único sistema de classificação facetado geral é a Co/on C/assification


de Ranganathan, mas existem vários sistemas de classificação especializados
seguindo esta técnica, elaborados na quase totalidade por membros do C/as-
sification Research Group, entre os quais podem ser relacionados:
British Catalog of Music C/assification, por E. J. Coates;
Diamond Techno/ogy, por Farradane;
Container Manufacture, por D. J, Foskett;

79
Food Technology, por D. J. Foskett;
Ocupation Safety and Hea/th Scheme, por D. J, Foskett;
Office Management, por J. Mills;
Soil Science, por B. C. Vickery;
Astronomy, por B. C. Vickery;
Nuclear Energy Devices, por B. C. Vickery e J. R. Smith;
Cranfield C/assification for Aeronautics and Allied Subjects, por B. C.
Vickery e Farradane.

Já existem dois sistemas d8 classificação facetados brasileiros, elabora-


dos pelas bibliotecárias Malvina Rosa e Jandira Assunção, para Odontologia e
Farmácia.

6.1 ELABORAÇÃO DE SISTEMAS DE


CLASSIFICAÇÃO FACETADA

A primeira etapa na elaboração de um sistema de classificação especia-


lizado é definir e delimitar os assuntos centrais ou assuntos do núcleo (core
subjects) e determinar os assuntos marginais (fringe subjects).
Assuntos centrais são aqueles diretamente relacionados com o tema da
classificação; assuntos marginais são temas de outras disciplinas que interes-
sam àqueles que estudam os assuntos centrais.
Para elaboração deste tipo de classificação, recomenda-se o exame da li-
teratura do assunto, a fim de identificar a terminologia e estabelecer as carac•
terísticas e as facetas que apresenta. ·
Vickery ênsina que o primeiro passo na construção de um sistema de
classificação facetado é reunir o vocabulário do assunto, o que pode ser feito
examinançto-se dicionários, tesauros, listas de cabeçalhos de assunto, o texto
de livros, artigos e relatórios técnicos etc. Ramsdãn- recomenda especial·
mente o exame da literatura especializada (livros, artigos, relatórios etc.}, con-
siderando que o recurso a documentos de outras espécies, tais como dicioná·
rios, tesauros, sistemas de classificação, deve ser sempre considerado como re:
curso auxiliar.
Examinando a literatura especializada, seliciona-se a terminologia do as-
sunto e definem-se os termos encontrados. À luz das definições, distribuem-se
os termos pelas 'categorias. .
O mesmo Vickery mostra Como proceder à análise da terminologia de
um assunto, exemplificando com a Ciência do Solo, como segue:

80
TERMOS DEFINIÇÕES CATEGORIAS

Coesão Propriedade das partículas de se ligarem Propriedade


para formar compostos
Areia Grãos de 2 a 20mm de diâmetro Partes do solo
Ponto de viscosidade Grau máximo de umidade que atinge o Medida de proprie-
solo antes de deixar de aderir ao corte dades do solo
Lama Matéria orgânica parcialmente decomposta Constituinte original
do solo
Mineração Separação de matéria mineral de urna com· Processo intervindo
binação orgânica no solo
Adubação Trabalho sobre o solo para aumentar sua Operação sobre o
produtividade solo

Ao criar um sistema de classiflCação facetada, após levantar e definir a


terminologia do assunto, distribuem-se os termos pelas grandes categorias.
Ranganathan utilizou no seu sistema de classificação as categorias Perso•
nalidade, Matéria, Energia, Espaço e Tempo (PMEST) e o Classification Re-
search Group, ampliando estas cinco categorias, encontrou as seguintes: Tipos
de Produto Final, Partes, Materiais, Propriedades, Processos, Operações, Agen-
tes, Espaço, Tempo e Forma de Apresentação.
Já foram explicadas anteriormente, no capítulo 2, as acepções das cate•
gorias acima.
Examinando a literatura sobre Educaçâ'o, podem ser isolados os seguin-
tes termos:
1. Educação Primária
2. Instrução Programada
3. Educação Secundária
4. Educação Superior
5. Matemática
6. Material audiovisual
7. Geografia

Definindo e analisando os termos acima, percebe-se que 1, 3 e 4 são re-


lacionados, bem como 2 e 6, 5 e 7. Reconhecem-se, então, três facetas:
1. nível de escolaridade;
2. método de ensino;
3. disciplina ensinada.

81
Distribuindo os termos acima pelas facetas encontradas, teremos:
Faceta Nível de Escolaridade
Primária
Secundária
Su()erior
Faceta Método de Ensino
Audiovisual
Instrução Programada
Faceta Disciplina Lecionada
Geografia
Matemática
Examinando os títulos seguintes, com vistas à construção de uma classi-
ficação facetada de Edificações,
1. Plantas de Escolas
2. Janelas de Alumínio para Hospitais
3. Corrosão do Ferro provocada pela Água
4. Construção de Casas de Madeira, nas Regiões Rurais do Brasil, no
Século XX .
5. Planejamento de Cozinhas para Hospitais
6. Durabilidade do Concreto
7. Treinamento de Operários para Construção Civil
8. Utilização de Andaimes nas Construções,
selecionam-se os seguintes termos: plantas, escolas, janelas, alumínio, hospj-
tais, ferro, água, construção, corrosão, casas, madeira, regiões ri.Jrais, Bíasil,
século XX, planejamento, cozinhas, durabilidade, concreto, treinamento, ope-
rários, andaimes.
Após definir cada um destes termos, para saber o que significam, prosse-
gue-se distribuindo-os pelas categorias do CRG, assim:

TIPOS DE PRODUTO FINAL PARTES MATERIAIS


Casas Janelas Alumínio
Hospitais Cozinhas Ferro
Escolas Madeira
Concreto

PROCESSOS PROPRIEDADES OPERAÇÕES AGENTES


Corrosão Durabilidade Planejamento Água
Treinamemo Andaimes
Construção Operários

82
ESPAÇO TEMPO FORMA DE APRESENTAÇÃO
Regiões Rurais Século XX Plantas
Brasil

Em seguida, os termos de cada categoria serão agrupados, conforme


suas relações recíprocas, para constituir subfacetas.
Os vários tipos de edificações podem ser divididos em:
1. edificações destinadas à moradia;
2. edificações destinadas a atos religiosos;
3. edificações destinadas ao ensino etc.
A terminologia encontrada para a categoria Partes indica a existência
das duas subfacetas seguintes:
1. áreas funcionais (banheiro, cozinha, quarto etc.};
2. elementos estruturais (telhados, paredes, portas, janelas etc.).
Os três isolados da categoria Agentes levam à admissão das subfacetas:
1. agentes naturais (água, vento etc.);
2. equipamentos (andaimes etc.);
3. pessoal (operários, engenheiros, arquitetos etc.).
Os grupos acima constituirão facetas de classificação de Edificações.
Estabelecidas as facetas, é necessário decidir a ordem em que serão apre·
sentadas no sistema de classificação, isto é, ordenar as subfacetas de cada cate-
goria. A ordem de dependência é, talvez, a que melhor orienta na ordenação.
O exemplo seguinte mostra o que é entendido por ordem de dependência
(wall-picture principie).
Para ordenar as facetas encontradas em Tratamento pelo Raio X de Tu-
mores da Mama de Mulheres, verifica-se que é preciso que exista a Mulher,
que esta tenha Mama, para que surja o Tumor e necessite Tratamento, que
será feito pelo Raio X.
Ranganathan elaborou uma série de cânones e princípios para orientar
na escolha da seqüência das facetas e focos, a fim de que seja satisféito o câ·
nane mais importante da teoria, o Cânone da Seqüência Útil.
Para que se atinja a seqüência útil, segundo Ranganathan, seguem-se os
princípios abaixo:
1. Cânone da extensão decrescente (Canon of decreasing extension):
A Classe geral deve preceder as classes especiais que inclui. Ex.: Quí•
mica virá antes de Química Orgânica; Pássaros virá antes de Sabiás. .
2. Princípio da concreção crescente (Principie of increasing concrete·
ness):
A Classe mais abstrata precede a mais concreta.

B3
3. Princípio da posteridade na evolução (Principie of later-;n evolution):
Segue•se a ordem da evolução, principalmente nas Ciências Biológi·
cas. Ex.: O Homem virá depois dos Protozoários.
4. Princípio da posteridade no tempo (Principie of /ater in time):
Segue-se a ordem cronológica, incluindo-se nesta ordem operações
que, necessariamente, são realizadas uma após a outra. Ex.: Fabrica·
ção - Embalagem - Armazenagem - Distribuição - Consumo.
5. Princípio da contigüidade espacial (Principie of spatia/ contiguity):
As áreas g~ográficas devem ser ordenadas de acordo com a proximi-
dade. Ex.: Brasil ao lado do Uruguai, Paraguai e Argentina.
6. Cânone de consistência na seqüência (Canon of consistent sequence):
Quando os mesmos temas surgem em mais de um ponto da classifica·
ção devem ser ordenados do mesmo modo.
7. Princípio da seqüência canônica (Principie of canonical sequence):
Quando não há outro princípio a seguir, prefere·se a ordem tradicio•
nal. Ex.: Europa, Ásia, África, América e Oceania, se não for aplica·
do o princípio da contigüidade espacial, é a ordem tradicional de no·
mear os continentes.
8. Princípio da complexidade crescente (Principie of increasing comple-
xity):
Os temas mais simples devem vir antes dos mais complexos. Ex.:
Aritmética deve preceder a Álgebra.
Quando nenhum dos cânones e princípios precedentes pode ser aplica-
do, Ranganathan aconselha recorrer às Cinco Leis da Biblioteconomia, de sua
autoria, que procuram levar a seqüência mais adequada aos usuários.
As Cinco Leis da Biblioteconomia determinam que a biblioteca deve
servir exatamente, exaustivamente e rapidamente ao leitor, com o menor es·
forço e o menor desperdício de recursos humanos.
Estabelecida a ordem de citação das subfacetas, procede-se a ordenação
dos focos, orientando-se pelos mesmos princípios e cânones, mas, não haven-
do uma seqüência recomendável, pode·se seguir a ordem alfabética.
Prosseguindo na elaboração de um sistema de classificação, a fim de
obter uma tabela que parta do geral para o específico, invertem-se todas as fa.
cetas e subfacetas (mas não é alterada a ordem dos focos), isto é, a última
subfaceta passa ao primeiro lugar, a penúltima ao segundo e assim sucessiva•
mente, até que a primeira faceta seja a última de todas. A isto é dado o nome
de Princlpio da inversão.
Pronta a seqüência das tabelas, passa-se à escolha e à atribuição de uma
notação, sendo indispensável que permita a combinação de focos e possibilite
acréscimos posteriores. Geralmente os membros do CRG empregam notações

84
alfabéticas, não expressivas, reservando as letras maiúsculas para as facetas e
as minúsculas para os focos.
É importante a escolha de uma boa notação, pois, já foi dito, uma boa
notação não faz um bom sistema, mas pode tornar mau um bom sistema.
Muitos dos assuntos encontrados na literatura são compostos ou com·
plexos, são agregados de conceitos simples, que devem ser combinados na
classificação facetada para obtenção de símbolos de classificação, que repre·
sentem a totalidade do tema do documento.
As classificações facetadas devem estabelecer a ordem de apresentação
dos conceitos na formação dos símbolos de classificação, devem determinar a
ordem de citação, assim como, determinar a ordem de intercalação (filing ar-
der}, que indicará o modo de intercalar os documentos e as entradas nos catá·
logos e bibliografias.
Geralmente, a ordem de citação, na composição do símbolo de classifi-
cação para determinado documento, é inversa à ordem da tabela, isto é, come·
ça-se a nomear os conceitos do fim da tabela para o seu princípio.
Um sistema de classificação bibliográfica não está completo sem um
(ndice e, provavelmente, um índice em cadeia.
Resumindo, as etapas da elaboração de um sistema de classificação face·
tada são as seguintes:
1. Definição e delimitação do assunto a classificar;
2. Exame da literatura do assunto e seleção da terminologia encontrada;
3, Exame e seleção da terminologia do assunto apresentada em outras
fontes, tais como tesauros, sistemas de classificação, tratados do as-
sunto;
4. Definição dos termos selecionados;
5. Análise dos·termos e distribuição pelas categorias;
6. Análise dos termos incluídos em cada categoria para reconhecimen·
to das subfacetas e agrupamento dos conceitos relacionados;
7. Ordenação das facetas e subfacetas;
8. Ordenação dos focos;
9, Inversão, para obtenção da seqüência definitiva das tabelas de clas-
sificação;
10. Atribuição de notação;
11. Determinação da ordem de citação e ordem de intercalação;
12. Compilação do índice.

85
BIBLIOGRAFIA

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86
Melvil Dewey (10/12/1851-26/12/1931), cujo verdadeiro nome era Mel•
ville Louis Kossuth Dewey, bibliotecário norte-americano, criou, em 1876, o
sistema de classificação bibliográfico mais utilizado e mais conhecido em todo
o mundo.
Desde cedo Dewey demonstrou um interesse especial pela educação, Es-
tudou em sua cidade natal, Adams, Estado de Nova York, no Adams Center e
aos 17 anos obteve um certificado que o habilitava a lecionar. Resolveu, po-
rém, continuar os estudos e, em 1872, matriculou-se no Amherst College, em
Amherst, Estado de Massachusetts, considerado na época como uma excelen-
te escola de professores, onde se graduou em 1874.
Filho de famflia de poucas posses precisou trabalhar para se manter e,
em 1872, conseguiu um emprego de assistente na biblioteca do Amherst Col·
lege.
Considerando que a organização da biblioteca da escola não era satisfa·
tória, começou a estudar e a corresponder-se com bibliotecários, além de visi-
tar cerca de 50 bibliotecas.
Aos 22 anos (1873) apresentou à diretoria da biblioteca do Amherst
College um plano para sua reorganização, especialmente no tocante à ordena·
ção dos_livros nas estantes, segundo um esquema de classificação por ele ima-
ginado, que passou a ser aplicado na biblioteca a partir de 1873.
Dewey não foi o primeiro a dividir os livros de uma biblioteca por as-
sunto, mas foi o primeiro a atribuir s(mbolos de classificação aos próprios li·
vros. Até então algumas bibliotecas separavam estantes para grandes assuntos
e nelas reuniam os livros pertinentes, ordenando-os por tamanho ou por or:
dem de aquisição.
Também não foi o primeiro a empregar números decimais em bibliote·
cas. Lacroix du Maine já os havia utilizado em 1583, na organização da biblio·
teca de Henrique 11, rei de França, mas a idéia de Maine era criar uma bi-
blioteca de 10000 volumes, conservados em 100 estantes, contendo 100
livros cada.

87
Em 1856 Nathaniel Shurtleff publicou A decimal system for arrange-
ment and administration of libraries (Boston, 1856), mas ainda sugerindo
uma ordenação decimal de estantes, mantendo os livros em localização fixa ..
Dewey estudou as classificações do conhecimento feitas por Aristóteles,
Bacon, Locke e outros filósofos e confessou ter sofrido influência das classi-
ficações de Natale Battezzati (Nuovo sistema de catalogo bibliografico gene-
rale. Milanno, 1871) e Jacob Schwartz (1879), mas certamente deve ter toma-
do conhecimento da classificação elaborada por William Torrey Harris (1870)
para o catálogo da Saint Louis Public School Library, pois as suas classes prin·
cipais são visivelmente semelhantes às de Harris. Harris utilizou uma inversão
do sistema de Francis Bacon, filósofo inglês, apresentada no Advanced of
learning, em 1605. No capítulo 6 apresentamos uma comparação entre as
classes de Bacon, Harris e Dewey.
Em 1876, aos 25 anos de idade, Dewey publicou anonimamente A clas-
sification and subject índex for cataloguing and arranging the books and pam-
phlets of a library (Amherst, 1876).
Tratava-se de um folheto com 42 páginas, sendo 12 de introdução, 12
de tabelas e 18 de índice, apresentando o conhecimento humano dividido em
cerca de 1 000 classes, número considerado muito elevado na época.
A aparição do seu trabalho foi aplaudida na Conferência de Bibliotecá-
rios, realizada em Filadelfia em 1876.
O índice relativo, anexado por Dewey ao seu sistema de classificação,
também foi uma inovação, pois não constava dos sistemas existentes na épo·
ca. Parece mesmo que Dewey inicialmente deu uma importância muito gran-
de ao índice, considerando que, através dele, qualquer pessoa seria capaz de
classificar.
O célebre título Decimal C/assification and re/ative índex só surgiu ·na
2~ edição, publicada em 1885, trazendo então o nome do seu autor. ·
A partir da 16~ edição o título da obra mudou para Dewey decimal
classification (DDC), em português conhecido como Classificação Decimal
de Dewey (COO).
Dewey não tirou vantagem financeira do seu trabalho, pois sempre in·
vestiu o lucro na publicação de novas edições.
Até a 10~ edição (1919) os direitos autorais foram tirados em nome de
Dewey ou do Library Bureau, uma organização criada por ele. Em 1924 os
direitos autorais passaram à Lake Placid Club Education Foundation, orga-
nização sem fins lucrativos, sob a condição de que os lucros fossem investi·
dos na revisão, publicação e divulgação do sistema. Em 1961 a fundação
transferiu os direitos autorais para a Forest Press, uma sua subsidiária.

88
Existe uma explicação muito interessante para a ordem das classes prin-
cipais do sistema de Dewey: O homem começou a pensar e a procurar uma ex-
plicação para a sua existência, e assim surgiu a Filosofia; incapaz de desvendar
o mistério imaginou a existência de um ser supremo que o havia criado, surge
a Religião; multiplicando-se o homem passa a viver em sociedade e vêm as
Ciências Sociais; sente necessidade de se comunicar com os companheiros e
cria as línguas; passa então a investigar os segredos da natureza e temos as
Ciências Puras; de posse destes conhecimentos procura deles tirar proveito,
aparecendo as Ciências Aplicadas; e, agora, já se sentindo capaz de criar, dá
origem às Artes e à Literatura; finalmente encontramos' a História que conta
como tudo se passou.
Freqüentemente são apontados dois defeitos na ordem das classes prin-
cipais escolhidas por Dewey, a separação das Ciências Sociais da História e a
distância entre as Línguas e a Literatura.
No fim do século, Dewey autorizou o Instituto Internacional de Biblio-
grafia, _hoje Federação Internacional de Documentação, a expandir o seu siste-
ma, trabalho que resultou na Classificação Decimal Universal (CDU).
As atividades de Dewey no campo da Biblioteconomia incluem também
sua participação na fundação, em Filadelfia, em 1876, da American Library
Association (A.LA.), na qual se registrou como o sócio nC/ 1 e da qual foi se•
cretário durante quinze anos, tesoureiro três vezes e presidente duas vezes.
Ainda em 1876 foram fundadas a Spelling Reform Association e o
American Metric Bureau e Dewey foi secretário das duas organizações.
Seu entusiasmo pela ortografia simplificada o levou a adotá-la no seu
sistema de classificação e só nas edições mais recentes esta orientação foi mu•
dada. A 18ª edição ainda traz a introdução escrita pelÕ próprio Dewey para
a 12~ edição ( 1926), usando a ortografia de sua preferência.
Dewey participou também do lançamento do Library journal, cujo pri•
meiro número, de setembro de 1876, traz um artigo seu sobre a profissão de
bibliotecário.
Em 1883 aceitou o emprego de bibliotecário-chefe do Columbia Colle•
ge, hoje Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, onde foi criado,
em 1887 o primeiro curso de Biblioteconomia.
Como a diretoria do Columbia College era contra a entrada de mulheres
nos seus cursos e as primeiras turmas para a Biblioteconomia constituíam-se
primordialmente de mulheres, o curso foi transferido, em 1889, para a cidade
de Albany, capital do Estado de Nova York, quando Dewey se mudou para
esta cidade, onde ocupou os cargos de bibliotecário e secretário do Conselho
Universitário da Universidade de Nova York.

89
Durante sua permanência na cidade de Nova York, Dewey incentivou,
em 18_85, a criação do New York Library Club, uma associação de bibliotecá·
rios responsável pela publicação de um catálogo coletivo cJ_q_s periódicos das
bibliotecas da cidade, publicado pelo Columbia College.
A Dewey se deve ainda a criação, em 1888, da Children's L.ibrary Asso-
ciation, em Nova York, e a criação de bibliotecas ambulantes, em 1892.
Durante sua permanência em Albany, Dewey criou o Lake Placid Club,
um clube de recreio nas montanhas Adirondack, inicialmente uma espécie de
pequeno hotel e depois um conjunto de casas, lojas e áreas de lazer.
Deste empreendimento se originou a Lake Placid Club Education Foun-
dation, que em 1933 incorporou a Forest Press.

7.1 EDIÇÕES

A primeira edição da classificação de Dewey, como ficou dito anterior-


mente, com uma t_iragem de 1 000 exemplares, foi publicada anonimamente,
em 1876, sob o título: C/assification and subject índex for cataloging and
arranging the books and pamph/ets of a library.
Constava de 42 páginas, sendo 12 de introdução, 12 de tabelas e 18 de
(ndice, trazendo o conhecimento humano dividido em cerca de 1000 classes.
A 2~ edição surgiu em 1885, bastante ampliada (314 páginas), trazendo
o nome do autor e sob o título: Decimal c/assification and re/ative índex.
Entre 1876 e 1979 foram publicadas 19 edições, sempre apresentando
maior desdobramento do conhecimento, que na 19~ edição atinge a 29528
classes, sem contar os símbolos de classificação poss(veis de serem criados pe-
la subdivisão de um número por outro ou pela combinação de símbolos das
tabelas principais com números das tabelas auxiliares.
A 15í1 edição foi a única a não seguir este proceder, pois foi totalmente
revista e apareceu bem menos detalhada do que a 14~. Na própria publicação
está dito que "cronologicamente" é a 15í1 edição, mas que se trata de uma
revisão tão profunda que foi preferido designá-la "Edição standard", como se
constitu (sse um novo ponto de partida.
A aceitação do trabalho de Dewey pode ser medido pelo crescimento
do número de exemplares de cada edição, que,_começando com 1000 em
1876, chegou a 37000 na 17hdição.
As várias edições apareceram em intervalos de 2 a 12 anos, mas as
últimas vêm sendo editadas em intervalos de cerca de 7 anos ( 1~. 1951; 16~.
1958; 1n, 1965; 18~. 1971; 19~. 1979).
Algumas edições apresentam determinadas classes totalmente revistas.

90
Examinaremos, a seguir, as principais características das últimas 8 edi•
ções.
12• 11927) e 13• 11932) edições 11 vol. cada) -Trazem, na classe 800,
Literatura, subdivisões para os principais autores de cada literatura. Incluem a
Tabela de Biscoe e a Tabela de Olin para subdivisões de tempo e subdivisões
de biografias coletivas, tabelas estas que vinham sendo incluídas desde a 7-J
edição e desapareceram nas edições posteriores.
14• edição (1942) (2 vols. em 1, paginação continua) - Muito detalha-
da. Inclui 5 tabelas suplementares: 1) assuntos que podem ser subdivididos
geograficamente; 2) expansão das divisões de forma; 3) tabela Para Iínguas e
literaturas; 4) extensão para subdividir Filologia; 5) Botânica taxonômica.
15<;1 edição (1951, com uma nova tiragem revista e com novo índice,
publicada em 1952) (1 vol.) - A primeira edição totalmente revista em 40
anos, preocupou-se em se adaptar a bibliotecas gerais até 200000 volumes, eli•
minando expansões excessivamente detalhadas, só necessárias às bibliotecas
especializadas ou às grandes bibliotecas gerais. As divisões de forma (form di·
visions) estão mais detalhadas. O sistema sugere o uso de letras para prefixar
símbolos de Literatura, permitindo assim a individualização das várias litera-
turas nacionais que utilizam a mesma língua, como a literatura portuguesa e a
br~sileira. A classe 800 não mais traz símbolos de classificação para os princi·
pais autores de cada literatura. Desaparecem as tabelas suplementares da 14,J
edição.
Esta edição desagradou a muitos bibliotecários, especialm1mte pela re·
dução do detalhamento. Mills considera que ela foi um fracasso.
Desta edição foi feita uma tradução para o espanhol - Sistema de clasi-
ficación decimal. .. traduccion dei ingles de la 15{1 edición revisada por Norah
Albanell Maccoll. Lake Placid Club, Fores! Press, 1955, com as seguintes
adaptações: 1) adaptação da classe 200 à religião católica; 2) adaptação da
classe 340 ao direito romano; 3) a Iingua espanhola, 860, passa a ser o mode·
lo para subdivisão das demais línguas, tomando o lugar da língua inglesa, 420;
4) a literatura espanhola, 860, substitui as literaturas inglesa e norte-america-
na, 81 O e 820, como padrão para o desenvolvimento das demais literaturas; 5)
foram reduzidas as subdivisões regionais para os Estados Unidos, na classe 900.
16ê edição ( 1958, 2 vols., paginação contínua) - Volta a política de
classificação detalhada. Foram completamente revistas as classes de Química
Orgânica e Química Inorgânica.
17{1 edição ( 1965, 2 vais., paginação contínua) - Revisão completa das
classes de Psicologia e Direito. As "Form divisions", muito expandidas, pas-
sam a ser denominadas "standard subdivisions" (s.s.). O símbolo 04, Essays,
das Subdivisões Standard é deixado vago. Surge a Tabela de Áreas, trazendo

91
subdivisões geográficas, incluindo subdivisões físicas, económicas, políticas,
blocos pollticos e localidades extraterrestres. O primeiro i'ndice não agradou
aos usuários e a Forest Press providenciou uma segunda versão revista, enca-
dernada com lombada preta, para diferenciá-la do primeiro índice, totalmen-
te verde.
18~ edição ( 1971, 3 vols., paginação contínua) - Revisão completa da
Matemática e grande ampliação da classe 340, Direito. Estabelece que as ta·
belas gerais ou principais passarão a se denominar "schedules" e as tabelas
auxiliares "tables". O sistema apresenta 7 tabelas auxiliares: 1) subdivisões
standard; 2) tabela de áreas; 3) subdivisões para literaturas individuais; 4)
subdivisões para línguas individuais; 5) grupos raciais, étnicos e nacionais;
6) 1ínguas; 7) pessoas. Traz um glossário da terminologia usada no sistema.
A subdivisão standard 04 volta a aparecer com o significado de "general
special", isto é, subdivisões gerais, porém específicas de determinado assunto,
impressas nas próprias classes a que se destinam.
A 18~ edição apareceu também em tradução para o francês, em 1974.
19~ edição (3 vols., paginação independente em cada volume) - Prepa·
rada por computador por fotocomposição. Revisão profunda de: 1) 301, So-
ciologia, que passou a ocupar 301-307; 2) 329, Partidos Políticos, que passou
a ser incluído em 324, Processo Político; 3) modificação das subdivisões de
área para o Reino Unido. Também a classe 020, Biblioteconomia, foi revista.
As subdivisões de área para a América do Sul e Central foram ampliadas, in·
cluindo hoje símbolos para subdivisões dos países, como os estados do Brasil.
Apresenta um total de 29528 classes, sem contar as possíveis construções de
números de classificação subdividindo um número por outro ou acrescentan·
do símbolos tirados das tabelas auxiliares. Traz um glossário das palavras téc-
nicas utilizadas no trabalho.
Com 7 tabelas auxiliares e inúmeras tabelas para subdivisão de grupos
de números, semelhantes às tabelas analíticas especiais da COU, cujo empre·
go é orientado por asteriscos e.alocados junto aos termos, o sistema,vem, des-
de a 16~ edição, tendendo para o tipo sintético e, no dizer de Custer, para a
facetação.
Benjamin A. Custer foi o editor das últimas quatro edições.
A Forest Press publicou, em 1980, uma edição em espanhol, Sistema de
classificación decimal, em 3 volumes, baseada na 18~ edição e com os acrésci•
mos da 19~.

7.1.1 Edições Abreviadas


A partir de 1894 foi publicada também uma série de edições abreviadas,
Abridge decimal classification and rela tive índex, sendo as últimas publicadas

92
logo após a nova edição desenvolvida. A 11.;t edição abreviada, baseada na 19.;t
edição completa, foi publicada em 1979, com 2516 classes. Nota-se que, en·
quanto as edições desenvolvidas são cada vez mais detalhadas, as edições abre-
viadas tendem a ser cada vez mais abreviadas.

7.2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

Oewey admitiu que o conhecimento humano fosse representado pela


unidade e o dividiu em 9 grandes classes, como se fossem 9 bibliotecas espe·
cializadas, cada qual representando um décimo da unidade.
Compreendendo que havia necessidade de uma classe onde pudessem
ser reunidas as obras que tratam sobre todos os assuntos, como as enciclopé-
dias gerais, as revistas gerais e os jornais, criou uma décima classe para estas
publicações.
A notação do sistema é constitu ida de números decimais, mas foram
suprimidos o zero e a vírgula, que caracterizam números decimais, e foi usado
um mínimo de três algarismos, tratados como decimais, assim é que O, 1 e 0,2
transformaram-se em 100 e 200.
A COO só utiliza um sinal gráfico, um ponto, após o terceiro algarismo,
mas mesmo este ponto não tem qualquer outro valor na notação, senão facili•
tar a leitura, assim, como emprega só algarismos, a sua notação é considerada
como pura.
O elenco das classes principais, as primeiras divisões do conhecimento, é
o seguinte:
000 Generalidades
100 Filosofia e disciplinas relacionadas
200 Religião
300 Ciências Sociais
400 Línguas
500 Ciências Puras
600 Tecnologia (Ciências Aplicadas)
700 Artes. Recreação e Artes Cênicas
800 Literatura (Selas Letras)
900 Geografia. Biografia. História.
Cac;la uma destas classes principais (main classes) é subdivisível em 9
classes menores, resultando em 100 divisões (divisions), como:
300 CIÊNCIAS SOCIAIS
310 Estatística

93
320 Ciência Política
330 Economia
340 Direito
350 Administração Pública
360 Patologia e Serviços Sociais
370 Educação
380 Comércio. Comunicações. Transportes
390 Costumes e Folclore

*
500 CIÊNCIAS PURAS
510 Matemática
520 Astronomia e Ciências Afins
530 Física
540 Química
550 Ciências da Terra e de Outros Mundos
560 Paleontologia
570 Ciências da Vida
580 Ciências Botânicas
590 Ciências Zoológicas.
Cada uma das divisões se subdivide em 9 seções (sections), em um total
de cerca de 1 000 seções. Exemplos:
380 COMÉRCIO. COMUNICAÇÕES. TRANSPORTES
381 Comércio Interno
382 Comércio Internacional
383 Comunicação Postal
384 Outros Sistemas de Comunicação
385 Transporte Ferroviário
386 Transporte por Águas Internas
387 Transporte por Água, Ar e Espaço
388 Transporte por Terra
389 Metrologia e Padronização

*
530 FISICA
531 Mecânica
532 Mecânica dos Fluidos
533 Mecânica dos Gases
534 Som e Vibrações Relacionadas
535 Luz Visível e Parafótica

94
536 Calor
537 Eletricidade e Eletrônica
538 Magnetismo
539 Física Moderna.
Cada uma das seções pode ser subdividada em 9 subdivisões menores, e
assim sucessivamente. Exemplos:
300 CIÊNCIAS SOCIAIS
380 Comércio
382 Comércio Internacional
382.4 Serviços e Mercadorias Específicas
382.41 Produtos Agrícolas

*
500 CIÊNCIAS APLICADAS
510 Matemática
513 Aritmética
513.2 Operações Aritméticas
513.26 Frações

*
600 TECNOLOGIA (CIÊNCIAS APLICADAS)
610 Medicina
617 Cirurgia
617.5 Cirurgia' Regional
617.52 Garganta e Pescoço
617.539 Pescoço
617.5395 Glândulas Tiróide e Paratiróide
Em algumas classes, para evitar à repetição de subdivisões, o sistema
orienta para o aproveitamento de subdivisões localizadas em outros pontos do
sistema. Exemplos:
300 CIÊNCIAS SOCIAIS
380 Comércio
380.14 Serviços e Mercadorias Específicas
380.141 Produtos Agrícolas
Acrescente a 380.141 os números que seguem 63 em 633-
638. Ex.: Arroz 380.141318.
Isto significa que, para se classificar o comércio de determinado produ•
to agrícola, se deve procurar o produto entre 633 e 638 (Agricultura) e
acrescentar os números seguintes a 63.ao número 380.141. Exemplos:

95
633.1 Cereais
633.11 Trigo
634 Frutas
634.3 Frutas Cítricas
634.31 Laranjas
Comércio de cereais 380.14131
Comércio de trigo 380.141311
Comércio de frutas 380.1414
Comércio de frutas cítricas 380.14143
Comércio de laranjas 380.141431
200 RELIGIÃO
250 Igrejas Cristãs Locais e Ordens Religiosas Cristãs
252 Textos de Sermões
252.01 .. 09 Segundo as denominações e seitas específicas
Acrescente a 252.0 os números que seguem 28 em 281-289.
Ex.: Sermões Anglicanos 252.03.
Deve-se procurar entre 281 e 289 a religião responsável pelo sermão e
acrescentar os números que vêm depois de 28 ao número base 252.0. Exem·
pios:
280 DENOMINAÇÕES E SEITAS DA IGREJA CRISTÃ
282 Igreja Católica Romana
283 Igreja Anglicana
286 Igreja Batista
286.3 Igreja Batista do Sétimo Dia
Sermões da Igreja Católica Romana 252.02
Sermões da Igreja Anglicana 252.03
Sermões da Igreja Batista 252.06
Sermões da lg. Batista do Sétimo Dia 252.063.
Este tipo de orientação se repete muito freqüentemente, mas sempre o
sistema utiliza a mesma explicação, as mesmas palavras: "Add to 252.0 the
numbers following 28 in 281-289, e.g. Anglican sermons 252.03".
Outra forma de subdividir determinado símbolo de classificação por
subdivisões que servem a vários símbolos é explicada pelo sistema colocando
um asterisco junto ao termo e, ao pé da página, orientando sobre onde pro·
curar as subdivisões. Exemplos:
617.741 • Glaucoma
Pé de página:
• Acrescente como instruído em 617

96
617 CIRURGIA E TÓPICOS RELACIONADOS
Acrescente a cada subdivisão identificada com um como se
segue:
001-008 Subdivisões standard
01 Complicações e sequelas cirúrgicas
026 Emergências
Complicações na cirurgia de glaucoma 617.74101
Emergência na cirurgia de glaucoma 617.741026
598.1 • Répteis
Pé de página:
• Acrescente como está instru ido em 592•599
529-599 é um cabeçalho centrado, que não deve ser usado para classifi•
cação, serve tão somente para indicar grupos de classes afins. Esses cabeçalhos
são sempre marcados por uma seta na margem.

