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Universidade Estadual da Bahia

Discentes: Beatriz de Jesus Ferreira


Docente: Vanessa Vieira Pessanha
Disciplina: Produção Textual
Curso: Direito Campus: XIX

Resumo sobre “Primeiras linhas de um Direito Ecológico do Trabalho:


lições da pandemia”

A pandemia causada pela disseminação do vírus SARS-Cov-2, causador da


doença COVID-19, tem várias lições a nos dar, se quisermos recebê-las.
Nos próximos meses, e, muito provavelmente, anos, enfrentaremos
dificuldades muito maiores do que estamos vivendo agora e ficará cada vez
mais claro o fracasso desse modelo, que em sua versão mais atualizada se
encontra na passagem do neoliberalismo para o ultraliberalismo (que nada
mais é do que o primeiro com suas intenções e métodos às escâncaras, como
o autoritarismo e a plutocracia).
Em relação à crise da COVID-19, o vírus, provavelmente surgido de uma
grande exploração de animal, aproveitou do nosso estilo de vida, e tornou-se
um massacre em escala mundial.
Contudo, apenas a crise não basta para realizar toda a catástrofe que
vivenciamos, o que de fato implicou ainda mais para a concretização de toda
essa calamidade, é a precarização de vida, trabalho e desmonte do Estado de
Bem-Estar Social, deixando assim toda uma população exposta.
Destarte, o isolamento social foi a única estratégia encontrada para combater a
pandemia, pontuando mais uma vez a ineficiência do sistema de saúde que se
encontra em extrema precarização. Portanto, países que não há um serviço
público suficiente são e serão os mais atingidos, enquanto aqueles com bom
serviço público de saúde irão se sobressair. Sendo assim é evidente a ligação
entre a crise da COVID-19 e o fracasso do modelo de Estado dominante.
É nítida incapacidade do neoliberalismo de nos tirar dessa crise, por esse
motivo uma nova razão de mundo deve ser construída. E umas das lições que
a pandemia nos trouxe é a Social Ecologia como uma possível nova razão de
mundo.
A criação de uma sociedade baseada apenas no consumismo acarretará a
extinção de nossa espécie e outras milhares de espécies que dependem de
nós para sobreviver. Ou mudamos nosso comportamento de vida, ou
continuamos gerando crises cada vez piores para nosso planeta.
Outra lição da pandemia de extrema importância é que não precisamos
comprar tanto, viver com o suficiente basta. Desse modo a criação de uma
nova economia, na qual não sejamos obrigados a comprar o que não
necessitamos, é essencial.
A redução da nossa circulação, um ponto forte a ser comentado, demonstrou
que não há motivos para que exista um fluxo intenso de pessoas nas ruas, pois
nos expomos a diversos riscos e contribuímos com boa parte da poluição da
cidade.
Reorganizando a forma de consumir e a circulação de pessoas, logicamente a
forma de produzir irá mudar, passando a ser em cadeias locais de
fornecimento, em produção e circulação direta, tanto de bens de consumo
quanto de alimentação, aproveitando dos chamados “circuitos curtos”. Dessa
forma o decrescimento será visto como um objetivo a ser atingido, contudo só
será possível com a mudança do paradigma, com o fim da
lógica financeira como vetor da economia, com a eliminação do poder dos
acionistas sobre os rumos das empresas e dos Estados, o que, no final das
contas, determina a vida de todas as pessoas no mundo.
O Direito Ecológico do Trabalho será o centro na Social Ecologia, por ser
essencial para valorização de atividades segregadas, bem como para a
redução da produção e do consumo. Esse direito atuará removendo a validade
ou sentido de categorias de empregado, trabalhador autônomo, trabalhador
eventual, empresário e cooperado, e dará um novo sentido para o que se
considera trabalho.
Portanto, devemos considerar trabalho, toda a forma de atividade humana que
tenha valor social reconhecido. Entretanto, a remuneração do trabalho não será
direta e proporcional a uma tarefa, ou que seja considerado empregador aquele
beneficiado pelo trabalho, e sim que o todo o trabalho deva ser respeitado,
independente de qual tipo. Dessa forma, todos deverão contribuir para essa
valorização seja remunerando o trabalhador ou pagando impostos que serão
revertidos a toda a sociedade, e que, por óbvio, alcançarão aqueles que
realizaram o trabalho.
O Direito Ecológico do Trabalho teria um tripé de atuação: regulação estrita do
tempo de trabalho, garantia da renda mínima universal e defesa do meio
ambiente do trabalho.
A vida caótica que temos em nosso dia a dia é reflexo do modelo precário de
Estado que adotamos. Com uma jornada de doze horas de trabalho juntado
com diversos afazeres que temos em nosso dia a dia, fica cada vez mais
complicado existir um tempo para cuidar de nós mesmo. Por conseguinte,
entende-se que o tempo de trabalho deve ser alterado para que as pessoas
possam cuidar de sua saúde tanto física quanto emocional e assim poderem
ter uma vida longe de hospitais.
Edificar uma nova jornada de trabalho será uma tarefa árdua, inicialmente deve
haver a exterminação de toda limitação que o viés gêneros do conceito atual de
trabalho traz, além dos demais vieses que impedem que outras atividades
sejam reconhecidas como trabalho, de pronto aumentaríamos o trabalho
existente. Logo após esse processo, a carga horaria semanal será diminuída
até um ponto ideal em que a população economicamente ativa possa estar em
atividade.
A ruína desse atual sistema de trabalho é evidente quando na pandemia os
trabalhadores se viram na situação entre ficar em casa e ver sua família
passando por diversas necessidades ou retornar as ruas para seus empregos e
enfrentar o vírus, ponderando todos acontecimentos, estes trabalhadores foram
até as imprensas suplicar a abertura das empresas. Nós, como seres
humanos, dotados de emoções, regidos por diversas leis na sociedade para
garantia do seu próprio valor, devemos nos opor e contestar o sistema,
ninguém deve ter que escolher o mal menor, morrer de fome ou doença.
 Fernando Birri: “A utopia está no horizonte. Eu sei que nunca a alcançarei. Se
eu caminho dez passos, ela se afastará dez passos. Quanto mais eu buscá-la,
menos a encontrarei, porque ela vai se afastando à medida que me aproximo.
Então para que serve a utopia? Serve justamente para isso: para caminhar.”

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