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JOGOS MATEMÁTICOS

CAPÍTULO 4 - ALÉM DAS FUNÇÕES,


QUAIS OUTROS CONCEITOS
MATEMÁTICOS NOS AJUDAM A
RESOLVER PROBLEMAS?
Thuysa Schlichting de Souza

INICIAR

Introdução
É interessante observarmos que os conceitos de sequências numéricas e de
sistemas lineares podem ser relacionados à ideia de função. Contudo, optamos por
nos distanciar dessa ideia, aprofundando o estudo desses conceitos como
ferramentas próprias, com suas propriedades específicas. Assim, neste último
capítulo, vamos analisar algumas aplicações das funções exponenciais e
logarítmicas. Em seguida, focaremos nas sequências numéricas com características
especiais, as quais são chamadas de progressões aritméticas (abrevia-se P.A.) e
progressões geométricas (abrevia-se P.G.). Por fim, vamos aprofundar nossos
conhecimentos acerca dos sistemas de equações lineares de duas incógnitas.
Os jogos “Eu tenho... quem tem...” e Quebra-cabeça Sistemático nos permitirão
compreender e trabalhar com os novos conceitos que serão desenvolvidos ao longo
do capítulo, ao mesmo tempo em que resolvemos os problemas e analisamos suas
melhores soluções. No primeiro jogo, adaptado de Quartieri e Rehfeldt (2004), serão
aprofundados os conceitos de progressão aritmética e progressão geométrica. O
segundo jogo, por sua vez, possibilitará que sejam trabalhados o conceito de
sistema linear e a solução de sistemas com duas incógnitas.
Além disso, ao longo de nossos estudos, também serão realizadas atividades
contextualizadas envolvendo situações de funções exponenciais e logarítmicas.
Desse modo, poderemos responder algumas questões: quais são as aplicações das
funções exponenciais e das funções logarítmicas? O que são as progressões
aritméticas e geométricas e o que as diferem entre si? Em quais situações da vida
real podemos utilizar esses conceitos? Como classificar e resolver sistemas lineares
2x2?
Para respondermos esses questionamentos, vamos em frente!

4.1 Atividades contextualizadas


envolvendo situações de funções
exponenciais e de funções logarítmicas
Você se lembra do conceito de função exponencial? Ela apresenta características
especiais, uma vez que a variável independente se encontra no expoente de um
número real não negativo e diferente de 1. Alguns exemplos de funções
exponenciais são , e . Note que não há restrições para os
valores de e, portanto, o domínio é o conjunto dos reais. Além disso, devido suas
características, as funções exponenciais podem modelar matematicamente
situações em que grandezas crescem ou decrescem em uma taxa constante. Alguns
problemas que são descritos com boa eficácia por funções exponenciais são as
aplicações financeiras a juros compostos.
Mas e quanto à função logarítmica? 
A função logarítmica se trata de uma função da forma (com e ),
cujo domínio são os números reais positivos. Como a função logarítmica está
associada à ideia de inversa de uma função exponencial, podemos fazer uso de suas
propriedades para facilitar a resolução de problemas que envolvem as
exponenciais. 
Neste tópico, trabalharemos com atividades aplicadas que nos auxiliarão a
relembrar os conceitos de função exponencial e função logarítmica. Após uma
atividade introdutória para relembrarmos as principais características dessas
funções, analisaremos outras duas importantes aplicações.

4.1.1 Atividade 1: concentração de medicamentos no sangue


Vamos começar nossos estudos tratando da questão da concentração de
medicamentos na corrente sanguínea de uma pessoa. A partir do enunciado, serão
realizadas algumas perguntas que devem ser discutidas em grupos e respondidas
utilizando a ideia de função exponencial e logaritmos.
Pense então, na seguinte situação: quando um paciente ingere determinado
medicamento, a droga entra em sua corrente sanguínea, passa pelo fígado e pelos
rins, onde é metabolizada. Em seguida, começa a ser eliminada a uma taxa que é
característica para cada droga em particular. Podemos considerar o exemplo do
antibiótico Ampicilina, que é eliminado a uma taxa de 40% a cada hora. Ou seja,
uma pessoa que tomou uma dose de 250 mg do antibiótico possui, após uma hora
de ingestão, apenas 60% (150 mg) dessa substância na sua corrente sanguínea. Após
duas horas, o paciente terá 60% de 150 mg, ou seja, 90 mg da substância no sangue,
e assim por diante (PAQUES, 2004).
Considerando essas informações, podemos descrever uma função exponencial que
relacione a quantidade de Ampicilina na corrente sanguínea com a quantidade de
horas após o paciente ter ingerido 250 mg do medicamento. Depois, precisamos
pensar na seguinte questão: suponha que um médico recomende o antibiótico para
um paciente que está realizando um tratamento cuja quantidade de Ampicilina na
corrente sanguínea não deve baixar do valor de 11,664 mg. Sendo assim, a cada
quantas horas o paciente deve tomar o antibiótico?
Vamos, então, chamar de a quantidade em miligramas de Ampicilina na corrente
sanguínea do paciente, e de o tempo em horas a partir da ingestão do
medicamento. Com isso, podemos construir uma tabela para visualizar melhor
como acontece a redução do remédio na corrente sanguínea. Iniciaremos em ,
que corresponde à dosagem inicial de 250 mg.
Tabela 1 - Relação entre o tempo de ingestão e a quantidade (mg) de Ampicilina no sangue. Fonte:
Elaborado pela autora, 2018.