► 592-599 ANIMAIS E GRUPOS DE ANIMAIS ESPECi'FICOS


Acrescente à notação de cada termo identificado por um " co-
mo se segue:
01-03 Subdivisões standard
04 Princípios gerais
Acrescente a 04 os números que seguem
591 em 591.1-591.8. Ex.: Genética0415
05-09 Outras subdivisões standard.
Examinando 591.1 ·591.8 encQntramos:
591.1 F 1siologia dos animais
591.15 Genétrca
591.4 Anatomia e morfologia dos animais
591.41 Órgãos respiratórios.

Aplicando as determinações constantes de 592•599 ao número de rép•


teis 1598.1 J te1 emos:
598.11 Fisiologia dos répteiS
598.115 Genética dos répteis
598:14 Anatomia dos répteis
598.141 Órgãos respiratórios dos répteis.
368.32 . SEGURO De VIDA
Pé de pâyma:
· Ac11?scm1te como e'.:itâ instruído em 368.1 ·368.8

97
368.1-368.8 é um cabeçalho centrado, que serve para agrupar classes se-
melhantes, mas não deve ser utilizado na classificação.
Em 368.1-368.8, localizado logo antes do número 368.1, encontramos:


368.1-368.8 TIPOS ESPECÍFICOS OE SEGUROS
Acrescente a cada divisão identificada com um ~ como se se-
gue:
001-009 Subdivisões standard
01 Princípios gerais
Acrescente a 01 os números que seguem
368.01 em 368.011-368.0lô. Ex.: Segu-
radora 012.
368 SEGUROS
368.01 Princípios gerais
368.011 Prêmios, taxas
368.014 Reclamações. Pedidos de pagamento
Prêmios de seguros de vida 368.32011
Reclamação de pagto. de seg. de vida 369.32014.

7.3 TABELAS AUXILIARES

Inicialmente a COO possuía uma única tabela auxiliar, a tabela de sub·


divisões de forma (Form divisions), que, na 179 edição, bem mats detalhada,
passou a ser intitulada "Standard Subdivisions", ou seja, subdivisões standard
ou subdivisões padrão.
Na 17ê edição surgiu a Tabela de Áreas (Area Table) e a partir da 18~
edição o sistema traz 7 tabelas auxiliares, que bem mostram sua tendência fa.
cetada.
As 7 tabelas auxiliares são as seguintes:
Tabela 1. Subdivisões standard
Tabela 2. Áreas
Tabela 3. Subdivisões para literaturas individuais
Tabela 4. SubdiVisões para línguas individuais
Tabela 5. Grupos raciais, étnicos, nacionais
Tabela 6. Línguas
Tabela 7. Pessoas.
As duas primeiras tabelas são aplicáveis a qualquer classe das tabelas
principais. A 3~ tabela serve para subdividir a classe 800, literatura; a 4~des- 1
j
98
l
tina-se a subdividir a classe 400, Línguas; e as três últimas (5~. 6h n) só po-
dem ser utilizadas quando e onde o sistema determina.

7 .3.1 Subdivisões Standard

As subdivisões standard ou subdivisões padrão, citadas freqüentemente


pelas letras s.s., compreendem subdivisões de formas intrínsecas e extrínsecas,
relativas à forma de exposiçã'o do tema, como história ou livro programado,
ou à forma física do documento, como ilustrações, ou ainda à origem do tex-
to, como anais de congressos.
Estas subdivisões podem ser acrescentadas a qualquer assunto das tabe·
las principais.
As subdivisões standard começam sempre por zero. O hífen que as pre-
cede na tabela não deve ser conservado, pois indica somente que os números
desta tabela devem ser precedidos por um símbolo de classificação tirado das
tabelas principais.
As s.s. são acrescentadas aos números dos assuntos, tirados das tabelas
principais. Exemplos:

SUBDIVISÕES STANDARD
-03 Dicionários, enciclopédias, concordâncias
-05 Periódicos
-063 Organizações temporárias (congressos, conferências etc.)
-07153 Aulas pelo rádio e televisão
-072 Pesquisas
-077 Estudo e ensino programado
-09 Tratamento histórico e geográfico
624 ENGENHARIA CIVIL
512 ÁLGEBRA
336.24 IMPOSTO DE RENDA
634.37 CULTIVO DE FIGOS
Dicionário de engenharia civil 624.03
Revista de álgebra 512.05
Anais de congresso sobre imp. de renda 336.24063
Aulas pelo rádio sobre cultivo de figos 634.3707153
Livro programado sobre a Classificação
de Dewey 025.43077
História da álgebra 512.09

99
Quando o número que representa o assunto do documento, o número
encontrado na tabela principal, termina em zero, cortam•se os zeros finais an·
tes de anexar os números das subdivisões standard. Exemplos:
100 FILOSOFIA
103 Dicionário de Filosofia
150 PSICOLOGIA
150.5 Revista de Psicologia
500 CIÊNCIAS PURAS
507 .153 Aulas pela televisão sobre Ciências Puras
720 ARQUITETURA
720.63 Congresso de arquitetos.
O problema na aplicação das s.s. é que, para alguns símbolos de classifi·
cação, o sistema determina o emprego de dois, três ou mesmo quatro zeros, o
que exige muita atenção. Esta exigência é feita de dois modos: 1) usando a
nota "Use 300.1 ·300.9 for standard subdivisions", sob o símbolo de classif i•
cação de determinado assunto, nas tabelas principais; 2) apresentando relacio·
nadas as subdivisões standa.rd sob o símbolo de classificação de dete"rminado
assunto, nas tabelas principais.
O segundo modo ocorre quando o sistema precisar dar orientações ex•
tras sobre determinada subdivisão standard. Exemp!0s:
300 CIÊNCIAS SOCIAIS
Use 300.1-300.9 para as subdivisões standard.
Dicionário de Ciências Sociais 300.3
Revista de Ciências Sociais 300.5
336.2 IMPOSTOS E TAXAS
Use 336.2001-336.2009 para as subdivisões standard.
Congresso sobre impostos 33!,.20063
Revista sobre impostos 336.2005
Dicionário de impostos 336.2003
350 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Use 350.0001-350.0009 para as subdivisões standard.
Revista de administração pública 350.0005
Pesquisas sobre administração pública 350.00072
320 CIÊNCIA POLl'rlCA
.01 Filosofia e teoria
.02-.08 Outras subdivisões standard
.09 Tratamento histórico e geográfico da Ciência Política co•

100
mo disciplina. Classifique o tratamento histórico e geo·
gráfico da situação e das condições políticas em 320.9
História da Ciência Política 320.09
Dicionário de Política 320.03
Revista de Política 320.05
Sempre que não há qualquer orientação sobre o emprego das s.s., deve·
se seguir a regra geral, isto é, usar um só zero.
As subdivisões standard também apresentam símbolos para períodos
históricos. Os símbolos -0901 a -0905 permitem subdividir por séculos ou dé-
cadas e podem ser acrescentados a qualquer assunto. Exemplos:
A agricultura no século XX 630.904
As migrações internacionais entre 1970 e 1980 325.09047
O uso de diferentes números de zeros não é um simples capricho de
Oewey, ocorre quando um número menor de zeros foi reservado para outro
tipo de subdivisão. Assim sendo, ao colocar menos zeros do que o determi-
nado para as subdivisões standard, o documento ficará classificado em outra
coisa, erradamente classificado, portanto.
Para ter certeza de que se está usando o número certo de zeros para as
subdivisões standard, recomenda-se ler as notas sob os símbolos de classifi·
cação, nas tabelas principais, e examinar as subdivisões do assunto, até chegar
a um desdobramento temático, uma subdivisão do assunto propriamente dita.
A subdivisão standard 09 é talvez a mais•perigosa, pois freqüentemente o sis-
tema fez outras previsões para subdivisão geográfica, como no exemplo ante·
rior, para Condições e Situação Política, que foi remetido para 320.9.

7 ,3.2 Tabela de Aroas

A tabela de áreas é uma relação de subdivisões geográficas, incluindo


subdivisões correspondentes a divisões políticas (países, estados, cidades). a
subdivisões físicas (continentes, ilhas, rios, mares etc.), a subdivisões sócio-
econômicas (regiões urbanas, regiões rurais, graus de desenvolvimento econô-
mico etc.), a agrupamentos políticos (países comunistas, países neutros etc.) e
a alguns locais extraterrestres (lua, planetas, sol etc.).
A tabela de áreas, Tabela 2, se inicia com números começando pelo al-
garismo 1, reservados para as subdivisões físicas, sócio-econômicas e de agru-
pamentos políticos. Exemplos:
-13 zona tórrida
-142 ilhas
-143 montanhas

101
-154 desertos
-163 oceano Atlântico
-1693 rios
-1717 bloco comunista
-1724 baixo grau de desenvolvimento econômico
-1732 regiões urbanas
-1734 regiões rurais.
Começando com 3, temos os países e povos do mundo antigo (Assíria,
Caldéia, Babilônia, Império Romano etc.).
O mundo moderno ocupa os números que começam com os algarismos
de 4 a 9. Inicialmente a COO divide o mundo em continentes e nestes coloca
os países, sob os quais aparecem suas regiões, estados ou províncias, municí-
pios e cidades.
Os continentes foram apresentados na seguinte ordem:
-4 EUROPA
-5 ÁSIA
-6 ÁFRICA
-7 AMÉRICA DO NORTE E CENTRAL
-8 AMÉRICA DO SUL
-9 OUTRAS PARTES
Em cada continente estão relacionados os palses e suas subdivisões.
Exemplos:
-8 AMÉRICA 00 SUL
-81 Brasil
-813 Região nordeste
-8131 Ceará
-8132 Rio Grande do Norte
-82 Argentina
-824 Províncias noroeste
-8243 Tucumán
-8245 Catamarca .
.4 EUROPA
.44 França e Mônaco
-441 Noroeste. Região da Bretanha
-4411 Departamento de Finistêre
.45 Itália e territórios adjacerítes
-451 Região noroeste, Região do Piemonte
-4518 Região da Ligúria
-45182 Província de Gênova

102
Nem todos os países são igualmente detalhados. Foram desdobrados
conforme a importância que lhes conferiu o comitê revisor do sistema.
Naturalmente o país mais favorecido é os Estados Unidos, que ocupa os
símbolos -73 a -79.
-7 AMÉRICA DO NORTE
-73 E1tados Unidos
-74 Nordeste. Nova Inglaterra e ·estados do médio Atlântico
-747 Estado de Nova York
-7471 Cidade de Nova York (Ilha de Manhattan)
-7472 Outras partes da área metropolitana de Nova York
-74721 Long lsland
A tabela de áreas pode ser aplicada a qualquer símbolo de classificação,
desde que se anteponha à subdivisão de área a subdivisão standard 09, na se-
guinte ordem de citação: símbolo do assunto (tirado das tabelas principais),
09 (subdivisão standard), subdivisão de área. Exemplos:
A ordem beneditina no Brasil 255.10981
(255.1 ordem beneditina, 09 s.s., 81 número de área para o Brasil)
Navegação no mar Mediterrâneo 387.091638
(387 transporte oceânico, 09 s.s., 1638 número de área para o Medi·
terrâneo).
É preciso, porém, não esquecer que este 09 é uma subdivisão standard
e, como tal, pode exigir mais de um zero para a ligação. Exemplos:
Impostos e taxas no Brasil 336.200981
(336.2 impostos e taxas, 009 s.s., B1 número de área para o Brasil)
Direito brasileiro 340.0981
(34 Direito, 009 s.s., 81 Brasil)
Existem, poréffi, assuntos para os quais o sistema previu um símbolo
específico para as subdivisões geográficas, e neste caso elas não devem ser fei-
tas com o emprego da subdivisão standard 09. Estes símbolos específicos para
divisão geográfica são de dois tipos:
1) símbolos terminados em 9 aos quais é suficiente acrescentar a nota-
ç~o de área. Exemplos:
199 FILOSOFIA DE OUTROS PAISES
Acrescente a notação de área 4-9 da tabela 2 ao número bá-
sico 199.
Filosofia no Brasil 199.81
071-079 TRATAMENTO GEOGRÁFICO DOS JORNAIS E DO
JORNALISMO

103
078 Na Escandinávia
079 Em outras áreas geográficas
Acrescente a notação de área 1-9 da Tabela 2 ao nú-
mero básico 079.
Jornais da Argentina 079.82.
2} símbolos terminados em 1-9, 3-9 ou 4-9, que são os algarismos ini-
ciais dos símbolm da tabela de áreas. Exemplos:
309 CONDIÇÕES E SITUAÇÃO SOCIAL
309.11-.19 Tratamento geográfico
Acrescente a no\ação de área 1-9 da Tabela 2 ao
número básico 309.1.
Condições sociais nos países subdesenvolvidos 309.11724
Condições sociais no Brasil 309.181

327.3-.9 PDLITICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE NA-


ÇÕES ESPECÍFICAS
Acrescente a notação de área 3-9 da Tabela 2 ao número
básico 327.
Relações internacionais do Brasil 327.81
Relações exteriores dos Estados Unidos 327.73
314 ESTAT(STICAS GERAIS DA EUROPA
Acrescente a notação de área 41-49 da Tabela 2 ao número·
básico 31.
Estatísticas gerais da Itália 314.5
Estatísticas gerais da França 314.4

328.4-.9 PODER LEGISLATIVO DE JURISDIÇÕES ESPEC(FICAS


Acrescente a notação de área 4-9 da Tabela 2 ao número
básico 328
Poder legislativo do Brasil 328.81
Poder legislativo da Itália 328.45
Poder legislativo dos Estados Unidos 328.73
Não é permitido utilizar ao mesmo tempo dois ou mais números da Ta-
bel.a 2, a não ser quando a COO traz-uma permissão especial. Esta autorização
pode ser dada de dois modos:
1) em determinados símbolos de classificação está dito, em nota, que
pode ser feita uma segunda subdivisão por área, mas está também estabelecido
um símbolo de ligação entre as duas áreas (geralmente um O). Exemplos:

104
327.3-.9 POLITICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE NA-
ÇÕES ESPEC(F ICAS
Acrescente a notação de área 3-9 da Tabela 2 ao número
básico 327; então, para as relações entre esta nação e ou-
tra, acrescente O e ao resultado aplique a notação de área
1-9 da Tabela 2.
Sob 327 .3-.9 há, também, uma explicação sobre a área geográfica que
deve vir primeiro. Manda o sistema que se dê prioridade na notação ã nação
enfatizada, mas, se a ênfase for a mesma, dê prioridade a que vem primeiro na
seqüência das notações de área, porém, se preferir, dê prioridade à nação que
exige maior ênfase no local em que está sendo feita a classificação. Exemplos:
Relações entre a França e o Brasil 327.81044
Relações entre os Estados Unidos e a França 327.44073.
Tratamento semelhante vamos encontrar em tratados bilaterais
341.0266 TRATADOS BILATERAIS
Acrescente a notação de área 3-9 da Tabela 2 ao nú-
mero básico 341.0266; então acrescente O e novamen-
te a noiação de área 3-9 da Tabela 2.
Dê prioridade à notação do país que vem antes na se-
qüência das notações de áreas. Se preferir, dê priorida-
de à notação do país que requer ênfase local. Exem-
plos:
Tratados entre a Itália e a França 341.026644045
Tratado entre os Estados Unidos e o Brasil 341.026681073

2) é possível subdividir uma notação de área 3-9 da Tabela 2 pelas no-


tações de área 1, da mesma tabela, assim como é permitido utilizar primeiro a
notação de área 1 e depois subdividi-la pela notação de área 3-9.
Sob -1, na Tabela 2, encontramos a seguinte explicação:
Se desejar, acrescente a cada número como se segue:
03-09 Tratamento por continente, país, localidade.
Acrescente O ao número básico e então a notação
de área 3-9 desta tabela. Ex.: Zona Tórrida da Ásia
-1305;riosda França-1693044. Exemplos:
O salmão dos rios dos Estados Unidos 597.55091693073
(597.55 salmão, 09 s.s., 1693 rios, O símbolo de ligação, 73 Estados
Unidos)
Condições sociais nas ilhas da Itália 309.1142045
(309.1 condições sociais, 142 ilhas, O símbolo de ligação, 45 Itália)

105.
O esporte do esqui nas montanhas da Suíça 796.93091430494
(796.93 esqui, 09 s.s., 143 montanhas, O símbolo de ligação, 494 Suíça)
Sob o cabeçalho centrad'o 3·9, da Tabela 2, encontramos a seguinte ex•
plicação:
Se desejar, acrescente a cada número como se segue:
009 Tratamento Regional
Acrescente a 009 ·os números que seguem -1 em , 11-19
desta tabela. Ex.: Zona Tórrida da Ásia -50093; rios da
França -44009693.
O salmão dos rios dos Estados Unidos 597.550973009693 •.,
(597.55 salmão, 09 s.s., 73 Estados Unidos, 009 símbolo de ligação,
693 rios, retirado o 1 inicial)
Condições sociais nas ilhas da Itália 309.14500942
(309.1 condições sociais, 45 ltál_ia, 009 símbolo de ligação, 42 ilhas, re·
tirado o 1 inicial)
O esporte do esqui nas montanhas da Suíça 796.930949400943
(796.93 esqui, 09 s.s., 494 Suíça, 43 montanhas, sem o 1 inicial!.
Caberá ao bibliotecário decidir, em cada caso, como será melhor agru-
par os documentos.
Um assunto subdividido por área poderá ser subdividido por período,
Neste caso a subdivisão por período é tirada da história do pa(s, na classe 900.
Exemplos:
O boxe no Brasil, no século XX 796.83098106
(796.83 boxe, 09 s.s., 81 Brasil, 06 século XX, tirado da história do
Brasil no século XX, que é 981.06)
Aquecimento na Argentina, no século XX 697 .0098206
(697 aquecimento, 009 s.s., 82 Argentina, 06 século XX na história
da Argentina, em 982.06)
O parlamento da Grã-Bretanha durante a 2~ Guerra Mundial328.42084
(328 parlamento, 42 Grã-Bretanha, 084 período, tirado de 942.084,
que é a história da Grã Bretanha de 1936 a 1945).

7.3.3 Subdivisões de Literaturas Específicas

A Tabela 3 destina-se·• subdividir a classe 800, Literatura, relacionando


número~ atribuídos a coleções de obras literárias, à história e à crítica literá-
ria, aos tipos de leitores e escritores, aos gêneros literários etc.
O processo para classificar obras literárias propriamente ditas, bem co-
mo aquelas sobre as literaturas, é procurar na classe 800 o símbolo de deter·

106
minada literatura e a ele acrescentar as subdivisões da Tabela 3, Subdivisões
de Literaturas Específicas. Na primeira etapa é necessário atenção para tomar
o número básico da literatura que, quando termina em zero, é constituído só
dos algarismos precedentes. Exemplos:
810 LITERATURA NORTE-AMERICANA EM INGL~S
Número básico: 81
820 LITERATURA OAS LINGUAS INGLESA E ANGLO-SAXÓNICA
Número básico para o inglês: 82
830 LITERATURAS DAS LfNGÚAS GERMÂNICAS (TEUTÔNICAS).
LITERATURA ALEMÃ
Número básico para o alemão: 83
860 LITERATURAS DAS LINGUAS ESPANHOLA E PORTUGUESA
Número básico para o espanhol: 86
869 LITERATURA PORTUGUESA

O Dewey inicialmente previu a subdivisão da classe 800 por língua, as-


sim a literatura em língua portuguesa incluía a literatura portuguesa e a brasi•
leira, a literatura em língua espanhola abrangia a literatura da Espanha e as
literaturas dos outros países de língua espanhola, como Argentina, Chile, Co·
lômbia, Venezuela etc. A única exceção era a séparaçâ'o da literatura norte-
americana (810) da literatura inglesa (820). Posteriormente foi reconhecida a
necessidade de separa·r as diversas literaturas nacionais, e a classe 800 apresen-
ta diversas sugestões sobre como as tratar, entre elas está a possibilidade de
antepor letras aos símbolos da literatura de determinada língua, assim
B869 Literatura brasileira
Ar860 Literatura argentina (nQ básico Ar86)
A810 Literatura australiana (nQbásico A81).

A classe 800 só apresenta, para cada literatura, as divisões em períodos


de evolução, todas as demais subdivisões devem ser procuradas na Tabela 3 e
acrescentadas ao número básico.
Em 869 encontramos subdivisões para os períodos de evolução das lite·
raturas portuguesa e brasileira, como se segue:

TABELAS DE PERfODOS
Para o Brasil
1 Período de formação, 1500-175Q
2 Período de transformação, 1750-1830
3 Período de crescimento autônomo, 1830-1921
4 Século XX

107
Para Portugal
1 Período primitivo até 1500
2 Séculos XVI a XVIII, 1500-180ÇI
3 Século XIX, 1800-1900
4 Século XX
41 Período inicial, 1900-1945
42 Período posterior, 1945-
Na Tabela 3 temos subdivisões como:
-01-07 Subdivisõesstandard
-08 COLEÇÕES
-0800)-08009 Coleções por períodos espec(ficos
-0801 Coleções apresentando características
especiais
-08012 Realismo e naturalismo
-0808 Coleções para ou por grupos raciais, ét·
nicas, nacionais
-09 HISTÓRIA, DESCRIÇÃO, APRECIA-
ÇÃO CRITICA
-09001-09009 Períodos
-1 POESIA
-1001-1007 Subdivisões standard
-1008 Coleções de poesias por autores de di-
versos per íodas
-102-108 Tipos específicos de poesias
-103 Épica
-11-19 Por períodos específicos
-2 DRAMA
-3 FICÇÃO
-301 Contos
-308 Tipos específicos de ficção
-3087 Aventuras
-30872 Mistério e suspense
-31-39 Por períodos específicos
Unindo os números da Tabela 3 a símbolos da classe principal 800 ob-
têm-se classificações para as obras literárias e sobre literatura, como as seguin-
tes:
Coleção de obras literárias norte-americanas 810.8
Coleção de obras literárias espanholas 860.8
História da literatura inglesa 820.9
108
História da literatura portuguesa 869.09
Coleção de poesias inglesas 821.008
Coleção de poesias brasileiras B869.1008
O Velho e o mar de Hemingway 813
Gabriela, cravo e canela de Jorge Amado B869.3
Hamlet de Shakespeare 822
Os Lusíadas de Camões 869.103
Os 3 potquinhos de Agatha Christie 823.087
História da literatura portuguesa no século XVI 11 869.0902
Drama inglês.do século XX 822.91
O romance policial inglês 823.087.
Na realidade, as possibilidades de subdivisão permitidas pela Tabela 3
vão muito além da prática das bibliotecas. Poucas são as que dividem as pró·
prias obras literárias por período ou pelo estilo do texto. Geralmente as bi·
bliotecas limitam-se a indicar o gênero literário, como no exemplo de Hamlet.

7.3.4 Subdivisões de Lfngu_as Individuais

A Ta bela 4 destina-se a oferecer subdivisões ã classe 400, Línguas, rela·


cionando os vários aspectos de estudo de uma Iíngua.
O processo para classificar obras sobre determinada I íngua é procurar,
na classe 400, o símbolo da língua e a ele acrescentar as subdivisões da Tabela
4. O único problema é. prestar atenção para encontrar o "número básico" da
língua, que vem em nota sob o termo principal. Na realidade, o número bási-
co é o símbolo da língua sem o zero final e os símbolos que não terminam em
zero não o trazem. Exemplos:
420 L(NGUAS INGLESA E ANGLO.SAXÓNICA
Número básico para o inglês: 42
430 LINGUAS GERMÂNICAS ITEUTÔNICASl. ALEMÃO
Número básico para o alemão: 43
460 LINGUAS ESPANHOLA E PORTUGUESA
Número básico para o espanhol: 46
491.2 SÂNSCRITO
491.68 BRETÃO

Na Tabela 4 temos subdivisões como:


-16 Entonação
-2 Etimologia
-3 Dicionários
-5 Gramática

109
Juntando o símbolo da classe principal com o da Tabela 4 obtêm-se
classificações como:
Entonação do inglês 421.6
Entonação do alemão 431.6
Entonação do espanhol 461.6
Entonação do bretão 491.686
Gramática inglesa 425
Gramática sânscrita 491.25
Gramática bretã 491.685.

Convém lembrar aqui que os dicionários de uma língua, bem como os


dicionários bilingues e os especializados em siglas, abre.viaturas, sinônimos, an-
tônimos e homônimos, são classificados pelo mesmo processo. Exemplos:
Dicionário da língua portuguesa de Aurélio 469.3
Webster International Dictionary 423
Dicionários de sinônimos de Francisco Fernandes 460.31
Thesaurus of English words and phrases by Roget 423.1

Alguns símbolos da Tabela 4 admitem a subdivisão por uma segunda


1íngua, utilizando para isto a Tabela 6, porém este proceder só pode ser segui•
do quando o sistema determi.na. Exemplos:
-24 ELEMENTOS ESTRANGEIROS
Acrescente a notação de Línguas 1-9, da Tabela 6, ao
número básico -24
-32-39 DICIONÁRIOS BILINGUES
Acrescente a notação de Ungua 1-9, da Tabela 6, ao
número básico -3.
Exemplos:
Galicismos 469.341
(41 corresponde à língua francesa na Tabela 6)
Anglicismos 469.321
(21 corresponde à língua inglesa na Tabela 6)
Palavras inglesas na língua alemã 433.21
Palavras alemães na língua inglesa 423.21
Algumas classes, aquelas correspondentes às principais línguas (inglês,
alemão, francês, italiano, espanhol, latim e grego} ainda aparecem subdividi-
das na classe 400.

110
7 ,3,5 Grupos Raciais, Étnicos, Nacionais

A Tabela 5, Grupos Raciais, Étnicos e Nacionais, relaciona símbolos pa•


ra raças (caucasianos, negros etc.), nacionalic;lades (canadenses, suíços etc.),
etnias (árabes, bascos etc.). Estes símbolos só devem ser utilizados quando o
sistema expressamente o determina, sob um símbolo .de classificação das ta-
belas principais ou das tabelas auxiliares. Exemplos:
371 A ESCOLA
.9 Educação especial
.97 Estudantes excepcionais devido à origem nacional,
étnica ou racial
Acrescente a notação de Grupos raciais, étnicos, na·
cionais 01-99, da Tabela 5, ao número básiéo 371.97
Exemplo:
Educação de judeus 371.97924
323 RELAÇÕES DO ESTADO COM OS RESIDENTES
.1 Grupos minoritários
.112-119 Grupos específicos
Acrescente a notação de. Grupos raciais, étnicos, na-
cionais 2-9, da Tabela 5, ao número básico 323.11
Exemplo:
Relações do estado com os judeus 323.11924
Também nas tabelas auxiliares pode ocorrer a determinação do emprego
de subdivisões da Tabela 5. Exemplo:
Tabela 3. Subdivisões de literaturas individuais
-0808 Coleções de ou por grupos raciais, étnicos e nacionais.
Acrescente a notação de Grupos raciais, étnicos e na-
cionais 01-99, da Tabela 5, ao número básico -0808
Exemplo:
Col. de obras lit. norte-americanas escritas por negros 810.80896

7 .3.6 Línguas

A Tabela 6, Línguas, traz um elenco de línguas acompanhadas de sím-


bolos para serem empregados quando o sistema expressamente o determinar,
sob determinado símbolo de classificação das tabelas principais ou auxiliares.

111
Exemplo:
030 ENCICLOPÉDIAS GERAIS
036 Em espanhol ou português
Acrescente a notação de Línguas 61-69, da Tabela 6,
ao número básico 03
Enciclopédia Barsa 036.9
TABELA4
-82 Abordagem estrutural da expressão
-824 Para aqueles cuja língua materna é diferente
Acrescente a notação de Línguas 2·9, da Tabela 6,
ao número básico -824
Livro para brasileiros aprenderem inglês, trazendo gramática, vocabulá-
rio e leituras selecionadas 428.2469
Livro para norte-americanos aprenderem francês (gramática, vocabulá-
rio e leituras) 448.2421

7 .3. 7 Pessoas

A Tabela 7, Pessoas, traz uma relação de símbolos para características


pessoais, tais como raça, sexo, idade, características físicas.e profiss_ões. ,Como
as Tabelas 5 e 6, só pode ser utilizada quando o sistema expressamente ·deter·
mina o seu emprego sob determinado símbolo de classificação das 1
tabelas
principais ou auxiliares. Exemplo: · '

704 ASPECTOS ESPECIAIS DAS BELAS-ARTES E.ARTES


DECORATIVAS
.03-.87 Classes de pessoas ocupadas com a arte
Acrescente a notação de Pessoas 03-87, da Tabela 7,
ao número básico 704
Cirurgiões que se dedicam também à arte 704.6171
Pessoas idosas dedicadas à arte 704.0565
TABELA 3. SUBDIVISÕES PARA LITERATURAS
INDIVIDUAIS
-8 Coleções
-08092 Para ou por pessoas de classes específicas
Acrescente a notação de Pessoas 04-79, da Ta-
bela 7, ao número básico -08092
Coleção de obras literárias francesas escritas por católicos 849.809222

112
7.4 INOICE

A COO ostenta o melhor índice de sistema de classificação bibliográfi-


ca. O Dewey foi a primeira classificação a trazer um índice, quando da sua
primeira edição .em 1876, e sempre lhe dedicou cuidados especiais. Foi, mes•
mo refeito duas vezes, na 15~ e na 17'} edições, porque não agradou aos usuá•
rios.
t um índice do tipo relativo, isto é, indicando sob cada assunto todos
os pontos do sistema em que se encontram os seus vários aspectos. 1nclui tam-
bém entradas relativas a termos das tabelas auxiliares. Exemplos:
Brasil área -81
Cidadania
ci. pol. 323-6
direito
internacional 341.482
municipal 342.083
jurisd. espec. 342.3-.9
educação elementar 372.832
~tica
filosofia 172.1
religião
budismo 294.35621
cristianismo 241 .621
hinduísmo 294.548621
rei. comparadas 291.5621
v. tb. outras rei. especif.
Periódicos
publicações 050
ass. especif. s.s.-05

7.5 ATUALIZAÇÃO
A atualização da COO é feita por novas edições freqüentes, atualmente
a intervalos de 7 anos. Entre uma edição e outra as alterações são publicadas
no Dewey decimal c/assification, additions, notes and decisions, que sai a inter-
valos irregulares e é distribufdo, a pedido, pela Forest Press.
Ourante certo tempo, um símbolo de classificaçã'o descartado levava 25
anos para ser utilizado novamente com outro significado. Hoje ele não é usa-
do em duas edições sucessivas, já podendo aparecer na terceira com nova de-
signação. Excepcionalmente este período pode ser reduzido. Os símbolo~ de

113
classificação fora de uso são impressos nas tabelas entre colchetes e acompa-
nhados da nota "Number discontinued; class in .. ," (Número descontinuado;
classifique em ....

BIBLIOGRAFIA

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WYNAR, B. S. lntroductlon to cataloging snd c/assification. 6. ed. Llttleton Librarles
Unlimited, 1980. p. 406-28.

