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Nº 122 junho - julho - agosto / 2015

REVISTA DO

FarmacêuticoPublicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo

OS
DESAFIOS
DA ÉTICA
Revista do Farmacêutico / Junho - Julho - Agosto / 2015 de São Paulo

Lei 13.021/14 e momento


do país colocam a ética no
centro do debate. CRF-SP
promoveu seminário para
debater ética no cuidado
ao paciente

O professor da USP Clóvis de


Barros Filho é considerado um dos
ELEIÇÕES 2015
mais importantes palestrantes sobre Votação será online nos dias 9, 10
ética do país e 11 de novembro. Confira todas
as informações sobre o pleito
serviços

PLANTÃO DO PRESIDENTE
O presidente do CRF-SP, dr. Pedro Eduardo Menegasso, realiza plantões de atendimento toda
segunda-feira, na sede do CRF-SP, das 15h às 17h, para entender os problemas, ouvir sugestões e
trabalhar por soluções que vão ao encontro das necessidades do farmacêutico. Não há necessidade
de marcar horário. A sede do CRF-SP fica na rua Capote Valente, 487, Pinheiros, São Paulo.

Orientação farmacêutica
Os atendimentos são realizados por telefone, e-mail e pessoalmente mediante convocações
para Orientação Farmacêutica na sede e nas 27 seccionais, além de orientações feitas durante
inspeções fiscais. Para esclarecer dúvidas, basta ligar no (11) 3067-1470 ou enviar e-mail para
orientacao@crfsp.org.br. Aproveite também o período em que o fiscal do CRF-SP está presente
em seu estabelecimento para tirar suas dúvidas.

Denúncia
O CRF-SP tem um canal direto para atender as denúncias que envolvem as atividades farmacêuticas
que comprometam e coloquem em risco a saúde da população. Qualquer pessoa pode denunciar
de forma sigilosa.
0800 77 02 273 (ligação gratuita), denuncia@crfsp.org.br ou pelo portal no link
“Denúncias” no menu superior.

Atendimento eletrônico
Para utilizar o sistema, o farmacêutico deve acessar o portal www.crfsp.org.br e clicar no ícone
do atendimento eletrônico, que fica localizado no canto superior direito da página. Por meio
deste serviço, é possível o farmacêutico alterar ou atualizar endereço, telefone, e-mail, comunicar
ausência, solicitar emissão de CR e outros serviços.

PAF
O Programa de Assistência ao Farmacêutico (PAF) é totalmente gratuito e tem como objetivos a
inserção ou recolocação do farmacêutico inscrito regularmente no CRF-SP, no mercado de trabalho
(Bolsa de Empregos), assim como propiciar descontos e condições exclusivas para compras de
serviços e produtos (Clube de Benefícios).

Atendimento
Segunda a sexta-feira das 8h30 às 17h30. Sábado das 9h às 12h

CRF-SP - SEDE | Rua Capote Valente, 487 - Jardim América CEP 05409-001 - São Paulo / SP
3067-1450 | Fax (11) 3064-8973
(11)
www.crfsp.org.br
Mensagem
da Diretoria

Farmácia
é estabelecimento
de saúde
Protagonistas de
Esse direito
um momento
é de todos
histórico

A
edição da Revista do Farmacêutico que apre- Também nesta edição, você encontrará uma reporta-
sentamos a vocês é a fotografia de um momento gem especial sobre o avanço da assistência farmacêutica
pelo qual passam farmacêuticos de todo o país. no Sistema Único de Saúde (SUS), as vitórias obtidas após
A crise política e financeira e as manifestações popu- a aprovação da Lei 13.021/14 e as ações do CRF-SP nessa
lares que se tornaram rotineiras são vistas por muitos área.
com apreensão, porém, para especialistas, vivemos No entanto, é bom salientar que assistir à edição de
um momento único, repleto de questionamentos éti- novas leis não garante a assistência farmacêutica a to-
cos que podem resultar em transformações significati- dos. A aprovação de uma nova legislação é apenas o pri-
vas da sociedade. meiro passo.
Ciente desse momento, o CRF-SP realizou dia 30 A genuína Farmácia Estabelecimento de Saúde, seja
de maio o Seminário de Ética, durante o qual deba- ela pública ou privada, é uma obra monumental, cons-
teu com as principais personalidades, das áreas de truída tijolo a tijolo por todos nós, farmacêuticos, to-
saúde e da filosofia, os dilemas pelos quais passam dos os dias.
os farmacêuticos.
Por isso, se esta revista é a fotografia de um mo-
O foco no bem estar do paciente dominou as mesas mento tão importante das nossas carreiras, talvez te-
-redondas. E deveria ser diferente? Numa Farmácia nha passado da hora de você enxergar a si mesmo
Estabelecimento de Saúde, como bem afirmou um nessa imagem.
dos palestrantes, o lucro e a saúde não são antagôni-
Você, leitor, farmacêutico, também é o autor desse ca-
cos, mas, às vezes, entram em conflito, e o farmacêu-
pítulo histórico.
tico é quem deve tomar a decisão ética, por isso a
importância de ter a sua autonomia reafirmada pela
nova Lei 13.021/14.
Se o foco deve ser no paciente, não pode haver
duas assistências no país, uma prestada por farma- boa leitura!
cêutico habilitado e outra por um profissional qual-
quer, seja no serviço público ou privado.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 3


Sumário

Luiz Prado/Agência Luz


Capa A Revista do Farmacêutico é uma publicação do Conselho
Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - CRF-SP

Rua Capote Valente, 487 - Jardim América, São Paulo - SP


CEP: 05409-001 - PABX: (11) 3067 1450 / 1474 / 1476
e-mail: revistadofarmaceutico@crfsp.org.br
Portal: www.crfsp.org.br

DIRETORIA
Presidente - Pedro Eduardo Menegasso
Vice-presidente - Raquel Cristina Delfini Rizzi
Secretária-geral - Priscila Nogueira Camacho Dejuste
Diretor-tesoureiro - Marcos Machado Ferreira

Conselheiros
Antonio Geraldo Ribeiro dos Santos Jr., Cecília Leico
Shimoda, Fabio Ribeiro da Silva, Israel Murakami, Luciana
Canetto Fernandes, Maria Fernanda Carvalho, Marcos
Machado Ferreira, Patricia de Carvalho Mastroianni, Pedro
Eduardo Menegasso, Priscila Nogueira Camacho Dejuste,
Raquel Cristina Delfini Rizzi, Rodinei Vieira Veloso, Adriano
Falvo (suplente),Célia Tanigaki (suplente) e Rosana
Os desafios da Ética Matsumi Kagesawa Motta (suplente)

Conselheiro Federal

24
Marcelo Polacow Bisson, Margarete Akemi Kishi (suplente)

TÉCNICA E PRÁTICA Comissão Editorial nesta edição


Pedro Eduardo Menegasso, Marcos Machado
Previsão de tempo: ruim para os alérgicos 22 Ferreira, Simone F. Lisot e Reggiani
Wolfenberg

Edição
Sérgio Duran - Mtb 24.043-SP
ESPECIAL / SAÚDE PÚBLICA sergio@popcom.net.br
Fotos da capa: Luiz Prado/
Farmacêuticos em fase de conquista do SUS 32 Reportagem e Redação
Carlos Nascimento - Mtb 28.351-SP
Agência Luz e Mônica Neri

jose.nascimento@crfsp.org.br
Mônica Neri - Mtb 57.209-SP
monica.neri@crfsp.org.br
Renata Gonçalez - Mtb 30.469-SP
FISCALIZAÇÃO PARCEIRA
renata.goncalez@crfsp.org.br

Conheça a rotina dos fiscais do CRF-SP 44 Thais Noronha - Mtb 42.484-SP


thais.noronha@crfsp.org.br
Wesley Alves - Mtb 5911-DF
wesley@popcom.net.br

ANÁLISES CLÍNICAS Estágio em Jornalismo


Marcelo Staffa
Reforço político aos laboratórios 42 PROJETO GRÁFICO
André Bunduki
andre@dinbrasil.com.br

comissões assessoras / plantas medicinais e fitoterápicos Diagramação

50
Bárbara Gabriela - barbara.santos@crfsp.org.br
Marco legal da biodiverdade Guilherme Mortale - guilherme.mortale@crfsp.org.br

Impressão
Plural Indústria Gráfica

COMISSÕES ASSESSORAS / DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE Publicidade

54
Tel.: (11) 3067 1492
Fôlego para as importações
Tiragem
57.000 exemplares

ESPECIAL Cargos exercidos sem remuneração no CRF-SP

Pesquisa universitária revela o raio-X da 58 Presidente, vice-presidente, secretária-geral, diretor-


tesoureiro, conselheiros, diretores e vice-diretores regionais,
membros de Comissões Assessoras e das Comissões de Ética.
assistência na capital
4 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015
ESPAÇO INTERATIVO

Participe!
Envie seu comentário ou sugestão:
revistadofarmaceutico@crfsp.org.br

Atendimento do CRF-SP R. Capote Valente, 487 - 9º andar


CEP: 05409-001 - São Paulo - SP
Como é bom participar de um conselho tão eficiente Tel: (11) 3067 1494 / 1498
como o CRF-SP!
Veja no portal www.crfsp.org.br os links para
Dra. Sara Braga – São Paulo/SP (via e-mail) nosso perfil nas principais redes sociais

A RF se reserva o direito de adaptar as


mensagens, sem alterar seu conteúdo.
Conselho ativo
Parabéns, CRF-SP, como acompanho de perto cada
ação, posso dizer que o CRF-SP é muito ativo e traba-
lha em prol da melhoria contínua do farmacêutico e
da fiscalização, a fim de manter a ética e a qualidade afeta atos regularmente praticados durante a vigência
do serviço farmacêutico prestado à população. desta, sendo assim, todos os efeitos da normativa produ-
zidos anteriormente à data da sua revogação/sustação
Dra. Vanessa Andrade – São Paulo/SP (via Facebook) são válidos e, portanto, a redação atual da RDC 58/07 é
válida com as alterações estabelecidas pela RDC 25/10.

Workshop de Cuidados Farmacêuticos


O meu enorme agradecimento à Comissão de Farmá- Seminário de Ética
cia Clínica do CRF-SP pela inclusão das enfermidades do
aparelho respiratório no Workshop de Cuidados Farma- Parabéns ao CRF-SP pelo excelente profissionalismo
cêuticos. A asma, em especial, ainda não é vista pela e trabalho dedicado no Seminário sobre Ética. Estar e
maioria dos profissionais da saúde como uma enfermi- fazer parte desta classe é, sem dúvida alguma, uma
dade crônica, tão grave e com alta taxa de mortalidade das melhores escolhas!
como a hipertensão e o diabetes. Que venham outros
Dr. Renato Matroni – São Paulo/SP (via Facebook)
eventos que nos deem oportunidade de dividir e com-
partilhar novos assuntos! Nossos pacientes agradecem!

Dra. Juliana Soprani – São Paulo/SP (via Facebook)

Sibutramina
O CRF-SP tem recebido diversos questionamentos
sobre o tempo máximo de tratamento que as
receitas contendo medicamentos à base de
sibutramina podem conter
FIQUE ATENTO!
O Departamento de Orientação Farmacêutica do CRF-SP Votação será online das 12h
esclarece que a Notificação de Receita B2 contendo de 9/11 às 12h de 11/11
medicamento à base da substância sibutramina pode
ser utilizada para tratamento igual ou inferior a 60
(sessenta) dias, com dose máxima diária de 15mg.
Conforme entendimento jurídico, apesar da RDC 25/10 Não votar acarretará multa eleitoral ao farmacêutico,
conforme disposto em normativa do Conselho Federal de Farmácia
estar revogada, a revogação ou sustação de uma RDC não

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CRF-SP EM AÇÃO
JOVENS FARMACÊUTICOS

Encontro com estudantes e


recém-formados discute novas
Descobrindo o caminho para as oportunidades

oportunidades de trabalho

O II Encontro de Jovens Farmacêuticos – Desco- Michael Amorim, reuniu jovens especialistas que
brindo o Caminho das Oportunidades reuniu mais apresentaram suas experiências bem sucedidas no
de 200 recém-formados e estudantes de Farmácia, mercado de trabalho. Cada palestrante fez um bre-
que lotaram o Centro de Convenções Rebouças, na ve relato sobre sua trajetória e sobre como o seu
capital paulista, dia 23 de maio. O evento organi- trabalho diferenciado abriu novas perspectivas
zado pelo Comitê Jovem do CRF-SP teve o objetivo profissionais, tendo como pergunta norteadora:
de apresentar informações úteis sobre oportunida- “Como o jovem farmacêutico pode se destacar na
des em áreas inovadoras, dicas sobre o mercado de sua área de atuação?”
trabalho e como se destacar na profissão. Durante o encontro houve o lançamento do pro-
A abertura contou com a participação do presi- jeto Comitê Jovem Conectado, uma iniciativa que
dente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, que deu oferece informações técnicas e éticas inerentes à
as boas-vindas ao público e apresentou a palestra profissão por meio de postagens regulares nas redes
“Oportunidades Inovadoras – Visão do CRF-SP”. sociais do CRF-SP. A primeira publicação realizada
“Para fortalecer a nossa profissão, precisamos en- durante o evento destacou o uso da homeopatia no
tender o que as pessoas esperam de nós e resolver tratamento da dengue e indicou três substâncias efi-
os seus problemas”. cazes para a profilaxia ou tratamento da doença, que
O painel de debate “Oportunidades Inovadoras”, podem ser encontradas em medicamentos homeo-
mediado pelo coordenador do Comitê Jovem, dr. páticos manipulados ou industrializados.
CARLOS NASCIMENTO

Entre os palestrantes estavam dra. Thais Pereira Gomes; dra. Mariana Pais; dr. Filipe Tobias; dr. Michael Amorim (coordenador do
Comitê Jovem do CRF-SP); dr. Thiago Didone; dra. Noemi Vieira; e dra. Kamila Zanon

6 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


e de networking com empresas parceiras e colegas
de profissão.
O evento também ofereceu a palestra-coaching
“Descobrindo Caminhos para as Oportunidades”,
com o professor Francisco de Oliveira, represen-
tante do Grupo Meta RH.
O público avaliou positivamente os ensinamen-
tos e dicas dos especialistas. Para as recém-for-
madas dra. Fernanda Fernandez e dra. Camila
Augustinho, que vieram de Americana especial-
mente para participar do Encontro, o evento abriu
os horizontes para o início de suas carreiras. “Gos-
Público acompanhou a Feira de Oportunidades e recebeu
tei muito do depoimento desses profissionais jo-
informações básicas sobre as áreas de atuação do farmacêutico
vens e de sucesso”, afirmou dra. Fernanda. “Ainda
Nos intervalos das apresentações, o público
não atuamos na profissão, mas as palestras deram
pôde acompanhar a Feira de Oportunidades, um
boas perspectivas para o nosso futuro”, comple-
espaço de exposição destinado a oferecer infor-
tou dra. Camila.
mações sobre as áreas de atuação do farmacêuti-
Por Carlos Nascimento
co, por meio das comissões assessoras do CRF-SP,

Informe Publicitário 3/6 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL / 2015 7


CRF-SP EM AÇÃO IV SEMINÁRIO
DE ACUPUNTURA

IV SEMINÁRIO DE ACUPUNTURA

Evento traz novidades do setor que atrai cada vez


mais farmacêuticos

fotos: RENATA GONÇALEZ


Profissionais atuantes ou apenas interessados na área lotaram auditório em SP; à dir., dr. Cassiano
Takayassu demonstra técnicas de restauração biomagnética

Desde a publicação da Portaria 971/2006 do Minis- discutindo o assunto de forma séria e em favor da
tério da Saúde, que instituiu a Política Nacional de valorização do farmacêutico.”
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Os aspectos técnicos e a legislação foram desta-
Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo a prática que no seminário, com a palestra “A prática farma-
da acupuntura, tem sido cada vez maior a procura de cêutica da acupuntura”, ministrada pelo dr. Edison
farmacêuticos interessados nessa área profissional. Penachin. Ele detalhou como se dá o restabeleci-
Para trazer novidades do setor, o CRF-SP promo- mento do paciente por meio do cuidado sobre a
veu em julho, por meio de sua Comissão Assesso- equilíbrio energético do indivíduo.
ra de Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa Um dos desafios do setor apontados no evento é
(MTC), o IV Seminário de Acupuntura. fazer com que a acupuntura seja implementada nos
A atualização se faz necessária porque, mesmo Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), pois, apesar
em se tratando de uma prática milenar, a acupun- de todos os resultados comprovados nessa área, esse
tura traz uma abordagem sempre atual e em evi- serviço ainda não é disponibilizado na rede pública.
dência, como afirmou o presidente do CRF-SP, dr.
Pedro Menegasso, durante o evento. “Nossa co- TÉCNICAS NÃO INVASIVAS
missão reúne profissionais pioneiros nessa área,
As técnicas não invasivas da MTC foram apre-
sentadas pelo dr. Cassiano Takayassu, que abor-
dou, com demonstrações práticas, a restauração
biomagnética com o uso de fragmentos de cristais.
Trata-se de uma terapia eficaz e um potente mé-
todo preventivo de doenças diversas, atuando no
corpo físico e energético, tratando a patologia mes-
Profª Simone Spadafora falou sobre o conceito Yin e Yang;
mo quando esta é ainda assintomática.
dr. Edison Penachin abordou aspectos técnicos e legislação;
e Profº Daniel Mendes apresentou a relação entre
Astrologia e Acupuntura Por Renata Gonçalez

