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O TRIBUNAL
ECLESIÁSTICO
O processo de disciplina de membro ou ministro
presbiteriano de acordo com o Código de Disciplina da IPB
- 2020 -
O Tribunal Eclesiástico | 2
APRESENTAÇÃO
Espigão do Oeste, RO
14 de maio de 2020.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...........................................................................2
a) O Conselho .......................................................... 17
b) O Presbitério ........................................................ 17
c) O Sínodo .............................................................. 17
d) Tribunal do Sínodo ............................................... 17
e. Supremo Concílio .................................................... 17
f. Tribunal de recursos do Supremo Concílio ............... 17
g. Revisão de processo findo ...................................... 17
5. Código de Processo ......................................................... 18
a) Início ....................................................................... 18
b) Condições de procedibilidade ................................. 18
c) Condições de seguimento do processo ................... 18
d. Ritos ........................................................................ 18
e. Instauração do Processo (Sumário e Ordinário). ..... 18
f. O interrogatório do acusado ..................................... 19
g. Inquirição das testemunhas e a acareação. ............ 19
h. Outras provas a produzir ......................................... 19
i. Outros atos processuais ........................................... 19
j. Sessões e Julgamento ............................................. 19
k. Fim do processo em primeira instância:................... 19
l. Recursos .................................................................. 19
6. Código de Execuções ...................................................... 19
a. Faltas veladas ......................................................... 19
b. Faltas públicas ........................................................ 19
c. Cautelas .................................................................. 20
7. Restauração..................................................................... 20
8. Roteiro Geral no Andamento de um Processo ................. 20
9. Audiência no processo sumaríssimo perante o conselho . 23
10. Audiência de julgamento no processo sumário .............. 23
11. Audiência de julgamento no processo ordinário ............. 24
12 Audiência de julgamento de recurso de apelação ........... 24
13 Audiência de julgamento no tribunal de recursos do
Supremo Concílio da IPB ..................................................... 25
I. Preliminares ............................................................. 25
II. Na Audiência ........................................................... 25
14 Noções de Prazo............................................................. 26
a) Definições ............................................................ 26
b) Contagem dos prazos .......................................... 27
c) Prazos no CD/IPB ................................................... 28
BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 58
I. A DISCIPLINA ECLESIÁSTICA
1.1 INTRODUÇÃO
Ao pensar em “disciplina” logo nos ocorrem as imagens
negativas relacionadas à nossa infância, tais como os castigos
físicos aplicados por nossos pais por causa de alguma
desobediência. No âmbito da igreja também é mais comum
lembrarmos daquelas cenas de puro constrangimento em que
alguém teve seu nome citado por estar em disciplina por alguma
falha cometida. Lembra-se mais da falha do que do processo de
amadurecimento que significou aquele período em que a pessoa
esteve disciplinada. De forma geral tudo isso é uma forma negativa
de se ver a disciplina.
Em Hebreus 12.4–13 utiliza-se a alegoria familiar para falar
da correção que Deus opera nos seus filhos, como pode ser visto na
própria etimologia da palavra “disciplina” usada pelo autor. O
substantivo grego paideian (disciplina) vem da mesma raiz que a
palavra “criança”, que é o substantivo grego paidi,on e do verbo
paideu,w que pode ser traduzido como instruir, treinar educar, corrigir,
dar direção e castigar1. Pode-se dizer que estas opções de tradução
do verbo “disciplinar” são elementos que compõem o exercício da
disciplina que tem o objetivo de aplicar todas estas etapas na vida de
um crente.
Desse modo, não se pode limitar as sentenças disciplinares
a medidas puramente punitivas como a suspensão da participação
da Ceia e a perda de cargos. Uma sentença disciplinar pode muito
bem incluir um programa de reabilitação espiritual da pessoa tal
como discipulado em profundidade, leitura acompanhada de livros
sobre temas específicos ou da própria Bíblia, sessões de
aconselhamentos, inclusão em grupos de estudos ou familiares,
entre outros. Por que isso geralmente não é feito por nossos
tribunais?
1
GINGRICH-DANKER. Léxico do N.T. Grego/ Português. São Paulo: Vida Nova, 1983. p.153.
a) Mt 16.19 e 18.18
“... o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e o que
desligardes na terra terá sido desligado nos céus”.
No original é usada a construção verbal chamada de futuro
perfeito passivo perifrástico para indicar que a ação seria completada
2
Albright, W. F; Mann, C. S. The Anchor Bible: Matthew. Garden City, NY: Doubleday, 1971
citado por Rienecker-Rogers (2000, p, 37).