114
8
A história da Classificação Decimal Universal inicia-se no ano de 1892,
quando dois ilustres belgas, o advogado Paul Otlet (1868-1944) e o professor
e político Henri La Fontaine (1853-1943), aproximados pelo interesse biblio-
gráfico que tinham em comum, compreendendo a necessidade de melhorar a
organização para controlar a bibliografia, resolveram fundar, em casa de Otlet,
em Bruxelas, o Office lnternatiànal de Bib/iographie, com a finalidade de or-
ganizar uma bibliografia universal, que intitularam de Repertoire Bib/iogra•
phique Uníversel.
Planejaram o controle por assunto, que lhes parecia responder melhor às
necessidades dos pesquisadores. Decidiram compilar a bibliografia em fichas
7,5 X 12,5cm - o que já significava uma inovação na Europa, mais habitua-
da então ao catálogo em forma de livro - ordenadas segundo um sistema de
classificação.
Começaram a compilação do repertório recortando as referências do Ca-
talogue of Printed Books do British Museum e montando-as em fichas.
Iniciados os trabalhos, verificaram a necessidade da bibliografia ser
levantada com a cooperação internacional e, apoiados pelo Governo belga,
convocaram a primeira Conferência Internacional de Bibliografia, reunida em
Bruxelas, em 1895, com a presença de nomes ilustres da bibliografia interna-
cional.
Como subsídio à Conferência classificaram, em seis semanas, pela
CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY (5~ ediçâ'o, 1894), as 400.000 fi-
chas, então, existentes no REPERTOIRE BIBLIOGRAPHIOUE UNIVERSEL.
Os delegados à Conferência resolveram fundar o INSTITUTO INTER-
NACIONAL DE BIBLIOGRAFIA (11B) constituído de -sócios individuais,
com as seguintes atribuições:
1. compilar um Repertório Bibliográfico Universal, formando uma bi-
bliografia em fichas, por autor e assunto, de toda literatura mundial;
2. aperfeiçoar e unificar os métodos bibliográficos;
3. organizar a cooperação bibliográfica internacional;
4. trabalhar pelo aperfeiçoamento da indústria do livro.

115
Após a Conferência de 1895, o Governo belga, pelo "Arreté Royal" de
12 de setembro de 1895, resolveu subvencionar os trabalhos do Office Inter•
national de Bibliographie, que passou a funcionar como órgão executivo das
tarefas determinadas pelo Instituto Internacional de Bibliografia, tendo obri·
gação de publicar a 8ibliographia Universalis (coleção de bibliografias periódi•
casl, parte impressa do Repertório Bibliográfico Universal.
A fim de compilar o inventaire c/assé du monde, era necessária uma
classificação muito detalhada. Depois de examinar todos os sistemas de classi-
ficação existentes, o 1nstituto resolveu expandir a classificação de Oewey, ba-
seando a escolha nas caracter(sticas da sua notação decimal, que pode ser con-
siderada uma linguagem internacional das comunicações eruditas e permite
subdivisões ilimitadas, sem modificação da posição dos números já existentes.
O sistema de Dewey (6~ edição, 1899 com 9400 divisões) foi completa•
mente reescrito por um grupo de especialistas, orientados pelo Instituto. Cada
classe foi examinada, revista, atualizada e desdobrada.
Em 1905, foi publicada a primeira edição do novo sistema, contendo
33000 subdivisões e 40000 entradas no índice. Recebeu o título de Manuel
du Répertoire Bibliographique Universel, pois destinava-se a servir de manual
de trabalho para a compilação do Repertório Bibliográfico Universal.
Esta edição, bem como a reimpressão de 1907, traz uma longa introdu-
ção; onde aparece um detalhado estudo da organização do Repertório, em
forma de catálogo sistemático, seguida das tabelas de cla.ssificação.
A nova classificação, conhecida no passado como Classificação de Bru-
xelas, é hoje citada como CDU, isto é, Classificação Decimal Universal.
Empregando a CDU, foi compilado o Repertório Bibliográfico (Univer•
sall, uma bibliografia geral, incluindo, nas palavras do Instituto, as publica-
ções de todos os tempos (universal), de todos os países (internacional) e rela·
tiva a todos os assuntos (enciclopédica).
O Repertório, em fichas, constava de:
1. uma bibliografia por autor;
2. uma relação dos periódicos pelos seus títulos;
3. uma bibliografia da literatura universal pelo título das obras;
4. uma bibliografia por assunto, classificada pela CDU;
5. uma bibliografia classificada, ordenada pelos símbolos geográficos
representando a origem;
6. um fndice da classificação, em ordem alfabética.

Hoje não são encontradas referências ao Repertório Bibliográfico Uni-


versal, cuja compilação deve ter sido abandonada, pois A. C. Foskett e D. J .
.Foskett informam que,. em 1920, recebeu um profundo golpe ao ser desloca-

116
do das soas instalações para dar lugar a uma exposição internacional. Também
não são encontradas menções ao Office lntemational de Bibliographie, que
deve ter deixado de existir.
Ordenado pela CDU, constituindo parte da Bibliographia Uníversalís,
foram publicadas várias bibliografias especializadas, como a Bibliographia
Physíologíca, a Bib/íographía Zoologica e a Bíbliographía Anatomica, editadas
pelo Concílio Bibliográfico de Zurique.
Durante o período de 1905 a 1914, o Instituto Internacional de Biblio-
grafia cresceu lentamente. La Fontaine ganhou, em 1913, p Prêmio Nobel da
Paz e doou-o ao Instituto, pondo fim às dificuldades financeiras.
A Guerra Mundial de 1914 •1B interrompeu as atividades do Instituto e
o contato internacional só se restabeleceu em 1920.
Otlet e La Fontaine mais uma vez trabalharam intensamente, reorgani•
zando a entidade, já agora na base de associação de organizações científicas e
de documentação, nacionais e internacionais.
Em 1923, criou-se uma comissão internacional para reorganizar o lnsti·
tuto, que instalou sua Secretaria, provisoriamente, em Deventer, na Holanda.
Em 1925, reiniciaram-se os trabalhos e, em 1927-33, surgiu a 2~ edição
da classificação sob o título C/assification Decimale Universel/e; Tables de
Classification pour les Biblíographíes, Biblíotheques, Archives, Administra-
tions, Publications, Brevets, Musées et Ensembles d'Objets pour toutes les
Especes de Oocumentation en Général et pour les Col/ections de tóut Nature,
em 3 volumes, geralmente encadernados em 2, contendo 40000 subdivisões e
66000 entradas no índice.
Na preparação da 2~ edição da CDU trabalharam cerca de 40 especialis-
tas sob a direção de Otlet e La Fontaine, que coordenaram os trabalhos das
classes de Humanidades, e do engenheiro Fritz Donker Ouyvis (1894-1961) -
mais tarde secretário geral da FIO - responsável pela parte de Ciências e Tec·
nologia.
Em 1934, foi iniciada a publicação da 3~ edição, em alemão, sob o títu•
lo de Dezímalklassification, completada em 1953, que é a última edição de-
senvolvida completa existente até hoje.
Em 1931, por recomendação do Congresso Mundial de Documentação
Universal, celebrado em Paris em 1930, a entidade passou a denominar~se lns·
tituto Internacional de Documentação. Em 1937, durante o 4Ç Congresso
Universal de Documentação, realizado em Londres, considerando-se o caráter
federativo da entidade, esta teve o seu nome alterado para Federação Interna·
cionalde Documentação (FIO).
Pela nova organização, cada país tem uma entidade como sua represen·
tante oficial junto à FIO. O Brasil é representado pelo Instituto Brasileiro de

117
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). sucessor do Instituto Brasileiro
de Bibliografia e Documentação (IBBD).
Entre as instituições nacionais representantes junto à FID>merecem es-
pecial menção: o Centro de Documentação Ciéntífica do Instituto de Alta
Cultura (Portugal), o Instituto Nacional de Racionalización dei Trabájo (Es•
panha), a British Standards Institution (1 nglaterra). o Deutscher Nmmenaus• .
schuss (Alemanha Ocidental) e o lstituto di Studi sulla Ricerca e sulla Docu-
mentazione do Consiglio Nazionale délle Recerche (Itália).
A direção geral da F ID e os representantes dos países associados reú-
nem-se anualmente. A 26~ Reunião realizou-se no Rio de Janeiro, em 1960.
A FID possui uma comissão Latino-Americana, dita FID/CLA, respon-
sável pela divulgação da FID e da CDU na América Latina.
Cabe ã Comissão Central de Classificação (FID/CCC), órgão da FID do
qual fazem parte os editores das várias edições da CDU, o controle da classili·
cação e de sua publicação.
Fill e Schuchmann, no prefácio da edição média alemã, afirmam que o
número de utilizadores da CDU em todo o mundo ultrapassa a casa de 10000.
Em 1899, o sábio brasileiro Juliano Moreira filiou-se ao Instituto Inter-
nacional de Bibliografia e, em 1900, foi a vez de Oswaldo Cruz.
Uma das primeiras publicações sobre a CDU deve-se ao engenheiro pau-
lista Vitor Alves da Silva Freire, que publicou em 1901 a obra intitulada A
Bibliographia Universal e a Classificação Decimal (São Paulo, Gerke, 1901).
Rodolfo Garcia, diretór da Biblioteca Nacional de 1932 a 1945, apre-
sentou ao Instituto Histórico um trabalho sobre IIB, a CDU e a Classificação
de Dewey intitulado Sistemas de Classificação: da Classificação Decimal e suas
Vantagens, publicado no Diário Oficial de 28/10/1914, reeditado pela Asso-
ciação Brasileira de Bibliotecários em 1969.
Por inspiração de Manuel Cícero Peregrino da. Silva, diretor da Bibliote-
ca Nacional do Rio de Janeiro de 1900 a 1915, e de 1919 a 1921, o Governo
Federal criou, ao decretar o regulamento da Biblioteca Nacional, em 1911 (De-
creto 8.835, de 11/6/1911) o SERVIÇO DE BIBLIOGRAFIA E DOCUMEN-
TAÇÃO, com atribuições semelhantes ãs do II_B, no campo da documentação
brasileira, a saber:
1. organizar segundo o sistema de classificação decimal e por meio de
fichas, o repertório bibliográfico brasileiro, como cOntribuição ao re·
pertório bibliográfico universal, compreendendo as obras editadas no
pa{s e aquelas de autores nacionais impressas no estrangeiro, ou iné-
ditas, bem como as obras de autores estrangeiros, qlle se ocuparam
do Brasil, incluindo artigos de periódicos ou escritos de qualquer na·
tureza;

118
2. imprimir suas fichas para serem expostas à venda, ou permutadas por
fichas de repertório estrangeiro;
3. adquirir um exemplar de cada uma das fichas que constituem os re·
· pert6rios estrangeiros;
4. cooperar na organização do repertório enciclopédico universal do I IB;
5. organizar um catálogo coletivo das bibliotecas brasileiras;
6. oferecer ao público o uso dos repertórios e do catálogo coletivo.
Ainda durante a administração de Manuel Cícero Peregrino, de 1919 a
1921, o Boletim Bibliográfico da Biblioteca Nacional apareceu ordenado pela
CDU.
Três importantes bibliotecas brasileiras - a Biblioteca do ltamaraty, a
Biblioteca do Instituto Oswaldo Cruz e a Biblioteca da Câmara dos Deputados
- bem cedo .adotaram a CDU e, ainda hoje, são classificadas por esse sistema.
Durante alguns anos, o sistema da CDU ficou esquecido e substituído
pela classificação de Dewey, em nossas bibliotecas.
Em 1953, Herbert Cabians, enviado pela UNESCO, fez uma série de pa-
lestras nos Cursos da Biblioteca Nacional e impressionou vivamente os nossos
bibliotecários relatando os trabalhos da FID e as vantagens da CDU.
No ano seguinte, em 1954, recebemos a visita do Dr. Zeferino Ferreira
Paulo, do Centro de Documentação Científica, do Instituto de Alta Cultura
de Portugal, que aqui fez uma série de conferências sobre documentação na
Europa, e ministrou, mais tarde, um curso sobre a CDU na Biblioteca da Câ·
mara dos Deputados, exaltando, sempre, as vantagens desse sistema de elas·
silicação.
Com a criação do IBBD, em 1954, sua filiação à FID, em 1955, e a or-
ganização, em 1958, da Comissão da Classificação Decimal Universal (então
IBBD/CDU, hoje IBICT/CDU), restabeleceu-se o interesse pelo sistema no
Brasil.
Atualmente a CDU, largamente utilizada em nosso país, em bibliotecas,
bibliografias, catálogos etc., é ensinada em todas as escolas de Bibliotecono·
mia e já existem vários trabalhos em português sobre o sistema como os livros
de Noêmia Lentino, Lia Frota, Abner Vicentini e Regina Oliveira.
O maior problema dos usuários do sistema é a aquisição de tabelas, ge-
ralmente esgotadas, e a sua atualização, devido à dificuldade de obtenção das
publicações necessárias.

8.1 EDIÇÕES
Existem cinco típos de edição da CDU, a saber:
1. edições desenvolvidas;
119
2. edições médias;
3. edições abreviad~s_;
4. edições conden~adas; .
5. edições especiais.

8.1.1 Edições Desanvolvidas


A primeira edição da CDU foi desenvolvida e publicada sob o título Ma-
nuel du Repertoire Bibliographique Uníverse/ (Bruxelles, 118, 1905).
Desta edição, de 1905, há uma segunda tiragem, de 1907.
A segunda edição, também em francês, publicada pelo 118 em 1927-33,
foi a primeira a aparecer com o t(tulo de C/assification Décima/e Universel/e.
A terceira edição foi publicada pelo "Deutscher Normenausschuss", em
alemão, sob o título Dezimalk/assification (1934-53) e é a última edição de•
senvolvida completa. Consta de sete volumes de tabelas e três volumes de ín•
dice (dez volumes).
~ difícil manter-se atualizado sobre todas as publicações de classes da
CDU em línguas estrangeiras.
Existe uma publicação de FID relacionando as várias edições, a F/D pu-
b/icatíons: an 80 years bíbliography, 1895-1975 (The Hague, 1975).
Citaremos as seguintes:
- Quarta edição, em inglês, publicada a partir de 1943, pela "British
Standards lnstitution", ainda incompleta:
Tabelas Auxiliares
0/2 6
3/33 7
35/39 8
5 9
- Quinta edição, em francês, publicada pela FID, a partir de 1940,
com as seguintes classes publicadas:
O 60/62
2/3 65
Sexta edição, em japonês;
Sétima edição, em espanhol, publicada pelo "Instituto Nacional de
Racionalización dei trabajo", tendo aparecido as classes:
0/3 61 63
57/59 62/624.972 7
- Oitava edição (2~ em alemão), publicada a partir de 1958, pelo "Deuts·
cher Normenausschuss", da qual já apareceram as classes abaixo:

120
Tabelas auxiliares 62/66
3
5
Nona edição, em português, publicada em conjunto pelo Centro de
Documentação Científica do Instituto de Alta Cultura (l'ortugal) e IBICT. Já
foram impressas, a partir de 1961, as seguintes classes:
o Generalidades (Portugal, 19611
1 Filosofia (Brasil, 1963)
2 Religião (Brasil, 1963)
3/308 Sociologia. Sociografia (Brasil, 1977)
32 Política (Brasil, 1976)
347 Direito Civil (Brasil, 1977)
37 Educação. Eosino. Lazer (Brasil, 1976)
39 Etnologia. Etnografia. Usos e Costumes. Folclore (Brasil,
1977)
55 Geologia e Geofísica (Brasil, 1977)
8 Lingüística e Literatura (Brasil, 1976)
Podem ser encontradas mimeografadas as classes 61 e 7.
Além destas estão em curso de publicação edições em pólàco, russo,
húngaro, tcheco, italiano, servo-croata e eslaveno.

8.1.2 Edições Médias

A FIO iniciou, em 1962, os estudos para a publicação de uma edição


média e coube a Karl Fill e Martins Schuchmann a respGnsabilidade de prepa·
rar o texto original, contendo 25% da edição desenvolvida e atualizado até
1966 (Extensions and Corrections to the UDC, série 6, n91).
Existem edições médias em alemão (1967/68), francês (1967), russo
(1969), japonês (1974), italiano (1974), português (1976) e polaco (1978).
Estão sendo preparadas edições em espanhol e Inglês.
Deve-se ao IBICT a publicação da edição média em língua portuguesa,
feita por computador e atualizada até 1972 (Extensions and Corrections to
the UDC, série 8, n9 2).

8.1.3 Edições Abreviadas

Em 1927, apareceu a primeira edição abreviada. Hoje existem edições


abreviadas em quase todas as línguas - português (1961), espanhol (1963),
francês (1958), inglês (1961), alemão (1955), italiano (1964), hebraico, rus-

121
so, rumeno, servo-croata, sueco, norueguês, polaco, húngaro, filandês e japo•
nês. Estas edições trazem 10% da edição desenvolvida. A edição em língua
portuguesa foi publicada em Portugal e tem como editores o Centro de Do·
cumentação Científica do Instituto Alta Cultura e o IBBD. Existe, também,
uma edição abreviada trilíngüe (1958) em alemão, inglês e francês. Nesta edi•
ção, os símbolos de classificação aparecem nas tabelas acompanhados de
termos nas três línguas e há três índices, um em cada uma das línguas.

8.1.4 Edições Condensadas

Com a finalidade de dar uma visão de conjunto da classificação, apare-


ceu, em 1967, a edição condensada. Traz 2,5% da edição completa e apresen·
ta só um esquema do sistema. Observe-se que a edição francesa abreviada tem
200 páginas e a condensada, na mesma língua, ocupa só 50 páginas.

8.1.5 Edições Especiais

Apresentam uma ou algumas classes e os números com elas relaciona-


dos, tirados de outras classes. Destinam-se ao uso de especialistas em determi-
nados assuntos. Existem, entre outras, as seguintes edições especiais:
Educação (em inglês, 1965 e francês, 1965); Cartografia (em alemão,
1967); Farm~cia (1968); Ciência Nuclear e Tecnologia (em inglês;
1964); Eletrônica (em alemão, 1966); Metalurgia (em inglês, 1964);
Ciências Agrícolas (em francês, 1966).

8.2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

A CDU originou-se da Classificação Decimal de Dewey, detalhando as


subdivisões dos assuntos, para o que alterou a notação, que passou a ser mista,
composta de números decimais, sinais gráficos e letras ou palavras.
As principais modificações feitas à notação da Classificação de Dewey
para criar a CDU foram:
1. corte dos zeros finais;
2. colocação de um ponto após cada grupo de três algarismos;
3. uso de sinais gráficos.
Oewey admitiu _o conhecimento humano representado pela unidade e
dividido em nove classes especiais e uma classe geral, para as obras sobre todos
os assuntos, como enciclopédias, jornais etc.

122
Cada classe principal constitui um décimo da unidade, simbolizado por
frações decimais (O, 1; 0,2; 0,3 etc.), mas tendo suprimidos o zero e a vírgula
iniciais, continuando-se, porém, a tratar os símbolos como números decimais.
O conhecimento aparece inicialmente dividido nas seguintes classes
principais:
o Generalidades
1 Filosofia
2 Religião. Teologia
3 Ciências Sociais
5 Ciências Puras
6 Ciências Aplicadas
7 Belas Artes. Divertimentos. Desportos
·8 Filologia e Literatura
9 Geografia. Biografia. História.
Até 1964 (P Note 800), existia uma classe 4 (Filologia), mas a FID de·
terminou sua transferência para a classe 8, reunindo-a à Literatura, ficando a
classe 4 para posterior utilizaçã~. ·
Cada uma das classes principais é subdividida em 1O classes, repartindo-
se por elas os assuntos que a compõem, sendo a primeira re·servada aos temas
gerais e as 9 seguintes destinadas a assuntos específicos. Exemplo:
5 CIÊNCIAS PURAS
50 Princípios Gerais
51 Matemática
52 Astronomia. Geodesia
53 Física
54 Química. Cristàlogtafia. Mineralogia
55 Geologia e Ciências Afins. Meteorologia
56 Paleontologia
57 Ciências Biológicas
58 Botânica
59 Zoologia.
Estas divisões são novamente subdivididas em 9 classes específicas e
uma classe geral. Exemplos:
51 MATEMÁTICA
510 Princípios Gerais
511 Aritmética. Teoria dos Números
512 Álgebra
513 Geometria
514 Trigonometria. Poligonometria

123
515 Geometria Descritiva. Projeções. Perspectiva
516 Geometria Analítica. Coordenadas
517 Análise Matemática
518 Processos Gráficos de Cálculo. Jogos Matemáticos
519 Análise Combinatória. Cálculo das Probabilidades.
Assim procedendo sucessivamente, cada subdivisão de uma certa ordem
dará origem a até dez subdivisões da ordem seguinte, permitindo, conforme as
necessidades, subdivisões indefinidas. Exemplo:
6 CIÊNCIAS APLICADAS
62 Engenharia
621 Engenharia Mecânica
621.3 Engenharia Elétrica
621.39 Telecomunicações
621.394 Telegrafia
621.394.7 Instalações e Redes Telegráficas
621.394.73 Linhas Telegráficas.
Assim foram compostas as tabelas principais, constituindo üm mapa do
conhecimento humano, apresentando os seus desdobramentos, desde os as-
suntos mais gerais aos mais específicos.
Para facilitar a leitura, a CDU separa por ponto cada grupo de três alga-
rismos, inovando quanto à notação de Oewey, que só utilizava um ponto de-
pois do térêeiro algarismo. Exemplo:
801.631.2 Filologia - Métrica - Medidas Métricas - Pausas.
Classificar um documento pela CDU consiste, inicialmente, em localizar
seu assunto nas tabelas principais e atribuir-lhe o símbolo reservado pelo siste-
ma para o assunto.
A localização de um assunto nas tabelas principais pode ser feita deduti-
vamente, partindo-se da classe geral até atingir a subdivisão procurada, ou pes-
quisando-se o assunto específico no índice e, uma vez descoberto o seu sím-
bolo de classificação, conferindo-o na tabela, examinando suas ligações hie-
rárquicas, a fim de ter certeza de haver encontrado o correto enquadramento
do tema a classificar.

8.3 SINAIS GRÁFICOS

Com a finalidade de possibilitar melhor representação dos assuntos dos


documentos, os criadores da CDU imaginaram meios de unir símbolos de dife-

124
rentes conceitos, para descrever assuntos compos\os ou complexos e documen·
tos compósitos.
Existem três sinais de ligação ou assbciação:
+ mais
/ barra oblíqua
dois pontos.
Estes sinais só podem ligar símbolos da mesma natureza, isto é, núme·
ros principais a outros números principais, números de lugar a números de lu-
gar, uma data a outra etc.

8.3.1 MAIS. O sinal mais ou sinal de adição é empregado quando um do·


cumento trata, independentemente, de dois ou mais conceitos representados
nas tabelas por símbolos que não são consecutivos ou seguidos. Exemplo:
51+53 Matemática e F (sica
172+176 Moral Social e Moral Sexual
32+34+93 Pol ítiéa, Direito e História.
Segundo Mills, o emprego deste sinal é desencorajado desde a reunião
da FIO, em 1962.
Na opinião de A. C. Foskett, "seu uso não é recomendado ... , pois a
sua intercalação é feita antes do primeiro número sozinho".
A solução será fazer várias entradas num catálogo ou numa bibliografia,
uma para cada um dos conceitos encontrados no documento. Exemplo:
51+53 ou
53+51

8.3.2 BARRA. Emprega-se o sinal barra oblíqua, ou sinal de extensão conse-


cutiva, quando um documento trata independen~emente de dois ou mais con·
ceitos, representados nas tabelas por símbolos seguidos, consecutivos. Exem-
plos:
1/2 Filosofia e Religião
51/54 Matemática, Astronomia, Física e Química
328/329 Parlamentos e Partidos Políticos.
Utilizando a barra suprime-se, na segunda parte, os números idênticos,
ant~riores ao último ponto. Exemplos:
312.1 /.2 Estatística de Nascimento e Óbitos
323.31 /.33 Aristocracia, Burguesia e Proletariado

125
331.812/.814 Trabalho Noturno, aos Domingos e em Horas-Extras
624.078.1 /.3 Conexões Rebitadas, Aparafusadas e Soldadas.
Encontra-se, algumas vezes, o emprego do sinal mais para ligar conceitos
representados por s(mbolos consecutivos, quando não são m.ais de dois. Exem-
plo:
53+54 Física e Ou ímica
Parece mais aconselhável, mesmo nestes casos, utilizar a barra.

8.3.3 DOIS PDNTOS. O sinal dois pontos, sinal de relaçfo, é empregado quan·
do um documento trata do relacionamento entre dois ou mais conceitos.
Exemplos:
51 :52 Aplicações da Matemática na Astronomia
336.223 :633. 73 Imposto de Consumo sobre o Café
840:869.0 Influência da Literatura Francesa na Literatura Por-
tuguesa
31 :338:633.73 Estatística da Produção do Café.
É possível aparecerem vários sinais num mesmo símbolo de classifica-
ção. Exemplos:
56/57+59 Paleontologia, Antropologia e Zoologia
31 :338:633.73/.74 Estatística da Produçfo de Café e Cacau
338:634.51 +634.53 Produção de Nozes e Castanhas
A CDU, criada para organização de catálogos sistemáticos e bibliogra·
fias, onde é possível a existência de várias entradas para um mesmo documen-
to, não determina a ordem em que devem ser apresentados os símbolos liga-
dos pelos sinais mais ou dois pontos, pois aconselha a duplicação de entradas.
Assim:
51 :52 e 52:51
840:869.0 e 869.0:820
51+53 e 53+51.
A duplicação de entradas é simples, quando se trata só de dois símbolos
de classificação, mas torna-se difícil e mesmo impossível, quando este número
é mais elevado, pois a permutação de 3 símbolos levará a 6 entradas, a de 4
símbolos a 24 entradas, a de 5 símbolos a 120 entradas, e assim por diante.
Exemplos:
31 :382.63 382:31 :63 63:31 :382
31 :63:382 382:63:31 63:382:31

126
Combinações com a presença de todos os elementos são, talvez, viáveis.
Significarão tantas entradas quantos forem os elementos. Exemplos:
31 :382:63
382:31 :63
63:31 :382.
Atê agora não há uma orientac;Eo oficial da F 1D sobre o número de en·
tradas que precisam ser feitas.
Alguns professores, como Jack Mills, consideram que, empregando o ín·
dice em cadeia, é possível evitar a multiplicidade de entradas, fazer uma única
entrada para símbolos de classificação compostos e deixar ao índice o encargo
de levar o consulente ãs demais classificações.
A CDU ainda utiliza mais três sinais - colchetes, dois pontos duplos e
apóstrofo - para ligar símbolos tirados das tabelas principais.

8,3.4 Hl'FEN. O hífen é empregado para introdução de tabelas analíticas espe-


ciais, inclusive as tabelas de pessoas e materiais.

8,3,5 COLCHETES. Os colchetes podem ser empregados com três finalidades:


1. Como sinal de intercalação, para alterar a ordem de citação dos con·
ceitas encontrada nas tabelas, intercalando um símbolo no meio de
outro. Exemplos:
382.5:633.73 Comércio Externo - Importação - Café
382,5:633.74 Comércio Externo - Importação - Cacau
382.6:633.73 Comércio Externo - Exportac;Eo - Café
382.6:633,74 Comércio Externo - Exportação - Cacau.
Pode-se modificar a ordem de citação dos conceitos, empregando os
colchetes para:
382(633,73].5 Comércio Externo - Café - Importação
382(633.73].6 Comércio Externo - Café - Exportação
382(633.74].5 Comércio Externo - Cacau - Importação
382(633.74].6 Comércio Externo - Cacau - Exportação.
A intercalação pode ser feita em qualquer ponto do símbolo de classifi·
cação, continuando-se depois dos colchetes a escrever os números, como se
nada tivesse ocorrido. Exemplo:
336.2.029.4(633. 73] 1mpostos - Cobrança - Sobretaxas - Café
336.2.029(633,73].4 Impostos - Cobrança - Café - Sobretaxas
336,2(633.73].029.4 Impostos - Café - Cobrança - Sobretaxas;

127
Foskett diz que esta apllcaçã'o fo I abandonada.
2. ~orno símbolo subagrupador (_algebric su~-grouper ou subgrouping
s1gnl, para tornar mais claro o tipo de relacionamento existente entre
vários conceitos ligados pelos símbolos+ ou : .
Um símbolo como 373.5+378 :355.27 pode estar representando as Re,
lações entre a Educação Secundária e a Universitária com o Recrutamento Mi-
litar ou a Educação Secundária e as Relações entre a Educação Universitária e
o Recrutamento Militar. Para obter uma classificação mais precisa, pode-se es-
crever (373.6+378]:355.27 para representar o primeiro assunto e, para repre-
sentar o segundo assunto, 373.5+[378:355.27].
Para tornar claro que os Impostos são relativos ao Café e ao Mate, pode
ser empregado 336.2:(633.73+633. 77], em lugar de 336.2:633.73+ô33.77.
Na prática, é possível suprimir um dos colchetes. Exemplo:
633. 73+633. 77]338.
Perreaut utilizou o seguinte exemplo:
017.11(94);6.05] Catálogo coletivo Australiano de Periódicos Cientí-
ficos.
Nos suplementos à CDU, encontramos os exemplos seguintes:
622+669)(4851 Mineração e Metalurgia na Suécia
622+669)(485):31 Estatística (combinada) da Mineração e Me,
talurgia na Suécia
31 :[622+669](485).
Um exemplo mais complexo foi apresentado por Wellisch e é:
[[05:32]:[07:8]](72) Periódicos Políticos e Jornalismo Literário
na Itália,
Na realidade, a utilização dos colchetes com esta última finalidade é
freqüentemente, um preciosismo na classificação, pois a diferença na interpre~
tação dos símbolos causa poucas alterações.
O colchete também foi usado para fixar a posição de um símbolo, não
havendo necessidade de·entrada pelo segundo símbolo, mas para isto existe
hoje o sinal dois pontos duplos. .
Encontramos sugestões do emprego de parênteses duplos _ (( )) _ em
substituição aos colchetes, quando, utí!izando máquinas de escrever, que nor•
malmente não trazem este sinal, mas não parece acons.elhável.

8.3.6 DOIS PONTOS DUPLOS. Os dois pontos duplos podem ser empregados
como sinal de fixação da ordem (arder fixing sign), com a mesma finalidade
128
atribuída no item 3 ao sinal colchetes, para indicar que não há necessidade de
ser feita entrada, Invertendo o símbolo de classificação. Exemplo:
38::633.73

8.3,7 APOSTROFO, A partir de 1964, a CDU passou a admitir o apóstrofo,


como sinal de concentração ou fusão de idéias. Seu .emprego é restrito àqueles
pontos do sistema em que está expressamente •indicada a sua utilização. En·
contra mos esta permissão em 329, 546, 547, 666.113.667 .6, 669 e 678. ·
O apóstrofo permite a supressão dos caracteres comuns a dois símbolos
que não são consecutivos. Exemplos:
329.11 '21 Partido Político com Tendências Conservadoras e Monar•
quistas (símbolos 329.11 e 329.21)
546.561 '131 Cloreto de cobre (símbolos 546.961 e 546.131 ).

8,3.8 ASTERISCO. Emprega••• o asterisco panr indicar símbolos criados no lo·


cal, que não constam das tabelas da CDU. Exemplos:
523.45·87*3 Júpiter - Satélite 3
546.42*90 Estrôncio 90.
Não convém modificar a CDU localmente, pois torna os símbolos inde·
cifráveis pelos não-iniciados.

8.3,9 PONTO. O ponto é empregado na CDU com duas finalidades:


1. para separar os números de classificação em grupos_de três algarismos;
2. como parte integrante de indicador-de-faceta, na tàbela .auxiliar co·
mum de ponto de vista e em tabelas analíticas especiais, quando po·
de aparecer após um ou dois algarismos.