Portanto, podemos descrever a relação entre o tempo de ingestão e a quantidade


em miligramas do antibiótico no sangue utilizando uma função exponencial da
forma . Note que a função está definida em , ou seja, o
domínio são os números reais não-negativos, uma vez que não podemos considerar
horas negativas.
Agora, vamos investigar em quantas horas a quantidade de Ampicilina na corrente
sanguínea chega à 11,664 mg. Em outras palavras, estamos procurando o tempo
para que , ou, na forma equivalente, . 

Resolvendo a equação, temos que .


Assim, há duas maneiras para seguirmos com a resolução da equação: 

a primeira é usar o fato de que . Assim, substituindo na


equação, temos que . Portanto, utilizando a propriedade de
igualdade das potências, temos o resultado ;
a segunda maneira é utilizar o fato de que o logaritmo é a operação inversa
do expoente. Assim, podemos aplicar o logaritmo nos dois lados da
igualdade, obtendo 
. Dessa
forma, resolvendo a divisão na calculadora, temos, também, o resultado 

Com isso, podemos entender que o remédio deve ser tomado a cada seis horas para
que a quantidade de antibiótico na corrente sanguínea do paciente não baixe de
11,664 mg.
Contudo, caso a pergunta da questão anterior fosse ao contrário, ou seja, se
soubéssemos a quantidade de antibiótico na corrente sanguínea e quiséssemos
verificar o tempo correspondente, poderíamos construir uma função logarítmica 
. Dessa maneira, os valores de seriam a taxa ou a proporção de
antibiótico no sangue calculada por , sendo a quantidade de medicamento na
corrente sanguínea em uma determinada hora após sua ingestão. Por exemplo,
sabendo que, em um determinado momento, a quantidade de antibiótico na
corrente sanguínea era de 19,44 mg, podemos calcular qual é a proporção de
antibiótico no sangue da forma: . Agora, aplicando na função, temos
. Portanto, após cinco horas, a quantidade de
antibiótico na corrente sanguínea do paciente será de 19,44 mg.
Na sequência, vamos analisar dois problemas que envolvem funções exponenciais e
logaritmos na sua resolução.

4.1.2 Atividade 2: produção de uma empresa


Imagine que uma empresa produziu 12.000 unidades de um produto em um
determinado ano de seu funcionamento. Para os próximos oito anos, a empresa
projeta um aumento anual de 20% na sua produção total. Assim, precisamos
determinar a produção da empresa em função do tempo decorridos após o ano
em questão. Depois, devemos verificar em quantos anos a produção chegará a
20.736 unidades.
Inicialmente, vamos calcular a produção total da empresa após um ano, a qual
denotaremos de . Como 20% equivale à , temos que .
Observe, então, que 12.000 é fator comum das duas parcelas da soma de  ,
portanto, podemos colocá-lo em evidência, obtendo a expressão equivalente
.
Para o segundo ano, a produção total deve ser calculada a partir da produção do
ano anterior, ou seja, utilizando o valor de  . Sendo assim,
. Dessa forma, podemos substituir   e obtemos
.

Analogamente, para o terceiro ano, a produção total deve ser calculada a partir da
produção  . Assim, . Substituindo  , obtemos
.

Com isso, podemos escrever uma função exponencial , que


relaciona a quantidade de produtos totais produzidos pela empresa em anos.
Note, ainda, que   é uma unidade de tempo, e, portanto, não faz sentido pensarmos
em   negativo. 
Para , temos a quantidade produzida inicialmente de 12.000, pois
. Já para calculamos a quantidade que será
produzida após oito anos. Logo, podemos definir o intervalo de tempo da forma
.
Para descobrirmos em quantos anos a produção será de 20.736 unidades,
precisamos encontrar a solução da equação .
Primeiro, vamos isolar o termo com o expoente .
Depois, lembre-se de que 1,2 pode ser escrito na forma decimal, como , e que
podemos simplificar a fração por 12, obtendo a fração equivalente .
Substituindo os resultados na equação e usando as propriedades das potências,
temos . Como as bases são iguais, podemos
igualar os expoentes e, assim, descobrimos que .
Podemos afirmar, então, que a produção anual da empresa será de 20.736 unidades
após três anos de aumento anual de 20% na sua produção total.

VOCÊ QUER LER?


Se você tem interesse em conhecer outras situações que envolvem os conceitos de função exponencial e
de função logarítmica que modelam fenômenos físicos, químicos, biológicos, geográficos e econômicos,
recomendamos a leitura da dissertação de Murilo Sergio Roballo, intitulada “ Aplicações de Funções
Exponenciais e Logarítmicas”. Você pode ler o documento completo em:
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17315/1/2014_MuriloSergioRoballo.pdf
(http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17315/1/2014_MuriloSergioRoballo.pdf)>. Vale a pena
conferir outros casos para entender melhor quanto ao assunto!

A seguir, veremos outra atividade, agora utilizando o conceito de função


exponencial para resolver situações envolvendo a ideia de aplicação em juros
compostos.