3
CALVINO, v.4, p.211.
devem ser punidos publicamente para que outros temam (1Tm 5.20),
o que foi feito com o apóstolo Pedro (Gl 2.11).
Vale lembrar que a disciplina abrange não somente os
pecados morais ou de comportamentos inadequados como também
a erros doutrinários ou heresias ou falhas dos concílios.
4
Ver GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.
p.752.
b Filosofia
Arts. 1º e 3º.
1. Foro íntimo humano (extra jurisdicione e intra jurisdicione);
Externo (comportamento).
2. Natureza espiritual e declarativa.
3. Fundamento: a palavra de Deus.
4. Fim da pena (duplo fim: punição e utilidade), combinado
com a retribuição e recuperação do faltoso (art. 2º, parágrafo
único e 3º).
3. CÓDIGO PENAL
Art. 4º e 17.
a. Teoria das “faltas”.
Fatos inconformes com a Bíblia
Fatos contra a IPB - art. 4º.
b. Elementos
Art. 6º (da falta).
c. Classes
Sujeito ativo (aquele que pratica a falta – individual,
arts. 4º e 7º).
Sujeito passivo (aquele que sofre a falta – pessoal e
geral).
Notoriedade (públicas e veladas).
d. Penas
As penas atingem:
O indivíduo (admoestação - art. 9º, a; afastamento -
art. 9º, b; exclusão - art. 9º, c; deposição - caso de
ministro e oficiais)
O concílio (Repreensão - art. 10; Interdição e
Dissolução)
e. Individualização da Pena
Art. 13. A pena deve ser proporcionalmente à falta e
graduada.
g. Direito de defesa
Art. 16.
h. Decadência e prescrição
A decadência se dá depois de um ano da ciência do fato (art.
17) e a prescrição: dois anos do fato (art. 17, § único).
b) O Presbitério
Competência originária sobre ministros e Conselhos. Em grau
de recurso ordinário julga apelação de sentenças dadas pelo
Conselho (art. 20).
c) O Sínodo
Competência do plenário para julgar originalmente presbitérios
(art. 21). Em grau de recurso julga apelação dos presbitérios (art. 21,
§ único).
d) Tribunal do Sínodo
Haverá no Sínodo um tribunal de recursos para casos do art.
20, I, “a” e “b”, ou seja, recursos de ministros e concelhos.
e. Supremo Concílio
O Supremo Concílio processa e julga privativamente os
sínodos (art. 22).
5. CÓDIGO DE PROCESSO
a) Início
Queixa Apresentada pelo ofendido;
Denúncia Por qualquer outro (promotor). Ambas
escritas.
b) Condições de procedibilidade
Correção suasória da falta – art. 43.
Advertência ao malicioso ou leviano – art. 47.
d. Ritos
Arts. 97-112.
Sumaríssimo – Perante o Conselho.
Sumário (art. 103). Há incidentes – “b” e “c”.
Ordinário – Ministros e Concílios, desde que haja
contestação ou dificuldade na apuração da verdade.
f. O interrogatório do acusado
Art. 68.
j. Sessões e Julgamento
Art. 61, § 1º, b, § 2º.
l. Recursos
Recurso de apelação (art. 115).
Recurso de revisão (art. 125).
Recurso Extraordinário do Tribunal do Supremo
Concílio – dois casos (art. 127).
6. CÓDIGO DE EXECUÇÕES
a. Faltas veladas
Art.14, a.
b. Faltas públicas
Art. 14, b.
c. Cautelas
Arts. 15 e 53.
7. RESTAURAÇÃO
Pena determinada (art. 9º, b, 134, a).
Pena indeterminada (art. 9º, b, 134, b).
Oficiais (art. 134, c, d).
I. Preliminares
1. O Tribunal deve ter seu presidente e um secretário (CD, art.
25; 50 e 83).
2. Recebido o recurso, o presidente mandará autuar o pedido e
requisitar o processo que lhe der lugar; verificará se o recurso
está devidamente instruído e convocará o Tribunal (art. 128).
3. Se o pedido não estiver instruído e a matéria não constituir
assunto para Recurso Extraordinário (RE), o presidente
mandará arquivar o processo (art. 128, p. único).
4. Reunido o Tribunal, este receberá o pedido e o processo e
designará um relator (art. 129).
O relator apresentará parecer escrito nos autos (art. 130); o
presidente designará local, dia e hora para o julgamento e convocará
novamente o Tribunal.
Intimar também as partes (art. 119).
II. Na Audiência
Art. 131.
1. Oração.
2. Composição do Tribunal (quórum de 5, sendo 3
ministros e 2 presbíteros – CD/IPB, art. 24, § único).