8,3,10 RETIC~NCIAS. Reticências são usadas para dal:s extremas, quando não
podem ser precisadas. Exemplo:
" .. ./1964"

8,4 SUBDIVISÕES ALFABÉTICAS E NUMÉRICAS

A CDJJ admite subdivisões alfabéticas individualizantes, em muitos dos


seus números principais, como, por exemplo, em ~iografia, Filosofia, Música,
. Pintura, Literatura, empregando nomes de pessoas, nomes geográficos, títulos
de obras literárias etc. Exemplos:
129
025.45CDU Classificação Decimal Universal
92Schiller, F. Biografia de Friedrich Schiller
19Schopen.hauer, A. Obras Filosóficas de Arthur Schopenhauer.
A extensão alfabética também pode ser feita ãs subdivisões geográficas.
Exemplo:
336,2(815.32Cabo Frio) Impostos da Cidade de Cabo Frio.
É possível, também, acrescentar outros tipos de símbolos individuali-
zantes. Exemplos:
656.222.5(43)NC/ 123 Horário do Trem nQ 123 da Alemanha
336(816.4)(094.5)NQ 899 Código de Contabilidade do Estado da Gua-
nabara (Lei nQ899). ·

Em alguns pontos do sistema, a extensão individualizante é determinada


nas tabelas, ma\ Karl Fill, na introdução ã edição média brasileira, admite o
seu emprego em qualquer ponto da classificação.
1nfelizmente, as instruções é os exemplos encontrados nas várias edições
da CDU não orientam suficiente quanto ã forma das subdivisõés individuali-
zantes. Os nomes próprios podem aparecer abreviados ou por extenso, entre
parênteses ou não, separados dós caracteres precedentes por espaço ou não,
na língua original ou traduzidos, invertidos ou ria ordem direta. Exemplos:
340.96 (Lebeau-Marlet) Ed. Desenv.. Francesa - 3, 1952
19Schopenhauer Ed. Desenv. Port. -1,1963
19Schopenhauer, Arthur Ed. Desenv. Port. - l, 1963
869.0Cristovam Falcão Ed. Abrev. Port., 1961
840M7M Ed. Desenv. Alemã - 8
830Goethe7Faust Ed. Desenv. Alemã - 8
92Schiller Ed. Média Por\., 1976
92Schiller, Friedrich Ed. Média Port., 1976.
O sistema admite o emprego da inicial, em lugar do nome por extenso,
quando este aparece na referência bibliográfica, onde deve, então, ser subli-
nhado. Sublinhar, depois da ficha datilografada, não é rotina fácil de manter.
Sugerimos as seguintes normas básicas:
1. não deixar espaço entre os caracteres precedentes e a extensão alfa-
bética ou numérica. Exemplo:
92Lincoln, A.
2. incluir os nomes de pessoas, entidades e lugares na forma estabeleci·
da pelo código de catalogação adotado, quanto ã língua e ã inversão.

130
Exemplo:
19Arist6teles
3. abreviar os prenomes, quando não houver possibilidade de confusão
entre personagens. Exemplo:
830Goethe, J. W.
4. representar por iniciais os sobrenomes incluídos após a vfrgula·da in·
versão. Exemplo:
869.0(811 Rego, J. L. do
5. empregar s6 os títulos para os nobres mais conhi!cidos por esta for•
ma. Exemplo:
92Rio Branco, Barão do
6. entrar os monarcas pelos prenomes em português (conforme o
AACR), seguidos do auxiliar de lugar e do ordinal (ver classé 9 da
Ed. Desenv. Alem§). Exemplos:
Pedro(81)11
Luís(44)XV
7. representar os nomes de entidades por iniciais. Exemplo:
061.2(1001 :002FID
8. apresentar o título de obras literárias na forma original. Exemplo:
840Hugo, V. 7 La femme de 30 ans
9. dar em português ou, excepcionalmente, optar pela forma latina, os
nomes científicos, os nomes de objetos, produtos, plantas, animais,
planetas etc. Exemplo:
597 .536Hippocampus.

8.6 TABELAS ANALITICAS ESPECIAIS

A CDU even.tualmente faz uso de tabelas analíticas especiais, isto é, sé-


ries de símbolos destinados a subdividir determinado grupo de símbolos prin·
cipais.
As subdivisões analíticas especiais são iniciadas por ,O (ponto zero) ou
por·. (hífen) e são anexadas no fim do símbolo de classificação básico.
Os números analíticos especiais, iniciados por -1/-9 são empregados pa·
ra simbolizar elementos, componentes, propriedades e outros detalhes.

131
Os analíticos especiais, com ,01/.09 representam aspectos, atividades,
processos, operações, instalações, equipamentos etc.

Exemplo 1
Em 22 (Blblia), encontra-se uma tabela analítica especial, destinada à
subdivisão da Bíblia, suas partes e livros, como veremos a seguir.
Tabela Principal ·· Tabela Analítica Especial
22 Blblia .01 Introdução. Iniciação .
221 Antigo Testamento 1nterpretação
222 Livros Históricos .011 Cânon
,1 Pentateuco .012 Inspiração
.11 Gêneses .02 Análise e Sinopse. Har-
.5 Reis monias, Paralelismo
223 Livros Poéticos .03 IÍldice. Tabelas, Glossários,
,9 Cântico dos Cânticos Concordâncias
226 Evangelhos .05 Traduções
226.4 São Lucas. .07 Comentários
Aplicando as tabelas acima, teremos:
22,03 Concordância da Blblia
221.03 Concordância do Antigo Testamento
222.6.03 Concordância dos Livros dos Reis
222.1,05 Tradução do Pentateuco
226,07 Comentários aos Evangelhos
223.9.012 Inspiração dos Cânticos dos Cânticos.

Exemplo 2
Na classe 8, encontramos uma tabela analítica especial, destinada à sub-
divis§o das diversas Iínguas, 802/809. Vejamos o seu emprego,
Tabela Principal Tabela Analítica Especial
802 Llnguas Ocidentais -087 Dialetos
802.0 Inglês -1 Ortografia
803.0 Alem§o -14 Sistemas e Reformas
803.97 Sueco Ortográficas
806,90 Português -19 Pontuação
809.162 Irlandês ·2 Partes do Discurso
809,27 Árabe -22 Substantivos
809,51 Chinês ·26 Verbos
·5. Gramática
132
Aplicando as tabelas acima, poderemos ter:
802.0-087 Dialetos do Inglês
806.0-087 Dialetos do Espanhol
806.90-14 Reforma Ortográfica do Português
809.162-5 Gramática do Irlandês
802.0·5 Gramática Inglesa.
Existem ainda duas tabelas analíticas especiais, aplicáveis a todo o siste·
ma, convertidas a auxiliares comuns, apresentadas ao lado destes nas edições
médias; são as tabelas de Materiais e de Pessoas e Características Pessoais.
Exemplos:
797.2-032.25 Natação em Água Doce
343.71-053.6 Furtos Cometidos por Adolescentes
7 .071-055.3 Artistas Homossexuais. 1

8.6 TABELAS AUXILIARES COMUNS

O assunto é obrigatoriamen.te representado por um símbolo tirado das


tabelas principais, mas o sistema o·ierece 'tabelas de subdivisões auxiliares co·
muns, que permitem subdividir os assuntos, limitando-os quanto ao Ponto de
Vista, Lugar, Raça, Tempo, Forma e Língua.
As tabelas auxiliares comuns só devem ser utilizadas, quando as tabelas
principais não oferecem classificações adequadas aos assuntos.
Os símbolos destas tabelas podem ser unidos a outros símbolos das mes•
mas tabelas pelos sinais +, / e : .

8,6.1 PONTO DE VISTA, Os símbolos da Tabela auxiliar Comum de Ponto de


Vista são constituídos por ,00 (ponto, zero, zero), seguido de um ou mais ai·
gafismos. Indicam os aspectos sob os quais foram estudados determinados as•
suntos e são acrescentados ao símbolo do assunto; tirado das tabelas princi·
pais.
Atualmente existem símbolos de pontos de vista precedidos por .000
para Ponto de Vista do Autor ou escritor.
Os principais símbolos de ponto de vista são:
,000 Ponto de vista do autor ou escritor
,001 Ponto de vista teórico, finalidade, objetivos etc .
.002 Ponto de vista prático, de realização, execução, produção, maté·
ria-prima, produtos etc.

133
.003 Ponto de vista econômico e financeiro
.004 Ponto de vista da utilização e funcionamento
.005 Ponto de vista da instalação e equipamento
.006 Ponto de vista do local e situação espacial
.007 Ponto de vista do pessoal
.008 Ponto de vista da organização
.009 Ponto de vista moral e social.
Çombinando os números auxiliares comuns de ponto de vista com os
símbolos das tabelas principais, obtêm-se classificações, como as seguintes:
663.2.008 Administração de Indústria de Vinhos
622.007 A Mão-de-Obra nas Minas
330.85.000.282 As Doutrinas Marxista-Leninista Vistas por
Católicos.

8.6.2 LUGAR. As Tabelas Auxiliares Comuns de Lugar servem para precisar o


âmbito geográfico do assunto indicado pelo número principal.
Os auxiliares de lugar são constitu(dos por números entre pàrênteses,
Exemplo:
622(81) Mineração no Brasil.
Esta tabela se inicia pelos símbolos (1), significando o Mundo, e (100)
representando o conceito Internacional, seguidos de s(mbolos para Espaço
Cósmico, Meridianos, Paralelos e Quadrantes, Superfícies e Medidas. Seguem-
se os símbolos iniciados por (2), que indicam lugares tísicos. Exemplos:
(22) Ilhas
(23) Montanhas
(234) Montanhas da Europa
(234.12) Pirineus
(282,281.3) Rio Amazonas.
Iniciando-se com o algarismo (3), vêm os países do mundo antigo.
Exemplos:
(37) Roma Antiga (Império Romano)
(354) Babilônia
(352) Assíria.
Os países do mundo moderno são indicados por símbolos entre (4/9),
divididos primeiro pelos continentes, na seguinte ordem:
(4) Europa
(5) Ásia

134
(6) África
(7) América do Norte e Central
(8) América do Sul
(9) Oceania.
Subordinados ao número do continente, cada pais recebeu um símbolo
próprio. Exemplos:
(439) Hungria
(549) Paquistão Ocidental
(63) Etiópia
(73) Estados Unidos
(81) Brasil
(94) Austrália.
Alguns países possuem números próprios para seus estados, províncias,
regiões, munlclpios etc. Exemplos:
(773) Estado de Illinois
(817) Região Centro-Oeste do Brasil
(817.2) Estado de Mato Grosso
(817.21) Munic/plo de Cuiabá.
Os estados, municípios etc. que não possuem símbolo próprio podem
ser indicados pelo ácréscimo do seu nome ao símbolo da divisão geográfica
que os contém. Exemplo:
(816.12Campinas)

Existe, ainda, uma série de subdivisões analíticas especiais, precedidas


de traço (hífen), aplicáveis aos auxiliares geográficos, para precisá-los, indican·
do zonas, posição, divisões administrativas, agrupamentos, dom /nios etc. Es•
tas subdivisões não podem ser utilizadas isoladamente, têm, forçosamente,
que estar ligadas a um símbolo geográfico entre (1/9). Exemplos:
(1-04) Zonas Fronteiriças em Geral
(46-04) Fronteiras da Espanha
(1-5) Colônias, Domínios, Protetorados em Geral
(44-5) Colônias da França
(1 · 77) Países Subdesenvolvidos em Geral
(6-77) l'alses Subdesenvolvidos da África.
Os símbolos geográficos podem ser ligados entre si pelos sinais+,/ e : .
A aplicação dos auxiliares de lugar leva a c_lassificações como as seguintes:
685.3(816.12Franca) Indústria de Calçados em Franca (São Paulo)

135
342.4(44:81) 1nfluêncla da Constltulçâ'o Francesa na Brasi•
leira
378(44+469+81) Ensino Superior na França, em Portugal e
no Brasil
382(71 :81) Comércio do Canadá com o Brasil
382(71/72) Comércio Externo do Canadá e do México
com Diversos Pa (ses
342.4(410+44) Constituições da Grâ'·Bretanha e da França
_799. 1 (282.272. 7) Esporte da Pesca no Rio Mississlpl.
Não existe uma ordem para a apresentaçâ'o dos símbolos ligados por +
ou : , pois devem ser feitas várias entradas. Exemplos:
327(81 :44) Relações Políticas entre o Brasil e a França
327(44:81)
329(41 o+ 73) Partidos Políticos da Grã-Bretanha e dos Es-
329(73+410) tados Unidos

Nâ'o havendo intençâ'o de fazer entradas móltiplas, aconselhamos apre·


sentar os símbolos geográficos em ordem crescente (a ordem do título do do·
cumento nâ'o deve ser levada em consideração), mas dar sempre a primeira po·
slção ao Brasil,
As subdivisões geográficas podem ser utilizadas de modo a alterar a or·
dem de citação. Exemplo:
329.14(81) ou 329(81 ).14 Partido Trabalhista Brasileiro.

8,6,3 RAÇA E NACIONALIDADE. Os símbolos para raça e nacionalidade são


apresentados entre pariinteses, precedidos de sinal igual (=). Servem para de·
signar raça e nacionalidade e são anexados ao símbolo do assunto, tirado das
tabelas principais.
Os símbolos de raça são formados pelos símbolos da língua de determi·
nado povo, como aparecem na tabela principal de Lingüística (classe 8), supri-
mindo-se o 80 inicial. Exemplos:
809.6 Línguas Africanas
(=96) Raça Negra
809.24 Língua Hebraica
(=924) Israelitas.
A nacionalidade é indicáda pela união do símbolo geográfico ao símbo-
lo (=1 .... ). Exemplos:

136
(=1.81) Brasileiros
(=1.352) Assírios.
Nações que possu·em ·naturais de div~rsas origens podem tê-los especifi·
cados pelo acréscimo do símbolo da raça original ao símbolo da nacionalida-
de. Exemplos:
(=1.494=30) Suíços Alemães
(=1.81=50) Brasileiros de Origem Italiana.
Pode-se utilizar o mesmo tipo de síntese para representar habitantes de
determinadas regiões fisiográficas. Exemplo:
{=1.211) Habitantes de Regiões Polares.
Encontram-se também símbolos para mestiços, mulatos, povos coloniais,
cosmopolitas etc.
Empregando auxiliares de raça obtêm-se classificações, tais como:
342.81 (=96) Direito Eleitoral Aplicado a Negros
331.051 (=924) Trabalhadores Israelitas
398.332.42(=924) Celebração do Ano Novo Israelita
169.9(=951) Psicologia da Raça Chinesa.
Certos temas, como costumes e asp,ctos psicológicos e antropológicos
pertencem à raça.
O símbolo' de nacionalidade só será usado quando necessário, quando o
símbolo de lugar não expresse perfeitamente o tema do documeato.
Os símbolos de raça e nacionalidade só devem ser empregados quando
for necessário especificar estes dois fatores, mas, na maioria dos casos, aplica-
se o símbolo de lugar.

8,6,4 TEMPO. I; possível indicar o século, a década, o ano, o mês, o dia, ases-
tações etc. quando o assunto do documento o exige. Estas indicações apare-
cem entre aspas. .
O período anterior a Cristo e a Era Cristã,_de modo geral, são indicados
pelos .símbolos "-" e "+", respectivamente.
As datas anteriores à Era Critâ' são sempre precedidas pelo sinal - (me-
nos). Exemplo:
"-0372" Ano 372 antes de Cristo.
Indicam-se os séculos empregando sempre dois algarismos, entre aspas,
escolhendo-se os dois primeiros algarismos empregados para escrever os anos
do século. Exemplo:
"03" Século IV (anos 300 a 399)

137
"-02" Século 111 (antes de Cristo)
"14" Século XV (anos 1400 a 1499)
"19" Século XX (anos 1900 a ·1999),
As décadas são indicadas pelos primeiros três algarismos. Exemplos:
"180" Década de 1800 a 1809
"193" Década de 1930 (anos 1930 a 1939)
"197" Década de 1970 (anos 1970a 1979),
Os anos são sempre representados por quatro algarismos, Exemplos:
"1900" Ano de 1900
"1977" Ano de 1977
"0469" Ano 469 da Era Cristã
"'..-0090" Ano 90 antes de Cristo.
P.ode·se Indicar determinado dia, utilizando sempre dois algarismos para
os meses e dois algarismos para os dias. Exemplos:
"1822.09.07" 7 de Setembro de 1822
"1900.12.25" 25 de Dezembro de 1900.
Pode-se precisar determinado segundo, indicando ano, mês, dia, hora,
minuto e segundo, utilizando-se dois algarismos para os últimos três. Deixa-se
um espaço separando a data da hora. Exemplos:
"1975.12.31 .23.08.05" Vinte e três horas, oito minutos e cinco se·
gundos do dia 31 de dezembro de 1975.
Quando se deseja indicar um período, empregam-se as datas extremas
unidas pela barra oblíqua. Exemplos:
"04/14" Idade Média (Do século V ao século XV)
"1930/1945" Entre os a·_ ,s de 1930 e 1945 (Época Getulista)
"193/194" Décadas de 1930e 1940 (de 1930a 1949).
Quando uma das datas-limite é incerta, podP. ser substituída por reticên·
cias. Exemplo:
". , ./1950" Antes de 1950.

O sinal mais também é aplicável ãs datas. Exemplo:


550.3(1920+1976) Os Terremotos de 1920 e 1976.
A tabela de tempo apresenta símbolos para diversos tipos de conceito
de tempo, tais como estações, duração, periodicidade, tempo geológico e ar·
queológico etc. Exemplos:
"322" Verão

138
"414.221" Noturno
"54-03" Trimestral
"342, 7" Domingo.
Os auxiliares de tempo não são empregados isoladamente, servem para
precisar a classificação do assunto do documento, datando os fatos relatados,
sem ligação com a data da publicação. Exemplos,.
981 "15/17" História do Brasil nos Séculos XVI, XVII e XVI 11
981 ".1822/1889" História do Brasil-Império
338:633.73"1976" Produção de Café em 1976.

8.6.5 FORMA, Os números auxiliares de forma servem para representar a for-


ma sob a qual está apresentado o documento ou o assunto. ~stes símbolos
são indicados entre parênteses e precedidos de zero. Exemplos:
(042.5) Palestras, Discursos
(091) História
(05) Periódicos
(038) Dicionários Especializados.
Acrescentados aos slmbolos dos assuntos, tirados das tabelas principais,
estes símbolos levam a classificações como as seguintes:
61 (091) História da Medicina
32(042.5) Discursos Políticos.
A forma Teoria e Filosofia de um assunto não existe na Tabela de Sub-
divisões Comuns de Forma; é obtida pela utilização da subdivisão especial .01,
como está explicado na introdução da classe 1 (Filosofia). Exemplo:
51.01 Filosofia da Matemática.
Não existe subdivisão de forma para bibliografia. A forma Bibliografia
é obtida pelo relacionamento do assunto com o número principal 016 (Biblio-
grafia). Exemplo:
016:51 Bibliografia de Obras de Matemática.
A mesma prática é seguida na classificação de Congressos e Reuniõ~s se-
melhantes. Exemplo:
061.3:61 Congresso de Medicina.
A CDU possibilita compor um símbolo auxiliar de forma não prevista
na Tabela de Auxiliares Comuns de Forma, empregando os símbolos (O:) se•
guido de números tirados das tabelas principais. Exemplos:
(0:091) Sob a Forma de Manuscrito

139
(0:094) Sob a Forma de Obra Rara
(0:820-3) Sob a Forma de Romance de Literatura Inglesa.
Esses slmbolos servem para classificações como as seguintes:
92Fouché(0:830-3) Biografia ·de Fouché sob a Forma de Romance
da Literatura Alemã
54(0:091) Manuscrito .sobre Ou (mica
343.614(0:82-1) Poesia sobre Suicídio.
As Tabelas de Auxiliares Comuns de Forma possuem subdivisões anal/·
ticas especiais, aplicáveis aos seus s/mbolos. Exemplos:
54(088.8.072) Explicações sobre Patentes no Campo da Quí-
mica
30(038.074) Aditamentos à Dicionário de Sociologia.

8.6.6 LINGUA. A língua em que está escrito o documento pode ser indicada,
empregando-se o auxiliar comum da 1/ngua. Este é formado substituindo-se o
80 inicial, da classe principal 8, pelo sinal igual. Exemplos:
806.0 Llngua Espanhola =60 Auxiliar para Espanhol
803.959 Llngua Irlandesa =395.!')· Auxiliar para Irlandês
806.90 Língua Portuguesa =690 Auxiliar para Português
Em alguns pontos da classificação, a subdivisão por língua é indispensá·
vel, mas na maioria dos casos não é necessária, pois o texto da referência bi-
bliográfica já esclarece a Iíngua do documento.
Tratando-se de publicação em mais de uma língua é possível mencionar
o fato. Exemplo:
54(038)=20=30=40 Dicionário de Química em Inglês, Alemão e
Francês.
Geralmente os auxiliares de língua, nestes casos, são apresentados na ar•
dem numérica crescente.
A fim de indicar a língua da qual foi feita uma tradução pode-se usar o
slmbolo =03, seguido do símbolo da língua em questão. Exemplos:
7=03.690 Obras sobre Arte Traduzida do Português
7=03.40=82 Obra sobre Arte em Russo, Traduzida do Fran-
cês.

8.6.7 AUXILIARES DE MATERIAIS E DE PESSOAS. Duas tabelas analíticas eS·


peciais converteram-se em tabelas auxiliares comuns, podendo ser usadas para
subdividir qualquer símbolo da tabela principal. São a tabela de materiais, em·

140

i
1
pregada para indicar os materiais de que são feitas as coisas, e a tabela de pes·
soas, para especificar características individuais.

8,7 ORDEM DE CITAÇÃO

A CDU estabeleceu uma ordem de citação, chamada ordem horizontal,


para união de s(mbolos principais e auxiliares, que apresentamos a seguir:
1. número principal;
2. analíticas especiais com .O;
3. anal (ticas especiais com ·;
4. subdivisões auxiliares comuns, na ordem abaixo:
- Ponto de Vista
- Lugar
- Raça
-Tempo
- Forma
- Língua.
Exemplos:
342.4(81) "1946"(043.5)=20 Tese sobre a Constituição do Brasil, de,
1946, Escrita em Inglês
368.42.008(81) "1966"(058) Anuário de Organização de Seguros·
Doença, no Brasil, para 1966
685.3.007(816.1) "196"(046)=50 Artigos de Jornais sobre Mão·de·Obra,
na Indústria de Calçados de São Paulo,
entre 1960 e 1969, Escrita em Italiano.
A ordem de citação acima é a mais recomendável, mas é alterável, pro·
positalmente, quando se deseja obter uma ordem de citação diferente. Pode-se
desejar ordenar pela data de publicação, separar documentos por língua ou
pela forma etc. Exemplos:
(05)327 (81) "19"=30
=30=327(81 )"19"(05)
"19"327 (81 )(05)=30
(81 )327"19"(05)=30

8.8 fNDICES

As três primeiras edições desenvolvidas da CDU possuem índices gerais,


mas as demais só trazem índices para 'cada uma das classes publicadas.

141
As edições médias e abreviada_s aparecem acompanhadas de índices ge•
rais e a edição abreviada trilingüe apresenta três índices, um em cada uma das
línguas das tabelas. Em geral os índices da CDU não são bons.

8.9 ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO

A CDU modifica-se constantemente, sofrendo acréscimos e correções,


mas, como norma, os símbolos cancelados não são utilizados para representar
outrQ_ conceito antes de decorridos dez anos.
As propostas de alterações devem ser enviadas às comissões nacionais,
que após as estudarem e aprovarem, remetem-nas à Comissão Central de Clas-
sificação da FID (FID/CCC), que as distribui a tódas as demais comissões na-
cionais, sob a. forma de P-Notes. Após quatro meses, não havendo oposição, a
modificação é considerada aceita.
As comissões brasileiras (IBICT/CDU) e portuguesa- (Port./CDU) man:
têm um acordo bilateral de consulta mútua, anterior ao envio de qualquer
projeto à FID/CCC. .
As alterações feitas, desde a publicação da primeira edição alemã até ju-
lho de 1949, estão reunidas num suplemento àquela edição, intitulado Ergan•
zungen, publicado em 1951.
A partir de 1949, a FID reúne as P-Notes aprovadas e as publica no pe-
riódico Extensions and Coáections to the UDC.
As Extensions and Corrections to the UDC, iniciadas com as alterações
feitas a partir de agosto de 1949 (P-Note 411), são divididas em séries cada sé•
rie subdividida em números cumulativos, isto é, cada novo número incluindo
além de novas modificações a matéria.divulgada nos números anteriores, mas
as P-Notes publicadas em uma série não aparecem nas s_éries seguintes.
As primeiras oito séries constavam de seis números semestrais e cumula-
dos, mas a partir de 1975, na nona série, as Extensions and Corrections to the
UDC passaram a ser publicadas anualmente, com acumiJlações bi e trianuais,
constando cada série de três números.
Para conhecer as alterações apresentadas nas Extensions and Corrections
to the UDC, consulta-se o número 6 das séries 1 a 8 e o último número publi·
cada das séries seguintes.
A 18 ICT /CDU prometeu divulgar em português o-texto das Extensions
and Corrections to the UDC, a partir da série nove, número 2, mas até hoje
isto não vem sendo feito. Nem mesmo somos informados se a 181 CT /CDD
continua a se reunir.
Em 1967, a FID publicou o Cumu/ated UDC Supp/ement, 1964, em

142
seis volumes, reunindo as modificações divulgadas no Erg8nzungen e nas séries
1 a 5 das Extensions and Corrections to the UDC. Seguiu-se, e'!' 1976, o
Cumu/ated UDC Supplement, 1965-1975 (5 vols.), incluindo as alterações
propostas entre 1965 e 1975 (séries 6 a 9 nQ 1).
As edições desenvolvidas podem ser atualizadas acrescentando as modi-
ficações encontradas nos Cumulated UDC Supplements, até 1975 e Exten-
sions and Corrections posteriores.
As edições abreviadas são atualizadas até 1968 pelo 10 Years Supp/e-
ment to Abridged UCO Editions, 1958-1968, mas ainda está em aberto o
problema de atualização destas edições após 1968, bem como a atualização
das·edições médias.
Cada edição da CDU, ao ser publicada, aparece atualizada até uma data
próxim11 a de sua publicação. A edição média em Iíngua portuguesa, publicada
em 1976, está atualizada até a Série 8, nQ 2, propostas autorizadas até junho
de 1972.
Ultimamente as publicações trazem esta informação, mas nem sempre
foi assim.

8.10 ORDEM DE INTERCALAÇÃO

A.ordem de intercalação, freqüentemente chamada ordem vertical, con-


siste basicamente, em apresentar primeiro os assuntos mais gerais e mais inclu•
sivos e seguir na direção dos mais específicos.
Segue-se a ordem dos números decimais e, quanto à intercalação dos
auxiliares comuns, utiliza-sé uma ordem que é o inverso da ordem de citação.
A edição média em língua portuguesa apresenta a seguinte ordem de
intetcalação:
+ mais abrangente do que o número simples 622.33+662.74
/ mais abrangente do que o número simples 622.33/.34
nQ número simples 622.33
restringe o assunto 622.33:338.97
[l re~tringe o assunto 622.33(338.97]
= restringe quanto à língua do texto 622.33=30
(O ... ) restringe qu~nto à forma 622.33(021)
· 622.33(430)
.(1/9). restringe quanto ao lugar
restringe quanto ao tempo 622.33"18"
A/Z restringe individualizando 622.33Gluckauf
restringe quanto ao aspecto do assunto 622.33-78
restringe.quanto ao ponto de vista 622.33.004.8
Ἴ
143
.O restringe quanto ao aspecto do assunto 622.33.04
restringe quanto ao âmbito do assunto (apóstrofo)
1/9 restri~ge o assunto (subdivisões) 622.331.
A FIO permite trocar a posição de intercalação dos símbolos auxiliares
de lugar e tempo.
A edição abreviada em língua portuguesa apresenta diferença na ordem
de intercalação, pois inclui o auxiliar comum de ponto de vista antes das ana·
líticas especiais com hífen.
Na literatura especializada encontram-se algumas restrições quanto à
ordem proposta pela FID, tais como:
a. um s(mbolo com sinal mais pode ser menos inclusivo do que ou-
tro com barra e, neste caso, deve aparecer depois de símbolo com
a barra;
b. as subdivisões alfabéticas, sendo individualizantes e restritivas, de-
veriam aparecer no fim;
c. o sinal colchete, usado para intercalação, limita o âmbito do as-
sunto, e, assilll sendo, deveria ser deixado para o final.
Ds sinais dois pontos, colchetes e apóstrofo têm empregos semelhantes,
servem para criar símbolos que diminuem o âmbito do conceito, deveriam,
pois, aparecer juntos e próximos às subdivisões ·decimais.
Apresentamos, a seguir, um exemplo ITlais elaboradq de ordenação de
símbolos da CDU. ·

329+35 329(81) "1977"(04)


'329+8 329(81 )"1977"(04)=20
329/35 329"18/19"
329/34 329"18/19" (04)
329:37 329"18/19"(04)=20
329(37) 329(81 )ARENA
329=20 329-055.1
329=30 329.055.2
329(03) 329,008
329(04) 329.11 +329.21
329(04)=20 329.11
329(04)=30 329.11 (81)
·329(73) 329.11"19"
329(81) . 329.11'21
329(81) "18/19" 329.12
329(81)"19" 329.12(81)
329(81) "1977" 329.12(81 )"19".
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1970. .

146
9
Charles Ammi Cutter (1837-1903), um dos maiores bibliotecários nor•
te-americanos, distinguiu-se por seus trabalhos, tanto no campo da cataloga·
ção como da classificação.
Foi autor do segundo código de catalogação norte-americano, o Rufes
for a Dictionary Cata/og (4~ ed. Wash. U. S. Govt. Print. Off., 1904). publica•
do inicialmente em 1876, obra a que ainda recorrem os estudiosos de catalo-
gação, reeditada em 1967 pela Library Association, e foi o criador do catá-
logo-dicionário, utilizado pela primeira vez na biblioteca do Boston Athe•
naeum.
Compilou as tabelas para individualizar autores, preservando a ordem
alfabética, os números de Cutter, utilizadas na formação de números de cha•
mada, usadas nas bibliotecas brasileiras, geralmente na versão de Kate San-
born. Criou um sistema de classificação, denominado Expansive Classification
(Classificação Expansiva), após a publicação da classificação de Dewey, em
1876, que não aprovou, especialmente devido à notação decimal, sobre a
qual afirmou: "Sua notação não permite a minuciosa classificação que a expe-
riência me ensinou ser necessária às nossas bibliotecas. Não gostei (e não gos·
to) da classificação de Dewey". ·
A Classificação Expan·siva consiste em sete classificações, cada uma mais
minuciosa do que a precedente; a primeira muito geral, a segunda menos ge-
ral, a terceira ainda menos e assim sucessivamente até a sétima classificação,
que é bem detalhada.
Segundo Cutter, sua classificação é "aplicável a coleções de todos os ta·
manhas, da biblioteca municipal, no seu primitivo estágio, à biblioteca nacio-.
nal, com milhões de volumes",
A idéia era aplicar a primeira classificação ao iniciar-se a coleção, passar
ã segunda -quando esta crescesse um pouco, seguir para a terceira ao aumentar
o acervo, e assim sucessivamente, até que tosse necessária a utilização da sé·
tima classificação.
A publicação do sétimo sistema, que estava sendo elaborado com o au•
xflio de. espeGialistas nos vários assuntos, não foi completada, devido à morte

146
de Cutter e a do seu sobrinho, William Parker Cutter, que havia tentado com•
pletar o trabalho, após a morte do tio.
O titulo da classificação - Classificação Expansiva - deve-se à possibi·
lidade do sistema se expandir à proporção que a biblioteca cresce.
Cutter não justificou a ordem das suas classes principais, mas alguns es-
tudiosos, reportados por Sayers, a explicam do seguinte modo: partindo do
caos, representado pelas Obras Gerais (A). presumindo-se a existência do Ho-
mem, este toma êonsciência da sua própria existência e desenvolve sua mente
criando a Filosofia (B); interroga-se sobre sua origem e a resposta encontrada
é a existência de um Deus, surgindo a Religião (BR); interessa-se pela sua vida
como indivíduo aparecendo a Biografia (E); examina o meio em que vive,
dando origem à História (F) e à Geografia (G); estuda suas relações com os
companheiros e temos as Ciências Sociais (H-K}; volta sua atenção para as for-
ças que governam a natureza, surgindo as Ciências (L-0); preocupa-se com os
meios de subsistência e surgem as Artes Úteis (R-U}; e, por último, atinge o
estágio de criar e aparecem as Belas Artes (W) e sua expressão máxima, a li·
teratura (Y).
Cutter considerou seu sistema como evolucionista e afirmou: "A Clas-
sificação Expansiva segue sempre a idéia evolucionista da História Natural, co-
locando as partes de cada assunto na ordem em que esta teoria indica para o
seu aparecimento na natureza. A Ciência progride da molécula para o "mo-
lar", dos números para o espaço, da matéria e força para a matéria e vida; a
Botânica vai dos criptógamo~ aos fanerógamos; a Zoologia vai dos protozoá-·
rios aos primatas, finalizando com a Antropologia. A arte do livro segue a his-
tória do livro da sua produção (autoria, redação, impressão e encadernação),
passando pela distribuição (publicação e venda). armazenagem e utilização nas
bibliotecas públicas e particulares para finalizar na sua descrição, isto é,
Bibliografia, dividida em geral, nacional, especializ;o(.J e seletiva. A Economia
também segue uma ordem natural: população, produção, distribuição das
coisas produzidas, distribuição dos retornos, propriedade e consumo. As Belas
Artes são distribuídas em àrteS de sólidos - Paisagismo, Arquitetura, Escult_u•
ra, Modelagem -, artes dos planos - Pintura, Gravura etc. - e artes mistas,
artes menores e semi-industriais".
"Exemplo semelhante de lógica, ou se preferido, de ordem natural,
são: a colocação pa Bíblia entre o Judaísmo - ao qual pertence a primeira
parte, o Velho Testamento - e o Cristianismo, cujos livros sagrados formam a
segunda parte. Há muitas destas transições, algumas delas, pelo menos, novas
em classificação. Não são meros engenhos do agrado do idealizador, têm um
certo· valor prático, pois reúnem livros que podem ser desejados ao mesmo
tempo."