4.1.3 Atividade 3: juros compostos


Você se lembra do que significa aplicar um capital no regime de juros compostos?
Quer dizer que o juro obtido em cada período se agrega ao montante do início do
período, e que essa soma passa a gerar juros no período seguinte. Por isso, o
montante após períodos é dado pela expressão exponencial
(MORETTIN; HAZZAN; BUSSAB, 2009). 
Note que o período pode ser dado em anos, meses, dias ou qualquer outra unidade
de tempo. Assim, a expressão pode ser calculada para todo valor de   real positivo.
Dessa forma, é uma função exponencial de  . 
Como a taxa de juros é sempre positiva, ou seja, , então  será maior do que
1, e a função exponencial do montante será crescente. Isso significa que o montante
obtido em um período à juros compostos sempre será maior do que o montante
recebido no período anterior. 
Com isso, se um capital de R$ 10.000,00 foi aplicado a juros compostos, durante
quatro meses, produzindo um montante de R$ 10.824,3216, qual será a taxa de
mensal de juros?
Vamos utilizar a expressão para resolver o problema. 
Note que estamos procurando a taxa , sabendo que , e
que o período em meses é . Substituindo na expressão, temos que
. Agora, vamos elevar os membros ao
expoente , obtendo
. Portanto,
descobrimos que a taxa mensal de juros foi de 0,02 ao mês. Porém, o mais usual é
indicar a taxa de juros como uma porcentagem. 

Como , temos que 0,02 equivale à 2%. Isso significa que a taxa de juros do
problema é de 2% ao mês.
Mas e se o mesmo capital ficar investido por um ano e seis meses, qual será o
montante final? 
Novamente, vamos utilizar a expressão    para resolver o problema.
Contudo, agora sabemos o capital , a taxa de juros e o período de
um ano e seis meses que, em meses, será . Substituindo na expressão, temos
que . Logo, o montante
após 18 meses será de aproximadamente R$ 14.282,46. 

VOCÊ QUER VER?


No vídeo Pandemia, existe a possibilidade de um surto de uma doença viral no mundo. Nesse cenário, um
pesquisador brasileiro e outro alemão estão discutindo a velocidade de propagação da doença nos dois
países para, assim, determinarem o tempo disponível para se encontrar uma vacina. Para modelar
matematicamente o problema, os pesquisadores utilizam as funções logarítmicas e exponencial. Além
disso, são exploradas as propriedades da exponencial e sua inversa (o logaritmo) ao longo do vídeo. Para
assisti-lo, acesse em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=19XXQTCXP-I
(https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=19XXQTCXP-I)>.

Na sequência, analisaremos os conceitos de progressão aritmética e progressão


geométrica, que serão desenvolvidos com o jogo “Eu tenho... quem tem...”. Você
poderá perceber que esses novos conceitos estão relacionados às funções
exponenciais e logarítmicas que acabamos de estudar.

4.2 O jogo "Eu tenho... quem tem..." e


os conceitos de progressão aritmética e
progressão feométrica
Imagine uma função que associa cada número natural a números reais,
de forma que a imagem da função seja o conjunto dos múltiplos de 5 até 100.
Podemos chamar essa função de sequência, representando-a apenas pelo seu
conjunto imagem entre parênteses, da seguinte forma: . Assim,
o primeiro termo 5 é a imagem do número 1; o segundo termo 10 é a imagem do
número 2; e assim sucessivamente. Essa sequência é limitada até o número 100,
mas existem sequências que apresentam uma quantidade infinita de termos. Por
exemplo, a sequência de todos os números múltiplos de 5 é infinita, podendo ser
representada com reticências: . Observe, ainda, que podemos
indicar um termo qualquer dessa sequência, como , em que . 
Um modo mais usual de determinarmos elementos de uma sequência é pela lei do
termo geral, que permite encontrar um termo a partir do primeiro. Veja, então, que
todo múltiplo de 5 da sequência anterior pode ser escrito como . 
Em nossos estudos, vamos tratar de duas sequências especiais que apresentam
características próprias e que as diferem de outros tipos de sequências. Com o jogo
“Eu tenho... quem tem...”, poderemos compreender melhor os conceitos de
progressão aritmética (P.A.) e progressão geométrica (P. G.). 
Para jogarmos, precisamos de um conjunto de fichas de perguntas sobre P.A. e P.G.,
como o da figura a seguir.

Figura 1 - Questões sobre progressões aritméticas e geométricas para determinação de seus elementos, de
sua razão ou da soma de termos. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No jogo, cada participante deve receber uma ficha. Uma pessoa inicia lendo a
pergunta que está em sua ficha, assim, o participante que tem a sequência
correspondente àquela da pergunta do primeiro deve responder e também ler a
pergunta de sua ficha. Esse ciclo continua até que todos os pares de perguntas e
respostas tenham sido encontrados.
Na sequência, vamos analisar cada progressão aritmética e geométrica indicada no
jogo para desenvolvermos seus conceitos e discutirmos sobre suas principais
características. 