3. Ver na composição se há alegação de suspeição – por
escrito – (arts. 27, 28, 29 e 30) – se for marido, parente
consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, de uma das
14 NOÇÕES DE PRAZO
a) Definições
Prazo é o período de tempo no qual os atos processuais são
realizados. É a lei que especifica os diferentes prazos e todos os
envolvidos nele, inclusive juízes e tribunais, obrigam-se a seu
cumprimento. É, no caso, o chamado prazo legal. Este se torna
peremptório ou fatal, uma vez esgotado, porque não mais admite a
prática de atos ou provas a produzir. É, ainda, peremptório porque
não admite prorrogação; em sua duração praticam-se os atos
prescritos na lei ou perde-se esse direito. Exemplo comum é o caso
c) Prazos no CD/IPB
Um dia ou 24 horas, como diz o texto, para o juiz responder
que não aceita sua suspeição (art. 32).
Três dias para a acusação, após ouvido o acusado e
testemunhas, requerer diligências que entender, cabendo à defesa o
mesmo direito (art. 108).
Cinco dias:
a. Para o acusado apresentar defesa escrita e, depois,
alegações finais, prazo este também para a acusação (arts.
68-f e 110);
b. Para o apelante interpor recurso de apelação da sentença,
após intimado, e mais cinco dias para arrazoar (art. 117);
A) PASSOS INICIAIS:
a. Nos casos de pecado contra Deus e sua Igreja e de delitos
leves contra a moral e o patrimônio, deve-se cumprir o
que determina Mt 18.15-17 (CD, art. 46, letra b).
b. Nos casos de crimes comprovados, consumados,
irreversíveis, quando passíveis de condenação judicial, e
contra a integridade física, a vida, a moral, a honra, os
bens patrimoniais e a pátria, não cabe o estabelecido no
art. 46, b. Exemplos: assassinato, estupro, assalto, roubo
e traição à pátria.
Obs.: Deve-se diferenciar o pecado de um servo
de Cristo, membro da Igreja, de um crime doloso,
injustificável e incompatível com a ética cristã
B) DO PROCESSO SUMARÍSSIMO
a. Terá lugar, quando o ofendido ou denunciante não
intentar processo contra o ofensor ou denunciado (art. 46,
b, cf. 42, a, b; 47), mas o suposto fato culposo chegar ao
Conselho por:
Boatos generalizados.
Constatação pelo Conselho ou por alguns presbíteros.
Carta induzida de Confissão.
Confissão espontânea a membros do Conselho,
verbal ou por escrito.
Constatação de fatos consumados, mas não
denunciados, como gravidez de solteiras, adultério,
desvio doutrinário.
Obs.: No caso de confissão espontânea ao Conselho ou ao
Pastor (privativamente) antes que o erro cometido seja descoberto,
o problema deve ser tratado pastoralmente e em caráter
absolutamente privado entre o faltoso e o agente pastoral.
Nas questões alistadas acima, e não havendo peças
processuais (queixa ou denúncia), não cabe o disposto no art. 18 do
CD. Instaura-se, então, o Processo Sumaríssimo perante o Conselho
(não tribunal), conforme arts. 97 a 102.
b. Características do Processo Sumaríssimo:
O acusado é convidado (não citado) a comparecer à
reunião do Conselho, especialmente convocado para
tratar do fato (art. 97).
O acusado, que não é acionado por meio de queixa ou
denúncia, e cuja acusação contra ele circula
verbalmente, e assim chegou ao conhecimento do
Conselho, defende-se perante o Conselho e pode
C) DO PROCESSO SUMÁRIO
Art. 103 a 106. O processo sumário é mais simples e mais
ágil que o ordinário, mas requer reunião em tribunal.
Tem andamento quando:
O acusado, depois de citado processualmente
mediante queixa ou denúncia, comparecer à reunião
do tribunal e confessar o delito a ele imputado (art.
103, a do CD). A confissão, registrada em seus
termos, lida e aprovada pelo confessante, elimina a
acusação, a inquirição e as testemunhas.
O acusado, “comparecendo, recusar defender-se”
pessoalmente ou por meio de defensor por ele
indicado. Tal recusa significa aceitação tácita do teor
da acusação, concordância com o fato delituoso que
lhe foi imputado. Nesse caso, o tribunal,
imediatamente, depois de ponderar os atenuantes e
os agravantes (art. 13 do CD), bem como o grau de
gravidade moral e espiritual do delito e as suas
consequências comunitárias, pronunciará a sentença,
nos termos do art. 104, combinado com o art. 106 do
CD, que será imediata e diretamente comunicada ao
faltoso.