147
A classificação de Cutter influenciou os criadores da Classificação da Bi•
blioteca do Congresso dos Estados Unidos, cujas classes principais seguem, em
parte, a ordem apresentada na Classificação Expansiva.
Em 1931, segundo Sayers, a Classificação Expansiva estava sendo usada
por cerca de cem bibliotecas nos Estados Unidos, mas tende a cair etn desuso,
devido à falta de atualização.

9,1 EDIÇÕES

Os seis primeiros sistemas foram P.ublicados jUntos, com um índice rela-


tivo comum, sob o título Expansive C/assification. Part /: The First Six Classi•
fication (Boston, A. C. Cutter, 1891-93).
As várias classes do sétimo sistema foram publicadas em fascículos in-
dependentes, com o título geral de Expansive C/assification. Seventh C/assi-
fication (Northampton, 1896-1911). mas a obra ficou inacabada.

9.2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

A notação da Classificação Expansiva é mista, constituída de letras


maiúsculas, algarismàs arábicos e ponto.
As classes principais são marcadas por letras maiúsculas, bem como suas
· subdivisões (na realidade Cutter empregou maiúsculas de menor tamanho para
as subdivisões). Exemplos:
V Artes Recreativas R Artes Úteis
· VD · Esportes Exteriores RT Artes Elétricas
VDA Camping RTD Dínamos. Baterias
Algarismos são empregados para as subdivisões geográficas e as subdivi•
sões de forma, na sétima classificação. O ponto é utilizado para indicar as sub-
divisões de forma.
As primeira e segunda classificações consistiam nas seguintes classes:
PRIMEIRA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDA CLASSIFICAÇÃO
A Obras de Referência. A Obras de Referência etc.
Obras Gerais
B Filosofia e Religião B Filosofia e Religião
E Ciências Históricas E Biografia
F História
G Geografia
H Ciências Sociais H Ciências Sociais

148
L Ciências e Artes (úteis e belas) L Ciências Físicas
M História Natural
a Medicina
R Artes Úteis
V Recreação, Jogos, Esportes,
Teatro, Música
X Língua W Belas Artes
y Literatura Y Literatura
YF Ficção YF Ficção
A partir da quinta classificação ficaram constituídas definitivamente as
classes principais, que são as seguintes:
A Obras Gerais
B Filosofia
BR Religião
C Religiões Judaica e Cristã
D História Eclesiástica
E Biografia
F História
G Geografia e Viagens
H Ciências Sociais
1 Sociologia
J Governo e Política
K Legislação. Direito
L Ciências em Geral
M História Natural em Geral. Geologia. Biologia
N Botânica
0-P Zoo!ogia. Antropologia
a Medicina
R Artes Úteis
S Engenharia e Edificação
T Manufaturas
U Artes Defensivas e Preservativas
V Artes Recreativas. Esportes. Teatro. Música
W Belas Artes
X Língua
Y Literatura
YF Ficção
Z Arte do Livro
Como os símbolos de um mesmo assunto nem sempre são iguais nas se•
te classificações, exigindo modificações ao passar de um sistema para outro, é

149
desaconselhável iniciar pela primeira classificação, se bem que Cutter tenha
declarado que "todas as obras mais gerais não exigem alteração . . , só as obràs
sobre assuntos mais específicos, e nem todas elas, precisam ser modificadas a
cada avanço da classificação". Mas é ainda Cutter quem aconselha: "Sempre
classifique além do seu acervo de livros e, sou tentado a dizer, que quanto
mais avançado melhor''.

9.3 TABELAS AUXILIARES

LISTA DE LOCAIS, As subdivisões geográficas, constantes da "Local


list", são constituídas por números de 11-99, com significado constante.
Exemplos:
30 Europa 45 Inglaterra
35 Itália 80 América
39 França 85 Estados Unidos
Algumas. vezes estas subdivisões apresentam um desenvolvimento deci-
mal, como mostra o extrato seguinte: ·
21 AUSTRÁLIA
211 W. Austrália
212 N. Austrália
213 Alexandra Land.
214 S. Austrália
215 Queensland
Acrescentadas aos símbolos dos assuntos, as subdivisões geográficas re-
sultam em classificações, tais éomo as seguintes:
1U Colégios K Legislação
IU35 Colégios da Itália K39 Legislação da França
IU83 Colégios dos EUA K45 Legislação da Inglaterra
Os símbolos da "Local list" dão origem ãs subdivisões das classes de
História (F) e Geografia (G). Exemplos:
F História G Geografia
F45 História da Inglaterra G45 Geografia da Inglaterra
F462 Período Normando G83 Geograf.ia dos EUA.
SUBDIVISÕES DE FORMA. As subdivisões comuns de forma são repre-
sentadas por letras mç1iúsculas nos seis primeiros sistemas,·como se segue:
D Dicionários P Periódicos ·
E Enciclopédias Q Citações
1 Índices R Ob.ras de Refer~ncia
M Museus S Sociedades.

150
Exemplos de aplicação:
HE Enciclopédia de Ciências Sociais
GP Periódico de Geografia.
A fim de evitar a confusão entre as subdivisões próprias aos assuntos e
as subdivisões de forma, os símbolos para estas subdivisões foram mudados,
na sétima classificação, para números, precedidos de ponto, como segue:
.1 Teoria. Filosofia
.2 Bibliografia
.3 Biografia
.4 História
.5 Dicionários. Enciclopédias
.6 Anuários. Listas
.7 Periódicos
.8 Sociedades
.9 Coleções.
Exemplos de aplicação:
RTU.4 História do Telégrafo
F45.7 Periódico sobre História da Inglaterra.

9.4 ÍNDICES

Existe um índice relativo comu·m aos seis primeiros sistemas, que tem a
seguinte aparência:
Plantas L
Cartas de Baralho .L
Arte da Comunicação L·
Apelações (direito) H
O primeiro símbolo representa o assunto na primeira classificação. Os
s(mbolos seguintes indicam as classificações do assunto nos outros sistemas,
indicada a classificação em que OGorreu a modificação pelo número que acom-
panha o símbolo.
Examinando o segundo exemplo, verificamos que Cartas de Baralho
tem o símbolo L no primeiro sistema; o símbolo V no segundo, terceiro e
quarto; o símbolo VM.no quinto e o símbolo VN no sexto.
As classes publicadas da sétima classificação trazem seus próprios índi·
ces; estava projetado um índice geral, que não foi divulgado.
Não foi feita atualização ou correção à Classificação de Cutter.

151
BIBLIOGRAFIA
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ton, 1965. p. 141-50.

152
10
I
A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos foi criada por ato de
1800 e instalada com uma coleção de 740 livros encomendados à Inglaterra,
que chegaram a Washington em 1B01.
No princípio, os livros eram ordenados por tamanho (fólios, quartos, ·
oitavos etc.), mas em 1B12 já estavam divid.idos em 18 classes, segundo o sis·
tema empregado pela Benjamin Franklin's library Company of Filadelphia,
baseado nas classificações de Francis Bacon, com a adaptação de Diderot e
d'Alembert.
Em 1814, ocorreu um incêndio no Capitólio, edifício do Congresso
Americano, e a maior parte da coleção foi destruída.
Em 1815, o Congresso adquiriu a coleção do ex-Presidente Thomas Jef-
ferson, com 6487 volumes, que constituem o fundo do acervo atual. A cole·
ção de Jefferson chegou a Washington classificada por um sistema criado pelo
próprio Jefferson, baseado nas classificações de Francis Bacon e d'Alembert,
constando de 44 classes, sistema que, com modificações, foi utilizado até o
fim do século XIX.
Em 1887, foi iniciada a construção de um novo edifício para a Biblio-
teca, inaugurado em 1897, quando à coleção já atingia cerca' de um milhão de
volumes.
Há algum tempo estava patente que a classificação em uso não era a
mais adequada. John Russell Young, diretor da entidade, ordenou a ·James
Hanson e Charles Martel, chefes da catalogação e da classificação, que éstu•
dassem a possibilidade da adoção de um novo sistema de classificação.
Hanson e Martel examinaram os sistemas de Melvll Dewey (Decimal
C/assification) e de Charles Ammi Cutter (Expansive C/assification) e o siste-
ma alemão de Otto .Hartwlg, empr89"<10 na Universidade de Haíle, chegando à
conclusã'o que era melhor criar um novo sistema: A criação desse novo sistema
foi trabalho de vários espe<:lalistas e classificadores que, individ.ualmente ou·
em grupo, prepararam separadamente cada classe, sob uma direção central,
m.as com consid.erável independência, seguindo as bases delineadas por Han·
son e Marte!, que tomaram por gula a Classificação Expansiva de Cutter,

153
introduzindo grandes modificações, especialmente quanto à notação. lni·
cialmente. foi feito um esquema de cada classe e, aplicado na Biblioteca, que
se foi modificando e expandindo, conforme as exigências da celeção. Assim,
a extensão de cada classe, isto é, sua maior ou menor especificidade dependeu
do acervo da Biblioteca do Congresso.
O desenvolvimento do sistema depende ainda, em grande parte, da cole·
ção existente na biblioteca nacional dos Estados Unidos, mas, nos últimos
anos, em decorrência dos programas de catalogação cooperativa e da utiliza-
ção da Classificação da Biblioteca do Congresso por muitas outras bibliotecas,
as alterações passaram a depender de preocupações mais gerais. Esse sistema,
originário do conhecimento como apresentado nos livros da Biblioteca do
Congresso, baseia-se, pois, na garantia literária. Sayers o considera um sistema
utilitário, sem base filosófica, mas, sendo originário do conhecimento escrito
e sendo este uma expressão da ordem natural, procurada pelas classificações fi·
losóficas, "esta distinção é superficial, desde que só o conhecimento expresso
pode ser classificado e quanto mais próximo está da ordem da natureza maior
é sua verdade objetiva e seu sucesso em aumentar nosso poder ~obre a nature-
za", diz D. J. Foskett.
O sistema da Biblioteca do Congresso é muito detalhado, podendo ser
considerado como uma série de classificações especializadas, bastante enume·
rativo, mas que recorre ã síntese, quando aplica suas inúmeras tabelas auxi-
liares.

10.1 EDIÇÕES

As classes principais são publicadas em volumes independentes. As pri•


moiras classes a serem publicadas foram as E e F (América: História e Geogra•
fia). que saíram em 1901, seguidas logo depois pela classe Z (Bibliografia e
Biblioteconomia), adotada em 1898 e divulgada em 1902. Em 1904, apareceu
o Outline of the Library of Congress Classification (esquema geral da classifi·
cação). Seguiram-se, em datas variada_,, as demais classes, sendo que, até o
presente, não foi completada a publicação da classe K (Direito), pois só apa•
receu a classe KF (Legislação Federal dos Estados Unidos), e ainda n!o existe
um índice geral.
Durante estes setenta e poucos anos muitas classes tiveram dua, ou mais
edições, conforme as modificações exigiram, n!o sendo, pois, possível dizer
em que edição está o sistema.
A impressão e o papel dessas publicações são bons, mas a distribuição
dos termos nas páginas e a subordinação indicada por margens não é clara, o
que dificulta a consulta.

164
A apresentação de cada classe geralmente consta das seguintes partes:
1. prefácio, consistindo de pequeno histórico e breves explicações sobre
o conteúdo da classe;
2. sinopse, contendo as principais divisões da classe;
3. outl/ne, apresentando um quadro mais detalhado das principais divi-
sões da classe;
4. tabelas principais;
5. tabelas auxiliares;
6. índice;
7. adições e modificações.

10,2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

A notação da classificação é' mista; constituída de letras maiúsculas, al-


garismos arábicos, de 1 a 9999, na ordem aritmética, e um sinal gráfico, o
p_onto.
O conhecimento está dividido em 20 classes, indicadas por letras maiús-
culas, assim distribuídas:
A Obras Gerais
B Filosofia e Religião
c História e Ciências Auxiliares
D História Universal
E-F História e Geografia da América
G Geografia. Antropologia. Folclore etc.
H Ciências Sociais
J Ciência Pol ltica
K Direito
L Educação
M Música
N Belas Artes
p Filologia e Literatura
o Ciência
R Medicina
s Agricultura
T Tecnologia
u Ciência Militar
V Ciência Naval
z Bibliografia e Biblioteconomia.

156
As letras I, O, W, X e Y não foram utilizadas até hoje. A letra W é usada
pela Natlona/ Llbrary of Medicine para sua classificaçffo especializada em Me-
dicina, podendo, uma biblioteca especializada, adotar esta ciasslficação para
Mediei.na e a.Classificação da Biblioteca do Congresso para os demais assuntos.
A ordem das classes principais segue de perto a Classificação Expansiva
de Cutter; a maior alteração é a inserçffo de Belas Artes, Música e Literatura
entre as Ciências Sociais e as Ciências Exatas.
Essas classes podem ser divididas nos seguintes grupos:
A Obras Gerais e Poligrafia
. B-P Humanidades e Ciências Sociais
O-V Ciência e Tecnologia
Z Bibliografia e Biblioteconomia.
A maioria das classes principais (exceçffo das classes E, F e Z) é divi-
dida em grandes assuntos, ou subdisciplinas, representados por duas letras
maiúsculas. Exemplos:
CIÊNCIAS SOCIAIS BELAS ARTES
H Geral N Geral
HA Estatística NA Arquitetura
HB Teoria Econômica NB Escultura
HC História e Condições Econômicas NC Artes Gráficas
HI: Transportes e Comunicações NO Pintura
HF Comércio NE Gravura

A classe K emprega, algumas vezes, três letras maiúsculas, mas as clas-


ses E, F e Z só empregam uma letra.
Estabelecidas as.classes principais e as suas grandes subdivisões, as subdi-
visões seguintes são representadas por algarismos arábicos, na ordem aritmé-
tica, de 1 a 9999. Exemplo:
CR13 Dicionário de Heráldica
H3 Periódico de Ciências Sociais, em francês
JN1341 Slstem_as Eleitorais em Geral
JV6049 Legislação Internacional sobre Emigação e Imigração
JN5211 História Constitucional da Itália (obras gerais).
Nem todas as letras ou números foram utilizados, o sistema vai deixando
letras e números vagos para futuras expansões. Exemplo:
HG MONEY
201 Periodical,. Societles International Congressos
203 General Collectlons, Histories etc.

156
205 Particular Congresses. By date, Latin Moneiary Union
207 Reports
209 General Works. History etc.
216 Dictionaries
219 Statistics, Handbooks, Tables etc., oi the money, coins etc. oi ali
countries.
A distribuição das subdivisões de cada classe segue um esquema, chama·
do "Os sete pontos de Martel" (Martel's Seven Points), que pode ser ligeira-
mente alterado de uma classe para outra. Esse esquema é o seguinte:
1. Subdivisões gerais de forma_: periódicos, sociedades, coleções, dicio-
nários etc.;
2. Teoria e Filosofia;
3. História;
4. Tratados e obras gerais;
5. Legislação, relações e relações com o Estado;
6. Estudo e ensino;
7. Assuntos específicos ou subdivisões do assunto, do geral ao especial.
A notação utiliza, ainda, quandç necessário, os chamado.s "números de
Cutter" e subdivisões decimais. Exemplo:
HD4905.5 Trabalho em tempo de guerra
HF5549.5.J6 Administração do pessoal Vob ana/ysis)
CN25.R7 Roma. Museo Capitolino
As tabelas de classificação apresentam classificações alternativas, que
podem ser usadas por outras bibliotecas, acompanhadas de remissivas para o
ponto onde a Biblioteca do Congresso classifica o tema. As classificações al-
ternativas aparecem entre parênteses. Exemplo:
HM(31) Relações da Sociologia com a Religião, ver BL60
HD(9711) Indústria e comércio de aviões, ver T,L521 -.530, 724 etc.
O exemplo acima significa que a Biblioteca do Congresso classifica ''.Re·
lações da Sociologia com a Religião" em BL60, mas o símbolo HM31 poderá
ser usado por outra Biblioteca, se o desejar. O mesmo ocorre com HD(9711).
Segue-se um extrato da classe CR, Heráldica, demonstrando a disposi·
ção dos temas da classe, a subdivisão alfabética e as classificações alternativas.
HERALDRY
Heraldry combined with genealogy classed with CS.
CR
Periodicals. Societies.

157
Côllected works.
4 Several authors.
5 1ndividual authors.
7 Congresses, conventions etc.
9 Exhibitions.
11 Directories. Encyclopedias.
Science, t~chnique, theory etc.
History, see CR151-159.
General works.
19 To 1800.
1801-
21 Treatises.
23 Manuais.
27 Minar. Pamphlets etc.
General special. Special aspects, relations etc.
29 Symbolism.
31 Heraldry and art, architeoture etc.
33 Heraldry and literature.
Heraldry in Shakespeare, Scott etc.
Prefer the special author ln PR, PQ etc.
e, g, PR3069,H4 for Shakespeare.
Special.
41 Special branches, charges etc., A-2.
e. g. Chess, collar, counter-charge, crest, crqsses.
Printers' marks, see 2235-236.
(43) Armorial bindings and bookplates, see 2266-276 and 2993-996
(45) Armorial china, see NK4374.
Freqüentemente encontra-se nas tabelas a indicação de símbolos in·
cluindo vários números, ligados por traço de união, para representação de um
mesmo assunto. Significa que os símbolos devem ser desdobrados, conforme
determir:tado em tabela auxiliar específica, para obtenção de um único. núme-
ro, pois não existem símbolos de classificação ligados por hífen na Classifica-
ção da Biblioteca do Congresso.

10.3 TABELAS AUXILIARES

A Classificação da. Biblioteca do Congresso não possui tabelas auxiliares


comuns a todas as classes, mas existem muitas tabelas auxiliares destinadas a
subdividir determinados grupos de números de dada classe.

158
Há cinco tipos de tabelas auxiliares:
1. subdivisões de forma;
2. subdivisões geográficas;
3, subdivisões cronológicas;
4. subdivisões de assuntos espec/ficos;
5. subdivisões combinadas.
São freqüentes as tabelas auxiliares que combinam vários tipos de subdi-
visões, tais como subdivisões geográficas combinadas com subdivisões de for-
ma e cronológicas.
As tabelas auxiliares aparecem no início do grupo de números aos quais
são aplicáveis, no fim da classe ou no fim do vÔlume. Freqüentemente reme·
tem dos símbolos de classificação, nas tabelas principais, para o pé da página,
onde está a informação sobre a localização da tabela auxiliar.
A aplicação dessas tabelas é feita pelo encaixe, ou desdobramento, dos
números reservados ao assunto nas tabelas principais, conforme determinado
nas tabelas auxiliares. Apresentamos, a seguir, alguns exemplos de aplicação
de tabelas auxiliares.

Exemplo 1
MUSEUMS
MUSEOGRAPHY-AND MUSEOLOGY
Cf. N400-490; OH61-71; T391-999.
AM
Periodicals, societies, collections etc.
4 Early works (to 1800).
5 General treatises.
7 General special.
Educational aspects, relations etc,
8 Children's museums.
9 Minor. Pamphlets etc.
Museography.
10-99 By country
Under each country (Three numbers):
( 1) General.
{2) States, provinces etc.
(3) Cities, towns etc,
Under each country (Two numbers):
(1) .A 1 Periodlcals, Societles .
.A2 General .
.A3-Z Provinces etc.

159
(2) Cities, towns etc.
Under each country (One number):
(1) .A2 General.
(2) .A3-2 Local.
10· Arnerica.
. 11-13 linited States .
21-22 British America. Canada.
23-24 Mexico.
63 Norway.
Procedendo ao encaixe, teremOs;
AM11' .Museografia nos EEUU - em geral
AM12 Museografia nos EEUU - estados
AM13 · Museografia nos EEUU - cidades
AM23.A1 ·Museografia no México - periódico
AM23,A2 ·Museografia no México - em geral
AM23.P8 Museografia no México - na Província de Puebla
AM24 Museografia no México - cidades
AM63.A2 Museografia na Noruega - em geral
AM63.08 Museografia na Noruega - Oslo
Exemplo 2
Tabela principal
JN CONSTITUCIONAL HISTORY
ltaly
5201 Periodicals
JN Manuais
5203 Nonofficial
5204 Officiál
Collections (Constitutions·etc.)
'5208 General collections
Special constitutions, see period.
Constitutional history
5211 Comprehensive works
5213 Compends
5215 Miscellany
By period.
5221 Early to French Revolution (ca. 1793)
5223 Earliest to 768/843 (Charlemagne, Treaty of
Verdun)
5225 Northern ltaly (Langobardia)
160
6227 Southern ltaly
6231 768/843 toca. 1208 (ltaly and the Empire)
5235 Ca. 1268 toca. 1495 (Development of cltystates)
5240 Ca. 1495 toca. 1793 (Foreign influence)
Special states and region
Under each:
(1) General
(2) 769/843 to ca. 1268
(3) ca. 1268 to ca. 1495
(4) ca. 1495 toca. 1793
6261-5254 Piedmont. Savoy
6266-5259 Liguria: Genoa
Desdobrando, teremos os seguintes símbolos de classificação:
JN5266 História constitucional de Gênova - em geral
JN5257 História constitucional de Gênova - entre 769 e 1268
JN6258 História constitucional de Gênova - entre 1268 e 1495
JN5259 História constitucional de Gênova - entre 1495 e 1793
Exemplo 3
Tabela principal (extrato)
HD ECONOMIC HISTORY HD
INDUSTRIES (OTHER THAN AGRICULTURAL)
General works.
By country. see HC.
General companies.
9603 Unlted States.
9605 Other countries, A-Z.
Mineral industries.•
Public documents and official statistics in TN.
9506 General works.
lnc!udlng metais ln general.
Metal industries.
9510-9529 lron and steel.
HD 9529.T6, Timplate.
9536 Gold and silver.
9539 Other nonferrous metais, A-Z.
e. g.. A 1-3, General, 1. e., Copper, lead ·and tln etc.;
.A6· 7, Aluminum; .A82-83, Antimony; B7 -8, Bass.

• For subarrangement, see Tables, p. 96-98.

161
9540-9559 Coai.
lncludlng fuel ln general,
9560-9579 Petroleum.
lncludlng motor fuel ln general.
HD 9679.G3·6, Gasollne; N3-6, Naphtha.
9580 Pipe lines.
9585 Other minerais, A-2.
e. g. .A64-66, Asbestos; .A68-7, Asphalt; F4-43, Feldspar.
9590-9600 Clay industries.

Segue-se um extrato das tabelas das págs. 96-98.


TABLES OF SUBDIVISIONS UNDER INDUSTRIES ANO TRADES
(HD 9000-9999)
Under each:
A B
20 nos. 11 nos.
o O General.
.1 .1 Periodicals. Congresses. Associatlons of dealers
(lnternational). lnternatiorial boards etc.
Manufactures' assoclations formed with particular
reference to labor questlons in HD 6515 etc .
.2 .2 Annuals .
.3 .3 Directories.
Prefer T for manufactures .
.4 .4 Statistics, prices etc .
.5 .5 General works. History .
.6 .6 Policy .
.65 .65 Manuais.
Law and legislation.
Cf. HD 7801-8023.
.7 .7 General .
.A1A-Z General works .
.A2-Z By country.
Under each:
( 1) Documents.
(2) Monographs.' By author .
.8 .8 Taxation.
Subdlvided llke .7.
Cf. HJ, an~ HF 2661 (Industries and tarlff)
preferring HF ln doubtful cases. lf here, ,86
may be used for customs ta~atlon.

162
Para proceder ao desdobramento, verifica-se primeiro quantos algaris•
mos foram reservados para a indústria desejada, a fim de decidir sobre a apli-
cação das Tabelas A ou B acima.
Os s/mbolos para a Indústria do Petróleo são HD9560-9579, contando
com 20 números, aplica-se, portanto, a Tabela A.
Desdobrando, teremos:
HD9560 Indústria do Petróleo - em geral
HD9560.1 Indústria do Petróleo - em geral - Periódicos
HD9560.6 Indústria do Petróleo - em geral - Política
HD9561 Indústria do Petróleo - nos EEUU - Coleções
HD9566 Indústria do Petróleo - nos EEUU - Política
HD9571 Indústria do Petróleo - na Grã-Bretanha
HD9571.6 Indústria do Petróleo - na Grã-Bretanha - Política
HD9572 Indústria do Petróleo - na França
HD9572.6 Indústria do Petróleo - na França - Política
HD9573 Indústria do Petróleo - na Alemanha.
Os símbolos para a Indústria de Olaria são HD9590-9600, contando 11
números; deve-se aplicar a Tabela 8.
Desdobrando, teremos:
HD9590 Indústria de Olaria - em geral
HD9590.6 Indústria de Olaria - em geral - Política
HD9591 Indústria de Olaria - nos EEUU
HD9591.6 Indústria de Olaria - nos EEUU - Política
HD9592 Indústria de Olaria - na Grã-Bretanha
HD9592.6 1ndústria de Olaria - na Grã-Bretanha - Política
HD9593 Indústria de Olaria - na França
HD9593.6 Indústria de Olaria - na França - Política
HD9594 1ndústria de Olaria - na Alemanha.
Exemplo 4
HD ECONOMIC HISTORY HD
Labor. By country.
8101-8942 Other countries. Table VIII*, modified.
ln connection with H08465, compare· H07887 -7889 and
HX279.
Under each:
20 nos. 10 nos. 5 nos.

* For Table VIII, see 627-632. Add country number in Table to 8100.

163
Documents.
(1) ( 1) (1) General.
Department of labor.
e. g, "Mlnlttêra du travall",
.A~3 Serial publlcatlons, ln
order of priority of
first issue .
. A4•9 Special bureaus.
Legislatlve documents.
,B1 ·4 House.
Serial.
Special .
.B5·8 Senate.
Serial.
Special.
.e Commisslons. By date .
(2) State.
(_3) (2) (2) Associatlons and periodicals.
To lnclude non•tachnlcal reportt
of mechanlct lnstltutes, Gewer-
bevarelne etc, Technlcal publlca•
tions, ln T.

TABLES OF GEOGRAPHICAL DIVISIONS


The flrst number ln CUrves (100), (200) etc,, below the Roman numoral at head of
column lndlcates the total number of dlvislons comprlsed ln that table; the second
number ln curves (1), (2), (6; 10} etc., indicates the number of subdlvislons asslgned to
any one country ln a glvén table. ·
May be modlfled to meet the requirements of speclal subjects, where dlfferent arder and
different dis~rlbutlon of numbers Is deslred.

., " "' ,v V VI
,.,.,
vu VIII ,X X
1400)

'" '"°'
1100) 11301
111 ''°''
1 "' 1
141
Amerie-a
li; 41
12001
12: 51
1
16: 10)
18401
(10; 201
{420)
16; 10)
00001
{5; 101
li
2 ' 3 3
1
3 NouhAme,iq 2
1

,_, 2 21
3
• •, s

s Unltt<IStattt 3 31
8 Nonheaitun
INtw Engtandl
A1lantie
"
',
6
9
li
13
11

"" "
13

21
Soulh !Oulf t1eJ
céntral
SI

"
71
8
" 20
" Uke reg!on !S1.
Law,enee Vallayl
Mi•siuippi Yairev
81

IO
"
19
23

26
29

33
andWe!I
Southweu houth
81

IOI
oi M1"S!OU•i aod
Wfll oi lhe Miuh-
srppl Rivtd
J1 t,tru-~u arui lll
21
"' 31

164
., R<Xky Mountalnt

" '3 32 Paciflc roa!l


CctoolalpoHel.$ion1
121
13

,. "
27
35

38
"
49
Smes,A,Wl$ttp.
5371
Ci1ie1. A·2 t'" p.
8

9 11,20 1-10
131

1-10 141

15 ,; ., 53
5391
ea~. British NA 7-10 10 11.20 1-10 1.10 161
16 31 44

11.A1•5
" Multo
Smes,A,2
li 12

,.
21 li li 181

11.A6,2
18
33
35
37
" "
48
49
61

69
Central Amerka
8rifüh Hondu,a1
Cena Rita
13.Al-5
,.
l3.A6·2
31

.,
38 "26
1.6
19
171
181

19
.,., .,
31 21 191

"" "
39 62 Guatemala 15 61
" 201

·~
20 15 Hondu,ai 15 61
21 11 Niurag,.,a 17 . 71 "
81
31

.,
36
211
216

"
22,5
23
42
43,6
44
" .,
61
62
79

81
P~CamlZone
Salvador
18
18,6
19
81
86
,i
71
78
81
45,5
46
221
226
231
li Ili IV V VI VII VIII IX X

Vemos que foi, ordenada a aplicaçlo da Tabela VII 1, das "Tables of Geo•
graphical Dlvislons" (págs. 627-632). para o desdobramento de H08101-8942
- Trabalho. Por pais - para obtenção do símbolo de classlficaçã'o procurado.
Combinando os números compreendidos entre 8101 -8942 com os en•
contrados na Tabela V111, teremos:
HD8111 México
HD8121 América Central
HD8126 Honduras Sri~nicas
HD8131 Costa Rica

Para facilitar a substituição, pode-se somar o número da Tabela Auxi-


liar ao número-base da Tabela Principal, isto é, o primeiro número reservado
pelo esquema para o assunto; neste exemplo o símbolo H08101.
1: necessário, porém, antes de proceder ã soma, verificar se a Tabela Au•
xiliar começa por zero ou por um. A tabela que apresentamos no Exemplo 3
começa por O, mas a Tabela VIII, qua estamos aplicando agora, é Iniciada pelo
número ·1.
Quando a Tabela Auxiliar se inicia pelo algarismo um, é necessário sub-
trair um do número-base antes de proceder ã soma.
Para obter-se o número para Costa Rica, subtrai-se 1 de 8101, obtendo
8100 e a este soma-se 31 (número correspondente a Costa Rica na Tabela
VIII). obtendo-se 8131.
O número para o Brasil, na Tabela VIII, é 181 e o número para o pais
seguinte, Chile, é 191; o número para França é 321 e o.seguinte, para Alema-
nha, é 341. Somando estes números a 8100 teremos:
HD8281 Trabalho no Brasil
HD8291 Trabalho no Chile
166
HD8421 Trabalho na França
HD8441 Trabalho na Alemanha.

Verifica-se que entre o número correspondente ao Brasil e o reservado


ao Chile há dez algarismos e enlfe França e Alemanha ficaram 20 algarismos.
A fim de obter os símbolos de classificação, para os vários aspectos
de Trabalho, passamos a aplicar agora a Tabela Auxiliar encontrada em
HD8101-8942, seguindo a segunda coluna para o Brasil (10 números) ou a
primeira coluna para a França (20 números). Procedendo ao desdobramento,.
vamos chegar aos seguintes símbolos de classificação:
no Brasil na França
Trabalho, em geral HD8281 HD8421
Trabalho e Estado HD8281 HD8422
Periódicos Trabalhistas HD8282 HD8423
Conferências Trabalhistas HD8282 HD8424
Anuários Trabalhistas HD8283 HD8425
Guias Trabalhistas HD8283 HD8426
Estatísticas Trabalhistas HD8283 HD8427
História Geral do Trabalho HD8284 HD8428
História do Trabalho de 1849 HD8286 HD8430
Biografias Trabalhistas HD8287 H D8433
Trabalho na Política, em geral HD8288 HD8435
Trabalho de Imigrantes HD8288.5 HD8438
Trabalho por Estado (região) HD8289 H D8439
Trabalho nas Cidades HD8290 HD8440.

10.4 NÚMEROS-DE-CUTTER

Freqüentemente a notação da Classificação da Biblioteca do Congresso


utiliza combinações de letras e números decimais, precedidos por um ponto,
para detalhar a classificação.
Esta parte da notação é chamada números-de-Cutter, porque é seme-
lhante às conhecidas Author marks, projetadas por Charles Ammi Cutter, mas
o sistema não se serve das tabelas de Cutter.
Os números-de-Cutter são utilizados como recUrso de notação, sem
qualquer ligação com a ordem alfabética, ou representam subdivisões alfab~-
ticas para certos assuntos, feitas conforme os nomes que designam o assunto
(termos técnicos, nomes próprios de lugares, pessoas, entidades etc.). Quando
empregados como notação comum, geralmente para representar subdivisões

166
de forma, cronológicas ou regionais, são listados nas tabelas principais ou au-
xiliares. Ilustram este tipo de emprego as seguintes classificações:
HJ PUBLIC FINANCE
275 States collectively
lncluding Federal grants-in-aid
By region (covering severa! states)
Under each:
General works. History
.A1 General
.A3 Early to 1865/70
.A5·Z3 1865/70-
.Z4·9 0rganization and administration
HE TRANSPORTATION ANO COMMUNICATION
Water transpor!
564 Associations of ship owners
. A1 General works. History etc .
. A2 lnternational .
United States
.A3 National associations
.A4 Local, A·Z
e. g .. A4N5 New York. Shlp Owners•
A~oclatlon of the State of r,Jew York
Other countries
Subdivided like United States, .A3•4
.83-4 Canada and British America
.C3•4 Spanish America. South America
.E3-4 Europa '
.F3-4 Asia
.H3•4 Africa
.K3-4 Australia and Pacific

HC ECONOMIC HISTORY AND CONDITIONS


Economic geography
95-695 By country
101-109 United States
107 By region or state, A•W
.A 1-19, Regions: .A 11, New England;
.A 12, Middle Atlantic States; .A 13,
South; .A135, Tennessee Valley;
.A14, North central including Great

167
, Lakes region and Old Northwest;
.A2-W, States.
HD ECONOMIC HISTORY
7651-7780 Industrial hygiene. By country. Table Vl
Under each:
4 nos. 1 no.
11) .Al-5 Collections
12) .A6-25 General works
13) .27 By state, A-2
(4) .28 By place (City,
town etc.), A-2.