4.2.1 Progressão aritmética


Vamos começar analisando a questão da primeira ficha do jogo. A sequência dada é
, sendo que queremos determinar o termo seguinte. Note, então, que se
trata de uma sequência infinita, cujos três primeiros termos são , e .
Agora, podemos verificar se é possível achar uma relação entre esses termos. 
Observe que e que . Ou seja, cada termo da
sequência é calculado pela soma de 5 ao número antecedente. Logo, o próximo
termo da sequência será . Cabe destacar que o valor constante
adicionado a cada termo é denominado de razão, indicado pela letra . Portanto, a
razão da sequência em questão é .
Podemos encontrar, ainda, a lei do termo geral para essa sequência. Escrevendo
cada termo em função do primeiro, temos que , e .
Sendo assim, um termo qualquer da sequência pode ser escrito como
.
Agora, vamos determinar a razão e o termo seguinte de outra sequência de infinitos
termos dada no jogo: . 
Será que existe uma constante que é somada a cada termo para gerar o termo
seguinte? 
Observe que e que . Dessa forma, podemos
verificar que cada termo da sequência pode ser calculado somando 9 ao seu termo
antecedente. Dito de outra forma, a razão da sequência é . 
Agora, também podemos determinar o valor de . Resolvendo, temos que
. Outra maneira de calcular o quarto termo é utilizando a sua
relação com o primeiro termo da sequência. Vale lembrar, contudo, que cada termo
é igual ao seu antecessor somado à 9. Assim, podemos escrever que
. Isto é, .
As duas sequências apresentadas anteriormente são chamadas de progressão
aritmética, ou, de forma abreviada P.A. Isso porque elas apresentam a seguinte
característica: a diferença entre um termo qualquer da sequência, a partir do
segundo, e seu termo antecedente é sempre o mesmo número, que denominamos
de constante.
Outros exemplos de progressões aritméticas apresentados nas fichas do jogo são
e . No primeiro caso, trata-se de uma P.A. finita, com apenas
quatro termos e cuja razão é . Já a outra sequência é uma P.A. infinita de razão
, pois podemos verificar que . 

Analisando o sinal da razão das progressões aritméticas, podemos perceber que,


quando , cada termo da progressão é maior do que seu anterior; porém,
quando , cada termo da progressão é menor do que seu antecessor. Dessa
maneira, podemos classificar as progressões em crescentes ( ) e decrescentes (
). 
Pense, então, na seguinte questão: como podemos descrever um P.A. com e
razão ? 
Note que se trata de uma progressão de infinitos termos, logo, não será possível
descrever todos os seus elementos. No entanto, podemos determinar seus três
primeiros termos. Já sabemos que  , portanto, e
. Sendo assim, a progressão é da forma (-4, 16, 36,...).
Veja, ainda, que o termo geral de uma P.A. pode ser expresso em função do
primeiro termo e de sua razão, como fizemos nos exemplos anteriores. Assim, um
termo    qualquer da progressão aritmética é dado por . Essa
expressão analítica é denominada de fórmula do termo geral de uma P.A.
Em muitos problemas, é necessário o conhecimento acerca do termo geral de uma
progressão aritmética. Outro elemento bastante recorrente é a determinação da
soma de uma quantidade determinada de elementos a partir do primeiro. Afinal,
será que é possível encontrarmos uma fórmula que nos permita determinar o valor
da soma dos primeiros termos de uma P.A., sem que haja necessidade de realizar a
adição de um a um de seus termos?
Existe uma lenda que afirma que a primeira pessoa a encontrar a soma dos termos
de uma P.A., sem somá-los, foi Gauss, um matemático alemão. Ele teria, ainda
quando criança, sofrido um castigo na escola, devendo somar todos os números de
1 a 100. Em tempo recorde, Gauss acertou o resultado sem realizar todo o trabalho
que o professor imaginara que fosse necessário (LEITE, 2018).
VOCÊ O CONHECE?
Carl Friedrich Gauss (1777-1855) foi um importante matemático alemão que contribuiu para diversas
áreas das Ciências e da Matemática, como teoria dos números, análise e geometria diferencial. Ele foi
altamente precoce, tendo supostamente corrigido a aritmética de seu pai aos três anos de idade. Aos 19
anos, descobriu como construir um polígono regular de 17 lados com uma régua e um compasso. Em
1801, publicou o livro “Investigações em Aritmética”, até hoje a obra mais importante sobre a teoria dos
números (STEWART, 2014). 

Mas como Gauss realizou o cálculo tão rápido?


Ele percebeu que, somando o primeiro número ao último, o resultado seria 101. O
mesmo acontecia se somasse o segundo com o penúltimo termo, o terceiro com o
antepenúltimo, e assim sucessivamente, conforme vemos no esquema a seguir com
a soma da P.A. finita de , e .

Figura 2 - Soma da P.A.


Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Ao final, ele encontrou 50 resultados iguais a 101, e, portanto, a soma seria dada
pela multiplicação desses números. O pensamento de Gauss é a base da ideia
principal que se utiliza na demonstração da fórmula da soma dos   primeiros termos
de uma progressão aritmética. Generalizando a ideia de Gauss, em uma P.A. da
forma , por exemplo, com termos, as somas dos seus termos é
dada pela fórmula . 

Agora, vamos realizar uma análise semelhante com as demais sequências


apresentadas no jogo. Retorne à figura do jogo e observe que essas sequências em
questão não apresentam as características de uma P.A., pois a diferença entre um
termo qualquer e seu antecedente não é uma constante. Porém, existe outra relação
que faz essas sequências serem classificadas como progressões geométricas. Vamos
analisá-las detalhadamente a seguir. 

