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AIDAR, Maria Aura Marques.

 Os Confins de Mário Palmério: História e Literatura


Regional'. 2008. 218 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de
Uberlândia - UFU, Uberlândia.

O POLÍTICO DO SERTÃO, NOS CONFINS

- O pensamento do escritor recebe influências do meio com o qual está em


contato imediato em forma de recusa ou revolta, ou ainda síntese das ideias
adquiridas;

- A biografia deve ser analisada cuidadosamente e requer que seja verificada a


relação entre obra e visões de mundo correspondente a certos grupos sociais;

- Ao voltar para Uberaba, a cidade atravessava uma fase de grande progresso,


com a alta do preço do gado zebu, fundou o Liceu Triângulo, em 1945, criou o
colégio Triângulo Mineiro e a escola Técnica de Comércio, em 1947, o governo
autorizou o funcionamento da Faculdade de Odontologia;

- “(...) O ambicioso professor, entusiasmado com a abertura política pós-1945,


passou a interessar-se por uma atividade que poderia conferir-lhe ainda mais
prestígio social: o poder político. (...). Assim, entrou para o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) em Uberaba e, arrebatando correligionários, como reza a
mitologia política regional, largou-se pelas estrada de terra da região, passou
por dezenas de cidades recém-emancipadas (...) e semeou, segundo seus
próprios relatos, dezenas de diretórios da agremiação getulista. E eis que o
jovem de 34 anos, na primeira vez em que votou na vida, votou em si mesmo e
elegeu-se Deputado Federal por Minas Gerais.” – (FONSECA, apud AIDAR,
2008, p. 109-110);

- “Palmério, em entrevista na televisão, relatou que fundou diretórios do PTB


em Uberaba e região. A legenda em sua narrativa era milagrosa, elegia quem
conseguisse ingressar nela. Para fundar os diretórios, chegava nos municípios
e procurava saber quem era o maior getulista do local e convidava-o para ser
presidente do partido na cidade.” (p. 110);
- Em seu primeiro mandato, entre 1951 e 1954 Palmério foi presidente da
Comissão de Educação e Cultura; no segundo mandato entre 1955-1958,
integrou a Comissão de Orçamento e a mesa Diretora da Câmara. Em 1955
cursou a ESG;

- Em 1951 fundou a Faculdade de Direito, em 1956 a de Engenharia e foi um


dos responsáveis, o único não médico, a funda a Faculdade de Medicina do
Triângulo Mineiro por meio do decreto 35249, assinado por Vargas em 23 de
março de 1954;

- JK sobre Palmério “(...) além de ser uma glória da inteligência e da cultura do


Brasil, revelou excepcional qualidade de comando e de ação no sentido de
dotar a princesa do Triângulo, Uberaba, de um notável instituto de ensino e a
torna hoje célebre e famosa no seio da constelação urbana de escolas de
medicina.” – (p. 111);

- JK e Palmério mantiveram estreito contato, a ponto de Vila dos Confins ter


sido o primeiro livro a ser lido em BSB;

- Entrevista de Palmério em 10 de janeiro de 1951 “Firmado o Eixo Rio-Belo-


Horizonte-Uberaba”, destacando a sadia política de aproximação entre Getúlio,
Juscelino e Próspero;

- Palmério destaca sua irrestrita solidariedade ao governo federal, visto que o


Presidente da República fazia parte do PTB;

- “Homem de partido, o deputado recém-eleito, pela primeira vez, informa sua


atividade na Câmara Federal será pautada exclusivamente pelos interesses do
partido e da região pela qual foi eleito: “Trabalharei incansavelmente pela
realização do programa do Partido Trabalhista Brasileiro e procurarei
beneficiar, grandemente, o Triângulo Mineiro”.” – (p. 112);
- Em sua campanha, Palmério, baseou sua candidatura na questão do ensino e
deu grande destaque a figura de Getúlio e do PTB, distribuindo milhares de
fotos em que aparece com Getúlio;

- Palmério fez parte de um grupo que defendia a separação do Triângulo


Mineiro do estado de MG e em 13 de Março de 1950 na edição do Jornal “O
Triângulo” apresentou a “Carta aos Triangulinos”, no qual apresenta sua visão
da realidade local e lança as bases para sua candidatura;

- “Aparentemente distante da política local, a verdade é que Mário Palmério,


recém chegado aos seus 34 anos, matutava secretamente uma entrada
olímpica e triunfal ao universo dos jogos partidários. (...). Palmério percebeu
que, se quisesse marcar sua entrada na campanha eleitoral com algum rito
simbólico poderoso, precisaria surgir do nada trazendo alguma ideia nova
sintilando nas mãos (...).” (FONSECA, apud AIDAR, 2008, p. 118);

- A repercussão da carta, no entanto, foi inexpressiva, tanto nos círculos


políticos, quando sociais “Mário Palmério, na análise de Fonseca ainda era “um
principiante no jogo duro da política regional e ainda não conquistara cacife
para provocar qualquer abalo no sistema partidário local, ainda mais com um
texto publicado na imprensa”.” (p. 118);

- Na primeira eleição Palmério obteve 11.797 votos, nas eleições de 1954


foram 18.854 votos (atuação parlamentar e criação da faculdade de medicina)
e em 1958 obteve 30.115 votos (sucesso da publicação de Vila dos Confins);

- “O que teria contribuído então para o sucesso eleitoral de Palmério? Para


Fonseca, teria sido a habilidade de prosador, do mineiro típico que era o
deputado, todos os eleitores e correligionários que o procuravam, numa prosa
longa, regada a cafezinhos e cigarros.” – (p. 119);

- Palmério embaixador: “Em setembro de 1962, interessado em afastar-se das


lutas partidárias, foi nomeado pelo Presidente João Goulart para o cargo de
Embaixador do Brasil junto ao Governo do Paraguai. Assumiu o posto em 10
de outubro do mesmo ano. Palmério recebeu do Presidente a missão de
preparar terreno e atuar criando condições favoráveis para o intercâmbio
comercial, a construção de uma grande hidrelétrica em sete quedas. (...) Dando
ênfase às atividades culturais e artísticas, Mário Palmério integrou-se muito
bem com a intelectualidade paraguaia. De tal modo que fez parceria com o
Presidente do Paraguai, General Stronssner, para pescar, caçar e compor
guarânias e poucas.” – (p. 119-120).

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