8 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


CRF-SP EM AÇÃO

Resíduos e Gestão ambiental

Seminário mostra que o Brasil tem muito a evoluir

Apesar de ainda não haver


THAIS NORONHA

regulamentação que preveja


esse recebimento, trata-se
de uma ação de responsa-
bilidade social, conforme
destacado pelo próprio dr.
Raphael: “Medicamento de-
pois de vencido ou avariado
é resíduo químico e não mais
medicamento”.
A contaminação do solo e
Dr. Raphael Figueiredo, Alfredo Carlos, dr. Marcelo Cunha, Raquel Rocha e Marco água ocasionada pelo descar-
Antônio Ferreira te inadequado de resíduos foi
Um setor que ainda está engatinhando –assim exemplificada pela experiência do biólogo Marcio
pode ser considerado o gerenciamento de resíduos Antônio Ferreira, secretário municipal de Agricultu-
dos serviços de saúde no Brasil. Foi esta a conclu- ra, Abastecimento e Meio Ambiente de Mogi-Guaçu.
são do debate no II Seminário de Resíduos e Gestão “É preciso proteger a qualidade do solo, que retém
Ambiental, organizado pelo CRF-SP, na capital, em componentes químicos, para preservar a qualidade
junho, pela Comissão Assessora da área. das águas subterrâneas superficiais.”
A legislação do setor (RDC 306/04, Res. Conama Conhecimento e compromisso foram unanimidade
358/05 e Lei 12.305/10) é específica em relação à na resposta dos especialistas, ao serem questionados
necessidade de elaboração de um plano de geren- sobre o que falta ao Brasil para que tenha um efetivo
ciamento de resíduos, com tratamento adequado e gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde.
destinação correta. Como foi citado pelo dr. Raphael Especialmente no Estado de São Paulo, há acordos
Figueiredo, coordenador da Comissão, o gerador de firmados para logística reversa com fabricantes de
resíduo é responsável do momento da geração até a pneus, vidros, latas, eletrônicos. No entanto, o mer-
destinação final e a empresa que faz a coleta e desti- cado de resíduos de serviços de saúde ainda não está
nação assume a responsabilidade solidária. estruturado para a reciclagem, conforme o engenhei-
No debate, em pauta o pouco conhecimento dos ro da Cetesb, Alfredo Carlos Rocca.
profissionais e, consequentemente, o tratamento Por outro lado, de nada adiantará a correta segrega-
inadequado ou a falta de classificação e destinação ao ção e classificação se não houver critério ao encaminhar
resíduo, o que impacta diretamente no meio ambien- o resíduo ao destino final. Assim, a engenheira Raquel
te e na saúde da população. Rocha mostrou vantagens e desvantagens dos diversos
Um dos temas que chamou a atenção dos far- tipos como aterro, incineração, digestor, processamen-
macêuticos participantes foi a devolução de me- to, desativação eletrotérmica e plasma térmico.
dicamentos vencidos ou avariados em farmácias. Por Thais Noronha

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 9


CRF-SP EM AÇÃO

FARMÁCIA CLÍNICA

Comissão lança informativo para farmacêuticos do setor


PASSO A PASSO DE COMO ACESSAR O
INFORMATIVO farmácia clínica

arte: Bárbara gabriela


Está à disposição no portal www.crfsp.org.br e na que a aproximação com o paciente tem se torna-
fanpage www.facebook.com/crfsp, o “Informativo do fundamental.
Farmácia Clínica,” um boletim com informações Para a coordenadora da Comissão, dra. Lívia
técnicas sobre a prática clínica do dia a dia do far- Barbosa, o informativo é uma forma de mostrar,
macêutico intensivista, elaborado pelo Grupo de aos farmacêuticos que não podem participar, os
Trabalho de Terapia Intensiva da Comissão Asses- resultados da produção intelectual durante as
sora de Farmácia Clínica do CRF-SP. reuniões da Comissão. “Queremos compartilhar e
O informativo está na terceira edição e os temas multiplicar as experiências. Nosso objetivo é atuar
até o momento são: “Fast Hug e o farmacêutico in- na necessidade do outro. Todo farmacêutico pode
tensivista”, que chama a atenção dos profissionais participar, sugerindo temas”.
quanto aos aspectos essenciais no cuidado de pa- Todo farmacêutico pode sugerir temas para se-
cientes críticos; “Farmacodermia” ou seja, qualquer rem explorados pela equipe e, assim, fazer parte
efeito indesejável na estrutura ou função da pele, dessa iniciativa.
dos anexos ou das mucosas e “Lesão renal”, com as Os informativos estão disponíveis no menu à es-
preocupações que o farmacêutico deve ter ao avaliar querda do portal do CRF-SP. Clique em “Comissões
cada caso e como pode contribuir com a terapia. Assessoras” e, em seguida, em “Farmácia Clínica”.
É possível fazer o download e ter acesso às in-
Curta também a página do CRF-SP no Facebook
formações criteriosamente elaboradas por uma
(www.facebook.com/crfsp) e acompanhe essa e
equipe de farmacêuticos da área.
outras novidades.
A iniciativa vai ao encontro da realidade da
profissão que vê a Farmácia Clínica despontando Por Thais Noronha
como uma tendência cada vez mais relevante, já

10 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


CRF-SP EM AÇÃO
Workshop
Produtos de Degradação
PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO

Parceria entre CRF-SP e Waters rende workshop


sobre o tema
Com o objetivo de promover capacitação técnica vamente os organizadores, já que as vagas se es-
aos farmacêuticos da indústria, o CRF-SP firmou gotaram rapidamente. “Escolhemos esse primeiro
parceria com a Waters Technologies Brasil, empre- workshop por ser uma preocupação de todos os que
sa que desenvolve soluções em ciência analítica para trabalham na indústria, então resolvemos estreitar
apoiar operações, desempenho e assuntos regulató- esse relacionamento e propor a discussão para far-
rios para a indústria farmacêutica. A ação resultou macêuticos sobre soluções para o tema apresenta-
no workshop “Produtos de degradação”, que lotou o do hoje. Não haveria canal melhor para levar essas
plenário do Conselho em 29/07. informações do que a parceria com o CRF-SP, uma
O presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, instituição que tem respaldo e abrangência com os
destacou que a entidade está atenta às necessidades profissionais e sem a qual a gente não conseguiria
de todas as áreas de atuação do farmacêutico. “A in- atingir esse público”, comentou o executivo.
dústria é uma área competitiva, que necessita de atu- O projeto prevê novos workshops que serão di-
alização não só técnica, mas também administrativa vulgados em breve pelos canais de informação do
e comportamental.” CRF-SP (portal, redes sociais e boletins eletrôni-
Para o dr. Emerson Anunciação, diretor geral da cos). Fique atento!
Waters, a parceria com o CRF-SP foi positiva e a Por Carlos Nascimento
grande procura pelo evento surpreendeu positi-

“Utilização de Espectrometria de Massas de


“Ferramentas Modernas em Cromatografia Alta Resolução na Caracterização de Produtos
Líquida Aplicadas a Produtos de Degradação de Degradação”, com o doutor em Química e
de Fármacos”, com a dra. Marina Ansolin, especialista em análises, desenvolvimento,
engenheira de alimentos e especialista de consultoria e capacitação profissional, dr.
cromatografia da Waters Amadeu Hoshi Iglesias.

“Produtos de Degradação: Aspectos


“Uma Abordagem Atual Para o Regulatórios”, com o dr. Raphael Sanches,
Desenvolvimento de Métodos Indicadores de especialista em regulação e vigilância
Estabilidade”, com o dr. Tiago Campos, mestre sanitária na gerência de avaliação de
e doutor em Química Orgânica e cientista da tecnologia farmacêutica e pós-registro de
Farmacopeia Americana. medicamentos sintéticos da Anvisa.

“A Degradação Forçada Além da Legislação:


“Soluções em Espectrometria de Massas Uma Ferramenta Para o Desenvolvimento
para Atender a RDC 58/2013”, com a Racional de Formulações Estáveis”, com o
mestre em Bioquímica e Biologia Molecular, dr. Giordano Trazzi, doutor em Ciências e
dra. Jane Finzi, responsável pela área de responsável pelo desenvolvimento e revisão
desenvolvimento de negócios e suporte a de monografias e padrões de referências
vendas em espectrometria de massas da associados da U.S. Pharmacopeial
Water Technologies Convention (USP)

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 11


CRF-SP EM AÇÃO

CONFERÊNCIAS DE SAÚDE

Importante participação do farmacêutico nos


Conselhos Municipais de Saúde

Fotos: Carlos Nascimento


Esq. p/ dir: dr. Israel Murakami, dr. Deodato Rodrigues Alves, dra. Lorena Baia e dra. Cássia Marinho Tubone em debate
sobre conselhos e conferências de saúde

Consciente da necessidade de mácia de Goiás, destacou que as discussões dos Conselhos de


inserir o farmacêutico nas prin- conferências e conselhos de saú- Saúde. “Ela precisa estar articu-
cipais discussões de saúde do de são espaços privilegiados de lada às demais ações de saúde e
país, o CRF-SP realizou o evento debate e de deliberações. “O SUS envolver o maior número pos-
“Conferências de Saúde: Expe- é uma das poucas políticas públi- sível de profissionais da área.
riências e Expectativas”, dia 20 cas no Brasil que tem na partici-
de junho, na sede, em São Paulo. pação da comunidade uma pos-
O foco do encontro era a gigan- sibilidade importante de superar
te rede dos conselhos de saúde problemas e desafios a partir do
– municipais, estaduais e fede- exercício da democracia partici-
rais—que permite a participação pativa”, afirmou.
popular nas decisões dos gover- O dr. Israel Murakami, conse-
nos para a área. lheiro e coordenador da Comis-
A palestrante dra. Lorena Baia, são Assessora de Saúde Pública
conselheira do Conselho Nacio- do CRF-SP, enfatizou a impor-
nal de Saúde e vice-presidente tância da assistência farmacêu-
do Conselho Regional de Far- tica estar sempre em pauta nas Dra. Maria Fernanda Carvalho,
conselheira do CRF-SP

12 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015


A participação popular, ao lado nais, participaram da 7ª Confe-

arquivo pessoal
da descentralização das ações e rência Estadual de Saúde de São
da integralidade da assistência, Paulo. Na oportunidade, puderam
passou a ser valorizada e perce- defender as propostas aprovadas
bida como fundamental impor- nas conferências municipais.
tância para a construção de um O próximo passo é a 15ª Con-
modelo público de saúde”. ferência Nacional, que será re-
A participação de farmacêuti- alizada entre os dias 1º e 4 de
cos nas discussões é um impor- Representantes do CRF-SP na dezembro, em Brasília. Para a
tante instrumento político, pois Conferência Estadual (esq. p/ dir.) conselheira e coordenadora do
tem o objetivo de ampliar a in- dr. Anderson J. Almeida, dra. Maria Comitê de Direitos e Prerroga-
Fernanda Carvalho, dra. Lígia Rosa, dr.
serção do profissional junto às tivas Profissionais do CRF-SP,
Israel Murakami, dr. Wisley Lopreato,
esferas de gestão da saúde. dra. Rosilene M. Viel, dra. Suzy K. Boton dra. Maria Fernanda Carvalho,
e dra. Luciana Canetto o Estado de São Paulo conseguiu
Ações do CRF-SP junto às encaminhar uma proposta para
vo, com a eleição de diversos pro-
conferências municipais e à garantir a presença do farmacêu-
fissionais como delegados e a dis-
estadual de saúde tico nas unidades de saúde e do
cussão de propostas que preveem
Programa de Saúde da Família.
a inserção da atenção farmacêu-
A consulta popular que per- “Podemos considerar uma ação
tica e do fracionamento de medi-
mite a avaliação da situação da bem-sucedida e vitória para a
camentos no cuidado ao pacien-
saúde no país e ajuda a definir saúde da população. No entanto,
te, a fim de garantir a assistência
caminhos e a garantir que o Sis- pretendemos defender a propos-
farmacêutica e a promoção do uso
tema Único de Saúde (SUS) seja ta na Conferência Nacional  para
racional de medicamentos.
um direito de todos, acontece em que  toda a população brasileira
No período de 21 a 24 de julho
três etapas deliberativas: muni- se beneficie da efetiva presença
de 2015, os farmacêuticos eleitos
cipal, estadual e nacional. do farmacêutico no SUS”.
como delegados nas etapas regio-
Sendo assim, o CRF-SP orga-
nizou uma série de ações, co-
meçando pela formação de um
grupo de trabalho que discutiu
estratégias, inclusive para esti-
mular a participação do farma-
A 15ª Conferência Nacional acontece
cêutico nas conferências muni-
de 1ª a 4 de dezembro em brasília-df,
cipais que ocorreram no período
de 9 de abril a 15 de julho, com o oportunidade em que serão discutidas
objetivo de apresentar e aprovar
propostas que melhorem a qua- propostas para o sus
lidade e ampliem a assistência
farmacêutica no SUS.
O saldo desse trabalho foi positi-

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 13


CRF-SP EM AÇÃO

FARMACÊUTICO EMPREENDEDOR

Em parceria com Sebrae-SP, Conselho lança cartilha que


ensina o farmacêutico a abrir e gerenciar sua farmácia
Foto: Mônica neri

Como abrir e fazer a gestão de farmácias e droga- O material está dividido em duas partes: Aspec-
rias? Comece certo –este é o título da cartilha que tos técnicos da atividade e Informações de gestão.
o CRF-SP e o Sebrae-SP acabam de lançar para far- De maneira didática, a publicação trata de assun-
macêuticos que já possuem farmácias ou desejam tos que vão desde licença de funcionamento e Có-
abrir o seu próprio negócio na área. digo de Defesa ao Consumidor, a escolha do ponto
O objetivo da cartilha é fornecer subsídios para para abertura da empresa, a importância do con-
que esse profissional possa empreender com segu- tabilista, fluxo de caixa e apuração dos resultados,
rança e conseguir que seu estabelecimento seja vi- e outros.
ável financeiramente, conhecendo as ferramentas A cartilha está disponível em versão online no
de gestão adequadas. portal do CRF-SP e será entregue impressa para
Hoje, um terço das farmácias do Estado de São quem participar das palestras do Sebrae-SP, pre-
Paulo já é de propriedade de farmacêuticos. E esse vistas para percorrer todo o Estado.
número tende a aumentar cada vez mais, principal-
mente com a crescente complexidade técnica reque- LANÇAMENTO OFICIAL
rida pela atividade com a aprovação da Lei 13.021/14,
que transforma a farmácia em estabelecimento de No início de agosto, foi oficializado o lançamento,
saúde. Com a parceria, o CRF-SP pretende reafirmar com presença de diretores e gerentes das duas enti-
seu compromisso de oferecer instrumento para que dades, além de farmacêuticos interessados em mon-
o farmacêutico cumpra efetivamente seu papel social tar, expandir e atualizar seus negócios.
com ética, zelo e competência técnico-científica, mas De acordo com o gerente de atendimento setorial
agora também com competência gerencial. do Sebrae-SP, Paulo Arruda, o objetivo da parce-

14 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


renciado, com valor agregado, atendimento perso-
nalizado, entre outros pontos a serem estudados.”
O presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegas-
so, ressaltou a importância da parceria para ofe-
recer conhecimento adequado, já que o número
de farmacêuticos empreendedores e que querem
empreender não para de crescer. “Com o merca-
do extremamente concorrido, muitos farmacêuti-
cos buscam o empreendedorismo. Hoje, um terço
das farmácias do Estado já é de farmacêuticos. Por
isso, essa parceria é tão importante, pois oferece
Dr. Pedro Menegasso e Paulo Arruda durante o evento ao profissional o que há de melhor em questão de
educação em negócios.” Por Mônica Neri
ria é ajudar os micro e pequenos empresários da
área a fazerem a diferença mesmo em um merca-
do concorrido. “É uma oportunidade para aquele
farmacêutico que, além da área técnica, também APOIA O FARMACÊUTICO EMPREENDEDOR!
quer dominar a área da gestão para empreender.
Existem muitas farmácias e abrir um negócio nesse Com o objetivo de apoiar esse profissional, o
segmento não é fácil. Porém, a oportunidade exis- CRF-SP também lançou o PAF Empresa. Acesse
www.crfsp.org.br/paf.
te. E o segredo está em oferecer um serviço dife-

CRF-SP EM AÇÃO

Congresso multidisciplinar

O farmacêutico como educador em diabetes


O CRF-SP participou do 20º Congresso Brasi-

Foto: thais noronha


leiro Multidisciplinar em Diabetes, em 26/07, da
Associação Nacional de Assistência ao Diabético
(ANAD), por meio do simpósio “Farmácia em Dia-
betes Mellitus”. A programação incluiu as pales-
tras “As atividades clínicas do farmacêutico e a Lei
13.021/14: Benefícios ao paciente com diabetes e Dr. Marcos Machado e dra. Eliete Bachrany participaram do
“Solicitação de exames laboratoriais para o acom- debate mediado pelo dr. Paulo Caleb, coordenador da Comissão
panhamento farmacoterapêutico”. Assessora de Análises Clínicas e Toxicológicas
O diretor-tesoureiro do CRF-SP, dr. Marcos Ma- “Nossa participação tem sido bem recebida não
chado Ferreira, que participou do evento, ressaltou apenas por farmacêuticos, mas por outros profis-
a importância da realização desse simpósio pelo sionais, inclusive médicos. Estamos certos de que
CRF-SP em um congresso multidisciplinar para podemos contribuir com a questão multiprofissio-
demonstrar as atividades que podem ser desenvol- nal no tratamento de uma doença tão difícil”.
vidas pelo farmacêutico e como ele pode contribuir
no acompanhamento de pacientes com diabetes. Thais Noronha