4.2.2 Progressão geométrica


Primeiramente, vamos analisar a sequência  e verificar se seus termos
seguem alguma regra. Você teria algum palpite? 

Observe que podemos determinar as seguintes relações: e 

. Isso significa que cada termo da sequência é dado pelo


termo anterior multiplicado por 9. Portanto, podemos determinar os próximos
termos fazendo com que , , e assim
por diante. 
Esta sequência recebe a denominação especial de progressão geométrica, pois
apresenta a seguinte característica: o quociente entre um termo qualquer da
sequência, a partir do segundo, e seu termo antecedente é sempre o mesmo
número. Esse número é uma constante, comumente indicada pela letra , sendo
chamada de razão. 

De forma análoga, podemos verificar que a sequência é uma P.G. de


infinitos termos com razão . Sendo assim, os próximos termos dessa
progressão são: , , e assim por diante. É
interessante observar, também, que os sinais de cada termo alternam entre valores
positivos e negativos. Isso acontece por conta da razão da progressão ser um
número . Com isso, podemos inferir que, nesses casos, a P.G. será sempre
alternada. 
Nos estudos das progressões aritméticas, vimos que podíamos determinar uma
fórmula do termo geral que nos permitisse encontrar qualquer termo da P.A. a partir
do primeiro termo e sua razão. Assim, você acreditaria que também conseguimos
determinar uma fórmula geral dos termos de uma progressão geométrica? 

Vamos analisar a sequência , ou seja, a progressão geométrica com e

Note que podemos estabelecer as seguintes relações para o segundo elemento:


. Da mesma forma, temos as relações para o terceiro e quarto

elementos, respectivamente:  ; 

. De modo geral, o termo dessa progressão é dado por

Outro aspecto interessante é que a razão da P.G. é um número positivo, porém


menor do que 1. Como , quando realizamos a multiplicação do primeiro termo
com uma potência de , o valor resultante será sempre menor do que o seu
antecessor. Logo, a progressão geométrica é decrescente.
Por fim, vamos analisar a progressão geométrica , que tem apenas três
termos e razão . Observe que também se trata de uma P.G. decrescente, sendo

que seu termo geral é da forma , com ou 3.

Generalizando a fórmula do termo geral de uma P.G. de razão , temos que ela
sempre será indicada pela expressão . Assim, temos, por exemplo, que
, , e assim por diante.

VOCÊ SABIA?
O desenvolvimento do conceito de logaritmo está fortemente relacionado à ideia de progressão
geométrica. A descoberta do logaritmo começou com John Napier, que tinha interesse em métodos
eficientes de cálculo. Por volta de 1594, ele começou a trabalhar em um método teórico para realizar
multiplicações de modo rápido e confiável, transformando-a em uma adição. O método é baseado
na ideia de associar aos termos da P.G. os termos da P.A. .
Portanto, para multiplicar as potências desejadas, ele apenas somava seus respectivos expoentes
(STEWART, 2014). 
Na sequência, vamos trabalhar com atividades e problemas práticos que envolvem
os conceitos de progressões aritméticas e de progressões geométricas. Dessa
maneira, teremos a oportunidade de usar as propriedades fundamentais que
caracterizam cada uma das sequências que foram estudadas detalhadamente por
meio da análise do jogo “Eu tenho... quem tem...”. 

4.3 Atividades contextualizadas


envolvendo situações de progressão
aritmética e progressão geométrica
Os conceitos de progressão aritmética e progressão geométrica estão associados à
ideia de sequências numéricas com propriedades especiais entre seus termos. No
caso da P.A., subtraindo-se dois termos quaisquer, a partir do segundo, o resultado
sempre será o mesmo. Já em uma P.G., é o quociente entre dois termos quaisquer, a
partir do segundo, que será constante. Essas propriedades geram resultados
importantes que podem ser aplicados em diversos problemas reais.
Você consegue lembrar de alguma situação cotidiana que utiliza a ideia de
progressões aritméticas ou geométricas?
Neste tópico, teremos a oportunidade de aplicar os conceitos de P.A. e de P.G., bem
como suas principais propriedades, em situações práticas. Assim, conseguiremos
perceber que esses conceitos são bastante utilizados no cotidiano, mesmo que não
o façamos conscientemente. 

4.3.1 Atividade 1: a lenda do inventor do jogo de xadrez


Segundo uma lenda, um rei que gostava muito de jogar xadrez queria presentear o
inventor do jogo. Dessa forma, questionou-o sobre a recompensa desejada. O
inventor, que era bastante astuto, respondeu que gostaria de receber um grão de
trigo pela primeira casa do tabuleiro de xadrez, dois grãos pela segunda casa, quatro
grãos pela terceira casa, oito pela quarta, e assim por diante. Ou seja, a cada casa,
dobrava-se a quantidade de grãos de trigo da casa antecedente.
Considerando que um tabuleiro de xadrez convencional possui 64 casas, pense nas
seguintes questões: a quantidade dos grãos de trigo em cada casa forma uma P.A.
ou uma P.G.? É possível identificar sua razão e a fórmula do termo geral? Quantos
grãos o rei deverá pagar ao inventor?
 Observe que a sequência , que representa a quantidade de
grãos de trigo nas casas do tabuleiro, é uma P.G. de razão , pois o quociente
entre um termo qualquer e seu antecedente é sempre 2. Como , a fórmula do
termo geral é dada por . Logo, todo número da P.G. pode ser representado
por uma potência de 2. 
Veja a representação dos oito primeiros termos com a figura a seguir.