Encontram-se freqüentemente subdivisões alfabéticas para subtópicos


ou para subdividir geograficamente. Nestes casos, as tabelas principais deter•
minam a subdivisão de A• Z ou similar, quando são empregados números-de-
Cutter alfabetadores.
Nos três extratos de tabela que acabamos de aprese·ntar - classes HE e
HC -, encontramos também este tipo de subdivisão, para locais,-cidades e
estados.
Nos extratos apresentados a seguir, aparecem, novamente, as subdivi-
sões alfabéticas.

HD ECONOMIC HISTORY HD
Corporations.
By country.
United States.
Law and legislation - Continued.
2781 Special topics, A-Z., ·
e. g, .C3 · Capitalization .
. P3 Paten.ts .
.S7 Stockholders.
,S8. Minority rights.
2783 Conferences .
.A3 By date .
.A5-2 Permanent organizations. By name.
2785 History.
2791 Description.
2795 Policy.
General companies, see HD 9503-9505.
2798 By state, A-W.

168
2807-2930 Other countries. Table v•, modified.
Under each:
4 nos. 1 no.
(1) Oocuments:
.A1-19 Serial .
.A2 Special. By date.
(2) .A3 Laws.
(3) .A5-27 History.
(4) Policy.
(4.5) .28 Local, A-2.
Note 1. For Australia and Paciflc use:
HO 2927 Australla,
2928 By state, A-z.
2929 Hawaii.
2930 Other Paclflc islands, A-Z.
- Note 2. Under cquntrles where local dlvlslons tstates,
provinces, departments etc.} are not provlded
for in the-Table subarrange:
( 1) Documents. l 1
'
(2) Laws, et., as follows:
.A 1-39 National, Federal etc .
.A4-Z State; Provincial etc.
Na maioria dos casos, os números-de-Cutter alfabetadores são formados
pela letra inicial do nome, seguido de um ou mais algarismos decimais, tirados
da seguinte tabela:
1. Depois da letra inicial S
para a segunda letra: a eh e hi mop t u
use o número: 2 3 4 5 6 7-8. 9;
2. Depois de outras consoantes iniciais
para a segunda letra: a e i o r u
use o número: 3 4 5 6 7 8;
3. Depois de vogal inicial
para a segunda letra: b d lm n p r st
use o número: 2 3 4 5 6 7 8.
Para as letras que não foram incluídas na tabela acima, empregam-se os
números anteriores ou seguintes àqueles indicados pela ordem alfabética.
Dependendo da necessidade, decorrente do emprego anterior ou da uti·
lizaçá'o a ser feita, pode-se desobedecer à tabela acima, usando outros algaris-
mos ou expandindo o número-de-Cutter para dois ou mais algarismos.

• For Table V, see p. 527-532, Add country number in Table to 2800:

169
Os exemplos seguintes, encontrados na classe H, ilustram o emprego da
tabela acima:
.P4 Pensions .N3 Napoles
.C3 Capitalization ,N4 New Orleans
.J6 Job analysls · .T4 Texas
.S7 Stockholders .A4 Alaska .
O emprego desta tab_ela é bastante irregular, pois, dependendo da utili·
zação feita anteriormente pela Biblioteca do Congresso, os números-de-Cutter
podem apresentar resultados que discordam do normalmente esperado da
aplicação da tabela alfabetadora acima.
Assim é que se encontram na classe H os seguintes exemplos:
,Ili lnterest .N5 New York
.A5 Amortization .B7 Boston
.M7 Mongolism .C2 Canada.
O número•de-Cutter pode ser expandido, utilizando-se mais de um alga-
rismo, quando a ocorrência de vários temas iniciados pela mesma letra o exi-
ge. Em HD9999, encontramos os seguintes exemplos:
,S4 ·scientlfic apparatus .S914 Sponges
,S47 Sewing machlnes .S92 Sporting goods
.S54 Skates .S93 Stoves
.S7 Soap .S972 Surgical lnstruments
Muitas vezes, utilizando-se os números-de-Cutter para subdividir geogra-
ficamente, com o intuito de reunir a documentação, os caracteres são tirados
de uma subdivisão geográfica maior, que contém aquela a especificar. Exem-
plos:
HJ70 French colonies
.16 French Indochina
.18 Annam
.183 Cambodja
.185 Cochin China
.187 Tonking and Laos.
Algumas classes trázem, no fim, listas alfabéticas de países, esiados e ci-
dades dos Estados Unidos, condados ingleses e cidades de arte acompanhadas
dos respectivos números-de-Cutter. Margaret Mann chamou-as f/oating tab/es
(tabelas flutuantes), porque aparecem, quase idênticas, em várias classes. A
classe H traz as quatro primeiras destas listas.
Como já deve ter sido notado, pelos extratos apresentados, há casos em
que o símbolo de classificação. utiliza mais de um número-de-Cutter. Em

170
HD7651- 7780 ou em HD2780, vê-se o emprego de dois números-de-Cutter,
que resultarão em classificações, tais como:
HD7685.Z8.R4 Higiene Industrial em Recite
HD2780.G4.T4 Demanda Judicial entre a General Motors e o Estado
do Texas
HG9343.B7 .A8 Seguro-Acidente no Brasil, pela Atlantic Boa Vista.
Convém lembrar que os números-de-Cutter aqui apresentados são parte
integrante do símbolo de classificação.
A Biblioteca do Congresso utiliza a mesma tabela para formar números•
de-autor, quando construindo números-de-chamada, que aparecem na· base
das suas fichas, separados da classificação por um ponto.

10.5 fNDICE

Na Classificação da Biblioteca do Congresso, cada classe traz seu pró·


prio índice, mas não existe índice geral. Pode-se utilizar, em substituição ao
índice geral inexistente, o Subject Headings used in the Dictionary Cata/ogs
of the Library of Congress, pois esta -lista traz, ao lado dos cabeçalhos de as-
sunto, o símbolo de classificação correspondente na Classificação da Biblio·
teca do Congresso.
lmmroth informa que também podem ser usados ô lndex to the C/assed
Catalog of the Boston University Libraries (Boston, G. K. Hall, 1964) e'o
Subject and Name lndex of Books Contained in the Libraries, da Biblioteca
Pública de Edinburgh (Edinburgh, Public Libraries Committee, 1949).

10.6 ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO

As futuras expansões da Classificação podem ser feitas utilizando-se le·


tras e algarismos deixados vagos nas seqüências, subdividindo-se de maneira
decimal ou alfabética, ou fazendo-se uso de uma terceira letra maiúscula. O
sistema está em permanente atualização pelos classificadores da Biblioteca do
Congresso.
As modificações e acréscimos são publicados quadrimestralmentes no L.
C. Classification: Additions and changes. Quando_ da reimpressão de tabelas,
as alterações são incluídas no fim da classe respectiva e as novas edições apre·
sentam tabelas atualizadas.

171
BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Alice P. T,or/a • pr4tlc• dos 1l1tema, de c/ar,lf/caçio blbl/ogr4flca. Rio de


Janeiro, 1880, 1969, p, 53,100,
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WYNAR, B. S. lntroductlon to cataloglng and classlficatlon. 6, ed, Llttleton, Llbrarles
Unllmlted, 1980. p. 429-68

172
11
James Duff Brown (1862-1914), bibliotecário inglês, considerado como
o Dewey da Inglaterra, foi dos primeiros ingleses a escrever livros sobre Biblio·
teconomla e o criador do único sistema de classificação geral desse pais. Des•
tacou-se em sua pátria especialmente por ter sido o primeiro a Introduzir o
livre acesso às estantes, na C/erkenwe/1 Pub/ic Library, em 1888, medida que
suscitou grandes controvérsias na época.
Em 1894, apresentou à reunião da Library Association, em Belfast, o
Quinn-Brown System, um sistema de classificação bibliográfica, elaborado em
colaboração com John Henry Quinn. ·
Em 1897, publicou uma versão ampliada deste sistema, denominada
Adjustab/e C/assification, mas que, como o anterior, pecava por falta de flexi-
bilidade.
· Talvez incentivado pelas criticas feitas na Inglaterra à Classificação De·
cima! de Dewey, acusada de parcialidade em relação aos assuntos americanos,
Brown· construiu a Subject C/assification, publicada pela primeira vez em
1906, com segunda edição em 1914 (reimpressa em 1926) e terceira edição
em 1939, já então sob a revisão de James Douglas Stewart.
A Subject Classification (Classificaçio de Assuntos), segundo Howard
Phillips e Jack Mills, é utilizada em cerca de 40 bibliotecas Inglesas, porém,
mais recentemente, D. J. Foskett considera-a como "um esquema que q~ase
caiu em desuso" e A. C. Foskett informa que a falta de atualização levou a
uma "mudança gradativa, hoje conclu Ida, para a CD".
O sistema pode estar em desuso, mas, segundo D. J. · Foskett e A. C,
Foskett, continua merecendo ser estudado, devido às concepções teóricas,
que fazem de Brown um precursor das teorias modernas de classificação.
Brown pretendeu criar um sistema de classificação, em que cada assunto
tivesse uma única localização, em que os vários aspectos teóricos e práticos de
um mesmo tema ficassem reunidos.
Na introdução do seu sistema, afirma "Estou inclinado a pensar que, na
classificação de livros, o assunto constante ou concreto deve ser preferido aos
aspectos mais gerais ou ocasionais".

173
Para Brown, todo conhecimento envolve dois fatores - "material" e
"finalidade" -, cujas combinações formam os assuntos. Procurou subordinar
· todas as "finalidades" ao "material", de modo a s6 existir uma única classi•
ficação,_ uma únicá localização nas tabelas para cada conceito concreto. Plan-
tas, animais, países, bibliotecas, restaurantes, estradas, pontes etc. são os con•
eretos de Brown e todos os aspectos destes assuntos ficam reunidos num mes•
m~ ponto, na classe em que se originam. A Rosa pode ser estudada sob o
ponto de vista da Botânica, da Floricultura, da Decoração, do Simbolismo, da
Geografia etc., mas todos os seus aspectos estarão reunidos num único lugar,
na classe de Botânica, aquela em que tem origem a Rosa. Assim é que, sob o
"material", Estradas de Fe_rro, na classe de Ciências F(sicas, são reunidos to·
tos os aspectos do assunto, as "finalidades", tais como Economia, Engenharia
Ferroviária, Ti-ansporte por Ferrovia, Administraçâ'o de Ferrovias et~.
O resultado deste modo de proceder resulta em muitas classes apresen•
tarem só os problemas gerais, enquanto as aplicações passaram a outros pon-
tos do sistema, ao lado dos "concretos", que lhes dão substância. Assim, em
Agricultura serão encontrado~ s6 os temas gerais, tais como irrigação, drena·
gem, semeadura, colheita etc., mas o cultivb de plantas específicas ficará em
Botânica.
Needham questiona este modo de proceder, achando que dispersa as-.
suntos de interesse do usuário. Na sua opinião, um administrador de estrad~-
de ferro estará mais interessado nos aspectos administrativos de outros meios
de transporte do que em Engenharia Ferroviária; um zoólogo não terá iriteres-
se no aproveitamento econômico dos animais.
A distribuição dos assuntos pretendida por Brown aproxima-se da téc-
nica de cabeçalhos de assunto, assemelhando-se à teoria de Kaiser sobre con-
cretos e processos.
A tentativa de Brown de reunir os "materiais" é uma tendência encon-
trada nos classifistas modernos.
A seqüência das classes na Subject C/assification também difere dos de-
mais sistemas baseados em Bacon. Brown afirmou desprezar "as convenções,
distinções e agrupamentos arbitrários, em lugar de científicos, e ordenar cada
classe em ordem sistemática de precedência científica, tanto quanto possível".
Admitiu que toda forma de conhecimento deriva de um dos quatro
grandes grupos ou princípios fundamentais: Matéria.e Força, Vida, Razão e
Registro, na ordem em que surgiram no Universo. Primeiro surgiram a Maté-
ria e a Força, que geraram a Vida, esta produziu a Razão, que deu origem ao
Registro dos fatos.
Segundo esta teoria, as ciências aparecem agrupadas do seguinte modo:

174
Matéria e Força
Ciências Físicas
Vida
Ciências Biológicas
Etnologia e Medicina
Biologia Econômica. Artes Domésticas
Razão
Filosofia e Religião
Ciências Sociais e Políticas
Registro
Língua e Literatura
Gêneros Literários
História e Geografia
Biografia.
Pretendeu colocar as subdivisões das classes principais em ordem evolu-
tiva, segundo a "progressão científica", apresentando as ciências puras acom-
panhadas de suas aplicações e seguidas por outras ciências puras, com elas re-
lacionadas. Assim, a Engenharia evolui da Física, a Mineralogia, a Metalurgia e_
a Mineração seguem a Geologia, mas nem sempre o sistema foi coerente, pois
a Botânica não leva à Agricultura.
As subdivisões das classes principais também apresentam um agrupa•
manto bem pessoal, como a inclusão da Música entre as Ciências Físicas, jun-
to ao Som e â Acústica, e a colocados dos Esportes na Medicina.
Outra inovação é a composição da classe Generalidades, que nos outros
sistemas inclui obras sobre todos os assuntos, mas no sistema de Brown tem
uma acepção mais larga, incluindo, além dos assuntos gerais, temas relaciona•
dos à Educação, Lógica, Matemática etc., que contribuem para muitas ciên-
cias.
Artes gráficas e plásticas (registros pictóricos) foram incluídos em Gene-
ralidades, segundo o autor, por falta de hospitalidade da notação do grupo
Registro.
Na classe Geografia e História são relacionados todos os países, acompa-
nhados de subdivisões para períodos ("regnal numbers"), mas a classificação é
completada empregando-se a Tabela Categórica,
Brown, ?P explicar as classes principais, Justificou a composição da clas-
se Generalidades do seguinte modo: "As divisões desta classe compreendem a
maioria das regras, métodos e fatores de aplicação geral, que qualificam ou
penetram todos os ramos das ciências, das indústrias e dos estudos humanos.
São universais e interpenetrantes e não podem, logicamente, ser incluídos
como peculiares ou originários de outras classes gerais".

175
A Subject C/assifícatlon é relativamente pouco enumerativa e faz largo
emprego da síntese, como recomendam as teorias de classificação atuais.

11.1 ESTRUTURAS E NOTAÇÃO

A notação na Classificação de Brown é mista, composta de letras maiús-


culas de A-X (excluídas as letras Y e 2), algarismos, na ordem aritmética, le-
tras minúsculas e sinais gráficos (ponto, mais e barra oblíqua).
Os grandes grupos em que Brown dividiu o conhecimento humano de-
ram origem às seguintes classes principais (disciplinas fundamentais):
A ·Generalidades ·
B·D Ciências Físicas
E-F Ciências Biológicas
G·H Etnologia e Medicina
1 Biologia Econômica e Artes Domésticas
J-K Filosofia e Religião
L Ciências Sociais e Pai íticas
M Língua e Literatura
N Gêneros Literários
O-W História e Geografia
X Biografia.
Estas classes são divididas em grandes classes, algumas vezes represen•
tando ciências (subdisclplinas), outras vezes grandes divisões destas.
As classes principais são representadas por letras maiúsculas e as subdivi-
sões por números de 000 a 999, em ordem aritmética. Exemplo:
.A GENERALIDADES
000 Enbiclopédias. Dicionários
001 Coleções
002 Vários autores
003 Um só autor
004 Concordâncias
100 EDUCAÇÃO
115 Sistemas educacionais
116 Educação pré-escolar
117 Jardim de infância
11B Educação elementar
119 Educação secundária
120 Educação superior
300 LÓGICA

176
400 MATEMÁTICA
401 Aritmética
402 Numeração e notação
403 Números arábicos
404 Números romanos
1: permitido combinar símbolos de classes para representar assuntos
compostos, quando se trata de aspectos do assunto que não constam da Ta-
bela Categórica. Exemplo:
8530L 116 Greve em Estradas de Ferro.
Quando é preciso utilizar dois símbolos de uma mesma classe, emprega-
se o sinal mais ligando-os, sem repetir a letra inicial. Exemplo:
C20o+300 Calor e Som.
Emprega-se a barra oblíqua na representação de documentos que in-
cluem vários temas representados nas tabelas por símbolos consecutivos.
Exemplo:
U555/569 História e Geografia de Norfolk e Suffolk
A barra oblíqua também serve para a anexação de símbolos da Tabela
de Número Alfabetadores, que veremos adiante.
A notação não procura ser expressiva, mas é relativamente breve. Não é
bem flexível, não permitindo a fácil inclusão de novos assuntos, devido ao
emprego de números na ordem aritmética, ficando na dependência dos nú-
meros deixados vagos.
Brown sugeriu a possibilidade de empregar, no futuro, números deci-
mais, dificultada, porém, pelo emprego do ponto como indicador da Tabela
Categórica. O quarto algarismo seria decimal, enquanto os três primeiros são
números inteiros.
Não existe tabela auxiliar para subdivisão geográfica, mas os símbolos
das classes principais de Geografia e História (0-W), além de servirem como
local para reunião das obras sobre estes assuntos, podem ser anexados a ou-
tros assuntos para subdividi-los geograficamente. Exemplos:
E427 Orquídeas L900 Finanças
E427W720 Orquídeas do Brasil L900W710 Finanças da Venezuela
E427W728 Orquídeas do Amazonas L900W705 Finanças da Colômbia.
1: permitido abreviar o símbolo geográfico, quando utilizado.como sub•
divisão.geográfica, reduzindo-o à letra e a um ou dois algarismos. Exemplos:
L900W71 Finanças da Venezuela
L900P3 Finanças do Japão.

177
· Também não existe tabela auxiliar para subdivisão por língua, mas esta_
pode ser feita pelo acréscimo do símbolo da língua do texto, na classe M
(Língua e Literatura), ao símbolo dÓ assunto, Exemplo:
L800M520 Obra sobre Comércio em Língua Inglesa,

11.2 TABELAS AUXILIARES

TABELA CAT_EGÔRICA, Brown apresentou uma tabela de divisões co-


muns, isto é, divisões que podem servir para subdividir vários ou todos os
assuntos, denominada Categorlcal Table (Tabela Categórica), com notação
aritmética de Oa 980, precedida da ponto,
A Tabela Categórica é uma versão ampliada das tabelas de· subdivisões
comuns encontradas em outros sistemas, reunindo muitos tipos de subdivi•
sões aplicáveis a vários assuntos, incluindo subdivisões de forma, aspectos,
qualidades etc,, como pode ser visto do extrato seguinte:
CATEGORICAL TABLES AND INDEX
Table of Categorias, For_ms etc,, the Subdivision of Subjects
.O Generalia .66 . Methods of Teaching
.00 Catalogues, Llsts ,87 Logic
.01 Monarchs, Rulers, Royal .91 Mathematics
Families .100 Standardization
.02 Subdivisions for rearrangement .101 Statistics
,1 Bibliography ,129 Art Galleries
.2 Encyclopedias. Dictionaries .476 Zoology
.3 Text-books, Systematic .508 Diagnosis
.4 - Popular (Non-scientific) .544 Cirurgia
.5 Philosophy and Theories .877 Grammar
.41 Biography. Necrology ,954 Essays. Theses.
Aos símbolos que representam assuntos nas classes principais e suas
subdivisões podem ser acrescentados símbolos tirados da Tabela Categórica,
para precisar a classificação, como nos exemplos s~guintes:
E100 Botânica em Geral G570 Cirurgia
E100.1 Bibliografia de Botânica G570,66 Métodos de Ensino de
Cirurgia
E100.2 Dicionário de Botânica H050.644 Cirurgia do Coração
G309 Doenças Endêmicas
G309.508 Diagnóstico de Doenças Endêmicas
G309.101 Estatística de Doenças Endêmicas.

178
O livro de Alice Príncipe Barbosa traz uma reprodução completa da Ta·
bela Categórica.
TABELA DE DATAS. O sistema traz uma Date Table (Tabela de Datas),
na qual os anos são representados por duas letras minúsculas, desde 1450 até
.1950, como mostra o extrato seguinte:
A.D. A.D. A.D. A.D.
1450 ªª 1502 ca 1520 cs 1602 fw
1451 ab 1503 cb 1521 ct 1603 fx
1462 ac 1504 CC 1622 cu 1939 sy
1453 ad 1505 cd 1523 CV 1945 tb
1454 ae 1506 ce 1524 cw 1950 tg

Utilizando a tabela de datas, teremos:


L900P3tg Finanças do Japão em 1950.
Os símbolos de datas podem ser unidos por barra oblíqua para
representar períodos. Exemplo:
L900P3tb/tg Finanças do Japão entre 1945 e 1950.
TABELA DE NÚMEROS ALFABETADORES. o sistema utiliza uma
Tab/e of Alphabating Numbers (Tabela de Números Alfabetadores), para or·
denar biografias, obras literárias etc., convertendo a ordem alfabética em or-
dem numérica, a exemplo dos números-de-autor, de Cutter, que podem ser
anexados aos símbolos de assunto, após uma barra.
Segue-se um extrato desta tabela:

TABLE OF ALPHABETING NUMBERS


FOR THE ARRANGEMENT OF INDIVIDUAL BIOGRAPHY,
FICTION, POETRY, DRAMA, ESSAYS AND OTHER
ALPHABETIC GROUPS
Aa 300 Abe 3014 Ac 302
Ab 301 Abi 3016 Aca 3020
Aba 3010 Abo 3016 Acc 3021
Abb 3011 Abr 3017 Ach 3022
Abc 3012 Abu 3018 Acl 3023.
Exemplos:
N Gêneros Literários
N100 Poesias
N150 Poetas (Subdivididos pela Tabela de Números
Allabetadores)
N160/3017 Casimiro de Abreu.

179
11.3 INDICE

O índice da Subject C/assification é do tipo denominado especffico, do


qual é o exemplo clássico.
Como o sistema pretende só oferecer uma posiçâ'o, uma só localizaçâ'o,
Para cada assunto, as entradas do índice só indicam um ponto onde o encon·
trar. As possíveis combinações de símbolos das tabelas principais ou destes
coni símbolos de tabelas auxiliares,"especialmente a Tabela Categórica, não
sâ'o inclu (dos no índice.
Os termos da Tabela Categórica nâ'o constam do índice geral, mas há
um índice especial para esta tabela.

11.4 ORDEM DE INTERCALAÇÃO

Brown nâ'o determinou a ordem de intercalação, mas, segundo Mills, é a


seguinte:
A/W Símbolos das classes principais
000/999 Subdivisões das classes principais
.0/.9BO Subdivisões da Tabela Categórica
Números compostos por mais de um número
principal
a/z Subdivisões de data.
Exemplos:
L102 Economia Industrial
L102.964 Ensaios
L102W72 no Brasil
L102sv em 1939.

11,5 ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO

A atu,alização do sistema foi feita por novas edições, sendo a última-de


1939. Não há qualquer atualização posterior.

180
BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Alice P. Teoria e prAtlca dos sistemas de c/miflcaç6o blb/iográflca. Alo de.
Janeiro, IBBD, 1969. p. 113-42.
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NEEDHAM, C. O. Organlzing know/edge ln librarles. London, A. Oe.utsch, 1964. p. 114-
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SAYERS, W. C. 8. An introduction to library classification. London, Grafton, 1955, p.
149-51.
- - . A manual of classification for librarians and bibliographers. 3. ed. London, Graf,
ton, 1955. p. 175-86.

181
12
Henry Evelyn Bliss nasceu na cidade de Nova lbrque, em 1870, e mor-·
reu em Palnfield, Nova Jersey, em 1955.
Estudou no CtÍl/ege of the City of New York (hoje City College), onde
exerceu o cargo de bibliotecário de 1891 a 1940, quando se aposentou.
Dedicou-se ao estudo de classificação, assunto sobre o qual passou a
publicar artigos nas revistas especializadas americanas desde 1902.
Em 1910, publicou, no LÍbrary'Journal (Vol. 35, p. 351-358), um es-
boço d'e um sistema de classlficaçãc;,.bibliográfico; que vinha aplicando em
sua Biblioteca desde 1908, sob o Htulo A Modem C/assification of libraries,
wlth Simple Notation, Mnemon/cs and Alternatlves. Em 1929, publicou The
Organizat/on of Knowledge and the System of t!Je Sciences, no qual estuda
os problemas gerais de classificação e.examina detalh.adamente os vários sis-
temas de classificação filosóficos, desde a antigüidade até o século XIX, espe-
cia.lmente os sistemas de Augusto Comte, Herbert Spencer e Wundt. Em 1933,
apresentou The Organization of Know/edge in libraries, onde estuda os pro-
blemas de classlflcação nas bibliotecas e alguns dos grandes sistemas de classi-
ficação bibliogrilfica. Em 1935, apareceu A System of Bibliographic C/assifi-
cat/on, versão condensada do seu sistema de classificação, que, após revisão,
foi reeditado em 1936, O sistema definitivo saiu entre 1940 e 1953, em qua-
tro volumes, editados pela H. W. Wilson Co., como A Bibliographic C/assifica-
tion Extended by Systematic Auxiliary Schedules for Composite Specifica-
tion and Notation, conhecido como Bibliographic Classification (Classificação
Bibliográfica).
A Bib/iographic C/assification é apontada como um sistema que apre-
senta um dos melhores desenvolvimentos de classes encontrado em classifi-
cações bibliográficas.
. Segundo afirma J. D. Foskett, "a ordem das classes de Bliss foi acolhida
com os maiores aplausos pelos especialistas e considerada como superior ãque•
la apresentada pela maioria dos outros esquemas de classificação"

182
Bliss procurou apresentar os assuntos segundo o "consenso científico e
educacional", isto é, a ordem científica e pedagógica de estudo dos assuntos,
a ordem dos. conceitos geralmente aceita pelos especialistas.
Como o conhecimento é ensinado, estudado e aplicado em blocos, ele o
dividiu nos campos de especialização seguidos pelo ensino e pela prática.
No entender de Bliss, esta ordem é relativamente estáyel e tende a se
tornar mais estável à proporção que o conhecimento se torna mais estabeleci•
do e detalhado. Na realidade isto não parece acontecer, pois o conhecimento
cresce, modifica-se e reestrutura-se constantemente, e qualquer sistema se de·
satualiza rapidamente.
Bliss considerava a ordem das,classes principais como uma das mais im•
portantes qualidades de um sistema de classificação. Esposava a opinião de
muitos filósofos, especialmente Augusto Comte, Spencer e Pstwald; da depen·
dência das Ciências Naturais e assim expressou seu pensamento: "Uma exigên·
eia muito importante é que as Ciências Naturais sejam distribuídas em ordem
de especialização, cada ciência sendo independente e coordenada com as
outras ciências afins, mas subordinada àquela ciência da qual depende, para
conceitos e princípios, e da qual deriva pela especialização. Assim, a Química
segue a Física, a qual recorre para a explicação dos fenômenos químicos, e é
seguida pela Astronomia, que necessita, para as investigações dos astros, de
conhecimentos derivados da Física e da Química; segue-se a Geologia, que
estuda só um astro, a Terra, e é, portanto, uma especializaÇãoda Astronomia",
.O autor estabeleceu três princípios para a ordenação das classes:
1. co•localização (col/ocation), isto é, a localização dos assuntos relacio·
nadas próximos uns dos outros, assim a Psicologia (1) ficou entre a Medicina
(HM) e a Educação (J), dois campos com que se relaciona;
2. gradação por especialização (gradation in specialization), isto é, a
ordem de dependência das ciências, como a apresentada acima, que partindo
da Física atinge a Geologia;
3. extensão decrescente (decreasing extension), isto é, a subordinação
do especial ao geral.
Nem sempre Bliss conseguiu compatibilizar seus três princípios, assim é
que a Educação não está subordinada às Ciências Sociais e a Geologia está lon·
ge da Física:
Uma característica do sistema é a possibilidade de classificações alterna·
tivas .(alterna tive /ocations), que permitem a classificação de um mesmo assun•
to em vários pontos do sistema, resolvendo assim a· toCalização dos conceitos
para os quais não há completo acordo, consenso, entre os estudiosos.
As localizações alternativas podem ser de dois tipos: localizações alter·
nativas e tratamentos alternativos.

183
Assim, o Direito Internacional pode ficar em Direito ou em Ciência Po-
lítica; temas de Agricultura podem ser localizados em Botanica ou em Agri-
cultura; biografias Individuais podem ser classificadas no assunto em que se
distinguiram os biografados ou reunidas num só lugar; o mesmo tratamento
pode ser dado à legislação especializada, reunida num ponto ou dispersa pelos
assuntos de que trata; a Literatura pode ser ordena.da de vários modos.
Na opinião de A. C. Foskett, "embora reconhecendo certas formas de
síntese (especificação composta), Bliss era hostil à idéia de análise e síntese
completa, formulada por Ranganathan. Assim, o seu esquema pode ser enca-
rado como a última das grandes classificações enumerativas, apesar de conter
tabelas sistemáticas".
Segundo Mills, a Bibliographic C/assification é utilizada em cerca de 90
bibliotecas, quase todas da Comunidade Britânica.

12.1 EDIÇÕES

A Bibliographic Classification foi publicada, entre 1940 e 1953, pela


editora H. W. Wilson de Neiva Iorque. É reprodução de cópia datilografada
pelo próprio autor, utilizando tipos diferentes, mas que resultou em apresen-
tação pouco clara. ·
O primeiro volume apareceu em 1940, o segundo em 1947 e os dois úl-
timos em 1953. Em 1952 foi feita uma reimpressão dos dois primeiros volu-
mes em um único tomo. A obra consta de 4 volumes em 3, sendo dividida do
seguinte modo: volumes 1 e 2, letras A-K; volume 3, letras L-Z; volume 4, ín-
dice.
Em 1_967 a School librarv Association publicou uma edição abreviada,
destinada às bibliotecas escolares, intitulada Abridged 8/iss C/assification.
Uma edição da obra, inteiramente revista sob a direção de Jack Mills e
V. Boughton, com o título de 8/iss Bibliographic C/assification, está sendo
publicada pela Butterworths, a partir de 1977. Já apareceram as seguintes
classes H-J, P-T e as tabelas auxiliares.

12,2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

Bliss considerou o conhecimento como dividido em quatro grandes clas-


ses - Filosofia, Ciência, História e Tecnologia e Artes -, resultando no se-
guinte esquema preliminar:

J!l4
A Filosofia e Ciência Geral (incluindo as Ciências Fundamentais,
aplicáveis em outros campos - Matemática, Estatística);
'B/D Ciências Físicas (Física, Química, Astronomia, Geografia Física
etc. e a tecnologia e indústrias a elas relacionadas);
E/G Ciências da Vida (Biologia, Botânica, Zoologia);
H/1 Ciências do Homem (Antropologia, Medicina, Psicologia);
J/2 Ciências Sociais (as originárias da Sociedade, isto é, Educaçã'o,
História, Economia, Religião, Política, Direito, Artes, Filologia e
Literatura),

As classes principais, indicadas por letras maiúsculas, são as seguintes:


A Philosophy and General Science (including Logic, Mathematics,
Metrology and Statistics)
B Physics (including applied Physics and Special Physical Techno• ·
logy)
C Chemistry (including Chemical Technology Industries, Minera-
logy)
D Astronomy, Geology, Geography ànd Natural History (including
Microscopy)
E Biology (including Paleontology and Biogeography)
F Botany (including Bacteriology)
G Zoology (including Zoogeography and Economic Zoology)
H Anthropology, General and Physical (includlng the Medical Scien•
ces, Hygiene, Eugenics, Physical Training, Recreation etc.)
Psychology (including Comparativa Psychology, and Racial Psy•
chology and Psychiatry)
J Education (including Psychology oi Education)
K Social Sciences (Sociology, Ethnology and Anthropogeography)
L History, Social, Polltical and Economic (including Ethnography,
Numismatics, and other ancillary studies)
M Europe
N America
O Australia, East lridia, Asia, Africa and lsland
P Religion, Theology and Ethics
O Applied Social Science and Ethics
R Political Science
S Jurisprudence and Law
T Economics
U Arts: Useful, Industrial Arts,, and the less scientilic technology
V Fine Arts and Arts of Expression, Recreation and Pastime

185
W Phllology: Linguistics and Languages other than lndo-European
X lndo-European Philology, Languages and Literaturas
Y English or other Language and Literatura; and Literatura in gene-
ral, Rhetoric, Oratory, Dramatics etc,
Z Bibliography, Bibliography, and Libraries,

Bliss aplicou ao seu sistema uma notaçâ'o mista, constituída de letras


maiúsculas e mimlsculas, algarismos arábicos e sinais gráficos. Preocupou-se
com a brevidade dos símbolos de classificação, a qual sacrificou a expressivi-
dade.
Na opinião de Jack Mills, a notação usada não é inteiramente facetada,
mas permite ampla síntese,
As classes principais são indicadas por uma letra maiúscula e as subdivi-
sões recebem duas ou mais letras maiúsculas, Exemplos:
A Filosofia w filologia, Lingüística
AL Lógica ws Língua Japonesa
AM Matemática WSG Gramática da Língua Japonesa
LA Arqueologia HPUM Cólera.
Bliss tentou utilizar, sempre que possível, mnemônicas literais nos sím-
bolos de classificação. Comi) exemplo deste emprego, temos os seguintes
símbolos:
AL Lógica RM
0
Serviço Militar
• AM Matemática RN Serviço Naval
BD Dinâmica UA Agricultura
CT Tecnologia UE Engenharia.

