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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HOIZONTE – UNIBH

CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA


QUÍMICA DOS PRODUTOS NATURAIS

BATOM NATURAL
PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE ANÁLISE SENSORIAL

Debora Dias
Rhaisa Novaes

Belo Horizonte
2022
SUMÁRIO

1 - Introdução 03
2 - Objetivo 06
3 - Materiais 07
4 - Metodologia 08
5 - Cronograma 10
6 - Referências 11
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1 INTRODUÇÃO

O mercado oferece a cada dia novos produtos de beleza, sendo a indústria de


cosméticos e perfumaria um dos setores de maior destaque no Brasil. O mercado de
cosméticos é um setor de grande relevância em todo o mundo; o Brasil ocupa o quarto
lugar em consumo destes produtos ficando atrás somente dos Estados Unidos, Japão
e China (ABIHPEC, 2017). No ano de 2017, apresentou 49,1% de participação do
mercado na América Latina e obteve a primeira posição em relação a esses países.
Acompanhando a demanda do mercado, as empresas investem em tecnologia
e buscam sempre novidades para atrair os consumidores. Empresas que utilizam
ativos naturais em seus produtos, sem realizar testes em animais e que se preocupam
com questões ambientais têm se tornado atrativas. Os itens de maquiagem estão em
quinto lugar no consumo dos brasileiros (ABIHPEC, 2018). Dentre os itens de
maquiagem mais consumidos temos o batom, que apresenta grande variedade,
podendo ser de efeito matte, cremoso e também hidratante.
Os primeiros registros da utilização de cosméticos foram através dos egípcios,
que pintavam os olhos com sais de antimônio para evitar a contemplação direta do
deus Ra representada pelo sol (CRQ. Química Viva, 2011). Os egípcios recorriam à
gordura animal e vegetal, cera de abelhas, mel e leite no preparo de cremes para a
pele com objetivo de proteção da pele exposta a altas temperaturas e secura do clima
desértico da região (CRQ. Química Viva, 2011).
Atores do teatro romano eram grandes usuários de maquiagem para poderem
incorporar diferentes personagens ao seu repertório. Pastas eram produzidas
misturando óleos com pigmentos naturais extraídos de vegetais (açafrão ou a
mostarda) ou de rochas (GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. 2010).
O consumo de cosméticos é conhecido desde 30 a.C, quando Cleópatra,
símbolo para a cosmetologia, já se maquiava e fazia banhos com leite de cabra
(GALEMBECK, CSORDAS, 2010).
No passado, cosméticos tinham o principal objetivo de disfarçar defeitos físicos,
sujeira e mau-cheiro. Com a mudança nos hábitos de limpeza e cuidado pessoal, seu
uso hoje é muito mais difundido e diferente do que ocorria (GALEMBECK, CSORDAS,
2010).
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Composições Químicas do Batom


“Matéria-prima é qualquer substância envolvida na obtenção de um produto a granel
que faça parte deste na sua forma original ou modificada” (ANVISA, Portaria n°
348/97).
O batom, como qualquer outro cosmético, possui uma composição básica inicial, que
são gorduras, ceras, ésteres, alcoóis e pigmentos, que em um misturador a um ponto
de fusão de 50 °C irá se formar uma massa, após moldagem, chamado de bala
(SOUZA, 2018).
O batom pode conter inúmeros componentes destinados à proteção, hidratação labial,
estética, empoderamento feminino e, até mesmo, à saúde dos lábios. Nesta etapa
serão abordados especificamente os componentes utilizados neste trabalho (SOUZA,
2018).

Manteiga de Cacau
Manteigas vegetais são lipídeos vegetais que geralmente apresentam-se em estado
sólido a temperatura ambiente. São ricas em vitamina E e ácidos graxos (FIORA,
2016). Essa substância natural tem em sua composição: ácido oléico, ácido palmítico
e ácido esteárico, ácidos graxos vegetais muito benéficos para a pele e o corpo
(FIORA, 2016).
Possui ponto de fusão abaixo de 35°C, por isso em dias mais quentes pode vir a
derreter, se tornando líquida. Tem aroma natural de chocolate e cor amarela clara.
Sua validade costuma variar entre dois e cinco anos (GRENME, 2018).
A manteiga de cacau é altamente estável, tem textura suave, é rica em substâncias
antioxidantes tais como os polifenóis, utilizados na prevenção do envelhecimento
celular (FIORA, 2016).

Cera de Carnaúba
Segundo Junior e Marques (2009)
A cera de Carnaúba é um produto natural obtido a partir da extração e
processamento do pó cerífero das palhas da palmeira denominada
Carnaubeira ou Carnaúba (Coperniciaprunifera Mill.) planta típica do
nordeste brasileiro.
As ceras são ésteres de ácidos e álcoois graxos que têm a propriedade de serem
sólidas à temperatura ambiente e se liquefazerem ou amolecerem à temperatura
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corporal humana (36 a 37 °C), ajudando a melhorar o espalhamento e a formação do


filme de cosmético sobre a pele. São também impermeáveis à água, contribuindo para
reduzir a perda de água do organismo e manter a pele hidratada e saudável
(GALEMBECK, CSORDAS, 2010).

Cera de Abelha
É produzida pelas glândulas cerígenas localizadas no abdômen das abelhas operárias
e coletas das colméias. Para a produção de um quilo de cera, as abelhas ingerem
sete quilos de mel (RIBEIRO, apud FREITAS. 22p. 2010).
A cera é definida por cinco grupos químicos, sendo ácidos graxos livres, álcoois de
longas cadeias, monoésteres e hidroximoésteres, ésteres complexos e
hidrocarbonetos (RIBEIRO, apud FREITAS. 22p. 2010).

