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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE PSICOLOGIA

AVALIAÇÃO FORMADORA

João Pedro Estork Carneiro


Amanda Amorim de Araujo
Kicilla Evelyn Conceição Oliveira
Laura de Souza Ferreira Alves
Débora Cunha do E.S Rodrigues
Karine Pinheiro Câmara
Andressa Thomaz de Mello Pereira

RIO DE JANEIRO
Março – 2024
Na curta metragem “Happiness”, humanos são retratados como ratos. É
interessante entender que certamente a escolha desse animal não foi algo
aleatório ou uma mera coincidência. Existe um termo chamado “Corrida dos
ratos” e ele é usado para um exercício sem fim, autodestrutivo ou inútil. Retrata
a imagem dos esforços inúteis de um rato de laboratório tentando escapar
correndo em uma roda ou em volta de um labirinto. Em uma analogia com a
cidade moderna, muitos ratos em um mesmo labirinto compartilham de um
esforço intenso correndo aleatoriamente, para ao fim não atingirem nenhum
objetivo seja ele coletivo ou individual. Nessa curta Happiness, tem uma analogia
das filas intermináveis de ratos que esperam pelo trem e ao decorrer do dia
observamos que os ratos sempre estão nos mesmo lugares e com as mesmas
tarefas e ainda teve espaço para um dos temas como a Black Friday.
Observamos na animação de Cutts a intenção de mostrar o mundo atual, onde
há filas, correrias, violência, insatisfação e uma busca interminável pela
felicidade. Quando falamos de Psicologia Social estamos falando da relação do
indivíduo com a sociedade e nesse curta observamos como os ratos ou como
nós seres humanos somos movidos pelo consumismo e o indivíduo feliz é aquele
que consegue comprar cada vez mais.
O filosofo Zygmunt Bauman diz que, a capacidade de ser, atualmente, está
atrelada à capacidade de consumir e para acontecer isso é um processo de
fatores e um deles é a questão midiática que sempre vai conectar a felicidade a
algo para consumirmos. No fim os ratos nunca encontram a verdadeira felicidade
e nunca estão satisfeitos, ao fim do dia sempre estão frustrados e cansados e a
“felicidade” está sempre estampada por toda cidade mas ao adquirir continuam
não estando satisfeitos, consequentemente vira um ciclo vicioso onde a
felicidade sempre está ligada ao consumismo. O objetivo de Cutts com o vídeo
é tratar da sociedade e do indivíduo consumista e sempre em busca da
felicidade. Com isso, é possível correlacionar com a psicologia crítica uma vez
que analisa os problemas sociais desde as colonizações até hoje com a
"alienação" das pessoas. Essa alienação pode ser representada com uma fala
de Martín Baró que diz sobre as condições opressivas promovendo pessoas “em
seus estados normais” para pessoas consumidas pelos próprios desejos.
Dessa forma também podemos colocar o ser humano como um "cachorro que
está sempre correndo atrás do rabo", essa busca incessante vem da influência
do sistema capitalista onde propagandas assim como no vídeo apontava que
seus produtos ia os levar para a felicidade e no final era tudo em vão e levava o
indivíduo ao adoecimento e até ao uso de medicamentos que muitas das vezes
não era eficiente. Pois tudo o que os ratos almejava, para conseguir era obrigado
a ser “escravo” do trabalho para conquistar o que deseja. E comparando com o
mundo atual muitas das pessoas sofrem com isso, e acabam virando reféns de
medicamentos e bebidas alcoólicas e quando passa o efeito de “felicidade e
satisfação” é que cai a ficha, fazendo com que pessoa volte para o seu “normal”
e a levando novamente para a sensação de frustração, tornando-se um ciclo
vicioso.
Logo, visto que a psicologia social, Latino Americana fala sobre os
atravessamentos que conduzem os acontecimentos e comportamentos por meio
das vivências sociais. Quando falamos de psicologia social, estamos falando de
algo sociocultural e de como os indivíduos se comportam. Ao ver a curta
metragem vemos um cotidiano verdadeiro e vivido pela maioria dos brasileiros,
onde não tem vivência social pois o capitalismo tomou conta de tudo e
normalizou o excesso de trabalho. É notório que a curta “Happiness” nos traz a
reflexão de como estamos sendo manipulados pela indústria cultural. O filósofo
Bauman alertava sobre a falsa ligação entre a capacidade de ser com a
capacidade de consumir.
Ser constantemente exposto a propagandas, novos produtos, novos serviços,
estão nos levando a trabalhar mais pra adquirir o que nos é ofertado, o que nos
dá a sensação de felicidade. Uma das principais ideologias da psicologia social
é que nosso comportamento é diferente quando estamos sozinhos e quando
estamos em comunidade, logo, facilmente somos influenciados a agir de acordo
com o todo. Foi assim que o capitalismo se instalou na sociedade. Isso nos traz
à tona uma fala de Bauman que diz que a sociedade passou por um processo
de liberdade e maior emancipação mas em compensação ficaram presas aos
seus próprios desejos. Na curta é bem perceptível que a sociedade capitalista
influencia diretamente nas relações sociais, no modo como somos facilmente
manipuláveis pelos anúncios, pela mídia e como estamos na busca exaustiva da
felicidade.
Isso traz a reflexão de que o capitalismo, o consumismo exacerbado e o avanço
cada vez maior da tecnologia, faz com que o ser humano fique preso e
estagnado em uma só perspectiva, não dando espaço para lidar com sua
subjetividade. Cutts retrata na curta a busca incansável do rato “principal” pela
felicidade. Contudo a felicidade é algo subjetivo para cada indivíduo pois a
felicidade é algo pessoal e intransferível. Chegando bem próximo a nossa
realidade a curta nos mostra o quanto é visível essa corrida sem linha de
chegada ou então uma falsa sensação de satisfação. E ao finalizar o vídeo
percebemos que é uma cidade onde a “felicidade” está espalhada por todo o
lado, mas não se encontra em ninguém!

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