12,3 TABELAS AUXILIARES

Além da tabela principal, apresentando-as divisões do conhecimento, o


sistema traz· uma série de tabelas de subdivisões comuns a todo o sistema ou a
determinados assuntos, chamadas Tabelas Sistemáticas e Auxiliares (Systema,
tic and Auxi/iary Schedutes) e as Classes Numéricas Anteriores (Anterior Nu-
merica/ Classes).
CLASSES NUMÉRICAS ANTERIORES, É comum as bibliotecas separarem
o acervo em algumas coleções, como a coleção de referêntja, a coleção de pe-
riódicos, a coleção de obras raras etc.
A notação idealizada por Bliss permite revelar a separação do acervo em
coleções, por meio das Classes Numéricas Anteriores, representadas por alga-
rismos, que irão preceder o símbolo do assunto,

186
Apresentamos a seguir um extrato das Classes Numéricas Anteriores.

ANTERIOR NUMERAL CLASSES


Primarily for collections and locations
1
'
Reading room collections, chiefly for reference
2 Alternatlve for Bibliology, Bibliography and Libraries preferred in Z
3 . Select or Special collection, or Segregated books etc.
4 Departmental or Special collections
5 Documents, or Archives, of Governments, lnstitutions etc.
6 Periodicals
7 Miscellanea
B Collection of Historie, Local or lnstitutional lnterest
9 Antiquated books, or Historical collection.

Assim, uma bibliografia de Botânica, pertencente ao acervo geral, terá o


símbolo F2; outro exemplar, pertencente ao acervoi:la coleção de referência,
receberá o símbolo 1 F2; um periódico de Botânica, quando a biblioteca sepa•
ra a coleção de periódicos do acervo geral, terá o slmbolo 6F; caso a bibliote-
ca mantenha uma coleção de publicações oficiais separada do acervo geral,
uma bibli9grafia de Botânica, que pertença a esta coleção, terá o slmbolo 5F2.
TABELAS SISTEMÁTICAS E AUXILIARES. Os símbolos de classificação
encontrados nas tabelas principais podem ser completados por meio das Tabe-
las Sistemáticas e Auxiliares, em número de 22, que com seus desdobramen-
tos atingem a 46 ..
Normalmente os símbolos destas tabelas são precedidos por uma virgu-
la, mas esta pode ser eliminada, quando não há possibilidade do seu s/mbolo
ser confundido com slmbolo da tabela principal.
Algumas destas tabelas são aplicáveis a todo o sistema, outras têm apli·
cação restrita, isto é, são aplicáveis s6 a determinadas classes, Pode-se; assim,
dividi-las em gerais (Tabelas 1-4) e especiais (Tabelas 4a-22, além das 23 adap·
.tações destas).
As principais Tabelas Sistemáticas e Auxiliares são a Tabela 1, para sub-
divisões de forma, e a Tabela 2, para subdivisões geográficas, que podem ser
utilizadas em todo o sistema. •
A tabela de subdivisões de forma, até certo ponto paralela à Ta bela Nu-
mérica Anterior, serve para subdividir os assuntos segundo a forma de apre-
sentação. Tem algarismos arábicos por s,mbolos, como pode ser visto no ex-
trato seguinte.

187
NUMERAL SUBDIVISIDNS DF ANY CLASS
OR SECTION
Reference books
2 Bibliography
3 History, Scope, Relations
4 Biography
5 Documents
6 Periodicals
7 Miscellanea (selections and collections)
8 Study of the Subject, Books about it
. 9 Antiquated or Superseded Books or other materiais.
Aplicando-se a Tabela 1 a símbolos tirados das tabelas principais, ob-
têm-se classificações como as seguintes:.
F6 Periódicos de Botânica
AL2 Bibliografia da Lógica
BOR1 Dicionário de Rádio
VDT6 ·Revista de Decoração
VDYW3 História do Papel de Parede.
As subdivisões geográficas (Tabela 2) são representadas por ietras mi·
núsculas, acrescentadas aos s·(mbolos dos assuntos. Segue-se em extrato desta
tabela.
Schedule 2
For Geographical Subdivision
a America c Latin America
North America ca Mexico and Central America
ªª
b United States cb Mexico
bb New England cj Souih America
bbc Massachússetts _cp Brasil.

Para fjvitar confusão entre letras e números, cinco letras - o, s, u, v, w


- são acompanhadas por um apóstrofe, tornandO-se em o' , z', u', v' e w'.
J\pr~sentàmos, a seguir, alguns exemplos de classificações, incluindo
subdivisões de lugar ou geográficas.
Hl5ca Documento Oficial sobre Saúde Pública no México
WDT6cp R~vista de Decoração do Brasil
UAZcj Bibliografia sobre Agricultura na América do Sul.
Existe .uma previsão alternativa para o uso de algarismos em lugar das
letras.

1B8
. Para subdivisão por língua, pode ser utilizada a Tabela 3, na qual as vá-
rias línguas são representadas por letras maiúsculas. Exemplos:
,F representa Língua Francesa
,G representa Língua Espanhola
,H· representa Língua Portuguesa
,M representa Língua Inglesa.

. O símbolo de língua, raramente necessário na classificação;· pode apa·


recer prCCedido de uina Vfrgllla ou do número 4, para evitar' confusão com
símbolos da tabela principal. Exemplo:
ZM,H ou ZM4H Documentação, escrita em português
.A Tabela 4 trata das subdivisões por período, representados como mos-
tra o extrato seguinte:
,A Antigo, Antes de Cristo até o Século V
;s Medieval, Séculos V a XV
,c Moderno
,D Renascença ·
,R Século XX.

Poderemos ter símbolos de classificação como os seguintes:


ZM,B A Documentação na Idade Média
ZNAFbR Bibliotecas Públicas dos Estados Unidos no Século XX.

As demais tabelas sistemáticas têm uso restrito a determinados assuntos,


como as tabelas analíticas especiais da Classificação Decimal Universal, e são
precedidas por vírgula, se necessário.
Deste último tipo é a Tabela 13, utilizada na Medicina. Exemplos:
,D Diagnóstico
,N Terapêutica
HPUW Cólera
HPUW,D Diagnóstico
HPUW,N Terapêutica

12.4 ÍNDICE

O sistema é acompanhado por um índice relativo, bem detalhado, com


cerca de 45.000 entradas ..

189
12.5 ORDEM DE CITAÇÃO

Bliss não apresentou uma ordem de citação geral, deixando liberdade ao


classificador, o que está conforme com sua pretensão de oferecer várias alter 4

nativas (1ara a classificação, mas em alguns pontos do sistema sugere possíveis


ordens de combinação de conceitos.
É, pois, um sistema que permite grande liberdade ao classificador na
formação de símbolos de classificação para assuntos compostos e complexos,
mas exige deste controle das decisões tomadas, que devem ser firmemente
mantidas.

12.6 ORDEM·DE INTERCALAÇÃO

Bliss não explicou a ordem de intercalação, mas Mills considera eviden-


te que deve ser.a seguinte: A/2; 1/9; a/z;-;,; A/2. Exemplos:
UVP
UVP2
UVP4e
UVP-ZP
UVP,B
UVPA.

12.7 ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO

Durante certo tempo o sistema foi atualizado por H. W. Wilson Co.,


através do 8/iss C/assification Bulletin, mas, em 1967, esta firma passou a res-
ponsabilidade da atualização e publicação do sistema ao North-Western Po/y-
technic Schoo/ of Librarianship, que entregou a tarefa à 8/iss C/assification
Associatíon, entidade que congrega os usuários do sistema, sob a presidência
de Jack Mills. ·
Jack Mills e V. Boughton encarregaram-se de rever e atualizar o sistema,
procurando adaptá-lo às modernas exigências da teoria de classificação face-
tada, para a publicação de uma nova edição que começou a aparecer em 1977
sob o título: 8/iss Bib/iographic C/assification.

190
. BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Alice P. Teoria e prAtica dos sistemas de classificação bibl/og·,áflca. Rio de


Janeiro, IBBD, 1969. p. 145-62.
FOSKETT, A. C. A abordagem temAtlca da informação. São Paulo, Pol(gono, 1973, p.
108-09, 261-63.
MILLS, J, A modem outline of library c/assificatíon. London,-Chapman & Hall, 1960.
p, 133-61. '
SAYERS, W. C. B. An introduction to líbrary classiflcation, London, Grafton, 1955. p.
152-61.
- - . A manual of c/assification for librarlans and blbl/ographers. London, Grafton,
1955, p, 187-203.

191
13
Shiyali Ramamrita Ranganathan nasceu em 1892, na,cidade de Shiyali,
estado de Madras, e morreu em 1972, em Bangalore, fndia. Cursou a Hindu
High School, ein Shiyali, e o Christian College, da Universidade de Madras,
onde obteve o grau de mestre em Matemática, em 1916. No ano seguinte, di-
plomou-se na Saidapet Teachers' College, também em Madras.
Lecionou Matemática no Government College, em Madras, de 1917 a
1920, e foi professor assistente da mesma disciplina no Presidency College, de
1920 a 1923.
Em 1924, foi nomeado bibliotecário da Madras University Library e
enviado à Inglaterra para estágio no British Museum.
Orientado pelo Diretor do British Museum, passou a estudar na School
of Librarianship da Universidade de Londres, onde se interessou principal-
mente por Classificação e Administração de Bibliotecas. Nessa escola foi alu•
no de Berwick Sayers, que o aconselhou a ler muito sobre Biblioteconomia,
estagiar em biblioteca pública e visitar diferentes tipos de bibliotecas.
Ranganathan dedicou-se à leitura de obras de Biblioteconomia, estagiou
na Croydon Public Libraries e visitou diversas bibliotecas da Grã-Bretanha.
Foi nesta· época que resolveu criar um novo sistema de-classificação bi·
bliográfica, após verificar ser a Classificação Decimal de Dewey largamente
empregada, mas freqüentemente adaptada e modificapa. Iniciou então o esbo-
ço do seu sistema de classificação, mas, convencido da necessidade de modifi·
car os princípios básicos de classificação bibliográfica, concebeu a idéia de
uma-classificação analítico-sintética.
Em 1925, voltou à (ndia, onde assumiu a direção da Madras University
library, iniciando o desenvolvimento e a aplicação do novo sistema de cla~si•
ficação, que havia idealizado.
Fundou a Madras library Association e, em 1928, ministrou o primeiro
curso de Biblioteçonomia do seu país, para cerca de mil professores, levando
a criação da Madras Summer Schoo/ of Library Science, onde lecionou cerca
de vinte anos.

192
Passou, mais tarde, à Benares Hindu University, como chefe da Bibliote-
ca e professor de Biblioteconomia e, entre 1947 e 1955, trabalhou na Univer-
sidade de Deli, lecionando Biblioteconomia, onde recebeu o título de Doutor
e "Pai da Biblioteconomia da (ndia".
Fez conferências na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Japão. Partici-
pou dos trabalhos da Federação Internacional de Documentação (FID). foi
seu vice-presidente e fundou a FID/CA, depois FID/CR, comitê de pesquisa
sobre classificação. Foi membro da Comissão Central de Classificação da FID
(FID/CCC). do lnternational Committee of Library Experts, das Nações Uni-
das e do lnternational Bibliographical Committee, da Unesco.
Ranganathan escreveu cerca de 50 livros e 1 500 artigos sobre todos os
campos da Biblioteconomia, criou uma terminologia nova para classificação
bibliográfica, que vem sendo largamente empregada, formulou o "princípio
da oitava", empregado em alguns pontos da Classificação Decimal Universal,
sugeriu o processo de compilação de índice para sistemas de classificação, de-
nominado índice em cadeia, muito em voga atualmente, e foi o primeiro au-
tor a empregar sistematicamente a análise em facetas em sistema de classifi-
cação, que deu orige~ às classificações facetadas modernas. Entre as suas
obras destacam-se: Colon (Çlassification, Prolegomena to Library Classifica-
tion, Classification: Fundamental and Procedure, Classified Catalogue Code,
Headings and Canons, Library Administration.
O seu mais importante trabalho é, sem dúvida, a Colon Classification,
chamada em português de Classificação de Dois Pontos.
Palmer disse que a Co/on C/assification "é um sistema que tem futuro,
não necessariamente no sentido de que seja provável a sua adoção em larga es-
cala, mas no sentido de que será o germe de futuros sistemas, que ofereçam
esperança de superar a produção de conhecimentos, que cresce diariamente''
("A Short lntroduction to Colon". The Library World, Vai. 51, 1949).
A Colon é empregada em bibliote~s da (ndia, mas não vem sendo utili•
zada fora daquele país. Seu estudo, porém, é importante devido à influência
que exerce sobre os estudiosos e autores de classificações, especialmente os
membros do C/assification Research Group da Inglaterra, que advogam as
classificações facetadas.

13.1 EDIÇÕES

A Colon Classification foi publicada pela primeira vez em 1933, seguin-


do-se edições em 1939, 1950, 1952, 1957 e 1960.
Após a primeira edição, Ranganathan leu as obras de Henry Evelyn Bliss,
que reconheceu terem influído nas suas te.crias de classificação, como expostas

193
em Pro/egomena to Library Classification (1937), mas que, no dizerdeSayers,
ainda continuaram muito originais.
Ranganathan planejou que sua classificação, a piÍrtir da. 6{1 edição, pas-
sasse a aparecer em duas versões: a primeira, dita Basic C/assification, rnenos
detalhada, destinada à classificação de macro thougth (macropensamento),
isto é, assuntos encontrados nos livros de bibliotecas gerais, escolares e uni·
versitárias; a segunda, chamada Depth C/assification, mais detalhada, destina-
da à classificação de micro thought (micropensamento), apresentado especial-
mente em artigos de periódicos.
Em 1960, saiu a Co/on C/assification, 6'/ ed, Basic C/assification;,, mas a
segunda parte ainda não foi publicada, exceção de algumas partes divulgadas
em periódicos.
A primeira parte da 6~ edição foi reimpressa em 1963, em um só volu-
me, dividido nas três partes seguintes: Rufes, Schedu/es of C/assification e
Schedu/es of C/assics and Sacred Books, with Special Names.
Estas partes são precedidas pelo prefácio, introdução e a "Annexure",
um adendo, contendo correções e modificações introduzidas no sistema, após
a publicação da primeira impressão da 6~ edição ( 1960). A primeira parte,
com o título "Rules" (Regras}, explica as classes e traz exemplos, A segunda
parte, "Schedules of Classification" (Tabelas de Classificação), traz, como o
nome diz, as tabelas de classificação e os índices. A terceira parte, ,.Schedules
oi Classics and Sacred Books, with Special Names" (Tabelas de Livros Clássi•
cose Sagrados, com Nomes Especificas), traz a classificação de obras clássicas
e sagradas, na quase totalidade obras orientais.
Cada uma das três partes tem numeração independente, precedida. pelos
números 1, 2 e 3, resultando em paginações, tais como 1. 1, 1.2, 1.3; 2.1, 2.2,
2.3; 3.1, 3.2, 3.3.
A numeração dos capítulos da primeira e da segunda partes foi feita de
tal modo que é, quase sempre, paralela. O capítulo B da primeira parte expli-
ca o capítulo B da segunda parte (classe B Matemática); o capítulo C da pri-
meira parte explica o capítulo C da segunda parte (classe C, Física), e assim
por diante.
A última edição apresenta erros tipográficos e omissões, que dificultam
o trabalho daqueles que se iniciam no sistema. l: o que acontece com a fórmu-
la-de-faceta D[P], [2P] [P2): [E], que deveria ser D[P], [P2]: [E) [2P], e com
a faceta Personalidade da classe de Lingüística, que só pode ser descoberta pe-
los exemplos encontrados no capítulo P das "Rules",

194
13.2 ESTRUTURA E NOTAÇÃO

A notação da Classificação de Dois Pontos é mista, utilizando algaris•


mos arábicos, letras minúsculas e maiúsculas, letras gregas e sinais gráficos, so-
mando cerca de 70 caracteres.
Ranganathan emprega atualmente duas letras gregas - delta, para Misti·
cismo, sigma, para Ciências Sociais. Anteriormente chegou a utilizar oito le-
tras gregas: beta, para Ciências Matemáticas, gama para Ciências F(sicas, eta
para Mineração, lambda para Criação de Animais, mu para Humanidades e
Ciências Sociais, delta para Misticismo, nu para Humanidades e sigma para
Ciências Sociais.
Os sinais gráficos empregados nos símbolos de classificação são: ponto,
vírgula, dois pontos, ponto e vírgula, parênteses, hífen e vírgula invertida ou
apóstrofo.
O conhecimento humano está dividido em 41 classes principais (main
classes), representadas em textos de Ranganathan pela sigle (MC), que são as
seguintes:

MAIN CLASSES
z Generalities LX Pharmacology
1 Universal Knowledge M Useful Arts
2 Library Science t; Spiritual Experiences
and Mysticism
3 MZ Humanities and Social
Sciences
4 Jornalism MZA Humanities
A Natural Sciences N
AZ Mathematical Sciences NX Literature and Linguistics
B Mathematics o Literatura
BZ Physical Sciences p Linguistics
C Phisics o Religion
D Engineering R Philosophy
E Chemistry s Psychology
F T echnology ~ Social Sciences
G Biology T Education
H Geology u Geography
HX Minning V History
Botany w Politics
J Agriculture X Economics
K Zoology y Sociology

195
KX Animal Husbandry YX Social Service
L Medicine z Law.
Um livro que trate dos assuntos representados pelos símbolos de H a L
deve ser classificado na classe G; os que tratam dos temas das classes B até M
devem ser enquadrados na classe A; e os sobre temas das classes T a Z devem
ir para a classe sigma.
As obras, que tratam de assuntos que não estão incluídos nos grupos aci-
ma, devem ser classificadas na classe de Generalidades.
Algumas classes principais são subdivididas em classes aceitas e homogê·
neas, mas que não representam divisão por característica definida, denominã-
das, por Ranganathan, de Canonical Classes, abreviadamente (CC), ou seja,
classes canônicas, classes convencionais.
A Matemática, cujo símbolo é 8, apresenta as seguintes classes canôni·
cas:
81 Aritmética
82 Álgebra
83 Analítica
84 Outros Métodos
85 Trigonometria
B6 Geometria
87 Mecânica
88 Físico-Matemática
89 Astronomia.
As classes principais e as classes canônicas são subdivididas em facetas,
agrupando assuntos que têm o mesmo tipo de relacionamento entre si e com a
classe principal. Cada faceta é conStituída pelo número necessário de subdivi-
sões, denominadas focos, cada uma acompanhada por algarismos arábicos de-
cimais, constituindo seu símbolo de classificação.
Todas as facetas são consideradas como manifestações de uma das cinco
categorias fundamentais de Ranganathan, o PMEST, explicado anteriormente.
As categorias fundamentais, chamadas facetas, são representadas, entre
colchetes, pelas seguintes siglas:
[PJ Personalidade
[M] Matéria
[E] Energia
[SJ Espaço
[T] Tempo.
A ordem de citação dos conceitos para formação dos símbolos de classi-
ficação dos assuntos compostos é, basicamente, a ordem do PMEST, mas um

196
assunto pode exigir a presença de uma mesma categoria mais de uma vez,
constituindo os leveis {níveis) e os rounds {ciclos).
Duas ou mais aparições seguidas de uma mesma categoria são chamadas
níveis e são indicadas pela sigla da categoria, seguida de um algarismo arábico
indicador da ordem. Assim, [P2] e [P3] são segundo e terceiro níveis da Perso•
nalidade; [E2] é segundo nível da Energia; e [M2] é o segundo nível da Maté-
ria. Às vezes, uma categoria precisa reaparecer depois do aparecimento de ca-
tegoria de outro tipo, isto é, por exemplo, a c.ategoria Personalidade pode vol-
tar a aparecer, depois de ter sido utilizada a categoria Energia, numa ordem de
citaçãÓ Personalidade-Energia-Personalidade.
Ranganathan denomina a nova aparição de uma categoria, depois de ter
sido introduzida categoria de outro tipo, de round (ciclo}. Podemos ter segun-
do ciclo de Personalidade, terceiro ciclo da Personalidade, segundo ciclo da
Energia etc.
Os ciclos são indicados na Colon C/ass!fication por um algarismo arábi-
co antes da letra indicativa da categoria. Exemplos:
[2P] segundo ciclo da Personalidade;
[3P] terceiro ciclo da Personalidade;
[2E] segundo ciclo da Energia.

Um assunto pode exigir o aparecimento de diferentes níveis e cic_los


combinados. A aparição, por exemplo, de duas Personalidades depois da cate::
goria Energia será indicada utilizando-se algarismos arábicos antes e depois da
letra correspondente à categoria. Exemplo:

T[P] : [E], [2P], [2P2], onde [2P2] se lê: "segundo nível do segundo ci-
clo da Personalidade."
Cada classe principal e cada classe canônica traz, no inicio, uma fórmu-
la•de-faceta, que determina a ordem em que os vários conceitos devem ser
apresentados na construção do símbolo de classificação. Em seguida, apare-
cem as várias relações de subdivisões de assunto (facetas e focos), representa·
das por algarismos do sistema decimal, que serão precedidos pelo símbolo da
classe e pelos sinais gráficos indicadores do tipo de categoria fundamental em
questão (Personalidade, Matéria, Energia etc.), ao ser composto o símbolo de
classificação.
A classificação é feita pela substituição das siglas indicadoras das catego-
rias, encontradas nas fórmulas-de-faceta, pelos números que correspondem ao
conceito desejado, tirados da relação dos focos, precedidos pelos sinais gráfi-
cos apropriados.
Os sinais gráficos introdutórios das categorias são os seguintes:

197
[PJ a primeira personalidade não exige indicador, mas as outras são
introduzidas por vírgula
[M] ponto e vírgula
[E] dois pontos
[SJ ponto
[T] apóstrofe.
Ao lançar seu sistema, Ranganathan só utilizou o sinal dois pontos para
introduzir qualquer uma das facetas, daí o nome do sistema, Co/on Classifica•
tion, pois a palavra "coion" em inglês significa dois pontos.
· Para classificar pela Colon, segue-se a rotina seguinte:
1. Examina-se o documento e. determina-se os conceitos presentes.
Exemplo:
Em Estudo do Peso Molecular do Carbono, encontram-se dois con·
ceitas - Peso Molecular e Carbono;
2. Localizam-se as classes principais (pág, 2.29 em diante) em que, pre·
suma-se, estejam enquadrados os conceitos a classificar, ou consulta-
se o índice (pág. 2.126 em diante), procurando pelo assunto especí•
fico, para descobrir a posição dos conceitos desejados no sistema. No
exemplo acima, localiza-se na classe de Química, ou através do índi·
ce, a posição no sistema de Carbono e Peso Molecular;
3. Localizada a classe principal, examina-se a fórmula-de-faceta. No
exemplo, constata-se que o assunto está enquadrado na classe E
(Química), com a seguinte fórmula-de-faceta: E[P] : [E] [2P];
4. Examinam-se os focos para situar os conceitos procurados. No exem-
plo, os conceitos desejados aparecem no "Foci in [PJ", em 140 e no
"Fac/ in [E] cum [2P]", em 14, como pode ser visto na reprodução
abaixo, Chapter E
CHEMISTRY
E[P] : [E] (2P] .
Foci in [PJ Foci in [E] cum [2P]
1 lnorganic Substance i General
10 Group O 11 Preparation
100 Helium 14 Atomic weight. Molecular
109 Radon (Rn) weight
11 Group 1 2 Physical chemistry
110 Hydrogen (H) 215 Valency
111 Sodium (Na) 218 Molecular structure
14 Group 4 22 Solucion
140 Carbon (C) 2201 Solubility.

198
5. Procede-se ã substituição das siglas da fórmula-de-faceta pelos símbo·
los de classificaçâ'o correspondentes aos conceitos a classificar.
Para o exemplo encontra-se: E140:14, onde,
E é o símbolo da classe principal, Química;
140 representa Carbono no "Foci in [P]";
é o indicador"{fe-faceta para Energia;
14 representa Peso Molecular no "Foci in [E] cum [2P]" (não há
necessidade de indicador-de-faceta para 2P, porque esta faceta
está combinada com a faceta Energia),
Segue-se um extrato da classe T (Educação).
Chapter T
EDUCATION
T[P] : [E] [2P], [2P2]
Foci in [PJ Foci in [E] cum [2P] Foci in [2P2]
1 Pre·secondary 1 Nomemclature 1 Audio-visual
13 Pre-school child 2 Curriculum 13 Audio
15 Elementary 3 Teaching Technique 133 Gramophone
2 Secondary 7 Case Study
3 Adult 97 Lecture Method
31 Literate
38 llliterate
4 University

Do extrato da tabela acima apresentado, podemos classificar os exem-


plos seguintes:
T4:2 Currículos Universitários
T4:3,7 Estudo do Caso como Método de Ensino Universitário
T15:3,133 Ensino elementar através de discos.
Examinando o exemplo T15:3, 133 encontramos:
T símbolo da classe principal, Educação;
15 representa Elementar, no "Foci in [PJ" (como é a primeira apari-
ção da faceta Personalidade, não é necessário indicador-de-faceta);
símbolo de conexão da faceta Energia;
3 representa Método de Ensino, no "Foci ln [E] cum [2P]";
símbolo de conexão para reapariçâ'o da faceta Personalidade;
133 significa Discos, Vitrola, no "Foci in [2P2]".
Sugerimos refazer os exemplos seguintes, utilizando o próprio sistema
de classlficaçâ'o:

199
E110:218 Estrutura Molecular do Hidrogênio;
T3 Educação de Adultos;
G 11 :3 Fisiologia Celular;
18311, 13, Raízes da Macieira.
Tente classificar os títulos seguintes e verifique se teve êxito, conferin•
do as suas respostas com aquelas que aparecem a seguir.
Classifique:
1. Currículo da Escola Secundária;
2. O Ensino através de Conferências na Universidade;
3. Solubilidade do Sódio;
4. Peso Atômico do Hélio.
Respostas:
1. T2:2;
2. T4:3,97;
3. E111:2201;
4. E100:14.
1: necessário examinar çuidadosamente toda a classe, porque, em algu-
mas delas, encontramos, mais adiante na tabela, subdivisões para um foco an•
teriormente apresentado.
Freqüentemente encontramos exemplos da aplicação de determinadas
facetas na própria tabela, precedidos pela palavra 11/ustrative.
A classe de Medicina exemplifica o que foi dito acima, pois, após rela-
cionados todos os "Foci in (E] cum (2P]" encontramos subdivisões para o fo.
co 4, Doenças, acompanhadas de exemplos, como pode ser visto no extrato
seguinte.

Chapter L
MEDICINE
L[P] : (E] [2P]
Foci in [PJ Foci in (E] cum (2P] For 4 Disease in [E]
Foci in [2P)
1 Basic and Preliminares 1 General
Regional '
11 Cell 2 Morphology · 11 Atropy
12 Tissue 3 Physiology 15 1nflammation
2 Digestive 4 Disease 2 Virus
System
25 Intestina 5 Public Health 5 Functional
Disorder
200
293 Pancreas 61 Vital Statistics 53 Complicated
Functioning
3 Circulatory 52 State Contrai 6 Nutrition
System
35 Blood 54 Prevention 7 Structural
37 Artery 56 Public Hygiene 71 Abnormality
4 Respiratory 7 Development 711 Size
System Ontogeny
45 Lung 8 Physical Fitness
(lllustrative)
L293:46 Diabetes
L71 :453 Epilepsy.
Nos exemplos apresentados na Colon, verificamos que devemos acres-
centar ao símbolo 4 (Doenças) símbolos indicativos do tipo de distúrbio:
Diabetes L293:46 - é uma doença do pâncreas ligada à nutrição.
Aneurisma é uma doença proveniente da dilatação de parede de
artéria e será classificada em L37:4711, em que:
L significa Medicina;
37 é o símbolo de Artéria, no "Foci in [PJ";
é indicador·de·faceta Energia;
4 representa Doença, no "Foci in [E] cum (2P]";
711 simboliza Tamanho Anormal, tirado do "Foci in (2P]" para o fo·
co 4 Doença.
t freqüente, também, o sistema determinar que dado assunto seja sub-
dividido como foi subdividida outra faceta da mesma classe ou de outra
classe.
A classe de Biblioteoonomia apresenta exemplo de utilização de subdi·
visões de outra classe. Vejamos

· Chapter 92
LIBRARY SCIENCE
.2[P]; [M] : [E] [2P]
Foci in [PJ Foci in (M]
13 National Sarne as Foci in [PJ for General ia
14 Region Bibliography
2, Local Foci in [E] cum [2P]
3 Academical 1 Book Selection
34 University 2 Organization
4 Business 5 Technical Treatment

201
48 Government Dept. 51 Classification
Dther by (SD) 55 Cataloguing
4(0) Religious 6 Circulation
4(X81) lnsurance 62 Lending

Chapter 9a
GENERALIA BIBLIOGRAPHY
a[P), [P2) [P3), [P4)
Foci in [PJ
1 By Mode of Productipn
12 Manuscript
14 Printed Book
17 Map
46 Periodical.

Combinando focos de duas classes principais - Biblioteconomia e Bi·


bliografia - obtém-se
234;17:55 Catalogação de Mapas em Bibliotecas Universitárias
214;46:62 Empréstimo de Periódicos entre Bibliotecas Regionais.
Tente classificar os exemplos seguintes e verifique depois se acertou,
conferindo as respostas que aparecem a seguir. ·
1. Catalogação.
2. Classificação de Manuscritos.
3. Circulação de Livros em Bibliotecas Nacionais.
4. Bibliografia de Mapas.
Respostas:
1. 2:55;
2. 2;12:51;
3. 213;14:6;
4. a17.

13.3 ANÁLISE TEMÁTICA E CLASSIFICAÇÃO

Para Ranganathan, classificar um documento consiste nas seguintes eta·


pas de análise:
1. Tltulo Bruto (Raw Title). Título encontrado no documento. Exem·
pio:
Tratamento da Tuberculose na (ndia, em 1976;

202
2. Titulo Completo (Fui/ Title). Título apresentando todas as idéias bá-
sicas e isoladas do documento, que é conseguido completando-se as
elipses do Título Bruto. Exemplo:
O Raio X no Tratamento das Doenças Causadas pelo Bacilo de Koch
(tuberculose) nos Pulmões, na lndia, em 1976;
3. Titulo Essencial (Kerne/1 Title). T(tulo Completo, excluídos os vocá-
bulos auxiliares e tendo os termos compostos substituídos por ter-
mos que representem suas idéias fundamentais. Exemplo:
Raio X - Tratamento - Doenças - Bacilo de Koch (tuberculose) -
Pulmões - Índia - 1976;
4. Titulo Analisado (Ana/ysed Title). Título Essencial, tendo cada um
dos seus termos acompanhado do símbolo indicativo da categoria da
qual a idéia é uma manifestação, bem como seus níveis e ciclos, esta-
belecidos segundo os Postulados de Classificação. Exemplo:
[3PJ Raio X - [2EJ Tratamento - (EJ Doenças - [2PJ Bacilo de
Koch (tuberculose) - [PJ Pulmões - [SJ Índia - [TJ 1976;
5. Titulo Transformado (Transformed Title). Título Analisado, tendo
os termos reordenados conforme os símbolos de análise a eles apen-
sos, e segundo a ordem estabelecida. Exemplo:
[PJ Pulmões - [EJ Doença - [2PJ Bacilo de Koch (tuberculose) -
(2EJ Tratamento - (3PJ Raio X - (SJ lndia - (TJ 1976;
· 6. Titulo em Termos Padrão (Title in Standard Terms). Título Trans-
formado, tendo os termos do Título Completo substituídos, quando
necêssário, pelos seus equivalentes encontrados nas tabelas de classi-
ficação. Exemplo:
(MC) Medicine - [PJ Lung - (EJ cum [2PJ Disease.
lnfection, Tuberculosis - [2EJ cum (3PJ Therapeutics, X-ray thera-
py - (SJ lndia - [TJ 1976;
7. Titulo em Slmbo/os de Facetas (Title in Facet Numbers). Título em
Termos Padrão, com seus termos substituídos pelos símbolos encon-
trados nas tabelas. Exemplo:
MC/L - [PJ/45 - (EJ cum [2PJ/421 - (2EJ cum [3PJ/6253 - (SJ/44
- [TJ/N76;
8. Slmbo/o de Classificação (C/ass Number), Conseguido retirando-se
os símbolos de análise e inserindo-se os símbolos de conexão apro-
priados. Exemplo:
L45:421 :6253.44'N76.