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 15


CRF-SP EM AÇÃO

CONSULFARMA

CRF-SP participa com estande e atividades técnicas


Mônica Neri

ponsabilidade do Farmacêutico”, que foi realizado


pelo conselheiro da entidade, dr. Fábio Ribeiro.
Para além das questões técnicas, o farmacêuti-
co também pôde se familiarizar com as novidades
da farmácia no campo político, por meio da me-
sa-redonda “Autonomia Técnica x Regulamenta-
ção Sanitária”, um debate fundamental que veio
ao encontro da nova posição assumida pelo far-
macêutico nos últimos anos, principalmente após
a aprovação da Lei 13.021/14, a Lei da Farmácia
Estabelecimento de Saúde.
Estande do conselho recebeu milhares de visitantes em seu
tradicional espaço denominado “Praça do CRF-SP”

renata gonçalez
O ano de 2015 tem sido de comemorações para o
setor da farmácia magistral e cosmética. Em abril,
o CRF-SP obteve uma decisão favorável na Justiça
Federal para que as farmácias pudessem manipu-
lar cosméticos sem a exigência de prescrição mé-
dica. Já em julho, um dos maiores congressos do
setor em todo o mundo, a Consulfarma, completou
dez anos com um grande evento, reunindo, em São
Paulo, mais de seis mil participantes.
Com presença marcante, o CRF-SP recebeu mi- Dr. Ademir Valério, dr. Glicério Maia, vereadora Edir Sales, dr.
lhares de farmacêuticos e acadêmicos em seu es- Pedro Menegasso, dr. Renato Costa e dr. Antônio Geraldo Ribeiro
tande, já conhecido como a “Praça do CRF-SP”. O presidente do CRF-SP, dr. Pedro Eduardo
Em um espaço aconchegante, os congressistas Menegasso, também comentou sobre a importân-
puderam discutir sobre as novidades do setor e se cia do congresso e da participação da entidade no
atualizar por meio das diversas facilidades prepa- evento. “É uma oportunidade fundamental para
radas aos farmacêuticos, como materiais técnicos, falar com os farmacêuticos sobre os assuntos dessa
orientações de fiscalização e Programa de Assis- área e mostrar a atuação do CRF-SP, como a re-
tência ao Farmacêutico (PAF). cente vitória na Justiça que permite às farmácias
A participação do CRF-SP não parou por aí. manipular cosméticos sem a necessidade de pres-
Também foram ministrados cursos de capacita- crição médica. Isso estava inserido nas resoluções
ção essenciais para quem atua no setor, como o da vigilância sanitária e prejudicava o nosso âmbi-
“Atividades Clínicas do Farmacêutico na Farmácia to de atuação.”
Magistral”, ministrado pelo dr. José Vanilton de
Almeida; e o “Interações Medicamentosas e Res- Por Mônica Neri

16 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


XVIII Congresso Farmacêutico de São Paulo

Conhecimento que
vale a viagem
Farmacêuticos e acadêmicos viajam mais de 3 mil
quilômetros para participar do evento

De Roraima ao Rio Grande do


Sul, de Rondônia à Paraíba, to-
dos os estados brasileiros estarão
representados no XVIII Congres-
so Farmacêutico de São Paulo, de
10 a 13 de outubro, no Centro de
Convenções Frei Caneca. Já estão
confirmados participantes das 27
unidades federativas do país, que
apostaram na qualidade de con-
teúdo, organização, networking,
experiência dos ministrantes, tra-
dição e conhecimento para se ins-
creverem no maior congresso de
Farmácia da América Latina.
De viagem marcada para capital
paulista, o farmacêutico do Ma- As 27 unidades federativas
ranhão dr. Luiz Fernando Ramos do país terão representantes
Ferreira ressaltou a organização no Congresso
como um dos atrativos. “Acho o
Congresso Farmacêutico de São
Paulo um dos mais organizados e
com diversas áreas sendo traba-
lhadas com foco no crescimento da Norte e São Paulo para aproveitar a Expofar 2015. Com o tema “Ta-
profissão farmacêutica. O CRF-SP a oportunidade. “Minhas expecta- lentos Farmacêuticos: Construin-
possui uma expertise em organizar tivas são aprofundar os meus co- do Hoje a Saúde do Amanhã”, a
eventos e isso nos traz tranquilida- nhecimentos nos assuntos que eu programação prevê cursos, pales-
de em enviar trabalhos e participar selecionei e conhecer os últimos tras, simpósios, mesas-redondas
ativamente das palestras”, afirma. trabalhos científicos a serem apre- e diversas atividades paralelas.
Os acadêmicos também estão sentados”, diz. Confira a programação completa
ansiosos para que chegue logo o O XVIII Congresso Farmacêu- no hotsite:
mês de outubro. Bruno Martins, tico de São Paulo ocorrerá junta- www.crfsp.org.br/congresso
por exemplo, viajará três mil qui- mente com o X Seminário Interna-
lômetros entre o Rio Grande do cional de Ciências Farmacêuticas e Por Mônica Neri

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 17


FARMÁCIA NO Legislativo

VACINA NAS FARMÁCIAS


Projetos de vereadora da capital propõem ampliar
serviços farmacêuticos na esteira da Lei 13.021/14

D
entre os benefícios à saúde da população não só os farmacêuticos, mas também por promo-
implícitos na aprovação da Lei 13.021/14, ver o uso racional de medicamentos e a prestação
uma das inovações foi a inclusão de um de serviços”, afirma a vereadora. “Entendo que os
dispositivo que autoriza farmácias a administra- dois PLs colocam o município de São Paulo numa
rem vacinas e soros. No entanto, é importante re- situação pioneira.”
gulamentar como esse procedimento será licencia-
do nas farmácias. ABAIXO DA META
Para isso, a vereadora Edir Sales (PSD-SP) pro-
tocolou, em junho, na Câmara dos Vereadores, o Atualmente, apenas alguns estabelecimentos
Projeto de Lei 313/15, que prevê a ampliação dos administram vacinas como postos de saúde, hos-
serviços farmacêuticos oferecidos em farmácias e pitais e clínicas, sob a responsabilidade técnica de
drogarias, incluindo a aplicação de vacinas. Na oca- um médico. De acordo com o Ministério da Saúde,
sião, a vereadora também protocolou o PL 312/15, na última Campanha Nacional de Vacinação con-
que propõe instituir a Semana do Uso Racional de tra a gripe, 78,5% do público-alvo da mobilização
Medicamentos na capital. foi vacinado no Estado de São Paulo, o único a ficar
Ambos os projetos de lei contaram com o apoio abaixo da meta em todo o Brasil.
do CRF-SP, que ofereceu subsídios técnicos na A administração de vacinas em farmácias faci-
elaboração das propostas. “O CRF-SP tem sido litará o acesso da população à vacinação, aumen-
grande empreendedor de ações que beneficiam tando o volume de imunizações e até barateando o

Renata Gonçalez

Dr. Pedro Menegasso em entrevista à TV Câmara

18 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


tis, quando fui deputada estadual. Após a sanção
divulgação

da Lei 13.021/14, que regulamentou a categoria


no país, faltava uma lei específica em nossa cidade
para que esse profissional amplie sua atuação e tra-
balhe com tranquilidade, por isso apresentamos o
Projeto 313/2015. Já o PL 312/2015 trata da cons-
cientização da população sobre a importância do
farmacêutico e do uso correto dos medicamentos.
RF - De que forma a Sra. acredita que a insti-
tuição da Semana do Uso Racional de Medica-
mentos, prevista no PL 312/15, irá favorecer a
população de São Paulo?
ES - A Semana do Uso Racional de Medicamentos
vai incentivar estudos e experiências inovadoras na
área farmacêutica, conscientizando a população pau-
listana sobre os riscos da automedicação e a importân-
A vereadora Edir Sales (PSD-SP) apresentou os PLs 312 e
313/15 cia do uso racional de medicamentos, além de aproxi-
mar o profissional de farmácia das comunidades.
custo, sem diminuir a qualidade do serviço, visto RF - No caso do PL 313/15, a Sra. acredita
que o farmacêutico é um profissional qualificado que, uma vez sancionada, essa medida contri-
para realizar esse procedimento de forma segura. buirá para o atingimento de metas em campa-
Em entrevista à TV Câmara, o presidente do nhas de vacinação?
CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, comentou as pro- ES - Sem dúvida. Hoje existe uma grande dificul-
postas encaminhadas à Câmara. “São projetos dade de atingir a meta nacional, principalmente no
que seguem as tendências atuais previstas para a caso das vacinas da gripe, uma vez que faltam divul-
atuação do farmacêutico e dos estabelecimentos gação e fácil acesso à população. A nossa realidade
de saúde. A população só tem a ganhar.” mostra que algumas vezes o posto de vacinação fica
Após passar pelas comissões internas da Câmara, distante e recebe uma grande demanda, já as far-
as propostas estarão aptas a serem votadas em ple- mácias estão sempre próximas, mesmo nas regiões
nário em primeiro turno. Até setembro, os PLs 312 mais afastadas da cidade. O farmacêutico tem ple-
e 313/15 já haviam sido aprovados pela Comissão nas condições de contribuir para essas campanhas.
de Constituição, Justiça e Legislação Participativa RF - Qual a importância dessa aproximação
(CCJ). O PL 312/15 também recebeu parecer favo- do poder público com a classe farmacêutica?
rável da Comissão de Educação da Câmara. ES - O CRF-SP tem feito um trabalho importante
para a conscientização sobre o uso correto dos me-
Leia a seguir a entrevista concedida pela verea- dicamentos. Nós, do poder público, também temos
dora Edir Sales à Revista do Farmacêutico: o dever de ajudar nessa luta, propondo leis, pro-
gramas de conscientização e também incentivan-
Revista do Farmacêutico - Quais fatores mo- do e reconhecendo o empenho dos farmacêuticos.
tivaram a Sra. a criar os Projetos de Lei 312 e Estar próximo do poder público facilita o entendi-
313/15? mento das necessidades da categoria. Faz parte da
Edir Sales - Em minha carreira política sempre minha atuação como parlamentar acompanhar o
fui amiga dos farmacêuticos. Tanto é que estive- dia a dia dos farmacêuticos e ser uma ponte com o
mos juntos e recebi muitas orientações quando Poder Executivo.
iniciei a luta para o fim do álcool nos tônicos infan- Por Renata Gonçalez

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 19


PERFIL Dra. Soraya Smaili

Uma farmacêutica na
reitoria da Unifesp
Dra. Soraya é a primeira não-médica no cargo
de uma das mais tradicionais universidades
do país conhecida pela Medicina

D
esde a graduação em Farmácia, há 30 anos,

arquivo pessoal
pela Universidade de São Paulo (USP-Ribei-
rão Preto), a dra. Soraya Smaili traçou uma
carreira de sucesso no meio acadêmico. Foi docente,
pesquisadora no exterior, contribuiu com seus co-
nhecimentos para a pesquisa brasileira e, há dois
anos e meio, é a reitora de uma das instituições de
ensino mais importantes do país, a Universidade Fe-
deral de São Paulo (Unifesp). Como se não bastasse
o mérito por assumir o elevado status, quebrou vá-
rios paradigmas da tradicional instituição: é a pri-
meira mulher, a mais jovem e uma inédita reitora
não-médica a assumir o cargo.
A dra. Soraya é docente e militante da universidade
A dra. Soraya Smaili (esq) é ativista na universidade pública
desde 1992. Em sua avaliação, a instituição vivia um
desde os tempos de estudante, trabalhando para atrair
contexto que apontava para uma reitoria comandada recursos e desenvolver projetos de pesquisa
por outro profissional não-médico, mas a mudança
ocorreu mais rápido do que imaginavam. “Aceitamos hospital da rede federal, o Hospital São Paulo. Hoje,
o desafio de formar um grupo para concorrer e fize- administra um orçamento estimado em R$ 730 mi-
mos uma belíssima campanha. Fomos eleitos pela co- lhões, segundo dados do ano passado.
munidade, alunos, funcionários e professores, depois No início, relata a reitora, ela foi recebida com des-
pelo conselho universitário”, conta a reitora, que foi confiança, o que considerou natural, já que a comu-
nomeada após o processo eleitoral em 2013 pela pre- nidade não sabia o que o seu grupo poderia realizar.
sidente Dilma Rousseff. “Hoje, digo que essa desconfiança não existe mais,
Assumiu uma universidade em plena transforma- está superada. Sabemos que a mudança que quere-
ção e que passou por uma acelerada expansão: pas- mos não será feita da noite para o dia”, afirmou a
sou de mil estudantes de graduação para 11 mil, de dra. Soraya, que nesse momento quer consolidar sua
500 docentes para 1,5 mil, estava presente apenas na administração e continuar na luta pelo ideal de uma
cidade de São Paulo e hoje possui campi em seis ci- universidade plena, que alie juventude e tradição e
dades do Estado, além de ser responsável pelo maior continue a ser referência em pesquisa.

20 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015


TRAJETÓRIA arquivo pessoal acesso aos melhores
laboratórios e perma-
Filha de imigrantes neceu por dois anos e
libaneses, que traba- meio. Foi convidada
lharam fortemente para trabalhar e per-
para oferecer uma manecer no exterior,
boa educação aos fi- mas a opção foi voltar.
lhos, seu pai, comer- “Sou uma pessoa
ciante, chegou muito de valores. Fui ao
jovem ao Brasil e se exterior com recur-
integrou rapidamente sos públicos, como
à comunidade local. bolsista, então era
Dra. Soraya é a caçula meu dever implan-
e única mulher entre
Cerimônia de posse, em 2013. Carreira acadêmica exemplar leva a tar a técnica aqui e
os filhos. Tem um ir- farmacêutica à reitoria de uma das universidades mais importantes desenvolver o meu
mão economista, ou- do país, tradicionalmente comandado por médicos país. Pode parecer
tro advogado e outro meio romântico hoje
que também seguiu no comércio, uma profissão tra- em dia, mas para mim foi um compromisso”, conta.
dicional entre os descendentes da sua nacionalidade. Ativista da universidade pública desde os tempos
Na adolescência, chegou a ter interesse em seguir a de estudante, trabalhou para atrair recursos para a
carreira no jornalismo porque, desde cedo, desenvol- melhoria do ensino e para desenvolver projetos de
veu boa escrita, gostava de ler e possuía habilidade pesquisa. “O envolvimento com a universidade me
destacada para se comunicar com desembaraço. No fez ter esse encontro com a política acadêmica. Te-
entanto, o interesse e curiosidade pelas leituras cien- nho clareza dessa trajetória. Se a gente não fizer isso,
tíficas falaram mais alto. não se fortalece como professor, nem como pesqui-
“Escolhi a farmácia por ser uma carreira tradicional sador”, completou.
e sólida, por ter muitas disciplinas e também porque Dra. Soraya afirma que depois da passagem pela
tinha desejo de atuar na área de saúde. Isso se juntou reitoria, continuará docente e pesquisadora. “Volto
à minha vontade de pesquisar, de escrever e a minha para o laboratório com muito gosto. Tenho muita pai-
curiosidade. Foi uma opção perfeita para mim”, afir- xão pelo que faço. Posso usar o que aprendi aqui em
ma com entusiasmo. benefício da instituição.”
Terminada a graduação, já sabia que iria trilhar a Amante do cinema e da cultura árabe, juntou as
carreira acadêmica. Ingressou no melhor programa duas paixões ao participar da fundação do Instituto
de mestrado e doutorado em farmacologia na época, da Cultura Árabe, que já tem dez anos de atividades
na Escola Paulista de Medicina (EPM) e, ao final do e foi concebido por meio da união de intelectuais que
doutorado, prestou concurso e integrou a equipe de se interessam pela cultura do Oriente Médio. Essa
professores da EPM. mobilização resultou na Mostra Mundo Árabe de Ci-
A sede pelo conhecimento impulsionou a jovem nema, da qual é curadora. Em agosto, o Instituto rea-
pesquisadora a fazer o pós-doutorado no exterior, no lizou a décima edição do evento.
National Institute of Health, uma das principais ins-
tituições de pesquisa dos Estados Unidos, onde teve Por Carlos Nascimento

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015 21


TÉCNICA E PRÁTICA

Previsão de tempo:
ruim para os alérgicos
Com grande procura nesta época do ano devido à maior exposição de agentes
alergênicos, anti-histamínicos requerem cuidados e orientação farmacêutica