Manteiga de Karité
É composta por uma mistura de ácidos graxos: ácido oléico, ácido esteárico, ácido
palmítico e ácido linoléico por uma fração insaponificável composta por tocoferóis,
triterpenos (classe de compostos químicos compostos por três unidades de terpeno),
esteróides e hidrocarbonetos (REBELLO, p77. 2011).
Possui várias propriedades que a tornam um princípio ativo bastante interessante para
uso cosmético. Rica em ácido cinâmico, a manteiga de karité atua como um filtro solar
natural, auxiliando na proteção da pele e dos cabelos contra a radiação UV (pode ser
usada para potencializar o efeito de outros filtros), por conter uma boa quantidade de
tocoferóis, a manteiga de karité tem propriedades antioxidantes.

Pigmentos naturais
São corantes de origem mineral, composição inorgânica obtidos pela natureza e
normalmente utilizada na forma em pó (Rossi, 2012).
Corantes sintéticos podem levar a hiperatividade em crianças e alergias; apresentam
também desvantagens do ponto de vista ambiental, pois as etapas de síntese e
tingimento causam poluição das águas enquanto os corantes naturais são tratados
por processos biodegradáveis (Rossi, 2012).
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2 - OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho são:

a) produzir batons hidratantes com duas bases diferentes (cera de carnaúba, óleo de
rícino e manteiga de karité; cera de abelha, óleo de coco e manteiga de cacau) e
quatro tipos diferentes de corantes naturais (beterraba, açaí, cacau e urucum);

b) desenvolver um questionário para avaliação de terceiros com análises sensoriais.


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3 - MATERIAIS

• Cera de Carnaúba;
• Manteiga de Karitê;
• Manteiga de Cacau;
• Óleo de Rícino;
• Óleo de Coco;
• Corantes naturais (Beterraba, Cacau, Açaí, Urucum)
• Placas de Petri;
• Béqueres de 100 mL;
• Bastão de Vidro;
• Balança Analítica;
• Espátula;
• Agitador Magnético
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4 - METODOLOGIA

Para a realização dos testes foram utilizadas duas bases diferentes e quatro cores de
corantes. As matérias primas utilizadas foram cera de carnaúba, cera de abelha,
manteiga de cacau, manteiga de karité, óleo de rícino, óleo de coco, corantes de
beterraba, açaí, urucum e cacau e óleo essencial de laranja doce. Utilizou-se no
processo balança analítica, béqueres, placas de petri, espátulas, bastão de vidro e
mantas aquecedoras e desta forma iniciou-se a produção do batom.

4.1 Produção do batom com cera de carnaúba, óleo de rícino e manteiga de


karité

Em uma Placa de Petri foi pesado 1,653 g de cera de carnaúba e transferido para um
béquer de 100 mL sobre um agitador magnético por 13 minutos em uma temperatura
de 150 ˚C até que a mesma fundiu-se. Enquanto a cera estava sob o agitador foram
pesados, em outra placa de Petri 8,157 g de manteiga de karité e 3,312 g de óleo de
rícino. Com o auxílio da espátula a manteiga de karité foi adicionada aos poucos e em
seguida o óleo de rícino, nas proporções descritas acima. Com o auxílio do bastão de
vidro e ainda em mesma temperatura, misturou-se até obter uma mistura homogênea.
Em temperatura mais branda (50 ˚C) foi adicionado aos poucos 5,977 g de corante e
0,017 g de óleo essencial, rapidamente a mistura foi coada através de um coador de
pano e colocada em embalagens plásticas de 5 mL. As amostras resfriaram em
temperatura ambiente.

Figura 01: Processo inicial da produção do batom 1


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4.2 Produção do batom com cera de abelha, óleo de coco e manteiga de cacau

Os últimos testes foram realizados com a cera de abelha, óleo de coco e manteiga de
cacau em diferentes massas pesados em balança analítica devidamente tarada. Em
uma Placa de Petri foi pesado 5,011 g de cera de Abelha e transferido para um béquer
de 100 mL sobre um agitador magnético por três minutos em uma temperatura de 110
˚C até que a mesma fundiu-se. Enquanto a cera estava sob o agitador foram pesados,
em outra placa de petri 10,020 g de manteiga de cacau e 3,368 g de óleo de coco.
Com o auxílio de uma espátula a manteiga de cacau foi adicionada aos poucos e em
seguida o óleo de coco, nas proporções descritas acima. Com o auxílio do bastão de
vidro e ainda em mesma temperatura, misturou-se até obter uma mistura homogênea.
Em temperatura mais branda (50 ˚C) foi adicionado aos poucos 4,613 g de corante e
0,016 g de óleo essencial, a mistura foi coada em um coador de pano e colocada em
embalagens plásticas de 5 mL. As amostras resfriaram em temperatura ambiente.

Figura 02: Processo inicial da produção do batom 2

4.3 Extração por solvente do Corante de Beterraba


Para obtenção do corante de beterraba, foram utilizados 100 mL de álcool etílico (92,8
°GL). Colocou-se em um béquer 50 g de beterraba lavada e com casca cortadas em
pedaços juntamente com o álcool por 45 minutos em temperatura de 130 ˚C até
ocorrer a evaporação do solvente, restando 5 mL de corante.
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5 - CRONOGRAMA

Cronograma projeto
Março Abril Maio Junho
Escolha do tema
Levantamento Bibliográfico
Analises das bibliografias
Escrita do projeto
Entrega final do pré-projeto
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REFERÊNCIAS

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Disponível em <https://abihpec.org.br/2017/02/ mercado-brasileiro-de-hppc-quarta-posicao-mundial-
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