O acusado recusar-se a comparecer, depois de
devidamente citado, e a falta cometida não depender
de prova testemunhal. Exemplos, fragrantes de roubo
D) DO PROCESSO ORDINÁRIO
Arts. 107 a 112 do CD/IPB.
a) O processo ordinário é o mais complicado pelas seguintes
razões:
Direito de contestação de qualquer natureza: sobre a
legitimidade do tribunal ou de algum de seus atos;
sobre a legalidade de alguma(s) de suas decisões
processuais; sobre arrolamento e inquirição de
testemunha suspeita; sobre suspeição não acatada
de juízes do tribunal etc.
Quando o curso do processo, pelos trâmites
anteriores, não levou o tribunal à clareza dos fatos,
inviabilizando um voto consciente e isento de seus
juízes.
Quando a denúncia ou queixa seja contra ministros
docentes, tribunal ou concílio (ver art. 107, do
CD/IPB). No caso de o denunciado ser ministro, o SC-
2006 – Doc. XXXIV, acrescentou o § único que diz:
“Quando o acusado for ministro e a falta for por ele
confessada, poderá ser aplicado ao processo rito
sumário” (art. 103-106).
b) Andamento do Processo Ordinário:
O acusado, quando ministro docente, será interrogado
pessoalmente.
Quando for tribunal ou concílio, será citado na pessoa
de seu presidente.
O tribunal ou concílio acusado deverá nomear um
procurador, na pessoa do qual será interrogado (ver
arts. 65, 66 e 67 do CD).
F) DOS RECURSOS
Art. 113 a 132. Há três tipos de recursos: Revisão, Apelação
e Extraordinário.
1. Recurso de Revisão
Arts. 12/126/CD).
Recurso de Revisão é o direito que o vencido tem de requerer
novo julgamento de sua causa. Por este recurso ele apresenta novos
elementos probatórios ou novas testemunhas, que podem alterar o
teor da sentença a seu favor.
O tribunal, verificando a procedência do recurso revisório,
dentro de trinta dias, depois de reexaminar os autos, dará resposta
ao requerente, seguindo as normas estatuídas nos arts. 94/96/CD.
2. Recurso de Apelação
Arts. 115 a 120/CD).
3. Recurso Extraordinário
Art. 127-132, CD/IPB.
Recurso Extraordinário é o pronunciamento do tribunal do
Supremo Concílio sobre decisão dos tribunais inferiores nos
seguintes casos (art. 127, alínea “a” e “b”:
a) Quando as decisões deixarem de cumprir, no processo,
leis ou resoluções tomadas pelo Supremo Concílio, ou as
contrariarem;
b) Quando forem divergentes as resoluções do tribunal, ou
quando questionável a jurisprudência.
Este recurso deve ser encaminhado diretamente ao Tribunal
de Recursos do Supremo Concílio, via o concílio inferior competente,
e a sua decisão será comunicada ao tribunal prolator da sentença
recorrida, art. 132, CD/IPB.
2) PARÂMETROS DE COMUNICAÇÃO
a) Sugestão de Citação
Tribunal da Igreja Presbiteriana tal, Rua tal, n° tal, Bairro tal,
cidade tal, Estado tal, CEP XXXXX-XXX; Telefone XXXXXXXX, E
mail tal.
Do Tribunal
Para Maria Silva.
_________________ _________________
Sec. do Tribunal Pres. Do Tribunal
Ass. ________________________
Maria da Silva
b) Sugestão de intimação
Do Secretário do Tribunal
_______________________________
Fulano de Tal. - Sec. do Tribunal
Prolação de sentença
(art. 94/CD)
Alegação de acusação
Alegação da Defesa:
Dona Maria Silva manteve sistematicamente a negação, e as
testemunhas arroladas firmaram seus depoimentos apenas no “ouvi
dizer” que a acusada “pagou” o que devia à dona Tereza. Ela, por
sua vez, não nega a compra, nega que não tenha efetuado o
pagamento. O Tribunal concluiu pela autenticidade da acusação.
Pena Aplicada:
Afastamento da Comunhão da Igreja por tempo
indeterminado, até que dê provas de arrependimento, liquidando a
dívida com dona Tereza Mabel com os juros de lei.
Agravantes:
a- Experiência religiosa.
b- Relativo conhecimento das doutrinas evangélicas.
c- Boa influência do meio.
d- Não reconhecimento da falta.
Atenuantes:
a- Bom comportamento anterior.
b- Assiduidade nos serviços divinos.
c- Colaboração nas atividades da Igreja (ver art. 13/CD ).