Figura 3 - A quantidade de grãos de trigo pode ser representada por potências de 2. Fonte: Elaborado pela
autora, 2018.

A base 2 das potências que representam cada casa nos dá a falsa impressão de que
o valor de grãos que o rei deve pagar ao inventor é pequeno. Porém, o valor será
calculado pela soma: . 

Utilizando uma calculadora e resolvendo , por exemplo, verificamos que o


resultado é 1.073.741.824. Assim, podemos imaginar que a soma será um valor
bastante alto. Mas quanto será essa soma precisamente? 
Vamos, então, multiplicar os lados da soma por 2, e, depois, subtrair ,
de acordo com a figura a seguir.
Figura 4 - Podemos realizar manipulações
algébricas para achar o valor da soma de uma P.G. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Agora, podemos resolver a subtração na calculadora, obtendo-se


. Ou seja, o valor que o rei pagará ao inventor está na
casa dos quintilhões. Utilizando processo análogo, é possível concluir, ainda, que a
soma dos primeiros termos de uma P.G. de razão é dada pela fórmula
.
Na sequência, vamos discutir mais duas atividades envolvendo as ideias de P.A. e
P.G., utilizando as propriedades já estudadas até aqui.

4.3.2 Atividade 2: convocação de funcionários


Imagine que uma empresa precisa convocar seus funcionários para a realização de
exames médicos. Para organizar a convocação, decidiu numerá-los de 1 a 600.
Assim, na primeira semana, convocou os funcionários cujos números
representavam múltiplos de 2, e, na segunda semana, convocou aqueles
identificados por múltiplos de 5, que ainda não haviam sido chamados.
Considerando essas informações, devemos responder a seguinte questão: qual é o
número de funcionários que foram convocados após essas duas semanas? Quantos
ainda precisam ser chamados?
Note que a quantidade de funcionários que trabalham na empresa é igual a 600.
Então, precisamos verificar os números múltiplos de 2 e de 5 existentes entre 1 e
600. Os múltiplos de 2 formam a P.A. de razão 2, . Observe,
também, que a quantidade de números que pertencem à essa progressão é 300,
pois . Analogamente, os múltiplos de 5 constituem a P.A.
de razão 5, e , pois .
Para calcular a quantidade de funcionários chamados, devemos considerar que
existem funcionários com números que pertencem as duas sequências.
Figura 5 - Os conjuntos
dos múltiplos de 2 e dos múltiplos de 5 têm números em comum. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Além disso, temos que os números que pertencem aos dois conjuntos são múltiplos
de 5 e pares, logo, todos terminam em 0. Portanto, podemos formar uma P.A. dos
múltiplos de 5 ímpares da forma . Agora, temos , e
.

Dessa forma, já foram convocados funcionários pela empresa para


fazer o exame. Contudo, faltam funcionários para serem convocados. 
Assim, você pode perceber que os problemas evolvendo múltiplos de números
podem ser resolvidos utilizando a ideia de progressão aritmética e suas
propriedades.
Agora, vamos analisar um problema da área financeira, o qual exige a aplicação das
propriedades de uma progressão geométrica.
4.3.3 Atividade 3: pagamento parcelado
Provavelmente, ao comprar determinado produto, você já precisou decidir se
realizaria o pagamento à vista ou a prazo, não é? Quando se dispõe do dinheiro para
pagamento à vista, é necessário avaliar qual é a melhor opção, considerando que a
compra parcelada costuma conter juros em suas prestações.
Sendo assim, vamos considerar a seguinte situação: Marta decidiu comprar uma
televisão nova cujo valor à vista é de R$ 750,00. Como ela não tinha esse valor
disponível no momento da compra, precisou comprar a televisão em quatro
parcelas mensais e iguais, com uma taxa de juros de 3% ao mês. Dessa forma, qual é
o valor das parcelas que Marta deve pagar nos próximos meses?

Figura 6 - Podemos representar o problema com


um diagrama de fluxo de caixa. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Precisamos considerar que o valor do dinheiro não é o mesmo com o passar do


tempo. No caso de Marta, existe uma taxa de juros de 3% que altera esse valor.
Dessa maneira, é preciso deslocar cada parcela para um mesmo tempo. Podemos
escolher qualquer período, mas, para simplificar nossos cálculos, trabalharemos
com o último período, que chamaremos de valor futuro. 
Tabela 2 - Valor de cada parcela
calculado no último período. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Como o preço da televisão deve ser igual à soma das 4 parcelas, temos a igualdade
.
Agora, vamos analisar a soma que está à direita da igualdade. 
Observe que as parcelas formam uma P.G. de quatro termos com e .
Portanto, podemos calcular essa soma com a fórmula da soma de termos de uma
P.G.: . 

Substituindo esse resultado na soma da igualdade anterior, temos


. Resolvendo a nova igualdade, temos

Com isso, podemos concluir que o valor de cada prestação da televisão é de R$


201,77.