C
aracterizada por tempera- receptor para histamina com o qual de pelos receptores histamínicos
turas instáveis e com pre- interagem. Assim, aqueles que atu- H1, ou seja, dificilmente atraves-
domínio de baixa umidade am preferencialmente em recepto- sam a barreira hematoencefálica e
relativa do ar, esta época do ano é res H1, H2, H3 e H4 são chamados, raramente causam sedação³.
uma grande vilã para pessoas por- respectivamente, anti-H1, anti-H2,
tadoras de alergias respiratórias, anti-H3 e anti-H4. Os anti-H1 são EFEITOS ADVERSOS
fator que é ainda mais agravado os mais utilizados no tratamento
entre as que permanecem muito das doenças alérgicas². Além do poder sedativo, os anti
tempo em ambientes fechados, ex- Os anti-histamínicos são princi- -histamínicos de primeira geração
postas a agentes alergênicos como palmente utilizados na terapia de como difenidramina, prometazi-
poeira, ácaros e mofo. Por esse processos alérgicos associados ao na, hidroxizina e clorfenidramina
motivo, quando a umidade do ar trato respiratório (rinite, resfria- podem provocam efeitos antico-
está baixa, as farmácias registram do), na cinetose (enjoo em movi- linérgicos indesejáveis, como boca
grande procura por anti-histamí- mento), vertigem e nas alergias de seca, visão turva, retenção urinária
nicos, o que reforça a importância pele (urticária, dermatite de con- e obstipação; redução do estado de
de o farmacêutico oferecer orien- tato e atópica)³. alerta e concentração e falta de co-
tação sobre esses medicamentos. ordenação motora³. A prometazi-
A histamina é sintetizada e li- 1ª E 2ª GERAÇÕES na também está associada com hi-
berada por diferentes células hu- potensão decorrente do bloqueio
manas, especialmente basófilos, Os primeiros fármacos anti-his- de receptor alfa-adrenérgico.
mastócitos, plaquetas, neurônios tamínicos disponíveis são capazes Com perfil diferente, os anti
histaminérgicos, linfócitos e células de atravessar a barreira hemato- -histamínicos de segunda geração
enterocromafínicas, sendo estoca- encefálica e provocar sedação in- também podem produzir diver-
da em vesículas ou grânulos libera- tensa. São os chamados anti-his- sos efeitos colaterais. A terfena-
dos sob estimulação1,2. A histamina tamínicos de primeira geração. dina está associada à taquicardia
(2-[4-imidazolil]etilamina) foi des- Esses medicamentos conseguem ventricular pela formação de um
coberta em 1910 por Dale e Laidlaw atravessar o sistema nervoso cen- metabólito que bloqueia os canais
e foi identificada como mediadora tral e são utilizados na prevenção retificadores cardíacos de K+, le-
da reação anafilática em 1932¹. da cinetose (difenidramina) e são vando à cardiotoxicidade³.
Os anti-histamínicos, então, fun- eficazes na redução do tempo de
cionam dificultando ou impedindo início do sono³. INTERAÇÕES
que a histamina consiga se ligar Os agentes anti-histamínicos de
aos receptores celulares pelos quais segunda geração, como a fexofena- Pacientes com hepatopatia ou
tem afinidade. Esses medicamen- dina, loratadina, cetirizina e ebas- em uso de fármacos inibidores de
tos são denominados segundo o tina apresentam maior seletivida- CYP3A4, como a eritromicina e

22 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


cetoconazol, devem evitar o trata- anti-histamínicas de primeira ge- bem forte potencial teratogênico,
mento com terfenadina¹. ração torna-se particularmente in- sendo capazes de induzir malfor-
A associação de álcool ou outros desejável quando o paciente neces- mações em ratos, o que exige cui-
depressores do SNC aos anti-his- sita exercer atividades que exigem dado no uso durante a gravidez.
tamínicos H1 de primeira geração atenção e rapidez de reflexos. A Existem evidências de que a nor-
potencializa os efeitos da bebida4. capacidade para induzir depressão clorciclizina, um metabólito dos
central é mais acentuada entre as derivados piperazínicos, seja res-
IMPORTANTE! substâncias do grupo das etanola- ponsável pelos efeitos teratogêni-
minas (carbinoxamina, clemastina, cos desses anti-histamínicos4.
A assessora técnica do CRF-SP, difenidramina, doxilamina)4.
dra. Amouni Mourad, adverte que Anti-histamínicos do tipo pipe-
o efeito sedativo das substâncias razina (meclizinaclorciclizina) exi- Por Renata Gonçalez

Fontes:
1- Criado PR, Criado RFJ, Maruta CW, Machado Filho CA. Histamina, receptores de histamina e anti-histamínicos: novos conceitos. AnBrasDermatol.
2010;85(2):195-210.
2- Camelo-Nunes Inês Cristina. Novos anti-histamínicos: Uma Visão Crítica. J. Pediatr. (Rio J.) [Internet]. Nov 2006 [cited 25 junho 2015]; 82 (5 Supl):
S173-S180. Disponível a partir de: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572006000700007&lng=en. http://dx.doi.
org/10.1590/S0021-75572006000700007
3- Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/arti-
gos/10025/anti-histaminicos#ixzz3eBBNBNc7
4- Roberto DeLucia (organizador) ;Cleopatra da Silva Planeta; Marcia Gallacci ; Maria Christina W.de Avellar coautoras).- Ricardo Martins de Ol-
5- iveira Filho (coautor). - Clube de Autores: São Paulo, 2014. - 2 v.: il. FARMACOLOGIA INTEGRADA Uso Racional de Medicamentos. Disponível em http://
www.foar.unesp.br/Home/Biblioteca/pdf-farmacologia-integrad0-5a-ed-vol-ii.pdf

Informe Publicitário 1/1 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 23


capa

Os desafios da Ética
Lei 13.021/14 e momento do país colocam a ética no centro do
debate. CRF-SP promoveu seminário para debater ética no cuidado
ao paciente

24 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


N
os posts do Facebook, nas conversas de

fOTOS: luiz prado / agência luz


bar, nos telejornais, a palavra do momen-
to é uma só: ética.
“É provável que, na história do pensamento, nun-
ca se tenha usado tanto a palavra ética quanto nes-
se momento. De 30 anos para cá, acontece com a
palavra um fenômeno curioso, ela transbordou da
universidade para ocupar todos os espaços. É hoje
a palavra mais empregada no espaço público con-
temporâneo”, afirma o doutor e livre-docente pela
Escola de Comunicação e Artes da USP, palestrante
há dez anos no mundo corporativo e consultor. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), dr. Pedro
Menegasso e o assessor jurídico do CRF-SP, dr. Marcus Elidius
Considerado pela revista Exame um dos melhores
palestrantes das Américas, dr. Clóvis abriu o Semi- lhor suas obrigações, automaticamente, aproxima-se
nário de Ética do CRF-SP, realizado em São Paulo, dos seus direitos. “Como diz o filósofo jurídico Hans
dia 30 de maio, com o tema “Cuidado ao Paciente: Kelsen, existem dois mundos, o do ser e o do dever
Autonomia, Direito, Responsabilidade e Ética” (veja ser. O mundo do ser é a realidade, enquanto o outro
entrevista nas páginas 28, 29 e 30). é como ele deveria ser. As leis procuram disciplinar
O nome do evento já antecipava o norte aos far- o mundo do dever ser, mas nem sempre isso reflete
macêuticos para uma prática profissional ética: a na realidade. A Lei 13.021/14 é mais uma norma do
segurança do paciente. mundo do dever ser, mas cabe a nós fazermos com
“Mais do que nunca, precisamos agir com foco em que ela também seja efetivada no mundo do ser.”
quem vai receber nosso trabalho, pois, com a mu- O autor da Lei, o deputado Ivan Valente, defende
dança de paradigma trazida com a Lei 13.021/14, ser necessário reverter a lógica da sociedade, com
nossa profissão ganhou sentido no aspecto em que a o poder econômico a conduzir todos os campos da
farmácia deixa de ser um simples comércio e passa vida cotidiana. “Vivemos em uma sociedade onde
a ser um estabelecimento de saúde”, afirma o presi- falta ética e responsabilidade. Mas isso não muda de
dente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso. uma hora para outra. Mudará apenas quando cada
O assessor jurídico do CRF-SP, dr. Marcus Elidius, cidadão fizer a sua parte e assumir o protagonismo
destacou que quando o farmacêutico conhece me- da sua própria história.”

“Mais do que nunca, precisamos agir com foco em quem vai


receber nosso trabalho, pois, com a mudança de paradigma
trazida com a Lei 13.021/14, nossa profissão ganhou sentido no
aspecto em que a farmácia deixa de ser um simples comércio e
passa a ser um estabelecimento de saúde”

Pedro Eduardo Menegasso


Presidente do CRF-SP

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 25


Conflitos éticos relacionados federal americana, o FBI, as
à saúde também ganharam o motivações do médico eram
noticiário nos últimos anos. Em econômicas e ele chegou a
2013, a invasão do laboratório faturar um total de US$ 225
Royal, na região metropolitana milhões (R$ 725 milhões) en-
de São Paulo, por um grupo de tre 2007 e 2013. Esta fraude
ativistas contra maus tratos aos era feita por meio da socie-
animais, levou ao resgate de cães dade Michigan Hematology
beagle usados nas pesquisas e à Oncology, que mantinha sete
posterior falência da empresa. clínicas no Estado de Michi-
Especialistas do setor foram cla- gan (EUA).
ros quanto a necessidade de tes-
tes em animais. SAÚDE E LUCRO
O prêmio Nobel de medici-
na de 1993, o médico britânico O professor-doutor Clovis en-
Richard J. Roberts, assustou o xerga o conflito saúde versus lu-
dr. Pedro Eduardo Menegasso, presidente
mundo com a entrevista ao jor- do CRF-SP cro, que para ele não são neces-
nal espanhol La Vanguardia, há sariamente antagônicos, como
sete anos, na qual denunciou os grandes labora- um dos mais importantes a serem enfrentados pelos
tórios, que, para ele, vetam pesquisas de medica- farmacêuticos.
mentos que curam doenças, preferindo os que as Porém, mesmo esse ponto se traduz em desa-
cronificam, porque são mais rentáveis. “Às multi- fios cotidianos, seja na farmácia, na indústria ou
nacionais farmacêuticas, interessam manter a so- no hospital.
ciedade um pouco doente”, bradou na época. “A ética nasceu para cuidar da felicidade. Porém, se
Em julho deste ano, o caso de bioética que cho- você analisar a palavra hoje, ela é sempre associada a
cou o mundo foi o do médico americano dr. Farid situações tristes, das quais não gostaríamos de partici-
Fata. Também conhecido como “Doutor Morte”, o par”, explica o professor Clóvis. “Antes de mais nada, a
especialista em oncologia deu diagnósticos falsos palavra ética tem vários significados, e palavras assim
de câncer para pelo menos 553 pacientes saudá- são de difícil definição, como um cobertor curto. Você
veis, dos quais muitos sofreram sequelas após se- encontra um significado, mas descobre outros.”
rem submetidos a tratamentos desnecessários de
quimioterapia e com outros medicamentos. DILEMAS COTIDIANOS
Segundo a queixa criminal aberta pela polícia
O seminário do CRF-SP serviu para que profis-
mônica neri

sionais de diversas áreas expusessem seus dilemas


cotidianos. O dr. Rafael Cairê dos Santos, atuante
na saúde pública, contou que um dos principais
conflitos hoje em postos é em relação ao direito ao
sigilo que todo paciente tem. Segundo ele, falta es-
paço para um atendimento personalizado e priva-
tivo, “com mais profundidade”. Às vezes, pacientes
com DSTs e outras doenças estigmatizadas, por
exemplo, têm de receber a orientação no balcão do
Dr. Ivan Teixeira, dr. Marcos Machado, dr. Carlos Henrique
dispensário, diante da fila.
Cunha e dr. Rafael dos Santos

26 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


Os mediadores do debate dra. Priscila Dejuste, dr. Paulo
Lorandi, dra. Margarete Akemi Kishi e dra. Raquel Rizzi

como o aborto, a eutanásia, as crenças religiosas


diante de uma dificuldade médica, a fertilização in
vitro, testes em animais, entre outras.
Dentro desse aspecto, como fica a autonomia
profissional? De acordo com o médico, ela é fun-
damental, mas é importante estabelecer que ela
termina assim que começa a autonomia de quem
Dr. José Marques Filho, da Sociedade Brasileira de Bioética se cuida.
O representante da SBB propõe algumas ques-
Tratamento humanizado, informação correta e tões para o farmacêutico se fazer antes de tomar
direito ao sigilo são os tópicos de ética profis- uma decisão: “Estamos tomando uma decisão
sional mais discutidos entre os farmacêuticos de legal? Estaríamos preparados para defender pu-
análises clínicas. Procedimentos que não causem blicamente essa decisão? Tomaríamos a mesma
dor ou grande desconforto ao paciente ou pelo decisão daqui umas horas ou dias? Se a respos-
menos avisá-lo do que o espera no laboratório ta for sim, a conduta está, provavelmente, sendo
são exemplos disso. prudente”, explica.
“Antigamente, quando o paciente fazia um
exame de HIV, por exemplo, muitos nem sabiam O TRABALHO DOS CONSELHOS EM ÉTICA PROFISSIONAL
que estavam fazendo esse teste. E o que o far-
macêutico deve fazer? Informá-lo, pelo menos, Um dos motivos de existência dos conselhos
sobre o que está fazendo, de que o resultado do profissionais é fiscalizar o exercício ético de seus
exame pode ser positivo, ou apenas realizar o inscritos, zelando, assim, pelo bem da população
exame, já que o médico pediu, não importando o que recebe os seus serviços ou produtos. O CRF-
que pensa e sente o paciente? Ele deve autorizar SP prioriza a questão ética em todas as ações que
o procedimento ou não?”, questiona o dr. Mar- realiza junto aos farmacêuticos e cobra a aplica-
cos Machado, representante das análises clínicas ção no dia a dia do exercício profissional.
e diretor do CRF-SP. Com 24 comissões de ética, que abrangem todas
as regiões do Estado, e mais de 80 mil fiscaliza-
PERGUNTE A SI MESMO ções por ano, o Conselho busca também atuali-
zar e educar seus inscritos sobre o tema. Grandes
Como representante da Sociedade Brasileira de Bio- eventos, como esse, que trazem para o farmacêu-
ética (SBB), o médico dr. José Marques Filho falou so- tico os nomes mais importantes do país que deba-
bre bioética no cuidado ao paciente. tem o assunto, são fundamentais.
A bioética é um conceito recente, com menos de
um século, mas que já causa discussões intensas, Por Mônica Neri e Renata Gonçalez

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 27


Entrevista Dr. Clóvis de Barros

Uma revolução ética


na saúde

“Algumas vezes, lucro e saúde prosperam muito bem juntos, mas muitas vezes entram em conflito.”
Com essa frase, o doutor e livre-docente pela Escola de Comunicação e Artes da USP, palestrante há
dez anos no mundo corporativo e consultor, Clóvis de Barros Filho, retrata a base dos conflitos éticos
mais significativos na área da saúde. Na entrevista a seguir, um dos mais prestigiados palestrantes
sobre ética do mundo, dr. Clóvis aborda a questão sob o ponto de vista da farmácia, mas também do
momento em que que o país vive e da saúde como um todo. Leia trechos:

Revista do Farmacêutico – Qual é ções. Como o sr. define, à luz da bunais era tão descarada que tinha
a melhor forma de definir ética? ética, o momento que o nosso até tabelinha de corrupção divul-
Clovis de Barros Filho – A ética país vive? gada por secretárias e enfermeiras.
é uma destas preocupações teó- Vivemos um período de muitos Quem trabalhou como advogado ou
ricas no campo da filosofia que avanços no campo da ética. Lem- jornalista naquela época se lembra
tem por objeto a ação, a conduta, bro-me que na ditadura civil-militar muito bem dessas cenas bizarras. A
os valores utilizados para julgar o a corrupção nas estatais era muito evolução moral de nossa sociedade
comportamento humano. A ética é maior, mais explícita, e só não era atingiu seu ápice ao tratar de esque-
uma reflexão sobre as ações livres, discutida por causa da censura e mas arraigados de corrupção como
sobre tudo aquilo que considera- da repressão. As chantagens para os da Petrobras, do Metrô em São
mos certo ou errado. obter atendimento ou um serviço Paulo ou da Fifa/CBF – a minha ge-
Assistimos na TV a conflitos, de- de qualidade em bancos, hospitais, ração jamais acreditou que isso um
núncias de corrupção, manifesta- escolas, universidades ou nos tri- dia iria acontecer.

28 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


maneira que fazemos com nossos
filhos? Haveria problemas sérios
“Algumas vezes, lucro e saúde prosperam de organização e liderança. Afe-
muito bem juntos, mas muitas vezes to, lucro, paciência, eficiência e
outros inúmeros valores são im-
entram em conflito.” portantes, mas precisamos saber
quando usá-los nas situações
adequadas.