203
13.4 ARTIFIC:I0S

Além dos símbolos apresentados nas facetas, muitas subdivisões podem


ser obtidas por meio dos devíces (artifícios) seguintes:
1. Chrono/ogiéal Oevice (artif feio cronológico);
2. Geographica/ Oevice (artifício geográfico);
3. Subject Device (artifício temático);
4. A'lphabetica/ Device (artifício alfabético);
5. Mnemonical Device (artifício mnemônico);
6. Superimposition Device (artifício superimposto).
CHRONOLOGICAL OEVICE (COl. É o emprego de subdivisões cronológi-
cas, aplicando a Time lsolate, para subdivisão regular de uma classe, represen·
•tando então a faceta Personalidade. Exemplo:
P124,1,M86 Poesia Portuguesa de Autor Nascido em 1886;
GEOGRAPHICAL OEVICE (GO). Consiste em utilizar os símbolos da tabe-
la de subdivisões geográficas (Space /so/ate) como subdivisões regulares de
classes, conforme estabelecido pelo sistema. Exemplo:
V7918 História do Brasil;
SUBJECT OEVICE (SOi. Consiste em subdividir uma classe pelo acréscimo
de símbolos tirados de outras classes, apresentados entre parênteses. Exemplos:
24(0) Bibliotecas Religiosas
24(X81) Bibliotecas de Seguros
9(Y52) Educação de Aristocracia
9(Y54) Educação de Militares.
ALPHABETICAL OEVICE (AO). É o emprego de letras iniciais de nomes
próprios ou termos técnicos, em letras maiúsculas, para obter símbolos de
classificação mais específicos.
MNEMONIC OEVICE. Consiste na criação, pelo classificador, de novas
subdivisões para o sistema de classificação, escolhendo os algarismos que irão
compor os símbolos, de acordo com o significado dado por Ranganathan a
cada caracter.
Encontramos na pág. 1.32 o significado dado a cada caracter e que ser•
virá para orientar o classificador na expansão das tabelas.
O algarismo 1, por exemplo, será usado para representar as idéias de
união, Deus, universo, mundo, estado sólido etc. O algarismo 2 será reservado
para simbolizar duas dimensões, plano, cônico, forma, estrutura, anatomia,
morfologia, fontes do conhecimento etc. O algarismo 4 representará calor, pa·
tologia, doença, transporte, síntese, híbrido etc.

204
Esses mnemônicos são chamados também de seminal mnemonics ou un-
schedulêd mnemonics.
SUPERIMPOSITION DE VICE. Consiste em unir símbolos de focos para
criar novos focos, usando-se o hífen como símbolo de conexão-. Exemplo:
f

L163-36 Veia do Braço.

13.5 TABELAS AUXILIARES

SUBDIVISÕES GEOGRÁFICAS. A Colon apresenta uma lista de subdivi•


sões geográficas intitulada Space /solate, abreviadamente (SI), que aparece no
Cap. 4 (pág. 2.8) e é utilizada na representação da faceta Espaço.
Qualquer assunto pode ser subdividido geograficamente, pelo acréscimo
de um símbolo tirado da Space /solate, apresentado após as facetas Persona·
!idade, Matéria e Energia.
Geralmente a faceta Espaço não aparece nas fórmulas-de-faceta, no iní·
cio da classe, mas pode ser acrescentada quando desejado.
O indicador·de·faééta ou o símbolo de conexão para os números geográ·
ficas é um ponto, que precede o símbolo. Exemplos:
233.7918 Bibliotecas Escolares no Brasil
J382:7.7913 Colheita de Trigo na Argentina.
O sistema apresenta qµatro tipos de subdivisões geográficas:
1. Subdivisões pai íticas (Politica/ divisionsl
2. Subdivisões fisiográficas (Physiographical featuresl
3. Concentrações populacionais (Population c/ustersl
4. Subdivisões orientadoras (Orientation divisionsl.
SUBDIVISÕES POLl'rlCAS. As encontradas na tabela Space /solate, ini·
ciam-se com o algarismo 1, para representar o Mundo, seguido de subdivisões
para impérios, grupos de países, zonas, pontos cardeais, Liga das Nações e Na•
ções Unidas. O símbolo 2 foi reservado para o país onde está sendo feita a
classificação (Mother countryl, caso seja desejad.o lhe dar um destaque espe·
cial. O símbolo 3 (Favoured country) destina-se ao país sobre o qual a biblio·
teca possui maior volume de documentos, o país favorecido.
A estas subdivisões podem ser acrescentadas subdivisões 'fiâiográficas,
subdivisões orientadoras e subdivisões sobre concentrações populacionais.
As subdivisões relativas a concentraç{ies populacionais permitem espe·
cificar as localidades para as quais não há símbolos próprios, pelo acréscimo
de leira ou letras iniciais dos seus nomes, em letras maiúsculas, após o sím·
bolo geográfico que as contém. Exemplos:

205
O88.594.Z Limpeza das Ruas de Zurich
. T.7324.M Educação na Cidade de Miami .
SUBDIVISÕES ORIENTADORAS. Aparecem no inicio da tabela geográ-
fica, em 19, trazendo subdivisões para os pontos cardeais. Podem ser usadas
diretamente, após o s/mbolo do assunto, para representar a posição no mun-
do. Exemplo:
Y:1.19O Civilizações dos Palses do Oriente Médio.
Podem, também, ser acrescentadas depois do símbolo de divisão políti•
ca, precedidas de ponto e excluído o algarismo 1, que representa o mundo.
Exemplos:
Y:351.7918.9S Folclore no Norte do Brasil
Na53.9G Arquitetura no Sul da França.

~ possível acrescentar esses símbolos a uma subdivisão geográfica em


que tenha sido especificada a concentração populacional. .Exemplo:
Y:351.7918.P.9S Folclore do Norte do Pará.
SUBDIVISÕES FISIOGRÁFICAS. Aparecem no final da tabela de Space
/solate (pág, 2.17) e apresentam símbolos para acidentes físicos, tais como
lagos, montanhas, oceanos, florestas etc., representados por letras minúsculas,
seguidas de números (ver Annexure pág. 26).
Essas subdivisões· podem ser usadas independente ali ligàdas aos s(mbo·
los de divisões políticas, sempre precedidas de um ponto. Exemplos:
U4.4 Antropograiia das Regiões Desérticas
U8.g7 Alpinismo
MY65.7918.p6 Pesca nos Rios do Brasil
Y:1.97.e6 Civilizações das Ilhas do Pacifico.
~ possível subdividir ainda mais, individualizando o acidente geográfico,
quando desejado, subdividindo alfabeticamente. Exemplos:
U8.4.g7H Expedições ao Himalaia
MY65. 7918.p6A Pesca no Rio Amazonas.
A tabela de Space Isa/ate também pode ser utilizada como Geographical
Device, isto é, como recurso para subdividir assuntos, utilizada então para su-
prir focos a uma faceta Personalidade.
Quando a Colon deseja permitir a utilização do artifício geográfico, en·
contra-se, na tabela, a informação "To be got by (GD)".
As subdivisões geográficas utilizadas na subdivisão de classes, como arti·
ffcio geográfico, não são consideradas como faceta Espaço, mas sim facetas de

206
outros tipos, geralmente faceta Personalidade, e, assim sendo, sã'o precedidas
do indicador-de-faceta correspondente à faceta em questão.
A classe V (História) tem a seguinte apresentação:

Chapter V
HISTORY
V[PJ, [P2) : [E) [2P)' [TJ
"Focl in [PJ"
To be got by (GD).
Isto significa que o primeiro nível da Personalidade na classe de História
é formado com o auxílio do artifício geográfico, ou seja, por meio dos símbo-
los da tabela de Space /solate. Exemplos:
V7918 História do Brasil
V7913 História da Argentina .
V594 História da Suíça.
Os focos da faceta [PJ da classe de Direito, cujo símbolo é Z, também
são obtidos por meio do artifício geográfico, resultando em
Z7918 Direito Brasileiro
Z7913 Direito Argentino
Z594 Direito Suíço.
Note-se que nos exemplos acima não foi usado o ponto como indicador-
de-faceta geográfico, porque se trata de uma manifestação da faceta Personali·
dade e não da faceta Espaço.
SUBDIVISÕES CRONOLÓGICAS. A Colon pussui uma tabela para subdivi-
sões por datas, chamada Time /so/ate, cuja abreviatura é (TI), que aparece no
Cap. 3 (pág. 2.7) das tabelas.
O indicador-de-faceta para as subdivisões cronológicas é uma vírgula in-
vertida (inverted comma), representada aqui por um apóstrofo. Àté 1960, a
faceta Tempo era introduzida por um ponto, mas seu símbolo de conexão
foi trocado para vírgula Invertida, a fim de ficar diferente ·do símbolo de
conexão da faceta Espaço.
O sistema apresenta dois tipos de subdivisão cronológica, facetas [T) e
[T2).
Apresentamos a seguir um extrato da faceta [TJ.

Chapter 3
31 lsolate in [T) : Chronological Device
A Before 9999 BC E 1000 to 1099 AD

207
Al Eozoic J 1500 to 1599 AD
A2 Paleozoic L 1700 to 1799 AD
A3 Kesozoic M 1800 to 1899 AD
B 9999 to 1000 BC N 1900 to 1999 AD
c 999 to 1 BC x· 2800 to 2899 AD
D 1 to 999 AD YA 2900 to 2999 AD

As datas postariores ao ano 1000 da nossa era são indicadas pelo


acréscimo de algarismos correspondentes às décadas e aos anos à letra indica-
tiva do século. Exemplos:
M Século XIX (1800/1899)
M7 Década de 1870 (1870/1879)
M75 Ano de 1875
MOO Ano de 1800
M70 Ano de 1870.

As datas entre o ano 1 e o ano 999 da nossa era são represent~das pela
letra D, seguida pelos algarismos referentes ao ano, década e século. Exemplo:
D315 Ano 315 AD.
As datas anteriores à Era Cristã são formadas por meio mais elaborado,
chamado por Ranganathan de method of comp/ements, explicado no Cap. 3
das Regras.
A faceta [T2] apresentá outros tipos de divisões cronológicas, tais como
dia, estações do ano, condições meteorológicas etc., representadas por letras
minúsculas, algumas vezes acompanhadas de algarismos arábicos.
Segue-se esta tabela:
32 lsolate in [T2] : Feature Time
c Day-time n Season p Meteorological period
d Night nl Spring pl Dry
e Twilight n3 Summer p5 Wet
n5 Autumn p8 Snow
n7 Winter

A subdivisão por data, na faceta Tempo, raramente consta da fórmula•


de•faceta, mas pode ser acrescentada a qualquer assunto, quando desejado,
após o símbolo de conexão, vírgula invertida (apóstrofo). Exemplos:
NA42'N7 Arquitetura Japonesa da Década de 1970
U2855'N76'n3 Precipitação Atmosférica no Verão de 1976

208
NY2131 'd Jogo de Tênis à Noite
L44:453'N62'n7 Incidência de Asma no Inverno de 1962.
Em algum~s classes, como na classe de Literatura, a faceta Tempo é
utilizada como subdivisão da classe, considerada então como manifestação
de outro tipo de faceta, faceta Personalidade, pbr exemplo, e não como fa-
ceta Tempo, Nesses casos será precedida pelo indicador-de-faceta próprio à
faceta r·epresentada. Quando isto ocorre está previsto na f6rmula·de·faceta da
classe e aparece a instrução "Got by (CD)", que significa, subdividida pelo
Chrono/ogical Device.
No extrato da tabela ·para a classe de Literatura, apresentado a seguir,
encontramos ·o emprego do Chronologica/ Device.
Chapter O
LITERATURE
O[P], (P2] [P3], [P4]
Foci in [PJ Foci in [P2] Foci in [P3]
As the Language 1 Poetry To be got by (CD)
Division in 2 Drama
Chapter 5 3 Fiction, including
short stories
Exemplos de aplicação desta tabela:
0124,1,M Poesias Portuguesas do Século XIX
0122,3,N Romance Francês do Século XX.
Na classe N (Belas Artes), as subdivisões cronológicas foram empregadas
para formação do segundo nível da faceta Personalidade. Exemplos:
NA56 Arquitetura Britânica
NA561,D Arquitetura Britânica no Período Anglo-Saxão
NA561,J Arquitetura Britânica no Período Tudor.

SUBDIVISÕES POR Ll'NGUA .. A Colon apresenta uma tabela de subdivi-


sões por língua (pág 2.26) denominada Language /so/ate, abreviadamente
(LI). onde estão relacionadas as várias línguas, acompanhadas de símbolos.
Esta tabela é utilizada como meio de subdividir as classes de Literatura
e Lingüística (O e P). Nestas classes, as subdivisões por língua são considera-
das como manifestações da faceta Personalidade. Exemplos:
P111 Língua Inglesa
0111 Literatura Inglesa
P124 Língua Portuguesa
0124 Literatura Portuguefª·

209
A fim de permitir -a precedência da língua favorecida (favoured langua-
ge), aquela em que a Biblioteca possui maior número de documentos, geral-
mente a língua nacional, seu símbolo pode ser substitu(do por um traço. Con-
siderando-se português como língua favorecida, os exemplos acima passariam
a ter os seguintes sírtlbolos de classificação:
O• Literatura Portuguesa
P• Língua Portuguesa.
Os sfmbolos da Language /solate são, também, um dos elementos do
número-do-livro, que, juntamente com o número-de-classificação e o número-
da-coleção, formam o número-de-chamada projetado por,Ranganathan.
SUBDIVISÕES COMUNS. A Co_lon apresenta uma tabela de subdivisões
comuns, denominada Common /so/ate, abreviadamente (CI), incluindo sím-
bolos para especificação da forma de apresentação ou abordagem, como bi·
bliográfica, periódico, estatística, carta etc.
As (CI) são representadas por letras minúsculas, algumas vezes seguidas
de algarismos.
Há dois tipos de Common /so/ate - Anteriorizing Common /so/ates,
(ACI) e Posteriorizing Common /so/ates (PCI).
Ranganathan partiu da premissa de que certos documentos, tais como
bibliografias, enciclopédias, história, destinam-se ã primeira abordagern de um
assunto (Approach documents), e devem preceder os tratados sobre o assun-
to. Estes tipos de documentos constituem a lista de Anteriorizlng Common
/solates que mesmo acrescentadas no fim do símbolo de classificação, deter-
minam a precedência destes símbolos na intercalação.
Assim, a ordenação dos exemplos abaixo será como segue:
1. La Bibliografia de Medicina;
2. Lv História da Medicina;
3. L Tratado de Medicina.
As (ACI) são acrescentadas diretamente aos símbolos de classificação
do assunto, sem necessidade de indicador-de-faceta. Exemplo:
P124v História da Lingüfstica Portuguesa.
Podem ser empregados dois ou mais isolados (ACI) em sucessão. Exem-
pios:
Lma Bibliografia de Periódicos de Medicina;
As (ACI) são•apresentadas em três grupos distintos:
1. as aplicávCis antes da faceta Espaço;
2. as aplicáveis depois da faceta Espaço;
3. as aplicáveis após a faceta Tempo,

210
Algumas (ACI) admitem "facetas individualizantes", isto é, podem ser
subdivididas por Espaço e/ou Tempo, aqui considerados, às vezes, como mani-
festações da faceta Personalidade.
As tabelas trazem a indicaçâ'o destas sub.divisões e a f_grfj'lula-de-faceta
para sua aplicação, incluindo o indicador-de-faceta necessário à união dos sím-
bolos. É, porém, necessário recorrer ao Cap. 2 das Regras de Verificação do
significado das Facetas [PJ e [P2] no contexto destas subdivisões. Exemplos:
Z, 1227p7918,N75 Anais de Conferência Brasileira sobre Divórcio,
realizada em 1975.
Z,1227v.N História do Divórcio no Século XX
Z, 1227v73.M História do Divórcio nos Estados Unidos, no sé-
culo XIX.
Entre as (ACI) só a forma Estatística aparece em dois grupos, mas re-
presentada pelo mesmo símbolo. A primeira, no Item 22, destina-se a estatís·
ticas publicadas periodicamente e é subdivisível por Espaço e Tempo. Exem-
plo:
L:515.7918sN76 Estatística Periódica de Nascimento no Brasil para
1976.
A segunda estatística, no Item 23, destina-se a subdividir estatísticas
esporádicas e o símbolo aparece depois da subdivisão de Espaço e tempo.
Exemplos:
L:515'N76s Estatística de Nascimentos Ocorridos em 1976
L:515.7918'N76s Estatísticas de Nascimentos Ocorridos no Bras!l
em 1976
Damos a seguir um extrato da tabela de Anteriorizing Common /so/ates.

Chapter 2
Common lsolate
21. Anteriorizing Common lsolates (Applicable before Space facet)
Number Term Facet formula
a Bibliography a[T]
c Concordance
d Table
e Formula
f Atlas f[T]
k Cyclopaedia k[P], [P2]
rn Periodical m[P], [P2]
V History v[S], [T]

211
As Posteriorizing Common /so/ates, abreviadamente (PCI), também são
representadas por letras minúsculas, algumas vezes seguidas por algarismos, e
são acrescentadas após a faceta Espaço, mas exigem um símbolo de conexão,
que não é necessário nas (ACI). Exemplo:
2,b Profissão de Bibliotecário.
Aparecem divididas em dois grupos:
1. Posteriorizing common isolate: Energy common isolate
2. Posteriorizing common isolate: Personality common isolate.
As (PCI) exigem um símbolo de conexão, que será uma vírgula, quando
manifestação da faceta Personalidade, e dois pontos, quando representando a
faceta Energia.
Os focos do segundo grupo (Item 27) podem ser subdivididos confor·
me a fórmula-de-faceta apresentada na tabela e as explicações encontradas nas
Regras (pág. 1.48).
Nesses casos, a faceta Personalidade pode ser obtida por artifício alfabé·
tico ou cronológico e as facetas [P2], [E] e [T] são as mesmas da classe princi·
pai V (História). Exemplos:
B9.44,12,Kr · Relatório do Kodaikanal Observatory (fodia)
B,44,g,9N'N50 História da Sociedade de Matemática da (ndia até 1950.

13.6 RELAÇÕES ENTRE OS ASSUNTOS

Na pág. 2.28 aparece uma tabela para "Phase, lntra-facet ànd lntra-array
Re/ations", apresentando símbolos para os diversos tipos de relacionamento
entre os assuntos. Esses símbolos, no total de 15, são constituídos por letras
minúsculas, precedidas, no aplicar, por um zero.
Ranganathan reconhece cinco tipos de relacionamento entre assuntos:
1. General. Prelações de caráter geral, quando os símbolos são apresen·
tados na ordem das tabelas. Exemplo:
WOaX Relações entre Ciências Políticas e Economia.
2. Bias. Para assuntos tendenciosos, isto é, assuntos tratados com refe·
rência a outros assuntos, como, por exemplo, Psicologia para Biblio-
tecários, Estatística para Economistas. Nesses casos, o assunto trata·
do aparece em primeiro lugar e o assunto a que se destina~m a se-
guir, após o símbolo de relacionamento. Exemplo:
S0bL Psicologia para Médicos.
B33:520bC Introdução da Teoria Algébrica das Equações para Quí•
micos.

212
3. Comparison. Comparação entre assuntos, mencionando-se os símbo· ·
los dos assuntos comparados na ordem das tabelas. Exemplo:
COcE F (sica comparada à Ou/mica.
4. Difference. Diferença entre assuntos, aparecendo os s(mbolos dos as-
suntos na ordem das tabelas. Exemplo:
B850dCN2 Diferença entre Função das Ondas e Mecânica das On·
das.
5. Jnfluencing. Influência de um assunto em outro, quando o símbolo
do assunto influenciado aparece em primeiro lugar e o do influencia-
dor vem após o símbolo de relacionamento. Exemplo:
WOgU Influência da Geografia nas Ciências Políticas.
Ranganathan diferencia, também, entre:
1. Intra-Face/ Re/ations. Relações entre focos de uma mesma faceta.
Exemplos:
Z,40j5 Relações entre Danos e Crimes
B910m42:68 Comparação entre a Constituição da Terra e a de
Marte
Q60r4 Influência do Budismo no Cristianismo.
2. lntra-Array Re/ations. Relações entre focos de um mesmo assunto,
tacéta e fileira, quando as partes comuns dos símbolos de classifica-
ção podem ser eliminadas. Exemplos:
E:330v4 Comparação entre as Análises Quantitativa e Qualitativ,a,
Y310w5 Diferença entre Habitantes de Zonas Rurais e Habitan-·
tes de Cidades. '
3. Phase Re/ations. Relações entre focos tirados de diferentes classes
principais ou classes básicas. Exemplo:
OOgW691 Influência do Comunismo na Literatura.

13.7 INDICE

A Colon possui um índice principal (pág. 2.126 em diante), dito "em


cadeia", porque-deve ter sido compilado por este processo, mas diferente na
forma de apresentação deste tipo de índice, como a encontramos na.literatura
de Biblioteconomia.
Trata-se de um (ndice relativo, como é o índice em cadeia, ·em que sob
cada entrada são relacionados todos os pontos da classificação em que o tema
pode ser encontrado, apresen_tadoS, porém, só pelos símbolos de classificação,
desacompanhados dos nomes dos conceitos que representam. Este índice, na
opinião de Mllls, é só um instrumento para o classificador, não se destina ao
'
213
leitor, e aqueles que aplicam o sistema devem compilar um índice próprio ao
acervo da Biblioteca.
As entradas indicam os s(mbolos das classes, os tipos de facetas e os nú·
meros dos focos correspondentes aos conceitos, mas não incluem os símbolos
de conexão (a vírgula aí encontrada serve tão-somente para separar itens).
Apresentamos a seguir exemplos de entradas do índice.

ENTRADAS INTERPRETAÇÕES

Abnormal S, T[P], 6.X[EJ, 9P. = Abnormal aparece na Classe


Z[P2J, 16 S(Psicologia); na classe T (Edu•
cação), no "Foci in [PJ", foco6;
na classe X (Economia}, "Foci
in [EJ", foco 9P; na classe Z (Di-
reito), "Foci in [P2J", foco 16.
, Air E[PJ, 1981 = Air aparece na classe E (Quí-
mica). no "Foci in [PJ", foco
1981.
AssociationS[EJ, 32. Y[PJ, 8. = Association aparece na classe
Z[P2J, 18 S (Psicologia), no "Foci in [EJ
cum [2P]", foco ,32; na classe
Y (Sociologia), "Foci in [PJ",
foco 8; e na classe Z (Direito),
"Foci in [P2J", foco 18.
Emulsion E[E], 236 = Emulsíon aparece na classe E
(Química), no "Foci in [E]
cum [2P]", foco 236.

A edição traz também índices especiais para as subdivisões de lugar, as


classes de Botânica e Zoologia e a terceira parte, obras clássicas.

13.8 ORDEM DE INTERCALAÇÃO

A ordem básica de intercalação segue a complexidade crescente. Os sím-


bolos das classes principais aparecem na ordem das tabelas, seguidos dos nú-
meros dos focos, no sistema decimal.

214
Nos símbolos de classificação mais complexos, os símbolos de conexão
seguem a seguinte ordem: O . : ; , -.
As anteriorizing common isolates determinam precedência. Exemplos:
234v T
234 T:3
234.7918 T4
234:51 T4.8918
234;46 T4:3

13.9 ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO

A atualização vem sendo feita por meio de novas edições, publicadas es-
paçadamente.

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Alice ~, Teoria e prática dos slstqmas dfJ classificação bibliográfica. Rio de
Janeiro, IBBD, 1969. p, 163-94,
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VICENTINI, A. L. C. Ranganathan, filósofo da classlficaçã'o, cientista da Bibliotecono•
mia. Ciência da Informação, 1 (2):113-14, 1972,

215
14
CAPITULO 1

1. O que entende por sistema de recuperação da informação?


2. O que é índice?
3. O que é linguagem de indexação?
4. Quais são os tipos de linguagens de indexação?
5. Quais são os dois métodos fundamentais usados para indexar documen-
tos?
6. Qual é a diferença entre sistemas de indexação pré e pós coordenados?
7. Explique o que entende por exaustividade e especificidade.
fã~ Quais são os elementos promotores da revocação?
\.V · Cite os elementos promotores da precisão.
10. Defina revocação e precisão.

CAPITUL02

1. Defina a palavra "classificar".


2. O que o bibliotecário entende por "classificar"?
3. Quais são as diferentes acepções da palavra "classificaçâ'o"?
4. O que é classe?
6. Quais são os predicáveis de Porfírio? Explique-os.
6, O que é "faceta" e ;,foco"?
7, O que entende por conceito?
8. Quais são os tipos de relacionamento existentes entre conceitos, além
dos de gênero e espécie?
9. O que é categoria?
10. Quais são as categorias de Ranganathan? Explique-as.
11. Quais são as categorias do Classification Research Group?
12. O que é característica e de que tipos podem ser?
13. O que entende por divisão em fileira e divisão em cadeia?
14. O que são extensão e compreensão de uma classe?
15. O que é ordem de citação?

216
16. O que entende por sistema de classificação?
17. Qual é a distinção entre disciplina e fenômeno?
18. O que é ordem de intercalação?
19. Qual é a diferença entre assunto composto e assunto compósito?
20. O que é "princípio do mural"? '

CAPITUL03

1. O que entende. por notação 1


2. O que é símbolo de classificação?
3. O que é base da notação 1
4. Qu~nto ao tipo de. caracteres utilizados, como podemos·classificar as
notações?
5. O que são caracteres ou dígitos?
6.. Quais são as finalidades de uma notação?
7, Quais são as qualidades desejáveis em uma notação?
8. O que é uma notação expressiva?
9. Qual a diferença entre hospitalidade e flexibilidade de uma notação?
10. O que entende por síntese?

CAPITUL04

1. O que é um índice de um sistema de classificação?


2. Quais as funções desse índice?
3. O que entende por índice relativo?
4. Quem criou o índice em cadeia?
5. "(ndice em cadeia" é um tipo de índice ou um método de compilação?
6. Como se procede para compilar um índice em cadeia?

CAPITULO 5

1. Defina sistema de classificação filosófica e sistema de classificação bi·


bliográfica.
2. Como podem se dividir os sistemas de classificação quanto à forma co·
mo foram constru (dos?
3. Qual a diferença entre um sistema de classificação geral e um sistema de
classificação especializado?
4. Em que se diferencia a classificação filosófica da classificação bibliográ·
ficai

217
5. Qual a diferença entre sistemas de classificação enumerativos, semi·enu•
merativos e facetados?
6. O que entende por "trivium e quadrivium"?
7. Qual foi o filósofo que mais influenciou os sistemas de clássificação bi·
bliográfica? · ·
8. De onde derivou Francis Bacon as classes em que dividiu o conhecimen-
to humano?
9. Provavelmente Dewey aproveitou a ordem das classes principais criadas
por quem?
1O. O que é o Classification Research Group?
11. Quem é o autor da International Classification?
12. Como pode ser dividida a história das classificações bibliográficas?

CAPl'rULO 6

1. O que é uma classificação facetada?


2. Quem criou a primeira classificação bibliográfica facetada?
3. Qual a qualidade indispeosável ~ notação de uma classificação facetada?
4. Quais são os procedimentos para criação de uma classificação facetada?

CAPl'rULO 7

1. Qual é o título da H edição da classificação de Deweyl Qual a data?


2. Onde trabalhava Dewey quando criou seu sistema de classificação?
3. De que outras atividades participou Dewey?
4. Onde e quando foi criado o primeiro curso de Biblioteconomia dos Es-
tados Unidos?
5. De que autores Dewey sofreu ihfluência na criação do seu sistema?
6 Quando apareceu pela primeira vez o título Decimal Classification and
Relativa Index?
7. Quando o título do sistema passou a ser Dewey Decimal .Classification?
8. Em que difere a 15~ edição das demais?
9. Quais foram as Inovações no campo de classificação trazidas pelo siste·
ma de Dewey na época do seu lançamento?
10. Qual é o nome em inglês das tabelas principais e das tabelas auxiliares?
11. Atualmente quais são as tabelas auxiliares que a CDD possui?
12. Qual a finalidade de cada uma das tabelas auxiliares?
13. A classificação de Dewey possui dois tipos de edições, quais são eles?
14. Descreva a notação do sistema.
16. Como é atualizada a CDD?

218
CAPffULO 8

1. Quem são os responsáveis pela existência da Classificação Decimal Uni-


versal?
2. Quando foi criada a F 1D e de que entidades se originou?
3. Quando foi publicada pela primeira vez a CDU e qual o título da edição?·
4. Qual é a última edição completa do sistema?
5. Onde apareceu pela primeira vez o título Classification Décimale Uni•
verselle?
6. Que tipos de edições existem da CDU?
7. Explique a estrutura básica da CDU.
8. Que tipo de notação utiliza o sistema?
9. Explique a finalidade dos sinais mais, barra e dois pontos.
10. Quais são as tabelas auxiliares da CDU e quais os sinais que indicam ca-
da uma delas?
11. O que é umatabela analítica especial? Como são introduzidas?
12. Para que serve o colchetes e o apóstrofe?
13. Como se atualiza a CDU?
14. Quais as publicações que trazem as atualizações do sistema?
15. O que entende por ordem Horizontal e ordem vertical? Quais são elas?

CAPl1ULO9

1. · Qual é o título da classificação de Cutter?


2. Quando foi publicada?
3. Como foi publicada?
4. Como podemos justificar o seu título?
5. Quem tentou completar o sistema após a morte de Ch. A. Cutter?
6. Que outras obras deixou Cutter?
7. Como é a notação do sistema?
8. Quais foram os símbolos utilizados para as subdivisões de forma no$
primeiros sistemas e no sétimo?
9. Qual é a situação do sistema quanto a índice?
10. Qual a previsão para atualização do sisiema?

CAPl1ULO 10

1. Quando começou a ser publicada a Classificação da Biblioteca do Con-


.gresso7
2. Quais os bibliotecários que orientaram a compilação cfo sistema?

219
3. Por que podemos dizer que o sistema possui autorização literária?
4. Qual a ordem de apresentação de cada volume?
5. O que entende por 7 pontos de Marte!?
6. Como é a notação?
7. Quais são os tipos de tabelas auxiliares? Servem a todo o sistema?
8. Como são os índices da classificação?
9. Que publicações podem servir de índice geral?
10. Qual o sistema de classificação bibliográfica que influenciou o sistema
da Library of Congress?

CAPITULO 11

1. Quais os títulos dos 3 sistemas criados por Brown?


2. Qual deles é o principal?
3. Quem colaborou com Brown na criação do Quinn-Brown System?
4. Quais são os 4 grandes grupos em que Brown originou as divisões do co-
nhecimento?
5. Quanto à distribuição dos fenômenos (assuntos). em que Brown diverge
de todos os outros sistemas?
6. Como são as tabelas auxiliares do sistema de Brown?
7. Qual é a notação aplicada por Brown?
8. Quem fez a revisão da última edição do sistema?
9. Como sijo os índices do sistema?
1O. Por que Brown pode ser considerado precursor dos modernos sistemas
facetados?

CAPITULO 12

1. Qual é o título do sistema de Bliss?


2. Em que ano foi publicado?
3. Que tipo de símbolos foram usados para os assuntos?
4. Quantas são e como se denominam as tabelas auxiliares?
5. Que tipo de notação é empregado nas tabelas auxiliares?
6. Explique os três princípios seguidos por Bliss no desdobramento do co·
nhecimento.
7. O que entende por "consenso científico e e~ucacional"?
8. Quais foram as outras obras deixadas por Blissl
9. Quem está revendo e publfoando uma nova edição do sistema?
10. Qual o título desta nova edição? '

220
CAPITULO 13

1. Qual é o título, em inglês e em português, da classificação de Rangana-


than?
2. Quando foram publicadas a primeira e a última edição?
3. O que entende por "basjc classification" e "depth classification"?
4. Qual é a base da notação do sistema?
5. Quais são as categorias em que se baseou o desdobramento do sistema?
6. Quais são os.sinais gráficos introdutórios de cada categoria ou faceta?
7. O que é fórmula-de-faceta 7
8. Quais são as tabelas auxiliares da Colon Classification?
9. O que você sabe da pessoa de Ranganathan?
10. Em que partes se divide o volume que contém a classificação na sua últi·
ma edição?
11. O que entende por "n(veis" e "ciclos"?

221

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