VOCÊ QUER LER?


Os conceitos de valor presente e futuro são frequentemente utilizados em problemas de investimento
financeiro. Se você tem interesse em conhecer mais aplicações desses conceitos em situações da área
financeira, sugerimos a leitura do capítulo sobre “Juros Compostos” do livro “Matemática Aplicada a
Administração e Economia”, de S. T. Tan.
Na sequência, estudaremos os sistemas de equações lineares, que também são
ferramentas matemáticas utilizadas na resolução de diversos problemas práticos. 

4.4 Jogo Quebra-Cabeça Sistemático e


os sistemas de equações com duas
incógnitas
Para entendermos melhor quanto aos sistemas lineares de duas incógnitas,
utilizaremos o jogo Quebra-Cabeça Sistemático. Como o próprio nome sugere, trata-
se de um quebra-cabeças formado pelas sete peças do Tangram, as quais
apresentam sistemas de equações e suas possíveis soluções indicados em seus
lados, como pode ser visto no esquema a seguir. 

Figura 7 - As peças do Tangram são um quebra-cabeça que, quando resolvido corretamente, formam um
cisne. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

O objetivo do jogo é formar um cisne com as peças do Tangram. Para isso, você deve
resolver cada sistema linear, encontrar a solução correspondente em uma das peças
e encaixá-las, de modo que a solução fique adjacente à outra peça com o sistema
linear correspondente.
Antes de iniciarmos o jogo, lembre-se de que um sistema linear 2x2 é uma relação
mútua entre duas equações. Sendo assim, dizemos que um par ordenado  é a
solução do sistema quando é solução das duas equações do sistema
simultaneamente. Recorde, ainda, que existem dois métodos bastante utilizados
para a resolução de um sistema desse tipo: o método da substituição e o método
da adição.
Resumidamente, o método da substituição consiste em isolarmos uma das
incógnitas em uma das equações escolhida a seu critério, e, depois, substituí-la na
outra equação. Já o método da adição se baseia na adição das duas equações, de
modo que a soma de uma das incógnitas seja nula. Para isso, geralmente é
necessário multiplicar uma ou mais vezes as equações.

VOCÊ SABIA?
Problemas que envolvem a ideia de sistemas de equações lineares estão entre os mais antigos já
encontrados. No primeiro milênio, os chineses empregavam um sistema de “contagem por varetas”,
que dispunha varetas em padrões para representar números. Ao resolver um sistema de equações
lineares, eles usavam varetas vermelhas para os termos que deveriam ser somados, e varetas pretas
para aqueles que seriam subtraídos. Para resolver as equações que escrevemos, como e
, eles montariam as equações em duas colunas sobre a mesa: uma coluna com os
números 3 (vermelho), 2 (preto) e 4 (vermelho); e outra coluna com 1 (vermelho), 5 (vermelho) e 7
(vermelho) (STEWART, 2014). 

Você pode escolher a forma que melhor lhe agrade para resolver os sistemas
lineares indicados no jogo. Após montar o quebra-cabeças, podemos refletir sobre
as seguintes questões: quais são as características de um sistema linear sem solução
e de um sistema com infinitas soluções? É possível identificar esses sistemas sem
resolvê-los efetivamente?
Vamos discutir sobre isso na sequência. 

4.4.1 Interpretação geométrica de um sistema linear 2x2


Um sistema linear 2x2 pode ser interpretado graficamente. Precisamos lembrar que
a lei de formação de uma função afim é da forma , cujo gráfico é uma reta
não oblíqua aos eixos das abscissas e das ordenas. Note que podemos deixar as
incógnitas no mesmo lado da igualdade e, assim, reescrever a equação como
. Assim, podemos interpretar cada equação do sistema como uma função
afim, cujo gráfico é uma reta não oblíqua aos eixos das abscissas e das ordenadas.
Vamos analisar o seguinte sistema apresentado no jogo:

Isolando , temos as igualdades equivalentes e . Fazendo o


gráfico em cada caso, podemos observar que serão duas retas que se cruzam em um
único ponto, dado pelo par ordenado , o qual é justamente a solução do
sistema linear formado pelas duas equações.

Figura 8 -
As retas são concorrentes e se cruzam em um único ponto, que é a solução do sistema. Fonte: Elaborado
pela autora, 2018.
Como duas retas em um plano podem ser paralelas, concorrentes ou coincidentes,
podemos concluir que três casos podem acontecer com a solução de um sistema
linear 2x2:

Retas concorrentes: existe um único ponto em comum entre as retas,


portanto, só existirá uma única solução. O sistema é chamado de possível
e determinado (SPD);
Retas paralelas: não existem pontos em comum entre as retas, assim, não
existem soluções que satisfaçam as equações simultaneamente. O sistema
é chamado de impossível (SI);
Retas coincidentes: existem infinitos pontos em comum entre as retas,
portanto, existem, também, infinitas soluções que satisfazem o sistema. O
sistema é possível e indeterminado (SPI).