Clóvis de Barros Filho Em 2014, foi aprovada a Lei


13.021/14, que define a farmácia
como estabelecimento de saúde.
Essa Lei pôs fim a um conflito de
A ética pessoal é diferente da com a nossa profissão. Imagine duas décadas, na qual tínhamos,
aplicada ao campo profissional, cobrar de nossos parentes resili- de um lado, alguns proprietários
por exemplo? Resumindo: há am- ência para aturar críticas e colo- de farmácia lutando pela visão
bientes que exigem concessões? car o lucro como principal meta simples do comércio de medica-
Não digo a ética, mas os valo- da vida familiar? Seria um ab- mento, e, de outro, o direito do
res. Os valores que priorizamos surdo. Imagine se perdoássemos cidadão ao acesso à orientação,
na família são diferentes dos que e fossemos complacentes com atenção e prestação de serviços
priorizamos com os amigos e nossos subordinados da mesma de saúde para melhoria da quali

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 29


“precisamos de uma população engajada na defesa do serviço
público e da extensão da cidadania”

Clóvis de Barros Filho

dade de vida e sucesso do trata- abominação, pois mostra que mos em uma república, do latim
mento. O sr. enxerga esse conflito nossa sociedade não evoluiu o coisa pública. O governo deve ser
como um problema ético ou são suficiente para oferecer um feito para todos e não para uma
apenas visões diferentes sobre serviço público de qualidade. pequena classe de privilegiados.
uma atividade? Até os norte-americanos mais Nossa educação, saúde, segurança
Esse é um problema ético en- liberais perceberam o grande erro e prosperidade econômica devem
volvendo dois valores impor- de ter privatizado o sistema de ser estendidas a todos, se tornar
tantes que estão em conflito. Os saúde. Há grupos de empresários público, e cada cidadão deve lu-
proprietários de farmácia luta- e políticos que lucram muito tar com todas as suas forças para
vam para manter a liberdade de com toda a desgraça da saúde manter vivo o espírito de solidarie-
comercialização e a obtenção de pública, tanto do ponto de vista dade republicana.
lucro, já os consumidores reivin- econômico quanto da esperança É uma grande mentira dizer que
dicavam outros valores como o de uma eugenia social. Nunca precisamos de políticos melhores
respeito à dignidade humana, o tinha visto tantos políticos e para mudar o país. Precisamos
direito à vida e à informação. médicos falando abertamente de uma população engajada na
sobre extermínio de negros, defesa do serviço público e da
Quais os conflitos éticos mais índios e pobres nas redes sociais. extensão da cidadania. Quando
significativos que o sr. vê na área A violência da classe médica trabalhadores e empresários ho-
da saúde? contra a população carente tem nestos começarem a se mobilizar
O conflito essencial reside en- aumentado muito. contra cada escola ou hospital su-
tre dois valores: a defesa do lucro cateado, contra cada jovem negro
versus a defesa da vida. Algumas Que caminhos trilhar rumo à inocente morto por bandidos ou
vezes, lucro e saúde prosperam mudança dessa situação? policiais, nós teremos capacidade
muito bem juntos, mas muitas Uma revolução ética. O brasilei- de nos tornar um país de primei-
vezes eles entram em conflito. ro precisa entender que a corrup- ro mundo. Enquanto as pessoas
Salvar uma vida pode se tornar ção não é fruto de um partido po- ficam postando calúnias e boatos
pouco rentável. lítico, ou de meia dúzia de nomes, de políticos na internet, elas de-
mas ela é intrínseca ao próprio veriam postar todo dia fotos de
Como o sr. enxerga o sistema de como estão as escolas dos seus fi-
sistema midiático e político. Haja
saúde brasileiro, público e priva- lhos, as ruas e os pronto-socorros
visto que não houve uma reforma
do, do ponto de vista da ética? e hospitais de seus bairros.
política de verdade no Congresso.
A medicina privada é uma por Mônica Neri
O povo precisa entender que vive-

30 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


Informe Publicitário 6/6 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

ASSUNTOS REGULATÓRIOS NA

Certificado emitido pela Faculdade Católica


INDUSTRIA FARMACÊUTICA

CONTROLE DE QUALIDADE NA
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

GESTÃO DE QUALIDADE
E AUDITORIA EM
PROCESSOS INDUSTRIAIS

PRODUÇÃO INDUSTRIAL
FARMACÊUTICA
PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO DE
MEDICAMENTOS
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Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 31
ESPECIAL/SAÚDE PÚBLICA

Farmacêuticos em fase de
conquista do SUS
A nova Lei 13.021/14 garante a presença do farmacêutico nas unidades
públicas; em SP, número de profissionais da área cresceu 42%

D
esde a implantação do Sistema Único de prorizam a presença do farmacêutico nas unidades
Saúde (SUS), criado pela Constituição Fede- que dispensam medicamentos, assim como não
ral de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º oferecem oportunidades para implantação da aten-
8080/90 e nº 8.142/90, o papel do farmacêutico na ção farmacêutica, como já ocorre em muitas farmá-
saúde pública sofreu alterações significativas, princi- cias privadas.
palmente atreladas à ampliação do acesso dos cida- Para ajudar a reverter essa situação, há pouco me-
dãos aos serviços de saúde e ao recebimento de medi- nos de um ano, a Lei 13.021/14 foi aprovada, desig-
camentos essenciais. A novidade é que a presença do nando as farmácias como locais prestadores de ser-
farmacêutico no Sistema nunca registrou um avanço viços de saúde e trazendo uma série de avanços que
tão importante quanto agora. ultrapassam a esfera pública.
Para se ter uma ideia do progresso, de abril de Apesar de ainda ser nova, percebe-se que a Lei está
2012 a junho de 2015, o número de farmacêuticos surtindo efeito. Juízes e desembargadores vêm emba-
que atuam como responsáveis técnicos, farmacêu- sando um número considerável de decisões judiciais
ticos substitutos ou supervisores nas unidades mu- em todo o país na referida norma, entendendo a far-
nicipais da saúde do Estado, passou de 1.621 para mácia como estabelecimento de saúde.
2.313 –aumento de 42%. Nesse sentido, em São Paulo, o Conselho Regional de
A assistência farmacêutica, nesse contexto, foi a Farmácia teve algumas decisões favoráveis, como a do
protagonista inclusive Tribunal Regional Fede-
de uma política direcio- ral (TRF) da 3ª Região,
nada. A Política Nacio- que reconheceu a obriga-
nal de Assistência Far- toriedade da assistência
macêutica (PNAF), que farmacêutica nos dispen-
completou, em 2014, sários de medicamen-
dez anos de lançamen- tos da rede pública e em
to, com muitos avanços unidades hospitalares de
para o setor e muitos de- pequeno porte no muni-
safios para o futuro. cípio de Mairiporã, au-
Mesmo assim, há ain- torizando a fiscalização
da prefeituras e hospi- e autuação com base na
tais públicos que não Lei nº. 13.021/2014.

32 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015


a situação dos estabelecimentos de saúde
públicos e dos municípios no estado

Número de municípios no Número de Unidades Públicas de Saúde


Estado de São Paulo (UBS, hospitais, farmácias, etc.)

47

219 2.370 2.318


379
arte: bárbara gabriela

Total: 645 Total: 4.688

Regulares parcialmente irRegulares Regulares irRegulares


Regulares

fonte: fiscalização crf-sp

Também foi nos termos da mesma lei que o TRF MINAS E ESPÍRITO SANTO
3ª Região concedeu decisão favorável ao CRF-SP em
ação ajuizada por uma clínica que pedia a suspensão Em outros Estados, são encontradas histórias se-
da fiscalização e autuação de seu dispensário de me- melhantes às do CRF-SP, como no caso de Minas
dicamentos. Gerais, que obteve na Justiça Federal duas sentenças
Na ocasião, a desembargadora do caso apontou ser favoráveis contra o município de Brumadinho, que
necessária, sim, a presença de farmacêutico nos dis- pedia a suspensão das multas lavradas pelo CRF-MG
pensários de medicamentos, sendo permitida, inclu- durante fiscalizações realizadas em cinco postos de
sive, a aplicação de multas. saúde da cidade, todos funcionando sem a presença
No entendimento dos magistrados, com a nova Lei, de farmacêutico responsável técnico.
em seus artigos 5º, 6º e 8º, as farmácias de qualquer Outra decisão judicial exemplar foi proferida na
natureza requerem, para seu funcionamento, obriga- ação proposta pelo município de Catuji, ainda em
toriamente, a responsabilidade e a assistência técnica 2014, quando o juiz manteve os treze autos de infra-
de farmacêutico habilitado na forma da lei; a auto- ção lavrados pelos fiscais do Conselho mineiro desde
rização e o licenciamento da autoridade competente, 2007, oito pela ausência de farmacêutico responsável
além da necessidade da presença de farmacêutico du- técnico nos postos de saúde municipais e cinco contra
rante todo o horário de funcionamento. Sendo assim, o laboratório de Análises Clínicas, que também estava
a farmácia privativa de unidade hospitalar ou similar funcionando sem a devida assistência farmacêutica.
também necessita de direção e desempenho técnico Já no Espírito Santo, somente neste ano, foram
de farmacêuticos. quatro decisões favoráveis em que o juiz determinou

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015 33


a contratação de farmacêuticos em tempo integral de Outra ação desenvolvida pelo CRF-SP que visa ga-
funcionamento da farmácia. Em todas elas, houve o rantir à população seu direito à assistência farma-
embasamento na Lei 13.021/14. cêutica, é o Grupo Técnico de Apoio aos Municípios
(GTAM), que tem por objetivo colaborar com os
AÇÕES DO CRF-SP municípios que desejam implementar ou melhorar
o serviço, oferecendo suporte às prefeituras na ela-
Desde 1999, o CRF-SP conta com comissões asses- boração de projetos de assistência farmacêutica. Os
soras de Saúde Pública, que no princípio se chamava resultados das ações desse grupo são demonstrados
Comissão Assessora de Serviço Público do CRF-SP e pela crescente quantidade de farmacêuticos atuan-
estava localizada apenas na sede da entidade. do no setor público, conforme números citados no
Com o intuito de discutir sobre o papel do far- início do texto.
macêutico na saúde pública, hoje, as comissões de Por Monica Neri
saúde pública estão presentes na sede e em mais 16
seccionais e se reúnem para debater as políticas pú-
blicas de saúde do Estado e dos municípios, elabo- GRUPO TÉCNICO
rar diretrizes, propor e revisar normas, entre outras DE APOIO AOS
ações que visem garantir a efetiva incorporação do
farmacêutico no SUS.
MUNICÍPIOS SAÚDE PÚBLICA

Informe Publicitário 1/1 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

Congresso Brasileiro de
Farmácia Hospitalar
Expo SBRAFH

A Farmácia Hospitalar nas Redes de Atenção à Saúde:


Protocolos integrados de assistência farmacêutica e a segurança do Paciente

Cursos | Palestras | Simpósios | Workshops | Encontros


Inscrições e informações pelo site: sbrafh.org.br/congresso2015
Realização: Patrocínio: Apoio:

CRFRN

34 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015


Conselho Regional
de Farmácia do
Rio Grande do Norte
Informe Publicitário 1/1 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015 35


ORIENTAÇÃO Jurídica

Trânsito livre de
farmacêuticos no Mercosul
“(...) a visão de que a Portaria nº 734/2014 do Ministério da Saúde
se trata de um programa ‘Mais Profissionais de Saúde’ não é
verdadeira, pois seu objetivo é a integração social (trabalho) dos
povos latino-americanos”

A
Constituição Federal de ampliar os mercados de maneira po Mercado Comum (GMC); (iii)
1988 preleciona que o coesa, inclusive por meio da ado- Comissão de Comércio do Merco-
Brasil deve buscar “a in- ção de políticas comuns a tercei- sul; (iv) Parlamento do Mercosul;
tegração econômica, política, so- ros estranhos ao bloco. Todos es- (v) Foro Consultivo Econômico-
cial e cultural dos povos da Amé- ses atos, em conjunto, pretendem Social; e (vi) Secretaria Adminis-
rica Latina, visando à formação criar o denominado “mercado co- trativa do Mercosul, cada um com
de uma comunidade latino-ame- atribuições específicas.
ricana de nações”. O mandamen- O processo de integração entre os
to decorre da similitude cultu- países não está voltado somente
ral entre esses países e tem ao aspecto econômico, mas
por objetivo enfrentar também aos direitos sociais,
melhor os desafios em como o exercício profis-
termos geopolíticos. sional, pois um “mercado
A consolidação do comum” implica tam-
Arte: Guilherme Mortale

mandamento consti- bém em livre circulação


tucional ocorreu no de mão-de-obra. Sob
dia 26 de março de esta ótica, consolidou-
1991, por intermédio se em 1998, no âmbito
do Tratado de Assun- do Mercosul, a “Decla-
ção celebrado entre Bra- ração Sociolaboral” ou
sil, Argentina, Paraguai e “Carta Social”, impondo
Uruguai (1), e resultou na aos seus Estados Partes o
formação do Mercado Comum auxílio, informação, proteção
do Sul (Mercosul). Seu objetivo é e igualdade de direitos e condições
desenvolver a região, criando um de trabalho a todos os migrantes,
espaço comum de circulação de mum” (2) entre seus membros. independentemente de sua na-
pessoas, bens e serviços e reduzir/ O Mercosul possui personalida- cionalidade, por meio de medidas
eliminar direitos alfandegários e de jurídica internacional e uma tendentes ao estabelecimento de
restrições tarifárias, para que os estrutura institucional com os se- normas e procedimentos comuns
seus Estados Partes possam ele- guintes órgãos: (i) Conselho do voltados à circulação dos trabalha-
var o grau de competitividade e Mercado Comum (CMC); (ii) Gru- dores nas zonas de fronteira.

36 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


A responsabilidade pela fixação ao seu país de origem, por aquele Contudo, necessita ser melhor de-
de procedimentos comuns relativos que esteja impedido de exercer sua batida nos conselhos de fiscalização
à circulação de trabalhadores recaiu atividade profissional; e ao respei- profissional, pois não há um sistema
sobre o Grupo Mercado Comum to dos pré-requisitos complemen- de informação supranacional de pe-
(GMC), órgão deliberativo que pos- tares exigidos em cada país segun- nalidades ético-disciplinares.
sui 14 subgrupos de trabalho, dentre do a legislação nacional. Dessa forma, um profissional
os quais o de nº 11: Saúde. Em maio de 2014, o Ministério impedido de exercer seu encargo,
No Subgrupo de Trabalho nº da Saúde editou a Portaria nº 734, por exemplo, no Uruguai, pode
11, uma das equipes é responsável aprovando a lista de profissões de vir a exercê-lo no Brasil caso as
pelas “relações coletivas e indivi- saúde reconhecidas por todos os informações sobre seu histórico
duais de trabalho, do ‘livre trânsi- Estados Partes no Mercosul. Den- ético-profissional não sejam ana-
to’ de trabalhadores, da formação tre médicos, dentistas e psicólo- lisadas, seja ele médico, dentista
profissional, da compatibilização gos, o farmacêutico foi incluído. ou farmacêutico, o que implica em
dos currículos de formação, do Importa ressaltar que a mera grande risco à saúde da população.
reconhecimento da habilitação inclusão dos profissionais, ao Portanto, premente é a neces-
profissional (títulos e diplomas), contrário do propalado nas redes sidade da criação de um cadastro
registro profissional, regulação do sociais, não implica no livre exer- supranacional de penalidades éti-
trabalho e requisitos para o exercí- cício da atividade em quaisquer co-disciplinares com intercâmbio
cio profissional.” (3) dos países integrantes do Bloco de informações entre os Ministé-
Ocorre que não é possível dis- Regional, e tampouco em uma po- rios da Saúde dos Estados Partes,
cutir o livre exercício da profissão lítica de governo criada a exemplo a fim de garantir o adequado fluxo
dentro do bloco sem uma harmo- do programa Mais Médicos, pois, de referências sobre eventuais pe-
nização das legislações internas. no Brasil, há necessidade de reva- nalidades éticas aplicadas aos pro-
Diante disso, a equipe implemen- lidação do diploma estrangeiro e fissionais, resguardando a saúde
tou a Matriz Mínima para o registro o registro no respectivo Conselho da população e assegurando que
profissional, que resultou na edição profissional, além de ser preen- os profissionais possam circular
da Resolução GMC nº 27/2004. O chida a Matriz Mínima. com segurança e dinamismo no
referido ato normativo diz respeito Por conseguinte, a visão de que âmbito do Mercosul.
a informações sobre profissionais a Portaria nº 734/2014 do Mi-
que exercem ou pretendem exer- nistério da Saúde se trata de um
Por dr. Roberto
cer sua profissão no Mercosul e/ programa “Mais Profissionais de
Tadao Magami Jr.
ou trabalhem em municípios de Saúde” não é verdadeira, pois seu
Departamento
fronteira, sendo indispensável para objetivo é a integração social (tra-
Jurídico do CRF-SP
habilitar os profissionais do setor balho) dos povos latino-america-
de saúde no exercício de suas ativi- nos, indo ao encontro de um dos
dades próprias. ditames constitucionais.
A importância da implementa-
ção da Matriz Mínima nos Estados
Partes está relacionada à realiza- NOTAS
ção efetiva dos seguintes fatores: 1) Em 2012, a Venezuela passou a integrar o Mercosul;
controle do fluxo dos profissionais 2) Atualmente, no Mercosul, não há livre circulação dos fatores de
de saúde entre os países; inter- produção, como por exemplo a mão-de-obra, mas apenas regras comuns
câmbio de informações entre os para as importações oriundas de estados estranhos aos seus países
Ministérios de Saúde dos Estados integrantes. Portanto, o estágio de integração regional ainda é classificado
Partes sobre os profissionais; à como união aduaneira em fase inicial;
possibilidade de se evitar o exercí- 3) Fonte: http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2010/03/Manual-
cio profissional em Estado diverso Matriz-M%C3%ADnima.pdf. Acesso em 5/6/2015.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 37


