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Universidade Franciscana

Área de Ciências da Saúde


Curso de Psicologia
Disciplina de Psicologia e suas Práticas de Atuação em Situações de Violência
Docente: Monise Gomes Serpa
Aluno: João Henrique da Silva

Apresentação oral das/os alunas/os sobre as suas impressões sobre o documentário


"Estou me guardando para quando o carnaval chegar" na plataforma Netflix,
relacionando com o texto "Colonialidade, poder, globalização e democracia" de  Aníbal
Quijano.

Vivemos em um país em que a desigualdade social e econômica está estampada em


nossas caras. É essencial compreender como o capitalismo e a globalização operam em uma
sociedade que se demonstra cada vez mais explorada e desvalorizada. No documentário
“Estou me guardando para quando o carnaval chegar”, da Netflix, percebemos a existência de
cidades que parecem à parte do restante do mundo. A capital do jeans, Toritama, no estado de
Pernambuco, nos denuncia uma realidade em que o trabalho repetitivo, a alienação e a
exploração fazem parte do seu dia a dia. Locais como esse evidenciam algo que Charlie
Chaplin nos comunicava há alguns anos atrás: o trabalho como forma de exploração
individual para o enriquecimento de poucos.

O capitalismo exacerbado somado com a visão eurocêntrica da economia reflete em


formas de dominação, de exploração e de conflito perante a sociedade. Isto permeia o ciclo de
que sem trabalho o trabalhador não existe, não é digno de ter uma vida. A partir desses
pressupostos percebemos a forma como a população está condicionada a se inscrever na
sociedade por meio do trabalho. Em Toritama, por exemplo, segue-se a ideia de que quem
produzir mais durante o dia acaba recebendo um pagamento maior. Além disso, são formas
exploratórias de trabalho, pois a carga horária é desumana e foca em um trabalho repetitivo e
alienante. Houve uma passagem no documentário em que um participante fala que “a maldade
vem do dinheiro” e, decorrente disso, o dinheiro corrompe um senso de empatia para com os
outros. É interessante perceber o quanto esses trabalhadores são um dos alicerces do
capitalismo, pois são eles que alimentam essa demanda imediata resultante da globalização e
do avanço tecnológico. Participamos de uma sociedade em que o imediatismo impera,
portanto a necessidade de serviço e de produto acaba sendo insaciável e exploramos cada vez
mais parcelas da população que carecem economicamente (principalmente).

Acredito que o Brasil está longe de ser considerado um Estado-nação. A desigualdade


socioeconômica é o que nos define, poucos tem muito e muitos têm pouco. Este fato implanta
a fome, a miséria, a pobreza e a violência como fatores produzidos pelo sistema. Pior que
isso, é um resultado esperado a partir do modo que o mundo está seguindo ideologicamente.
[Digite texto]

Dito isso, vejo de extrema importância exaltar o papel das políticas públicas e de toda ação
social e comunitária no Brasil. Percebo que é dessa forma que podemos modificar a sociedade
e seu funcionamento, ou seja, fornecendo uma maior autonomia psicossocial para as pessoas.
Embora o processo de globalização e a produção em massa ocupe a maior parte do tempo de
muitos indivíduos, é preciso que lutemos por uma sociedade em que o processo de inserção
social não produza exclusões. Presenciamos uma democracia em que os direitos, por mais que
sejam constitucionais, na realidade não são para todos. A pandemia é um ótimo exemplo
disso, um período em que muitos puderam ficar em casa sem se preocupar com seu lado
financeiro, outros passariam fome se tivessem feito isso. A concentração do poder na mão de
poucos se alimenta da exploração do trabalho, do tempo e da energia de muitos. A
globalização sustenta uma autoridade pública mundial e, a partir disso, se instauram os
processos de controle social e exploração.

Portanto, percebo o quanto a sociedade se modifica, mas também se enraíza cada vez
mais em conceitos que estão cristalizados. O mundo se transforma, porém é sempre às custas
da exploração e da alienação. É preciso repensar as consequências que estão sendo produzidas
pelo modelo de sistema em que estamos inseridos. Tornou-se natural apenas aceitar o mundo
como ele é, enquanto isso se vira a cara para parcelas da sociedade que sofrem e são
praticamente escravizadas ao trabalho. O capitalismo e suas vertentes se solidificam a partir
da desigualdade e do processo exploratório. Assim, é revoltante saber que poderíamos viver
em uma sociedade mais justa caso os recursos fossem usados em prol do coletivo, não em prol
da ganância.

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