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1 Confundir o mundo dos deuses com o mundo dos homens era, na Grécia antiga, o
2 caminho mais seguro para a própria perdição. Fosse por orgulho ou soberba, quem
3 ultrapassava esses limites condenava-se - a si e a toda a família - a um final
4 exemplarmente trágico. Os gregos sabiam que as vítimas preferidas deste tipo de loucura
5 eram os reis e os tiranos, pois o ar rarefeito que se respira nas altitudes do poder acaba
6 afetando a mente dos mais tolos, que passam a se julgar verdadeiras divindades.
7 No entanto, Roma, que veio logo depois, já não era tão prudente; o poder
8 absoluto dos imperadores romanos, impensável no mundo grego, tornou muito mais
9 frequente essa perigosa fantasia. No começo os imperadores só eram deificados depois de
10 mortos, mas logo o hábito se estendeu também aos vivos, e Júlio César e Tibério, por
11 exemplo, não se opuseram a que construíssem templos dedicados especialmente para
12 adorá-los. Calígula, que Suetônio chama de "monstro", levou esta loucura ao extremo:
13 mandava decapitar as estátuas dos deuses e nelas colocar a sua própria cabeça. Passava
14 horas a dialogar com a estátua de Júpiter, a quem tratava como igual; gabava-se de ter
15 sido coroado pela própria Nike, a deusa da Vitória, e dizia que era íntimo amigo de
16 Selene, a deusa da Lua, com quem trocava beijos e abraços. Um dia, chegou ao ponto de
17 confidenciar a seus convidados que tinha feito amor com a própria deusa, e perguntou se
18 eles não o tinham visto no céu, durante o ato - ao que um deles, homem tão hábil quanto
19 zombeteiro, respondeu: "Não, meu senhor, porque aquilo que os deuses fazem uns com
20 os outros não chega até nós, simples mortais!". Um de seus sucessores, o imperador
21 Vespasiano, que era superior a essas tolices, ainda encontrou coragem para pronunciar,
22 pouco antes de morrer, palavras que demonstravam uma ironia e um bom-humor
23 admiráveis para hora tão extrema: "Xi, acho que estou virando um deus!".
24 No Novo Mundo, como era de esperar, esses delírios de grandeza encontraram
25 solo fértil. Lopes de Gomara, o cronista que acompanhou a sangrenta conquista da
26 América Espanhola, conta que os reis astecas, quando eram coroados, costumavam fazer
27 um juramento que o próprio Calígula julgaria exagerado: "Prometo que o Sol, durante
28 toda a minha vida, manterá seu curso e conservará seu calor e seu brilho, que as nuvens
29 fornecerão as chuvas, que os rios não pararão de correr e que a terra continuará a
30 produzir os seus frutos". Atacados pelo mesmo vírus, dezenas desses deuses de opereta
31 apareceram no céu de nossas tristes Américas, para cair logo adiante, como aqueles
32 balões juninos que a própria chama consome.
33 [...]
1. Assinale a alternativa que contém informações corretas sobre o texto de
Moreno.
F (A) O ar que se respirava na Grécia antiga afetava o juízo dos mais tolos, que
passavam a julgar as divindades.
F (B) O reino romano era muito prudente e o poder dos imperadores era absoluto.
V (C) Inicialmente, os imperadores eram deificados somente após sua morte, todavia,
com o tempo, o hábito se estendeu também aos vivos, e Júlio César e Tibério,
por exemplo, aprovaram a construção de templos, especialmente, dedicados
para adorá-los.
F (D) Nike, a deusa da Lua, e Selene, a deusa da Vitória, amavam Calígula.
F (E) Calígula chamava Suetônio de monstro porque este mandava decapitar as
estátuas dos deuses.
6. Qual das palavras abaixo sofreu modificação quanto ao uso do hífen após o
Acordo Ortográfico?
(A) Mini-saia.
(B) Minissaia.
(C) Mal-educado.
(D) Maleducado.
(E) Bem-vindo.
V1 II - O texto lírico é considerado como aquele escrito a partir de versos que valorizam a
musicalidade das palavras, ao mesmo tempo em que aborda temática mais subjetiva e
intimista, como é o caso de Eros e Psiquê.
III - O traço mais importante do poema é, sem dúvida, a sonoridade. Eros e Psiquê
V
encanta também pelo ritmo e intensa musicalidade, conferidos pelas rimas externas e
internas.
10. A partir da leitura do capítulo quatro, podemos perceber o poder sugestivo das
figuras de linguagem nos textos literários. Marque a alternativa que contém
verso (s) com linguagem denotativa.
(A) “Sonha em morte a sua vida”...
(B) “E orna-lhe a fronte esquecida,/Verde, uma grinalda de hera.”
(C) “Pelo processo divino/Que faz existir a estrada.”
(D) “À cabeça, em maresia,/Ergue a mão, e encontra hera...”
(E) “Ela para ele é ninguém...”