ELEIÇÕES 2015

Votação será online de


9 a 11 de novembro
Para votar, farmacêutico deve estar com dados cadastrais
atualizados

em todas as seccionais, subsedes e seccionais e subsedes do CRF-SP


sede do CRF-SP durante o horário também pode ser utilizado.
de funcionamento.
VOTO OBRIGATÓRIO
REGULARIDADE
O voto é obrigatório para todos os
Para o farmacêutico votar, é ne- farmacêuticos inscritos no CRF-SP.
cessário estar regular e adimplen- Quem não votar durante o período
te junto ao CRF-SP. Ou seja, não estabelecido, sem justo motivo, de-
pode estar cumprindo penalidade vidamente comprovado, será pena-

A
cada dois anos, os conse- de suspensão ou possuir pendências lizado com multa, conforme Reso-
lhos regionais de Farmá- financeiras. Não será possível regu- lução CFF nº 604/2014.
cia realizam suas eleições. larizar os débitos no dia da eleição. Para os profissionais com idade
E 2015 é ano de votar. Antes de O profissional também deve igual ou superior a 70 anos, o voto
qualquer coisa, é necessário tirar estar com seus dados cadastrais é facultativo.
algumas dúvidas sobre esse direito atualizados. Já os farmacêuticos dos quadros
e contribuição para a profissão. Do cadastro, devem constar, ne- das Forças Armadas (Marinha,
cessariamente, nome completo, fi- Exército e Aeronáutica) são im-
DATA E COMO VOTAR liação, nº do CPF, nº de inscrição, pedidos de participar das eleições
endereço, e-mail e telefone celular. em conselhos profissionais ( Lei
As eleições ocorrerão a partir Para facilitar esse processo, o 6681/79, art. 4º). Esses profissio-
do meio-dia de 9/11/15 e finaliza- CRF-SP criou uma área no portal nais, no prazo de até 60 dias conta-
rão ao meio-dia de 11/11/15. Serão (www.crfsp.org.br) que permite dos da data do pleito, devem apre-
realizadas, pela segunda vez, via ao farmacêutico realizar a atuali- sentar justificativa, comprovando
internet, ou seja, o farmacêutico zação de dados online. O serviço que pertencem às Forças Armadas.
apto a votar poderá escolher seus de atendimento pessoal na sede,
Por Mônica Neri
representantes sem sair de casa ou
de seu local de trabalho. Além do
computador, poderão ser usados Fique atento:
tablet ou celular. Já para os farma- • Serão 48 horas para votar (das 12h de 9/11 às 12h de 11/11);
cêuticos que não possuem acesso • Regularize suas pendências perante o CRF-SP;
à web, o CRF-SP disponibilizará • Mantenha seus dados atualizados e, principalmente, seu e-mail;
o “computador do farmacêutico” • Não permita que outras pessoas tenham acesso a sua senha.

38 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


´
POS
Informe Publicitário 6/6 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
E FARMÁCIA CLÍNICA
VALORES ESPECIAIS PARA INSCRITOS NO CRF-SP

Dr. Dirceu Dr. Lincoln

Certificado emitido pela Faculdade Católica


Raposo Cardoso
farmacêutico farmacêutico
e professor e professor
exclusivo do do ICTQ
ICTQ

Inscrições abertas com 0800 602 6660


turmas confirmadas em
Campinas e São Paulo-SP www.ictq.com.br
Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 39
entidades

Em nome dos magistrais


Com cerca de 5 mil associados, em
29 anos de atuação, Anfarmag
comemora conquistas importantes
para o setor magistral

O
s estabelecimentos farmacêuticos já não são Estado de São Paulo. No total, o Estado concentra cer-
mais obrigados a renovar anualmente a Au- ca de 2,6 mil farmácias com manipulação.
torização de Funcionamento e a Autorização Outro exemplo de atuação da entidade, que im-
Especial. Essa mudança, que simplificou o trabalho pactou diretamente na profissão, foi a luta frente ao
das empresas farmacêuticas, foi uma das conquistas impasse tributário, vivido nos estados e municípios,
da maior entidade representativa do setor magistral pelo direito das farmácias continuarem optando pelo
do país: a Associação Nacional dos Farmacêuticos regime do Simples Nacional. De acordo com o dr.
Magistrais (Anfarmag). Ademir Valério da Silva, presidente da Anfarmag, a
associação trabalhou pela permanência das micro e
AGÊNCIA LUZ

pequenas empresas do setor no regime tributário do


Simples, bem como para garantir que esses estabele-
cimentos não poderiam ser cobrados pelos anos re-
troativos – o que inviabilizaria a atuação de inúmeros
colegas, ameaçando inclusive a perenidade do setor.
Se a Anfarmag não tivesse agido nesse caso e in-
terferido junto às autoridades, as farmácias optan-
tes pelo lucro presumido teriam a alíquota dos im-
postos de 4% para de 13,33% a 16,33%. No caso dos
optantes pelo lucro real, a carga tributária poderia
alcançar aproximadamente 30%, dependendo do lu-
cro líquido da empresa.
Entre outras conquistas, a atuação junto ao Minis-
tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que
Dr. Ademir Valério da Silva, presidente da Anfarmag
resultou na autorização para a farmácia preparar,
Nascida em abril de 1986, quando um grupo de far- em uma mesma área, formulações com insumos de
macêuticos proprietários de farmácias magistrais per- uso comum humano e veterinário, também merece
cebeu a necessidade de uma entidade que valorizasse a destaque. “No mesmo período, a partir das nossas
instituição farmacêutica, principalmente junto aos re- contribuições técnicas para a Anvisa, a agência publi-
presentantes de governo, a Anfarmag conta hoje com cou uma nota explicitando que as farmácias que não
cerca de cinco mil associados, sendo 1,3 mil apenas no manipulam substâncias e medicamentos sujeitos a

40 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


“Vivemos em uma época de massificação de produtos e serviços, e,
nesse contexto, aqueles que se diferenciam e são capazes de oferecer
entregas únicas são – e serão cada vez mais nas próximas décadas
– valorizados pelo consumidor. O setor magistral tem tudo para
continuar prosperando”

do pela associação. “Somos uma entidade parceira,


thais noronha

pronta para auxiliar desde as questões corriqueiras


do cotidiano até os temas mais complexos que afetam
a sustentabilidade da atividade magistral.”

PERSPECTIVAS

Quase eliminado na década de 1950, por conta da


industrialização e da expansão das indústrias farma-
cêuticas, o setor magistral mostra força ao se deparar
Dr. Antônio Geraldo Ribeiro dos Santos Junior, terceiro vice-
presidente da Anfarmag e conselheiro do CRF-SP com o aumento cada vez maior na procura por produ-
controle especial, mas dispensam esses produtos pre- tos personalizados.
parados pela matriz ou filiais, estão isentas de autori- Tendo em vista a individualização do produto ma-
zação especial”, explica o dr. Ademir. gistral, que já se apresenta praticamente em todo o
mercado, de forma a oferecer a dose na forma e quan-
SUPORTE tidade específicas ao paciente, dr. Ademir reforça que
essa diferenciação está diretamente relacionada às
O farmacêutico que se associa à Anfarmag tem toda tendências de consumo apontadas por especialistas
a estrutura necessária para se adequar às exigências de todo o mundo.
sanitárias. Tem à disposição guias, manuais, fichas de “Vivemos em uma época de massificação de produtos
referência de insumos ativos e de fitoterápicos, im- e serviços, e, nesse contexto, aqueles que se diferenciam
portantes na especificação de ativos e na preparação e são capazes de oferecer entregas únicas são – e serão
de um produto seguro e eficaz. cada vez mais nas próximas décadas – valorizados pelo
Outro diferencial especialmente voltado ao farma- consumidor. O setor magistral tem tudo para continuar
cêutico magistral é o Serviço de Atendimento ao As- prosperando”, conclui o presidente da Anfarmag.
sociado, que reúne uma dezena de profissionais para, Para o terceiro vice-presidente da Anfarmag, dr.
diariamente, tirar dúvidas (por telefone, e-mail ou Antônio Geraldo Ribeiro dos Santos Junior, também
pessoalmente) que afetam o dia a dia da profissão, conselheiro do CRF-SP, “o trabalho da entidade é im-
como questões técnicas farmacêuticas, regulatórias, portante para apoiar as farmácias magistrais nas áreas
jurídicas, contábeis e tributárias. técnica, jurídica e nos negócios, bem como desenvolver
Dr. Ademir reitera as vantagens de ser ampara- o setor para sua perpetuação no mercado”.
Por Thais Noronha

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 41


ANÁLISES CLÍNICAS

Reforço político aos


laboratórios
Área de Análises Clínicas ganha frente parlamentar para defesa do setor, que
amarga prejuízos com SUS e planos de saúde

O
s laboratórios de análises clíni- boratório de análises clínicas”, afirmou o
cas sofrem duplamente com a dr. Paulo Brandão, membro da Comissão
defasagem do preço dos exames. Assessora de Análises Clínicas do CRF-SP
Tanto dos que realizam para o Sistema e delegado por São Paulo da Sociedade
Único de Saúde (SUS) há 20 anos quan- Brasileira de Análises Clinicas (SBAC).
to para os planos de saúde privados há Para ele, o segmento necessita da re-
oito anos. A necessidade por reajustes posição das perdas a fim de dar susten-
fez com que a classe se organizasse para tabilidade à atividade. “A estagnação da
levar suas demandas para o Congres- remuneração pode levar os pequenos e
so Nacional. Durante o 42º Congresso médios laboratórios a fecharem as por-
Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC tas por não conseguirem arcar com os
2015), que ocorreu no período de 21 a 24 Dr. Marcos Machado Ferreira, altos custos da mão-de-obra, dos insu-
de junho, no Rio de Janeiro, líderes do diretor-tesoureiro do CRF-SP mos e reagentes, que sempre estão so-
segmento lançaram a Frente Parlamen- frendo reajustes, porque são baseados
tar em Defesa dos Laboratórios de Análises Clínicas. no preço do dólar, e outras despesas como aluguel,
O grupo nasceu com o apoio de mais de 100 par- energia elétrica, água, entre outras”, diz.
lamentares e é liderado pelo deputado Ronaldo No- Especialista e atuante no setor, o diretor-tesou-
gueira (PTB-RS). A frente tem como objetivo atuar na reiro do CRF-SP, dr. Marcos Machado, aponta que a
defesa dos interesses do setor nas questões de políti- Frente é um grande avanço para a área das análises
cas públicas relacionadas aos laboratórios de análises clínicas, que não tinha proximidade com o poder pú-
clínicas do país. blico. “A partir de agora, com esse canal aberto com
“O que simplesmente o governo e os planos de saúde os deputados, o setor espera um diálogo melhor com
querem é não repassar nenhum aumento a nenhum la- o governo para que a política em relação aos valores
de exames laboratoriais seja revista”, analisa.
Durante 2014, o diretor-tesoureiro do CRF-SP vi-
sitou os proprietários de laboratórios no interior e fez
uma relação das maiores dificuldades apresentadas:
valores de exames, falta de reajustes, falta de mão-de
-obra qualificada, falta de apoio governamental para
o desenvolvimento e problemas devidos às diretrizes
curriculares. “A criação dessa Frente parlamentar
atende justamente uma das principais demanda dos
laboratórios de São Paulo, que é o reajuste da tabela
de valores dos exames”, afirma dr. Machado.

Por Carlos Nascimento

42 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


Informe Publicitário 1/1 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 43


FISCALIZAÇÃO PARCEIRA

Conheça a rotina dos fiscais


e una-se a eles na defesa
da profissão

Dra. Raquel Rizzi, vice-presidente do CRF-SP, em reunião


com responsáveis pelo departamento de Fiscalização

M
uitas são as dúvidas e questionamentos Para tanto, cabe à fiscalização do CRF-SP:
acerca da atividade de fiscalização desem-
penhada pelo CRF-SP. Autarquia pública • Verificar e exigir do farmacêutico o desempenho
federal, o conselho paulista tem por atribuição le- de suas atividades com base em uma conduta ética
gal executar a fiscalização do exercício da profissão adequada e no atendimento às normas profissionais
impedindo e punindo as infrações à lei, bem como e sanitárias que regem a prática da Farmácia no país,
enviando às autoridades competentes relatórios em cumprimento ao Código de Ética Farmacêutica;
documentados sobre os fatos que apurarem e cuja • Defender o âmbito de atuação do farmacêutico,
solução não seja de sua alçada, zelando assim pela garantindo que as atribuições privativas não sejam
fiel observância dos princípios da ética e da disci- exercidas por outros profissionais;
plina da classe dos que exercem qualquer atividade • Exigir que os estabelecimentos que devem possuir
farmacêutica no Estado, cumprindo com o disposto assistência farmacêutica em período integral cum-
na Lei Federal nº 3.820 de 11 de novembro de 1960, pram essa regra, a exemplo das farmácias e drogarias.
que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regio-
nais de Farmácia. Em um Estado como o de São Paulo, com extensa
A atividade fiscalizatória é o instrumento para ga- área territorial e um grande número de farmacêuticos
rantir a manutenção da prestação de assistência far- e estabelecimentos, faz-se necessária a manutenção de
macêutica e a melhoria na qualidade de assistência à uma adequada estrutura física e organizacional, bem
saúde, zelando pela proteção da população, resguar- como a implementação de ações estratégicas para que
dando seu direito de ser assistido por profissional a fiscalização ocorra de forma uniforme, padronizada e
farmacêutico e defendendo a profissão. regular em todas as regiões e estabelecimentos.

44 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/2015


ACERVO CRF-SP
O CRF-SP cumpre com sua atribuição legal de
fiscalizar o exercício profissional, possuindo,
mantendo e executando:

• Corpo de 59 farmacêuticos fiscais, contratados me-


diante processo seletivo público e sujeitos a regime de
treinamentos e capacitações periódicos, que exercem
atividades de fiscalização externa e atividades inter-
nas na sede do CRF-SP;
• Fiscalização em todas as áreas de atuação farmacêu- Os fiscais do CRF-SP atuam em todas as áreas da
profissão farmacêutica
tica (privativas e não privativas);
• Fiscalização em período integral (24h), incluindo fi- ter a regularidade do estabelecimento, cumprindo e
nais de semana e feriados, de forma rotineira e para fazendo cumprir a legislação profissional e sanitária
apuração de denúncias, com foco em estabelecimen- vigentes, de forma que todos os atos técnicos desem-
tos irregulares; penhados estejam em consonância com tais normas.
• Checagem se o estabelecimento conta com respon- Assim, por meio da orientação ao farmacêutico,
sabilidade técnica de farmacêutico legalmente habili- busca-se dar ciência a ele das irregularidades cons-
tado e se o profissional presta assistência efetiva nos tatadas ou documentadas ao CRF-SP, orientando-o
termos da lei; a saná-las e interrompê-las, de modo a prevenir a
• Observação das condições do exercício profissio- exposição da saúde da população a riscos, manter o
nal, uma vez que é responsabilidade do farmacêu- bom conceito e prestígio da profissão e promover a
tico cumprir as normas vigentes, bem como cabe à atualização e aperfeiçoamento dos conhecimentos
empresa fornecer condições adequadas para o exer- do profissional.
cício profissional. Na orientação é realizado o registro da legislação
vigente que deve ser cumprida de modo a sanar cada
A atividade de fiscalização é regulamentada pela irregularidade observada e apontada.
Resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 600 O Departamento de Orientação Farmacêutica tam-
de 25 de julho de 2014, segue o Plano Anual de Fis- bém esclarece dúvidas dos profissionais quanto aos
calização do CRF-SP com diretrizes aprovadas em corretos procedimentos e conduta a serem adotados
Plenário, e é realizada conforme o Manual de Proce- frente às legislações vigentes e que norteiam a prática
dimentos de Fiscalização. Os fiscais seguem roteiro da farmácia no país. O atendimento é realizado por
de inspeção determinado pela sede do CRF-SP para farmacêuticos fiscais via chat, telefone e e-mail.
cumprimento de ações de rotina e apuração de fatos Todas essas atividades vislumbram a defesa da
denunciados à entidade. profissão, do âmbito de atuação e da população, bem
Dessa forma, toda fiscalização realizada, para qual- como visam tornar o farmacêutico consciente do
quer farmacêutico e em qualquer que seja o estabele- seu papel social e da importância da prática ética da
cimento ou ramo de atividade, possui procedimentos profissão para a saúde pública, auxiliando-o no seu
e diretrizes que a norteiam. desenvolvimento profissional, proporcionando-o a
O CRF-SP vem trabalhando incansavelmente para satisfação de integrar uma entidade eficaz e de refe-
coibir e sanar práticas irregulares. Por isso, a fisca- rência, que age indistintamente com transparência e
lização também trabalha com foco na orientação ao respeito, de forma a transmitir credibilidade e con-
farmacêutico, em inspeção ou em atendimento pre- fiança aos seus usuários.
sencial mediante convocação na sede e seccionais,
uma vez que ele é o profissional responsável por man- Departamento de Orientação
Farmacêutica do CRF-SP