Vamos analisar mais um sistema apresentado no jogo:

Nesse caso, podemos resolvê-lo pelo método da adição. Multiplicando a primeira


equação por -5, encontramos o sistema equivalente:

Somando as equações, podemos perceber que as incógnitas e se anulam, em


que obtemos a igualdade . Isso implica que existem infinitas soluções para o
sistema, pois os coeficientes das duas equações são proporcionais:

Agora, vamos analisar outro sistema apresentado no jogo:
Podemos resolvê-lo também pelo método da adição. Multiplicando a primeira
equação por -2, encontramos o sistema equivalente:

Somando as equações, é possível perceber que as incógnitas   e   se anulam, mas o
termo independente não. Assim, obtemos a igualdade . Observe, então, que
essa igualdade é falsa, por isso, não existe nenhum par ordenado que seja solução
do sistema. Nesse caso, apenas os coeficientes que acompanham as incógnitas são
proporcionais: .

Podemos, ainda, generalizar a relação entre os coeficientes. 

Considere um sistema linear 2x2:  . Podemos chamá-lo de SPI se 

. E é possível chamá-lo de SI somente se . 

É importante o conhecimento da resolução de sistemas lineares, pois muitos


problemas cotidianos podem ser traduzidos para a linguagem algébrica na forma de
sistemas lineares. Vejamos o caso a seguir para entendermos melhor.

CASO
A empresa LIGA — que trabalha com telefonia móvel — cobra duas tarifas diferentes de seus clientes:
a primeira é de R$ 0,40 por minuto, que contempla as ligações entre os telefones habilitados pela
própria empresa; e a segunda é de R$ 0,60 por minuto, nas ligações que seus clientes realizam para
telefones que foram habilitados pelas operadoras concorrentes. 

Manuel é cliente da LIGA, e, no último mês, sua fatura foi de R$ 48,00, que se refere à 100 minutos de
ligações efetuadas, tanto para clientes da mesma empresa quanto para clientes das outras
operadoras. Podemos calcular o número de minutos que Manuel efetuou em ligações em cada caso
utilizando a ideia de sistema linear. 
Se denotarmos de a quantidade de minutos em ligações para clientes da LIGA, e de os minutos
das ligações para clientes das outras operadoras, temos que   e, ainda, que
. Com isso, podemos resolver o sistema linear formado pelas duas equações, em
que obtemos o par ordenado . Isso significa que Manuel efetuou 60 minutos de ligações para
clientes da LIGA, e 40 minutos para clientes de outras empresas.

Neste último capítulo, estudamos os sistemas lineares de duas incógnitas, como


resolvê-los e como classificar suas soluções observando seus coeficientes. Esse
conhecimento é muito valioso, pois diversos problemas nas áreas científica e
econômica são modelados por sistemas de equações lineares. 

Síntese
Finalizamos o último capítulo desta disciplina, e, com isso, nossos estudos. Neste
último capítulo, você teve a oportunidade de estudar conceitos que nos ajudam a
traduzir problemas reais em linguagem algébrica, os quais se comportam como
ferramentas matemáticas que nos auxiliam na tomada de decisões em situações
reais. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
relembrar os conceitos de função exponencial e logarítmica;
resolver problemas aplicados que envolvem as funções exponenciais e
logarítmicas;
reconhecer progressões aritméticas e geométricas;
determinar a razão e a fórmula do termo geral de progressões aritméticas
e geométricas;
resolver problemas que envolvem a ideia de progressões aritméticas e
geométricas;
identificar um sistema linear de duas equações e duas incógnitas;
aprender a encontrar a solução de um sistema linear 2x2, bem como
reconhecer quais são possíveis e impossíveis.
Bibliografia
LEITE, P. F. Pérolas. RPM, São Paulo. Disponível em:
<http://rpm.org.br/cdrpm/4/1.htm (http://rpm.org.br/cdrpm/4/1.htm)>. Acesso em:
09/05/2018.
M3 MATEMÁTICA MULTIMÍDIA. Pandemia. 19 mar. 2012. Disponível em:
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09/05/2018.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Introdução ao cálculo: para
administração, economia e contabilidade. São Paulo: Saraiva, 2009.
PAQUES, O. T. V. A matemática no Ensino Médio por meio de atividades
interdisciplinares Biologia e Matemática. In: II BIENAL DA SBM, 2004, Salvador. Anais
eletrônicos... Salvador: SBM, 2004, p. 1-4. Disponível em:
<http://www.bienasbm.ufba.br/OF13.pdf
(http://www.bienasbm.ufba.br/OF13.pdf)>. Acesso em: 09/05/2018.
QUARTIERI, M. T.; REHFELDT, M. J. H. Jogos Matemáticos para o Ensino Médio. In: VIII
ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 2004, Recife. Anais
eletrônicos... Recife: SBEM, 2004, p. 1 - 9. Disponível em:
<http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/03/MC41839641053.pdf
(http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/03/MC41839641053.pdf)>. Acesso em:
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ROBALLO, M. S. Aplicações de funções exponenciais e logarítmicas. 2014.
Dissertação (Mestrado em Matemática) — Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Disponível em:
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17315/1/2014_MuriloSergioRoballo.pdf
(http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17315/1/2014_MuriloSergioRoballo.pdf)
>. Acesso em: 09/05/2018.
STEWART, I. Em busca do infinito: Uma história da matemática dos primeiros
números à teoria do caos. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
TAN, S. T. Matemática Aplicada a Administração e Economia. 2. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2007.

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