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/2015 45


Comissões Assessoras/ANÁLISES
CLÍNICAS toxicológicas

Quando é o farmacêutico
que pede o exame
laboratorial
Resoluções 585
INGIMAGE

e 586/13 do
CFF ampliam
atribuições clínicas
do profissional,
que passa a contar
com importantes
ferramentas para
realizar a adequada
atenção farmacêutica

A
publicação das resolu- ratoriais para o acompanhamento sultados de exames laboratoriais
ções do Conselho Fede- farmacoterapêutico, eram antigos que visam a individualização da
ral de Farmácia (CFF) anseios do setor. Passados dois anos farmacoterapia e de determinar
nº 585/2013 e nº 586/2013, que da edição das normativas, ambas quais os parâmetros bioquímicos
regulamentam, respectivamente, as ainda geram debate sobre os impac- e fisiológicos do paciente serão
atribuições clínicas do farmacêutico tos na profissão e sobre a conduta acompanhados. Atividades estas
e a prescrição farmacêutica, apre- adequada para pôr em prática o que que podem ser exercidas pelo pro-
sentaram um novo paradigma à permite a legislação. fissional que atua na linha de fren-
profissão, ao trazer benefícios e am- Além da atividade descrita aci- te, realizando atenção farmacêuti-
pliar as possibilidades de atuação ma, a Resolução 585/2013 tam- ca nas farmácias e drogarias.
do farmacêutico. Algumas dessas bém trouxe inovações até então Os exames laboratoriais, além
novas atribuições, como a permis- não regulamentadas, como a de úteis no diagnóstico, são ex-
são de solicitar exames clínico-labo- possibilidade de avaliação dos re- tremamente importantes no mo-

46 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


nitoramento farmacoterapêuti- e renal, advindos de medicamen-

FOTO: INGIMAGE
co, instrumento para a realização tos potencialmente hepato ou ne-
da adequada atenção farmacêu- frotóxicos, ou para pacientes com
tica, explica o coordenador da maior susceptibilidade aos efeitos
Comissão Assessora de Análises adversos dos medicamentos.
Clínicas e Toxicológicas, dr. Pau- Em síntese: as atividades descri-
lo Caleb Júnior de Lima Santos, tas na Resolução 585/2013 trou-
também pesquisador da Univer- xeram um cenário propício à atu-
sidade de São Paulo. ação focada no monitoramento de
A efetividade farmacológica em pacientes que fazem tratamento
diversas patologias é avaliada por farmacológico, o que coloca o far-
exames, como no caso de diabetes macêutico em evidência.
intervenção farmacêutica.”
(glicemia e hemoglobina glicada); “Ganhamos dos outros profis-
Dr. Paulo Caleb complemen-
de dislipidemia (colesterol total e sionais pelo nosso diferencial nas
ta: “Os exames laboratoriais têm,
frações e triglicerídeos); na anticoa- bases farmacoterapêuticas”, afir-
como utilidade, fornecer infor-
gulação oral (RNI – relação norma- ma o dr. Sandro Jorge Januário,
mações que possibilitem avaliar o
tizada internacional); nos distúrbios vice-coordenador da Comissão As-
prognóstico, determinar as con-
da tireoide (hormônios tireoidianos sessora de Análises Clínicas e To-
centrações tóxicas e terapêuticas
e TSH – hormônio estimulante da xicológicas e ministrante de cursos
dos fármacos, avaliar as concen-
tireoide); na gota (ácido úrico) e na pelo CRF-SP. “Os exames labora-
trações de drogas e de substâncias,
anemia por deficiência de ferro (he- toriais são instrumentos de extre-
além de monitorar a efetividade
moglobina e perfil do ferro). ma importância tanto nas análises
farmacoterapêutica.”
Além disso, os exames laborato- clínicas, como na farmácia clínica.
riais são utilizados no monitora- São eles que avaliam a farmaco- Por Renata Gonçalez
mento de efeitos adversos hepático terapêutica durante a atenção e a

ESTUDO CONTÍNUO
O principal desafio para fazer valer marketing, entre outras habilidades. sultados farmacoterapêuticos”, con-
os benefícios proporcionados pela le- Por se tratar de um mercado que se clui dr. Caleb.
gislação do CFF, a exemplo de outras desenvolve num cenário altamente Para incentivar a educação e o es-
áreas da farmácia beneficiadas por tecnológico, renovador e competitivo, tudo contínuo, está disponível no
ambas resoluções, é a formação pro- é preciso que o profissional acompa- portal do CRF-SP uma ferramenta
fissional. Especialmente no caso das nhe todas essas tendências. Somente chamada Projeto Educação Continu-
Análises Clínicas e Toxicológicas, em com a graduação, nem sempre con- ada em Análises Clínicas e Toxico-
que é necessário que o farmacêutico segue acompanhar essas mudanças. lógicas (acesse a aba da Comissão
exceda o conhecimento tecnicista, a “Está claro para nós, da Comissão, Assessora de Análises Clínicas e To-
grade curricular terá de incluir o que que os farmacêuticos devem estudar xicológicas), que oferece um roteiro
houver de mais novo em pesquisa, o continuamente a fim de serem há- de estudo para todos os farmacêu-
desenvolvimento de métodos analí- beis a utilizar a informação advinda ticos, principalmente aos que tra-
ticos, interpretação de exames e li- dos exames laboratoriais e, assim, balham em laboratórios de análises
beração de laudos, administração e acompanhar adequadamente os re- clínicas e toxicológicas.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 47


COMISSÕES ASSESSORAS/
RESÍDUOS E GESTÃO AMBIENTAL

De olho no resíduo
(e na licença)
ingimage

Farmacêuticos de empresas que geram


resíduos devem prestar atenção às leis e
normas para não serem responsabilizados

A
maioria já sabe que é e embalagens adequadas. Caso ros controlados, considerados
necessário ter critérios contrário, ele corre o risco de ser ambientalmente inadequados.
para tratar os resíduos responsabilizado se a empresa for Dr. Raphael Corrêa de Figueire-
dos serviços de saúde. Mas o que fiscalizada e não estiver licencia- do, coordenador da Comissão de
poucos conhecem é que o farma- da ou ainda se o resíduo for desti- Resíduos e Gestão Ambiental do
cêutico é responsável também nado inadequadamente. CRF-SP, ressalta que o gerador é
pela escolha e supervisão das Segundo a Associação Brasi- responsável pelo resíduo desde o
empresas que realizam todas as leira de Empresas de Limpeza momento da geração até o desti-
etapas desse processo. Pública e Resíduos Especiais no final. “Existem empresas que
Por esse motivo, o farmacêutico (Abrelpe), o Brasil coleta 70 mi- assumem uma responsabilidade
deve conhecer muito bem a legis- lhões de toneladas de resíduos solidária, dividindo-a com o gera-
lação (RDC 306/2004 e Conama sólidos urbanos por ano, sendo dor de resíduos, mas não há como
358/2005) e as normas da ABNT que 42% desse montante ainda transferir responsabilidades.”
para classificação, identificação têm como destino lixões e ater- Ele ressalta que as empresas

48 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


precisam se atualizar constante- 1) as quais a Comissão Nacional de
mente e buscar entender o que Energia Nuclear – CNEN (mate-
realmente diz a legislação. “Não rial radioativo); a Vigilância Sa-
adianta falar que transporta re- nitária (alimentos, medicamentos
síduos, e, no momento da coleta, 2)
9 3) e outros); a Polícia Federal (pro-
chegar com um veículo aberto, dutos químicos utilizados no pro-
sem licenciamento ou sem a de- cessamento ilícito de drogas) e Mi-
vida identificação do transporte e nistério do Exército (explosivos,
documentação pertinente.” 6 6 insumos de explosivos, armamen-
Para cada tipo de resíduo, há tos e outros).
uma autorização diferente, exigi- 1 - Substâncias perigosas diversas
2 - Substância tóxica
da pelo órgão competente, entre 3 - Substância infectante
Por Thais Noronha

EMPRESAS DEVIDAMENTE LICENCIADAS

Confira as autorizações necessárias, dependendo da atividade

Para transportadora Para empresa que Para veículos utilizados


de resíduos químicos destina os resíduos: na coleta:
(medicamentos): • Alvará de Uso de Solo – Prefeitu- • Certificado de Registro e Licencia-
• Licença ou autorização ambiental, ra Municipal; mento de Veículo (CRLV);
emitida pelo órgão estadual de meio • Licença de operação adequada • Veículos em excelentes condições
ambiente, para o transporte de cargas ao tipo de resíduo a ser destina- de funcionamento e uso;
perigosas (produtos ou resíduos peri- do – Cetesb; • Rótulos de risco e painéis de se-
gosos) dentro do Estado; • Auto de vistoria do Corpo de Bombei- gurança específicos, de acordo com
• Autorização ambiental para trans- ros – Policia Militar. a NBR-7500 da ABNT e Resolução
porte interestadual de cargas peri- Para empresa que gerencia os re- 420/2004 ANTT;
gosas (Ibama); síduos (podendo incluir coleta): • Ficha de Emergência e Envelope
• Cadastro Técnico Federal de Ativi- • Alvará de Uso de Solo – Prefeitu- para o Transporte;
dades Potencialmente Poluidoras - ra Municipal; • Kit para atendimento à emergên-
CTF-APP (Ibama); • Cadastro Estadual de Vigilância cia conforme NBR 9735 da ABNT;
• Cadastro Nacional de Operadores de Sanitária – Visa; • Certificado de Inspeção para o
Resíduos Perigosos – CNORP (Ibama); • Licença de operação adequada ao tipo Transporte de Produtos
• Comprovante de Registro Nacional de resíduo a ser destinado – Cetesb; Perigosos (CIPP);
de Transportadores Rodoviários de • Auto de vistoria do Corpo de Bombei- • Certificado de Inspeção
Cargas – RNTRC; ros – Policia Militar; Veicular (CIV);
• Pagamento da Taxa de Controle e • Certificado de Regularidade – Ibama; • Emissões do escapamento (fuma-
Fiscalização Ambiental – TCFA; • Autorização do Ibama para transpor- ça preta) dentro dos limites legais;
• Seguro ambiental para emergências; te interestadual; • Movimentação e Operação
• Conhecimento de transporte da carga. • Seguro ambiental para emergências. de Produtos Perigosos (MOPP)
do Motorista.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015 49


COMISSÕES ASSESSORAS/
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS

Marco Legal da Biodiversidade


Nova legislação, que entra em vigor em novembro,
proíbe a exploração estrangeira do patrimônio natural
do país e mexe com a indústria

© Vojtech Novotny
S
ancionada pela presidente Dilma Rousseff no
último dia 20 de maio, a Lei 13.123/15, chama-
da de Marco Legal da Biodiversidade, entra em
vigor em novembro deste ano.
O Marco estabelece como deve ser o acesso ao patri-
mônio genético de plantas e animais do país, bem como
de conhecimentos indígenas e tradicionais associados a
plantas e animais. O tema merece atenção especial do
setor farmacêutico, pois a biotecnologia é uma das ten-
dências mais fortes da indústria mundial atualmente.
Segundo a coordenadora da Comissão Assessora de Laboratório de pesquisa de campo mantido pelo
Plantas Medicinais e Fitoterápicos do CRF-SP, dra. Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) na Amazônia
Caroly Cardoso, a nova lei impede que empresas es-
trangeiras sem vínculo com nacionais explorem ou en- Lei. “Há poucos mecanismos de controle e fiscaliza-
viem material genético para estudos fora do país. “A ção estipulados na legislação, mas se espera que a re-
preocupação principal é que a biopirataria diminua ou gulamentação avance nessa frente. A norma diz que o
seja eliminada com uma fiscalização efetiva”, afirma. fundo será regido por um comitê gestor, mas nada diz
A Comissão ainda estuda a nova legislação com o sobre sua composição e sua forma de funcionamen-
objetivo e emitir um parecer definitivo sobre as van- to”, diz Norit.
tagens e desvantagens do Marco Legal.
De acordo com o Instituto Sócio Ambiental, enti- BIOTECNOLOGIA E PESQUISA
dade que promove a defesa de bens e direitos sociais,
coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao pa- Por meio da observação das empresas farmacêuti-
trimônio cultural, aos direitos humanos e dos povos, cas e de base tecnológica, incubadoras de empresas e
a nova lei ainda não assegura o justo direito de comu- instituições científicas e tecnológicas, o Banco Nacio-
nidades tradicionais ao patrimônio genético. nal de Desenvolvimento (BNDES) publicou o estudo
O julgamento do ISA baseia-se no fato de a lei pre- “O desafio de adensar a cadeia de P&D de medica-
ver a repartição de benefícios advindos da explora- mentos biotecnológicos no Brasil”, no qual apontou
ção, de substâncias naturais em outros produtos, por a biotecnologia como a principal oportunidade no
meio da criação de um fundo composto por 1% da re- campo da indústria farmacêutica. Mesmo com uma
ceita líquida do produto acabado. Para os técnicos do capacitação ainda incipiente, a biotecnologia oferece
Instituto, povos indígenas que transmitem seus co- oportunidades de adensamento das atividades, tanto
nhecimentos sobre o poder das plantas podem acabar da cadeia produtiva quanto de pesquisa e desenvolvi-
vendendo sua sabedoria por nada. mento, chamada de P&D.
Segundo a assessora da entidade, Nurit Bensusan, De acordo com o estudo, as grandes companhias
a situação pode melhorar com a regulamentação da do setor investem entre 10% e 20% de sua receita

50 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


Solicitações de patentes biotecnológicas internacionais
Estoque de pedidos de patentes internacionais de 1999 a 2010

arte: bárbara gabriela


anual em atividades de P&D. A estimativa mais re-
cente apontou que o custo médio para se lançar uma
molécula inédita no mundo chega a US$ 1,5 bilhão Rede de cientistas pesquisa
(em dólares de 2011). ‘Prozac natural’ e outras
As empresas brasileiras, a maioria de pequeno substâncias
porte, têm caráter pré-operacional e ainda depen-
dem quase integralmente de recursos públicos não
reembolsáveis.
Sediados em São Carlos, a aproxima-
No ano de 2010, apenas 19 das 271 empresas que damente 250 km da capital, cerca de 20
declararam ter atuação em biociências geraram re- pesquisadores de universidades e insti-
ceitas anuais superiores a R$ 1 milhão. Esse cenário tutos de pesquisa da esfera pública for-
repercute no baixo número de patentes nacionais maram um grupo de pesquisa a fim de
frente à riqueza de biodiversidade com a qual o Bra- produzir moléculas para medicamentos.
sil foi brindado. A previsão é de que o Marco legal da
A configuração de uma logística de rastreabilidade Biodiversidade dê respaldo à consolida-
dessas pesquisas até a fase comercial de seus deri-
ção dessa rede de cientistas.
vados deve ser realizada com base no inventário do Dentre os projetos mais importan-
patrimônio genético nacional, o que está longe de tes em desenvolvimento, estão alguns
ser concluído. Essa morosidade associada à falta de voltados para o tratamento de câncer
configuração de apoio à P&D, no âmbito das comu- e doença de Chagas. Outro exemplo é
o extrato da planta Erythrina mulungu,
nidades tradicionais detentoras desse conhecimen-
nativa da Mata Atlântica, estudada por
to, abre uma brecha perigosa à defesa do patrimônio
cientistas da Unesp em Araraquara.
genético brasileiro.
Com isso, o Brasil continua sendo, segundo a Or- As propriedades purificadas desse ex-
trato são semelhantes à fluoxetina e ao
ganização das Nações Unidas, o país com a maior
bromazepam, e vem sendo chamado de
biodiversidade do planeta, com 20% do patrimônio
“prozac fitoterápico” ou “prozac natu-
natural mundial, porém, paradoxalmente, está entre ral”. A patente do fitoterápico foi regis-
os que menos possuem patentes registradas. trada no INPI há quatro anos.
Por Wesley Gomes Alves

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 51


Comissões Assessoras/
ACUPUNTURA

Auriculoterapia Diagnóstico e tratamento


de reações adversas aos

para alergias
alimentos podem ser feitos
com técnica francesa

C
erca de 5% da população Entre os alimentos que mais sas aos alimentos como a represen-
têm alergia a alimentos causam alergia estão leite, soja, tação de qualquer reação anormal
no Brasil, de acordo com a amendoim, ovo, trigo, peixes ou à ingestão de alimentos ou aditivos
Associação Brasileira de Alergia e frutos do mar e castanhas que, so- alimentares, que podem ser classifi-
Imunopatologia. Na maioria, são mados, são responsáveis por 90% cadas em tóxicas e não tóxicas.
crianças (uma em cada 13), mas os das alergias, segundo estudo pu- De acordo com a entidade, as re-
adultos também possuem essa ad- blicado em 2008 na Current Opi- ações tóxicas dependem mais da
versidade. A boa notícia é que uma nion in Pediatrics. substância ingerida ou das proprie-
técnica de auriculoterapia tem le- Para entender mais sobre esse tipo dades farmacológicas de determi-
vado a bons resultados no trata- de reação, a Associação Brasileira de nadas substâncias presentes nos
mento de males desse tipo. Nutrologia define as reações adver- alimentos. Já as reações não tóxi-
ingimage
THAIS NORONHA

52 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


alimentar não adicionado intencio- especiais que contêm os principais
nalmente). No rótulo deve constar agentes causadores de alergia e in-
a declaração “Alérgicos: Pode con- tolerâncias alimentares”, explica.
Cerca de 5% da ter (nomes comuns dos alimentos Já para realizar o tratamento, dr.
que causam alergias alimentares)”. Trezza afirma que se escolhem pon-
população têm Essa é uma grande vitória tos auriculares que minimizam a
para quem está envolvido com a resposta alérgica por mecanismos
alergia a alimentos causa, tão importante quanto o neuroendocrinofisiológicos e tam-
diagnóstico e o tratamento dessa bém reguladores da resposta imune.
no Brasil, de acordo doença, que tem como uma das O coordenador diz ainda que nem
técnicas mais modernas a auri- todas as pessoas com alergia ou in-
com a Associação culoterapia francesa. tolerância são tratadas pelos mes-
mos pontos na orelha. “O tratamen-
Brasileira de Alergia À FRANCESA to é individualizado, uma vez feito
o diagnóstico, escolhe-se a melhor
e Imunopatologia Recém-chegado da França, onde estratégia de tratamento.”
estudou a técnica, o farmacêutico
acupunturista e coordenador da AURICULOTERAPIA
Comissão de Acupuntura – Medi-
cina Tradicional Chinesa, dr. José Realizada por meio de estímulos
Trezza Netto, aponta que o diag- em pontos reflexos localizados na
nóstico pela auriculoterapia france- orelha externa, a auriculoterapia
cas são aquelas que dependem de sa é feito pelo contato de substân- francesa teve seu grande avanço na
susceptibilidade individual a deter- cias suspeitas de serem alérgenos década de 1950. A partir dessa data,
minado alimento e podem ser clas- ou que podem causar intolerâncias tem sido utilizada com grande ênfase
sificadas em: não imuno-mediadas alimentares com a pele do paciente. para tratamento de dor por analgesia,
(intolerância alimentar) ou imuno- “Utilizamos um mecanismo cha- mas também é forte aliada para dis-
mediadas (hipersensibilidade ali- mado de fotopercepção cutânea e funções orgânicas, como em caso de
mentar ou alergia alimentar). também medimos o pulso do pa- desintoxicação causada por drogas,
São principalmente essas reações ciente por meio do VAS (sinal auto- álcool e nicotina, além de alergias.
não tóxicas que mais aparecem na nômico vascular). Utilizamos filtros
Por Mônica Neri
mídia, o que trouxe o assunto à tona
e despertou na população uma ma-
ingimage

nifestação para mudanças legais em


rótulos de alimentos.
Em junho, a Anvisa regulamen-
tou requisitos para rotulagem
obrigatória dos principais alimen-
tos que causam alergias alimenta-
res.
Também passou a ser obrigatória
a informação de possíveis contami-
nações cruzadas dos alimentos (que equipamentos utilizados no diagnóstico e
tratamento das alergias
é a presença de qualquer alérgeno

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 53


COMISSÕES ASSESSORAS/
DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE

Fôlego para as
importações
Projeto do governo para o Porto de Santos reduz tempo dos processos e será
ampliado para outros portos e aeroportos

O
Ministério da Saúde, Se- O projeto gera menos taxas por Assessora de Distribuição e Trans-
cretaria dos Portos e Agên- tempo de armazenagem, reduz porte e vice-diretora da Seccional
cia Nacional de Vigilância burocracia e riscos de avaria dos de Santos do CRF-SP, o Porto de
Sanitária (Anvisa) anunciaram, em produtos, e, dessa forma, garan- Santos foi escolhido para iniciar o
março, um projeto de reestrutura- te ao consumidor final um custo projeto de reestruturação pela im-
ção dos processos de desembaraço mais baixo em medicamentos, portância que ocupa no complexo
das importações de produtos sujei- cosméticos, perfumes, produtos portuário nacional e porque 9%
tos à vigilância sanitária no Porto de higiene, alimentos, sanean- dos processos de importação na-
de Santos. O objetivo é aprimorar tes, produtos médicos e produtos quele porto correspondem a pro-
as ações e acelerar a liberação por de diagnóstico, com qualidade dutos submetidos à Anvisa.
meio da melhoria da infraestrutura e sem perdas para a indústria. “O porto continua sendo um
e aumento do número de funcioná- Segundo o Ministério, depois de ponto crítico do processo e ne-
rios. As mudanças implementadas avaliada, a iniciativa deverá ser cessita controlar e mitigar os
já reduziram o tempo dos proces- aplicada em outros terminais al- possíveis riscos sanitários, além
sos de importação de uma média fandegados instalados em outros de melhorar a agilidade diante
de 24 dias para até três dias, e o ob- portos, aeroportos e fronteiras. da urgência do mercado de saúde
jetivo é que se reduza ainda mais o Na avaliação da dra. Alana Da- nacional. Acredito que o maior
intervalo das liberações. riza, coordenadora da Comissão desafio seja assegurar a saúde da
população sem oferecer obstácu-
Assessoria de Comunicação Codesp

los ao desenvolvimento econô-


mico”, afirmou a dra. Alana, que
atua em um recinto alfandegado,
no controle dos produtos que
chegam ao Porto de Santos.

Atuação do farmacêutico

Com a ampliação do projeto,


tornou-se ainda mais importante
a atuação do farmacêutico para

54 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


Assessoria de Comunicação Codesp
garantir a qualidade dos produ- qualidade, como o exemplo do elaborou uma cartilha que desta-
tos submetidos à vigilância sani- transporte aéreo em tempera- ca a importância da atuação do
tária. Para o dr. Marcelo Mazalli, tura controlada. “Algumas em- farmacêutico responsável técnico
membro da Comissão Assessora presas transportam como carga nas empresas que armazenam e
de Distribuição de Transporte do seca normal, pelo frete ser mais transportam medicamentos e in-
CRF-SP e farmacêutico atuante barato, deixando os produtos far- sumos farmacêuticos nas áreas de
no aeroporto de Viracopos, em macêuticos a uma linha tênue de portos, aeroportos, fronteiras e
Campinas, com a concessão dos garantia da qualidade”, explica. recintos alfandegados.
aeroportos e portos, a atuação do Dentre as leis que regulam a De acordo com o documento, o
farmacêutico nas áreas de qua- atividade, a dra. Alana Dariza farmacêutico é o profissional habi-
lidade e garantia do processo e destacou a publicação da reso- litado e qualificado para a tarefa,
fluxo logístico foi ampliada, mas lução 495, de 2008, do Conse- reunindo conhecimento técnico
“ainda há muito a ser melhora- lho Federal de Farmácia (CFF), para garantir a integridade dos
do”, completou. que regulamentou a atuação do produtos no momento da naciona-
Segundo o especialista, o merca- farmacêutico no setor. “Foi um lização, além de poder gerenciar e
do nacional é promissor e atraen- grande avanço para a solidifica- validar os processos relacionados
te, mas extremamente complexo ção do trabalho do farmacêutico à obtenção e renovação de licen-
e concentrado nas mãos de pou- no segmento. Além disso, a RDC ças de funcionamento perante os
cas empresas. “Há necessidade 346/02 está na agenda regulató- órgãos competentes, seguindo as
de fazer uma revisão das leis que ria, e todos do setor anseiam por legislações pertinentes.
envolvem o recinto alfandegado essa atualização, com o objeti- O interessado pode baixar a car-
no quesito de cargas perecíveis, vo de aprimorar o serviço nesse tilha no portal do CRF-SP (www.
cadeia do frio e produtos ligados ramo de atividade”, comentou a crfsp.org.br), no menu à esquer-
à saúde”. dra. Alana Dariza. da, ítem Publicações, clicando em
Na avaliação do farmacêuti- “cartilhas por área”. Outra opção
co, com o objetivo de reduzir os CARTILHA é solicitar a cartilha impressa na
custos do transporte dos pro- sede ou seccionais.
A Comissão Assessora de Dis-
dutos, muitas empresas deixam
tribuição e Transporte do CRF-SP Por Carlos Nascimento
de cumprir quesitos básicos de

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 55


COMISSÕES ASSESSORAS/
Pesquisa Clínica

As peculiaridades da pesquisa
clínica com fitoterápicos
Apesar de ter a maior biodiversidade do planeta, Brasil enfrenta a mesma burocracia da
pesquisa para medicamentos sintéticos

G
engibre para evitar náuseas, alcachofra altamente favorável ao desenvolvimento de medica-
para dor e queimação causadas pela má di- mentos a partir dessa matéria-prima.
gestão e alho para tratamento de hiperten- No entanto, há ainda 25 mil espécies que não fo-
são arterial leve. Desde a publicação da RDC 26, em ram estudadas e, apesar da franca expansão do setor
maio do ano passado, medicamentos fitoterápicos de pesquisa clínica nos últimos 15 anos, para que os
devem ser testados e receber concessão de registro fitoterápicos sejam estudados, testados e comercia-
pela Anvisa para serem lançados no mercado. An- lizados, há uma série de entraves semelhantes aos
tes disso, necessitam também de comprovação de dos medicamentos sintéticos, ou seja, burocracia,
eficácia e segurança realizada por meio de estudos questões regulatórias e interesse de patrocinadores.
pré-clínicos e clínicos. Com 52 anos de experiência na área, dr. Dagober-
O Brasil tem a maior biodiversidade de espécies to de Castro Brandão, diretor de P&D e assuntos
de plantas do mundo, de acordo com a organização jurídicos regulatórios da PHC Pharma Consulting,
não-governamental Conservação Internacional. São empresa dedicada à pesquisa e desenvolvimento
55 mil, cerca de 20% do planeta. Um só hectare de de novos medicamentos, chama a atenção para as
Mata Atlântica apresenta 476 espécies vegetais dis- vantagens das pesquisas com plantas medicinais.
tintas, um recorde mundial, o que torna o ambiente Segundo ele, a natureza já “sintetizou” os princípios

56 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015


ativos que constituem o denominado complexo fito- Os métodos de validação são mais simples e menos
terápico. Em consequência, a pesquisa básica pode rigorosos do que o de uma molécula sintética nova.
ser bastante reduzida e encurtada. Testes de farmacocinética e biodisponibilidade não
“Além disso, o uso popular e folclórico de plantas são exigidos devido à natureza do fitocomplexo.
medicinais já encaminha de maneira acertada para
as possíveis indicações clínicas a serem avaliadas TESTES DE TOXICOLOGIA
nos estudos clínicos”.
As fases de estudo para medicamentos fitoterápi- Assim como os medicamentos sintéticos, os fito-
cos são praticamente as mesmas de um medicamen- terápicos são submetidos a testes de toxicologia.
to sintético. Dr. Dagoberto explica que o processo de Segundo o dr. Dagoberto, são necessários estudos
pesquisa de medicamentos fitoterápicos e sintéticos de toxicologia aguda, subaguda e crônica em ro-
é semelhante, mas diferem na aprovação do Conse- edores e não roedores, bem como alguns estudos
lho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), que especiais in vitro.
é exclusivo das pesquisas com plantas. “Posteriormente, se a toxicologia animal e in vi-
Na pesquisa com plantas, muitas vezes, o plane- tro autorizar, devem ser realizados os estudos clí-
jamento do desenvolvimento se baseia no conheci- nicos de fases I, II e III, nos quais serão avaliados
mento popular. “É absolutamente necessário que diversos parâmetros para testar a segurança e tole-
tenhamos bem claras e definidas as indicações, as rabilidade do produto investigacional no caso em
formas galênicas e a posologia a serem testadas, discussão, uma planta medicinal ou medicamento
bem como é imprescindível a correta identificação fitoterápico”, afirma.
botânica e padronização na produção dos diversos
lotes que serão usados nos estudos clínicos”, diz. Por Thais Noronha

AS INSTÂNCIAS DO ESTUDO CLÍNICO

Para medicamentos fitoterápicos/plantas medicinais cultivados no Brasil, mas não nativos:


1 - Aprovação ética feita pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Instituição. Nos casos em
que o estudo clínico engloba as áreas temáticas especiais, como colaboração estrangeira, o
estudo além da aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição, precisa também
ser aprovado pela CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
2 - Aprovação administrativa ou legal, concedida pela Anvisa fundamentada no artigo 12 e
24 da Lei 6360/76 e RDC 9/15.

Para plantas medicinais nativas do Brasil :


1, 2 e 3 - O estudo engloba as duas etapas anteriores com o acréscimo da aprovação
do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), autoridade nacional ligada ao
Ministério do Meio Ambiente para emitir autorizações de acesso e remessa.

Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO/ 2015 57


Especial

Pesquisa universitária revela o


raio-X da assistência na capital
Cinco anos após a publicação da RDC 44/09, maioria não conhece resolução na íntegra

E
m 17 de agosto de 2009, a como documentação, infraestrutura, DIFICULDADES
categoria farmacêutica come- atribuições dos funcionários, pensá-
morou a publicação da RDC vamos encontrar mais farmacêuticos De acordo com dra. Vera, as di-
nº 44/09, que garantiu ao farmacêu- com o domínio do conteúdo”, desta- ficuldades mais citadas pelos far-
tico o direito de prestar alguns servi- cou dra. Vera. macêuticos ouvidos na pesquisa
ços como aferição de pressão arterial As respostas também evidencia- dizem respeito à maior disponi-
e teste de glicemia capilar, nas far- ram aspectos positivos como a va- bilidade de tempo para desen-
mácias e drogarias, ampliando suas lorização do trabalho do farmacêu- volver atividades assistenciais,
atribuições e permitindo exercer de tico em cerca de 80% dos casos. Na conscientização dos empresários,
forma mais completa a assistência autoavaliação que fizeram de seu necessidade de mais capacitação,
farmacêutica ao paciente. Com isso, trabalho, 71,1% se sentem profissio- infraestrutura adequada (local
a população também foi beneficiada, nais da saúde, atuando no segmento com privacidade para o atendi-
pois pode contar com esses serviços de farmácias e drogarias; 67,4% são mento) e maior integração entre
de forma segura. reconhecidos pela população aten- os profissionais.
Para mensurar os efeitos da resolu- dida em relação às orientações que Nesse quesito, 7% citaram
ção, dra. Vera Lúcia Pivello, membro fornecem; 87,7% percebem que há como entrave a baixa remune-
da Comissão Assessora de Farmácia confiança por parte dos usuários em ração. Outra necessidade foi a
do CRF-SP, mostrou em seu mestra- relação às orientações. de mais autonomia e autoridade
do o perfil e atuação dos farmacêuti- A maioria também demonstrou in- para o farmacêutico. “A respon-
cos no município de São Paulo após a teresse pela farmacoterapia dos usuá- sabilidade compartilhada entre
RDC nº 44/09. rios atendidos; 76% buscam resolver farmacêutico e proprietário (Lei
67,4%

Dos 439 farmacêuticos que res- os problemas relacionados a medi- 13.021/14), poderá alterar positi-
ponderam ao questionário, 47,7% camentos (PRM) que constatam no vamente essa realidade. É o que
demonstrou conhecer totalmente a esperamos”, destaca.
atendimento, e 70,3% buscam saber o
resolução. “Como a norma não trata
resultado das intervenções que reali-
apenas de assuntos voltados à assis-
tência, mas de questões do cotidiano UNIVERSO DA PESQUISA
zaram para a resolução dos PRM.
Por Thais Noronha
CONHEÇA O PERFIL DOS 439 FARMACÊUTICOS ENTREVISTADOS:
CONHEÇA O PERFIL DOS 439 FARMACÊUTICOS ENTREVISTADOS:

Arte: Guilherme Mortale


UNIVERSO DA PESQUISA

MÉDIA DE FAIXA ETÁRIA:

32,7 ANOS
FORMADOS:
MENOS DE

69,1%
5 ANOS DE

MENOS DE
5 ANOS DE
FORMADOS:

69,1%
ANOS
E FAIXA ETÁRIA:

89,7% 67,4%
FORMADOS EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS:
,7
STITUIÇÕES PRIVADAS:

7%

Fonte: Dra. Vera Lúcia Pivello, farmacêutica da Comissão Assessora de Farmácia do CRF-SP

58 Revista do Farmacêutico - JUN - JUL - AGO / 2015


Informe Publicitário 1/2 O CRF-SP não se responsabiliza pelo conteúdo.

RECONHECIDO

Educacional
França

O curso de extensão em prescrição farmacêutica e farmácia clínica


Live Class
traz o embasamento necessário para a prescrição farmacêutica.
O profissional farmacêutico é o ponto chave na atenção e Coordenação: Prof. Eli Meneses
assistência à saúde, tão importante que o conselho federal de
Farmacêutico Bioquímico Formado pela USF,
farmácia regulamentou a prática da prescrição farmacêutica através
Especialista em Quimioterapia pela FOC-SP,
da resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013. Esta regulamentação
Docente na Graduação em Farmácia - USF,
é o avanço da profissão farmacêutica e o diferencial para os
Docente na Pós-Graduação em Análises
profissionais da área que precisam estar habilitados para tal prática. Clínicas da USF, Docente na Pós-Graduação
A prescrição farmacêutica é composta por conhecimento, em Análises Clínicas da FUNORTE, Docente na
responsabilidade e o mais importante a prática da assistência Pós-Graduação em Farmacologia Clínica da USF,
farmacêutica e são exatamente as premissas do curso em Coordenador Técnico - Laboratório de Análises
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r - JUN - JUL - AGO/ 2015
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